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Brasil
2 de abril de 2019
RODRIGO BARBOSA COSTA
Brasil
2 de abril de 2019
RODRIGO BARBOSA COSTA
MONITOR DE CORRENTE ALTERNADA UTILIZANDO ARDUINO / RODRIGO BARBOSA
COSTA. – Brasil, 2 de abril de 2019-
53 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm.
Brasil
2 de abril de 2019
Este trabalho é dedicado aos meus pais,
que sempre me apoioaram e se dedicaram à minha educação.
Também a todos que contribuíram de forma direta ou indireta na minha formação acadêmica.
Agradecimentos
Em primeiro lugar, agradeço a Deus por ter me dado força, sabedoria e saúde para
enfrentar as dificuldades e superá-las.
A minha mãe Helena por todo esforço e tempo dedicados à minha educação, bem como,
pelo incentivo. Ao meu pai Perivaldo por todo apoio e incentivo dado e, também, ao meu irmão
Rafael por tudo que fizeram e que passaram comigo, não esquecendo de todos os familiares que
estiveram junto nesta jornada.
Ao professor João Cláudio pela orientação e disponibilidade, que a todo momento
se colocou à disposição para a realização deste projeto, assim como a todo corpo docente e
funcionários da universidade.
Não esquecendo de agradecer aos meus amigos pelo tempo de distração e apoio durante
meu percurso, entre eles: Cláudia, Manoelito, Kécia, Victor, entre outros.
"Sucesso é a combinação de fracassos,
erros, começos errados, confusão,
e da determinação de continuar tentando mesmo assim."
(Nick Gleason)
Resumo
Este trabalho tem como objetivo a montagem de um sistema de monitoramento de corrente
alternada produzido com o intuito de ser aplicado nos laboratórios de física como parte
dos equipamentos didáticos. Este projeto foi desenvolvido sobre uma plataforma de sistemas
embarcados, composto por um sensor toroidal indutivo, um circuito elevador de tensão e uma
placa de processamento (Arduino). Além da construção do sistema, fez-se um estudo da teoria
envolvida para auxiliar no entendimento do eletromagnetismo. O grande destaque na utilização
deste projeto vai para o funcionamento no processo de aquisição de grandezas elétricas por
um método não invasivo, além de permitir o monitoramento em tempo real. Além disso, a
programação do Arduino fica por conta da criatividade e da necessidade do usuário. Os resultados
obtidos com o sistema foram comparados com resultados medidos utilizando osciloscópio
para se ter a confiabilidade dos resultados. Por fim, este sistema permite o aprimoramento e a
customização de acordo com a necessidade, além de compor mais um no método de ensino.
1 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.1 Conceitos Fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.2 Arduino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2.1 O que é Arduino? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.3 Sensor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.3.1 Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.3.2 Análise Física . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.3.2.1 Cálculo do campo magnético em torno de um fio reto infinito . . . . . . . . . . . . 22
3.3.2.2 Campo Magnético - Lei de Ampère . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.3.2.3 Fluxo Magnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.3.2.4 Processo de Indução - Lei de Faraday . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.3.2.5 Indutância Mútua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4 MONTAGEM DO SISTEMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.1 Especificações técnicas do sensor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.1.1 Núcleo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.1.2 Bobina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.2 Construção do Sensor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.3 Elevação do nível DC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.4 Filtragem do sinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.5 Programação do Arduino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5 PROCEDIMENTOS E RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.1 Aquisição das grandezas utilizando Arduino . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.2 Calibração do sensor e determinação de K . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.2.1 Leitura da tensão induzida via Arduino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.2.2 Leitura da tensão induzida via osciloscópio . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.2.3 Leitura da corrente do circuito primário e cálculo de K . . . . . . . . . . . . 44
5.3 Erros associados e possíveis melhorias . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
1 Objetivos
2 Introdução
3 Fundamentos Teóricos
Neste capítulo será abordado alguns conceitos fundamentais para entender o compor-
tamento da eletricidade em um circuito. Além disso, será feita uma breve abordagem sobre
os componentes do sistema e algumas definições. Também será discutido o funcionamento do
sensor, bem como os fenômenos e as propriedades físicas envolvidas.
