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ANÁLISE DE INVESTIMENTO APLICADO NA AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS DE

FROTA PARA TRANSPORTES

André Luis Graff1


Rodrigo da Silveira Kappel2

RESUMO

Este trabalho tem como tema a análise de investimentos, mais especificamente aplicado à aquisição
de veículos para transporte rodoviário. O objetivo principal é identificar e avaliar o método atual de
análise de investimento utilizado pela empresa em estudo, e por intermédio dessa pesquisa oferecer
à empresa medidas que aprimorarem seu processo decisório de análise de investimento na aquisição
de caminhões. Nesse sentido, foi realizado um estudo de caso baseado na aquisição de um
caminhão, através do levantamento de dados, informações, visitas à empresa e entrevistas não
estruturadas. Os resultados mostram que a utilização da técnica do fluxo de caixa descontado na
análise deste tipo de investimento contribui na otimização dos resultados e no aumento de valor da
empresa.

Palavras-chave: Avaliação de Investimento, Função Financeira, Fluxo de Caixa

ABSTRACT

This work has as its objective the analysis of investments, specifically on the vehicles purchase for
road transportation. The main objective is to identify and evaluate the current method of analysis used
by the company that is being studied, and through this research offer to the company measures to
enhance its decision-making process in the investment analysis for the acquisition of trucks.
Accordingly, a study on a case was performed based on the purchase of a truck, through data
analysis, information, visits to the company and unstructured interviews. The results show that the use
of the discounted cash flow technique in the analysis of such investment contributes to the
optimization of results and increase the company value.

Key-words: Investment Appraisal, Financial Function, Cash Flow

1 Introdução

A decisão de investir pode ser considerada um grande desafio, pois muitos


fatores, inclusive de ordem pessoal, podem entrar em cena. Conforme Souza e

1
Graduando do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Dom Alberto.
2
Mestre em Economia-Controladoria pelo PPGE/UFRGS e professor dos Cursos de Ciências
Contábeis e Administração da Faculdade Dom Alberto.

1
Clemente (2006), neste sentido surge à necessidade de desenvolver um modelo
teórico mínimo para explicar e prever as consequências das decisões.
Com isso, conforme Machado (2004), a função do administrador financeiro
consiste em aplicar uma série de princípios econômicos para maximizar a riqueza ou
o valor total de um negócio ou investimento, utilizando técnicas de finanças como
parâmetro em suas decisões, visando atingir a melhor rentabilidade possível, ou
seja, investindo em projetos cujos retornos combinados produzam os lucros mais
altos possíveis com os menores riscos.
O estudo utilizará como instrumento de tomada de decisão o fluxo de caixa
descontado, por auxiliar na previsão, visualização e controle das movimentações
financeiras de cada período em um projeto de investimento. Esta técnica possibilita
ao administrador financeiro planejar melhor suas ações e acompanhar o
desempenho de seu projeto de investimento e, principalmente, avaliar a viabilidade
do investimento em termos de criar e agregar valor à empresa, por ser um método
reconhecido por autores como Damodaran (1997), Ferreira (2005), Ross,
Westerfield e Jordan (2000), Assef (2003), Hoji (2003), entre outros.
Neste contexto, este trabalho tem como principal objetivo identificar e avaliar
o método atual de análise de investimento, assim como avaliar a viabilidade do
investimento realizado pela empresa VBR Logística Ltda em sua frota, comparando
o processo de decisão atual para aquisição de veículos de transporte, mais
especificadamente caminhões, com a teoria existente de avaliação de investimentos.
Nesse cenário apresentado, o estudo referente à análise de investimento
aplicado na aquisição de veículos de frota para transportes tendo como objetivos
específicos: [1] identificar e avaliar as principais informações que apóiam o processo
atual de investimento em sua frota de veículos de transporte; [2] avaliar a viabilidade
das decisões de investimentos adotados pela empresa na aquisição de caminhões
para sua frota; [3] sugerir a empresa medidas que venham a aprimorar o processo
de análise de viabilidade de investimento com base na avaliação realizada neste
estudo.
O trabalho encontra-se estruturado em cinco partes, sendo a presente parte a
apresentação da introdução do estudo. Na sequência o referencial teórico apresenta
os principais conceitos de análise de investimento aplicados neste trabalho. Após é
definida a metodologia, ilustrando de forma sucinta os métodos de observação e
experimentação utilizados no decorrer desta pesquisa. A seguir destaca-se a análise

2
dos resultados, que propõem a aplicação da metodologia na avaliação de
investimentos aplicado na aquisição de um caminhão para transporte rodoviário, e
finalmente são expostas as conclusões, considerações finais e sugestões para
novos estudos.

