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RODRIGO BARBOSA COSTA

MONITOR DE CORRENTE ALTERNADA


UTILIZANDO ARDUINO

Brasil

2 de abril de 2019
RODRIGO BARBOSA COSTA

MONITOR DE CORRENTE ALTERNADA UTILIZANDO


ARDUINO

Trabalho de conclusão de curso apresentado á


Universidade Federal do Recêncavo da Bahia
como parte dos requisitos para obtenção do título
de Bacharel em Ciências Exatas e Tecnológicas.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA - UFRB


CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS - CETEC
BACHARELADO EM CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS - BCET

Orientador: Prof. Dr. João Cláudio Costa Pereira

Brasil
2 de abril de 2019
RODRIGO BARBOSA COSTA
MONITOR DE CORRENTE ALTERNADA UTILIZANDO ARDUINO / RODRIGO BARBOSA
COSTA. – Brasil, 2 de abril de 2019-
53 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm.

Orientador: Prof. Dr. João Cláudio Costa Pereira

Trabalho de Conclusão de Curso –


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA - UFRB
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS - CETEC
BACHARELADO EM CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS - BCET, 2019
1. Indução Magnética. 2. Sensor Toroidal. 3. Arduino. I. Dr.João Cláudio Costa Pereira.. II.
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. III. MONITOR DE CORRENTE ALTERNADA
UTILIZANDO ARDUINO
RODRIGO BARBOSA COSTA

MONITOR DE CORRENTE ALTERNADA UTILIZANDO


ARDUINO

Trabalho de conclusão de curso apresentado á


Universidade Federal do Recêncavo da Bahia
como parte dos requisitos para obtenção do título
de Bacharel em Ciências Exatas e Tecnológicas.

Trabalho aprovado. Brasil, 28 de fevereiro de 2019:

Prof. Dr. João Cláudio Costa Pereira


Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Prof. Leandro Cerqueira Santos


Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Prof. Pablo Pedreira Pedra


Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Brasil
2 de abril de 2019
Este trabalho é dedicado aos meus pais,
que sempre me apoioaram e se dedicaram à minha educação.
Também a todos que contribuíram de forma direta ou indireta na minha formação acadêmica.
Agradecimentos

Em primeiro lugar, agradeço a Deus por ter me dado força, sabedoria e saúde para
enfrentar as dificuldades e superá-las.
A minha mãe Helena por todo esforço e tempo dedicados à minha educação, bem como,
pelo incentivo. Ao meu pai Perivaldo por todo apoio e incentivo dado e, também, ao meu irmão
Rafael por tudo que fizeram e que passaram comigo, não esquecendo de todos os familiares que
estiveram junto nesta jornada.
Ao professor João Cláudio pela orientação e disponibilidade, que a todo momento
se colocou à disposição para a realização deste projeto, assim como a todo corpo docente e
funcionários da universidade.
Não esquecendo de agradecer aos meus amigos pelo tempo de distração e apoio durante
meu percurso, entre eles: Cláudia, Manoelito, Kécia, Victor, entre outros.
"Sucesso é a combinação de fracassos,
erros, começos errados, confusão,
e da determinação de continuar tentando mesmo assim."
(Nick Gleason)
Resumo
Este trabalho tem como objetivo a montagem de um sistema de monitoramento de corrente
alternada produzido com o intuito de ser aplicado nos laboratórios de física como parte
dos equipamentos didáticos. Este projeto foi desenvolvido sobre uma plataforma de sistemas
embarcados, composto por um sensor toroidal indutivo, um circuito elevador de tensão e uma
placa de processamento (Arduino). Além da construção do sistema, fez-se um estudo da teoria
envolvida para auxiliar no entendimento do eletromagnetismo. O grande destaque na utilização
deste projeto vai para o funcionamento no processo de aquisição de grandezas elétricas por
um método não invasivo, além de permitir o monitoramento em tempo real. Além disso, a
programação do Arduino fica por conta da criatividade e da necessidade do usuário. Os resultados
obtidos com o sistema foram comparados com resultados medidos utilizando osciloscópio
para se ter a confiabilidade dos resultados. Por fim, este sistema permite o aprimoramento e a
customização de acordo com a necessidade, além de compor mais um no método de ensino.

Palavras-chave: Indução Magnética. Sensor Toroidal. Arduino.


Abstract
This work aims to the assembly of an alternating current monitoring system produced in order to
be applied in physics laboratories as part of the equipment didactic This project was developed
on an embedded systems platform, composed of by an inductive toroidal sensor, a voltage boost
circuit and a processing board (Arduino). In addition to the construction of the system, a study was
made of the theory involved to understanding of electromagnetism. The main highlight in the use
of this project is the operation in the process of acquisition of electric quantities by a non-invasive
method, as well as allowing real-time monitoring. In addition, Arduino programming is because
of the creativity and the need of the user. The results obtained with the system were compared
with results measured using an oscilloscope to results. Finally, this system allows the improvement
and customization according to the need, in addition to composing one more in the method of
teaching.

Keywords: Magnetic Induction. Toroidal Sensor. Arduino.


Lista de ilustrações

Figura 1 – Diagrama de ligação de um amperímetro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17


Figura 2 – Arduino Mega 2560 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Figura 3 – Campo Magnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Figura 4 – Fio transportando uma corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Figura 5 – Regra da Mão Direita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Figura 6 – Fio longo de raio R. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Figura 7 – Fluxo através da área retangular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 8 – Campo magnético variando sua posição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Figura 9 – Experimento de Faraday . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 10 – Indutância Mútua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 11 – Núcleo toroidal utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 12 – Núcleo toroidal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Figura 13 – Representação em corte do núcleo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 14 – Circuito elevador DC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 15 – Elevação DC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Figura 16 – Sistema montado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 17 – Janela de programação do Arduino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 18 – Tensão induzida por uma corrente de 0,28A. . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 19 – Tensão induzida por uma corrente de 0,51A. . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 20 – Tensão induzida por uma corrente de 0,84A. . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 21 – Tensão induzida por uma corrente de 1,07A. . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 22 – Ajuste linear para obtenção de K obtido a partir dos gráficos. . . . . . . . . 45
Figura 23 – Ajuste linear para obtenção de K obtido com o uso do osciloscópio. . . . . . 46
Figura 24 – Tabela referente ao gráfico da Figura 18. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 25 – Tabela referente ao gráfico da Figura 19. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 26 – Tabela referente ao gráfico da Figura 20. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 27 – Tabela referente ao gráfico da Figura 21. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Figura 28 – Tabela referente ao gráfico da Figura 22. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Figura 29 – Tabela referente ao gráfico da Figura 23. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Lista de tabelas

Tabela 1 – Especificações Técnicas do Arduino Mega 2560. . . . . . . . . . . . . . . . 20


Tabela 2 – Aparelhos utilizados para variar a corrente no circuito primário. . . . . . . . 40
Tabela 3 – Parâmetros referentes à expressão senoidal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Tabela 4 – Valores ajustados da tensão induzida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Tabela 5 – Medidas das tensões induzidas através do osciloscópio digital. . . . . . . . 44
Sumário

1 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.1 Conceitos Fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.2 Arduino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2.1 O que é Arduino? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.3 Sensor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.3.1 Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.3.2 Análise Física . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.3.2.1 Cálculo do campo magnético em torno de um fio reto infinito . . . . . . . . . . . . 22
3.3.2.2 Campo Magnético - Lei de Ampère . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.3.2.3 Fluxo Magnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.3.2.4 Processo de Indução - Lei de Faraday . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.3.2.5 Indutância Mútua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

