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Sistemas e Meios Intrepretativos - Âmbito Jurídico - Educação jurídica gratuita e de qualid…

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DIREITO CIVIL REVISTA 178

A Hermenêutica Jurídica. Parte 1.


Sistemas e Meios Intrepretativos
Em 22 de jul de 2019

RESUMO

A Hermenêutica Jurídica é o ramo da Teoria da Geral do Direito, destinado ao estudo e


ao desenvolvimento dos métodos e princípios da atividade de interpretação. A
finalidade da Hermenêutica, enquanto domínio teórico é proporcionar bases racionais e
seguras para uma interpretação dos enunciados normativos. Etimologicamente, o
vocábulo hermenêutica é oriundo de Hermes. Na Grécia antiga, Hermes era um
personagem mítico que, por sua capacidade de compreender e revelar, intermediava a
mensagem dos deuses aos homens. Para interpretar e aplicar com acerto o Direito,
enquadrando adequadamente o fato à uma norma, é indispensável que o intérprete
bem compreenda o preceito para determinar com precisão o seu conteúdo e alcance.
O presente Artigo tem como pressuposto singelo, contribuir, nutrir e alimentar os
profissionais do Direito à formularem em uma arena legal, suas argumentações
denunciativas, acusativas, defensivas, recursais e sentenciais. Na PARTE 1, deste Artigo,
serão analisados os SISTEMAS E MEIOS INTERPRETATIVOS. Na PARTE 2, será analisada A
HERMENÊUTICA JURÍDICA. PARTE 2: A LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
– LINDB, aprovada pelo Decreto-Lei nº 4.657, de 04/09/1942, e suas alterações.

Palavras Chave: argumentação, decreto, direito, exegese, hermeneutica, intéprete, 


jurídica, lei, método, sistema, texto.

RENÉ DELLAGNEZZE, DOUTORANDO EM DIREITO CONSTITUCIONAL


PELA UNIVERSIDADE DE BUENOS AIRES – UBA, ARGENTINA
(WWW.UBA.AR). POSSUI GRADUAÇÃO EM DIREITO PELA UNIVERSIDADE
DE MOGI DAS CRUZES – UMC (1980) (WWW.UMC.BR) E MESTRADO EM
DIREITO PELO CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO –
UNISAL (2006) (WWW.UNISAL.COM.BR). PROFESSOR DE GRADUAÇÃO E
PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PÚBLICO E DIREITO INTERNACIONAL
PÚBLICO, NO CURSO DE DIREITO, DA UNIVERSIDADE ESTACIO DE SÁ,
CAMPUS DA ESTACIO BRASÍLIA, DISTRITO FEDERAL
(WWW.ESTACIO.BR/BRASILIA). EX-PROFESSOR DE DIREITO
INTERNACIONAL DA UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO –
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UMESP (WWW.METODISTA.BR). COLABORADOR
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JURÍDICO (WWW.AMBITO-JURIDICO.COM.BR) E DA UFJF/DEFESA –


CENTRO DE PESQUISAS ESTRATÉGICAS PAULINO SOARES DE SOUZA,
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA – UFJF
(WWW.DEFESA.UFJF.BR); PESQUISADOR DO CENTRO UNIVERSITÁRIO
SALESIANO DE SÃO PAULO – UNISAL. ATUALMENTE É O ADVOGADO
GERAL DA ADVOCACIA GERAL DA IMBEL – AGI DA INDÚSTRIA DE
MATERIAL BÉLICO DO BRASIL (WWW.IMBEL.GOV.BR), EMPRESA PÚBLICA
FEDERAL, VINCULADA AO MINISTÉRIO DA DEFESA. TEM EXPERIÊNCIA
COMO ADVOGADO EMPRESARIAL HÁ 36 ANOS, E, COMO PROFESSOR,
COM ÊNFASE EM DIREITO PÚBLICO, ATUANDO PRINCIPALMENTE NOS
SEGUINTES RAMOS DO DIREITO: DIREITO CONSTITUCIONAL,
INTERNACIONAL, ADMINISTRATIVO E EMPRESARIAL, TRABALHISTA,
TRIBUTÁRIO, COMERCIAL. PUBLICOU DIVERSOS ARTIGOS E LIVROS,
ENTRE OUTROS, 200 ANOS DA INDÚSTRIA DE DEFESA NO BRASIL E
SOBERANIA – O QUARTO PODER DO ESTADO, AMBOS PELA CABRAL
EDITORA (WWW.EDITORACABRAL.COM.BR). CONTATO:
RENE@IMBEL.GOV.BR; RENEDELLAGNEZZE@YAHOO.COM.BR.
THE LEGAL HERMENEUTICS. PART 1: INTERPRETATIVE SYSTEMS AND MEANS.

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ABSTRACT

Legal Hermeneutics is the branch of General Theory of Law, aimed at the study and
development of the methods and principles of the interpretation activity. The purpose of
Hermeneutics as the theoretical domain is to provide rational and secure basis for an
interpretation of normative statements. Etymologically, the term hermeneutic comes
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from Hermes. In ancient Greece, Hermes was a mythical character who, through his
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ability to understand and reveal, intermediated the message of the gods to men. To
correctly interpret and apply the law, properly framing the fact to a standard, it is
indispensable that the interpreter well understands the precept to determine accurately
its content and scope. This article has as a simple presupposition, to contribute, to
nourish and to nourish the professionals of the Right to formulate in a legal arena their
denunciatory, accusative, defensive, recursal and sentential arguments. In PART 1, of this
Article, the INTERPRETATIVE SYSTEMS AND MEANS will be analyzed. In PART 2, we will analyze
the LEGAL HERMENEUTICS. PART 2: THE LAW OF INTRODUCTION TO THE RULES OF BRAZILIAN
LAW – LINDB, approved by DECREE-LAW No. 4,657, DE 04/09/1942, and its amendments.

Keywords: argumentation, decree, law, exegesis, hermeneutics, interpreter, legal, law,


method, system, text.

RENÉ DELLAGNEZZE

RENÉ DELLAGNEZZE, Doctorate in Constitutional Law at the University of Buenos Aires – UBA,
Argentina (www.uba.ar). Law graduate by the University of Mogi das Cruzes – UMC (1980)
(www.umc.br) and Master of Laws at SALESIANO CENTER UNIVERSITY OF SÃO PAULO –
UNISAL (2006) (www.unisal.com.br). Professor of Law Degree and Postgraduate in Public
Law and Public International Law at UNIVERSITY ESTACIO DE SÁ, Campus ESTACIO /
FACITEC, Brasília, Distrito Federal (www.estacio.br/brasilia). Former Professor of
International Law at METHODIST UNIVERSITY OF SÃO PAULO – UMESP (www.metodista.br).
Contributor of the ÂMBITO JURÍDICO Magazine (www.ambito-juridico.com.br) and UFJF /
DEFENSE – Center for Strategic Research Paulino Soares de Souza, FEDERAL UNIVERSITY
OFJUIZ DE FORA – UFJF (www.defesa.ufjf.br); Researcher of SALESIANO UNIVERSITY CENTER
OF SÃO PAULO – UNISAL. He is currently the General Attorney of IMBEL – INDÚSTRIA DE
MATERIAL BÉLICO DO BRASIL (www.imbel.gov.br), a Federal Government Owned Company,
under the Ministry of Defense. He has experience as a Business Attorney for 36 years, and,
as Professor, with an emphasis in Public Law, mainly in the following areas of law:
Constitutional Law, International, Corporate and Administrative, Labor, Tax, Commercial.
Published several articles and books, among others, the one named “200 Anos da
Indústria de Defesa no Brasil” (200 Years of Defence Industry in Brazil and Sovereignty)
and the other called “O Quarto Poder do Estado” (The Fourth Power of State), both by
Cabral Publisher (www.editoracabral.com.br). Contact: rene@imbel.gov.br;
renedellagnezze@yahoo.com.br.

SUMÁRIO
Introdução

1 A Evolução Histórica, o Conhecimento e a Hermenêutica; 

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2 A Ciência do Direito;

3 Os Sistemas Interpretativos; 

4 As Escolas Hermenêuticas; 

5 Noções Gerais de Aplicação ou Integração; 

6 Meios Especiais de Integração; Analogia; 

7 Meios Especiais de Integração; Costume; 

8 Meios Especiais de Integração; Princípios Gerais de Direito; 

9 Meios Especiais de Integração; Equidade; 

10 Métodos Interpretativos; 

11 Interpretação Constitucional; 

12 Antinomia jurídica; 

13 Interpretação de Tratados Internacionais; 

14 Conclusão.

15 Referências Bibliográficas.

Introdução.
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A Hermenêutica Jurídica é o ramo da Teoria da Geral do Direito, destinado ao estudo e


ao desenvolvimento dos métodos e princípios da atividade de interpretação. A
finalidade da Hermenêutica, enquanto domínio teórico é proporcionar bases racionais e
seguras para uma interpretação dos enunciados normativos.

Etimologicamente, o vocábulo hermenêutica é oriundo de Hermes. Na Grécia antiga,


Hermes era um personagem mítico que, por sua capacidade de compreender e revelar,
intermediava a mensagem dos deuses aos homens. Para interpretar e aplicar com
acerto o Direito, enquadrando adequadamente o fato à uma norma, é indispensável
que o intérprete bem compreenda o preceito para determinar com precisão seu
conteúdo e alcance.

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O presente Artigo tem como pressuposto singelo, contribuir, nutrir e alimentar os


profissionais do Direito à formularem em uma arena legal, suas argumentações
denunciativas, acusativas, defensivas, recursais e sentenciais.

Na PARTE 1, deste Artigo, serão analisados os SISTEMAS E MEIOS INTERPRETATIVOS. Na


PARTE 2, será analisada A HERMENÊUTICA JURÍDICA. PARTE 2. A LEI DE INTRODUÇÃO ÀS
NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – LINDB, aprovada pelo Decreto-Lei nº 4.657, de
04/09/1942, e suas alterações.

1 Evolução Histórica, o Conhecimento e a Hermenêutica; 

1.1 Evolução Histórica.

Como se sabe, há duas teses sob constantes e aprofundados debates que tentam
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definir a origem do homem e do Universo. A Tese da Criação, ou Criacionismo,
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consolidada na Escritura Sagrada, no Livro de Gênesis, e a Tese da Evolução das
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Espécies, ou do Evolucionismo, defendida pelo pesquisador inglês, Charles Darwin (1809-


1882), nos seus livros “A Origem das Espécies” e a “Descendência do Homem”. O fato é
que hoje, o homem é sujeito de direito e integra uma sociedade que é o povo. Este povo
constitui uma Nação, que será representada pelo Estado, que é sujeito de direito no
plano internacional.

Independentemente da tese que se adote, para que se vislumbre a origem de tudo, há


uma evolução natural da história encontrada na literatura que pode ser dividida em
cinco grandes períodos, a que se destaca a seguir[1].

A Pré-História. É o Período que vai do surgimento do homem na terra, há cerca de 3,5


milhões de anos atrás, até o aparecimento da escrita, por volta do ano 4.000 a.C., tendo
como pontos importantes, a evolução no emprego da pedra como arma e ferramenta,
a criação da linguagem oral, a utilização e o domínio do fogo, a domesticação, a
criação dos animais, a prática da agricultura e a criação da metalurgia.

A Antiguidade. Período que começa com a utilização da escrita e termina com a queda
de Roma, capital do Império Romano do Ocidente, no ano de 476 d.C., tendo como
pontos importantes, o desenvolvimento da agricultura e pecuária, o surgimento do
escravismo, das cidades-Estados e de sistemas políticos monárquicos, a democracia
nas polis (ou cidades gregas), as religiões monoteístas e as ciências.

A Idade Média. Período que corresponde ao período que vai do Século V d.C., até a
queda de Constantinopla, a capital do Império Romano do Oriente, no ano de 1453,
tendo como pontos importantes, o aparecimento dos impérios feudais (economia
agrícola de subsistência com mão de obra servil), e a evolução do cristianismo e do
islamismo.

A Idade Moderna. Corresponde ao período que vai da queda do Império Romano do


Oriente (1453) até a Revolução Francesa, no ano de 1789, tendo como principais pontos,
o surgimento dos Estados nacionais monárquicos, as navegações marítimas, a
expansão do capitalismo como forma de produção predominante e a evolução das
ciências.

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A Idade Contemporânea. Período que corresponde ao período que vai da Revolução


Francesa (1789) até os dias atuais, tendo como principais pontos, a Revolução Industrial
(1750), a Revolução Francesa (1789), o período napoleônico (1799-1815), o surgimento do
imperialismo (Impérios Britânico, Russo, Austro-Húngaro), a Revolução Socialista (1917), o
surgimento do fascismo e do nazismo, a 1ª Guerra Mundial (1914-1918), a 2ª Guerra
Mundial (1939-1945), a Guerra Fria (1948-1990, ideologia capitalista liderada pelos
Estados Unidos e a ideologia socialista liderada pela extinta União Soviética), o Terceiro
Mundo (Países em desenvolvimento que não se alinhando às ideologias capitalistas ou
socialistas, se reuniram na Indonésia em 1955, na Conferência Afro-Asiática, e se auto-
proclamaram como Países do Terceiro Mundo), a desagregação da União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS (1991), o fenômeno da globalização e a
revolução da telemática (telecomunicação e informatização via Internet, ou rede
mundial de computadores).

Nesta rápida radiografia histórica, muitos povos, muitas nações e Impérios dominaram
o cenário mundial de forma soberana, seja por razões militares, seja por razões
comerciais ou econômicas. É bem verdade que o mundo ancestral estava na Europa, no
Mar Mediterrâneo, Oriente Médio, Índia e China. Predominaram nestes tempos remotos,
entre outras, as civilizações da mesopotâmia, egípcia, fenícia, cretense, grega, hebraica,
hindu, babilônica, chinesa, assíria, grega, romana e persa.

1.2 O Conhecimento.

O Conhecimento, em nossa visão, teve três momentos históricos para a sua difusão no
seio da humanidade.

O primeiro momento ocorreu no final da Pré-história, período que vai do surgimento do


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cunha), por volta do ano 4.000 a.C.

O segundo momento ocorreu com o aparecimento da imprensa de Gutenberg no


Século XV.

O terceiro momento foi com o lançamento, pelos soviéticos, do satélite Sputnik, na


segunda metade do Século XX (1957) e, a partir daí, o mundo tornou-se Globalizado,
com as telecomunicações, com o rádio, com a televisão, com a informática, com
celulares, e, acima de tudo, surgiu um mundo conectado e onde se navega pela internet
em tempo real, vale dizer, o surgimento da Era da Informação.

A Era da informação, também conhecida como era digital, é o nome dado ao período
que vem após a era industrial, mais especificamente após a década de 1980; embora
suas bases tenham começado no princípio do Século XX e, particularmente, na década
de 1970, com invenções tais como o microprocessador, a fibra óptica e o computador
pessoal, a rede de computadores, também conhecida pelo acrônimo www, que é a sigla
ou abreviatura para World Wide Web, que significa rede de alcance mundial.

A vantagem hoje está na boa aplicação do Conhecimento. A  Alemanha e o Japão têm


ganho a concorrência dos EUA, pois, estão sabendo aplicar melhor o conhecimento
nesses setores do que seus concorrentes. Vemos isso ocorrendo nos processos como o
just in time,  que tornam a produção mais eficaz reduzindo o custo da produção. Nestes
processos há uma enorme troca de informações entre os trabalhadores e essa
metodologia e, tem como premissa, o aperfeiçoamento contínuo.

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O termo saber tem hoje, por força das coisas e pela realidade do uso, um sentido bem
mais amplo que ao termo ciência. Hoje em dia, é considerado saber, todo um conjunto
de conhecimentos
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organizados, para serem transmitidos por um processo pedagógico de ensino. O


conceito de “saber” poderá ser aplicado à aprendizagem de ordem prática e, ao
mesmo tempo, às determinações de ordem propriamente intelectual e teórica.

