Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A Produção Do Conhecimento No Ambiente Escolar
A Produção Do Conhecimento No Ambiente Escolar
CONHECIMENTO NO
AMBIENTE ESCOLAR
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Cristiane Lisandra Danna
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Bárbara Pricila Franz
Marcelo Bucci
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
OF32a
Offial, Patrícia Cesário Pereira
ISBN 978-85-53158-46-1
CDD 370
Patrícia Cesário Pereira Offial
APRESENTAÇÃO...........................................................................07
CAPÍTULO 1
A Centralidade da Aprendizagem nas Práticas
Educativas Escolares..................................................................09
CAPÍTULO 2
O Conhecimento e a Era das Relações:
Quais as Novas Pautas?...............................................................35
CAPÍTULO 3
A Relação Professor-Aluno na Produção
do Conhecimento..........................................................................65
CAPÍTULO 4
Contextos Atuais e Desafios Sobre
o Conhecimento na Escola..........................................................99
APRESENTAÇÃO
A produção do conhecimento no ambiente escolar vem sendo alvo de
debates que apontam questionamentos e mudanças nos diferentes contextos
educacionais.
Bons estudos!
C APÍTULO 1
A Centralidade da Aprendizagem
nas Práticas Educativas Escolares
10
Capítulo 1 A Centralidade da Aprendizagem nas
Práticas Educativas Escolares
1 Contextualização
Discutir o tema da centralidade das aprendizagens na ação educativa requer
entender o contexto histórico e atual da escola e sua forma de lidar com o conhe-
cimento. As transformações sociais, culturais, políticas e econômicas afetam dire-
tamente a perspectiva do conhecimento no ambiente escolar, além da articulação
entre currículos e práticas pedagógicas. Deste modo, este capítulo propõe um
estudo que orientará o entendimento sobre a escola e o conhecimento no decorrer
da história e seus avanços, bem como o conhecimento em rede e o conhecimento
em processo.
Boa leitura!
11
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
12
Capítulo 1 A Centralidade da Aprendizagem nas
Práticas Educativas Escolares
13
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
Hoje, temos uma visão bem diferenciada, em que o conhecimento vem sendo
ressignificado por meios tecnológicos. Dá-se mais atenção às aprendizagens e
as formas diferenciadas do sujeito aprender. O professor passa a ser mediador e
propulsor dos saberes compartilhados, tendo os recursos tecnológicos, como fontes
de informações que percorrem caminhos que estão dentro e fora de sala de aula.
Neste momento, vale ressaltar que não teremos uma única resposta, pois
entender pelo viés de apenas um autor poderá limitar seu entendimento, então
o convidamos a acompanhar a crítica de outros autores para depois relatar na
atividade de estudos a sua análise sobre toda leitura.
14
Capítulo 1 A Centralidade da Aprendizagem nas
Práticas Educativas Escolares
QUADRO 2 – OS CONTEÚDOS
15
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
16
Capítulo 1 A Centralidade da Aprendizagem nas
Práticas Educativas Escolares
17
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
ressalta que cada aluno tem um modo próprio de pensar, que varia
em cada fase da vida e está em constante processo de mudança,
portanto, a aprendizagem por compreensão é um processo pessoal
e único que acontece no interior de cada um, embora influenciado
por fatores externos. “As interações do indivíduo com o mundo
possibilitam-lhe relacionar fatos, estruturar ideias e organizar
informações, internalizando-as” (LORENZATO, 2006, p. 43). Assim,
através de experiências matemáticas bem-sucedidas e da interação
com objetos e situações do cotidiano, o aluno desenvolve o gosto
pela descoberta, a coragem para enfrentar desafios, o conhecimento
de maneira que consiga agir autônomo.
QUADRO 4 – O ENSINO
18
Capítulo 1 A Centralidade da Aprendizagem nas
Práticas Educativas Escolares
Para esses dois educadores, o ambiente deve estar organizado com materiais
preestabelecidos que agucem os sentidos e a experimentação, pois educar é permitir
a expressão e o potencial intelectual da criança e prepará-la para a vida prática.
QUADRO 5 – O PROFESSOR
19
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
20
Capítulo 1 A Centralidade da Aprendizagem nas
Práticas Educativas Escolares
Atividades de Estudos:
21
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
3 O Conhecimento em Rede e as
Aprendizagens na Escola
A partir dos estudos de Moraes (2010), o paradigma científico atual traz a
concepção de mundo como um fluxo em contínuo movimento, impulsionado pelo
conhecimento, mas não um conhecimento restrito a pequenos grupos de poder,
estamos falando de uma rede de conhecimentos, como uma teia, em que todos
estão interligados de alguma forma.
22
Capítulo 1 A Centralidade da Aprendizagem nas
Práticas Educativas Escolares
23
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
24
Capítulo 1 A Centralidade da Aprendizagem nas
Práticas Educativas Escolares
Você já deve ter ouvido muito que devemos reconhecer o que o aluno
traz de bagagem, mas como isso se ressignifica na prática? Como é possível
compreender e considerar cada contexto, cada cultura através de tantos
conteúdos disponíveis? Analise a evolução dos questionamentos no Quadro 6:
25
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
26
Capítulo 1 A Centralidade da Aprendizagem nas
Práticas Educativas Escolares
4 O Conhecimento em Processo
As transformações vistas na sociedade estão cada vez mais aceleradas e
disso não duvidamos. Moraes (2010) afirma que o conhecimento está em processo,
numa transição que integra um conjunto de saberes, desmistificando verdades
fixas, inabaláveis. Hoje, entende-se que o conhecimento é um eterno “vir-a-ser”.
