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Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Centro de Tecnologia (CT)


Departamento de Engenharia Civil e Ambiental (DECA)
Disciplina: Mecânica dos Fluidos
ATIVIDADES EXPERIMENTAIS:
DENSIDADE DE LÍQUIDOS, VISCOSIDADE DE
ÓLEOS LUBRIFICANTES E MEDIDAS DE
PRESSÃO
Profa. Albanise Barbosa Marinho
Profa. Ana Cristina Souza Da Silva
Prof. Gerald Norbert Souza da Silva
João Pessoa, PB
Setembro - 2021
EXPERIÊNCIA 01 - DENSIDADE DE LÍQUIDOS
1. OBJETIVO DA PRÁTICA
Determinar a densidade relativa de substâncias líquidas.
2. BASE TEÓRICA
• A determinação da massa específica de líquidos é comumente realizada através de
picnômetros, densímetros e balança hidrostática.
• O picnômetro é um recipiente de volume e massa conhecidos. Através de pesagem determina-
se a massa do líquido a ser ensaiado, e daí dividindo-se pelo volume do picnômetro obtém-se a
massa específica.
Picnômetro de 50 ml

Enchê-lo com o produto


Pesar o picnômetro vazio
(nesse caso, água)

Substituir as massas
e dividir pelo volume

Pesar o picnômetro cheio


MÉTODO DO PICNÔMETRO

 Para medir a densidade relativa (em relação à água) de um líquido, considere:


• m1 a massa do picnômetro vazio,
• m2 a massa do picnômetro cheio com o líquido, cuja densidade relativa se deseja
determinar,
• m3 a massa do picnômetro cheio de água pura (na prática, água destilada).

 A densidade relativa do líquido em questão é obtida a partir da equação abaixo:

í
.

onde:
mlíquido= m2 − m1 é a massa do líquido em questão que ocupa o volume V do picnômetro, e
mH2O = m3 − m1 , é a massa da água pura que ocupam o mesmo volume V .
• O densímetro baseia-se no efeito do empuxo. Consiste de um
mergulhador ligado a uma haste graduada. Como o empuxo é
proporcional à massa específica, a haste ficará tanto menos
imersa quanto mais denso for o líquido, e assim a massa
específica pode ser determinada.

Posição correta para leitura


de densímetro no plano da superfície líquida

POSIÇÃO FINAL

POSIÇÃO INICIAL
A balança de Westphal é um tipo de balança hidrostática, de braço desigual usada para a
determinação de densidades de líquidos e que utiliza massas calibradas em um braço com
escala decimal.
Dez entalhes são marcados no braço longo, numerados de 1 a 10. A balança tem um
conjunto de cinco jinetillos (pesos, cavaleiros ): dois grandes que, embora diferentes em
forma e função, têm o mesmo peso, e outros três menores, cujos pesos são o décimo, o
centésimo e o milésimo desses, respectivamente.

Cada massa é um submúltiplo decimal da


massa necessária para balancear a força de
empuxo que surge, quando o mergulhador é
imerso na água destilada a 4oC.
Em outras palavras, as massas utilizadas
são ; 0,1m; 0,01m; etc.
PESOS

IMERSÃO EM VIDRO
PARAFUSOS ALINHAMENTO
HORIZONTAL

SAL QUE SE DISSOLVE NA


ÁGUA
BALANÇA DE WESTPHAL
EXPERIÊNCIA 01 - DENSIDADE DE LÍQUIDOS
2. BASE TEÓRICA
• Quando o mergulhador é suspenso no ar pela
extremidade do braço b, e o instrumento é nivelado
(por meio do parafuso ajuste da base c) os pontos d e
e deverão estar exatamente opostos um do outro.

• Se o mergulhador é imerso em água destilada a 4 °C, e


a maior das massas (m) é colocada no mesmo gancho
em que se encontra o mergulhador, o efeito de
empuxo é anulado e o equilíbrio é restabelecido.

