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FORMIGAS ASSOCIADAS Á PLANTAS DO GENERO TURNERA L.

A família Turneraceae possui 10 gêneros e cerca de 190 espécies com ampla


distribuição nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, tendo como principal centro
de diversidade a América tropical (Arbo, 2004). O gênero Turnera L. é o mais
representativo da família Turneraceae, com cerca de 120 espécies, distribuídas nas
Américas e África (Arbo, 2005). Espécies de Turnera L. são reconhecidas pelo hábito
herbáceo a arbustivo, folhas simples, com ou sem estípulas, com margem serreada e
raro inteira, frequentemente providas de glândulas nectaríferas e tricomas(Arbo, 2000,
2005; González; Arbo, 2005). Estudos recentes realizados no nordeste do Brasil (São
Cristóvão, Sergipe) investigaram o papel das formigas associadas em relação aos custos
e benefícios para a planta hospedeira T. subulata. A maioria das formigas associadas
mostram-se potenciais predadoras e realizaram patrulhamento e defesa da planta
hospedeira. Além disso, plantas de T. subulata, na presença de formigas, investiram
mais em reprodução (ex. maior número de flores e frutos) (Cruz & Araújo 2016) do que
aquelas sem formigas associadas.

Interações ecológicas entre pares de organismos são complexas e seus resultados


nem sempre são fixos no tempo e no espaço (Pires & Del-Claro, 2014). Assim, a
natureza dessas interações pode ser modificada de acordo com o balanço entre
custos/benefícios para as espécies envolvidas (Stadler & Dixon, 2005). Relações
mutualísticas, por exemplo, abrangem um espectro dinâmico de resultados,
determinados pela variação espaço-temporal de fatores bióticos e/ou abióticos
(Bronstein, 1998; 1994). Dentre tais interações, as relações plantas-formigas estão entre
as mais estudadas. Embora muitas pesquisas relatem variações nas dinâmicas das
relações plantas-formigas (Díaz-Castelazo et al., 2013; Kersch & Fonseca, 2005; Rico-
Gray & Oliveira, 2010; Rudgers & Strauss, 2004), poucas têm investigado os custos e
os benefícios para as partes envolvidas nessas interações (Kersch & Fonseca, 2005;
Rico-Gray et al., 1998; Rios et al., 2008).
Em algumas interações, as plantas oferecem recursos como abrigo (ex.
domácias) e/ou alimento (ex.: nectários extraflorais, elaiossomos) para as formigas.
Nectários extraflorais são glândulas produtoras de néctar que não estão relacionadas
diretamente com a polinização (González-Teuber & Heil 2009). O néctar extrafloral é a
recompensa nutricional mais comum que as plantas oferecem às formigas (Koptur
1992). Já o elaiossomo, consiste em um apêndice rico em lipídios, proteínas e açúcares
que tem sido considerado como uma estrutura de especialização da planta para a atração
de formigas (Van Derl Pijl 1982), que o utilizam como recurso alimentar. Em troca dos
benefícios oferecidos pela planta, as formigas podem realizar proteção contra os
herbívoros (Rico-Gray & Oliveira 2007) e/ou atuarem na dispersão das sementes da
planta hospedeira (Dominguez- Haydar & Armbrecht 2011).

Embora comumente consideradas como mutualísticas, as interações envolvendo


plantas e formigas, envolvem custos ecológicos e fisiológicos para ambas as partes.
Assim, o balanço final destas interações podem variar ao longo de um continuum, que
inclui desde benefícios mútuos até progressivas interações antagônicas (Bronstein,
1994). O objetivo do presente estudo é avaliar a reação das formigas aos possíveis
predadores de Turnera sp.

MATERIAIS E METODOS
Para realização do experimento foram utilizados os seguintes materiais:
 Celular;
 Durepox;
 Tinta;
 Pincel.
Procedimentos
O presente estudo foi desenvolvido em uma área da cidade de Chapadinha-MA.
Para a realização do experimento foram utilizados espécimes do gênero Turnera sp.
Planta que é popularmente conhecida como ‘chanana”, para testar o tempo de ataque de
formigas em relação a um predador natural (no caso aranha) e a um possível predador
da planta (herbívoro). Para isso realizou-se dois testes, durante dois dias (manhã e
tarde). No primeiro teste foi colocado uma aranha (fake) junto á planta, contabilizando o
tempo em segundos para o primeiro ataque. O segundo teste foi feito a partir do toque
humano na planta imitando um possível predador.
RESULTADOS

Os gráficos abaixo mostram os valores obtidos no experimento em relação ao


tempo de ataque das formigas aos possíveis predadores no período da manhã e tarde.

Manhã
2.5

1.5

0.5

0
1 2
Dia T.A.Aranha
Período 9:00 da manhã T.A.M.Planta

2.5
Tarde
2

1.5

0.5

0
1 2
Dia T.A.Aranha
Período 15:00 da tarde T.A.M.Planta

Os valores indicam que no período das 9:00 hrs, se considerarmos o tempo do


ataque, as formigas foram mais agressivas a aranha do que ao estímulo que imitava um
herbívoro querendo se alimentar da planta, tendo assim um tempo de ataque menor. No
período das 15:00 hrs o tempo de ataque das formigas á aranha foi mais rápido que ao
estímulo na planta. Pode-se perceber que não houver diferenças quanto ao ataque das
formigas nos períodos da manhã e tarde.

CONCLUSÃO
Conclui-se, portanto que as formigas são mais agressivas ao seu possível
predador ou intruso do que a um possível predador da planta. E que não houve
diferenças do ataque das formigas quanto aos períodos manhã e tarde.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:
Arbo MM 2004. Turneraceae (Turnera Family). In: N. Smith et al. (Eds.)
Flowering Plants of Neotropics The New York Botanical Garden. Princeton University
Press.
Arbo MM 2005. Estudios sistemáticos en Turnera (Turneraceae). III Series
Anomalae y Turnera Bonplandia 14: 115-318.
Pires, L.P., Del-Claro, K., 2014. Variation in the outcomes of an ant-plant
system: fire and leaf fungus infection reduce benefits to plants with extrafloral nectaries.
J. Insect Sci. 14, 84.
Bronstein, J.L., 1994. Conditional outcomes in mutualistic interactions. Trends
Ecol. Evol. 9, 214–217.
Díaz-Castelazo, C., Sánchez-Galván, I.R., Guimarães, P.R., Raimundo,
R.L.G., Rico-Gray, V., 2013. Long-term temporal variation in the organization of an
ant-plant network. Ann. Bot. 111, 1285–1293.
Pereira, M.F., Trigo, J.R., 2013. Ants have a negative rather than a positive
effect on extrafloral nectaried Crotalaria pallida performance. Acta Oecologica 51, 49–
53.
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Rico-Gray, V., García-Franco, J., Palacios-Rios, M., Díaz-Castelazo, C.,
Parra-Tabia, V., Navarro, J., 1998. Geographical and seasonal variation in the
richness of ant-plant interactions in México. Biotropica 30, 190–200.
Kersch, M.F., Fonseca, C.R., 2005. Abiotic factors and the conditional
outcome of an ant-plant mutualism. Ecology 86, 2117–2126.
Agra MF, França PF, Barbosa-Filho JM 2007. Synopsis of the plants known
as medicinal and poisonous in Northeast of Brazil. Rev Bras Farmacogn 17: 114-140.

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