27
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
28
Capítulo 1 A Centralidade da Aprendizagem nas
Práticas Educativas Escolares
29
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
30
Capítulo 1 A Centralidade da Aprendizagem nas
Práticas Educativas Escolares
Atividades de Estudos:
31
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
6 Cultura e Aprendizagens:
Ressignificação nas Práticas Educativas
Ao lidar com educação e cultura, presentes em várias dimensões da vida social,
percebemos o quanto a sua relação estimula a construção de novos conhecimentos
e, consequentemente, surgem novas práticas culturais que se ressignificam não só
na instituição educativa como em outros espaços de aprendizagem, formal e informal.
Lendo com atenção estes conceitos, você pode observar que é preciso
garantir a indissociabilidade nos aspectos cognitivos, emocionais, fisiológicos
e culturais. Portanto, a criança é um sujeito competente e de direitos, capaz de
interagir e produzir história e cultura no meio em que vive. A escola deve conceber
os alunos como coconstrutores de conhecimento e cultura.
32
Capítulo 1 A Centralidade da Aprendizagem nas
Práticas Educativas Escolares
7 Algumas Considerações
Ao pensar na produção de conhecimento na escola, é importante considerar um
currículo integrado e interdisciplinar que move toda uma ação educativa. Um currículo
que se organiza em torno de temas relevantes para os alunos e para sua realidade,
que flexibiliza as fronteiras entre as disciplinas, entre os horários e espaços escolares,
sempre num clima de diálogo colaborativo entre a escola e a comunidade. Para tanto,
é preciso levar em conta o protagonismo do educando e as múltiplas percepções de
mundo. Também não podemos esquecer que a função do professor constitui um papel
fundamental na produção do conhecimento ao selecionar conteúdos, elaborar a rotina,
organizar o espaço físico da sala de aula, e organizar projetos. Nos próximos capítulos
aprofundaremos a discussão sobre a produção do conhecimento e seus autores.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Política
Nacional de Educação Infantil: pelo direito das crianças de zero a seis anos à
educação. Brasília: MEC, SEB, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302007000400002>. Acesso em: 1 maio 2018.
33
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
34
C APÍTULO 2
O Conhecimento e a Era das
Relações: Quais as Novas Pautas?
36
Capítulo 2 O Conhecimento e a Era das Relações:
Quais as Novas Pautas?
1 Contextualização
O estudo sobre o conhecimento deve ser entendido não só pela
As formas de
perspectiva atual da educação, mas pelo seu contexto na história. As conceber o
formas de conceber o conhecimento de uma época não sustentam os conhecimento de
dias de hoje. Há uma relação intrínseca do paradigma científico com uma época não
os modelos educativos. Nesse aspecto, as formas de conhecimento sustentam os dias
ressignificado nos ambientes de aprendizagem precisam atender aos de hoje. Há uma
relação intrínseca do
novos desafios sociais e isso requer que o conhecimento seja pautado
paradigma científico
numa perspectiva dinâmica, reflexiva e crítica, fundamentada nos com os modelos
valores humanos. educativos.
37
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
38
Capítulo 2 O Conhecimento e a Era das Relações:
Quais as Novas Pautas?
39
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
40
Capítulo 2 O Conhecimento e a Era das Relações:
Quais as Novas Pautas?
41
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
42
Capítulo 2 O Conhecimento e a Era das Relações:
Quais as Novas Pautas?
Filósofo, matemático francês, foi Foi o físico inglês Isaac Newton que
considerado o fundador da ciência completou o pensamento de Descartes,
moderna, pai do racionalismo moderno. dando a visão do mundo como máquina
Fundamentava-se na razão como perfeita ao desenvolver uma completa
única base segura para que possamos formulação matemática da concepção
compreender o homem e a natureza. mecanicista da natureza.
Afirmava que era preciso decompor uma Ele trouxe também outras contribuições,
questão em outras mais fáceis até chegar entre elas, o cálculo infinitesimal, o
a um grau de simplicidade suficiente para desenvolvimento das leis de reflexão
que a resposta ficasse evidente. e refração luminosa e a teoria sobre a
natureza corpúscula da luz.
Para ele, a natureza funcionava de acordo
com as leis mecânicas exatas. De acordo com Newton, Deus criou as
partículas materiais, a força entre elas
e as leis fundamentais do movimento.
Tudo isso funciona como uma máquina
governada por leis imutáveis que
controla a natureza e leva a ciência a
pressupor a existência do determinismo
universal, ou seja, o universo funciona
sempre da mesma maneira.
FONTE: Adaptado de Moraes (2010, p. 38).
43
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
44
Capítulo 2 O Conhecimento e a Era das Relações:
Quais as Novas Pautas?
OS INDICADORES SOMÁTICOS
45
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
46
Capítulo 2 O Conhecimento e a Era das Relações:
Quais as Novas Pautas?