Há pelo menos 4 (quatro) tipos de Conhecimento, cada um referindo-se ao tipo de


apropriação que o ser humano faz da realidade. Esses tipos são: o Conhecimento
Empírico, o Conhecimento Científico, o Conhecimento Filosófico e o Conhecimento
Religioso ou Teológico.

O Conhecimento Empírico. É o que resulta da experiência comum e ocasional dos


fenômenos da vida cotidiana. É denominado também, conhecimento vulgar, cotidiano,
espontâneo. É aquele adquirido através da observação sensível e casual da realidade
cotidiana e circunstancial; faz-se através de tentativas e erros. Sem método (ametódico
e assistemático), é de nível intelectual inferior, mas, de enorme utilidade prática como
base do conhecimento. Baseia-se no senso comum, e caracteriza-se como um
conjunto desagregado de ideias, opiniões difusas e dispersas, que fazem parte de um
pensamento genérico, de uma época ou de um certo ambiente popular. Nesse sentido
pode-se dizer que o senso comum é histórico, ou seja, são exemplos, as crendices que
passam de geração para geração, entre outras as lendas e os remédios caseiros
indicados pelas vovós.

O Conhecimento Científico. É aquele que procura descobrir as causas imediatas das


coisas. Tem por objeto a busca da Certeza. O conhecimento científico vai além da visão
empírica, preocupa-se não só com os efeitos, mas principalmente com as causas e leis
que o motivaram, esta nova percepção do conhecimento se deu de forma lenta e
gradual, evoluindo de um conceito que era entendido como um sistema de proposições
rigorosamente demonstradas e imutáveis, para um processo contínuo de construção,
onde não existe o pronto e o definitivo, “é uma busca constante de explicações e
soluções e a reavaliação de seus resultados”. Este conceito ganhou força a partir do
Século XVI, com Copérnico, Bacon, Galileu, Descartes, entre outros.

Destacamos, Galileu Galilei (1564-1642) que foi um matemático, físico, astrônomo e


filósofo italiano. Fundamentou, cientificamente, a Teoria Heliocêntrica de Copérnico,
contrariando a Teoria Geocêntrica, defendida pela Igreja. Inventou a luneta telescópica
e, no seu livro Sidereu Nuncius, O Mensageiro das Estrelas (1610), descreveu o relevo da
Lua, os quatro satélites de Júpiter e a constituição da Via Láctea, sendo o primeiro
homem, a ter esta visão cósmica por intermédio de um instrumento cientifico. Vale dizer,
na atualidade, a Ciência, a Tecnologia e a Inovação e suas interações, tem sido objeto
de estudo na busca pela compreensão e da forma de produção do Conhecimento e o
uso da Informação em várias áreas de atuação, notadamente, na Ciência da
Informação, bem como, no ambiente das Organizações Estatais e não Estatais.

O Conhecimento Filosófico. É o que se aplica à descoberta das causas mais profundas,


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universais e mediatas das coisas. A ciência não é suficiente para explicar o sentido geral
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do Universo. Por isso, o homem busca essa explicação através da filosofia,
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estabelecendo uma concepção geral do mundo. A capacidade de reflexão mental do


homem, dá origem ao conhecimento filosófico. Seu único instrumento é, pois, o
raciocínio lógico. Procura interpretar a realidade, tendo como tema central, o homem e
suas relações com o Universo. É através de seu raciocínio que ele ultrapassa os limites
da Ciência, uma vez que, não há necessidade de comprovação concreta para a
interpretação da realidade em sua totalidade. A concepção filosófica é especulativa e
não oferece soluções definitivas para as várias questões.

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A Filosofia (do grego Φιλοσοφία, literalmente, amor à sabedoria). É o estudo de problemas


fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores
morais e estéticos, à mente e à linguagem. Ao abordar esses problemas, a filosofia se
distingue da mitologia e da religião, por sua ênfase, em argumentos racionais; por outro
lado, diferencia-se das pesquisas científicas, por, geralmente, não recorrer à
procedimentos empíricos em suas investigações. Entre seus métodos, estão a
argumentação lógica, a análise conceitual, as experiências do pensamento e outros
métodos, a priori.

O Conhecimento Religioso. A Religião, pode ser definida como um conjunto de crenças


relacionadas com aquilo que a humanidade considera como metafísico, sobrenatural,
divino, sagrado e transcendental, bem como, o conjunto de rituais e códigos morais, que
derivam dessas crenças. O Conhecimento Religioso implica na crença de verdades
obtidas de forma divina ou sobrenatural, e desta forma são geralmente infalíveis e,
cujas evidências não podem ser comprovadas, sendo, geralmente, relegadas à fé ou
crença pessoal. Desta forma, o conhecimento religioso se baseia em dogmas que não
podem ser refutadas, nem submetidas à análise científica.

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O Conhecimento Religioso ou Conhecimento Teológico (fruto da revelação da


divindade) apoia-se na fé e tem sua origem nas revelações do sobrenatural. Na
compreensão humana, essas manifestações são divinas e trazem a mensagem de um
ser superior. Quantas autoridades divinas e invisíveis já são nomeadas por nós,
exemplos: Buda, Maomé, Deus e Jesus Cristo. O conhecimento Teológico parte do
princípio de que as manifestações, verdades e evidências sobrenaturais não são
verificáveis e, por serem obra do criador divino, e conterem uma atitude implícita de fé,
são infalíveis e indiscutíveis.

O fundamento do Conhecimento Religioso é a fé, como já citado. Não é preciso ver para
crer, e a crença ocorre mesmo que as evidências apontem no sentido contrário. As
verdades religiosas são registradas em livros sagrados ou são reveladas por seres
espirituais, por meio de alguns iluminados, santos ou profetas. Essas verdades são,
quase sempre, definidas e não permitem revisões mediante reflexão ou experimentos.
Portanto, o conhecimento religioso é um conhecimento mítico, dogmático ou ainda
espiritual, apoia-se em doutrinas que contem proposições sagradas. O Conhecimento
Religioso é revelado pela Fé divina ou crença religiosa. Não pode, por sua origem, ser
confirmado ou negado. Depende da formação moral das crenças de cada indivíduo.

Alguns exemplos de Conhecimento Religioso ou Teológico são as Escrituras Sagradas,


tais como a Bíblia, o Alcorão, a Sagrada Tradição, que reúne decisões de Concílios e
Sínodos, as Encíclicas Papais, etc. Também podem ser incluídos como Conhecimento
Teológico, os ensinamentos de grandes teólogos e mestres da Igreja, como Santo
Agostinho e São Tomás de Aquino.

Assim, a Hermenêutica é o ponto culminante do Conhecimento, que sugere a técnica


individual, para a interpretação de um texto, seja qual for a área desse Conhecimento. A
Hermenêutica é uma palavra com origem grega, e significa a arte ou técnica de
interpretar e explicar um texto ou discurso. O seu sentido original estava relacionado
com a Bíblia, sendo que, neste caso, consistia na compreensão das Escrituras Sagradas,
para compreender e entender o sentido das palavras de Deus.

A Hermenêutica Jurídica é a interpretação dos enunciados normativos. Sua definição é


a adequação da verdadeira coisa pensada com a coisa existente. A Hermenêutica
estabeleceu-se como uma disciplina central, a partir do início do século XIX, quando se
deu, a chamada virada hermenêutica no Conhecimento, ou seja, o Conhecimento
passou a ser visto como dependente da interpretação e, conseqüentemente, da
linguagem.

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1.3 A Hermenêutica.

A Hermenêutica Jurídica. Conceito. É ramo da Teoria da Geral do Direito, destinado ao


estudo e ao desenvolvimento dos métodos e princípios da atividade de interpretação. A
finalidade da Hermenêutica, enquanto domínio teórico, é proporcionar bases racionais e
seguras, para uma interpretação dos enunciados normativos.

Etimologicamente, o vocábulo hermenêutica é oriundo de Hermes. Na Grécia antiga,


Hermes era um personagem mítico que, por sua capacidade de compreender e revelar,
intermediava a mensagem dos deuses aos homens. Trata-se, pois, de uma (inter)
mediação. Dessa forma, a menos que se acredite na possibilidade de acesso direto às
coisas (enfim, à essência das coisas), é ideia de Hermes que se localiza toda a
complexidade do problema hermenêutica. Trata-se de traduzir linguagens e coisas
atribuindo-lhes, determinados sentidos.

A palavra hermenêutica deriva do grego hermeneuein, adquirindo vários significados ao


longo da história. A palavra grega hermeneuein significa expressar, explicar, traduzir ou
interpretar; hermeneia é interpretação e, assim, sucessivamente, muitas vezes,
interpretação de uma mensagem sagrada. Platão, chamou os poetas de hermenes –
intérpretes – dos deuses. Por ela, busca-se traduzir para uma linguagem acessível,
aquilo que não é compreensível. Daí a idéia de Hermes, um mensageiro divino, que
transmite e, portanto, esclarece o conteúdo da mensagem dos deuses aos mortais. Ao
realizar a tarefa de hermeneus, Hermes, tornou-se poderoso. Na verdade, nunca se
soube o que os deuses disseram; só se soube o que Hermes disse acerca do que os
deuses disseram.

A Hermenêutica teve como finalidade inicial desvendar o sentido das mensagens


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interpretá-la: deLeia
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Posteriormente, a hermenêutica passa ao âmbito jurídico, enquanto disciplina da Teoria


do Direito. O objeto da hermenêutica é a interpretação. No sentido clássico, interpretar é
atribuir o sentido e o alcance de um enunciado normativo. Assim, interpretar um texto
legal ou constitucional, equivale a revelar, no contexto da resolução de um problema, o
sentido da norma jurídica.

A Hermenêutica Jurídica dedica-se, portanto, “à interpretação e ao entendimento das


expressões e dos textos jurídico-normativos, seu sentido e seu valor”, possibilitando que
o Direito, seja um “Sistema Lógico Jurídico Interpretativo-Argumentativo“. Sentido e
Valor, atribuem um significado ao texto jurídico.

A Lógica é parte da Filosofia que trata das formas do pensamento em geral (dedução,
indução, hipótese, inferência etc.) e das operações intelectuais que visam à
determinação, do que é verdadeiro ou não, ou do que seja uma proposição válida ou
inválida, no interior de um argumento.

Já a Lógica jurídica é ligada à idéia que fazemos do Direito, e se adapta a ela. “Por essa
razão, uma reflexão sobre a evolução do Direito, parece ser uma preliminar
indispensável ao exame das técnicas de raciocínio, próprias desta disciplina, que os
juristas qualificam tradicionalmente de Lógica Jurídica”[2].

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Quem “interpreta“, entende, por um lado do prisma, o que quer dizer, vê o sentido e o
valor do texto, de acordo com sua linguagem, seus próprios valores, suas próprias
experiências. Desta forma, há de se aceitar que, a hermenêutica não é uma ciência
objetiva, exata e absoluta. Nem o precisa ser. Diga-se, a Ciência do Direito constitui um
conjunto ordenado e sistemático de princípios e regras que tem por tarefa, definir e
sistematizar o ordenamento jurídico (Direito Positivo ou Direito Posto, vale dizer,
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pelo Estado)[3] .
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Assim, o Direito é também Argumentação. A interpretação hermenêutica visa,


preferencialmente, a nutrir, a alimentar os profissionais jurídicos a formularem em uma
arena legal, suas argumentações denunciativas, acusativas, defensivas, recursais e
sentenciais.

1.4 Fontes do Direito

Como Fontes do Direito temos a Lei, a Jurisprudência, a Doutrina, os Costumes e os


Princípios Gerais do Direito. Como Princípios do Direito temos o Princípio da
Razoabilidade, da Proporcionalidade, da Isonomia, da Taxatividade, da Boa Fé, da
Dignidade Humana, entre outros. Como Sistema ao Direito, concorrerem outras Fontes e
Princípios que precisam ser usados de forma razoável e coerente, de forma que, a
Hermenêutica tem como objetivo, exatamente, proporcionar essa Razoabilidade,
Coerência e Harmonia, integrando as várias Fontes do Direito e aplicabilidade de seus
Princípios.

1.5 A Interpretação da Lei.

 A arte de interpretar as leis chama-se hermenêutica. O termo que vem de Hermes, o


deus da Mitologia Grega, que corresponde a Mercúrio em Roma. Isto porque Hermes,
como mensageiro do Olimpo, recebia mensagens cifradas e se incumbia de decifrá-las
e transmiti-las. A arte ou a técnica de interpretar a norma jurídica é um desafio para o
homem, e, notadamente, para os profissionais do Direito. Esta arte ou técnica
denomina-se, Hermenêutica. A Hermenêutica Jurídica tem por objeto o estudo e a
sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das
expressões do Direito. Vale dizer, a Hermenêutica é a teoria científica da arte de
interpretar. No festejado magistério do saudoso Carlos Maximiliano[4], nos ensina que:

Graças ao conhecimento dos princípios que determinam a correlação entre as leis dos
diferentes tempos e lugares, sabe-se qual o complexo de regras em que se enquadra
um caso concreto. Estrema-se do conjunto a que parece aplicável ao fato. O trabalho
não está concluído. Toda lei é uma obra humana e aplicada por homens; portanto,
imperfeita na forma e no fundo, e dará duvidosos resultados práticos, se não
verificarem, como esmero o sentido e o alcance das suas prescrições. Incumbe ao
intérprete àquela difícil tarefa. Procede à análise e também a reconstrução ou síntese.
Examina o texto em si, o seu sentido, o significado de cada vocábulo. Faz depois obra de
conjunto, compara-o com outros dispositivos da mesma lei, e com os de leis diversas,
do país, ou de fora. Inquire qual o fim da inclusão da regra no texto, e examina este
tendo em vista o objetivo da Lei toda e dos Direitos em geral. Determina por este
processo o alcance da norma jurídica e, assim realiza, de modo completo, a obra
moderna da hermenêutica.

Sugere Maximiliano que o processo de interpretação não pode ser reduzido a uma
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constante mutação. Dessa forma, a interpretação não é vista por ele, nem como uma
expressão da vontade do julgador, nem como um esclarecimento do pensamento do
legislador, mas, como uma atividade executada de acordo com as necessidades
sociais.

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Nesse sentido, sustenta que, sob qualquer dos seus aspectos, a interpretação é antes,
sociológica, que individual, o que pode revelar, inexoravelmente, ter sido ele influenciado
pelas Teorias Sociológicas, que haviam ganhado força no plano internacional de sua
época.

2 A Ciência do Direito.

2.1 O Direito é uma ciência social e tem como objetivo, o estudo das normas que
disciplinam a conduta do homem em sociedade, visando a harmonia do convívio e ao
bem comum. Os romanos, que foram os maiores juristas da Antiguidade afirmavam: Ubi
societas, ibi jus, o que quer dizer, “Onde houver sociedade, aí haverá Direito”. “A palavra
Direito, bem como o próprio nome diz, no sentido amplo da Ciência do Direito, vem dos
romanos antigos, e é a soma da palavra DIS (muito) + RECTUM (reto, justo, certo), ou
seja, Direito, em sua origem, significa o que é muito justo, o que tem justiça[5]

  2.2 O Objetivo do Direito. É o conjunto de normas que obrigam a pessoa à um


comportamento coerente com a ordem social. “Por esse prisma, então, o Direito é
norma de ação imposta ao homem e, à qual, este deve submeter-se até mediante
coação do Estado. É o que se chama norma agendi (norma de agir) ou regra de
ação[6]”.
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2.3 O Direito Subjetivo. É o poder de ação. Diz, então, que, subjetivamente, o Direito é a
faculdade de alguém fazer ou deixar de fazer alguma coisa, de acordo com a regra de
ação, ou seja, de acordo com a norma. A esse poder de ação, a essa faculdade de agir,
denomina-se facultas agendi (faculdade de agir).

