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1.

A partir do que foi discutido em sala de aula, especialmente com base no texto 1 de Bentes (2001),
escreva sobre a Linguística Textual, destacando sua origem, como também seu objeto de estudo.
Comente, ainda, os três momentos fundamentais na passagem da teoria da frase à teoria do texto.
(4,0). *

4 pontos

A origem da Linguística Textual foi deveras conturbada, pois enfrentou algumas desconfianças e
conspirações pelos linguistas mais tradicionais. Para Koch (1994) e Marcuschi (1998), pode ser
considerada como a origem da LT o período de meados dos anos 60, nas primeiras produções de alguns
autores, dentre eles o escritor Harald Weinrich, que foi o primeiro a empregar o termo que nomeia essa
área linguística atualmente. Ademais, ainda para Marcuschi, 1998 a origem também abrange os vários
estudos simultâneos realizados na Europa e fora dela que eram distintos teoricamente entre eles. Dessa
forma, a origem da LT não está bem delimitada, mas sabe-se que ela não foi um evento isolado, foi, na
verdade, a soma de contribuições de vários teóricos da área, que fugiam do tradicionalismo estrutural.
Quanto ao objeto de estudo da LT, pode-se afirmar que é o texto, mas não em aspectos gramaticais
somente, é também levado em consideração sua função e sua produção nas inúmeras modalidades
existentes. Finalmente, no que se relaciona aos três momentos fundamentais da LT, tem-se
primeiramente o interesse na análise textual transfrástica (da frase para o texto), ou seja, um estudo
pautado em aspectos além da sintaxe e semântica isoladamente e sim nas relações estabelecidas entre
essas duas ciências, formando uma unidade de sentido, pois os teóricos já reparavam em fenômenos
textuais que não eram explicados por essas teorias de forma isolada. O segundo momento se
relacionava com a construção de uma gramática textual, com o objetivo de se observar a competência
textual do falante, nesse momento, é importante frisar que a definição de "competência" é um dos
conceitos do estudo de Chomsky (Competência e Desempenho) e que esse 2º momento está
fortemente ligado aos estudos do linguista estadunidense. Por fim, no terceiro momento, o texto é
analisado em seu próprio âmbito de construção, levando em consideração todo o percurso de formação
do texto e não somente o produto final, que é como se caracteriza o objeto de estudo hoje - esse texto
inserido em um contexto sociocomunicativo, afinal toda produção está inserida em uma realidade.
Portanto, de acordo com o que foi discutido em aula, sintetizo que a LT vem para se opor a Linguística
Estrutural, para ir além de aspectos da estrutura da língua, defendendo o sujeito e o contexto na
produção textual, pois esses dois fatores são quem mais podem demonstrar algo sobre o produto final
de um texto.

2. Discuta sobre “a concepção de texto que considera na sua constituição aspectos linguísticos,
cognitivos, sociais e interacionais” (KOCH e ELIAS, 2015, p. 32). (3,0) *

3 pontos

Levando em consideração que um texto não pode ser encarado somente como o produto final de um
enunciado, ignorando todo o seu percurso de construção, a citação do texto de Koch e Elias (2015)
refere-se aos elementos gerais da construção textual. O texto é constituído por aspectos linguísticos (a
materialidade das palavras que compõem o enunciado, dessas unidades menores do discurso); por
aspectos cognitivos (conhecimento exterior ao texto, percepção e associação mental de aspectos que
fazem parte do texto, mas não de uma forma visível, conhecimento de mundo); social e interacional
porque o texto se insere em um âmbito sociocomunicativo de interação com outros sujeitos e fatores, o
que contribui para a associação de elementos e a compreensão do que foi dito. Por exemplo, as
propagandas que usam constantemente elementos exteriores ao texto que ela é para construir um
sentido, usa-se muito músicas, provérbios, acontecimentos, memes para a sua elaboração e se o sujeito
que examina esse texto não tem o conhecimento desses elementos externos, certamente, ele não
compreenderá a mensagem ou a compreenderá de forma equivocada, observa-se, portanto, elementos
linguísticos (a escrita ou fala propriamente ditas), cognitivos (para assimilar essas informações
exteriores), sociais e interacionais (por estarem ligadas a outros sujeitos, ao contexto e exigir um
interação de fatores para que a compreensão aconteça) dentro de uma produção textual.

