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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA

CÍVEL DA COMARCA DE APUCARANA - PARANA

PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

JOSE AIRTON DECO DE ARAUJO, brasileiro, casado,


eletromecânico, portador da cédula de identidade nº 1345246500, inscrito no
CPF sob o nº25677809830, residente e domiciliado na Rua AVENIDA
AVIACAO 181, por intermédio de seus advogados infra-assinados (procuração
em anexo), com endereço profissional à DR OSWALDO CRUZ,456, para onde
serão remetidas as intimações e notificações de estilo, vem, respeitosamente,
à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 700, I, do Código de
Processo Civil, propor:

AÇÃO MONITÓRIA
em face da empresa ROMEIRA, a qual possui nome fantasia
“ROMEIRINHA”, portadora do CNPJ nº 4566778432555, situada na Rua
NAGIB DAHER,546, c/c com PEDIDO DE DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA para, desde já, incluir no polo passivo da
demanda seu único sócio-administrador, o Sr. VICTOR HUGO ARANTES,
portador do CPF de nº 27499587604, residente à Rua PAINEIRAS,23, com
fulcro no art. 790, incisos II e VII, do Código de Processo Civil e art.50, do
Código Civil, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

PRELIMINARMENTE
O autor não possui condição financeira para arcar com as custas
processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do seu sustento e de sua
família. Por tal razão, pleiteia-se o benefício da justiça gratuita, com fulcro no
art. 5º, LXXIV, da Constituição da República e art. 98, caput, e art. 99, caput e
§3º, ambos do Código de Processo Civil.

DOS FATOS
O autor tem em sua posse 10 (dez) cheques (em anexo) totalizando o
valor de R$ 6.000,00 (seis mil reais), uma vez que fora ajustado entre as partes
a venda de um automóvel modelo Gol, marca Wolkswagen, cor preta, placa
GVF-345, o qual já está na posse do emitente desde o mês de abril de 2017.

Assim, pactuaram que o autor passaria a posse do referido veículo ao


emitente naquele momento, como assim o fez, no entanto, somente transferiria
formalmente – perante o DETRAN/MA- para o nome deste após a quitação dos
respectivos valores.

Ocorre que, após feita a referida negociação, o autor tentou sacar o


primeiro cheque na data estabelecida pelo emitente no respectivo, todavia, fora
surpreendido com a informação de que o mesmo não havia fundo, bem como
os demais (motivos 11 e 12).

Atitude flagrantemente desarrazoada, vez que, ao emitir um título de


crédito e permanecidas as tratativas iniciais, o emitente obriga-se a honrá-lo,
principalmente tendo em vista que se encontra na posse do referido veículo há
quase 01 (um) ano, sem ter efetuado nenhum pagamento até o momento.

Desta forma, exposta a problemática e esgotados todos os meios para


solução do conflito de forma amigável, outra sorte não lhe assiste se não
invocar a tutela jurisdicional do Estado para solucionar o caso em apreço.

DO DIREITO

DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA
Conforme preceitua o art. 134, §4º do Código de Processo Civil e art.
50 do Código Civil, quando do requerimento da desconsideração da
personalidade jurídica deve-se comprovar o preenchimento dos pressupostos
específicos previstos em lei, quais sejam, o desvio de finalidade ou a confusão
patrimonial. Nesse sentido os dispositivos:

Art. 134.  O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do


processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução
fundada em título executivo extrajudicial.

§ 4o O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos


pressupostos legais específicos para desconsideração da personalidade
jurídica. (grifei).

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado


pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz
decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber
intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores
ou sócios da pessoa jurídica. (grifei).
Portanto, depreende-se que, uma vez constatada o desvio de finalidade
ou a confusão patrimonial, pode o juiz estender à obrigação contraída em nome
da pessoa jurídica à pessoa física, a qual, no presente caso, está usando
aquela dotado de má-fé, a fim tão somente de fraudar a presente obrigação,
vez que sequer a empresa possui ativo financeiro, tendo o réu emitido cheque
sem provisão de fundos.

Portanto, o que se requer é a procedência do pedido de


desconsideração da personalidade jurídica, tendo em vista o preenchimento
dos requisitos elencados em lei, para desde já incluir o Sr. Ednaldo Silva
Correia no polo passivo da lide, com fulcro nos dispositivos já apontados.

DO CABIMENTO DA AÇÃO MONITÓRIA


Nos termos do art. 784, inciso I, in fine, do CPC/15, o cheque é título
executivo extrajudicial. O prazo prescricional para a execução de cheque é de
06 (seis) meses contados, nesse caso, do término do prazo de 30 dias para
apresentação (Lei 7.357/85, art. 33 c/c art. 59).

Na hipótese em comento, dispondo o autor de prova escrita sem


eficácia de título executivo extrajudicial, pertinente o manejo da ação monitória.

Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com
base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do
devedor capaz:

I - o pagamento de quantia em dinheiro;


Registre-se, ainda, que a teor da Súmula 299 do STJ: “é admissível a
ação monitória fundada em cheque prescrito”. Logo, perfeitamente viável
que o credor de um cheque prescrito se utilize da via monitória para
recebimento da quantia devida.