4 MONTAGEM DO SISTEMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.1 Especificações técnicas do sensor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.1.1 Núcleo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.1.2 Bobina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4.2 Construção do Sensor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4.3 Elevação do nível DC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4.4 Filtragem do sinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.5 Programação do Arduino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

5 PROCEDIMENTOS E RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.1 Aquisição das grandezas utilizando Arduino . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.2 Calibração do sensor e determinação de K . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.2.1 Leitura da tensão induzida via Arduino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.2.2 Leitura da tensão induzida via osciloscópio . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.2.3 Leitura da corrente do circuito primário e cálculo de K . . . . . . . . . . . . 44
5.3 Erros associados e possíveis melhorias . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS DE TRABALHOS FUTUROS 48


REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

APÊNDICE A – CÓDIGO COMPUTACIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . 51

APÊNDICE B – PARÂMETROS DOS GRÁFICOS EXIBIDOS NO CAPÍTULO


5. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
13

1 Objetivos

1.1 Objetivo Geral


Desenvolver um mecanismo capaz de fazer a leitura de corrente alternada utilizando
Arduino.

1.2 Objetivos Específicos


Analisar o funcionamento de um conjunto de elementos controlados por uma central de
processamento, caracterizando um Sistema Embarcado, e algumas aplicações no cotidiano.
Estudar lógica de programação utilizando a plataforma Arduino.
Montar um código de programação simplificado fazendo adaptações e incrementos a
partir de códigos disponíveis na internet, para fazer leituras de corrente alternada por meio de
um sensor.
Produzir um sensor de corrente elétrica para que seja utilizado nos laboratórios como
parte dos equipamentos didáticos utilizando Arduino.
Fazer um estudo sobre a Lei da Indução e suas aplicações.
Fazer medidas de corrente sem alterar o circuito original por meio da indução eletromag-
nética.
14

2 Introdução

O eletromagnetismo é a área da física que estuda os fenômenos ligados às grandezas


elétricas e magnéticas, bem como a interação entre as duas ramificações. Este projeto abordará
a interação destas grandezas de forma prática, fornecendo também fundamentos teóricos para
a interpretação dos fenômenos envolvidos, cálculo e dimensionamento durante o processo de
construção.
Neste trabalho será discutido a aplicação das plataformas de sistemas embarcado (Arduino)
no controle e operação de equipamentos elétricos, comparando com os sistemas puramente
mecânicos, os quais não passam por um sistema de verificação de funcionamento e controle,
ressaltando a vantagem da integração de sistemas na aplicação como método de automação.
Também será comparado o monitoramento da rede elétrica através de métodos convencionais
com este método não invasivo, utilizando sensor toroidal.
A idealização deste projeto surgiu a partir de um método não invasivo de aquisição de
grandezas elétricas desenvolvido na Universidade Federal de Passo Fundo por um aluno do
Programa de Pós-Graduação em Computação Aplicada, onde o autor produziu os sensores em
parceria com empresas do ramo e, associando à plataforma Arduino, desenvolveu um código
robusto, direcionando o sistema ao mercado consumidor (FIGUEIREDO, 2016).
Buscando direcionar este sistema para uma realidade mais acessível, com materiais
de baixo custo, de fabricação própria e uso didático, decidiu-se colocar o projeto em prática,
analisando também as características físicas envolvidas, dando uma abordagem mais didática
voltada para o estudo da física.
A divisão desse texto foi feita da seguinte maneira: no capítulo 3 é abordada toda a
fundamentação teórica sobre o sistema de monitoramento e de cada componente individualmente.
Na seção 3.1 é feita uma revisão bibliográfica abordando alguns conceitos fundamentais para
o entendimento das seções subsequentes. Também é exemplificada e discutida a utilização de
sistemas embarcados e os métodos tradicionais de aquisição de grandezas elétricas. Na seção
3.2 foi feita uma abordagem sobre o Arduino para entender o seu funcionamento como parte do
projeto. Na seção 3.3 são detalhados os conceitos de sensor e feita uma análise física, necessária
para o entendimento dos fenômenos envolvidos. No capítulo 4 descreve-se o procedimento feito
na montagem do sistema e os artifícios utilizados para a correção de alguns erros. No capítulo 5
descreveu-se todo o procedimento para aquisição e tratamento de dados utilizados na validação
deste projeto. As considerações finais e propostas de trabalhos futuros para possíveis aplicações
são apresentadas no capítulo 6.
15

3 Fundamentos Teóricos

Neste capítulo será abordado alguns conceitos fundamentais para entender o compor-
tamento da eletricidade em um circuito. Além disso, será feita uma breve abordagem sobre
os componentes do sistema e algumas definições. Também será discutido o funcionamento do
sensor, bem como os fenômenos e as propriedades físicas envolvidas.

3.1 Conceitos Fundamentais


A palavra circuito é definida como uma linha fechada que limita uma superfície ou
espaço, contorno ou perímetro.
Restringindo esta definição para circuitos elétricos, pode-se afirmar que é a ligação de
componentes elétricos em série e/ou paralelo de modo que forme um caminho fechado para a
circulação da corrente elétrica. Esta corrente representa o movimento ordenado de elétrons ao
longo do circuito ou, em outra forma, representa uma quantidade de cargas que passa em uma
dada seção do fio condutor em um intervalo de tempo,
dq
I= , (3.1)
dt
(NUSSENZVEIG, 2012), também definido como variação de carga em função do tempo.
Este movimento é originado pela diferença de potencial entre dois pontos, que orienta o
movimento dos elétrons do maior potencial para o menor. Basicamente, a corrente elétrica se
divide em dois tipos: Corrente Contínua (CC) e Corrente Alternada (CA). Para o primeiro tipo, o
fluxo de corrente é mantido em apenas uma direção e o seu valor não sofre alteração. Já para a
Corrente Alternada, o sentido do movimento das cargas oscila em função do tempo e o valor da
corrente obedece o formato de uma onda senoidal variando a sua intensidade e direção.
Nos circuitos de Corrente Contínua, o qual não há variação do sentido e da intensidade
da corrente em função do tempo, a resistência elétrica é a única grandeza que se manifesta em
oposição à passagem da corrente. Já nos circuitos de Corrente Alternada, onde o sentido e a
intensidade da corrente variam no tempo, surge, além dos efeitos da resistência elétrica, outros
fatores, influenciando na passagem da corrente elétrica, tais como: a indutância, quando o circuito
possui bobinas ou indutores, e a capacitância, quando o circuito possui capacitor.
Observando tal particularidade nos circuitos CA, em 1886 o termo Impedância foi
proposto por Oliver Heavside, relacionando a resistência total de um circuito com as grandezas
que expressam impedimento à passagem da corrente e determinando a razão entre tensão e
corrente. Assim, pode-se decompor a impedância em três componentes: a resistiva ( χR ), a
capacitiva ( χC ) e a indutiva ( χL ) (IFSC, 2018).
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 16

Ressaltando a variação temporal das grandezas envolvidas nos circuitos de tensão


alternada, segundo IFSC (2018) a análise da quantidade de ciclos por unidade de tempo faz surgir
o conceito de frequência linear, medida em Hertz (Hz), representada, usualmente, por f . Para
verificar a taxa de variação temporal da fase da corrente, usa-se a frequência angular (ω), medida
em rad/s. A relação entre essas duas grandezas é dada por:

ω = 2π f . (3.2)

Outra propriedade originada a partir da variação temporal do fluxo de corrente e do


comportamento senoidal da corrente alternada é a Tensão de Pico (Vp ). Esta representa a tensão
máxima atingida pela tensão. Seu valor no gráfico é determinado pelo ponto mais alto ou mais
baixo do sinal senoidal. Esta é pouco utilizada por não ser um fator de grande relevância ao
usuário final. Seu conceito é omitido devido à outra propriedade, denominada Tensão Eficaz
(Vrms ), a qual faz referência a um valor médio de tensão alternada, cujo mesmo valor de energia
poderia ser fornecido por uma fonte de tensão contínua. Este valor pode ser determinado conforme
a equação:
Vpico
Vrms = √ . (3.3)
2
Apesar de pouco mencionado no dia a dia por pessoas que não atuam na área, tais
conceitos estão mais presentes do que se imagina. Em uma tomada residencial de três pinos, por
exemplo, o que se mede nos dois pinos da extremidade é a tensão elétrica (Vrms ) cuja mesma deve
ser compatível com a tensão de funcionamento do aparelho, que deve ser conferida antes de ligar.
A corrente elétrica é outra grandeza que influencia no dimensionamento da instalação e
no consumo energético de um equipamento, quando comparado à outro com a mesma tensão de
funcionamento. Isso pode ser confirmado, por exemplo, quando ouvimos de um técnico que "um
chuveiro consome mais energia do que uma lâmpada convencional", ambos submetidos a mesma
tensão.
Para medir grandezas elétricas de um circuito em conformidade com as características
mencionadas anteriormente, o mercado atual de equipamentos eletrônicos oferece opções como o
osciloscópio e o multímetro, ambos digitais ou analógicos (VALNER, 2018). Nos dois aparelhos,
suas pontas de prova possuem duas vias que, conectadas paralelamente a um trecho do circuito,
medem a diferença de potencial.
Quando a finalidade é medir a corrente que passa em um determinado ponto de um
circuito, também podem ser usados os mesmos aparelhos citados acima, porém em funções e
escalas adequadas para este fim. É importante ressaltar que a configuração das pontas de prova
também muda em relação à medição da tensão. No caso do multímetro, para medir corrente,
o ponto do circuito deve ser aberto e cada ponta de prova deve ser conectada em uma das
extremidades do ponto interrompido, conforme é descrito na Figura 1, sendo caracterizada como
uma ligação em série. Quando se emprega o osciloscópio, é necessário a utilização de um resistor
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 17

de carga em que, conhecendo-se o valor da sua resistência e com o valor de tensão medido
entre os terminais do mesmo, aplica-se a equação macroscópica da Lei de Ohm para calcular a
corrente:
V = RI. (3.4)

Figura 1 – Diagrama de ligação de um multímetro utilizado para medir corrente. Na Figura (a)
indica o modo correto para ligação e em (b), indica o modo incorreto.

Fonte: Adaptado de G20Brasil (2019).

Diferente dos equipamentos ideais, os equipamentos reais apresentam uma determinada


escala de resistência elétrica devido aos componentes do circuito e dos materiais utilizados na
construção do mesmo. Estes procedimentos que modificam a configuração original do circuito
em análise, são caracterizados como métodos invasivos, implicando em possíveis alterações nas
leituras obtidas (VALNER, 2018).
Uma alternativa a ser adotada para melhorar a precisão das leituras é através de um
sistema de monitoramento de corrente alternada utilizando bobinas toroidais, o qual se destaca
diante dos métodos tradicionais por ser um sistema não invasivo, reduzindo assim os erros
associados ao equipamento.
Este monitoramento consiste na utilização de um núcleo de material adequado no formato
toroidal, com fio esmaltado enrolado paralelamente a sua seção transversal. Por dentro deste
toróide passará o fio do circuito que se deseja analisar o qual, por um processo de indução
eletromagnética promovido pela corrente deste fio, produzirá uma força eletromotriz (Tensão
Induzida) na bobina que, consequentemente, induzirá o movimento ordenado de elétrons (corrente
elétrica induzida). Este toróide será acoplado à um filtro e um circuito amplificador de sinal afim
de estabilizar e ampliar a tensão induzida no mesmo. Tal circuito amplificador será conectado a
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 18

entrada analógica de uma placa de Arduino o qual converterá este sinal em dados e apresentará
o comportamento da corrente na tela do computador por meio da função Monitor Serial do
programa Arduino IDE. Devido ausência de outros dispositivos ao longo do circuito em análise,
este sistema de monitoramento aumenta a precisão dos dados coletados e não interfere no
funcionamento do mesmo.
Este sistema de monitoramento de corrente pode ser utilizado para fazer um acompanha-
mento diário do consumo de energia elétrica, possibilitando a comparação dos resultados obtidos
com os valores fornecidos ao final do mês pela concessionária de energia elétrica, conforme sugere
FIGUEIREDO (2016). De maneira mais específica, tal sistema pode ser aplicado em apenas um
aparelho e os resultados obtidos podem ser utilizados para auxiliar no dimensionamento mais
adequado da instalação elétrica.
Além do monitoramento direcionado para o fornecimento de dados, este sistema pode
compor parte do circuito de um equipamento, funcionando como dispositivo de proteção contra
sobretensão e/ou sobrecorrente, impedindo que este excesso chegue ao aparelho quando tal
evento desse for identificado.
Para este sistema de monitoramento é utilizado uma plataforma de sistemas embarcados
em que, sinais captados pelo um sensor é enviado à uma central de processamento, a qual
"responde"através de dados legíveis pelo usuário e/ou comandos para atuadores (FIGUEIREDO,
2016). No mercado atual grande parte dos equipamentos e utilitários seguem esta plataforma de
sistemas embarcados, ressaltando a grande importância no dia a dia e a evolução da tecnologia.
Uma maneira de exemplificar o uso de sistemas embarcados e destacar o grande avanço
que trouxe na vida dos usuários, ponderando o tempo em que ganhou o mercado e substituiu
os sistemas puramente mecânicos, é no funcionamento de um veículo com motor a combustão,
onde todo o combustível injetado na câmara é gerenciado por uma central eletrônica que, a partir
da leitura feita pelos sensores, processa estes dados e envia comandos para o eletro-injetor e aos
demais atuadores. Esta central eletrônica também é responsável por diversas funções do veículo
sendo que algumas delas permitem a interação com o usuário.
Diferente do que se tem nos veículos atuais, os sistemas carburados são puramente
mecânicos e exige uma calibração manual com mais frequência. Além disso, as falhas no sistema
ocorrem com mais constância, não permitindo correções de maneira automática.
É muito comum de encontrar em prédios com mais de um pavimento, os elevadores
que também são equipamentos controlados por uma central eletrônica que, em conjunto com os
sensores de posição, atuam diretamente no funcionamento do motor e faz suas paradas no andar
indicado pelo usuário.
Estes são exemplos bastante comuns e que estão ao alcance da maioria da população.
Mas as aplicações são muito mais amplas do que é visto no dia a dia. Desenvolvidos inicialmente
para o setor industrial, a tecnologia de sistemas embarcados foi ganhando credibilidade e, devido
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 19

ao baixo custo de produção de microcontroladores específicos e de componentes eletrônicos,


expandiu suas aplicações para setores do ramo automobilístico, telecomunicações, residencial,
gestão empresarial e vários outros (FIGUEIREDO, 2016).