ω = 2π f . (3.2)
de carga em que, conhecendo-se o valor da sua resistência e com o valor de tensão medido
entre os terminais do mesmo, aplica-se a equação macroscópica da Lei de Ohm para calcular a
corrente:
V = RI. (3.4)
Figura 1 – Diagrama de ligação de um multímetro utilizado para medir corrente. Na Figura (a)
indica o modo correto para ligação e em (b), indica o modo incorreto.
entrada analógica de uma placa de Arduino o qual converterá este sinal em dados e apresentará
o comportamento da corrente na tela do computador por meio da função Monitor Serial do
programa Arduino IDE. Devido ausência de outros dispositivos ao longo do circuito em análise,
este sistema de monitoramento aumenta a precisão dos dados coletados e não interfere no
funcionamento do mesmo.
Este sistema de monitoramento de corrente pode ser utilizado para fazer um acompanha-
mento diário do consumo de energia elétrica, possibilitando a comparação dos resultados obtidos
com os valores fornecidos ao final do mês pela concessionária de energia elétrica, conforme sugere
FIGUEIREDO (2016). De maneira mais específica, tal sistema pode ser aplicado em apenas um
aparelho e os resultados obtidos podem ser utilizados para auxiliar no dimensionamento mais
adequado da instalação elétrica.
Além do monitoramento direcionado para o fornecimento de dados, este sistema pode
compor parte do circuito de um equipamento, funcionando como dispositivo de proteção contra
sobretensão e/ou sobrecorrente, impedindo que este excesso chegue ao aparelho quando tal
evento desse for identificado.
Para este sistema de monitoramento é utilizado uma plataforma de sistemas embarcados
em que, sinais captados pelo um sensor é enviado à uma central de processamento, a qual
"responde"através de dados legíveis pelo usuário e/ou comandos para atuadores (FIGUEIREDO,
2016). No mercado atual grande parte dos equipamentos e utilitários seguem esta plataforma de
sistemas embarcados, ressaltando a grande importância no dia a dia e a evolução da tecnologia.
Uma maneira de exemplificar o uso de sistemas embarcados e destacar o grande avanço
que trouxe na vida dos usuários, ponderando o tempo em que ganhou o mercado e substituiu
os sistemas puramente mecânicos, é no funcionamento de um veículo com motor a combustão,
onde todo o combustível injetado na câmara é gerenciado por uma central eletrônica que, a partir
da leitura feita pelos sensores, processa estes dados e envia comandos para o eletro-injetor e aos
demais atuadores. Esta central eletrônica também é responsável por diversas funções do veículo
sendo que algumas delas permitem a interação com o usuário.
Diferente do que se tem nos veículos atuais, os sistemas carburados são puramente
mecânicos e exige uma calibração manual com mais frequência. Além disso, as falhas no sistema
ocorrem com mais constância, não permitindo correções de maneira automática.
É muito comum de encontrar em prédios com mais de um pavimento, os elevadores
que também são equipamentos controlados por uma central eletrônica que, em conjunto com os
sensores de posição, atuam diretamente no funcionamento do motor e faz suas paradas no andar
indicado pelo usuário.
Estes são exemplos bastante comuns e que estão ao alcance da maioria da população.
Mas as aplicações são muito mais amplas do que é visto no dia a dia. Desenvolvidos inicialmente
para o setor industrial, a tecnologia de sistemas embarcados foi ganhando credibilidade e, devido
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 19
3.2 Arduino
Apesar da diversidade de plataformas para o desenvolvimento de sistemas embarcados, a
escolha do Arduino se deu pela acessibilidade ao dispositivo principal e aos periféricos (sensores
e atuadores), uma vez que são comercializados em diversas lojas virtuais com custo relativamente
baixo e possibilita uma infinidade de aplicações. Outro fator que contribuiu para a escolha deste
dispositivo foi a linguagem de programação empregada que permite a manipulação por qualquer
pessoa com uma noção básica e o vasto acervo de informações sobre o mesmo.
3.3 Sensor
No estudo dos sistemas de automação voltados para a indústria, comércio, automobilismo,
residência e vários outros segmentos, é fundamental que haja um mecanismo de aquisição de
dados para que o sistema embarcado (ou módulo de processamento) interprete e atue de acordo
com o software de controle do seu microcontrolador. Para essa necessidade, empregam-se os
sensores. Nesta seção é apresentado o conceito e as definições de um sensor.