2 Referencial Teórico

2.1 A Função Financeira

A administração financeira, conforme Zdanowicz (1998), além de manter a


empresa em permanente situação de liquidez, também tem por finalidade propiciar
condições para a obtenção de lucros que compensem os riscos dos investimentos.
Neste sentido, na concepção de Groppelli e Nikbakht (2006) a função do
administrador financeiro é aplicar os princípios econômicos e financeiros para
maximizar o valor total de um negócio. Mais especificadamente, utilizando as
técnicas do valor presente líquido para medir como uma empresa maximiza a
riqueza, através do investimento em projetos e adquirindo ativos cujos retornos
combinados superem (VPL positivo) o custo de oportunidade do capital.
Ainda deve-se destacar conforme Machado (2004), que o princípio econômico
de fundamental importância do qual se vale o administrador financeiro para a
tomada da maioria das decisões é o princípio da análise marginal, que consiste no
estudo dos custos e benefícios adicionais, gerados por uma determinada escolha de
investimento, pois um projeto de investimento somente será viável economicamente,
quando a soma dos benefícios marginais gerados for maior que a soma dos custos
marginais incorridos, ou seja, o VPL positivo.
Assim, a principal meta do administrador financeiro é a de utilizar os princípios
financeiros e econômicos sempre buscando a maximização da riqueza, agregando
valor ao negócio, usando as técnicas do valor presente líquido para medir se a
empresa maximizou a riqueza através de investimentos cujos retornos superem o
custo de oportunidade do capital.

2.2 Avaliação de Investimentos

3
Um investimento para a empresa, em continuidade com o exposto na seção
anterior, segundo Souza e Clemente (2006), é um desembolso visando gerar
benefícios futuros, usualmente superiores a um ano. A lógica subjacente é a de que
somente se justificam sacrifícios presentes se houver perspectiva de recebimentos
de benefícios futuros que superem a expectativa do investidor.
Pode-se considerar que o objetivo básico de uma análise de investimento é
avaliar qual alternativa é a mais atrativa para o investidor entre aquelas
apresentadas. Conforme Santos (2001) a análise de investimento é de fundamental
importância para a decisão de aceitar ou rejeitar uma proposta de um projeto de
investimento, e que a avaliação econômica é considerada uma tarefa imprescindível
no ambiente empresarial.
O mesmo autor ainda destaca que o grande problema em uma avaliação de
investimento não é a metodologia de cálculo utilizada, mas a obtenção de dados
confiáveis que serão utilizados nas entradas e saídas de um projeto de investimento.
Neste contexto, de acordo com Silva (2008), tanto os acionistas ou
proprietários de uma empresa interessam-se na obtenção do retorno de um
investimento compatível com o risco da empresa, e neste sentido necessitam de
técnicas de análise financeira que ofereçam medidas relativamente seguras de
aferição de risco e performance.
Dessa forma, segundo autores como Gitman (2004), Ferreira (2005), Ross,
Westerfield e Jordan (2000), o fluxo de caixa descontado pode ser considerado uma
técnica útil para avaliação de um investimento, pois sintetiza a criação de valor para
o acionista ou proprietário considerando o valor do dinheiro no tempo utilizando o
custo de oportunidade do capital.