2.4 O Direito Objetivo. É o conjunto de normas que compõem o ordenamento jurídico de


um país, e estabelecem as regras pelas quais se regem as condutas e as relações
humanas no contexto social, por exemplo, o Código Civil Brasileiro. O conceito de Direito
Objetivo começou a ser melhor desenvolvido a partir de juristas medievais, que
utilizaram a expressão jus est norma agendi (O Direito é a norma de agir ) para
identificar o Direito enquanto regra,  em contraponto à noção do Direito Subjetivo, de jus
est facultas agendi ( O Direito é a faculdade de agir ) isto é, a faculdade de agir,
derivada da regra jurídica, e que permite ao titular realizar determinado ato.

2.5 O Direito Positivo. Considera-se Direito Positivo, o direito temporal e espacial, ou seja,
o conjunto de regras escritas ou costumeiras em vigor, num determinado país, e em
certo período. A designação “Direito Positivo” vem da expressão latina jus in civitate
positum (Direito nos Estados).

2.6 O Direito Natural. Considera-se Direito Natural, o Ordenamento Supremo, ideal e


constante, que determina o Direito Positivo.  É o Direito pré-existente, que se converte em
Direito Positivo, ou serve para modificá-lo ou aperfeiçoá-lo. O filósofo Spinoza (1632-
1677), entende por Direito Natural, o mesmo que as leis da natureza, “as regras, segundo
as quais, se fazem todas as coisas[7]”.

O Direito Natural é a idéia universal de justiça. É o conjunto de normas e direitos que já


nascem incorporados ao homem, como o direito à vida, a liberdade, a defesa e sua
relação com o cosmos. Dessa forma, observando a natureza humana, verifica-se o que
lhe é peculiar e essencial, que a razão induz aos princípios do Direito Natural. Durante
muito tempo o pensamento jusnaturalista esteve mergulhado na Religião e concebido
como de origem divina. Assim, aceito, o Direito Natural, seria uma revelação feita por
Deus aos homens. Nesta perspectiva, o jurisconsulto holandês, Hugo Grócio (1583-1545),
considerado “o pai do Direito Natural”, promoveu a laicização desse Direito. Cite-se a
sua famosa frase que ressoa até os dias atuais: “O Direito Natural existiria mesmo que
Deus não existisse ou que, existindo, não cuidasse dos assuntos humanos”[8].

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Numa concepção de evolução do Direito Natural, a Declaração Universal dos Direitos


Humanos de 1948, acaba por inovar o conceito de Direitos Humanos, ao introduzir a
chamada concepção contemporânea de Direitos Humanos, a qual é marcada pela
universalidade e indivisibilidade destes direitos[9] Assim, no inciso X, do art. 5º, da CF,
trouxe como garantia fundamental, a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da
honra e da imagem das pessoas, assegurado indenização, caso estes direitos tutelados
pela Constituição Federal do Brasil, sejam violados.

2.7 Ramos do Direito: (Quadro Sinótico)

Direito Público:            Direito Constitucional

Direito Público Interno:     Direito Administrativo

Direito Financeiro

Direito do Consumidor

Direito Penal

Direito Processual, Civil e Penal

Direito do Trabalho

Direito Eleitoral

Direito Público Externo: Direito Internacional Público e Direito Internacional Privado

(Direito Informático > (Direito Cibernético, Direito do Espaço Virtual, Cyberlaw,


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Direito Privado:                Direito Civil

Direito Comercial, Terrestre, Marítimo e Aeronáutico

3 Sistemas Interpretativos.

Os sistemas interpretativos são divididos em três grandes grupos ou fases. (a)


Dogmático, Exegético ou Jurídico Tradicional, (b) Histórico-evolutivo e (c) Livre pesquisa
ou livre criação do Direito.

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3.1 Sistema Dogmático Exegético ou Jurídico Tradicional.

Considera-se somente a Lei. Tem-se a ideia de que esta é clara e exprime precisamente
a vontade do legislador. O intérprete não pode achar um significado, senão, o expresso
no texto legal, tornando-se assim, seu escravo, tendo que aceitar a norma, tal como
está feita, e não a corrigir, a pretexto de interpretá-la. Há duas subdivisões:

Extremada. Prima-se a lei como clara, exprimindo precisamente tudo aquilo que o
legislador logrou em pensar. Para Laurent[10] a letra é “a fórmula do pensamento” e
“dizer que esse pensamento será outro que não aqele expresso no texto claro e formal, é
acusar o legislador de uma leviandade que não se lhe pode imputar.
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Moderada. Trata-se de linha dogmática, no entanto, traz algumas regras de


interpretação, demonstrando-se menos aguda do que a corrente extremada. Admite-
se em casos duvidosos a interpretação sistemática, consulta às fontes que propiciaram
o texto ao legislador, o exame dos trabalhos preparatórios, ponderação das
consequências das interpretações possíveis e, finalmente, a indagação do espírito da
lei.

3.2 Sistema Histórico Evolutivo.

Mais flexível que o Sistema Dogmático Exegético, admite uma interpretação ampla,
preconizando às necessidades sociais. É realizada através da aplicação de métodos
para corrigir as imperfeições da lei. Reconhece-se que há nesta, vícios, que devem ser
corrigidos pelo aplicador.

Esse Sistema distingue os quatro elementos básicos da interpretação (gramatical,


lógico, histórico e sistemático), dizendo estes não ser quatro espécies distintas de
interpretação, mas, operações que devem atuar em conjunto. Nesse sentindo, visando
atingir o verdadeiro significado da norma, o aplicador do Direito, não se baseia apenas
na letra da lei, mas, em uma série de fatores, que podem ter se modificado quando da
sua criação.

Interpretação Gramatical. É a interpretação que, hoje em dia, leva em consideração o


alcance das expressões de cada uma das palavras do texto legal. Durante muito tempo,
no Direito Romano, foi concebido como o único método aceitável à aplicação do Direito,
ficando vedado ao intérprete, dar qualquer outro significado ao preceito legal, senão, o
que estava expresso na norma. Atualmente, esse método de interpretação, somente é
tomado como ponto de partida, pois, analisado sozinho, é insuficiente para chegar-se a
um resultado conclusivo. Para ter uma eficiente aplicação do Direito, o método
gramatical deve ser aplicado em articulação com outros elementos.

Interpretação Lógica. Considera a conexão dos vários sentidos das locuções, expressões
e orações do direito. Para haver lógica, deve haver conexão e sentido entre as
expressões de todo o ordenamento. Quase sempre esse método toma posse do
gramatical.

Interpretação histórica. É um método de interpretação fundamental, pois, leva em conta


o meio e o momento em que a norma foi criada. Nesse caso, o aplicador indaga as
condições da elaboração desta, objetivando avaliar o contexto no momento da criação.
Em outras palavras, ocupa-se da razão de ser da lei. A interpretação histórica “é aquela
que indaga das condições de meio e momento da elaboração da norma legal, bem
assim, das causas pretéritas da solução dada pelo legislador.

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Interpretação Sistemática. A norma deve apresentar uma perfeita ressonância e


conexão com o instituto em que se encontra, estabelecendo a efetiva harmonia com os
vários sistemas e institutos contidos no ordenamento. Como já mencionado acima,
devem ser aplicados todos os métodos expostos, de maneira conjunta, e não analisar
determinado caso, adequando somente um ou outro. Entretanto, será difícil para o
aplicador, se valer de todos os meios para o alcance da expressão. Porém, para uma
real extração da essência, deve-se buscar utilizar todos, mesmo que não se consiga
aplicá-los em unidade.

3.3 Sistema da Livre Pesquisa do Direito

Denominado de Sistema da Livre Formação do Direito, encontra o mesmo fundamento


do Sistema Histórico Evolutivo, que é, remediar os males do dogmatismo jurídico,
estabelecendo-se a diferença nos meios em que se valem. A Escola do Sistema
Histórico Evolutivo cinge-se, à influência mesológica, ou seja, contenta-se com a
contemplação do mundo exterior, não alcançando o mundo interior do julgador e seu
sentimento frente à situação. Já o Sistema da Livre Pesquisa tem uma amplitude de
vista mais dilatada, e considera, ao lado da lei estatal, outras fontes jurídicas, dotadas
de vida autônoma, cedendo lugar à um novo direito, que, para os extremados, pode
sobrepor-se ou mesmo contrapor-se às disposições legais.

Há nesse sentido duas atitudes bem distintas em meio aos propugnadores de livre
pesquisa, que se poderia chamar de romântica e a propriamente científica. Na primeira,
os magistrados, em suas sentenças, procediam de total liberação às peias legais, tendo
em suas decisões, uma coloração das suas próprias ideias políticas ou cunho dos seus
pendores sentimentais. Já, a segunda, prevalece de uma orientação totalmente
científica, norteando-se o aplicador, pelos princípios fundamentais do Direito.
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                           4 As Escolas Hermenêuticas. 

4.1 As Escolas de Interpretação. As denominadas Escolas de Interpretação ou Sistemas


Hermenêuticos, são correntes de pensamentos que surgiram no Século XIX, em virtude
do surgimento das grandes codificações, e dominaram, teoricamente, certas épocas,
procurando estabelecer a forma ideal de relacionamento entre a norma e seu
aplicador, tentando determinar, quais seriam as interpretações possíveis, e qual o grau
de liberdade a ser conferida ao juiz.

Alguns autores preferem simplesmente dividir as Escolas de Interpretação em duas


grandes vertentes. As que seguem as chamadas Teorias Subjetivistas, consistente em
interpretar e aplicar a lei, conforme o pensamento e a vontade do legislador, e das
chamadas Teorias Objetivistas, que consistem em interpretar a lei por ela mesma,
abstraindo-se da figura do legislador, baseando-se em critérios puramente objetivos.
Entretanto, o entendimento moderno deve superar ideias maniqueístas para
estabelecer que, é possível utilizar o que há de melhor em cada um desses pontos de
vista, a fim de se chegar a um resultado mais adequado às exigências sociais.
Maniqueístas, são pessoas que se comportam como se somente elas estivessem com a
verdade. Os outros e suas opiniões, não são válidos ou não têm significado para ela.
Destacamos as quatro principais Escolas, que se diferenciaram pela maior ou menor
interferência positivista.

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 (a) Escola da Exegese ou Dogmática.

A idéia principal dos juristas dessa Escola consiste no fato de que o intérprete deve
apenas buscar a chamada mens legislatoris, ou seja, a vontade do legislador, o que ele
queria dizer ao elaborar a lei. Desse modo, não importará se a sociedade mudou ou
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elaboração da norma. Por essa razão, o método utilizado era normalmente o gramatical
ou literal, pois, para esses teóricos as palavras carregavam a vontade originária do
legislador.

Essa Escola não aceitava quaisquer outras fontes, senão, a própria lei, e esta
representava todo o Direito existente. Havia o endeusamento das codificações que
eram consideradas obras perfeitas e completas, não se aventando a possibilidade de
lacunas ou a atividade criativa da jurisprudência. O inconveniente óbvio dessa ideia, é o
de que o Direito, nem sempre acompanha a sociedade, que está em constante
evolução, fazendo com que as normas se tornem, muitas vezes, obsoletas e arcaicas,
presas ao tempo de sua criação.

Ademais, a ideia de encontrar a vontade do legislador é completamente inadequada


pelo fato de que a norma, não é produto de uma única vontade, mas sim, de muitas
vontades políticas conjugadas, o que, muitas vezes é resultado de diversos debates e
disputas partidárias; há, ainda, a possibilidade nada remota, do nosso legislador usar
um termo inadequado ou equivocado.

A ascensão da Escola da Exegese no início do século XIX, é explicável pelo momento


histórico, pois, não podemos nos esquecer que ela surge com o Código de Napoleão,
que, como qualquer Código, foi inicialmente considerado obra irretocável.  Além do que,
a burguesia, já então, classe dominante, vinha de um período de sofrimento, muitas
vezes, perpetrado pelo arbítrio judicial, razão pela qual, levavam às últimas
conseqüências, a Teoria da Separação dos Poderes, e achavam que, se o juiz tivesse
liberdade para interpretar, a tirania, poderia retornar, por isso, faziam do magistrado, um
vassalo do legislador. Atualmente essa Escola é relegada a um valor meramente
histórico, tendo em vista, a impossibilidade de aplicação de seus princípios por demais
rígidos e intolerantes.

(b) Escola Histórico-Evolutiva.

Essa Escola desenvolvida no final do Século XIX, quando se verificou a impossibilidade


das leis, por si só, acompanharem a sociedade, razão pela qual, se passou a ver como
imprescindível, a atuação do magistrado auxiliando o legislador, adaptando a norma,
aos novos tempos. Para essa Escola, a lei, ao contrário do que pensavam os exegetas,
toma vida própria e se liberta totalmente do legislador. Assim deixa-se de buscar a
mens legislatoris (pensamento do legislador), para se buscar a mens legis (o espírito da
lei) que é a vontade autônoma da própria lei, extraída pelo aplicador em qualquer
tempo.

Montesquieu[11] é um dos grandes filósofos do Século XVIII. Pensador iluminista, deixou


grande herança por meio de suas obras. Na obra “Do Espírito das Leis”, o autor expõe
uma política essencialmente racionalista, caracterizada pela busca de um equilíbrio
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cidadão. A separação dook com isso,
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Executivo, Legislativo se desejar.
e Judiciário, Aceitar
surgiria daLeia Mais
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necessidade
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de o Poder mais o próprio

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Poder, evitando, assim, o abuso da autoridade. A liberdade do cidadão é um dos pontos


principais da obra deste iluminista. Para Montesquieu, as leis não seriam resultados da
arbitrariedade dos homens, elas surgem de acordo com a necessidade e derivam das
relações necessárias da natureza das coisas.

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Assim o que interessa não é mais “o que o legislador queria no momento da


elaboração”, mas sim “o que ele iria querer se vivesse no momento e contexto atuais. ” A
idéia principal era adaptar a velha lei aos tempos novos, “dando vida aos Códigos”

Ressalte-se que, o intérprete não tem qualquer poder inventivo ou integrador, devendo
manter-se no âmbito do texto legal, pois, essa Escola Histórico-Evolutiva também não
admitia, assim como a Escola da Exegese, que o Sistema Jurídico fosse omisso, não
fazendo, portanto, quaisquer referências às lacunas.

 (c) Escola da Livre Investigação Científica.

Para essa Escola também deve ocorrer a busca da mens legislatoris (pensamento do
legislador), ou seja, a procura da vontade do legislador, tanto assim, que há a
investigação da chamada “occasio legis” (ocasião da lei), que é o conjunto de fatos que
acarretaram a criação da norma, ou como registrou Carlos Maximiliano[12], é “o
complexo de circunstâncias específicas atinentes ao objeto da norma, que constituíram
o impulso exterior à emanação do texto; causas mediatas e imediatas, razão política e
jurídica, fundamento dos dispositivos, necessidades que levaram a promulgá-los; fatos
contemporâneos da elaboração; momento histórico, ambiente social, condições
culturais e psicológicas sob as quais a lei surgiu e que diretamente contribuíram para a
promulgação; conjunto de motivos ocasionais que serviram de justificação ou pretexto
para regular a hipótese; enfim, o mal que se pretendeu corrigir e o modo pelo qual se
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Entretanto, apesar de se preocupar com a “vontade do legislador” essa Escola da Livre


Investigação Científica se diferencia da Escola Dogmática por admitir que a lei, tem
limites impostos pelo tempo e, que, nesses casos, o intérprete não deve “forçar” o
entendimento da norma, mas sim, admitir que há uma lacuna que deverá ser integrada,
portanto, essa Escola, tem também o diferencial de aceitar outras fontes que não só a
lei.

Ressalte-se, porém, que o intérprete não tinha o condão de contrariar o texto legal, mas
tão só, explicá-lo ou integrá-lo (completá-lo), quando necessário. A livre investigação
só teria cabimento no caso de lacuna das fontes formais do Direito, e não, quando a
norma fosse considerada injusta.

(d) Escola do Direito Livre.