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 21
3.3.1 Definições
Segundo WENDLING (2010), sensor é um dispositivo com a função de informar um
circuito eletrônico sobre determinado evento que ocorre na parte externa do sistema e, a partir dos
valores fornecidos, o circuito comanda uma ação. Estes dispositivos são sensíveis a algum tipo de
energia presente no ambiente, podendo ser térmica, cinética, elétrica, luminosa, etc. relacionada as
informações obtidas com a grandeza física que o sensibilizou, tais como: temperatura, velocidade,
corrente, pressão, e etc.
Estes dispositivos podem ser classificados em sensores analógicos ou digitais, diferenciado
pelo tipo de sinal transmitido ao microprocessador. Para os analógicos, o sinal de entrada ou
saída pode assumir qualquer valor, desde que esteja de acordo com a sua faixa de operação. Já
em relação aos digitais, o sinal admite apenas dois valores ao longo do tempo, podendo ser
interpretados como zero ou um. Mas, como não existe grandeza que seja quantificada desta
maneira, este sinal é enviado ao microprocessador onde, por meio de um código computacional,
será convertido para as grandezas apropriadas (WENDLING, 2010).
O sensor desenvolvido neste projeto é usado no monitoramento da corrente alternada. Ele
é classificado como analógico, uma vez que, o mesmo, possui sinal de saída assumindo qualquer
valor em uma faixa preestabelecida. Este sensor é composto de um núcleo com formato toroidal,
no qual foi enrolado um fio esmaltado formando uma bobina. Esta bobina será sensibilizada pela
corrente transportada por um fio que passa no interior deste toróide, induzindo uma tensão.
O sensor utilizado neste sistema, assim como os outros, não fornecem as caraterísticas
elétricas suficiente para serem utilizados diretamente em um sistema de controle, ou seja, os
dados fornecidos pelo sensor só expressam um valor significativo depois de passar por um
processamento. Supondo, ainda, os casos em que estes sensores, ao serem sensibilizados por uma
energia externa, produzem um sinal de saída com variação de tensão muito baixa, isto implica no
uso de um circuito amplificador com filtro de ruído. Este circuito ampliará o nível do sinal e
reduzirá as interferências geradas por fatores externos, para que seja efetivada a transmissão das
informações ao módulo de processamento com maior qualidade.
Após a estabilização do sinal do sensor, seguiu-se para o processamento dos dados
utilizando-se uma central eletrônica que, para este caso, foi adotado um Arduino MEGA 2560.
Os fenômenos físicos envolvidos neste sensor são detalhados na seção 3.3.2
uma bússola foi colocada próximo a um condutor e observou-se que a agulha assumia direções
diferentes quando havia uma corrente elétrica percorrendo este condutor. Após diversas análises,
verificou-se que o campo magnético é proporcional a intensidade da corrente que o produz
(JEWETT; SERWAY, 2012).
®= µ0 I d®s × r̂
dB , (3.5)
4π r 2
em que µ0 é a constante de permeabilidade magnética no vácuo, r é a distância do elemento
de comprimento d®s até ponto P e o vetor unitário r̂ é orientado de d®s para P, conforme está na
Figura 3.
Para ilustrar esta equação, considere um fio infinito posicionado sobre o eixo x do plano
cartesiano, transportando uma corrente I, conforme a Figura 4.a. Aplicando a Lei de Biot-Savart
para determinar o módulo e a direção do campo magnético gerado por I no ponto P em uma
distância "a"do fio. Considera-se um elemento de comprimento d®s, a uma distância r do ponto P.
Adotando o sistema cilíndrico de coordenadas, notemos que a direção do campo magnético no
ponto P aponta para fora da página. Esta direção se deve à resultante do produto vetorial:
h π i
d®s × r̂ = |d®s × r̂| k̂ = dxsen − φ k̂ = [dx cos (φ)] k̂
2
® Substituindo o resultado deste produto vetorial na
onde d®s e r̂ estão em um plano ortogonal a B.
Equação (3.6), temos:
µ0 I dx cos (φ)
∫ ∫
B® = (dB)k̂ = k̂ (3.7)
4π r2
Observe na Figura 4 que x e r variam de acordo com o ângulo. Logo, pode-se expressá-los em
função de φ:
a
r= (3.8)
cos φ
e
x = −a tan φ (3.9)
φ2
µ0 I
∫
B= cos(φ)dφ, (3.11)
4πa φ1
Figura 4 – Um fio longo com espessura desprezível que transporta uma corrente I.
