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Podem ocasionar EI de valvas nativas, assim como acometer portadores

de prótese valvares.

Objetivos: ▪ Por fim, os fungos apresentam como causa em 2%. Como


Pode ser causada por um grande leque de bactérias e de fungos fatores de risco para EI fúngica, é possível citar o uso de
 Estudar a etiofisiopatologia da endocardite infecciosa (EI);
 Entender as manifestações clinicas e complicações da EI; cateter venoso central, uso prévio de antibióticos de amplo
COCOS GRAM-POSITIVOS ocupando a posição predominante. espectro, tratamento com imunossupressor,
 Listar os fatores de risco e tratamento da EI;
 Conhecer APS na zona rural.
Nesse grupo incluem: estreptococos, estafilococos e os enterococos. Os fungos habitualmente encontrados são: cândida albicans, não
albicans (parapsilosis, glabrata) e aspegillus spp.
Estreptococos: entre os estreptococos, aqueles do grupo VIRIDANS
Etiofisiopatologia
são os principais causadores de EI. Melhor prognóstico está associado ao tratamento combinado com
antifúngico e troca valvar.
Qual a forma de apresentação? é subaguda com sintomas de
Introdução infecção evoluindo ao longo de semanas a alguns meses (febrícula, Estudos de infecciosidade que compararam as “cepas selvagens” com as
hipersudorese noturna e a fadiga). cepas geneticamente modicadas, usando modelos experimentais de EI,
foram de suma importância para a definição de fatores de virulência
O que é endocardite infecciosa? É a inflamação da camada
Onde são encontrados? normalmente na flora oral, entre as estirpes de estafilococos, estreptococos e enterococos. Alguns
interna das câmaras cardíacas e válvulas cardíacas (endocárdio).
principalmente cavidade bucal e faringe desses fatores comportam-se como “adesinas” e são grandemente
responsáveis pela adesão inicial das bactérias ao foco de EBNT ou
Quem causa? Uma infecção bacteriana ou, raramente, uma infecção às células endoteliais. São também responsáveis pela adesão a
por fungos. Grupo viridans: inclui um número crescente de espécies de
dispositivos médicos, tais como valvas protéticas e sondas dos
estreptococos e atualmente engloba as espécies frequentes da EI
dispositivos cardiovasculares eletrônicos implantáveis (DCEI).
Epidemiologia: Tem aumentado especificamente a incidência de EI sanguis, oralis, salivarius, mutans.
associada a cuidados de saúde, os quais são responsáveis por 25-30%
Os estreptococos do grupo viridans são a causa principal de infeções de Adesinas são complexos protéicos que reconhecem e se ligam a
dos casos nos dias de hoje. receptores também protéicos na superfície da célula do hospedeiro.
valvas nativas adquiridas na comunidade, países.

Microbiologia Streptococcus gallolyticus: pode ser causa de bacteriemia e de EI,


especialmente com indivíduos com mais de 60 anos, por ser
colonizante habitual do trato gastroint. humano.

Staphylococcus aureus: de alta virulência, sendo a principal causa de


EI aguda. Dados: responsável por cerca de 30% dos casos de EI.

Qual origem? processos infecciosos de pele e partes moles, assim como


em usuários de drogas ilícitas injetáveis, maior numero de
procedimentos invasivos, especialmente cateteres vasculares e
dispositivos intracardiacos, tem aumentado expressivamente as
infecções de corrente sanguínea por S. aureus.

Estafilococos coagulase-negativos (epidermidis): habitam


naturalmente a pele e vias aéreas superiores, tem baixa virulência e
raramente causam infecções. Entretanto, em ambientes hospitalares,
podem causar bacteriemias ou sepse relacionada a cateteres vasculares Fisiopatologia
e consequente EI.

Os enterococos são a terceira causa de EI, depois dos estreptococos e A lesão que desencadeia a cascata de eventos na EI, é a injúria ao
dos estafilococos, cerca de 10% dos casos. No ambiente hospitalar, são endotélio valvular ou ao endocárdio, a qual expõe o colágeno
causa frequente de bacteriemia em pacientes com imunodeficiência. subendotelial e outras moléculas da ME.