3.2 Arduino
Apesar da diversidade de plataformas para o desenvolvimento de sistemas embarcados, a
escolha do Arduino se deu pela acessibilidade ao dispositivo principal e aos periféricos (sensores
e atuadores), uma vez que são comercializados em diversas lojas virtuais com custo relativamente
baixo e possibilita uma infinidade de aplicações. Outro fator que contribuiu para a escolha deste
dispositivo foi a linguagem de programação empregada que permite a manipulação por qualquer
pessoa com uma noção básica e o vasto acervo de informações sobre o mesmo.

3.2.1 O que é Arduino?


É uma placa de circuito eletrônico composta por um conjunto de portas analógicas e
digitais, e um microcontrolador que permite a programação por meio de códigos para determinar
a função de cada porta. Estas portas podem ser utilizadas como entrada ou saída de sinal, a
depender do comando dado no software, e podem ser conectadas a sensores e/ou atuadores.
Segundo a definição do fabricante, cujo mesmo dá nome à placa, Arduino é uma
plataforma de código aberto baseada em hardware e software de fácil manipulação (ARDUINO,
2019). Suas placas são capazes de ler sinais de entrada, como o de um sensor, o estado de um
botão, ou até mesmo sinais enviados por meio de uma rede de comunicação, e sinais de saída que
determinarão o comportamento dos dispositivos e atuadores conectados como, por exemplo, a
ativação de um motor, o acendimento de uma lâmpada, ou a publicação de algo online, etc. Para
fazer isto, basta enviar o conjunto de instruções para o microcontrolador por meio do Software
Arduino (IDE) disponibilizado no site do próprio fabricante. Esta programação varia de acordo
com a finalidade do sistema.
No mercado encontramos diferentes tipos de placas Arduino, como por exemplo, Uno,
Nano, Leonardo e etc. Também existem outros fabricantes de placas com a mesma aplicação,
como a RaspBerry Pi.
A placa Arduino que estamos utilizando neste projeto é o MEGA 2560. Na Tabela 1
têm-se suas especificações técnicas. Uma das vantagens dessa placa é a quantidade de pinos
analógicos que permite monitorar vários sensores simultaneamente. A Figura 2 mostra a placa
utilizada.
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 20

Tabela 1 – Especificações Técnicas do Arduino Mega 2560.

Marca/Modelo Arduino Mega 2560


Microcontrolador ATmega2560
Tensão operacional 5V
Tensão de entrada (recomendado) 7-12V
Tensão de entrada (limite) 6-20 V
Pinos Digital I/O 54 (dos quais 15 fornecem saída PWM)
Pinos de entrada analógica 16
Corrente DC por pino de E / S 20 mA
Corrente DC para Pin 3.3V 50 mA
Memória flash 256 KB dos quais 8 KB usados pelo bootloader
SRAM 8 KB
EEPROM 4 KB
Velocidade do relógio 16 megahertz
Fonte: (ARDUINO, 2019)

Figura 2 – Arduino Mega 2560.

Fonte: Próprio autor.

3.3 Sensor
No estudo dos sistemas de automação voltados para a indústria, comércio, automobilismo,
residência e vários outros segmentos, é fundamental que haja um mecanismo de aquisição de
dados para que o sistema embarcado (ou módulo de processamento) interprete e atue de acordo
com o software de controle do seu microcontrolador. Para essa necessidade, empregam-se os
sensores. Nesta seção é apresentado o conceito e as definições de um sensor.
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 21

3.3.1 Definições
Segundo WENDLING (2010), sensor é um dispositivo com a função de informar um
circuito eletrônico sobre determinado evento que ocorre na parte externa do sistema e, a partir dos
valores fornecidos, o circuito comanda uma ação. Estes dispositivos são sensíveis a algum tipo de
energia presente no ambiente, podendo ser térmica, cinética, elétrica, luminosa, etc. relacionada as
informações obtidas com a grandeza física que o sensibilizou, tais como: temperatura, velocidade,
corrente, pressão, e etc.
Estes dispositivos podem ser classificados em sensores analógicos ou digitais, diferenciado
pelo tipo de sinal transmitido ao microprocessador. Para os analógicos, o sinal de entrada ou
saída pode assumir qualquer valor, desde que esteja de acordo com a sua faixa de operação. Já
em relação aos digitais, o sinal admite apenas dois valores ao longo do tempo, podendo ser
interpretados como zero ou um. Mas, como não existe grandeza que seja quantificada desta
maneira, este sinal é enviado ao microprocessador onde, por meio de um código computacional,
será convertido para as grandezas apropriadas (WENDLING, 2010).
O sensor desenvolvido neste projeto é usado no monitoramento da corrente alternada. Ele
é classificado como analógico, uma vez que, o mesmo, possui sinal de saída assumindo qualquer
valor em uma faixa preestabelecida. Este sensor é composto de um núcleo com formato toroidal,
no qual foi enrolado um fio esmaltado formando uma bobina. Esta bobina será sensibilizada pela
corrente transportada por um fio que passa no interior deste toróide, induzindo uma tensão.
O sensor utilizado neste sistema, assim como os outros, não fornecem as caraterísticas
elétricas suficiente para serem utilizados diretamente em um sistema de controle, ou seja, os
dados fornecidos pelo sensor só expressam um valor significativo depois de passar por um
processamento. Supondo, ainda, os casos em que estes sensores, ao serem sensibilizados por uma
energia externa, produzem um sinal de saída com variação de tensão muito baixa, isto implica no
uso de um circuito amplificador com filtro de ruído. Este circuito ampliará o nível do sinal e
reduzirá as interferências geradas por fatores externos, para que seja efetivada a transmissão das
informações ao módulo de processamento com maior qualidade.
Após a estabilização do sinal do sensor, seguiu-se para o processamento dos dados
utilizando-se uma central eletrônica que, para este caso, foi adotado um Arduino MEGA 2560.
Os fenômenos físicos envolvidos neste sensor são detalhados na seção 3.3.2

3.3.2 Análise Física


Eletricidade e magnetismo são dois segmentos da física descobertos empiricamente,
os quais tiveram seus estudos iniciais de forma separada, uma vez que os filósofos gregos
presumiam que eram dois ramos da física que não tinham relação. Entretanto, Cristian Oersted
comprovou esta correlação por meio de seus experimentos, demonstrando que um fio percorrido
por uma corrente gerava um campo magnético em seu entorno. No experimento de Oersted,
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 22

uma bússola foi colocada próximo a um condutor e observou-se que a agulha assumia direções
diferentes quando havia uma corrente elétrica percorrendo este condutor. Após diversas análises,
verificou-se que o campo magnético é proporcional a intensidade da corrente que o produz
(JEWETT; SERWAY, 2012).