Uma maneira prática de determinar a direção do campo magnético gerado por um fio é
através da Regra da Mão Direita em que, posicionando o polegar paralelamente à direção da
® é dada pelos quatro dedos que "seguram o fio", conforme a Figura 5.
corrente, a direção de B
Figura 5 – Regra da Mão Direita indicando a direção da corrente que percorre um fio e o campo
® ao redor deste fio.
magnético B
circular e avaliando o produto escalar B ® · d®s e integrando ao longo de todo o caminho, notemos
que os vetores B® e d®s são paralelos em qualquer ponto nesse círculo de raio a. Então, temos que
® · d®s = Bds. Como B
B ® é constante em qualquer ponto do caminho circular, chegamos a equação
µ0 I
∮ ∮
B · d®s = B ds =
® (2π a) = µ0 I (3.13)
s s 2π a
Figura 6 – Fio longo, reto e de raio R, que transporta uma corrente I com distribuição uniforme
através da seção transversal.
Para o cálculo do campo magnético em um ponto da parte externa do fio, com distância r
do centro utilizando a Lei de Ampère, consideremos a simetria do fio. De antemão, é importante
salientar que o resultado esperado deve ser equivalente ao obtido por meio da Lei de Biot-Savart
aplicada nesta mesma circunstância, conforme visto na seção 3.3.2.1.
Adotemos então o caminho 1, Figura 6, onde d®s é o elemento de comprimento do círculo
de raio r, paralelo ao campo magnético em cada ponto deste caminho. Devido à simetria do fio,
o campo magnético B ® é constante ao longo de todo elemento d®s.
® obtemos o
Recorrendo à Equação 3.14 fazendo todas a considerações e isolando B,
módulo do campo magnético:
µ0 I
B= . (3.15)
2π r
Com este resultado, percebe-se que o campo magnético gerado por um fio pode ser obtido a
partir da Lei de Biot-Savart ou por meio da Lei de Ampère, diferenciando-os apenas pelas
considerações a serem feitas em cada procedimento.
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 26
Em suma, define-se a Lei de Ampère como "A integral de Linha de s B ® · d®s em volta de
∮
qualquer caminho fechado é igual a µ0 I, onde I é a corrente estável total que passa por qualquer
superfície limitada pelo caminho fechado: s B® · d®s = µ0 I"(JEWETT; SERWAY, 2012).
∮
Vale salientar que no interior do fio condutor, indicado na Figura 6 pelo caminho 2,
também pode ser calculado a intensidade do campo magnético. Entretanto, para o desenvolvimento
deste projeto, este resultado não é necessário e por isso foi desconsiderado.
Figura 7 – Fluxo Magnético gerado pela corrente transportada pelo fio, através de uma área plana
retangular.
sendo I M áx a corrente máxima (de pico), ω é a frequência angular, dada pela Equação (3.2), t
representa o tempo e φ a defasagem da corrente em relação a tensão.
Vale ressaltar que, como a corrente alternada é definida por uma variação temporal,
no processo de integração da Equação (3.18) é considerada constante, uma vez que não sofre
influência de dr.
indicado no visor do amperímetro e o sinal representa a direção da corrente induzida que percorre
o fio. Quando o imã cessa seu movimento, independente da sua posição, o valor exibido pelo
multímetro é nulo, indicando que não há corrente através do fio. Quando o imã retoma o seu
movimento, agora se afastando da espira, o multímetro indica o valor da corrente induzida que
percorre o fio, desta vez com o sinal oposto ao inicial, indicando a direção desta corrente.
Figura 8 – Campo magnético gerado por um imã que varia sua posição em relação á espira.
Estas observações demonstram que o processo de indução só ocorre caso haja um campo
magnético variante e o sentido da corrente induzida é diretamente influenciado pelo sentido do
movimento deste campo. (JEWETT; SERWAY, 2012)
Outra maneira de descrever a indução eletromagnética é por meio do experimento feito
por Faraday, exposto na Figura 9 e descrito detalhadamente por (NUSSENZVEIG, 2012), em que
uma bobina primária, enrolada em parte de um núcleo de ferro toroidal, é ligada a uma bateria.
Uma bobina secundária é enrolada no lado oposto deste núcleo e conectada a um amperímetro.