Para essa Escola, ou melhor, essa corrente interpretativa nascida na Alemanha[13], no


final do século XIX, no pensamento de François Geny e também, de Eugen Ehrlich,
desenvolvendo-se no sentido de garantir ao juiz, a função criadora sempre que não se
depare com preceito legal específico à situação concreta, sendo que o objetivo único
do Direito é a Justiça e, portanto, haja ou não uma lei escrita, o magistrado estará
autorizado a se nortear por essa finalidade maior. Assim defende-se até mesmo a
decisão contra legem, nos casos em que o juiz reputar necessário. A grande máxima
alardeada por essa Escola é “fiat justitia, pereat mundus” (faça-se justiça, ainda que o
mundo pereça).

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A Escola do Direito Livre apresentou duas tendências principais A moderada, que


preceitua a atividade criadora do juiz, apenas na hipótese de lacuna e, a mais radical,
que defende que essa atividade criadora, pode se dar quando uma norma for
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08/09/2021 15:09 A Hermenêutica Jurídica. Parte 1. Sistemas e Meios Intrepretativos - Âmbito Jurídico - Educação jurídica gratuita e de qualid…

Esta última facção mais radical, foi a que se tornou mais conhecida, tendo como
representante maior, o jurista alemão, Hermann U. Kantorowicz (1877-1940)[14], com a
publicação do livro Der Kampf um die Rechtswissenschaft (A Luta pela Ciência do
Direito), e assim, sustentava que, “se o texto da lei tem um único sentido e sua aplicação
está em harmonia com o sentimento da comunidade, o juiz deve utilizá-lo, devendo
deixá-lo de lado, se for de interpretação duvidosa, ou se sua convicção, levá-lo à
conclusão de que o legislador não teve em mente, a hipótese surgida com o caso
concreto”.

Ao deixar de lado o texto legal, segundo essa teoria mais exacerbada, o juiz decidiria
como se fosse o legislador, do modo como acredita que teria sido feita a norma para
aquele caso concreto. Em última hipótese, o juiz recorreria ao “sentimento da
comunidade”, representado pelas convicções predominantes em certo tempo e lugar
sobre aquilo que é justo.

O Direito Livre fixou a sua atenção no papel do juiz, colocando sobre seus ombros a
responsabilidade de realizar justiça, teve seu aspecto positivo na medida em que
ressaltou a importância da atuação jurisdicional para o Direito e, a partir do momento
em que colocou em foco a questão da Justiça. Entretanto, como é facilmente verificável,
essa Escola peca por ser tão radical, quanto a Escola exegética, e sua maior crítica,
refere-se a excessiva liberdade conferida ao juiz, que pode fazer com que este, se deixe
levar por sentimentalismos, passando a julgar com “intuição” e não com argumentos
sólidos, o que abalaria um dos nossos princípios jurídicos mais importantes que é a
segurança jurídica, constituindo uma ameaça à ordem jurídica vigente e um convite ao
arbítrio.

5 Noções Gerais de Aplicação ou Integração.

5.1 Conceito de aplicação ou integração. Ao aplicar a lei, o intérprete faz com que, de
princípio puramente ético, a lei passe a integrar-se na realidade dos fatos sócio
jurídicos. A Aplicação ou Integração do Direito, consiste no enquadramento de um caso
concreto em norma jurídica adequada. Estabelecida esta norma jurídica, e tendo
incidido, em meio à vida real, algum problema com ela, relacionado à solução a ser
dada, encerra três fases distintas. Concerne ao conhecimento da hermenêutica, isto é,
do conjunto de regras que norteiam a arte de averiguar o Direito contido nas leis e nas
demais formas de que o mesmo se reverte; Respeita à utilização dessas regras, com
referências ao conhecimento da norma que se tenha em vista, fase esta da mera
interpretação do Direito; E, a fase final da integração dos resultados do trabalho
interpretativo, no caso concreto, com fito de lhe dar a melhor solução jurídica.

5.2 Havendo lei expressa a respeito, o problema não oferece maior dificuldade e sendo o
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lei, três experiência. Presumiremos
as principais que você
orientações: (a) está ok com
Diante isso,
da lei mas você
omissa
pode
ou obscura, o juiz cancelar
deverá se desejar. Aceitar
simplesmente Leia Mais

declarar o autorAceitar
Leia
carecedor demais
direito, por falta
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de fundamento; (b) O juiz deverá remeter o caso à autoridade competente para fazer
leis, solicitando a elaboração da norma aplicável; (c) O juiz deverá julgar o pedido com
base nos recursos supletivos para o conhecimento do direito, já enumerados em lei, já
consagrados pela doutrina.

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        6 Meios Especiais de Integração; Analogia.

6.1 É a aplicação de um conjunto de princípios jurídicos que a lei estabelece, para certo
fato, a outro fato não regulado, mas, juridicamente semelhante ao primeiro. Casos
análogos já regulados, por um processo de abstração, extrai-se a regra que vale para
aqueles, alargando-a até compreender os casos não previstos que apresentem, no
entanto a mesma essência jurídica.

6.1.1 No âmbito jurídico, a Analogia é, portanto, um método de integração das lacunas da


lei. Ocorre analogia quando é feita uma comparação entre casos diferentes, mas, com
um problema parecido para surgir a mesma resposta. A Analogia tem como base o
princípio da igualdade jurídica, e também afirma que deve haver a mesma solução
para a mesma infração ou razão da lei.

6.2 A Analogia não se confunde com a indução, nem com a interpretação entre a
analogia e a indução. Vale lembrar que esta (indução) consiste em estender, em
generalizar para todos os casos da mesma natureza, aquilo que é válido para um só
deles, ao passo que a primeira (analogia) se limita a estender o que é válido para certo
caso a outro que lhe seja similar.
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A interpretação extensiva não faz, senão, reconstruir a vontade legislativa existente para
a relação jurídica que só, por inexata formulação, parece, à primeira vista, excluída,
enquanto a analogia, se encontra em presença de uma lacuna, de um caso não
previsto, e procura superá-la através de casos afins.

6.3 Ha possibilidade de duas modalidades de analogia: a legal e a jurídica, a saber: (a) A


analogia legal (legis) é aquela que extrai a igualdade de tratamento para certo caso de
uma norma legislativa existente para outro similar; (b) A analogia jurídica (iuris), em
verdade, não raro. se serve dos princípios gerais do Direito, mas, cumpre atentar para o
fato de que é perfeitamente possível, aplicar esses princípios ao caso concreto, por via
direta, sem necessidade da utilização do processo analógico.

6.4 Não é admissível a analogia em dois casos: (a) no das leis de caráter criminal,
exceto as hipóteses em que a analogia beneficie o réu; (b) nas de ius singulare, (lei
singular) cujo caráter excepcional, conforme a communis opinio doctorum, (opinião
comum dos doutores), não comportar a decisão de semelhante a semelhante.

                                                7 Meios Especiais de Integração; Costume.

 7.1 Na falta de outras normas, portanto, sem situações análogas, o juiz buscará decidir o
direito conforme os costumes da região. O costume no Direito é considerado uma
norma aceita como obrigatória pela consciência do povo, sem que o Poder Público a
tenha estabelecido. O costume jurídico é norma jurídica obrigatória, imposta ao setor da
realidade que regula, possível de imposição pela autoridade pública e, em especial,
pelo Poder Judiciário. Nesse sentido, o costume de um dado povo, é fonte do direito,
pois, pode ser aplicado pelo Poder Judiciário, uma vez que, o próprio costume constitui
uma imposição da sociedade.

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7.2 O Direito Costumeiro possui dois requisitos: o subjetivo e o objetivo. O primeiro


(subjetivo) corresponde ao “opinio necessitatis”, a crença na obrigatoriedade, isto é, a
crença que, em caso de descumprimento, incide sanção. O segundo (objetivo)
corresponde à “diuturnidade”, isto é, a simples constância do ato.

7.3 O nosso Direito não encontra no costume a sua principal fonte, mas, sim, na lei. A
tradição jurídica remonta ao Direito Romano, da mesma forma como ocorre em quase
todos os povos do Ocidente, como por exemplo, a França, Itália, Espanha Portugal,
Alemanha, Bélgica e outros.  A base do Direito destes países é a Lei escrita e não o
costume. Registre-se que o Sistema Romano-germânico ou também conhecido como
Civil Law, é o Sistema Jurídico mais disseminado no mundo, baseado no Direito Romano,
utilizado também pelo Brasil, e se fundamenta na Lei, como a principal fonte do Direito.

7.4 Entretanto, na Grã Bretanha e nos Estados Unidos da América, tem como fonte do
seu Direito, o Costume e na jurisprudência, firmado pelas decisões das Cortes de
Justiça. O Direito destes dois países é conhecido como Direito Consuetudinário (que
vem do latim consuetudo e quer dizer costume) ou Direito Comum, ou ainda, como o
Sistema Jurídico dos países da Common Law.

7.5 Assim, os Costumes são normas que não provêm da atividade legislativa ou das
autoridades políticas, mas, da consolidação dos usos tradicionais de um povo ou de
uma comunidade. No Direito existem três tipos de costumes, sendo eles: (a)
Costumes Secundum legem (De acordo com os costumes da Lei): sua utilização
encontra amparo na lei. Quando não há acordo entre as partes em um processo
judicial,  o juiz poderá decidir com base neste tipo de costume; (b) Costumes Praeter
legem (Costumes não abrangido pela Lei): se utiliza quando não há previsão legal. O
jurista resolve a lacuna que há na legislação por meio da aplicação deste tipo de
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costume; (c) Costumes Contra legem (Costumes contra a Lei): este se classifica como
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contrário a lei. Trata-se de prática realizada pela sociedade como nova forma de
conduta, porém que contradizem a lei, no entanto são recorrentes quando a aplicação
da lei em desuso.

Como exemplo de Costume, pode-se citar: (a) respeitar a fila, não é um mero hábito,
pois, há uma norma social que exige de todos respeitem essa conduta. Quando alguém
fura uma fila, todos compreendem que não se trata apenas de romper um padrão usual
de conduta, mas, que existe o descumprimento de uma obrigação; (b) união Estável,
que surgiu da observação de que na sociedade brasileira existe um grande número de
famílias que se formam a partir da união do homem e da mulher, fora do matrimônio. E,
como o Direito estuda os fenômenos sociais ocorridos com frequência na sociedade,
obrigou o legislador a elaborar a Lei do Concubinato, conforme disposição do art. 1.726 e
1.727, do Código Civil Brasileiro; (c) cheque pós-datado, vulgarmente conhecido como
pré-datado. O costume, neste caso, descaracterizou o cheque como ordem de
pagamento à vista, e o Poder Judiciário não pôde deixar de conhecer deste fenômeno
imposto pela grande maioria das pessoas em seus atos de comércio. Pode-se dizer que
o uso e o costume de emitir cheque pós-datado criou o instituto do cheque como
promessa de pagamento, diferente do regulamento legal, que é a ordem de
pagamento à vista.

8 Meios Especiais de Integração; Princípios Gerais de Direito. 

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8.1 Princípios do Direito. Os Princípios são postulados que se encontram implícita ou


explicitamente no sistema jurídico, contendo um conjunto de regras. Quando a Analogia
e o Costume falham no preenchimento da lacuna, o magistrado supre a deficiência da
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foram ditados, Mais
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explicitamente,
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elaborador da norma,
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mas, que estão contidos de forma imanente no ordenamento jurídico. Entende-se,


então, que os princípios gerais de direito são a última salvaguarda do intérprete, pois,
este precisa se socorrer deles para integrar o fato ao Sistema.

8.2 Entende-se por Princípios Gerais do Direito, as exigências do ideal de justiça a ser
concretizado na aplicação do Direito, entre as quais, podem ser destacadas, como a
equidade, que deve dosar a decisão, a ética, a moral, a solidariedade humana, a
dignidade da pessoa, aos fins sociais da norma legal, na sua aplicação de determinada
causa, e aos demais atributos que vigore no Ordenamento Jurídico.

8.3 E bem verdade que a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, (LINDB),
aprovada pelo Decreto-Lei nº 4.657, de 04/09/1942, estabelece no seu art. 4º, que,
quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito. A rigor, a jurisprudência não se configura como norma
obrigatória, prevista na LINDB, mas, apenas, indica o caminho predominante em que os
Tribunais entendem de aplicar a lei, suprindo, inclusive, eventuais lacunas desta última.
Por exemplo, o que diz respeito à justa causa, a interpretação que se dá a cada caso,
constitui valiosa forma de auxílio na análise do tema, pois, a lei não esclarece como é
que se verifica a falta grave praticada pelo empregado.

8.4 Para a Teoria Clássica, a jurisdição é ato de mera aplicação do Direito e  o juiz é
escravo da lei, dela não se podendo afastar. Cabe-lhe aplicá-la tal como está redigida,
e assim, o magistrado é uma “máquina de subsumir”.

Para Giuseppe Chiovenda (1872-1937)[15] jurista italiano, a jurisdição é a “função do


Estado que tem por escopo a atuação da vontade concreta da lei, por meio da
substituição, pela atividade de órgãos públicos, da atividade de particulares ou de
outros órgãos públicos, já no afirmar a existência da vontade da lei, já no afirmar de
 torná-la, praticamente, efetiva”. A definição de Giuseppe Chiovenda pressupõe que
a lei, é a norma que rege toda a realidade fática, incumbindo, assim, ao Estado, exercer
a função jurisdicional de forma restrita à atividade material do direito positivo.
Vislumbra-se, portanto, que o exercício da jurisdição pelo Estado está delimitado a
efetivar o que determina a lei e, por assim, dizer, declarar direitos já existentes.

Em outra perspectiva, Francesco Carnelutti (1879-1965)[16] jurista italiano, criador da


Teoria da Lide como centro do sistema processual, sustenta que a lide tem origem
quando o conflito de interesses, resultante do concurso pelo mesmo bem não se resolve
de forma natural entre as partes. Neste caso, ambas as partes resistirão pretensão
adversa, de modo que caberá ao Estado-juiz, detentor do poder-dever de jurisdição,
dirimir tais conflitos e declarar direitos. Por esta razão, Carnelutti sustenta que a
jurisdição é “uma função de busca da justa composição da lide”.

Dessa Teoria, resulta que o juiz não pode ser elevado à órgão ordenador da ordem
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a rigor, experiência.
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identificadaque vocêfonte
como está ok
docom isso, mas
direito. você
O juiz é
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mero intermediário, que faz se desejar. Aceitar
a passagem do Leia Mais

texto Aceitar
legal para
Leia
o caso mais
concreto, e não será
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considerado como investido de um poder político e, por tal conseqüência, seria


inadequado falar-se em Poder Judiciário, sendo mais próprio, entender a atividade
judiciária, como função de serviço.

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8.5 Geraldo Ataliba (1936-1995)[17] foi Professor titular da Faculdade de Direito da


Universidade de São Paulo – USP, e da Pontíficia Universidade São Paulo, PUCSP, e
afirmava que os princípios são as linhas mestras, os grandes nortes, as diretrizes
magnas do sistema. Apontam os rumos a serem seguidos por toda a sociedade e
obrigatoriamente perseguidos pelos órgãos do Governo (poderes constituídos). Eles
expressam a substância última do querer popular, seus objetivos e desígnios, as linhas
mestras da legislação, da Administração e da Jurisdição. Por estas não podem ser
contrariados; tem que ser prestigiados até as últimas conseqüências.

8.6 José Joaquim Gomes Canotilho (1941)[18], jurista portugues, Professor catedrático da
Faculdade de Direito de Coimbra, Portugal, e Professor visitante da Faculdade de Direito
da Universidade de Macau, nos ensina que os princípios são normas compatíveis com
vários graus de concretização, conforme os condicionalismos fáticos e jurídicos,
enquanto que as regras impõem, permitem ou proíbem uma conduta, de forma
imperativa, que é ou não cumprida. No caso de conflito, os princípios podem ser
harmonizados, pesados conforme seu peso e seu valor em relação a outros princípios.
Já as regras, se têm validade, devem ser cumpridas exatamente como prescritas, pois
não permitem ponderações. Se não estão corretas, devem ser alteradas. Isso
demonstra que a convivência dos princípios é conflitual – coexistem -, enquanto a das
regras é antinômica – excluem-se.