2.3 Fluxo de Caixa

Em conformidade com a seção 2.2, para Ross, Westerfield e Jordan (2000), o


fluxo de caixa é o que determina o sucesso de uma decisão econômica, pois
decisões contábeis, ou seja, decisões baseadas em lucro contábil analisam o projeto
ano a ano. Com uma visão voltada apenas para lucro, novos investimentos, novas
pesquisas, novos produtos e novas aquisições podem não ser realizados.
Conforme Ferreira (2005), o fluxo de caixa é apresentado em três grupos:
Provenientes das atividades operacionais ou nelas utilizados; Provenientes das

4
atividades de investimentos ou nelas utilizados e provenientes das atividades de
financiamento ou nelas utilizados.
No entendimento de Mellagi Filho (2003), a montagem do fluxo de caixa
considera todos os fluxos anuais, sintetizando em um único valor de criação ou
destruição. A coordenação, nesse momento, é de suma importância para sua
execução. Outro fato que deve ser levado em conta é que o fluxo de caixa deve
representar apenas o projeto, ou seja, é fluxo incremental que a empresa irá obter
após a realização do investimento.
Entende-se nesse contexto que o fluxo de caixa é um instrumento de
planejamento financeiro que tem por objetivo fornecer estimativas da situação de
caixa de uma empresa como também de um projeto de investimento em
determinado período de tempo, a exemplo, o Fluxo de Caixa do Acionista, definido
na sequência.

2.4 Fluxo de Caixa do Acionista

Segundo Schmidt e Santos (2005), o fluxo de caixa dos acionistas é o fluxo


de caixa existente após o pagamento de despesas operacionais, juros e
principalmente de qualquer desembolso a fim de manter a taxa de crescimento dos
fluxos projetados, ilustrado pela figura 01.

FIGURA 01 – Fluxo de caixa do acionista

Fonte: adaptado de Schmidt e Santos (2005, p. 113)


Assim, cabe destacar ainda, segundo Damodaran (1997), que o fluxo de caixa
do acionista deve ser descontado por uma taxa que represente o retorno exigido
pelos acionistas, ou seja, o custo do capital próprio.

5
2.5 Modelo CAPM

A taxa de desconto do fluxo de caixa do acionista deve representar o retorno


exigido pelos acionistas, ou seja, o custo de oportunidade do capital próprio. Sendo
assim, surge a necessidade da utilização de um modelo para determinar esta taxa
de risco e retorno.
Conforme Damodaran (1997) um modelo útil para determinar o custo de
oportunidade do capital, é o modelo de precificação de ativos de capital (CAPM), por
ser considerado o modelo padrão para medir os demais modelos para risco e
retorno. Schmidt e Santos (2005) apontam como vantagem do CAPM sua
simplicidade e intuição, como também o fornecimento de algumas implicações
passíveis de testes.
Os investimentos no CAPM são medidos em duas dimensões, que, de acordo
com Schmidt e Santos (2005) são elas: o retorno esperado sobre um investimento
compreende a recompensa, e a variância mede a disparidade entre retornos efetivos
e esperados. Sendo assim, conforme os mesmos autores, para se determinar o
custo de capital próprio utilizando-se o modelo CAPM, são necessários os seguintes
dados de entrada: a) A taxa livre de risco: um ativo livre de risco não pode possuir
risco de inadimplência; b) O retorno esperado sobre o índice de mercado: o prêmio
de risco de mercado é baseado em dados históricos em determinado período, sendo
definido como a diferença entre o retorno médio sobre as ações e o retorno médio
dos títulos livres de risco; c) O coeficiente beta do ativo avaliado: o beta é estimado
pela regressão dos retornos sobre as ações em comparação com os retornos de
mercado.
Por fim, é importante destacar que é relativamente fácil avaliar empresas em
países desenvolvidos em relação às empresas estabelecidas em países
emergentes, principalmente em função da baixa liquidez do mercado de capitais,
altos riscos associados às incertezas do ambiente macroeconômico e risco político.

