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Universidade Federal do Sul da Bahia

Discente: Gabriele Souza Santos


Docente: Joseline Pippi

Socialmente cobrados, jovens amedrontados.


Desde a apreensão familiar pela primeira palavra dita por uma criança,
perpassando pela alfabetização, a primeira leitura, a ida pro ensino fundamental, o
novo ciclo do ensino médio, a tão desejada vaga na universidade, a muitas vezes
frustação de um ano de cursinho, a entrada nesta universidade, as melhores notas
que devem ser obtidas dentro dela, o TCC e a conclusão do tão sonhado curso, a
entrada no mercado de trabalho, a pós graduação, o mestrado, o doutorado, mas
ainda falta você encontrar o amor da sua vida, falta agora casar, mas ainda falta ter
um filho, agora você só precisa morrer.

Neste contexto o psiquiatra e professor do curso de Medicina da


Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), José Carlos Rosa Pires,
afirma que não existe um marcador biológico para o suicídio, mas acredita que
questões ligadas às relações sociais e familiares que podem desencadeá-lo, e que
esses fatores provavelmente estão deixando adolescentes e jovens mais
vulneráveis.

Fato é, que ao nascer nós, seres humanos, já possuímos inúmeras


expectativas e sonhos depositados, e que a cada passo que crescemos as pressões
sociais e familiares crescem na devida proporção. Dessa forma, trago uma
correlação já existente, a de um aumento desenfreado de suicido entre jovens com
as pressões sociais e familiares que já vem desde o nascimento destes.

Dados do IBGE mostram que o suicídio de jovens de 15 a 29 anos subiu de


5,1 por 100 mil habitantes em 2002 para 5,6 em 2014 - um aumento de quase 10%,
e que mais da metade desses suicido entre jovens está associado a depressões e
uso de remédios sem prescrições medicas para ansiedade ou insônia.

Informações com essas, perpassam por muitas vezes pela visão utópica que
é veiculada em nossa sociedade, de que deve haver uma busca constante por uma
felicidade plena, e que esta está associada a procura incessante pelo sucesso
pessoal, levando assim aos indivíduos muitas vezes a incapacidade de absorção
das frustrações a ponto de não querer tê-las, e a não aceitação de que nós ser
humano temos o direito de errar, de recomeçar, e que isto não significa a falta de
competência ou ineficiência, mas sim um fator comum no nosso percurso de vida.

Outro dado que alerta mais ainda para a correlação entre o aumento no
número de suicido entre os jovens e as pressões sociais, é o fato de que as federais
paulistas, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade Federal do
ABC (UFABC) registraram, juntas, cinco suicídios de estudantes de 2012 para cá, e
ainda informa que 11% de seus alunos trancaram a matrícula em 2016 por
problemas psicológicos. Dessa forma, mostrando como os jovens brasileiros estão
cada vez mais doentes, sobrecarregados e pressionados na conjuntura da
sociedade atual e que o ambiente educacional é o principal âmbito social de
pensamentos suicidas.

Émile Durkheim, considerado como precursor da sociologia jurídica, em seus


estudos sobre a teoria do suicídio, ao qual parte da ideia que esses estão
relacionados com fatores sociais, afirmando que a principal causa dos suicídios esta
na própria sociedade como ‘’tendência de coletividade’’ e deveria ser tratada por
conceitos sociológicos e não de maneira individual.

Arguindo que a ideia do suicídio, não parte apenas do alivio da dor interna
que afligem todos nós, seres pensantes, mas perpassa sobretudo pela atenuação
dos paradigmas sociais e de um coletivo que lhe impõe metas a serem alcançadas.

O psicólogo Marcos Sampaio Rus Barbosa, graduado pelo Centro


Universitário de Araraquara reitera o posicionamento de Durkheim, quando confirma
a teoria da correlação entre aumento no número de jovens suicidas e as pressões
sociais sofridas.

Em uma de suas falas, o respeitado psicólogo, pleiteia que “A falta de valores


morais e éticos que asseguravam um limite necessário para a formação de nossa
identidade, desperta uma necessidade muito grande, nos jovens, de aprovação, de
reconhecimento alheio que, ao ultrapassar as barreiras da normalidade, acabam por
se submeterem às diversas situações de risco para não serem exilados".
Ademais, sabe-se que a adolescência é um estágio da vida de transições e
transformações tanto no lado mental como corporal inerente a vontade do ser.

Devido a esse fator, a juventude é uns dos períodos da vida predisposto a


uma maior inclinação para o imediatismo e à impulsividade. Pois, é um estágio em
que o amadurecimento interno ainda não foi alcançado, acarretando situações de
frustações e decepções de grande impacto nos jovens da nossa sociedade.

Portanto, o aumento de suicídios entre juventude brasileira não deve ser visto
como algo individual, onde o sofrimento interno é tão grande que o único sentimento
que o assola é o de tirar sua vida, mas sim como um problema da coletividade.

A partir do momento em que eu imponho, estabeleço ou pressiono alguém a


atender as minhas expectativas e que causo uma frustação neste, torno-me
contribuinte para formação de cada vez mais jovens amedrontados,
sobrecarregados e depressivos.

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