8.7 Sustenta ainda Canotilho[19] que a existência de regras e princípios permitem a


compreensão do Direito Constitucional, como um Sistema aberto. Se o modelo jurídico
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estivesse formado apenas por regras, estaríamos restritos a um Sistema fechado, com
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uma disciplina legal exaustiva de todas as situações, alcançando a segurança, mas,


impedindo que novas situações fossem abarcadas pelo Sistema. Por outro lado, a
adoção somente de princípios seria impossível, pois, diante de tal indeterminação (sem
a existência de regras precisas), o Sistema mostrar-se-ia “falho de segurança jurídica e,
tendencialmente, incapaz de reduzir a complexidade do próprio sistema”.

8.8 Os Princípios apresentam a dimensão de peso ou importância, não sendo lógico


falar em validade. Dentre os princípios aplicáveis ao caso concreto, será eleito aquele
que apresentar maior peso relativo aos demais em face da situação analisada. Nesse
contexto, faz sentido o questionamento: qual princípio  é mais importante nesse caso?
Assim, será escolhido aquele que for eleito como sendo mais relevante. O princípio
eventualmente deixado de lado continuará existindo e poderá ser evocado em outro
momento, sem qualquer tipo de consequência a sua existência.

8.9 Todos os princípios, a priori, têm o mesmo valor e peso. Na hipótese de dois ou mais
princípios colidirem, deve ser ponderado no caso concreto qual o princípio que deve
prevalecer para fazer Justiça. Não se resolve o conflito eliminando um dos princípios, do
rol dos princípios. Também não se estabelece uma regra geral, pela qual um princípio
prevalece diante de outro, e tampouco, se estabelece uma regra de exceção, pela qual,
em tese, um princípio prevalece, mas, que, em certos casos, pode prevalecer o outro.
Assim, a rigor, não existe uma precedência absoluta de um princípio diante de outro,
mas uma precedência condicionada.

8.10 Robert Alexy (1945)[20], que é um dos mais influentes filósofos alemães
contemporâneos na Ciência do Direito, Professor da Universidade de Kiel, Alemanha,
afirma que a solução da colisão consiste antes em que, tendo em conta as
circunstâncias do caso, se estabelece uma relação de precedência condicionada entre
os princípios. A determinação da relação de precedência condicionada consiste em
que, tomando em conta o caso, se indicam as condições sob quais, um princípio
precede ao outro. Sob outras condições a questão da precedência pode ser
solucionada da forma inversa. A colisão pode ser pela ponderação no caso concreto,
mas a lei da colisão, elaborada por Alexy, sustenta que se as condições em dois casos
diferentes são iguais, deve prevalecer em ambos os casos o mesmo Princípio.  Porém se
as condições concretas são diferentes pode prevalecer no conflito dos mesmos
princípios, o outro princípio. Assim a solução da colisão de princípios se dá no caso
concreto mediante a ponderação. Para avaliar, qual princípio é, no caso concreto, o
mais justo utiliza-se, para tanto, o princípio da proporcionalidade, como critério da
ponderação.

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8.10.1 Dessa forma, afirma o jurista que na colisão de princípios se pondera os princípios
em colisão. No caso concreto será analisado se a aplicação de ambos os princípios é
adequada e necessária, e se realmente for, será analisada, a proporcionalidade em
sentido estrito.

8.11 Na mesma linha, Ronald Dworkin (1931-2013)[21] que foi um Filósofo do Direito norte
americano e Professor na University College London e na New York School Of Law, ensina
que quando dois princípios entram em colisão, ganha aplicação aquele princípio que,
pelas circunstâncias concretas do caso, mereça primazia sem que isso importe na
invalidade do princípio oposto. Diversamente, se duas regras entram em conflito, afirma
Dworkin, uma delas definitivamente não pode ser considerada válida. A colisão dos
princípios, portanto, segundo Dworkin, resolve-se na dimensão de peso; já o conflito
entre regras resolve-se no plano da validade (1).

8.11.1 Os princípios, conforme Dworkin, apenas contêm motivos que falam a favor de uma
decisão, de tal forma que, num caso concreto, apresentando-se um princípio que exija
aplicação, podem existir outros princípios que, colocando-se numa posição contrária,
por circunstâncias específicas do caso, acabem tendo maior peso ou primazia sobre
aquele primeiro princípio e, afastando-o, ganhem aplicação (2). De toda forma,
completa Dworkin, isso não significa que o princípio preterido não mais pertença ao
Sistema jurídico, pois, em um próximo caso, ou por já não existirem aquelas
circunstâncias contrárias, ou por terem perdido o seu peso, o princípio anteriormente
preterido pode tornar-se decisivo para o caso e, então, ganhar primazia sobre os
princípios que lhe eram contrários (3).

8.12 Dessa forma, dado a importância dos princípios que regem a Ciência do Direito,
conforme Ataliba, seja pelo princípio de proporcionalidade  como critério de
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ponderação defendido por Alexy, seja pelo critério de seu peso e seu valor em relação a
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outros princípios, defendida por Canotilho e Dworkin, fato é, que, na ocorrência do


conflito entre regras,  ou entre outro princípio com os princípios que regem a
Administração Pública, previstos no art. 37, da Constituição Federal, acreditamos devam
prevalecer estes últimos.

8.13 Por essa razão, considerando que a Constituição Federal é a fonte de todo o
Ordenamento Jurídico Brasileiro, e uma vez observado o critério de peso, entendemos
que não remanescem dúvidas que os princípios constitucionais prevalecem em relação
a outros Princípios do Direito, razão pela qual, no seu pautar, a Administração Pública
não pode realizar atos que não estejam amparados em lei, resultante do devido
processo legislativo, em homenagem ao estado de direito, consignado no art. 5º, II, da
Constituição Federal.

8.14 É bem verdade que a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, (LINDB),
aprovada pelo Decreto-Lei nº 4.657, de 04/09/1942, estabelece no seu art. 4º, que
quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e
os princípios gerais de direito.  Assim, caberá ao intérprete analisar, dentro das fontes do
Direito, qual deverá ser utilizada preferencialmente, para aplicação correta ao caso
concreto, objetivando o alcance da segurança jurídica e da Justiça.

                           9 Meios Especiais de Integração; Equidade. 

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9.1 A Equidade. A Equidade consiste na adaptação da regra existente à situação


concreta, observando-se os critérios de justiça e igualdade. Pode-se dizer, então, que a
equidade adapta a regra à um caso específico, a fim de deixá-la mais justa. Ela é uma
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ao conteúdo expresso da norma. Ela deve levar em conta a moral social vigente, o
regime político Estatal e os Princípios Gerais do Direito. Além disso, a mesma equidade
“não corrige o que é injusto na lei, mas, completa o que a Justiça não alcança.

9.1.1 Aristóteles[22]  compara a aplicação da equidade à régua de Lesbos, que se molda


à forma da pedra devido a sua maleabilidade: “Com efeito, quando uma situação é
indefinida, a regra também tem de ser indefinida, como acontece com a régua de
chumbo usada pelos construtores em Lesbos (Lesbos, é uma ilha grega localizada no
nordeste do mar Egeu); a régua se adapta à forma da pedra e não é rígida e o decreto
se adapta aos fatos de maneira idêntica”. Vale dizer, ao intérprete contemporâneo, por
ocasião do seu trabalho exegético, quando verificar na aplicação da lei, que esta seja
omissa em virtude de sua generalidade, aplicar-se-á a equidade, de forma a amoldar à
realidade social. É como se a norma correspondesse à uma régua flexível, tal como
sugere Aristóteles, que, pelo seu breve movimento, seja aplicado o Direito à Norma, para
o alcance de uma realidade social vigente, e também da própria Justiça.

9.2 Sem a presença da equidade no Ordenamento Jurídico, a aplicação das leis criadas
pelos legisladores e outorgadas pelo Chefe do Executivo acabariam por se tornar muito
rígidas, o que beneficiaria grande parte da população; mas, ao mesmo tempo,
prejudicaria alguns casos específicos, aos quais, a lei não teria como alcançar. Vale
dizer, o legislador permite ao juiz aplicar a norma com equidade, ou seja, temperar seu
rigor naqueles casos em que a aplicação da mesma (a lei) levaria ao sacrifício de
interesses individuais que o legislador não pôde explicitamente proteger em sua norma.
É, portanto, uma aptidão presumida do magistrado.

9.3 John Rawls (1921-2002)[23] foi Professor de Filosofia Política na Universidade de


Harvard, autor de “Uma Teoria da Justiça, Liberalismo Político” e “O Direito dos Povos”.
Rawls afirmava que “uma vez que todos estão numa situação semelhante e ninguém
pode designar princípios para favorecer sua condição particular, os princípios da justiça
são o resultado de um consenso ou ajuste equitativo. […] A essa maneira de considerar
os princípios da justiça eu chamarei de justiça como equidade”.

9.3.1 Assim, na concepção de justiça defendida por Rawls,  procura-se resolver o conflito
pela distribuição de bens sociais entre as pessoas. Rawls, nesta perspectiva, considera
que as pessoas são seres racionais e razoáveis, isto é, que possuem interesses próprios
de acordo com a concepção de bem que formulam para as suas vidas, mas que, ao
mesmo tempo, dispõem-se, em função do sentido de justiça que possuem, a ponderar
umas com as outras, sobre quais, os justos termos de cooperação, devem nortear o
convívio social e a distribuição dos benefícios sociais. Dessa forma, conforme sugere
Rawls, as pessoas chegam a um acordo sobre os princípios de justiça, pelo consenso ou
pelo ajuste equitativo.

9.5 Na perspectiva da justiça como equidade sugerida por Rawls, o legislador pátrio já
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apontou no Ordenamento Jurídico, as inserções para aplicação da equidade, que, a
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título de exemplo, citamos o art. 140, do Código de Processo Civil Brasileiro – CPC e dos
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artigos 108, IV, e §2º e o 172, IV, do Código Tributário Nacional – CTN, in verbis:

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CPC…

 Art. 140.  O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do
ordenamento jurídico.

Parágrafo único.  O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.

_______________________________________________________________

CTN…

Art. 108  Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a


legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada.

I – a analogia;

II – os princípios gerais de direito tributário;

III – os princípios gerais de direito público;

IV- a equidade;

1° O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto


em lei.
2 ° O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de
tributo devido.

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Art. 172 A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho
fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo: […]

IV– a considerações de equidade, em relação com as características pessoais ou


materiais do caso;

9.6 Por outro lado, a Equidade é dos gêneros chamados análogos, que quer dizer, dos
que apresentam vários significados semelhantes e relacionados uns com os outros.
Cinco são as suas acepções mais importantes: (a) a do princípio similar e anexo ao da
justiça; (b) a de virtude ou hábito prático informado por esse princípio; (c) a de direito
de agir de modo conforme a essa virtude; (d) a de ato de julgar conforme o ditame do
mesmo principia; e (e) a de jurisprudência em geral.

9.7 O Princípio da Justiça é o Princípio da Igualdade,  o qual, se deve dar a cada um


àquilo que lhe pertence. Por exemplo o art. 5º, da Constituição Federal do Brasil,
estabelece que “todos são iguais perante a lei” (…). O Princípio da Justiça é o princípio
que rege o estabelecimento das leis. Aristóteles diferencia, entretanto, a justiça e a
equidade, dizendo que a primeira (a justiça), corresponderia a uma régua rígida, ao
passo que a outra (a equidade), se assemelharia a uma régua maleável, capaz de se
adaptar às anfractuosidades (sinuosidades, saliências, depressões, irregularidades) do
campo jurídico a ser medido.

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9.8 O dever do magistrado é o direito natural de distribuir Justiça equanimente. Assim,


com o significado de jurisprudência, o vocábulo adquire uma largueza ainda maior, de
onde também vem a maior inconveniência da sua utilização. É esta que, mais de perto,
se endente com a equity da Common Law, onde, como é sabido, constitui uma forma
supletiva do direito comum.
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9.9 A equidade pode ser dividida em legal e judicial. A equidade Legal é aquela que se
contém no próprio texto da lei; a equidade Judicial é aquela que expressa
implicitamente o que o legislador incumbe o magistrado de levar a efeito.

9.10 Outra divisão da equidade. A equidade é aquela em que traz três categorias: (a)
civil é aquela que se funda exclusivamente em determinação contida na lei; (b) natural
é a que se baseia no direito natural que tem o juiz de distribuir justiça equanimente; e,
(c) cerebrina (substância do cérebro) é a falsa equidade, sentimentalista, anticientífica,
tirânica, que por sua vez deve ser banida.

9.11 Há pelo menos três modos de fundamentar o exercício da equidade no Direito


Positivo Brasileiro: (a) nos textos que expressamente referem o termo equidade; (b) nos
textos que, sem referir essa palavra, direta ou indiretamente, apelam para o prudente
arbítrio do magistrado; e, (c) nos textos gerais, referentes à interpretação e aplicação
da lei.

9.12 Observa-se, por fim, que no Direito Positivo, há casos excepcionalmente


impermeáveis à equidade. É o de certos preceitos, ordinariamente de ordem pública,
em que, de modo patente, se verifica o caráter flexível do mandamento. A título de
exemplo pode-se citar o art. 1521, I, do Código Civil Brasileiro, que proíbe o casamento
entre ascendentes e descendentes. A equidade, neste caso, supõe a inexistência sobre
matéria, de texto claro e inflexível.

9.13 Por fim, em face do respeito pelo direito de cada pessoa, adequando-se a norma ao
caso concreto, pelo que se considera justo, é que, na apreciação e no julgamento justo,
em virtude do senso de justiça imparcial, visando a igualdade no julgamento, é que se
utiliza-se a equidade, para auxiliar no julgamento imparcial, com pedidos idênticos.
Assim, a equidade encontra-se nas regras gerais contidas nos artigos 4º e 5º, da LINDB,
aprovada pelo Decreto nº 4.657, de 04/09/1942, bem como, nos seguintes dispositivos
jurídicos: artigo 212, §3º, da Constituição Federal (CF); artigos 413, 479, 928, parágrafo
único, 944, parágrafo único; e 953, parágrafo único, todos do Código Civil Brasileiro (CC),
e artigo 140, parágrafo único, do Código de Processo Civil Brasileiro  (CPC); e, artigos 108,
IV, e §2º e 172, IV, do Código Tributário Nacional  (CTN).

10 Métodos Interpretativos.

10.1 Os Métodos da Hermenêutica foram definidos por Friedrich Carl von Savigny (1779-
1861), jurista alemão do Século XIX, fundador da Escola Histórica do Direito, que
desmembrou a concretização da interpretação pelo Método Teleológico, lógico,
histórico e sistemático.  O ilustre doutrinador, Ministro do Supremo Tribunal Federal, Prof.
Dr. Luís Roberto Barroso[24], sintetizando os métodos de interpretação, define que “a

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interpretação se faz a partir do texto da norma, interpretação gramatical, de sua


conexão, interpretação sistemática, de sua finalidade, interpretação teleológica, e de
seu processo de criação, interpretação histórica”. A seguir são destacadas

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10.2 Uma das acepções sobre a hermenêutica jurídica refere-se à interpretação do


“espírito da lei“, ou seja, de suas finalidades quando foi criada. É entendida no âmbito do
Direito como um conjunto de métodos de interpretação consagrados. O objeto de
interpretação privilegiado do Direito é a norma, mas não se limita a ela, e pode-se
interpretar o Ordenamento Jurídico, pela lei positiva, e pelos princípios.

10.3 Paulo de Barros Carvalho[25], Mestre e Doutor pela PUIC-SP,  entende que “a
hermenêutica fornece tão somente os instrumentos de interpretação dos enunciados
jurídicos com fins de construção do sentido da norma jurídica, ou seja, a norma jurídica
não está na lei, mas na cabeça do intérprete, que a constrói (a norma) baseado nos
textos jurídicos enunciados na vasta legislação existente, mediante a utilização de
determinados métodos previamente selecionados pelo intérprete”. Não existe “vontade”
ou “espírito” na lei, mas sim a vontade do legislador na época da criação da lei, da qual,
se pode construir uma norma jurídica baseada na realidade contemporânea de cada
intérprete da lei ao criar a norma jurídica aplicável a cada caso.