3.3.2.1 Cálculo do campo magnético em torno de um fio reto infinito

Após a descoberta de Oersted, em 1819, Jean-Baptiste Biot e Félix Savart realizaram


experimentos analisando quantitativamente a atuação de uma força exercida pela corrente que
passa em um condutor sobre um ímã próximo. Neste experimento, Biot e Savart verificaram
que existe uma relação matemática entre o campo magnético dB ® em um determinado ponto P
próximo a um elemento de comprimento d®s com a corrente I transportada por um fio, dada por:

®= µ0 I d®s × r̂
dB , (3.5)
4π r 2
em que µ0 é a constante de permeabilidade magnética no vácuo, r é a distância do elemento
de comprimento d®s até ponto P e o vetor unitário r̂ é orientado de d®s para P, conforme está na
Figura 3.

Figura 3 – Campo Magnético dB ® em um determinado ponto, gerado em um elemento de


comprimento d®s que transporta uma corrente I.

Fonte: Adaptado de JEWETT e SERWAY (2012).

Analisando a equação 3.5, percebe-se que o campo magnético dB ® é proporcional a


corrente que passa por, apenas, um elemento de comprimento d®s do condutor. Para calcular o
campo magnético total gerado por esta corrente que passa por um fio de comprimento determinado
é necessário somar o campo magnético gerado por todos os elementos d®s, de forma que o campo
® é dado por:
resultante B
µ0 I

d®s × r̂
®
B= . (3.6)
4π r2
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 23

Para ilustrar esta equação, considere um fio infinito posicionado sobre o eixo x do plano
cartesiano, transportando uma corrente I, conforme a Figura 4.a. Aplicando a Lei de Biot-Savart
para determinar o módulo e a direção do campo magnético gerado por I no ponto P em uma
distância "a"do fio. Considera-se um elemento de comprimento d®s, a uma distância r do ponto P.
Adotando o sistema cilíndrico de coordenadas, notemos que a direção do campo magnético no
ponto P aponta para fora da página. Esta direção se deve à resultante do produto vetorial:
h π i
d®s × r̂ = |d®s × r̂| k̂ = dxsen − φ k̂ = [dx cos (φ)] k̂
2
® Substituindo o resultado deste produto vetorial na
onde d®s e r̂ estão em um plano ortogonal a B.
Equação (3.6), temos:
µ0 I dx cos (φ)
∫ ∫
B® = (dB)k̂ = k̂ (3.7)
4π r2
Observe na Figura 4 que x e r variam de acordo com o ângulo. Logo, pode-se expressá-los em
função de φ:
a
r= (3.8)
cos φ
e
x = −a tan φ (3.9)

que resulta em:


a dφ
dx = a sec2 φdφ = . (3.10)
cos2 φ
Substituindo (3.8) e (3.10) na Equação 3.7, resulta em:

φ2
µ0 I

B= cos(φ)dφ, (3.11)
4πa φ1

que, integrando a equação (3.11) para o ângulo variando de φ1 = − π2 a φ2 = π2 , encontra-se o


módulo do campo magnético, B, para todos os elementos d®s:
µ0 I
B= . (3.12)
2πa
Note que, com a Equação (3.11) é possível calcular o valor do campo magnético para qualquer
fio reto, desde que se conheça a geometria e, assim, os ângulos φ1 e φ2 .

3.3.2.2 Campo Magnético - Lei de Ampère

Analisando os efeitos da corrente de uma outra maneira, a Lei de Ampère é mais


uma alternativa de calcular o campo magnético B. ® Considerando um fio longo, simétrico, que
transporta uma corrente elétrica, conforme ilustra a Figura 5, nota-se que as linhas de campo
magnético se encontram em um plano ortogonal ao fio e que estas são concêntricas com este
condutor. Ademais, devido a esta simetria, o módulo do campo é constante em qualquer ponto do
círculo de raio a.
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 24

Figura 4 – Um fio longo com espessura desprezível que transporta uma corrente I.

Fonte: Adaptado de JEWETT e SERWAY (2012).

Uma maneira prática de determinar a direção do campo magnético gerado por um fio é
através da Regra da Mão Direita em que, posicionando o polegar paralelamente à direção da
® é dada pelos quatro dedos que "seguram o fio", conforme a Figura 5.
corrente, a direção de B

Figura 5 – Regra da Mão Direita indicando a direção da corrente que percorre um fio e o campo
® ao redor deste fio.
magnético B

Fonte: JEWETT e SERWAY (2012).

Diferente do comportamento das linhas de campo elétrico, as quais fluem na direção


radial, entrando ou saindo das cargas, as linhas de campo magnético formam uma espécie de
anel fechado em volta do fio, fluindo tangencialmente, e que não possuem início e nem fim.
Por simetria, temos que o módulo de B® é constante para todo ponto do círculo centrado no fio,
pertencente ao plano ortogonal ao mesmo. Além disso, a intensidade do campo é diretamente
proporcional a corrente e inversamente proporcional a distância.
Para fazer uma análise quantitativa da Lei de Ampère, utilizaremos alguns artifícios
matemáticos, como a Integral de Linha. Adotando um elemento de comprimento d®s do caminho
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 25

circular e avaliando o produto escalar B ® · d®s e integrando ao longo de todo o caminho, notemos
que os vetores B® e d®s são paralelos em qualquer ponto nesse círculo de raio a. Então, temos que
® · d®s = Bds. Como B
B ® é constante em qualquer ponto do caminho circular, chegamos a equação

µ0 I
∮ ∮
B · d®s = B ds =
® (2π a) = µ0 I (3.13)
s s 2π a

em que ds é o comprimento do caminho circular de raio a, dado por 2π a. Assim, a Lei de


Ampère é dada por: ∮


® · d®s = µ0 I.
B (3.14)
s
Consideremos, então, um fio longo, reto e de raio R que transporta uma corrente estável de
intensidade I, com distribuição uniforme ao longo da seção transversal, ilustrada pela Figura 6.

Figura 6 – Fio longo, reto e de raio R, que transporta uma corrente I com distribuição uniforme
através da seção transversal.

Fonte: Adaptado de JEWETT e SERWAY (2012).

Para o cálculo do campo magnético em um ponto da parte externa do fio, com distância r
do centro utilizando a Lei de Ampère, consideremos a simetria do fio. De antemão, é importante
salientar que o resultado esperado deve ser equivalente ao obtido por meio da Lei de Biot-Savart
aplicada nesta mesma circunstância, conforme visto na seção 3.3.2.1.
Adotemos então o caminho 1, Figura 6, onde d®s é o elemento de comprimento do círculo
de raio r, paralelo ao campo magnético em cada ponto deste caminho. Devido à simetria do fio,
o campo magnético B ® é constante ao longo de todo elemento d®s.
® obtemos o
Recorrendo à Equação 3.14 fazendo todas a considerações e isolando B,
módulo do campo magnético:
µ0 I
B= . (3.15)
2π r
Com este resultado, percebe-se que o campo magnético gerado por um fio pode ser obtido a
partir da Lei de Biot-Savart ou por meio da Lei de Ampère, diferenciando-os apenas pelas
considerações a serem feitas em cada procedimento.
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 26

Em suma, define-se a Lei de Ampère como "A integral de Linha de s B ® · d®s em volta de

qualquer caminho fechado é igual a µ0 I, onde I é a corrente estável total que passa por qualquer
superfície limitada pelo caminho fechado: s B® · d®s = µ0 I"(JEWETT; SERWAY, 2012).

Vale salientar que no interior do fio condutor, indicado na Figura 6 pelo caminho 2,
também pode ser calculado a intensidade do campo magnético. Entretanto, para o desenvolvimento
deste projeto, este resultado não é necessário e por isso foi desconsiderado.