Quando a chave é ligada, a corrente que percorre o circuito produz um campo magnético na
bobina primária que provoca um fluxo magnético no interior do núcleo. Este fluxo, ao passar
pela bobina secundária induz uma fem que gera uma corrente induzida no fio que é captada pelo
amperímetro.
É importante ressaltar que esta fem induzida só ocorre no instante em que a chave é ligada
ou desligada, em um curto espaço de tempo. Isto é porque apenas no instante em que o valor
da corrente na bobina primária sai de zero e atinge um valor estável ou vice-versa que se tem
® Tal restrição se deve ao fato de que, para existir corrente induzida, o campo
uma variação de B.
magnético que atravessa as espiras da bobina secundária deve ser variável.
A partir do que foi comentado das Figuras 8 e 9, percebe-se que uma fem induzida só
é observada se houver uma variação temporal do fluxo magnético que atravessa uma espira.
Portanto, expressa-se matematicamente a fem induzida por meio da Lei da Indução de Faraday:
dΦB
E=− , (3.21)
dt
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 29
em que ΦB é o fluxo magnético que atravessa uma espira, dado pela Equação (3.16).
O sinal negativo presente na Equação (3.21) para o cálculo da fem induzida é explicado
pela Lei de Lenz, a qual enuncia que, a corrente induzida tende a se opôr a causa que a produz
(MARTINS, 1975), isto é, "O sentido da corrente induzida é aquele que tende a se opor à
variação do fluxo através da espira"(NUSSENZVEIG, 2012).
Para uma bobina com N espiras simétricas, ligadas em série, o fluxo magnético que
atravessa cada uma destas espiras induz uma parcela de fem que, somadas ao longo das N espiras,
obtém-se o valor total da fem induzida, descrita por:
dΦB
E = −N . (3.22)
dt
Supondo ainda uma espira de área A, submetida a um campo uniforme B ® que forma
um ângulo θ com a normal desta área. A fem induzida só será produzida pela componente
® paralela a normal de A. Dessa forma, o fluxo magnético que atravessa esta espira é
de B
ΦB = B ® · dA
® = BdA cos(θ). Isso implica que:
∫ ∫
s
∫
d
E=− ® · n̂dA .
B (3.23)
dt s
Em suma, podemos afirmar que uma fem induzida existirá se houver uma variação
temporal do módulo de B,® uma variação na área ortogonal à direção do campo magnético,
® e a normal da área ou a combinação entre estes
variação temporal do ângulo formado entre B
eventos.
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 30
A corrente induzida, gerada pela força eletromotriz induzida, que percorre a Bobina 2 é
captada pelo amperímetro conectado à mesma. Todavia, tal equipamento só exibirá um valor não
nulo enquanto a corrente que percorre a Bobina 1 variar temporalmente.
A Figura 10.b representa o processo inverso, ou seja, a corrente da Bobina 2 é que gera
um campo magnético que, ao variar em função do tempo, induzirá uma fem na Bobina 1. Apesar
de representar o processo inverso, a interpretação deste fenômeno é a mesma da Figura 10a.
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 31
Embora M12 e M21 tivessem sido tratadas de forma individual, elas representam uma
constante de proporcionalidade cujo os valores são iguais, ou seja, M12 = M21 = M. Isto se deve
à proporcionalidade existente entre a corrente elétrica que gera o campo na bobina primária
e a fem induzida na bobina secundária. Logo, as equações (3.25) e (3.26) se transformam,
respectivamente, em:
dI1
E2 = −M (3.27)
dt
e
dI2
E1 = −M . (3.28)
dt
32
4 Montagem do Sistema
4.1.1 Núcleo
• Diâmetro Interno (Dint ): 0,009m;
4.1.2 Bobina
• Número de espiras: 220;
A Figura 12 mostra um núcleo toroidal, semelhante ao que foi utilizado para a construção
do sensor. Considerou-se que o mesmo possui área plana transversal retangular devido a própria
Capítulo 4. Montagem do Sistema 34
geometria, o que facilitou o cálculo das grandezas envolvidas, representada em corte na Figura
13.
Figura 13 – Representação em corte do núcleo.