10.4 De acordo com Tércio Sampaio F. Junior[26], jurista e Filosófo da USP, a


hermenêutica jurídica é uma forma de pensar dogmaticamente o Direito, que permite
um controle das consequências possíveis de sua incidência sobre a realidade antes que
elas ocorram.” Essa é uma concepção pragmática de interpretação, e suficientemente
abstrata, para dar conta, das variadas regras de interpretação que compõem a
hermenêutica.

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10.4.1 Por exemplo, a interpretação pela letra da lei é eminentemente gramatical.


Presume-se que “a ordem das palavras e o modo como elas estão conectadas são
importantes para obter-se o correto significado da norma.” Essa forma de interpretação
explora as equivocidades da lei, no entanto, há uma limitação para essa concepção: ela
não discute o objetivo de uma norma (outra forma de interpretar). Portanto, ainda para
o autor, Tércio Sampaio,  a interpretação pela letra da norma pode ser um ponto de
partida, mas não esgota a hermenêutica.

10.5 A doutrina jurídica compartilha que qualquer preceito normativo deve ser
interpretado em harmonia com os princípios gerais de um Ordenamento Jurídico. Tércio
Sampaio explica ainda, a questão, por um exemplo representativo, se buscássemos no
todo do Ordenamento Jurídico, um conceito de empresa nacional, ele mudaria
dependendo do contexto normativo analisado? Sim, portanto, há de se cuidar às
especificidades de cada conteúdo expresso, numa ou noutra norma, além do cuidado
com o âmbito de aplicabilidade da lei específica.

10.6 Por fim, uma outra forma de interpretação consagrada é a interpretação histórica,
que busca o sentido inicial do conceito jurídico ou da norma. Ela o faz através de
precedentes normativos, justificativas de elaboração de leis, jurisprudência. Cabe
enfatizar, concluindo que, uma tendência atual do Direito é distanciar-se do
entendimento da letra da lei e aproximar-se do propósito da norma. Por isso, a
proliferação de interpretações principiológicas, que apareceram no contexto normativo,
pós Constituição Federal de 1988. Segue adiante um conjunto de Métodos 
interpretativos, classificados sucintamente:

10.6.1 Gramatical. Também pode ser denominada como textual, literal, filológica, verbal
ou semântica. Busca, a partir do texto normativo, atribuir o conteúdo semântico das
palavras, ou seja, revela o significado dos enunciados lingüísticos. O ponto de partida do
processo de interpretação normativa se dá através da interpretação gramatical,
todavia, o intérprete que repousar, demasiadamente, sua linha de raciocínio nesta
forma de interpretação, correrá o risco de conduzir a aplicação jurídica à injustiça

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10.6.2 Autêntico. É aquela que provém do legislador que redigiu a regra a ser aplicada,
de modo que demonstra no texto legal qual a mens legis que inspirou o dispositivo legal.

10.6.3 Doutrinário. É dado pela Doutrina, ou seja, pelos cientistas jurídicos, estudiosos do
Direito que inserem os dispositivos legais em contextos variados, tal como relação com
outras normas, escopo histórico, entendimentos jurisprudenciais incidentes e demais
complementos exaustivos de conhecimento das regras.

10.6.4 Jurisprudencial. Produzida pelo conjunto de sentenças, acórdãos, súmulas e


enunciados proferidos tendo por base discussão legal ou litígio em que incidam a regra
da qual se busca exaurir o processo hermenêutico.

10.6.3 Literal.  Busca o sentido do texto normativo, com base nas regras comuns da
língua, de modo a se extrair dos sentidos oferecidos pela linguagem ordinária os
sentidos imediatos das palavras empregadas pelo legislador.

10.6.4 Histórico.  Busca o contexto fático da norma, recorrendo aos métodos da


historiografia, para retomar o meio em que a norma foi editada, os significados e
aspirações daquele período passado, de modo, a se poder compreender de maneira
mais aperfeiçoada, os significados da regra no passado e como isto se comunica com
os dias de hoje.

10.6.5 Sistemático. Considera em qual Sistema se insere a norma, relacionando-a às


outras normas pertinentes, ao mesmo objeto, bem como, aos princípios orientadores da
matéria e demais elementos que venham a fortalecer a interpretação de modo
integrado, e não isolado.

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10.6.6 Teleológico. Ciência das causas finais, que se baseia na idéia de finalidade;
ciência que admite a existência de uma causa primordial. Busca os fins sociais e bens
comuns da norma, dando-lhe certa autonomia em relação ao tempo que ela foi feita.
Tratando-se de hermenêutica jurídica, o termo significa a interpretação do Direito (seu
objeto), que pode e deve, passar por uma leitura constitucional e política.

10.6.7 Sociológico. É a interpretação na visão do homem moderno, ou seja, aquela


decorrente do aprimoramento das ciências sociais, de modo que, a regra pode ser
compreendida nos contextos de sua aplicação, quais sejam, o das relações sociais, de
modo que o jurista terá um elemento necessário a mais para considerar quando da
apreciação dos casos concretos ante a norma.

10.6.8 Holístico. Que abarcaria o texto a luz de um mundo transdiciplinar (filosofia,


história, sociologia…) interligado e abrangente. Inclusive, dando margem à
desconsiderar certo texto, em detrimento de uma justiça maior, no caso concreto, e não,
representada na norma entendida exclusivamente e desligada dos outros elementos da
realidade que lhe dão sentido. A palavra hólos, veio do grego e significa inteiro;
composto. Segundo o dicionário, holismo é a tendência a sintetizar unidades em
totalidades, que se supõe seja própria do universo. Sintetizar é reunir elementos em um
todo; compor.

10.7 Os Casos omissos. É quando não se encontra na lei solução para o caso concreto, e,
neste caso, cabe ao jurista a interpretar o texto legal, socorrendo-se da Analogia e dos
Princípios Gerais do Direito. Para o juiz, sendo omisso o texto, e se não puder solucionar o
caso nem pela Analogia e nem pelos Princípios Gerais do Direito, ele se valerá de uma
terceira alternativa, que é a criação de uma norma para solucionar a controvérsia,
como se fosse um legislador.

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                       11 Interpretação Constitucional ou conforme a Constituição.

11.1 A Interpretação Constitucional. O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto


Barroso[27] ensina que “a integração de sentido dos conceitos jurídicos indeterminados
e dos princípios deve ser feita, em primeiro lugar, com base nos valores éticos mais
elevados da sociedade (leitura moral da Constituição). Observada essa premissa
inarredável – porque assentada na ideia de justiça e na dignidade da pessoa humana
–, deve o intérprete atualizar o sentido das normas constitucionais (interpretação
evolutiva) e produzir o melhor resultado possível para a sociedade (interpretação
pragmática). A interpretação constitucional, portanto, configura uma atividade
concretizadora, uma interação entre o Sistema, o intérprete e o problema – e
construtiva, porque, envolve a atribuição de significados aos textos constitucionais que
ultrapassam sua dicção expressa”. Assim, a interpretação constitucional e o próprio
Direito Constitucional, por necessitarem de atribuições de significados outros, que
ultrapassam aqueles expressos na Constituição, e só farão um verdadeiro progresso,
quando unidos com as filosofias morais e políticas.

11.2 Métodos da Interpretação Constitucional. Gomes Canotilho[28] (73), jurista


português, Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, e
Professor visitante da Faculdade de Direito da Universidade de Macau, salienta que “um
dos problemas mais difíceis da moderna Teoria Juspubliscística, é a interpretação de
normas constitucionais, isto é, um conjunto de princípios e métodos diferentes, porém
complementares, confirmando o caráter unitário da atividade interpretativa”.

11.3 Diante da variedade de meios hermenêuticos, os intérpretes da Constituição


residem, de um lado, em um vasto repertório de possibilidade e, paradoxalmente, de
outro, na inexistência de critérios para validar a escolha dos seus instrumentos de
trabalho, levando a uma necessidade de complementação e restrição recíproca entre
objeto e método, tendo sempre como eixo, o valor justiça. A seguir os principais métodos
jurídicos da interpretação da Constituição.

11.3.1 Método jurídico ou hermenêutico-clássico. Para os seguidores desse método, a


Constituição Federal, a despeito da sua posição hierárquica e de ser fundamento e fator
de integração do ordenamento jurídico, é uma lei e deve ser interpretada segundo as
regras tradicionais de hermenêutica que são levadas em conta na interpretação de leis
em geral. Os seguidores desse método acreditam que, desconsiderando o caráter legal
da Constituição, estaria esta, sujeita a modificações de viés interpretativo que lhe
ofenderiam o texto, comprometendo a sua finalidade estabilizadora, avessa às
mudanças
Este hermenêuticas.
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para melhorar isso, a tarefa do
experiência. intérprete, que
Presumiremos enquanto aplicador
você está do mas
ok com isso, direito
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seria descobrir o verdadeiro significado das normas e guiar-se por ele na sua aplicação.
Ou seja, o legislador constitucional é o soberano e o juiz é aquele que pronuncia as
palavras da lei.

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11.3.2 Método tópico-problemático. Tendo em vista que a Constituição Federal é um


Sistema aberto de regras e princípios e, portanto, exige distintas interpretações; que um
problema permite mais de uma resposta; e que, o tópico é a técnica do pensamento
problemático, então, pode-se dizer que os meios hermenêuticos tradicionais não
resolvem dificuldades da interpretação concretizadora do novo modelo constitucional e
que, por isso, o método tópico-problemático aparece, se não como único, pelo menos, o
mais adequado para se chegar até a Constituição.

Dessa forma, tendo as normas constitucionais aquela estrutura aberta e indeterminada,


já mencionada, sua efetivação exige o protagonismo dos intérpretes, fazendo com que
a leitura constitucional seja um processo aberto de argumentação, onde participam
todos os intérpretes da Constituição. Em outras palavras, a Constituição aparece muito
mais problemática do que sistemática, apontando-se, assim, para uma necessidade de
interpretação que envolve o diálogo, onde todos os argumentos são válidos até que
apareça um vencedor. Dessa forma, os Juízes e os Tribunais não seriam os únicos
intérpretes da Constituição; boa parte da interpretação do Direito seria feita, fora de
situações contenciosas, por cidadãos ou por órgãos estatais.

11.3.3 Método hermenêutico-concretizador. O ponto de partida dos seguidores desse


método hermenêutico, de resto pouco diferente do método tópico-problemático, é a
percepção de que toda leitura de texto normativo (inclusive do texto constitucional),
começa pela compreensão do intérprete, a quem cabe concretizar a norma a partir de
uma dada situação histórica, que nada mais é, que o ambiente em que o problema é
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posto a seu exame, para que ele resolva de acordo com critérios postos na Constituição
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e, não, segundo critérios pessoais de justiça. Assim, o limite para a concretização é


ancorado no próprio texto constitucional, mas, sem perder de vista, a realidade que ele
intenta regular e que, na verdade, lhe esclarece o sentido.

11.3.4 Método científico-espiritual. O que dá sustentação a esse método é a idéia de


Constituição como instrumento de integração, não só no sentido jurídico-formal, como
instrumento de suporte e fundamento do ordenamento, mas, também, como
instrumento de regulação de conflitos e, dessa feita, de construção e preservação da
unidade social. A Constituição é a ordenação jurídica do Estado ou da dinâmica em que
se desenvolve a vida estatal, embora, o Estado não limite sua vida nos momentos da
realidade contemplados na Constituição. Aqui, o Estado é visto como algo dinâmico,
que se renova continuamente, a compasso das transformações, da própria realidade,
que, suas normas intentam regular. Nessa idéia, a Constituição aparece como
instrumento que ordena a vida do Estado, do seu processo de integração e da própria
dinâmica social, não só permitindo, como também exigindo uma interpretação
extensiva sem necessidade de que o seu texto contenha alguma ordenação nesse
sentido.

11.3.5 Método normativo-estruturante. Os seguidores desse método partem da premissa


de que há uma implicação necessária entre os preceitos jurídicos e a realidade que eles
pretendem regular, uma vinculação tão grande que a própria normatividade parece ter
buscado apoio fora do ordenamento como meio de tornar eficazes seus propósitos.

O que realmente importa para o intérprete é a situação que a norma escolheu regular.
Interpretação constitucional é, portanto, concretização; aquilo que não aparece de
forma clara como conteúdo da Constituição é que deve ser determinado pela
incorporação da realidade, de cuja ordenação se trata. Em resumo, o conteúdo da
norma só se torna completo com a interpretação que, no entanto, não pode realizar-se
apenas com as pretensões contidas nas normas, ainda mais, porque o texto
constitucional aparece com conteúdos genéricos e indeterminados, é preciso também
levar em consideração as peculiaridades das relações concretas que essa norma
pretende regular.

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11.4 A Valorização dos Princípios Constitucionais. A valorização dos Princípios


Constitucionais é outro ponto que deve ter maior relevância dentro do
neoconstitucionalismo, onde a Teoria da Norma Constitucional, começou a ser
vislumbrada em dois aspectos: (a) normas/regras constitucionais, que descrevem
situações específicas e determinadas, impondo as situações e penas, não reclamam
um processo hermenêutico mais completo, como a subsunção, aplicadas de forma
automática. Exemplo: art. 18, § 1º, CF, art. 82, CF); e, (b) normas/princípios constitucionais,
são normas dotadas de grande abstração que corporificam os mais autos valores de
um sistema jurídico, normas de grande densidade axiológica e que demandam uma
atividade de interpretação por parte do intérprete, que deve apresentar uma atividade
construtiva. Exemplo: Princípio da Soberania (art. 1º, I, CF), Princípio da Cidadania (art. 1º,
II, CF); Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1º, III, CF), Princípio dos Valores
Sociais do Trabalho e da Livre iniciativa (art. 1º, IV, CF), etc.

11.5 Em se tratando de conflito entre princípios constitucionais não podemos utilizar o


critério hierárquico, pois, todos estão na Constituição, nem o critério da generalidade,
pois, todos são gerais, nem o critério da cronologia, pois, todos foram produzidos no
momento da publicação da Constituição. Temos que examinar qual, ou quais, os
princípios que têm maior ou menor dimensão de peso, e estabelecer à luz do caso
concreto qual deve prevalecer em detrimento de outros.

11.6 Teoria da Argumentação Jurídica. O intérprete deve argumentar judicialmente,


doutrinariamente, costumeiramente, porque escolheu determinada interpretação em
detrimento da outra, é o dever de fundamentação das decisões judiciais. Exemplo. art.
93, IX, CF/88.

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Uadi Lammêgo Bulos[29], Professor, Mestre e Doutor, pela Pontifícia Universidade


Católica de São Paulo – PUC-SP , ensina que “a Teoria da Argumentação, aplicada à
exegese constitucional, procurou fornecer subsídios para sabermos qual a opção
exegética que deve prevalecer diante das diversas possibilidades interpretativas da
mesma norma”.

Todavia, por mais que se busquem decisões judiciais seguras ou corretas, jamais será
possível desvendar por que existem veredictos contraditórios sobre um mesmo assunto,
proferidos por um mesmo juiz, com base em fatos e elementos normativos idênticos. O
motivo é simples, pois, a interpretação jurídica é o reencontro gradual do espírito
humano consigo próprio.