3.3.2.3 Fluxo Magnético

A definição de fluxo magnético, segundo o HALLIDAY, RESNICK e WALKER (2016),


é descrita como a quantidade de linhas de campo que atravessa uma determinada área plana,
sendo esta estabelecida pela componente perpendicular á direção do fluxo. Quantitativamente, o
valor total deste fluxo é dado pela equação:
∫ ∫
ΦB = B ® · dA
® = B® · n̂dA, (3.16)
s s
em que n̂ é o vetor normal ao elemento de área dA.
No caso da Figura 7, a direção do campo é definida pela Regra da Mão Direita e está
entrando no plano do papel, paralelo ao vetor normal (n̂) a área da espira. Neste sistema, o
elemento de área é dado por:
dA = h.dr (3.17)
em que b é o comprimento da espira e o elemento dr é a variação da distância r, que vai do fio
ao ponto P. A intensidade do campo B ® é calculada a partir da Equação (3.15). Substituindo as
Equações (3.15) e (3.17) em (3.16), tem-se:
µ0 I
∫ R2
ΦB = hdr (3.18)
R1 2π r
que, integrando nos limites de R1 e R2 , resultam em:
µ0 I h
 
R2
ΦB = ln , (3.19)
2π R1
que é o fluxo magnético através da espira.
Dessa forma, quando o campo magnético estiver paralelo a dA, o ângulo θ formado entre
®
B e a normal do elemento de área é 90°, implicando na nulidade do fluxo magnético através
da área. Ademais, quando se tem uma área ortogonal ao campo, o ângulo formado entre B ® ea
normal é 0°, implicando no valor máximo do fluxo.
No Sistema Internacional, a unidade de fluxo magnético é dada por T.m2 ou Wb (Weber)
em que 1Wb=1T.m2.
Para calcular o fluxo magnético total gerado por uma corrente variante no tempo, basta
substituir o valor de I na Equação 3.19 pela equação da corrente alternada:

I = I M áx .sen(ωt − φ) (3.20)


Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 27

Figura 7 – Fluxo Magnético gerado pela corrente transportada pelo fio, através de uma área plana
retangular.

Fonte: Adaptado de JEWETT e SERWAY (2012).

sendo I M áx a corrente máxima (de pico), ω é a frequência angular, dada pela Equação (3.2), t
representa o tempo e φ a defasagem da corrente em relação a tensão.
Vale ressaltar que, como a corrente alternada é definida por uma variação temporal,
no processo de integração da Equação (3.18) é considerada constante, uma vez que não sofre
influência de dr.

3.3.2.4 Processo de Indução - Lei de Faraday

Para o entendimento deste processo é preciso distinguir cuidadosamente os termos


envolvidos para mencionar as grandezas. Quando se utiliza nomenclaturas como fem (Força
Eletromotriz) e corrente sem a presença de um adjetivo, é feita uma referência a parâmetros de
uma fonte física, como baterias. Todavia, quando estes termos são mencionados acompanhados
pelo adjetivo induzido(a), este descreve tais parâmetros gerados por um campo magnético variante
(JEWETT; SERWAY, 2012).
Quando se tem um campo magnético que varia sua posição em relação a uma espira,
uma força eletromotriz é induzida e esta gera uma corrente induzida na espira que, conectada a
um equipamento de medida de grandezas elétricas, como um amperímetro, nota-se um valor de
corrente induzida. Tal fenômeno ocorre mesmo sem a presença de uma fonte ou bateria conectada
ao circuito.
A Figura 8 mostra um campo magnético gerado por um imã que varia a sua posição em
relação a espira. Notemos que quando o imã é movimentado em direção a espira, um valor é
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 28

indicado no visor do amperímetro e o sinal representa a direção da corrente induzida que percorre
o fio. Quando o imã cessa seu movimento, independente da sua posição, o valor exibido pelo
multímetro é nulo, indicando que não há corrente através do fio. Quando o imã retoma o seu
movimento, agora se afastando da espira, o multímetro indica o valor da corrente induzida que
percorre o fio, desta vez com o sinal oposto ao inicial, indicando a direção desta corrente.
Figura 8 – Campo magnético gerado por um imã que varia sua posição em relação á espira.

Fonte: JEWETT e SERWAY (2012).

Estas observações demonstram que o processo de indução só ocorre caso haja um campo
magnético variante e o sentido da corrente induzida é diretamente influenciado pelo sentido do
movimento deste campo. (JEWETT; SERWAY, 2012)
Outra maneira de descrever a indução eletromagnética é por meio do experimento feito
por Faraday, exposto na Figura 9 e descrito detalhadamente por (NUSSENZVEIG, 2012), em que
uma bobina primária, enrolada em parte de um núcleo de ferro toroidal, é ligada a uma bateria.
Uma bobina secundária é enrolada no lado oposto deste núcleo e conectada a um amperímetro.
Quando a chave é ligada, a corrente que percorre o circuito produz um campo magnético na
bobina primária que provoca um fluxo magnético no interior do núcleo. Este fluxo, ao passar
pela bobina secundária induz uma fem que gera uma corrente induzida no fio que é captada pelo
amperímetro.
É importante ressaltar que esta fem induzida só ocorre no instante em que a chave é ligada
ou desligada, em um curto espaço de tempo. Isto é porque apenas no instante em que o valor
da corrente na bobina primária sai de zero e atinge um valor estável ou vice-versa que se tem
® Tal restrição se deve ao fato de que, para existir corrente induzida, o campo
uma variação de B.
magnético que atravessa as espiras da bobina secundária deve ser variável.
A partir do que foi comentado das Figuras 8 e 9, percebe-se que uma fem induzida só
é observada se houver uma variação temporal do fluxo magnético que atravessa uma espira.
Portanto, expressa-se matematicamente a fem induzida por meio da Lei da Indução de Faraday:
dΦB
E=− , (3.21)
dt
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 29

Figura 9 – Experimento de Faraday para a indução.

Fonte: JEWETT e SERWAY (2012).

em que ΦB é o fluxo magnético que atravessa uma espira, dado pela Equação (3.16).
O sinal negativo presente na Equação (3.21) para o cálculo da fem induzida é explicado
pela Lei de Lenz, a qual enuncia que, a corrente induzida tende a se opôr a causa que a produz
(MARTINS, 1975), isto é, "O sentido da corrente induzida é aquele que tende a se opor à
variação do fluxo através da espira"(NUSSENZVEIG, 2012).
Para uma bobina com N espiras simétricas, ligadas em série, o fluxo magnético que
atravessa cada uma destas espiras induz uma parcela de fem que, somadas ao longo das N espiras,
obtém-se o valor total da fem induzida, descrita por:
dΦB
E = −N . (3.22)
dt

Supondo ainda uma espira de área A, submetida a um campo uniforme B ® que forma
um ângulo θ com a normal desta área. A fem induzida só será produzida pela componente
® paralela a normal de A. Dessa forma, o fluxo magnético que atravessa esta espira é
de B
ΦB = B ® · dA
® = BdA cos(θ). Isso implica que:
∫ ∫
s
∫ 
d
E=− ® · n̂dA .
B (3.23)
dt s

Em suma, podemos afirmar que uma fem induzida existirá se houver uma variação
temporal do módulo de B,® uma variação na área ortogonal à direção do campo magnético,
® e a normal da área ou a combinação entre estes
variação temporal do ângulo formado entre B
eventos.
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 30