3 Metodologia

6
A metodologia utilizada neste trabalho foi o estudo de caso, que segundo Gil
(2002) tem como principal característica o estudo profundo e exaustivo de um
objeto, o que permite a obtenção do conhecimento amplo e detalhado deste.
De acordo com os objetivos pré-estabelecidos, foi realizado um estudo de
caso em um cenário de investimento na aquisição de um caminhão, adquirido no
ano de 2008, que é utilizado para prestação de serviços de transporte de
containeres em uma rota de serviços de transporte específica, Rio Grande – Santa
Cruz, pois baseado na experiência do administrador financeiro da empresa em
estudo, esta rota é a mais indicada para avaliar o desempenho de um caminhão
nesta empresa.
Em primeiro momento, buscou-se identificar e avaliar o método atual de
avaliação de investimento para compra de caminhões dessa empresa, pelo
levantamento de dados e informações, por meio de visitas à empresa, e através de
entrevistas não estruturadas com o gerente administrativo/financeiro e observação
do participante.
Segundo Collis e Hussey (2005), o método quantitativo envolve coletar e
analisar dados numéricos e aplicar testes estatísticos, enquanto o método qualitativo
é mais subjetivo e envolve examinar e refletir as percepções para obter um
entendimento de atividades humanas e sociais.
A pesquisa documental fundamentou-se em relatórios contábeis históricos de
controle de receitas, custos e despesas ocorridas durante o primeiro ano de
utilização do veículo, 2008, na rota definida, Rio Grande – Santa Cruz.
Após ter adquirido o conhecimento necessário sobre o método atual de
avaliação de investimento na aquisição de caminhões, o estudo focou-se para o
referencial teórico, a fim de encontrar na base bibliográfica um método de análise e
avaliação de investimento consagrado por autores e estudiosos da área econômico-
financeira, que apoiasse e aprimorasse como ferramenta de gestão, as decisões de
investimento, na aquisição de veículos de frota para transporte da empresa
estudada. Com base no referencial teórico, optou-se por aplicar como método de
avaliação do investimento em questão, o fluxo de caixa descontado, com destaque
para o fluxo de caixa do acionista.

4 Análise de investimento na aquisição de veículos de frota

7
4.1 A empresa e o processo decisório atual de investimentos em veículos de
frota

A pesquisa foi aplicada na VBR Logística Ltda, empresa de porte médio e de


capital fechado, criada em agosto de 1997 em Santa Cruz do Sul, no estado do Rio
Grande do Sul. Especializada em transportes, atua na prestação de serviços no
setor logístico. A empresa visa a atender as solicitações de seus clientes e aos
requisitos de seu sistema da qualidade, buscando continuamente, através do
compromisso dos colaboradores, o aperfeiçoamento de seus serviços, de tal forma a
se consolidar como uma das opções em transporte rodoviário e agenciamento de
cargas para importação e exportação de mercadorias a nível nacional e
internacional.
Atualmente a empresa utiliza uma forma empírica de avaliação, pois a análise
da viabilidade econômica utilizada para aquisição de novos caminhões, tem como
único objetivo demonstrar junto às instituições financeiras e bancos a
sustentabilidade que o projeto de investimento possui e assim obter linhas de crédito
para financiamentos, mais especificamente o FINAME que utiliza os recursos do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Assim,
observou-se com base nas informações levantadas junto à empresa, que não existe
uma ferramenta de gestão adequada que apóie o processo decisório atual,
especificamente no que diz respeito a maximizar o valor do capital do acionista ou
proprietário.

4.2 Aplicação da Metodologia Proposta: “Avaliação do Investimento”

Na avaliação do investimento em estudo, todo esforço que se fará a seguir


visa demonstrar o uso do fluxo de caixa do acionista como técnica de apoio ao
processo de avaliação de investimento na aquisição de caminhões, que tornará
viável o sucesso neste ramo de negócio.
Deste modo, cabe lembrar que a avaliação refere-se à aquisição de um
caminhão para prestação de serviços de transporte rodoviário de containeres,
específico da rota Rio Grande – Santa Cruz. O veículo foi adquirido no ano de 2008
pela empresa VBR Logística Ltda, sendo necessária somente à projeção dos anos
ainda não realizados. Como base, serão utilizados os resultados históricos da