• Se o mergulhador é imerso no líquido que se deseja


determinar a densidade, as massas calibradas, não
necessariamente todas, deverão ser colocadas nas
ranhuras adequadas, de modo que o efeito do empuxo
seja por elas anulado, e o equilíbrio restabelecido.
EXPERIÊNCIA 01 - DENSIDADE DE LÍQUIDOS
2. Base teórica
Onde E é a força de empuxo dada por, g, sendo  o volume do mergulhador, e l é a
distância de m a o.
O somatório de momentos será então:
(1)

Aplicando o somatório dos momentos em torno de o, para a condição de equilíbrio, temos:


𝑙 𝐸

(2)

𝑙 ⋅ 𝑚 + 𝑙 ⋅ 𝑚 + ⋯+ 𝑙 ⋅𝑚 ⋅𝑔
E a massa específica será dada então por:

(3)
EXPERIÊNCIA 01 - DENSIDADE DE LÍQUIDOS

2. Base teórica
Para água destilada a 4°C, temos:

, ° (4)

A densidade do líquido vai ser, então:

(5)
, °

Como:
Temos: (6)
EXPERIÊNCIA 01 - DENSIDADE DE LÍQUIDOS

2. Base teórica

• Como exemplo, digamos que para a determinação da densidade de certo líquido, o


equilíbrio tenha estabelecido quando m foi colocado na posição 8, 0,1m em 3 e 0,01m
em 2. A densidade deste fluido será então 0,832.

• Observa-se do exemplo anterior que o número da ranhura em que m foi colocado (8),
dá o primeiro algarismo significativo, o número da ranhura em que 0,1m foi colocado
(3) dá o segundo algarismo significativo e assim por diante.
EXPERIÊNCIA 01 - DENSIDADE DE LÍQUIDOS

3. Equipamentos

• Balança de Westphal, onde l = 10 cm; mergulhador = 6,043 cm ; m = 5 g


• Picnômetro de 500 ml de balança de braço triplo;
• Densímetro com escala em graus GL (alcoômetro)
• Amostra de álcool etílico hidratado
EXPERIÊNCIA 01 - DENSIDADE DE LÍQUIDOS

4. PROCEDIMENTOS

4.1 Alcoômetro
Imergir o alcoômetro na proveta contendo a solução álcool-água e determinar o
índice ºGL da solução.

VÍDEO 1
EXPERIÊNCIA 01 - DENSIDADE DE LÍQUIDOS

4. PROCEDIMENTOS

4.2 Picnômetro
Através da balança de braço triplo determinar a massa do picnômetro vazio. Em
seguida enche-lo com a solução e determinar sua massa total.

VÍDEO 2
EXPERIÊNCIA 01 - DENSIDADE DE LÍQUIDOS

4. PROCEDIMENTOS

4.3 Balança de Westphal

a) Nivelar a balança com o mergulhador suspenso no ar conforme explicado no item 2;

b) Imergir o mergulhador na proveta contendo a solução e colocar as massas m, 0,1m e


0,01m nas ranhuras adequadas de modo que seja restabelecido o equilíbrio;

c) Anotar a temperatura da solução e o número da ranhura em que cada massa foi


colocada.

VÍDEO 3
EXPERIÊNCIA 01 - DENSIDADE DE LÍQUIDOS
5. DADOS

Picnômetro Densímetro Balança de Westphal

Peso (g) 148,90 °GL 80 Massa (m) Peso (g) Ponto (cm)
Peso Pic. + fluido (g) 587,19 1 5 8
Volume (cm³) 500 0,1 0,5 4
0,01 0,05 3
EXPERIÊNCIA 01 - DENSIDADE DE LÍQUIDOS

5. RESULTADOS ESPERADOS

a) Calcular a densidade e massa específica da solução através da figura 4 e da leitura do alcoômetro.

b) Calcular a massa específica e densidade através dos dados e medidas do picnômetro.

c) Calcular a densidade e massa específica através das medidas da balança hidrostática.

6. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

a) Determinar os desvios entre os valores encontrados com o alcoômetro e o picnômetro com relação
aquele encontrado com a balança de Westphal.

b) Discutir sobre as várias fontes de erro presentes em cada um dos processos.


BIBLIOGRAFIA

HANDBOOK OF CHEMISTRY AND PHISICS. Cleveland, Ohio. Chemical


Rubber Publish-ing Co. 1973 - 1974.