Paola Camargos – Med44


Assim, há adesão de plaquetas e fibrinas, formando a vegetação. Na A segunda mais frequente: insuficiência aórtica
sequência, há colonização da vegetação por bactérias circulantes da
corrente sanguínea, as quais podem se replicar e estimular a adesão Sintomas: apresenta um início violento, com rápido
adicional de plaquetas e fibrina, levando então à formação da vegetação
infectada. desenvolvimento

Pode se desenvolver em valvas previamente normais, porem as • Febre: > 38oC


anomalias cardíacas predispõem o paciente a esse tipo de infecção.
-Sintoma inicial mais comum ocorrendo em ate 95% dos pacientes, mas
Depósitos estéreis de fibrina e plaquetas que se acumulam nos marca- pode estar ausente em até 20% dos casos, particularmente idosos,
passos, cateteres vasculares de demora ou nos locais do endocárdio imunodeprimidos, pacientes submetidos a antibioterapias previas
onde jatos de sangue podem ser foco de semeadura bacteriana e de
desenvolvimento subsequente de endocardite -A defervescencia ocorre normalmente 5 a 7 dias após instituição da
antibioterapia adequada
Fatores do hospedeiro, como neutropenia, imunodeficiência, tumor A fase aguda da febre reumática da cardiopatia reumática (CR) é
maligno, diabetes melito e abuso de álcool ou de drogas intravenosas, caracterizada por pequenas vegetações inflamatórias verrucosas ao • Calafrio
também aumentam o risco de endocardite infecciosa e afetam de modo longo das linhas de fechamento das valvas; à medida que a inflamação • Fraqueza
negativo os desfechos. desaparece, pode restar cicatrização considerável. A endocardite • Cansaço
infecciosa (EI) é caracterizada por grandes massas irregulares, • Sindromes de dor torácica
frequentemente destrutivas, que podem se estender das válvulas das
obs: Atualmente, as próteses valvares cardíacas (discutidas mais
valvas até o interior das estruturas adjacentes (p. ex., cordas ou É importante reconhecer a presença de dispneia, uma vez que esse
adiante) são responsáveis por 10-20% de todos os casos de endocardite
miocárdio). sintoma pode ser indicativo de uma lesão hemodinamicamente grave,
infecciosa.
como uma insuficiência valvar do coração esquerdo.
As principais manifestações clinicas da EI, assim com suas complicações, Manifestações clinicas
Os sopros estão presentes em 90% dos pacientes com EI do lado
são decorrentes de 4 mecanismos: destruição valvar, extensão
esquerdo.
paravalvar da infecção e insuficiência cardíaca; embolização micro e
Condições Cardíacas Predisponentes
macrovascular, infecção metastática em órgãos-alvo (cérebro, rins, baço,
-O diagnóstico é confirmado por cultursa de sangue positivas e pelos
pulmões) e fenômenos imunológicos como glomerulonefrite associada a
As EI de valvas nativas foram as predominantes (72%), seguidas das achados ecocardiográficos.
diminuição dos títulos de complemento.
endocardites de valvas protéticas (21%) e de marca passo ou de CDI
A EI pode ser classificada em aguda ou subaguda, as diferenças são (7%);
atribuídas à virulência do micróbio responsável e a presença ou não
de doença cardíaca subjacente. Onde são as manifestações da vegetação? Mais comumente em
posição mitral (41%), seguida da posição aórtica (38%), enquanto as
➔ Endocardite aguda: infecção destrutiva e turbulenta valvas tricúspides (12%) e pulmonar (1%) são envolvidas menos vezes.
causada com frequência por um microrganismo altamente
virulento que ataca uma valva previamente normal. Qual valvas com lesões são suscetíveis? As valvas com lesões de
Capaz de causar morbidade e mortalidade mesmo com insuficiência são mais suscetíveis a infeção do que aquelas com lesões
antibioticoterapia ou cirurgias. estenóticas.
➔ Endocardite subaguda: infecção causada por
Tem sugerido que a incidência de EI está diretamente relacionada com
microrganismos de baixa virulência que atacam um o impacto da pressão sanguínea sobre a valva fechada, sendo que as
coração previamente doente, principalmente valvas lesões de disrupção endotelial estão relacionadas diretamente com a
cicatrizadas e deformadas. Segue um curso demorado de
pressão de cisalhamento do fluxo sanguíneo do jato regurgitante.
semana a meses, a maioria recupera-se após receber
antibioticoterapia adequada.
Valvopatia mais frequente? A insuficiência mitral associada ao
prolapso degenetivado da valva mitral, em particular o espessamento
mixomatoso extenso dos folhetos valvares, é a condição predisponente
mais frequente de EI.