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empresa em relação a esta rota, como também os dados já realizados pelo veículo
adquirido.
Assim visando à projeção do fluxo de caixa descontado, mostram-se
essenciais à pesquisa as seguintes premissas:
[a] Composição da receita: As receitas c/ prestação de serviços à vista
representam apenas 10% do total, sendo que as vendas a prazo variam de 15 a 40
dias. Projeta-se um crescimento anual das vendas de 10% com base no histórico da
empresa (em um cenário pessimista, provável e otimista), percentual já composto
pelo crescimento real e inflação.
[b] Impostos incidentes sobre a prestação de serviços: Incidem sobre a receita
de prestação de serviços o PIS e Cofins a uma alíquota de 9,25%. Cabe lembrar que
o estudo trata apenas da rota Rio Grande – Santa Cruz, dentro do estado do Rio
Grande do Sul.
[c] Custos dos serviços prestados: Com base no histórico obtido junto à
empresa, será utilizada uma margem de lucro bruto de 53% (os custos são
compostos por abastecimento, Pneus e Mão-de-obra).
[d] Despesas operacionais: Com base nas despesas ocorridas no ano de
2008, foi projetado um acréscimo de 10% ao ano com despesas operacionais em
um cenário pessimista (as despesas operacionais são compostas por Peças, Seguro
total do veículo e despesas gerais (Pedágio, etc.)).
[e] Despesa com depreciação: A depreciação será calculada a taxa de 20%
ao ano sobre o valor de aquisição do caminhão (R$ 212.800,00).
[f] Despesas financeiras (Juros): Representa o valor pago de juros conforme
quadro 01.
[g] IRPJ e CSLL: O imposto de renda de pessoa jurídica e contribuição social
sobre o lucro líquido serão calculados à alíquota de 24%.
[h] Pagamento principal de dívidas/financiamento: Será considerado
investimento os gastos relativos ao esforço da empresa na aquisição/compra de um
novo caminhão, sendo que, conforme quadro 01, o veículo foi financiado via contrato
bancário FINAME com juros de 9% ao ano, juros acumulados sobre saldo devedor,
com prazo de pagamento de cinco anos. O FINAME adota o Sistema de
Amortização Constante (SAC).
[i] Valor residual: Para o valor residual foi considerada uma taxa de
desvalorização de 15% ao ano, baseada no preço médio da tabela FIPE para o

9
mesmo modelo de caminhão em estudo, marca VOLVO e modelo VM 310 4x2 2p
(diesel), ano de fabricação 2008. Consulta realizada em outubro de 2009.

QUADRO 01 – Financiamento do caminhão


t Ano Saldo Devedor Amortização Juros Prestação
0 2008/1 212.800,00 - - -
1 2008/2 170.240,00 42.560,00 19.152,00 61.712,00
2 2009 127.680,00 42.560,00 15.321,60 57.881,60
3 2010 85.120,00 42.560,00 11.491,20 54.051,20
4 2011 42.560,00 42.560,00 7.660,80 50.220,80
5 2012 - 42.560,00 3.830,40 46.390,40
Total 212.800,00 57.456,00 270.256,00

É importante também destacar, para elaboração do fluxo de caixa, que o


prazo de recuperação do investimento será de cinco anos conforme estipulado pela
empresa. Pelo fato do estudo avaliar a aquisição de um caminhão já adquirido em
2008, serão projetados somente os anos de 2009, 2010, 2011 e 2012, conforme
apresentado no quadro 02, com base nas premissas econômico-financeiras.

QUADRO 02 – Projeção de Resultados


Contas 2008 2009 2010 2011 2012
(+) Receita Bruta de Serviços 167.462,0 184.208,2 202.629,0 222.892,0 245.181,2
Prestados 6 7 9 0 0
15.490,2 17.039,2 18.743,1 20.617,5 22.679,2
(-) PIS e Cofins (1,65% e 7,6%) 4 6 9 1 6
151.971,8 167.169,0 183.885,9 202.274,4 222.501,9
(=) Receita Líquida de Vendas 2 0 0 9 4
62.938,9 69.232,8 76.156,1 83.771,7 92.148,8
(-) Custos dos Serviços Prestados 3 2 1 2 9
89.032,8 97.936,1 107.729,8 118.502,7 130.353,0
(=) Lucro Bruto 9 8 0 8 5
7.007,7 7.708,5 8.479,4 9.327,3 10.260,1
(-) Despesas Operacionais 9 7 3 7 1
42.560,0 42.560,0 42.560,0 42.560,0 42.560,0
(-) Despesa com Depreciação 0 0 0 0 0
19.152,0 15.321,6 11.491,2 7.660,8 3.830,4
(-) Despesas Financeiras (Juros) 0 0 0 0 0
112.531,9
(+) Outras Receitas (Valor Residual) - - - - 3
20.313,1 32.346,0 45.199,1 58.954,6 186.234,4
(=) Lucro antes do IR 0 1 7 1 8
4.875,1 7.763,0 10.847,8 14.149,1 44.696,2
(-) IRPJ e CSLL (15% e 9%) 4 4 0 1 7
15.437,9 24.582,9 34.351,3 44.805,5 141.538,2
(=) Resultado Líquido 6 7 7 0 0