TUVE, G. L. & DOMHOLT, L. C. “Engeneering Experimentation”. Nova


York. Mcgraw Hill Book Company. 1966.
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES
1. OBJETIVO DA PRÁTICA
• Determinar a viscosidade de um óleo lubrificante automotivo para várias temperaturas e
fazer a classificação segundo a SAE.

2. BASE TEÓRICA
• A viscosidade de fluidos pode ser medida por vários métodos, por exemplo:

(a) pelo torque necessário para girar um cilindro no líquido, tais como instrumentos de
Michael e Storner, usados para óleos e líquidos viscosos;
(b) pelo tempo necessário para que uma esfera caia através do líquido, como no
instrumento de Gardner Holot usado para tintas e outros fluidos altamente viscosos;
(c) pelo tempo necessário para que o líquido escoe através de um pequeno tubo capilar
como nos viscosímetros Saybolt, Engler e Redwood.
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES

2. BASE TEÓRICA

• Os viscosímetros do tipo
capilar, possuem um
reservatório, onde se
coloca o líquido a ser
ensaiado, ligado ao tubo
capilar.
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES

2. BASE TEÓRICA
• A equação da energia aplicada entre a superfície liquida do fluido e a descarga do capilar
nos dá:
(1)

O termo h1 corresponde a perda por atrito e como o escoamento é laminar, esta perda é
dada pela equação de Hagen-Poiseulle:

(2)

Substituindo (2) em (1), e escrevendo a energia cinética de (1) em função da vazão


volumétrica Q, temos: Onde:
O quociente  (viscosidade absoluta) sobre  (massa
específica) , foi substituído por  (viscosidade
cinemática)
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES
2. BASE TEÓRICA
Explicitando , e substituindo Q por /t, sendo  o volume recolhido no tempo, obtemos:

(3)

Observamos que os termos em parênteses não variam para um dado viscosímetro.


A viscosidade cinemática será, portanto, dada por uma expressão do tipo:

(4)

• Na prática, os valores de A e B se afastam um pouco daqueles nos parênteses de (3),


uma vez que na sua dedução desprezamos as perdas na entrada e consideramos o
escoamento no capilar como totalmente desenvolvido, o que não é verdade, pois o tubo
é muito curto. Além disso, o escoamento não pode ser considerado permanente, pois o
nível do fluido diminuiu com o tempo.
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES

2. BASE TEÓRICA

(4)

• A viscosidade da maior parte dos líquidos diminui com a temperatura, o efeito oposto é
observado nos gases. A variação da viscosidade com a temperatura é de grande
importância na engenharia, em todos os problemas de escoamento de fluidos, atrito
hidráulico, bombas, ventiladores e principalmente em lubrificação.

• A influência da pressão na viscosidade é pouco significativa, salvo em equipamentos de


alta pressão. Por exemplo, a viscosidade de um óleo mineral a 250 atmosferas pode ser
considerada mesma que à pressão atmosférica.
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES
2. BASE TEÓRICA
• Para produtos de petróleo, verificou-se que a relação entre a viscosidade cinemática e a
temperatura, segue a equação empírica:

(5)

onde  é a viscosidade em cSt(10-6 m2/s), T a temperatura absoluta em oK e , 


constantes específicas de cada óleo, determinadas experimentalmente.

• Essa relação, conhecida como equação de Walther, posta num papel Log(Log) x Log,
logaritmo do logaritmo versus logaritmo, figura 3, resulta em uma reta com coeficiente
linear  e coeficiente angular . Considerando:
a relação de Walther pode ser escrita como:
(6)
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES
2. BASE TEÓRICA
A relação de Walther pode ser escrita como:

(6)

• Para se determinar os valores de  e  a partir de uma série de pontos experimentais


(X,Y), pode-se utilizar o método dos mínimos quadrados. Segundo este método de
regressão linear, os coeficientes da reta que melhor se aproxima de um conjunto de
pontos dados, são determinados pelas expressões:

(7) n - número de pontos;


- coeficiente linear;
- coeficiente angular.
(8)
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES
2. BASE TEÓRICA
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES

2. BASE TEÓRICA
Para classificar o óleo, determina-se as
viscosidades a 0 °F (≈ -18 °C) e 210 °F (≈ 99
°C) e verifica-se em qual ou quais faixas a
viscosidade se enquadra. O índice W indica
classificação a 0 °F.

