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1. Generalidades
Como já é sabido, para que o organismo se mantenha vivo e funcionante é necessário que ele receba um
suprimento constante de material nutritivo. Muitos alimentos ingeridos precisam ser solubilizados e sofrer modificações
químicas para que sejam absorvidos e assimilados, e nisso consiste a digestão, ou seja, um conjunto de fenômenos que
tem por finalidade transformar os alimentos ingeridos em compostos químicos mais simples e assimiláveis pelo
organismo.
Ao conjunto de órgãos especialmente adaptados para que estas funções ocorram, denomina-se sistema digestório.
Então suas funções são: preensão, mastigação, deglutição, digestão e absorção de alimentos, bem como a eliminação
de resíduos sob forma de fezes.
3. Cavidade oral
É a primeira porção do tubo digestório.
3.1. Limites
- Anterior: lábios
- Lateral: bochechas
- Superior: palato
- Posterior: istmo das fauces (passagem que comunica a cavidade oral com a orofaringe)
3.2. Divisão
A cavidade oral é dividida em duas porções: vestíbulo da boca e cavidade própria da boca.
O vestíbulo da boca é o espaço situado entre os lábios e bochechas de um lado e as gengivas e dentes do outro. O
restante, até o limite posterior, constitui a cavidade própria da boca.
3.3. Lábios
Os lábios da boca, superior e inferior, são constituídos de músculos (principalmente o orbicular da boca) e
glândulas, e cobertos por pele (externamente) e mucosa (internamente).
Os lábios, superior e inferior, unem-se no nível do ângulo da boca.
A pele dos lábios termina numa linha evidente e ligeiramente elevada, sendo substituída por uma zona de
transição entre a pele e a mucosa, denominada zona vermelha dos lábios.
3.4. Bochechas
As bochechas, que constituem os limite laterais da cavidade oral, são constituídas por músculos (principalmente o
bucinador) e revestidas internamente por mucosa e externamente por pele.
3.5. Palato
O palato constitui o limite superior da cavidade oral, vulgarmente chamado céu da boca. O palato divide-se em
palato duro e palato mole (ou véu palatino).
O palato duro corresponde à parte anterior e óssea do palato, enquanto que o palato mole é posterior e muscular.
No palato mole nota-se uma saliência cônica mediana, a úvula palatina.
4. Faringe
É importante lembrar mais uma vez que a parte oral da faringe (orofaringe) comunica-se com a cavidade própria
da boca através do istmo das fauces; a parte laríngea (laringofaringe) comunica-se com a laringe; e, além disso, a faringe
é continuada pelo esôfago.
Nas paredes laterais da orofaringe nota-se a existência de duas pregas de cada lado, que correspondem aos arcos
palatoglossos e palatofaríngeos. O arco palatoglosso encontra-se numa situação mais anterior, dirigindo-se à língua. O
arco palatofaríngeo ocupa uma posição mais posterior, dirigindo-se à parede lateral da faringe. O recesso triangular
existente entre os dois arcos é denominado fossa tonsilar e aloja a tonsila palatina (“amígdala”).
5. Esôfago
O esôfago é um tubo muscular com cerca de 25 a 30 cm de comprimento, que se estende da extremidade inferior
da faringe até o estômago. Podemos distinguir três porções no esôfago: parte cervical, torácica (a maior destas) e
abdominal. No tórax, o esôfago situa-se anteriormente à coluna vertebral e posteriormente à traquéia. Para atingir o
abdome, atravessa o diafragma e quase imediatamente desemboca no estômago. A luz do esôfago aumenta durante a
passagem do bolo alimentar, o qual é impulsionado por contrações da parede esofágica. Esses movimentos são
denominados movimentos peristálticos.
6. Estômago
O estômago é uma dilatação do tubo digestório que se segue ao esôfago e se continua no intestino. Está situado
logo abaixo do diafragma, com sua maior porção à esquerda do plano mediano. Inicia a digestão das proteínas e absorve
líquidos (principalmente água e álcool). Costuma-se considerar no estômago as seguintes partes:
- Cárdia: corresponde a junção com o esôfago.
- Fundo gástrico: situado superiormente a um plano horizontal que tangencia a junção gastroesofágica. O
fundo normalmente contém ar deglutido durante a alimentação.
- Corpo gástrico: corresponde à maior parte do órgão.Limita-se à porção entre a cárdia, fundo e parte pilórica.
- Parte pilórica: parte terminal, continuada pelo intestino delgado. (Na parte pilórica ocorre uma condensação
de feixes musculares longitudinais e circulares que constituem um mecanismo de abertura e fechamento do
óstio para regular o trânsito do bolo alimentar. Este dispositivo é denominado piloro).
7. Intestino
O estômago é continuado pelo intestino delgado e este pelo intestino grosso. Essas denominações logicamente
se devem ao calibre que apresentam.