No que concerne ao requisito da prova escrita, para manejo da ação


monitória é inegável que os cheques representam provas escritas, eis que esta
expressão, na verdade, traduz o documento do qual procede ao crédito.

“Por prova escrita se entende, em suma, todo escrito que, emanado da


pessoa contra quem se faz o pedido, ou de quem a represente, o torna
verossímil ou suficientemente provável e possível.”[1]

DA PRESCINDIBILIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA
CAUSA DEBENDI
Cumpre destacar, ainda, que em se tratando de ação monitória, é
prescindível que o Autor comprove os fatos constitutivos de seu direito, ou seja,
uma vez colacionados os cheques prescritos devidamente assinados pelo
réu, torna-se desnecessária a demonstração da causa debendi que
originou o documento.
Nesse sentido, traz-se à baila o teor da súmula 531, do STJ: “em ação
monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é
dispensável menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da
cártula”.

Portanto, em ação monitória embasada em cheques prescritos, a prova


do prejuízo consiste no próprio título, não havendo necessidade de indicação
da causa subjacente para sua propositura.

Assim, tendo em vista que o executado se recusa a pagar o valor sem


possuir nenhuma causa pessoalmente oponível ao exequente, deverá ser
compelido ao pagamento do crédito corrigido monetariamente e acrescido de
juros de mora desde a data em que teve seu pagamento negado.

 DA PRESCINDIBILIDADE DE PRESCRIÇÃO DO TÍTULO.


OPÇÃO DO CREDOR.
Conforme já foi dito, o Código de Processo Civil, precisamente em seu
art. 700, caput e inciso I, preceitua que a ação monitória pode ser proposta por
aquele que se diz credor de determinada quantia, vez que possui prova escrita
sem eficácia de título executivo. Nesse sentido ainda, existente a súmula nº
299 do STJ, a qual reconhece que cheques prescritos podem ser pleiteados
por via da ação monitória.

No entanto, sabe-se que a opção pela proposição de ação de execução


de título executivo extrajudicial ou ação monitória é mera faculdade do credor,
o qual pode optar por quaisquer das duas vias, não havendo que se falar em
prejuízo para o devedor, vez que é assegurado o contraditório e ampla defesa
em ambos, conforme jurisprudência assentada dos tribunais

DA LIQUIDAÇÃO DOS VALORES


Abaixo, tabela com os valores já atualizados monetariamente pelo
INPC desde a emissão dos cheques e acrescidos dos juros moratórios de 1%
(um por cento) desde às respectivas datas de devolução dos cheques-
08.08.2017 e 05.05.2017:

Valor total original

Valor original de cada cheque

Valor atualizado pelo INPC da data da emissão dos cheques (15.05.2017)

Valor atualizado de 03 cheques com aplicação de juros de 1% ao mês- a contar da devolução e


08.08.2017
Valor atualizado de 07 cheques com aplicação de juros de 1% ao mês- a contar da devolução e
05.12.2017

Valor total acrescido de juros

Valor total- INPC + juros

5% de honorários advocatícios nos termos do art. 701 do CPC

Valor total final

Por todo o exposto, estando a inicial devidamente instruída e sendo


evidente o direito da parte autora (art. 701, do NCPC), existindo legitimidade ad
causam e interesse processual, é de rigor o reconhecimento da qualidade de
credor do Requerente e de devedor do Requerido, assim como a validade dos
documentos atrelados à presente demanda, visto que dotados de liquidez e
certeza do crédito.

DO PEDIDO
Ante o exposto requer:

1. Que seja julgado procedente o pedido de desconsideração da


personalidade jurídica para, desde já, incluir no polo passivo da lide o
sócio-administrador da empresa, o Sr. VICTOR HUGO ARANTES, quem
de fato emitiu, de modo fraudulento, os títulos de crédito em tela, com
fulcro no art. 134, §4º, do Código de Processo Civil e art. 50 do Código
Civil;
2. Que seja concedido o benefício da Gratuidade de Justiça, uma vez que
o requerente não tem condições de arcar com as custas do processo
sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, nos termos do art.
5º, LXXIV, da Constituição da República e art. 98, caput, e art. 99, caput
e §3º, ambos do Código de Processo Civil;
3. A expedição do competente MANDADO DE PAGAMENTO, visando a
instar o réu para que pague, no prazo de 15 (quinze) dias, a quantia
reclamada de R$ 6.511,46 (seis mil e quinhentos e onze reais e
quarenta e seis centavos) – valor já corrigido monetariamente,
acrescido dos encargos moratórios e honorários advocatícios de 5%
sobre o valor da causa (art. 701, CPC) – consoante memorial acima
detalhado;
4. Por fim, protesta provar o alegado por todos os meios de prova em
direito admitidos.
Atribui-se à causa o valor de R$ 6.511,46 (seis mil e quinhentos e onze
reais e quarenta e seis centavos).

Nesses termos, respeitosamente, pede e espera deferimento.

APUCARANA/PARANA, 26 de MARÇO de 2020.

Advogado

OAB nº

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