Atividades de Estudos:
47
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
48
Capítulo 2 O Conhecimento e a Era das Relações:
Quais as Novas Pautas?
Diante disso, como a educação pode facilitar esta transição entre a era
material e a era relacional, contribuindo para tornar o mundo mais justo, equilibrado
e consciente de seu papel na produção do conhecimento para benefício de todos?
Não é uma tarefa simples, mas é preciso começar, é preciso estruturar todo
um fazer pedagógico em consonância com os valores pretendidos. Nesse sentido,
vamos compreender como é educar para a era das relações:
49
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
50
Capítulo 2 O Conhecimento e a Era das Relações:
Quais as Novas Pautas?
6 Os Sujeitos da Aprendizagem e o
Atual Paradigma Educacional a Partir
da Escola da Ponte (OFFIAL, 2012)
Querida Alice... Era uma vez um reino encantado junto ao mar. Encantado
porque uma fada má havia transformado todos os seus habitantes em pássaros. No
reino encantado havia cidades e, para além dos muros das cidades, outras cidades e
outras escolas. Essas escolas de aprender a voar eram quase todas iguais. E iguais a
essas eram outras escolas dentro das cidades das aves (PACHECO, 2010, p. 18).
Nessa epígrafe, retirada do livro Para Alice com amor, José Pacheco conta
um pouco da trajetória do projeto que chamou de “Fazer a Ponte”. Essa obra relata,
por meio de metáforas, as experiências do autor nos tempos anteriores à entrada
de Alice, sua neta, na escola. O educador descreve como eram as escolas em que
havia trabalhado, relembra o cotidiano escolar, os problemas e os desafios que
encontrou na longa jornada rumo ao desejo de uma escola de qualidade.
51
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
52
Capítulo 2 O Conhecimento e a Era das Relações:
Quais as Novas Pautas?
53
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
54
Capítulo 2 O Conhecimento e a Era das Relações:
Quais as Novas Pautas?
AO INVÉS DE UTILIZA-SE
COORDENADOR
PROFESSOR
DE CÍRCULO
(Formador Externo)
(Monitor Interno)
ALUNO PARTICIPANTE
LIÇÃO REUNIÃO
ENSINO ESTUDOS
MATERIAL DE
LIVRO DIDÁTICO
ESTUDO
PLANO DE ESTUDO
CURRÍCULOS
ÉPOCA DE ESTUDO
PERÍODOS
55
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
PLANO DE REGISTRO
RELATÓRIO
ÁLBUM
COLETÂNEA DE TEXTO
BIBLIOGRAFIAS NÚCLEOS
FICHA DE AUTO-AVALIAÇÃO INICIAÇÃO
TESTE SELECIONADO PELOS ALUNOS CONSOLIDAÇÃO
REGISTRO DE DISPONIBILIDADE APROFUNDAMENTO
ATA
COMUNICAÇÃO
QUADRO DE SOLICITAÇÕES
TESTE SOCIOMÉTRICO
INVENTÁRIO DE ATITUDES
ESCOLA
INSTRUMENTOS PEDAGÓGICOS
DIREITOS E DEVERES
ARTICULAÇÃO CURRICULAR ASSEMBLEIAS
DIMENSÃO LÓGICO MATEMÁTICA COMISSÃO DE AJUDA
DIMENSÃO LINGUÍSTICA BIBLIOTECA
DIMENSÃO ARTÍSTICA CAIXINHA DE SEGREDOS
DIMENSÃO NATURALISTA CAIXINHA DE TEXTOS INVENTADOS
DIMENSÃO IDENTIRÁRIA EU JÁ SEI
DIMENSÃO PESSOAL E SOCIAL EU PRECISO DE UMA AJUDA
PROFESSOR TUTOR
GRUPO DE RESPONSABILIDADES
56
Capítulo 2 O Conhecimento e a Era das Relações:
Quais as Novas Pautas?
57
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
Esse diálogo representa uma pequena parcela das vezes que a Escola da
Ponte precisou provar e comprovar sua forma de organizar-se. Essa diferente
organização desperta a curiosidade de pesquisadores inicialmente por não
ter alunos divididos por séries, ao invés disso, núcleos. Em cada Núcleo, há
professores das diferentes áreas para atender aos alunos na disciplina específica.
Por isso, podemos perceber a variedade de áreas em um mesmo núcleo. Sobre
isso, Pacheco esclarece e argumenta:
58
Capítulo 2 O Conhecimento e a Era das Relações:
Quais as Novas Pautas?
59
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
60
Capítulo 2 O Conhecimento e a Era das Relações:
Quais as Novas Pautas?
61
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
62
Capítulo 2 O Conhecimento e a Era das Relações:
Quais as Novas Pautas?
7 Algumas Considerações
Por mais que percebamos mudanças relacionadas ao contexto educativo,
tentando um modelo educacional capaz de estimular os conhecimentos sensíveis
e inteligíveis, ainda constatamos o quanto a escola se distancia dessa prática.
Nesse sentido, a produção do conhecimento para esta nova era deve atender aos
princípios pautados na autonomia, responsabilidade e formação de sujeitos ativos,
críticos e transformadores de seu entorno, em benefício da sociedade e da natureza.