Óleos cuja viscosidade se enquadram


simultaneamente nas faixas a 0 °F e a 210 °F são
óleos multiviscosos, isto é, óleos cuja
viscosidade varia pouco com a temperatura. Tais
óleos são recomendados na lubrificação de
motores de automóveis,
por proporcionarem lubrificação eficiente, tanto
em baixas temperaturas (manhã fria), como em
altas temperaturas (meio dia nos dias de verão).
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES
3. EQUIPAMENTOS

• O viscosímetro utilizado nesta experiência é de tubo capilar tipo Engler com aquecimento
elétrico, Fig. 2.
• Para este viscosímetro, a relação entre o tempo de escoamento de 200ml do fluido cuja
viscosidade se deseja determinar, e o tempo de escoamento de igual volume de água
destilada a 20°C, é uma medida da viscosidade cinemática na unidade chamada grau
Engler. Ou seja:

( . ° )

• O tempo para água a 20oC, obtido neste laboratório foi de 52,0 segundos.
• As constantes A e B de (4) foram igualmente determinadas, sendo obtidos A=0,147
e B=374, para  em centistokes(10-6 m2/s), t é o tempo necessário para recolher
200ml de fluido.
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES
3. EQUIPAMENTOS
01 Viscosímetro Engler
01 Erlenmeyer de 50 ml
01 Cronômetro
02 Termômetros de mercúrio
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES

4. PROCEDIMENTOS

a) Encher a cuba externa do viscosímetro com água potável para banho térmico.

b) Tampar o orifício capilar com o pino de madeira e encher a cuba central com o fluido que
se deseja determinar a viscosidade, de maneira que sua superfície livre coincida com os
pinos existentes na parede da cuba. Nivelar o instrumento fazendo com que os três pinos
toquem simultaneamente a superfície do fluido.

c) Recolher 50 ml do fluido através do reservatório adequado, marcando o tempo de


escoamento através do cronômetro, anotando o tempo e a temperatura do fluido. O tempo
para 200 ml pode ser obtido multiplicando o tempo de 50 ml por 4.
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES

4. PROCEDIMENTOS

d) Repetir os itens (b) e (c) para no mínimo cinco temperaturas, variando de ambiente até um máximo
de 70 °C. O aquecimento se faz ligando o interruptor do transformador, desligando-se quando
atingida uma temperatura ligeiramente superior à desejada, e esperando-se que as temperaturas das
cubas interna e externa, se igualem. Enquanto o aquecimento estiver ligado, a lâmpada vermelha do
transformador permanecerá acesa.

VÍDEOS
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES
5. DADOS:

t (s)
Nº da medida T (ºC)
200 ml
1 25,0 2125,88
2 36,5 829,36
3 45,5 528,52
4 55,0 358,12
5 66,0 243,88
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES

5. RESULTADOS

(a) Traçar em planilhas eletrônicas a Viscosidade (cSt) versus Temperatura (oC), para a
substância ensaiada.
(b) Lançar os pontos (,T) em gráfico loglog x log, fornecida, e ajustar os pontos obtidos a
uma reta.
(c) Ainda através do gráfico do item (b) determinar os coeficientes  e  da relação de
Walther.
(d) Interpolar a reta obtida no item (b) determinar as viscosidades a -17,78oC e a 98,89oC,
e classificar o óleo segundo o Quadro 1 da SAE .
EXPERIÊNCIA 02 – VISCOSIDADE DE ÓLEOS LUBRIFICANTES

6. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

• Discutir a conveniência em se expressar os resultados do item (a) através da


equação (5) obtida em (b).
• Comentar quaisquer observações efetuadas durante a experiência.
BIBLIOGRAFIA
Tuve, G.L. & Domholdt L.C. “Engineering Experimentation” Nova York. Mc.
Graw Hill Company – 1966.

Ismail, K.A.R. “Fenômenos de Transferência - Experiências de Laboratório”


Rio de Janeiro - Editora Campus – 1982.

Fox, R.W. & Mc. Donald A.T. “Introdução à Mecânica dos Fluidos”. Rio de
janeiro - Editora Guanabara Dois – 1981.
Obrigada!

albanise.marinho@academico.ufpb.br

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