Observa-se no quadro 02 que o resultado líquido do ano de 2008 é formado


pelas receitas, custos e despesas incorridas durante o primeiro ano de utilização do
caminhão na prestação de serviços de transporte rodoviário. Os demais resultados
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foram projetados de acordo com as premissas apresentadas anteriormente. Cabe
destacar ainda, que a base de cálculo do IR e CSLL para o ano de 2012 está
majorada em função do valor residual do caminhão.
De acordo com o exposto na seção 2.4 (Fluxo de Caixa do Acionista), nota-se
que este fluxo de caixa é obtido após o pagamento de despesas operacionais,
pagamento do principal de dívidas/investimento, juros e principalmente de qualquer
desembolso necessário a fim de manter a taxa de crescimento dos fluxos
projetados, conforme exposto no quadro 03.

QUADRO 03 – Fluxo de Caixa do Acionista


Contas 2008 2009 2010 2011 2012
15.437,9 24.582,9 34.351,3 44.805,5 141.538,2
(=) Resultado Líquido 6 7 7 0 0
42.560,0 42.560,0 42.560,0 42.560,0 42.560,0
(+) Despesa com Depreciação 0 0 0 0 0
57.997,9 67.142,9 76.911,3 87.365,5 184.098,2
Fluxo de Caixa Operacional 6 7 7 0 0
61.712,0 57.881,6 54.051,2 50.220,8 46.390,4
(-) Pgto.Principal Dívidas/Investimento 0 0 0 0 0
(3.714,0 9.261,3 22.860,1 37.144,7 137.707,8
Fluxo de Caixa Livre do Acionista 4) 7 7 0 0

Dessa forma, a taxa de desconto para o fluxo de caixa do acionista será


calculada com base no custo do capital próprio. Não será utilizado o modelo de
precificação de ativos de capital em sua íntegra (CAPM), deste modo, fazem-se
necessárias as respectivas adaptações no cálculo do capital próprio, visto que se
trata de uma empresa de médio porte e de capital fechado.
Como taxa livre de risco, Schmidt e Santos (2005) sugerem a utilização da
poupança, em vista que no mercado brasileiro depara-se com o problema de não se
encontrarem títulos do governo de longo prazo, e os títulos de curto prazo
denominados em moeda local, apresentam um passado de elevadas taxas de juros,
o que inviabiliza a utilização desses títulos como taxa livre de risco.
A apuração do cálculo do retorno esperado sobre o índice de mercado, é
sugerida por Tomazoni e Menezes (2002) a utilização do chamado “Risco - Brasil”,
pois os dados referentes a taxas e betas de mercados maduros são somados a
adequações matemáticas ao “Risco - Brasil”. O coeficiente beta do ativo avaliado,
neste caso uma empresa de capital fechado, é estimado pela regressão dos
retornos históricos em comparação com os retornos de mercado, o que dificulta sua
aplicabilidade neste estudo.