63
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
Referências
AGÜERA, L. G. Além da inteligência emocional: as cinco dimensões da mente.
São Paulo: Cengage Learning, 2008.
SANTA ROSA, C. S. R. Fazer a ponte: para a escola de todos (as). 2008. 336f.
Tese (Doutorado em Educação). Programa de Pós-Graduação em Educação.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2008.
64
C APÍTULO 3
A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
66
Capítulo 3 A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
1 Contextualização
Melhorar as relações dos alunos com os professores tem implicações
importantes, positivas e duradouras, tanto para o desenvolvimento acadêmico
quanto para o desenvolvimento social dos alunos. Evidentemente, não é apenas
o aprimoramento do relacionamento dos alunos com seus professores que
produzirá ganhos na realização acadêmica e no conhecimento produzido. No
entanto, os alunos que mantêm relações próximas, positivas e de apoio com os
professores, atingem níveis mais elevados de aproveitamento do que os alunos
com mais conflitos em seus relacionamentos.
Imagine um estudante que sente uma forte conexão pessoal com o seu
professor, conversa com ele com frequência e recebe orientação e feedbacks
mais construtivos do que apenas críticas. É provável que esse estudante confie
mais em seu professor, mostre mais envolvimento na aprendizagem, se comporte
melhor em sala de aula e alcance níveis acadêmicos mais elevados. As relações
professor-aluno positivas atraem os alunos para o processo de aprendizagem
e promovem seu desejo de aprender. É claro que tal relação deve, no contexto
escolar, estar associada a um processo de ensino-aprendizagem em que o material
de conteúdo da aula seja envolvente, adequado à idade e que corresponda bem
às habilidades do aluno, pois a instrução acadêmica de alta qualidade é projetada
para ser apropriada aos níveis educacionais dos alunos. Sendo que isso também
cria oportunidades para pensar e analisar, utilizar o feedback de forma eficaz para
orientar o pensamento dos alunos e assim ampliar o conhecimento prévio destes.
O conhecimento que é produzido, então, como fruto dessa relação professor-aluno
positiva, neste contexto, certamente será mais significativo e de maior amplitude.
67
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
A organização das salas de aula, uma vez que a escola se tornou parte
dos sistemas educacionais, tem assumido importantes variações de acordo
com a evolução das sociedades e das teorias da aprendizagem. Tomando
abordagens educacionais baseadas principalmente no conhecimento produzido
pela psicologia, destacaremos três escolas de pensamento que influenciaram as
práticas escolares desde a segunda metade do século XX.
68
Capítulo 3 A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
70
Capítulo 3 A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
3 Aprendizagem Dialógica
No contexto atual, a produção de conhecimento acadêmico é intensa, pois a
informação é amplamente disseminada e incorporada aos sistemas de produção
e à vida social. As novas tecnologias de informação e comunicação geram redes
de criação, difusão e incorporação de conhecimento em processos de produção
em tempo real (CASTELLS, 1999; FLECHA, 2000; AUBERT et al., 2008). Na
Sociedade da Informação e do Conhecimento, ter acesso às redes de informação e
conhecimento, saber selecionar, dentre a multiplicidade de elementos acessíveis,
analisar o que é encontrado através do escrutínio crítico, para utilizá-lo, torna-se
essencial para o funcionamento eficaz em muitas esferas sociais. É importante
ressaltar que a democratização da Sociedade da Informação e do Conhecimento
também depende de todos os estudantes desenvolverem essas habilidades.
71
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
Além disso, nas sociedades atuais existe uma demanda crescente por
diálogo como forma de negociar diferentes aspectos da vida e como forma de
construir a convivência em diferentes espaços sociais. Esse fenômeno tem
sido descrito como a “virada dialógica” das sociedades (FLECHA; GÓMEZ;
PUIGVERT, 2003). A violência surge quando o diálogo é evitado, aumentando
as desigualdades. Assim, a incorporação do diálogo na construção de melhores
alternativas na sociedade é um requisito para garantir direitos iguais e uma vida
melhor para todos.
72
Capítulo 3 A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
Bruner (2001, p. 98, 99) define cultura como “um conjunto de ferramentas com
técnicas e procedimentos para entender seu mundo e lidar com ele”, ou “uma
maneira de lidar com problemas humanos: com transações humanas de todos os
tipos representadas por símbolos”. Ao fornecer essa definição, Bruner pode ser
considerado um dos principais teóricos do conceito de mente social (CORREIA,
2003). Para ele, a comunicação entre os indivíduos em um processo
de interação mobiliza e produz conhecimento, porque “fazendo uso A comunicação
da linguagem para alcançar seus fins, as crianças têm mais do que entre os indivíduos
em um processo
domínio de um código de comunicação; elas negociam procedimentos
de interação
e significados e, quando fazem isso, estão aprendendo o caminho da mobiliza e produz
cultura, bem como o caminho da linguagem” (ALVES et al., 2007, p. conhecimento.
328). Rogoff (1990) também foi central na explicação do papel da cultura
no desenvolvimento; para ela, o indivíduo e a cultura são vistos como estando em
constante desenvolvimento, dinamicamente vinculados e inseparáveis.