3. As propriedades ou os critérios de textualidade propostos por Beaugrande e Dressler (1981), e


citados por Antunes (2010), é o que nos permite reconhecer um conjunto de palavras como sendo um
texto. Apresente as sete propriedades e descreva três delas. (3,0) *

3 pontos

As propriedes da textualidade ou princípios da textualidade de Beaugrande e Dressler (1981) são sete:


Coerência, que é a propriedade que dá sentido lógico entre as inforamções distribuídas no texto e à
construção textual de forma geral; Coesão, que é a materialização da coerência por intermédio de
conectivos, encontra-se na superficialidade do texto; Intencionalidade, é a intenção comunicativa para
qual o sujeito construiu seu enunciado; Aceitabilidade, é a expectativa de compressão do interlocutor
para com a mensagem do sujeito que construiu a mensagem em questão; Situcionabilidade, indica o
contexto que os falantes estão inseridos no momento de produção do enunciado; Informatividade, a
disposição de informações novas (ou não) de um enunciado; Intertextualidade, refere-se a ligação entre
o enunciado produzido e outros enunciados já construídos anteriormente. Essas são breves definições
dos critérios de textualidade, mas falando de forma mais aprofundada sobre três deles, dissertarei agora
sobre a Coerência, a Coesão e a Intertextualidade. A Coerência é responsável pelo sentido lógico do
texto, como já dito, é a partir dessa propriedade que pode-se perceber uma progressão temática do
enunciado que está sendo produzido, as informações tem que ter ligações entre si, para poderem
construir um todo temático que agregue alguma informação, não tem como um indivíduo falar, por
exemplo, que proteje a Amazônia por ela ser importante para a produção de oxigênio no planeta e logo
em seguida falar que, para a produção agrícola, é necessário que se desmate grande parte dessa floresta
e que ele concorda com isso, porque ele estaria sendo incoerente com a informação disponibilizada
anteriormente. Também deve-se destacar que esse critério refere-se à relação sobre o texto construído
e o contexto inserido, pois para cada momento será coerente ou não uma determinada construção
discursiva. Assim, a Coerência é a logicidade entre elementos dispostos dentro de uma produção
textual. A Coesão, que trata dos elementos coesivos, é o que estabelece relação entre as unidades
menores que o texto, os períodos, por exemplo, por meio de palavras como conjunções, pronomes,
advérbios, etc. Com o auxílio da coesão um falante pode proferir seu enunciado sem precisar a todo
momento repetir vocábulos que ele já havia dito. A nível de exemplificação trago aqui uma sentença:
"Lidiane fez a prova. Lidiane passou a prova que fez, para ser realizada no dia 2.", pelo fato de não haver
nessa frase elementos coesivos há a repetição das palavras Lidiane, prova, fez; com elementos coesivos,
seria possível dizer que "Lidiane fez a prova e ela vai passa-la dia 2." perceba que aí são acrescidos os
conectivos e, ela e o pronome oblíquo "la" e que por isso não há a necessidades de repetições, outro
uso para conectivos é o de demonstrar ideias opostas, acrescentar novas, concluir as finalizadas, etc.,
sendo assim, se não fosse pelos conectivos os enunciados seriam de difícil compreensão, o discurso
seria menos dinâmico e as ideias se repetiriam a todo momento. Por fim, a Intertextualdade é a
colocação de textos anteriores e, obviamente, exteriores à produção construída dentro da produção em
pauta, pois todo texto conversa com outro, contendo elementos que já foram utilizados em algum
momento e que contribuem para a construção do atual, assim, pode-se dizer que "Todo texto é um
intertexto [...]" (ANTUNES, 2010, p. 36).

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