Por outro lado, por intermédio da fundamentação, as partes saberão se o juiz analisou
corretamente a prova, se cometeu algum vício, se deixou de analisar alguma questão
de fato ou direito, garantindo assim, ao jurisdicionado, que não haverá arbitrariedade
da decisão proferida pelo Estado-juiz. Confira-se posicionamento firmado no Supremo
Tribunal Federal, por meio do julgamento do Recurso Extraordinário n. 540.995, acerca
da decisão fundamentada:

Recurso extraordinário. Garantia constitucional de fundamentação das decisões


judiciais. Artigo 118, § 3º, do Regimento Interno do Superior Tribunal Militar. 1. A garantia
constitucional estatuída no artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal, segundo a qual
todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas, é exigência inerente ao Estado
Democrático de Direito e, por outro, é instrumento para viabilizar o controle das decisões
judiciais e assegurar o exercício do direito de defesa. 2. A decisão judicial não é um ato
autoritário, um ato que nasce do arbítrio do julgador, daí a necessidade da sua
apropriada fundamentação. 3. A lavratura do acórdão dá conseqüência à garantia
constitucional da motivação dos julgados 4. Recurso extraordinário conhecido e provido.
(RE 540.995, Rel. Min. Menezes Direito, Primeira Turma, DJe 02.5.2008).

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No Estado Democrático de Direito (art. 5º, II, CF) tem-se como característica, que o
Estado-juiz, deve sempre motivar a sua decisão tomada, em linguagem clara e
acessível, o que corresponde com a lógica jurídica, encontrada na Constituição, quando
se estabelece o princípio da fundamentação das decisões judiciais como dever do juiz
(art. 93, IX, CF).

11.7 Princípios Instrumentais da Interpretação. Além desses princípios materiais, a


Doutrina estabeleceu Princípios Instrumentais da Interpretação, muito importantes, por
servirem como postulados da interpretação constitucional, que podem ser extraídos da
Constituição Federal de 1988, para orientar a interpretação desta. São princípios
implícitos, que serve de norte, para o desenvolvimento do processo hermenêutico.
Podemos citar, dentre outros:

11.7.1 Princípio da Supremacia Constitucional. Consiste em considerar a Constituição


como o conjunto de Normas Fundamentais de um dado Sistema Jurídico. É a lex
fundamentalis (Lei Fundamental). A Supremacia da CF também em no sentido
axiológico.

11.7.2 Princípio da Presunção de Constitucionalidade. Presunção de Legitimidade dos atos


do Poder Público, tendo o intérprete tomar como premissa, de que os atos do Poder
Público são compatíveis com a CF. Evidentemente essa presunção não é absoluta, é
relativa iuris tantum (tantum significa apenas, e juris direito, ou seja, “apenas de
Direito”);

11.7.3 Interpretação conforme a Constituição.  Por força do Princípio da Supremacia


Constitucional, o intérprete deverá, sempre que possível, priorizar o significado que
melhor se compatibilize com a norma constitucional, é claro, atendendo aos limites, não
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podendo prevalecer, atos normativos que são patentemente inconstitucionais. Permite-


se declarar a inconstitucionalidade de uma lei, adaptando-a à Constituição, sem retirá-
la do ordenamento jurídico;

11.7.4 Pincípio da Unidade da Constituição.  Também chamado de Princípio da


Concordância, ao integrar o sentido de todas as normas constitucionais;

11.5.5 Princípio da Máxima Efetividade. Tem como objetivo priorizar a produção dos
efeitos da Constituição diante da realidade social. Exemplo: art. 37, CF, inciso VII, direito
de greve dos funcionários públicos. O STF já decidiu sobre a matéria, no Mandado de
Injunção, MI 585, reconhecendo que o direito não pode ser sonegado diante da omissão
legislativa, prevendo a aplicação do direito de greve dos funcionários utilizando as
regras do direito de greve no âmbito privado, Lei nº 7.783, de 28/06/1989;

EMENTA: MANDADO DE INJUNÇÃO. DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS. ARTIGO 37,
VII, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Configurada a mora do Congresso Nacional na
regulamentação do direito sob enfoque, impõe-se o parcial deferimento do writ para
que tal situação seja comunicada ao referido órgão.

(MI 585, Relator (a):  Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, julgado em 15/05/2002, DJ 02-
08-2002 PP-00059 EMENT VOL-02076-01 PP-00030).

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11.7.6. Princípio da Razoabilidade ou da Proporcionalidade. Também chamado de


postulado da razoabilidade, informa a busca de interpretações mais justas e
adequadas, necessárias e proporcionais, para servir na solução do conflito entre
princípios, auxiliando o intérprete na ponderação de bens e interesses. Esse princípio se
divide em três dimensões: (a) adequação ou utilidade que é a adequação entre meios e
fins; (b) necessidade que é a vedação do excesso e o dever de buscar restringir o
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12 Antinomia Jurídica.

12.1 Antinomia jurídica.  A Antinomia Jurídica é uma contradição real ou aparente entre
normas dentro de um Sistema Jurídico, dificultando-se assim, sua interpretação e
reduzindo a segurança jurídica no território e tempo de vigência daquele Sistema.
Conforme o entedimento de Tércio Sampaio Ferraz Jr[30],  “a antinomia jurídica é um
tipo de antinomia pragmática”. Pode ocorrer entre duas normas, dois princípios jurídicos
ou entre uma norma e um princípio aplicado a um caso particular.

12.2 O fenômeno da antinomia possui um caráter inerentemente danoso ao Sistema


Jurídico, fazendo com que esse perca parte de seu componente lógico e reduzindo sua
credibilidade como um todo. É esperado que, determinado conjunto de normas jurídicas
siga certa ordem e possua caráter unitário e íntegro, fazendo com que, as
 incompatibilidades óbvias ou difusas, confundam os sujeitos e os profissionais do
Direito, dando abertura excessiva para múltiplas interpretações de uma mesma
situação real, segundo seu reflexo no Direito. Por isso, é necessário aplicar soluções
provindas da hermenêutica jurídica para resolver estes conflitos e conformá-los ao
restante do ordenamento. Norberto Bobbio (1909-2004)[31] que foi um Fillosofo, Político,
Historiador e Senador vitalício italiano, ja ensinava, que “a situação de normas
incompatíveis entre si é uma das dificuldades frente as quais se encontram os juristas
de todos os tempos, tendo esta situação uma denominação própria: antinomia. Assim,
em considerando o ordenamento jurídico uma unidade sistêmica, o Direito não tolera
antinomias”.

12.3 Para reconhecer uma antinomia jurídica, é necessário verificar a contradição, total
ou parcial, entre duas ou mais normas, ambas emanadas por autoridades competentes
e no mesmo âmbito jurídico, de forma a gerar nos sujeitos e profissionais de Direito, uma
posição insustentável pela ausência ou inconsistência de critérios aptos à permitir-lhes
uma saída nos quadros de um ordenamento dado

12.3.1 As antinomias jurídicas reais. São aquelas em que se percebe um conflito


mutuamente exclusivo e ou incompatível, sendo impossíveis de resolver dentro das
linhas e critérios designados pelo ordenamento. Importante notar que a antinomia real
não impossibilita sua resolução pontual, ou seja, quando o Poder Judiciário, em
qualquer de suas instâncias, decide uma solução pragmática para um conflito real, está
suprimindo, casuisticamente, a antinomia. Esta variedade de incoerência em um
ordenamento representa um erro lógico tão grande, que tem como única solução viável
para resolução do conflito em nível amplo, a exclusão, omissão ou edição de uma das
normas conflitantes, já que, a mera reinterpretação do conflito pode, por sua vez, ser
incompatível com outros elementos do ordenamento.

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12.3.2 As Antinomias Jurídicas Aparentes. São aquelas em que se percebe uma solução
interpretativa do conflito, devendo o magistrado e o profissional do Direito como um
todo, utilizar de determinados critérios lógicos, doutrinários e até normativos para
resolvê-lo.

12.3.2.1 É importante notar que, raramente, alguma lista de critérios a serem observados
para resolver uma antinomia entre duas normas, terá consenso absoluto da
comunidade jurídica. Diversos autores buscaram em suas obras, criar doutrinas para a
definição de critérios, separados por ordem de importância, para esta situação. Em
geral, é possível traçar a origem destas doutrinas a três critérios básicos, a serem
aplicados em diferentes situações:

(a) Critério Cronológico. Trata-se da prevalência da norma posterior, em caso de


antinomia entre duas normas criadas ou vigoradas em dois momentos cronológicos
distintos. Designa-se a este princípio o termo em latim “lex posterior derogat legi priori”,
ou seja, lei posterior derroga leis anteriores. O uso deste critério coaduna com os demais
critérios temporais continuamente utilizados pelo Direito, encontrando-se lado a lado
com o princípio da vigência e eficácia das normas.

(b) Critério Hierárquico. Consiste na preferência dada, em caso de antinomia, a uma


norma portadora de status hierarquicamente superior ao seu par antinômico. Diversos
exemplos são citáveis dentro do ordenamento brasileiro, como conflitos entre
dispositivos constitucionais (hierarquicamente superiores) e leis ordinárias
(hierarquicamente inferiores) ou entre leis ordinárias (hierarquicamente superiores) e
decretos (hierarquicamente inferiores). Nomeia-se este princípio no latim “lex superior
derogat legi inferiori”, ou lei superior derroga leis inferiores. A propósito e como sugestão,
vide o art. 59, da CF, que estabelece a hierarquia das Leis.
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(c) Critério Específico. Baseia-se na supremacia relativa a uma antinomia da norma


mais específica ao caso em questão. Desta forma, no caso da existência de duas
normas incoerentes uma com a outra, verifica-se se ao dispor sobre o objeto
conflituoso, uma delas possui caráter mais específico, em oposição a um caráter mais
genérico. Diferente dos outros critérios, este possui certo grau de subjetividade, pois, se
em muitos casos, é possível detectar facilmente o par “genérico/específico“, em número
significativo esta diferença se encontra difusa e difícil de localizar. Denomina-se
também “lex specialis derogat legi generali“, ou lei especial derroga leis genéricas.
Exemplo: na relação de trabalho entre empregado empregador, a lei de regência é a
Consolidação das Leis do Trabalho-CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de
1º/05/1943, é a Lei Geral. Porém, a relação de trabalho de um advogado empregado, não
obstante, o contrato ser regulado pela CLT, a jornada de trabalho e a remuneração é
estabelecida pela Lei nº 8.906, de 04/07/1994, que aprovou o Estatuto da  Ordem dos
Advogados do Brasil – OAB, que é uma Lei Especial.

13 Interpretação de Tratados Internacionais.

13.1 Direito Internacional Privado. As normas são interpretadas com as regras próprias de
interpretação do Direito Internacional Privado. O pilar fundamental que subsiste na
interpretação de Tratados Internacionais é o Princípio Geral da Boa-fé, como primeira
norma. Como segunda norma deve-se atender ao contexto geral dos Tratados. As
normas de conflito interno são aquelas que se encontram sistematizadas na
Constituição Federal e no Código Civil Brasileiro. As regras gerais obedecem às regras
do art. 9º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB, aprovada pelo
Decreto-Lei nº 4.657, de 04/09/1942, com as alterações da Lei nº 12.376, de 30/12/2010 e
pela Lei nº 13.655, de 25/04/2018, in verbis:

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Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se


constituírem.

1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma


essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira
quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que
residir o proponente.

13.1.1 Normas de conflito de fonte internacional. É aceito pela doutrina que o aplicador do
Direito Internacional Privado terá que atender à letra da lei. Dois princípios essenciais
nesta interpretação dos Tratados Internacionais: (a) Princípio da boa-fé; (b) Princípio
segundo o qual deve-se atender ao contexto geral dos Tratados: âmbito ou teor criativo
consagrado no tratado; elemento teológico ou finalístico.

13.1.2 Normas de conflito de Fonte Interna. Nesta matéria da interpretação das normas
de conflito, o legislador tenderá a aplicar as regras gerais consagradas no art. 9º, da Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB, Decreto-Lei nº 4.657, de
04/09/1942. No entanto, não se pode esquecer que o Direito Internacional Privado é um
direito especial, relativamente ao Direito Privado comum, por isso, não se pode ignorar
esta especialidade na sua interpretação, assim, como não se pode ignorar o fato de as
normas de conflitos serem normas abertas aos outros sistemas jurídicos.

13.2 Interpretação de lacunas. O Sistema de Normas de conflitos é de um sistema


extremamente organizado, o que não impede, no entanto, que haja lacunas em matéria
de Direito Internacional Privado. Surge uma lacuna em Direito Internacional Privado
quando, relativamente, à uma questão privada internacional, que não se encontre uma
norma de conflito, em que determine qual a regulamentação própria dessa questão. Há
que distinguir a lacuna do caso omisso.

13.3 A lacuna. Existe quando o legislador não regulou uma questão porque não a previne,
mas, se a tivesse previsto, regularia por se tratar de um caso que deve cair sob a tutela
da Ordem Jurídica. Caso omisso. É o caso posto à margem do Direito, que o legislador
não regulou porque entendeu que deveria ser excluída da tutela da Ordem Jurídica.
Será admissível em Direito Internacional Privado a integração de lacunas? A doutrina é
unânime na admissibilidade da integração de lacunas no Direito Internacional Privado.
Quando houver uma lacuna, o juiz poderá a criar uma norma de conflito, tendo em
conta os princípios gerais do Direito Internacional Privado.

13.4 Aplicação no tempo. Quanto ao início e termo das normas de conflito, à


unanimidade da doutrina, entende-se aplicar o sistema integrado nos arts. e 13 e 14, da
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB, Decreto-Lei nº 4.657, de
04/09/1942, como princípios gerais.
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Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar,
quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros
provas que a lei brasileira desconheça.

Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do
texto e da vigência.

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13.5. Código de Bustamante. O Código de Bustamante é fruto da Convenção realizada


em Havana (Cuba) em 1928, e incorporado pelo Brasil mediante o Decreto-Lei nº 18.871,
de 13/08/1929. É um Código de Direito Internacional Privado (Pessoas Físicas,
Estrangeiros, heranças, Cartas Rogatórias, etc.). Os Estados que ratificaram o Código de
Bustamante, foram: Brasil, Honduras, Nicarágua, Panamá, Peru, República Dominicana e
Venezuela. O Código de Bustamante tem esta denominação em homenagem ao jurista
cubano, Antônio Sanches de Bustamante. No Brasil, o Código de Bustamante já foi
utilizado como fonte, para os Países signatários, suprindo lacunas da Legislação Interna.
O Supremo Tribunal Federal – STF, no julgamento RE 933, RT, Vol. 136, p. 284, definiu que
“os Tratados, apenas obrigam as partes contratantes, mas um Código, seja qual for a
tua origem, é Lei do País que o promulgou, e, portanto, rege o Direito por ele regulado
qualquer seja a nacionalidade das pessoas que naquele território o invoquem”.

13.6  A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB (Antiga Lei de Introdução
ao Código Civil – LICC). No Brasil a principal fonte do Direito Internacional Privado é a Lei
de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657, de 09/09/1942,
alterado pela Lei nº 12.376, de 30/12/2010). Outras Fontes: A Constituição Federal de 1988
(arts. 5º, XXXI, LI, LII, 12, 49, I, 84, VIII, 102, I, h/EC 45), além do Código de Processo Civil, CPC (
art. 21 a 26,  37 a 41 e 237).

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13.7 A Lei de Migração – Constituição Federal e MERCOSUL. Ocorre que em função da


evolução da Legislação Nacional, o Estatuto do Estrangeiro (Lei nº 6.815, de 19/08/1980),
foi revogado pela nova Lei de Migração, aprovada pela Lei nº 13.445, de 24/05/2017; a
Constituição Federal de 1988 e o surgimento do Mercado Comum do Sul – MERCOSUL,
em 1991, bem como as chamadas CDIPS, Convenções Internacionais do Direito Privado
eo fenômeno da Globalização, praticamente, revogou o Código de Bustamante, e está
tendo pouca aplicabilidade, talvez pela sua obsolescência, em relação à celeridade de
uma legislação mais moderna. Como exemplo, podemos citar a seguinte jurisprudência:

Navio Mercante Estrangeiro. Aplica-se a lei brasileira no caso de crime cometido em


águas territoriais do Brasil, a bordo de navio mercante de outra nacionalidade, afasta a
incidência do art. 301 do Código de Bustamante, por importar a sua prática em
perturbação da tranqüilidade de nosso País, tanto mais, quando os Países de
nacionalidade do Autor e vítima e da bandeira do navio, não são signatários da
Convenção de Havana de 1928. (STJ, RHC, 853, DJU, de 03/12/1990, p. 14.330).