8. Peritônio
Os órgãos abdominais são revestidos por uma membrana serosa em maior ou menor extensão denominada
peritônio, que apresenta duas lâminas: peritônio parietal (reveste as paredes da cavidade abdominal) e peritônio
visceral (envolve as vísceras). As duas lâminas são contínuas, permanecendo entre elas uma cavidade virtual, a cavidade
peritoneal, que contém uma pequena quantidade de líquido. Alguns órgãos abdominais situam-se junto à parede posterior
do abdome e, nesses casos, o peritônio parietal é anterior a eles, diz-se então que essas vísceras são retroperitoneais, como
por exemplo os rins e o pâncreas.
9. Glândulas salivares
As glândulas salivares são responsáveis pela secreção da saliva. Anatomicamente podemos dividi-las em
glândulas salivares maiores e menores.
As glândulas salivares maiores são: parótida, submandibular e sublingual. Todas essas glândulas são pares.
As glândulas salivares menores compreendem as glândulas labiais, da bochecha, molares, palatinas, e linguais.
Essas glândulas são pequenas e situam-se nos lábios, nas bochechas, no palato e na língua.
O conjunto das secreções de todas essas glândulas, maiores e menores, denomina-se saliva. A saliva tem em parte
função física e em parte função química. A função física corresponde à propriedade que tem a saliva de umedecer e
lubrificar os alimentos. A função química corresponde à ação das enzimas existentes na saliva que iniciam a primeira fase
da digestão. Segue-se abaixo a descrição das glândulas salivares maiores.
- Glândula parótida: é a maior das três glândulas salivares maiores. Situa-se ântero-inferiormente ao meato
acústico externo e posteriormente ao ramo da mandíbula. O canal excretor da parótida, o ducto parotídeo,
apresenta cerca de 5cm de comprimento, sai da face lateral da glândula dirigindo-se anteriormente sobre o
masseter e após dobrar-se em ângulo quase reto perfura o músculo bucinador e abre-se na cavidade oral no
nível da coroa do segundo molar superior.
- Glândula submandibular: apresenta-se como um corpo arredondado biconvexo situado próximo à face
interna do ângulo da mandíbula. O ducto submandibular sai da glândula, dirige-se anteriormente e abre-se
na cavidade oral ao lado do frênulo da língua.
- Glândula sublingual: é um órgão longo e achatado localizado na face interna da mandíbula próxima aos
dentes anteriores. A glândula sublingual apresenta de 8 a 20 ductos sublinguais menores, que se abrem
separadamente no soalho da boca, e o ducto sublingual maior que desemboca junto com o ducto
submandibular ao lado do frênulo da língua.
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10. Fígado
É a maior glândula do corpo. Está situado logo abaixo do diafragma, quase todo no hipocôndrio direito
(quadrante superior direito da cavidade abdominal). O fígado apresenta duas faces, a diafragmática e a visceral. A face
diafragmática apresenta-se convexa e voltada para o diafragma e a face visceral é aplanada e voltada inferiormente para
as vísceras. Na face visceral do fígado podemos identificar quatro lobos: direito, esquerdo, caudado e quadrado. Entre o
lobo direito e o quadrado situa-se a vesícula biliar, formação saculiforme responsável pelo armazenamento da bile
secretada pelo fígado.
Entre o lobo caudado e o quadrado existe uma fenda denominada porta do fígado. Os elementos que passam por
esta porta são denominados em conjunto de pedículo hepático e fazem parte dele: a artéria hepática, a veia porta, os
ductos hepáticos, os nervos e linfáticos.
Na face diafragmática pode-se identificar os lobos hepáticos direito e esquerdo separados por uma prega do
peritônio. O fígado tem várias funções: a primeira delas, já comentada, é a secreção da bile, que ajuda (através dos sais
biliares) na digestão e absorção da gordura; síntese de proteínas; mecanismos de coagulação; desintoxicação;
armazenamento de ferro cobre, vitaminas e glicogênio; e é um importante órgão hematopoiético no feto.
A bile produzida no fígado sai do fígado através da porta do fígado pelo ducto hepático comum que se une ao
ducto cístico da vesícula biliar e forma o ducto colédoco. Portanto, a bile que sai do fígado pelo ducto hepático comum e
desce pelo colédoco, retorna e entra na vesícula pelo ducto cístico, onde é armazenada e concentrada. Isso é possível
graças a um mecanismo muscular do ducto colédoco que faz com que a bile vá em direção à vesícula biliar.
Posteriormente a bile é eliminada no duodeno.
11. Pâncreas
Situa-se posteriormente ao estômago e divide-se em cabeça, corpo e cauda. A cabeça encontra-se acoplada ao
duodeno, o corpo disposto transversalmente e a cauda é a extremidade esquerda, afilada, que continua o corpo.
O pâncreas é uma glândula endócrina à medida que secreta insulina e glucagon, e exócrina já que produz o suco
pancreático.
O suco pancreático é recolhido pelo ducto pancreático, que se estende no interior do pâncreas e drena
juntamente com o ducto colédoco na papila maior do duodeno. Algumas vezes existe um ducto pancreático acessório,
que drena isoladamente na papila menor do duodeno.