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Assim, utiliza-se como taxa de desconto 12,0836%, Portal Brasil (2009), que
se refere a soma do rendimento da caderneta de poupança no ano de 2008
(7,9036% a.a.) com o prêmio de risco equivalente ao “Risco - Brasil” do ano de 2008
(4,1800%). O coeficiente beta fica prejudicado para este tipo de empresa. Dessa
forma, após determinado o custo de capital próprio, deve-se aplicá-lo como taxa de
desconto para o cálculo do fluxo de caixa do acionista descontado, conforme o
quadro 04 apresenta:

QUADRO 04 - Fluxo de Caixa do Acionista Descontado


Fluxo de Caixa do Fator de Fluxo de Caixa do Acionista
Anos Acionista desconto Descontado
2008 (3.714,04) 1,0000000000 (3.714,04)
2009 9.261,37 0,8921911859 8.262,91
2010 22.860,17 0,7960051121 18.196,81
2011 37.144,70 0,7101887450 26.379,75
2012 137.707,80 0,6336241385 87.254,99
Total 136.380,41

Através do que foi demonstrado no quadro 04, conclui-se que dentro dos
cinco anos de avaliação definidos pela empresa e com base no resultado obtido
através desta técnica, observa-se que o valor presente líquido é positivo (R$
136.380,41), o que representa a criação de valor para os proprietários.
Apenas como medida de comparação foi aplicada para o cálculo do mesmo
fluxo de caixa, conforme o quadro 05, uma taxa de desconto de 20% que, segundo
informado pela diretoria da empresa, é a taxa mínima de atratividade que se espera
do investimento. Dessa forma, apesar da utilização de uma taxa maior, observa-se
também um VPL positivo (R$ 107.784,67).

QUADRO 05 - Fluxo de Caixa do Acionista Descontado (comparativo)


Fluxo de Caixa do Fator de Fluxo de Caixa do Acionista
Anos Acionista desconto Descontado
2008 (3.714,04) 1,0000000000 (3.714,04)
2009 9.261,37 0,8333333333 7.717,81
2010 22.860,17 0,6944444444 15.875,12
2011 37.144,70 0,5787037037 21.495,78
2012 137.707,80 0,4822530864 66.410,01
Total 107.784,67
Assim, os resultados apresentados nos quadros 04 e 05, evidenciam que na
utilização de ambas as taxas de desconto, o valor presente líquido é positivo, ou
seja, o investimento na aquisição deste caminhão para prestação de serviços de

12
transporte rodoviário de containeres, específico da rota Rio Grande – Santa Cruz,
maximiza a riqueza do proprietário, ou ainda, cria e agrega valor à empresa.

5 Considerações finais

O trabalho teve como principal objetivo identificar e avaliar o método atual de


análise de investimento na aquisição de caminhões utilizados na prestação de
serviços de transporte rodoviário logístico da empresa VBR Logística Ltda, assim
como avaliar a viabilidade de investimento realizado pela empresa em sua frota.
Conforme conhecimento adquirido através desta pesquisa, entende-se que o
administrador financeiro da empresa em estudo deve utilizar o fluxo de caixa do
acionista descontado como técnica para maximizar a riqueza ou o valor total do
investimento, ou seja, usar os princípios financeiros como referência em suas
decisões, visando sempre a atingir a melhor rentabilidade.
Nesse sentido, constatou-se que a empresa necessita de instrumentos
gerenciais de análise e avaliação de investimentos mais eficientes, pois atualmente
não dispõe de uma técnica gerencial que demonstre se o projeto de investimento
está maximizando ou minimizando o valor da empresa.
Foi proposta nessa avaliação o fluxo de caixa do acionista descontado com
base no custo do capital próprio tendo em vista a sua maior aplicabilidade, pois este
estudo trata de um investimento específico de uma empresa de médio porte e de
capital fechado.
Conclui-se também que através dos resultados dos cálculos do fluxo de caixa
do acionista descontado, foi evidenciada a real criação de valor para os
proprietários, referente a aquisição de um caminhão para transporte de containeres.
Também foi possível constatar que esta técnica demonstra e estima o valor de um
novo investimento projetando o resultado de seus custos e receitas, obrigando a
empresa a planejar e controlar todos os seus investimentos a serem realizados e,
apresentando novas oportunidades a serem estudadas.
Por fim, sugere-se que outros acadêmicos realizem estudos na área
financeira, especificamente em análise de investimento, principalmente no que se
refere à definição do custo do capital próprio para empresas brasileiras de capital
fechado, de pequeno e médio porte, familiares ou não, visando a otimização das

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ferramentas gerenciais de decisão em investimentos, auxiliando as mesmas no
enfrentamento de um mercado cada vez mais globalizado e competitivo.

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