73
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
74
Capítulo 3 A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
5 Os Sete Princípios da
Aprendizagem Dialógica
75
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
76
Capítulo 3 A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
6 As Relações Professor-Aluno
Os professores que promovem relacionamentos positivos, no contexto
dialógico, com seus alunos criam ambientes de sala de aula mais propícios
à aprendizagem e atendem às necessidades acadêmicas, emocionais e de
desenvolvimento dos alunos. Para compreender melhor este ponto, vamos pensar
em alguns exemplos concretos de proximidade entre um professor e um aluno.
77
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
Alunos que frequentaram salas de aulas, das mais distintas disciplinas, que
tenham maior apoio emocional relatam maior envolvimento na aprendizagem
dessas matérias. Por exemplo, em uma pesquisa, alunos do quinto ano disseram
que estavam dispostos a se esforçar mais para entender a lição de matemática.
Eles relataram que gostaram de pensar e resolver problemas em matemática
e estavam mais dispostos a ajudar seus pares a aprender novos conceitos
(RIMM-KAUFMAN et al., 2015). Isto também ocorre entre as crianças nas séries
iniciais, em que os estudantes relataram em uma pesquisa gostarem mais da
escola e sentirem menos solidão quando têm uma relação próxima com seus
professores (BIRCH; LADD, 1997). Além disso, crianças das séries iniciais com
melhores relações professor-aluno mostram melhor desempenho em medidas de
habilidades acadêmicas iniciais.
78
Capítulo 3 A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
Por outro lado, podemos também apontar ações que devem ser evitadas.
Os professores que têm relacionamentos negativos com um aluno mostram
evidências de frustração, irritabilidade e raiva em relação a esse aluno. Os
professores podem mostrar sua negatividade através de comentários maliciosos
e sarcásticos para o aluno ou descrever a sensação de que estão sempre lutando
ou em conflito com um aluno em particular. Frequentemente, os professores
descrevem um aluno específico como “aquele que os tira a paciência” ou “que os
deixa sentindo esgotados”.
7 Cultivar Relacionamentos
Positivos em Sala de Aula
As pesquisas indicam, de modo prático, coisas que o professor deveria fazer
para cultivar relacionamentos positivos em sala de aula, tais como: fazer um esforço
para conhecer e se conectar com cada aluno; sempre chamar os alunos pelos seus
nomes; descobrir informações sobre seus interesses; e se esforçar para entender o
que eles precisam para ter sucesso na escola (WHITLOCK, 2006).
79
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
Entretanto, o docente não deve presumir que ser gentil e respeitoso com
os alunos é suficiente para reforçar as realizações acadêmicas e a produção de
conhecimentos significativos. As salas de aula ideais têm mais do que um único
objetivo, os professores devem esforçar-se para manter os alunos em padrões
acadêmicos adequados e oferecer a eles a oportunidade de uma conexão
emocional com eles mesmos, outros professores, colegas e a escola como um
todo, criando um ambiente integrado e dialógico.
Nos casos com alunos mais difíceis, o docente não deve desistir muito
rapidamente de seus esforços para desenvolver relacionamentos positivos. Esses
alunos se beneficiarão de um bom relacionamento professor-aluno tanto quanto seus
pares com mais facilidade de se conviver (BIRCH; LADD, 1998). Do mesmo modo, o
professor não deve presumir que interações respeitosas e sensíveis são importantes
apenas para alunos da Educação Infantil. Alunos do Ensino Fundamental, Médio e
Superior também se beneficiam dessas relações (ALLEN et al., 2013).
80
Capítulo 3 A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
81
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
Há, pelo menos, três perspectivas teóricas – teoria do apego, teoria social
cognitiva e teoria do autossistema – que ajudam a explicar por que os alunos se
comportam de certas maneiras na sala de aula e como o professor pode usar seus
relacionamentos com eles para melhorar a aprendizagem e assim permitir uma
produção de conhecimento significativo.
A teoria social cognitiva postula que os alunos desenvolvem uma ampla gama de
habilidades simplesmente observando outras pessoas executarem essas habilidades.
Assim, o comportamento de modelagem pode ser uma modalidade positiva e eficaz
para o ensino (BANDURA; AZZI; POLYDORO, 2008). Aplicado ao ambiente de sala
de aula, os professores desempenham um papel fundamental como modelos vivos,
dos quais os alunos podem aprender comportamentos sociais e habilidades de
comunicação positivas. A teoria social cognitiva também esclarece a importância do
82
Capítulo 3 A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
84
Capítulo 3 A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
85
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
86
Capítulo 3 A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
10 Relação Professor-aluno e
Habilidades Sociais
A qualidade das relações professor-aluno é surpreendentemente estável
ao longo do tempo. Em outras palavras, se um professor das séries iniciais, no
primeiro ano, tiver um relacionamento conflituoso com um aluno, é provável que
os professores do segundo ou terceiro ano também experimentem conflitos em
sua relação com a mesma criança. Essa estabilidade é mais evidente quando os
relacionamentos são conflitantes e não quando os relacionamentos são próximos
ou dependentes (PIANTA; STUHLMAN, 2004). Muito provavelmente, a estabilidade
decorre do “modelo de trabalho interno” que os estudantes criam em sua mente
sobre como as relações com os adultos normalmente deveriam funcionar.