13.8 Direito Internacional Público. Direito dos Tratados. O Decreto nº 7030, de 14/09/2009,
promulga a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio
de 1969. A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio
de 1969, com reserva aos Artigos 25 e 66, apensa por cópia ao presente Decreto, será
executada e cumprida tão inteiramente como nela se contém. Observância, Aplicação e
Interpretação dos Tratados. 

13.8.1 Regras Básicas para observância dos Tratados. (A) Pacta sunt servanda (“os
pactos devem ser respeitados” ou mesmo “os acordos devem ser cumpridos”), art. 26;
(B) Direito interno e a observância dos tratados – art. 27.

13.8.2. Entradaem vigor e aplicação provisória dos Tratados: a entrada em vigor (ou
vigência) dos tratados ocorre nos planos espacial e temporal.

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13.8.3 No Plano Espacial.  Os Tratados e os Terceiros Estados. É princípio universal de


Direito que um compromisso entre partes-contratantes não pode afetar terceiros, que
dele não participaram, princípio este também aplicável à Teoria Geral dos Tratados. É
dizer, os Tratados somente produzem efeito para aqueles que o celebram ou a ele
aderiram, sem atingir o acervo normativo de terceiros. Da mesma forma, um Estado
não-membro, é de todo estranho ao compromisso concluído entre os membros e, por
isso, não pode exigir desses últimos a fiel execução da norma convencional, dado que
esta é, para esse terceiro Estado, res inter alios. (Os atos dos contratantes não
aproveitam nem prejudicam a terceiros).

No plano espacial, portanto, prevalece o princípio estabelecido pela Convenção de


Viena (art. 34) de que “um Tratado não cria obrigações nem direitos para um terceiro
Estado, sem o seu consentimento. Contudo, na prática, Tratados há que, por
estabelecerem ou modificarem situações jurídicas entre as partes, acabam de alguma
forma, afetando terceiros alheios às suas disposições normativas. Seguindo a lição e os
exemplos de Francisco Rezek[32], pode-se visualizar três tipos de efeitos convencionais
capazes de repercutir sobre Estados terceiros, os quais pode assim ser colocados:

(a) Efeito difuso de reconhecimento de uma situação jurídica objetiva. Trata-se do caso
em que um Tratado entre duas ou algumas partes, por criar situação jurídica objetiva,
produz sobre toda a sociedade internacional, o mero efeito de exortação ao
reconhecimento. Em outras palavras, produz sobre terceiros Estados a observância
daquela situação jurídica nova entre as partes. Assim, um Tratado que modifica o curso
da linha limítrofe entre dois Estados cria situação jurídica objetiva nova, cuja
observância por parte de terceiros se impõe, ainda que para simples efeito de se saber
do que virá a ser, doravante, a nova cartografia da região.
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(b) Efeito de fato de repercussão sobre terceiro Estado das Conseqüências de um


Tratado. Cuida-se da hipótese em que um terceiro Estado sofre as conseqüências
diretas de um Tratado – normalmente bilateral -, em decorrência de um Tratado
anterior que o vincule a uma das partes. Um dos exemplos sempre lembrados nesse
domínio é o da chamada cláusula da nação mais favorecida. Por meio de tal cláusula,
as partes se comprometem a dar o mesmo tratamento mais benéfico que, por ventura,
possa ser atribuído a qualquer outro Estado no futuro. Assim, se A e B, celebraram um
Tratado, estabelecendo cada um deles, uma alíquota menor em relação aos produtos
de importação do outro, se no futuro um deles vier a atribuir alíquota menor aos
produtos de qualquer outro país, o co-pactuante (pela previsão expressa da referida
cláusula) terá o direito imediato a igual benefício.                               (c) Efeito jurídico na
atribuição de obrigações e na concessão de direito a terceiros Estados. Atribuição de
uma obrigação: Uma obrigação nasce para um terceiro Estado quando as partes no
Tratado Internacional, por meio de disposição convencional, deixam assente seu
propósito de criar uma obrigação ao terceiro Estado por meio dessa disposição, mas,
essa obrigação só poderá ser exigida, caso esse Estado aceite expressamente e por
escrito (art. 35, da Convenção de Viena);

Concessão de Direitos: A Convenção de Viena possibilita aos Estados partes, por


disposição de um Tratado, concederem direitos ou privilégios a um terceiro Estado ou a
um grupo de Estados. Nesse caso não há necessidade de aceitação expressa, sendo
suficiente o seu silêncio, ao contrário do que acontece com a aceitação de uma
obrigação (Art. 36, § 1º). O terceiro Estado, ao exercer o direito a ele conferido pelo
tratado do qual foi não foi parte, deverá respeitar as condições previstas no tratado (Art.
36, § 2º). Da revogação ou modificação trata o Art. 37;

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(d) Regras de um Tratado tornadas obrigatórias para os terceiros Estados por força do
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se tornado uma regra consuetudinária de Direito Internacional, reconhecida exatamente


como tal. É o que dispõe o art. 38 da Convenção de Viena de 1969. Esta regra permite,
nitidamente, que um ato internacional seja criador de um costume internacional, o que
demonstra que não é somente a pratica dos Estados ou organizações internacionais,
que tem a potencialidade de criar norma costumeira internacional, podendo também, a
regra costumeira nascer das disposições de um Tratado firmado por outros Estados. E
isto é lógico. Sendo a execução do Tratado, uma prática, nada de estranho existe em
dizer que essa prática, poderá criar precedentes formadores de certa norma costumeira
internacional.

13.8.4 No Plano Temporal. A Convenção de Viena de 1969, trata do assunto no art. 24, § 1º,
estabelecendo que o Tratado entra em vigor: (a) na forma e na data nele previstas; (b)
no momento da manifestação dos Estados (efeito ex nunc ou pro futuro). Pode o
Tratado ser aplicado provisoriamente, conforme dispõe o art. 25,  no entanto, o Brasil fez
reservas a esse dispositivo.

13.9 Interpretação dos Tratados. Sistemas de Interpretação: (a) No âmbito internacional:


(a) Por todas as partes, através de uma declaração ou por um Tratado (interpretação
autêntica); (b) Por duas ou mais partes; (c) Por um órgão (exemplo: a Corte
Internacional de Justiça – CIJ); (d) Por uma única parte – Declarações interpretativas.
No âmbito interno: (a) Pelo Poder Executivo – pela regulamentação – interpretação
governamental; (b) Pelo Poder Judiciário, na solução de conflitos advindos da aplicação
do tratado.

 13.10 Regras de Interpretação da Convenção de Viena de 1969: (a) Regra Geral – art. 35.
a.1. Boa-fé; a.2. sentido comum dos termos do Tratado; a.3. Contexto; a.4. Objeto e
finalidade (teleológico); (b) interpretação de Tratados autenticados em duas ou mais
línguas – art. 33; (c) Meios Suplementares de Interpretação – art. 32.

13.11. Posição do Supremo Tribunal Federal – STF. Inicialmente cumpre destacar que o §2º,
do art. 5º, da   Constituição Federal do Brasil de 1988 determina que os direitos e
garantias expressos na Constituição, não excluem outros decorrentes do regime e dos
princípios por ela adotados, ou dos Tratados Internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte. O referido § 2º, do art. 5º, da CF, determina que os direitos
e garantias expressos na Constituição, não excluem direitos decorrentes dos Tratados e
Convenções Internacionais.

Por outro lado o §3º, do art. 5º, da Constituição Federal do Brasil de 1988, determina que
os Tratados e Convenções Internacionais sobre Direitos Humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos
respectivos membros, serão equivalentes às Emendas Constitucionais. Diga-se que,
para os Tratados Internacionais, o Brasil adota a Teoria dualista, reconhecendo-se o
Direito Internacional, bem como o Direito Nacional, em obediência à soberania
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consignada no art. 1º, da Constituição Federal.
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Nesta perspectiva, na ocorrência de conflito entre uma Norma Interna e o Tratado


Internacional, aplicar-se-á o entendimento já consagrado do C. Supremo Tribunal
Federal: “há paridade entre a norma brasileira de produção doméstica e a norma
brasileira de produção internacional”.  Assim, o conflito entre uma e outra, resolve-se, de
regra, pelo mecanismo tradicional: lex posterior derogat priori (norma posterior revoga
norma anterior). Todavia, há de ser presente que a lei posterior não revoga o Tratado
anterior, “mas simplesmente afasta, enquanto em vigor, as normas do Tratado com ela
incompatíveis”. Assim, revogada a lei que afastou a sua aplicação, voltará o Tratado a
ter aplicação.

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14 Conclusão

Ante os argumentos e manifestações acima, depreende-se que a arte ou a técnica de


interpretar a norma jurídica é um desafio para o homem e notadamente para aos
profissionais do Direito. Esta arte ou técnica denomina-se Hermenêutica. A
Hermenêutica Jurídica tem por objeto o estudo e a sistematização dos processos
aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito. Vale dizer, a
Hermenêutica é a teoria científica da arte de interpretar. O festejado magistério do
saudoso Carlos Maximiliano[33], in Hermenêutica e Aplicação do Direito, 13ª Edição, Ed.
Forense, 1993, p.9 e 10, nos ensina que:

Graças ao conhecimento dos princípios que determinam a correlação entre as leis dos
diferentes tempos e lugares, sabe-se qual o complexo de regras em que se enquadra
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imperfeita na forma e no fundo, e dará duvidosos resultados práticos, se não


verificarem, como esmero o sentido e o alcance das suas prescrições. Incumbe ao
intérprete àquela difícil tarefa. Procede à análise e também a reconstrução ou síntese.
Examina o texto em si, o seu sentido, o significado de cada vocábulo. Faz depois obra de
conjunto, compara-o com outros dispositivos da mesma lei, e com os de leis diversas,
do país, ou de fora. Inquire qual o fim da inclusão da regra no texto, e examina este
tendo em vista o objetivo da Lei toda e dos Direitos em geral. Determina por este
processo, o alcance da norma jurídica e assim, realiza, de modo completo, a obra
moderna da hermenêutica.

Assim, cabe aos profissionais do Direito, aos intérpretes e doutrinadores e,


principalmente ao Poder Judiciário, a difícil tarefa de solucionar os conflitos entre os
tratados internacionais e as normas internas de um País. No mundo globalizado em que
vivemos hoje, os Estados estão em constantes relacionamentos, seja por razões
políticas, diplomáticas ou por razões comerciais. Estes relacionamentos quando há
mútuo interesse, se materializam por Tratados, Convenções, Acordos e Pactos
Internacionais, assumindo-se obrigações que, diversas vezes, interferem no
ordenamento jurídico de cada Estado.

Da mesma forma as pessoas, físicas ou jurídicas, entidades públicas e privadas, ao se


relacionarem, por razões diversas,  necessitam ter a certeza e a segurança jurídica do
que dispõe o texto de uma Norma jurídica, seja ela de caráter interno, seja sela de
caráter internacional, de forma à harmonizar os seus mútuos interesses e nortear
necessidade de estabilidade nas relações sociais, utilizando-se, para tanto, a arte ou na
técnica de interpretar, dos meios e dos recursos que consubstanciam na Hermenêutica
Jurídica, como o instrumento necessário para obtenção da Paz e da Justiça Social.

Sugrimos finalmente, uma leitura da Parte 2 deste Artigo, onde é analisada “A


Hermenêutica Jurídica. Parte 2. A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro –
LINDB”.

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SPINOZA, Baruch de. Tratado político.

[1] DELLAGNEZZE, René. Soberania. O Quarto Poder do Estado. Cabral Editora e Livraria
Universitária. Taubaté – SP. 2011. p. 27-29.

[2] PERELMAN, Chaïm. Lógica Jurídica: nova retórica. Tradução de Verginia K. Pupi. São
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[3] Ferraz Júnior, Tércio Sampaio – Introdução ao Estudo do Direito, São Paulo, Editora
Atlas, 1ª edição/3ª tiragem, 1990.

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[4] MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação do Direito, 13ª Edição, Ed. Forense,
1993, p.9 e 10.

[5] CASTRO, Flávia Lages de. História do Direito Geral e do Brasil, Rio de Janeiro, 2008,
Lumen Juris, p.2.

[6] BRANCATO, Ricardo Teixeira. Instituições de Direito Público e de Direito Privado, SP,
2009, p.7.

[7] SPINOZA, Baruch de. Tratado político. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013, p 37.

[8] NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 23ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p.
368.

[9] PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos: Desafios da Ordem Internacional. p. 18.

[10] FRANÇA, Limongi. Hermenêutica jurídica. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 1997, p.14.
Denominado Sistema francês por sua ligação ao Código de Napoleão. França remete
aos autores Mourlon (1869) e Laurent (±1878), seguidos por vários outros, como
principais representantes da orientação extremada desse sistema interpretativo que
considera que “A letra é ‘a fórmula do pensamento’ e ‘dizer que esse pensamento será
outro que não aquele exposto no texto claro e formal, é acusar o legislador de uma
leviandade que não se lhe pode imputar.

[11] MONTESQUIEU, Charles Louis de Sècondat, Barão de Lede e Montesquieu. Do Espírito


das Leis, p.729.

[12] MAXIMILIANO, Carlos. “Hermenêutica e Aplicação do Direito”. Rio de Janeiro: Editora


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[13] MAXIMILIANO, Carlos. “Hermenêutica e Aplicação do Direito”. Rio de Janeiro: Editora


Forense, 2011, p. 55.

[14] KANTOROWICZ, Hermann U. Der Kampf um die Rechtswissenschaft –Baden-Baden;


Nomos-Vderl.Ges., 2002, 1 und 2. Tsd. Nachdr. Ider Ausg. Heidelberg.Winter,1906, 1 Aufl.

[15] CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. 17. ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2008, p. 66.

[16] ibdem, p.66.

[17] ATALIBA, Geraldo. República e Constituição, 2ª ed., São Paulo, Malheiros Editores,
2004.

[18] CANOTILHO, Direito Constitucional e Teoria da Constituição. Lisboa.1998, p. 1125.

[19] CANOTILHO, Direito Constitucional e Teoria da Constituição. Lisboa.1998, p. 1126.

[20] ALEXY, Robert. Theorie der Grundrechte. Baden-Baden: Suhrkamp. 4 ed. 2001, Uma
Teoria da Argumentação Jurídica.

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[21] DWORKIN, R. Taking Rights Seriously, p. 27 e seguintes, 1, 2, 3. Levando o Direito a Sério.

[22] ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. São Paulo. Nova Cultural: 1996, p 213.

[23] RAWLS, John. Uma Teoria da Justiça. Brasília: Universidade de Brasília, 1981.p. 33.

[24] BARROSO, Luis Roberto. Constituição, democracia e supremacia judicial: direito e


política no Brasil contemporâneo. Disponível em:
http://www.oab.org.br/editora/revista/revista_11/artigos/constituicaodemocraciaesupremac
Acesso em: 22 out. 2018.

[25] CARVALHO, Paulo de Barros. “Direito Tributário: Linguagem e método”, 5ª ed. São
Paulo : Noeses, 2013.

[26] FERRAZ JUNIOR. Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Editora
Atlas S.A., 2003.

[27] BARROSO, Luís Roberto Barroso. Curso de direito constitucional contemporâneo: os


conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. São Paulo: Saraiva, 2009, p.
287.

[28] CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional. Coimbra, Almedina, 1993.


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[29] BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 5 ed. São Paulo: Saraiva,
2010, p 438.

[30] FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito. 3ª ed., São Paulo:
Atlas, 2001, p. 203.

[31] BOBBIO, Norberto. Teoria Geral do Direito. Martins Fontes, 2007. 219 – 259, p.

[32] REZEK, José Francisco. Direito dos tratados. Rio de Janeiro: Forense, 1984, p. 402-410.

[33] Carlos Maximiliano Hermenêutica e Aplicação do Direito, 13ª Edição, Ed. Forense,
1993, p.9 e 10 (Maximiliano, 1993)

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