Paola Camargos – Med44


Diagnóstico de prótese. A sensibilidade do ETT para detecção de vegetação em
Complicações: valvas nativas é de 50-60%, enquanto as mesmas taxas são de 90% ou
mais com o ecodopplercardiograma transesofágico (ETE) (pode ser
Os critérios de DUKE modificados facilitam a avaliação realizado em caso de suspeita de EI em dispositivos intracardíacos como
Geralmente surgem nas primeiras semanas após o inicio do processo
infeccioso e podem incluir: as próteses valvares recém-implantadas).
O diagnóstico feito com base nessas orientações, frequentemente
denominadas Critérios de Duke, requer critérios patológicos ou clínicos; * caso haja suspeita clínica ainda elevada, um novo exame deve ser
Glomerulonefrite: causada pelo aprisionamento glomerular de
se os critérios clínicos forem usados, serão necessários 2 critérios repetido após 7-10 dias.
complexos antígeno-anticorpo que pode provocar hematúria,
maiores, 1 critério maior + 3 critérios menores, ou 5 critérios
Albuminuria ou insuficiência renal
menores para o diagnóstico. Tomografia computadorizada (TC) do coração: identificação
Quadro séptico e arritmias: invasão do miocárdio subjacente da anatomia paravalvar e de complicações, além de sofrer menor
influencia de artefatos das próteses valvares.
Êmbolos sistêmicos indica mau prognostico
A realização rotineira de exames de imagem para busca ativa de
Os microembolos podem dar origem a petéquias, hemorragias no leito complicações extracardíacas em SNC, tórax, medula e vísceras podem
ungueal, hemorragias retinianas (manchas de Roth), lesões contribuir para a confirmação diagnóstica, uma vez que pacientes com
eritematosas indolores na palma das mãos ou sola dos pes (lesões de EI têm elevada incidência de complicações subclínicas como embolias,
Janeway) ou nódulos doloridos nas pontas dos dedos (nódulos de Osler) hemorragia ou abscessos.

A EI definida inclui:

Tratamento clinico
1- Critérios laboratoriais: microrganismos demonstrados por
cultura ou histologia em vegetação in situ ou embolizada, ou
Fatores de risco em abscesso intracardíaco; ou presença de vegetação ativa ou
abscesso intracardíaco confirmado por histologia. A estratégia antimicrobiana deve incluir regime antibiótico
Predisposição para o risco de EI: História previa de EI, uso de bactericida, geralmente em combinação.
drogas injetáveis e a presença de dispositivos endocavitarios. 2- Critérios clínicos: dois critérios maiores ou um critério maior
e três menores ou cinco critérios menores. Entre os principais desafios na terapêutica antibiótica da EI estão a
tolerância bacteriana e a resistência antibiótica.
 As condições médicas que predispõem: DM, neoplasia subjacente,
insuficiência renal com necessidade de hemodiálise e a terapêutica
Ecocardiograma: fundamental na abordagem diagnostica e na O risco de tolerância, somado ao potencial baixo efeito bactericida dos
imunossupressora crônica
antibióticos, justifica a duração prolongada da antibioticoterapia
 Uma história de doença cardíaca está presente em 50% a 65% dos identificação de complicações. Auxilia na avaliação da função e
endovenosa em pacientes com EI (4-6 semanas)
pacientes. dimensão ventricular, assim como do comprometimento hemodinâmico
das lesões valvares
 Cuidados de saúde Há 4 principios que guiam a escolha do esquema antibiótico:
 Ecodopplercardiograma transtoracico (ETT): exame de
-Habilidade em erradicar o patógeno promovendo a esterilização do
escolha inicial para pacientes com suspeita de EI, seja de valva nativa ou
microambiente

Paola Camargos – Med44


-Administração por período prolongado (semanas)

-Altas doses para garantir exposição adequada ao medicamento e


controle da fonte de infecção

De maneira geral, pacientes com EI de valva nativa, uma boa opção para
tratamento empírico (enquanto se aguardam os resultados de
hemoculturas) é a associação de vancomicina e ceftriaxona;

Antibióticos betalactamicos são os agentes de escolha quando há


identificação de germes suscetíveis, exceto em situações de reação
alérgica.

Em casos de estreptococos viridans não sensíveis a penicilina, a


associação com penicilina ou ceftriaxona com gentamicina é uma
alternativa possível.

Caso seja um S. aureus (meticilino-sensível), a melhor opção é a


administração de uma penicilina antiestafilocócica, com a oxacilina.

Monoterapia com daptomicina ou vancomicina está recomendada para


tratamento de EI de valva nativa causada por S. aureus meticilino-
resistente.

A terapia combinada está recomendada para o tratamento de EI causada


por enterococos – penicilina ou ampicilina em associação com
gentamicina.

obs: Nos casos de insuficiência cardíaca secundárias a alterações


estruturais importantes da valva cardíaca, falha na terapêutica clínica,
embolizações recorrentes, endocardite em valva recém-implantada e
endocardite por fungos, o tratamento cirúrgico deve ser associado ao
tratamento clínico, pois promove melhora na sobrevida.

 Taxa de cura das infecções por microrganismos de baixa


virulência (p. ex., Streptococcus viridans ou Streptococcus
bovis) = 98%.
 Taxas de cura das infecções por enterococos e
Staphylococcus aureus: 60-90%.
 Taxas de cura das infecções causadas por bacilos aeróbicos
Gram-negativos ou fungos: 50%.
 Taxa de cura da endocardite que afeta as próteses valvares:
10-15% inferior à todos os casos.

Paola Camargos – Med44

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