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Qualidade no ensino superior:

O Papel da Universidade de R$ 1,99

Se repararmos na propaganda feita por algumas universidades, nos lembraremos dos


comerciais de supermercados ou lojas de produtos vendidos a R$ 1,99. Precinho baratinho
para que todos possam freqüentar.

O sonho de todo professor seria que todos tivessem acesso à universidade,


preferencialmente à públicas, pergunto:

Então que tipo de profissionais certas universidades estão formando hoje?

Todos passamos pelo período da alfabetização para atingirmos outros níveis de


conhecimento e para isto precisamos ter uma professora alfabetizadora competente. O que
tenho visto, e não raras vezes, são professores alfabetizadores que tiveram acesso à
universidade sim, mas acesso a estas que são famosas por seus comerciais de “liquidação” de
cursos, pessoas que tiveram acesso ao ambiente escolar e não ao conhecimento.

Temos hoje em dia pedagogos e profissionais de outras áreas, sendo formados em


universidades que não se preocupam nem ao menos se o aluno escreve e fala corretamente.

Por que isto tem acontecido?

A resposta é simples, algumas universidades entenderem a educação como produto


cujo propósito é dar lucro simplesmente e desta forma não conseguiremos formar
profissionais realmente competentes, reflexivos, completos.

Muitos alunos que tem acesso a estas universidades são egressos da rede pública de
ensino , trazem como bagagem muitas falhas em seu aprendizado, seja por falta de recursos
das escolas, seja por falta de vontade de alguns profissionais. São alunos que chegam à
universidade sem ao menos saber escrever direito, pois o que tinha que ser feito pela escola
nos níveis de escolarização que antecedem a universidade não foi feito, mas como passaram
no vestibular tem direito a freqüentar seus cursos.

Se o estudante vem de um sistema falho até o ensino médio e a universidade oferece


os tais cursos de R$ 1,99, ela deve ao menos fazer o que não foi feito no ensino médio, deve
dar o suporte para que ao final do curso seus alunos sejam formados integralmente, que sejam
cidadãos éticos e no mínimo escrevam e falem corretamente. Que sejam profissionais que
possam competir no mercado de trabalho da mesma forma que os formados pelas
universidades públicas.

É louvável a iniciativa de tais universidades manterem cursos a preços populares, pois


assim facilitamos o acesso ao ensino superior a todos, sabemos que uma mensalidade escolar
pesa e muito no orçamento, mas ofertar cursos baratos sem qualidade é o mesmo que não
ofertar nada ou pior ainda, é o mesmo que prometer dar uma bola e ao final entregar uma
bolha de sabão.
O aluno que ingressa no ensino superior o faz cheio de sonhos, imaginando que ao
final do curso ele possa progredir profissional e financeiramente e muitas vezes este sonho se
vê destruído por conta do desrespeito da universidade com relação a este aluno, quando a
instituição escolar que teria obrigação de forma-lo de forma completa não o faz.

É necessário que ao término dos cursos tenhamos formado profissionais realmente


competentes que ao freqüentar um curso de graduação adquiriram conhecimento e não
termos universidades que simplesmente fornecem um diploma em 36, 48 ou 60 vezes, pois
seus cursos não tem a menor qualidade.

Uma universidade se faz com professores comprometidos, com ética e respeito ao ser
humano, pois ensinar de qualquer forma é negar ao cidadão a possibilidade de crescimento.

Sabemos que o próprio mercado de trabalho vai selecionar os profissionais depois de


formados, mas sabemos também que até o profissional com formação deficiente acaba sendo
absorvido por este mercado, portanto é necessária uma urgente mudança de objetivos das
universidades para que a educação não seja apenas mais um produto a ser vendido e sim um
bem maior a ser conquistado.

Autora: Yara R. Gonçalves Dias

Consultora em Segurança especialista em escolas e condomínios.Graduada em Direito e Pedagogia,


cursando último semestre do MBA em Gestão Estratégica de Segurança Empresarial.

Artigo publicado no jornal Diário da Manhã, Goiânia – GO - 27/10/2009

e-mail: yara@eagleseg.com.br

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