87
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
primeiro ano usam práticas que demonstram cuidado com os alunos e práticas
que estimulam as habilidades interpessoais entre os alunos, os alunos são menos
propensos a rejeitar um ao outro (DONAHUE; PERRY; WEINSTEIN, 2003). Além
disso, os alunos agressivos que têm relações positivas com os professores são
mais propensos a serem aceitos pelos colegas do que os estudantes agressivos
que não têm relações positivas com seus professores (HUGHES; CAVELL;
WILSON, 2001). Em última análise, as relações construtivas professor-aluno têm
uma influência positiva importante nas habilidades sociais, tanto de alunos com
comportamentos disruptivos quanto de alunos com comportamentos típicos. Tais
descobertas sugerem que o aprimoramento das relações professor-aluno tem
efeitos benéficos e cumulativos para outros aspectos da vida em sala de aula.
11 Estressores na Relação
Professor-Aluno
As relações professor-aluno são importantes em todos os níveis de ensino.
Sentir uma conexão e um senso de parentesco com um professor representa
uma necessidade essencial de todas as crianças e adolescentes (GREGORY;
RIPSKI, 2008). No entanto, vale a pena notar que a natureza das relações
positivas professor-aluno muda dependendo da idade do aluno envolvido. Em
outras palavras, os comportamentos precisos que podem ser percebidos por uma
criança nas séries iniciais, como o carinho e o cuidado (por exemplo, um sorriso
amoroso, um abraço), em contraste, podem ser percebidos pelos adolescentes
como invasivos ou exagerados. Também é importante perceber que, nos primeiros
anos de escola, a percepção dos alunos sobre sua relação com os professores,
e a percepção dos professores desses mesmos relacionamentos, é bastante
semelhante. À medida que as crianças crescem e se desenvolvem, a lacuna entre
suas percepções dos professores e a dos professores sobre elas cresce e se
amplia (MCCOMBS; MILLER, 2006).
88
Capítulo 3 A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
89
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
Atividades de Estudos:
90
Capítulo 3 A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
a) V, V, F, V.
b) F, V, F, F.
c) V, V, V, V.
d) F, F, F, V.
91
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
12 Algumas Considerações
Neste capítulo pudemos contextualizar como distintas abordagens
educacionais percebem a produção do conhecimento. Discorremos sobre as
contribuições das teorias construtivistas e a sua transição em direção a uma nova
teoria, àquela da aprendizagem dialógica.
Referências
ALLEN, J. et al. Observations of effective teacher-student interactions in secondary
classrooms: predicting student achievement with the Classroom Assessment Scoring
System – Secondary. School Psychology Review, v. 42, n. 1, p. 76-98, 2013.
92
Capítulo 3 A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
93
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
______. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
HAMRE, B. K.; PIANTA, R. C. Can instructional and emotional support in the first-
grade classroom make a difference for children at risk of school failure? Child
Development, v. 76, n. 5, p. 949-967, 2005.
HANISH, L. D. et al. Bullying among young children: the influence of peers and
teachers. In: ESPELAGE, D. L.; SWEARER, S. M. (Eds). Bullying in American
schools: a social-ecological perspective on prevention and intervention. Mahwah,
New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, 2004. p. 141-150.
94
Capítulo 3 A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
95
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
OAKES, J. Keeping tracking: How schools structure inequality. New Haven: Yale
University Press, 1985.
96
Capítulo 3 A Relação Professor-Aluno na
Produção do Conhecimento
97
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
98
C APÍTULO 4
Contextos Atuais e Desafios Sobre
o Conhecimento na Escola
100
Capítulo 4 Contextos Atuais e Desafios Sobre
o Conhecimento na Escola
1 Contextualização
Vivemos em um momento de questionamento e reforma em relação ao currículo
e à ampla missão das escolas, universidades e outras instituições de ensino e, em
particular, em relação ao papel destas instituições como mediadoras do processo de
ensino e aprendizagem e construtoras de novos conhecimentos. Este capítulo analisa
algumas ideias e pesquisas que enquadram a “questão do conhecimento” para
escolas e universidades hoje. Começamos com um breve tópico sobre o contexto
em mudança que impacta nessa questão e, em seguida, analisamos várias linhas de
argumentação que abordam o papel de disciplinas escolares.
101
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
2 O Contexto em Mudança
Embora os sistemas de ensino básico e universitário em países como o
Brasil tenham, por muito tempo, uma história em que se busca inspiração de
outros países (particularmente dos Estados Unidos da América, da Alemanha e da
França) sobre suas instituições de ensino, a partir do final do século XX, começou-
se a assumir uma nova forma. Preocupações sobre o desemprego e o bem-estar
econômico nacional tornaram-se enquadradas em um contexto de competição
global e dentro de uma perspectiva em que recursos, incluindo recursos humanos,
foram avaliados global e comparativamente. Ao mesmo tempo, os
Os economistas economistas começaram a enfatizar o papel da educação como um
começaram a
fator central na força econômica (SHARMA, 2004). Assim como um
enfatizar o papel da
educação como um crescente corpo de influentes medidas supranacionais, através da
fator central na força Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
econômica. (OCDE), do Banco Mundial e das classificações (ranking) internacionais
dos sistemas de ensino em todos os níveis, ofereceu algumas novas
lentes padronizadas de alto perfil sobre o que os sistemas educacionais, tanto o
ensino básico quanto o superior, estavam atingindo.