3.3.2.5 Indutância Mútua

Nas seções anteriores discutiu-se sobre o processo de indução de maneira individual,


gerada por uma corrente que passa por um fio produzindo um campo magnético em volta do
mesmo. Nesta seção, trataremos da indutância como um processo em que dois ou mais circuitos
interagem de modo que suas variações provocam interferências entre si.
Define-se como indutância mútua o processo de indução de uma fem em um circuito
secundário, cuja mesma ocorre devido a variação temporal da corrente em circuitos próximos
que altera o fluxo magnético que atravessa a área do circuito em questão.
A Figura 10.a mostra duas bobinas próximas o suficiente para se ter uma interação
significativa. Note que a Bobina 1, com N1 espiras, está ligada à uma fonte de fem e a um resistor
variável R que, ao variar o valor da sua resistência, implicará em uma variação temporal da
intensidade de corrente e, consequentemente, em uma variação de B. ® A parcela deste campo
magnético que atravessa a área plana da Bobina 2, a qual tem N2 espiras, induz uma fem na
mesma provocada pela alteração do fluxo magnético. Por ser gerado pela corrente da Bobina 1 e
passar pela Bobina 2, tal fluxo é representado por Φ12 .

Figura 10 – Indutância Mútua.

Fonte: Adaptado de HALLIDAY, RESNICK e WALKER (2016).

A corrente induzida, gerada pela força eletromotriz induzida, que percorre a Bobina 2 é
captada pelo amperímetro conectado à mesma. Todavia, tal equipamento só exibirá um valor não
nulo enquanto a corrente que percorre a Bobina 1 variar temporalmente.
A Figura 10.b representa o processo inverso, ou seja, a corrente da Bobina 2 é que gera
um campo magnético que, ao variar em função do tempo, induzirá uma fem na Bobina 1. Apesar
de representar o processo inverso, a interpretação deste fenômeno é a mesma da Figura 10a.
Capítulo 3. Fundamentos Teóricos 31

Matematicamente o valor da indutância mútua é calculado por meio da equação:


N2 Φ12
M12 = . (3.24)
I1

A indutância mútua é diretamente influenciada pela geometria das bobinas e pelo


posicionamento entre si. Isto é, a medida que a distância entre elas aumenta, a densidade
de campo magnético diminui, implicando em uma redução do fluxo que atravessa a bobina
secundária.
Associando a Lei de Faraday, demonstrada pela Equação (3.22), á Equação (3.24), a partir
de uma corrente variável no tempo, pode-se calcular a fem induzida pela bobina 1 na bobina 2:
 
dΦ12 d M12 I1 dI1
E2 = −N2 = −N2 = −M12 . (3.25)
dt dt N2 dt

Imaginemos agora uma corrente na bobina 2 gerando um campo magnético variável e


induzindo uma fem na bobina 1, conforme temos na Figura 10.b. Assim, nota-se que a indutância
mútua também ocorre da bobina 2 para a bobina 1, e a fem induzida a partir da interação entre as
duas pode ser calculada utilizando o mesmo princípio da Equação (3.24):
dI2
E1 = −M21 . (3.26)
dt

Embora M12 e M21 tivessem sido tratadas de forma individual, elas representam uma
constante de proporcionalidade cujo os valores são iguais, ou seja, M12 = M21 = M. Isto se deve
à proporcionalidade existente entre a corrente elétrica que gera o campo na bobina primária
e a fem induzida na bobina secundária. Logo, as equações (3.25) e (3.26) se transformam,
respectivamente, em:
dI1
E2 = −M (3.27)
dt
e
dI2
E1 = −M . (3.28)
dt
32

4 Montagem do Sistema

Neste capítulo será discutido a aplicação de algumas propriedades física na construção


do sensor, materiais, aperfeiçoamento do sinal gerado e a programação feita no Arduino para a
composição de dados.

4.1 Especificações técnicas do sensor

4.1.1 Núcleo
• Diâmetro Interno (Dint ): 0,009m;

• Diâmetro Externo (Dext ): 0,0225m;

• Comprimento (h): 0,7cm;

4.1.2 Bobina
• Número de espiras: 220;

• Fio esmaltado: 30 AWG;

• Área plana da seção transversal: 0,0002025m2 .

Figura 11 – Núcleo toroidal utilizado na construção do sensor.

Fonte: Próprio autor.


Capítulo 4. Montagem do Sistema 33

4.2 Construção do Sensor


Este dispositivo é constituído por um núcleo toroidal (Figura 11), composto por material
nanocristalino, o qual foi retirado de uma placa de som automotivo, onde foi feito o enrolamento
da bobina utilizando fio esmaltado AWG 30, totalizando 220 voltas.
A escolha do material do núcleo deve ser feita em função da sua aplicação. Todavia, a
MAGMATTEC (2019), uma indústria fundada pelo engenheiro Hérlon de Oliveira Morsch no
ramo de indutores e materiais magnéticos voltados para equipamentos eletroeletrônicos, em seu
site institucional afirma que não há nenhuma restrição propriamente dita na utilização de um
núcleo de material distinto para uma aplicação específica. Entretanto, devido as propriedades
específicas de cada material, existem algumas recomendações de acordo com a topologia e a
finalidade do circuito.
Em nosso caso, a escolha do núcleo foi feita a partir dos materiais que se teve acesso,
adequando-os para os devidos fins, de modo que não comprometesse a sua precisão e exatidão.
As propriedades físicas abordadas na seção 3.3.2 serviram de embasamento teórico
para a elaboração deste projeto. Vale ressaltar que os resultados calculados podem apresentar
divergências em relação aos resultados experimentais devido a questões de simetria, geometria e
materiais utilizados.

Figura 12 – Núcleo toroidal semelhante ao utilizado na construção do sensor. As dimensões estão


dispostas na seção 4.1.1.

Fonte: Adaptado de Alibaba (2019).

A Figura 12 mostra um núcleo toroidal, semelhante ao que foi utilizado para a construção
do sensor. Considerou-se que o mesmo possui área plana transversal retangular devido a própria
Capítulo 4. Montagem do Sistema 34

geometria, o que facilitou o cálculo das grandezas envolvidas, representada em corte na Figura
13.
Figura 13 – Representação em corte do núcleo.

Fonte: Próprio autor.

Para calcular o campo magnético em um determinado ponto do núcleo, pode-se recorrer


a Lei de Ampère, mas o seu valor pontual é irrelevante para a finalidade deste projeto. Utilizemos
então o seu valor genérico, cuja interpretação foi feita nas seções 3.3.2.1 e 3.3.2.2, para calcular
o fluxo magnético que atravessa a área da espira retangular (R2 − R1 )xh.
Convertendo os valores medidos, dispostos na seção 4.1.1, para os valores representados
pelas incógnitas na Figura 13, temos:
Dint
R1 = = 0, 0045m
2
e
Dext
R2 = = 0, 01125m.
2
É de fundamental importância observar que a permeabilidade magnética considerada na
dedução das equações, na seção 3.3, foi a do vácuo. Como esta é uma propriedade que depende
do meio, neste caso consideremos o material do toróide (núcleo da bobina). Notemos ainda que
na Equação (3.19) o fluxo magnético ficou em função da corrente elétrica transportada pelo fio.
Como todo sensor envia um sinal para a placa controladora, o sinal emitido por este
será obtido pela fem induzida a partir do campo magnético gerado pela corrente que passa no
fio. Visto que para se ter uma fem induzida o fluxo magnético deve ser variável em relação a
área transversal da bobina, esta condição nos remete a imaginar um campo magnético variável
gerado por uma corrente que varia no tempo. Isso é possível através de uma corrente alternada,
de modo que a aferição da fem induzida na bobina para determinar a corrente mostra a finalidade
do sensor.
Capítulo 4. Montagem do Sistema 35