Sabe-se que o valor da corrente alternada é dado pela Equação (3.20), a frequência
angular é dada pela Equação (3.2) e a bobina possui 220 espiras. Ademais, a frequência da
rede elétrica no Brasil é de 60Hz. Com estes dados, é possível obter uma expressão para a fem
induzida. Para isso, considera-se a Equação (3.22):
dΦB
E = −N ,
dt
sendo o fluxo magnético:
µI h
R2
Φ= ln ,
2π R1
chega-se á:
d µI h
R2
E = −N · ln .
dt 2π R1
Logo:
N µh
R2 dI
E=− · ln · . (4.1)
2π R1 dt
Notemos que todas as grandezas são constantes em relação ao tempo, com exceção da
corrente por ser alternada, dada por:
I = I M áx .sen(ωt),
dI π
= I M áx .ω.cos(ωt) = I M áx .ω.sen(ωt − ) (4.2)
dt 2
Substituindo a Equação (3.2) e (4.2) em (4.1) tem-se:
π
R2
E = N µ.h.ln .I M áx . f .sen 2π f t − .
R1 2
Sabendo que a função seno é limitada e o seu valor máximo é 1. Portanto, considera-se:
R2
E M áx = N.µ.h.ln . f .I M áx. (4.3)
R1
uma função senoidal semelhante a onda produzida por uma tensão alternada. Os valores foram
simulados apenas para uma demonstração do funcionamento do circuito. Notemos que parte
Capítulo 4. Montagem do Sistema 37
desta onda está abaixo do eixo horizontal, a qual não seria contabilizada pelo microcontrolador
do Arduino. Já a Figura 15-b, representa o sinal após fazer a elevação do nível DC. Observemos
que o deslocamento do sinal provocou uma translação de eixo e colocou esta tensão inicial (2,5V)
como centro do sistema de coordenadas isto é, 2,5V, referente ao número 512 na conversão
analógica para digital do Arduino, representa o 0,0A da rede elétrica. Isto possibilita que o sinal
gerado pela bobina seja lido completamente, desde que esteja dentro da faixa de operação.
A faixa de operação desta bobina é calculada a partir da Equação 4.5. Sabendo que a
tensão máxima de entrada, suportada pelo Arduino, é de 5V e o circuito elevador, sem o sinal do
sensor, coloca a tensão no nível de 2,5V, conforme na Figura 15, conclui-se que a tensão máxima
induzida (E M áx ) pela bobina deve oscilar de -2,5V a +2,5V.
Figura 15 – a) Gráfico do sinal sem elevação. b) Gráfico do nível de sinal DC com elevação de
2,5V.
da placa, esta programação pode ser feita de acordo com a finalidade do projeto e a necessidade
do usuário.
Figura 17 – Janela de programação do Arduino com comentário das funções de cada comando.
ormente, na função Setup, iniciou-se a comunicação das portas que utilizadas na transferência
de dados. Na função Loop, a qual é responsável pela repetição dos ciclos de leitura, definiu-se
os valores que cada variável receberá durante cada ciclo. O comando delay é responsável por
definir o intervalo de tempo entre leituras consecutivas. Neste caso, o parâmetro "0"indica que
não haverá atrasos no tempo entre os ciclos e o microprocessador funcionará em sua velocidade
máxima com a resolução de 1ms. A janela de programação com o código mencionado está
disponível na Figura 17 e em formato textual no Apêndice A.
O acesso aos dados fornecidos durante todo o processo é possível através da opção
"Monitor Serial"ou "Plotter Serial", disponíveis no próprio aplicativo utilizado na programação
(Arduino IDE), fornecido pelo fabricante. No Monitor Serial, os dados são gerados de forma
numérica em uma tabela, a qual permite a cópia para outros softwares, possibilitando o tratamento
dos dados externamente. Já o Plotter Serial fornece os dados em forma de gráficos, permitindo
uma análise rápida dos dados lidos, assim como o comportamento da grandeza aferida pelo
sensor.
40
5 Procedimentos e Resultados
Aparelho Potência por aparelho (W) Corrente rms por aparelho (A)
2 Lâmpadas 70 0,52
1 Ferro de soldar 50 0,28
Fonte: Próprio autor.
Capítulo 5. Procedimentos e Resultados 41
πt πXc
f (t) = y0 + A.sen − , (5.2)
W W
Os gráficos resultantes deste tratamento são exibidos nas Figuras 18, 19, 20, 21. Os dados
gerados na construção destes gráficos estão disponíveis de forma mais detalhada nas tabelas do
Apêndice B. Os valores ajustados de E M áx estão disponíveis na Tabela 4 e, também, são dados
pela variável "A"na tabela de seus respectivos gráficos, presentes no apêndice mencionado.