102
Capítulo 4 Contextos Atuais e Desafios Sobre
o Conhecimento na Escola
uma educação mais extensa, onde os países mais desenvolvidos agora esperam
ter a conclusão escolar como norma, em vez de apenas para uma minoria, e
a graduação se torna uma busca mais massiva do que em tempos anteriores.
Associado a isso, o papel e a função do Ensino Médio e do Ensino Superior têm
sofrido consideráveis reformulações, em termos de duração, de função genérica
ou de preparação vocacional, e sua relação com o ensino de pós-graduação.
3 Mudança Tecnológica
As discussões sobre conhecimento e educação no final do século XX e
início do século XXI são marcadas pela necessidade de envolver-se com um
mundo material em rápida mudança e capacidades tecnológicas dramaticamente
modificadas (COPE; KALANTZIS, 2009; SUGRUE, 2008). Comparado
com um mundo onde o conhecimento era principalmente comutado em O poder, a
papel ou em reuniões face a face, o poder, a velocidade e as formas velocidade e as
formas de novas
de novas tecnologias impõem desafios à educação em todos os níveis,
tecnologias impõem
especialmente em relação ao que é agora fundamental. Por exemplo, desafios à educação
o poder dos computadores para trabalhar com uma enorme quantidade em todos os níveis.
de dados e a forma distribuída de parte desse trabalho globalmente
colocam questões sobre as direções de influência entre teoria e cálculo, que têm
ramificações para o currículo de ciências da escola de ensino básico, assim como
no currículo e treinamento em pesquisa na graduação. As mudanças levantam
questões sobre a localidade do conhecimento e sobre os vários agentes do
conhecimento (humanos e não humanos). Em relação ao estudo de história, por
exemplo, a disponibilidade de novos tipos de capacidades de busca, novos tipos
de arquivos on-line, capacidade de pesquisar e trabalhar com textos visuais e
registros orais e similares também é potencialmente transformadora, em termos
do que os alunos podem precisar aprender ou ser capazes de fazer.
103
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
5 Internacionalização e Fluxos de
População Globais
No século XXI, um tema importante para o currículo dos sistemas de
ensino básico e superior tem sido a globalização, incluindo os fluxos globais
e os movimentos das populações para migração e busca de emprego, e as
oportunidades e medos associados a isso. Em sistemas educacionais como o do
Brasil, já podemos perceber a preocupação com a necessidade de se orientar para
104
Capítulo 4 Contextos Atuais e Desafios Sobre
o Conhecimento na Escola
105
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
6 Modos 1 e 2 da Produção do
Conhecimento
O “Modo 1” é um
O “Modo 1” é um termo aplicado ao que é considerado a forma
termo aplicado ao
que é considerado mais tradicional de construção de conhecimento e pesquisa dentro das
a forma mais universidades. É hierárquico, especializado e opera em uma amplitude
tradicional de considerável por ter uma forma limitada e autorreferencial. Busca
construção de refinamento e criação trabalhando no interior e construindo sobre o foco e
conhecimento os modos das linhas de pesquisa já estabelecidas (tal como as disciplinas).
e pesquisa.
Modo 1 Modo 2
Contexto acadêmico Contexto de aplicação
Disciplinaridade Transdisciplinaridade
Homogeneidade Heterogeneidade
Autonomia Reflexividade/Responsabilidade social
Controle de qualidade tradicional (peer Controles de qualidade originais
review)
FONTE: Adaptado de Hessels e Van Lente (2008, p. 741).
106
Capítulo 4 Contextos Atuais e Desafios Sobre
o Conhecimento na Escola
107
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
7 Disciplinaridade e
Interdisciplinaridade
Anterior às discussões sobre a nova produção de conhecimento, e
continuando ao lado delas, está um corpo de literatura preocupado com
Interesse em
as dimensões social, epistêmica e histórica das disciplinas acadêmicas,
disciplinas,
diferenças na forma de estudos etnográficos (BECHER, 1989; KNORR-CETINA,
disciplinares e 1999) e estudos preocupados com as estruturas organizacionais, de
suas implicações construção de conhecimento e autoridade das universidades (ABBOTT,
para a formação 2001; KAGAN, 2009). Um interesse em disciplinas, diferenças
escolar acadêmica disciplinares e suas implicações para a formação escolar acadêmica
e de pesquisa tem
e de pesquisa tem recebido nova atenção através do despertar do
recebido nova
atenção. interesse do século XX e início do século XXI pela “interdisciplinaridade”
(FAZENDA; GODOY, 2014; KLEIN, 1996; TROWLER et al., 2012).
108
Capítulo 4 Contextos Atuais e Desafios Sobre
o Conhecimento na Escola
109
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
observou que “o grau de interação direta colaborativa entre físicos e químicos nos
EUA, especialmente nas universidades, se manteve surpreendentemente limitado”
(KLEIN, 1996, p. 6). Tudo isso coloca desafios significativos para as autoridades
educacionais e para os órgãos de financiamento da pesquisa. Devem ser tomadas
decisões sobre quais fundamentos curriculares e formas organizacionais são
importantes como facilitadores do conhecimento e sobre os papéis apropriados das
disciplinas, comparados a outras perspectivas de enquadramento.