Capítulo 5. Procedimentos e Resultados 42
Fazendo uma breve análise dos gráficos, percebe-se alguns pontos de "corte"nos picos da
senoide. Isto ocorre devido a sensibilidade do Arduino em que, na conversão do sinal do sensor,
de analógico para digital, a tensão induzida na bobina não foi suficiente para elevar mais 1 byte
no conversor.
no circuito primário I M áx , Tabela 4. Posteriormente, fez-se o ajuste linear (regressão linear)
dos pontos, afim de obter o valor de K com melhor precisão, o qual foi determinado pelo
coeficiente de inclinação da reta (slope), obtendo-se um K=0,03986 que, fazendo os devidos
ajustes matemáticos e análise dimensional para encontrar a unidade de medida chegamos em:
Figura 22 – Ajuste linear para obtenção de K a partir das medidas de tensão por meio do Arduino.
Os pontos são os valores medidos com a placa Arduino e a linha contínua é o ajuste
linear.
A partir dos dados da Tabela 5, referente ás medidas feitas com o osciloscópio, construiu-
se o gráfico da tensão máxima induzida na bobina em função da corrente máxima (de pico)
do circuito primário. Também foi feito um ajuste linear para se obter o valor de K com maior
precisão, sendo este determinado pela inclinação da reta (slope), cujo valor obtido foi K=0,03978.
Fazendo os devidos ajustes numéricos encontramos:
Figura 23 – Ajuste linear para obtenção de K a partir das medidas de tensão por meio do
osciloscópio. Os pontos são os valores medidos com o osciloscópio e a linha contínua
é o ajuste linear.
Comparando o valor de "K"calculados a partir dos dados coletado pelo Arduino com
o "K"calculado com as medidas feitas utilizando o osciloscópio, notou-se uma precisão nos
resultados com erros dentro uma faixa tolerável, o que demonstra um precisão aceitável do
sistema desenvolvido.
Com o valor desta constante K, torna-se possível a obtenção do valor da corrente que
passa por um circuito bem como o monitoramento do seu comportamento de forma não invasiva,
uma vez que esta constante é relacionada com a tensão induzida na bobina secundária, sem o
acoplamento de equipamentos ligados diretamente ao circuito primário.
O aperfeiçoamento deste sistema pode ser feito através de mudanças no código, utilizando
funções de programação mais sofisticadas, aumentando o número de voltas da bobina ou
substituindo o núcleo por outro de material mais adequado, afim de aumentar a sensibilidade do
sensor. De maneira mais extrema, o Arduino utilizado poderia ser substituído por outra placa
que disponha de um microprocessador com resolução acima de 10 bits, maior velocidade e
capacidade de processamento.
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Referências
GUEDES, M. Como medir Temperatura com o LM35 e o Arduino. 2017. Disponível em:
<https://www.arduinoportugal.pt/lm35-medindo-temperatura-arduino/>. Citado na página 37.
IFSC. Circuitos de Corrente Alternada I. São Carlos-SP, 2018. Citado 2 vezes nas páginas 15
e 16.
RAMBO, W. Alicate Amperímetro com Arduino - Curso de Arduino e AVR. 2017. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=1nrc1SWtJa4>. Citado na página 36.
Referências 50
VALNER. Medidores de grandezas elétricas. Prof.Valner. 2018. Citado 2 vezes nas páginas 16
e 17.
//SENSOR DE CORRENTE
const int sinal = A0; // Define o pino que receberá os dados do sensor;
int Tensao; // Variável que armazenará a tensão;
float T=0;
int Tempo=0; //Variável que contará o número de ciclos e relacionará com o tempo;
//Função que será executada uma vez quando ligar ou resetar o Arduino;
void setup()
Serial.begin(9600); // Inicializa a comunicação serial;
Serial.print("Tempo "); //Imprime nome das grandezas;
Serial.println("Tensão "); //Imprime nome das grandezas;
Figura 28 – Tabela com os parâmetros do ajuste linear, referente ao gráfico da Figura 22.
Figura 29 – Tabela com os parâmetros do ajuste linear, referente ao gráfico da Figura 23.