110
Capítulo 4 Contextos Atuais e Desafios Sobre
o Conhecimento na Escola
Uma questão importante que ficou evidente nos debates do Ensino Superior no
século XXI, sinalizada no tópico anterior sobre o conhecimento do “Modo 2”, tem sido
a extensão em que disciplinas, como história e física, por exemplo, devem manter seu
lugar como um importante fundamento e fluxo especificado de estudo. Os departamentos
tradicionais baseados em disciplinas são importantes, ou faz sentido transformá-los de
novas maneiras – por exemplo, como “ciência dos materiais” ou “nanotecnologia” – ou
enquadrá-los em termos de tópicos ou desafios sociais? (WEINGART; PADBERG, 2014).
111
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
Todavia, mais ou menos uma década depois, muita coisa mudou nas
instituições de ensino, e principalmente nas universidades, em todo o mundo,
e mais mudanças parecem estar em andamento. Ressaltamos, portanto, a
necessidade de inquirir como os profissionais educadores e pesquisadores veem
a forma e o lugar de seus campos disciplinares. Seria importante que fossem
preservados em sua forma tradicional como algum tipo de suporte para novas
atividades colaborativas? As disciplinas estão mudando ou sendo forçadas a
mudar à medida que as instituições de ensino enfrentam um novo fluxo de alunos
e novos tipos de demandas sobre o que elas produzem para esses alunos?
8 O Currículo Escolar
Historicamente, tem havido considerável variação nacional e filosófica
Tem havido
considerável nas abordagens escolares ao conhecimento e aos propósitos da escola,
variação nacional incluindo experimentos com diferentes formas de pedagogias progressistas
e filosófica nas ou radicais ou comportamentalistas. No entanto, os debates sobre como
abordagens dar sentido a quais fundamentos importantes para os jovens de hoje
escolares ao ganharam nova vida nas últimas décadas, na esteira dos desdobramentos
conhecimento e aos
observados na primeira parte deste capítulo e diante de um apelo cada vez
propósitos da escola.
maior sobre o que as escolas deveriam ensinar ou ser responsáveis.
112
Capítulo 4 Contextos Atuais e Desafios Sobre
o Conhecimento na Escola
113
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
114
Capítulo 4 Contextos Atuais e Desafios Sobre
o Conhecimento na Escola
115
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
116
Capítulo 4 Contextos Atuais e Desafios Sobre
o Conhecimento na Escola
sociais argumentam que as consequências dessa perspectiva são que ela pode
identificar o que a escola pode estar fazendo mal, mas poderia fazer mais do que
substituir por outras mensagens mais positivas. Todavia, eles argumentam que
o potencial do conhecimento, em relação às mensagens, não é reconhecido por
meio de tal abordagem. Isso levanta a preocupação de que a educação continue
a ser esperada por assumir a responsabilidade por uma gama ilimitada de coisas
e práticas sociais que são consideradas problemáticas.
117
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
118
Capítulo 4 Contextos Atuais e Desafios Sobre
o Conhecimento na Escola
119
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
Atividades de Estudos:
120
Capítulo 4 Contextos Atuais e Desafios Sobre
o Conhecimento na Escola
a) V, V, V, V.
b) F, F, V, V.
c) V, F, V, V.
d) F, V, F, F.
10 Algumas Considerações
121
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
Referências
ABBOTT, A. The disciplines and the future. In: BRINT, S. (Ed.). The future of the
city of intellect: the changing american university. Stanford: Stanford University
Press, 2002, p. 205-230.
BRINT, S. (Ed.). The future of the city of intellect: the changing american
university. Stanford: Stanford University Press, 2002.
122
Capítulo 4 Contextos Atuais e Desafios Sobre
o Conhecimento na Escola
educativa. Trad. de Juliana dos Santos Padilha. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2016.
123
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
KAGAN, J. The three cultures: natural sciences, social sciences and the
humanities in the 21st century. Cambridge: Cambridge University Press, 2009.
MATTERS, G. Good data, bad news, good policy making. QTU Professional
Magazine, v. 21, p. 18-24, 2006.
MOORE, R. Social realism and the problem of the problem of knowledge in the
sociology of education. British Journal of Sociology of Education, v. 34, n. 3,
p. 333-353, 2013.
MOORE, R.; MULLER, J. The discourse of voice and the problem of knowledge
and identity in the sociology of education. British Journal of Sociology of
Education, v. 20, n. 2, p. 189-206, 1999.
124
Capítulo 4 Contextos Atuais e Desafios Sobre
o Conhecimento na Escola
NUSSBAUM, M.; SEN, A. The quality of life. New York: Routledge, 2010.
PETERS, M. A. Cultural exchange, study abroad and discourse of the other. In:
MARGINSON, S.; MURPHY, P.; PETERS, M. A. (Eds.). Global creation: space,
mobility and synchrony in the age of the knowledge economy. New York: Peter
Lang, 2010.
125
A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NO AMBIENTE ESCOLAR
126
Capítulo 4 Contextos Atuais e Desafios Sobre
o Conhecimento na Escola
______. (Ed.). Knowledge and control: new directions for the sociology
of education. London: MacMillan, 1971.
127