Sabe-se que o valor da corrente alternada é dado pela Equação (3.20), a frequência
angular é dada pela Equação (3.2) e a bobina possui 220 espiras. Ademais, a frequência da
rede elétrica no Brasil é de 60Hz. Com estes dados, é possível obter uma expressão para a fem
induzida. Para isso, considera-se a Equação (3.22):
dΦB
E = −N ,
dt
sendo o fluxo magnético:
µI h
 
R2
Φ= ln ,
2π R1
chega-se á:
d µI h
  
R2
E = −N · ln .
dt 2π R1
Logo:
N µh
 
R2 dI
E=− · ln · . (4.1)
2π R1 dt

Notemos que todas as grandezas são constantes em relação ao tempo, com exceção da
corrente por ser alternada, dada por:

I = I M áx .sen(ωt),

dI π
= I M áx .ω.cos(ωt) = I M áx .ω.sen(ωt − ) (4.2)
dt 2
Substituindo a Equação (3.2) e (4.2) em (4.1) tem-se:

π
 
R2 
E = N µ.h.ln .I M áx . f .sen 2π f t − .
R1 2
Sabendo que a função seno é limitada e o seu valor máximo é 1. Portanto, considera-se:
 
R2
E M áx = N.µ.h.ln . f .I M áx. (4.3)
R1

E que N, µ, h, R1 , R2 e f são os parâmetros que caracterizam a bobina. Assim, define-se


uma constante K, dada por:  
R2
K = N.µ.h.ln .f. (4.4)
R1
De forma que, substituindo a Equação (4.2) em (4.1), obtém-se a equação que relaciona a corrente
do circuito primário com a tensão induzida na bobina, isto é:

E M áx = K.I M áx . (4.5)


Capítulo 4. Montagem do Sistema 36

4.3 Elevação do nível DC


Conforme já foi visto anteriormente, a tensão induzida na bobina é caracterizada como
alternada. Isto implica na alternância entre valores positivos e negativos de tensão. Porém,
segundo (FIGUEIREDO, 2016), o conversor analógico/digital do microcontrolador do Arduino
não faz leitura de tensões negativas. Para contornar esta limitação, foi utilizado um circuito
amplificador, descrito na Figura 14, o qual elevou a tensão inicial para 2,5V, promovendo um
deslocamento no sinal.
Este circuito é formado por dois resistores de valores iguais (R1 e R2 ), ligados em série e
aplicado uma tensão de 5V sobre um deles, fornecida pelo Arduino. A extremidade livre do outro
resistor é ligado ao GND (Terra), funcionando como um divisor de tensão. Dessa forma, a tensão
medida sobre qualquer um dos resistores deve ser igual a 2,5V. Entre os dois resistores conectou-se
um outro resistor, cujo mesmo é denominado Resistor de Carga (RLOAD). Este é responsável
por dissipar a corrente gerada pela bobina, evitando que altos valores sejam transmitidos ao
Arduino e venha danificá-lo. Os fios da bobina foram conectados nas extremidades do resistor de
carga de modo que, no período positivo da tensão, a fem induzida pela bobina é somada à 2,5V,
referente à tensão que sai do divisor. De modo análogo, os valores de tensão durante o período
negativo são subtraídos do valor de saída do divisor. A tensão resultante é lida pelo Arduino
através de uma porta analógica, como mostrado na Figura 14. A Figura 15-a mostra o gráfico de

Figura 14 – Representação do circuito elevador DC com capacitor de desacoplamento.

Fonte: Adaptado de Rambo (2017).

uma função senoidal semelhante a onda produzida por uma tensão alternada. Os valores foram
simulados apenas para uma demonstração do funcionamento do circuito. Notemos que parte
Capítulo 4. Montagem do Sistema 37

desta onda está abaixo do eixo horizontal, a qual não seria contabilizada pelo microcontrolador
do Arduino. Já a Figura 15-b, representa o sinal após fazer a elevação do nível DC. Observemos
que o deslocamento do sinal provocou uma translação de eixo e colocou esta tensão inicial (2,5V)
como centro do sistema de coordenadas isto é, 2,5V, referente ao número 512 na conversão
analógica para digital do Arduino, representa o 0,0A da rede elétrica. Isto possibilita que o sinal
gerado pela bobina seja lido completamente, desde que esteja dentro da faixa de operação.
A faixa de operação desta bobina é calculada a partir da Equação 4.5. Sabendo que a
tensão máxima de entrada, suportada pelo Arduino, é de 5V e o circuito elevador, sem o sinal do
sensor, coloca a tensão no nível de 2,5V, conforme na Figura 15, conclui-se que a tensão máxima
induzida (E M áx ) pela bobina deve oscilar de -2,5V a +2,5V.

Figura 15 – a) Gráfico do sinal sem elevação. b) Gráfico do nível de sinal DC com elevação de
2,5V.

Fonte: Próprio autor.

4.4 Filtragem do sinal


No circuito elevador de tensão também foi implementado um capacitor (C1 ) de 10nF,
ligado em paralelo com um dos resistores do divisor de tensão, o qual é denominado tecnicamente
de Capacitor de Desacoplamento. Sua finalidade é filtrar o sinal recebido do sensor, de modo
que as interferências produzidas por frequências indesejadas sejam minimizadas isto é, evitar que
os sinais sem relevância não sejam levados ao microprocessador. A Figura 16 mostra o circuito
montado para fazer a aquisição das grandezas elétricas.

4.5 Programação do Arduino


A programação do Arduino foi feita de maneira simplificada, adaptando um código
utilizado para medir temperatura com o sensor LM35, (GUEDES, 2017), para que os dados
fornecidos a partir da leitura do sensor fosse tratado externamente. Contudo, devido à versatilidade
Capítulo 4. Montagem do Sistema 38

Figura 16 – Sistema montado para fazer aquisição de grandezas elétricas.

Fonte: Próprio autor.

da placa, esta programação pode ser feita de acordo com a finalidade do projeto e a necessidade
do usuário.

Figura 17 – Janela de programação do Arduino com comentário das funções de cada comando.

Fonte: Próprio autor.

Inicialmente, declarou-se as variáveis que receberão os valores lidos do sensor. Posteri-


Capítulo 4. Montagem do Sistema 39

ormente, na função Setup, iniciou-se a comunicação das portas que utilizadas na transferência
de dados. Na função Loop, a qual é responsável pela repetição dos ciclos de leitura, definiu-se
os valores que cada variável receberá durante cada ciclo. O comando delay é responsável por
definir o intervalo de tempo entre leituras consecutivas. Neste caso, o parâmetro "0"indica que
não haverá atrasos no tempo entre os ciclos e o microprocessador funcionará em sua velocidade
máxima com a resolução de 1ms. A janela de programação com o código mencionado está
disponível na Figura 17 e em formato textual no Apêndice A.
O acesso aos dados fornecidos durante todo o processo é possível através da opção
"Monitor Serial"ou "Plotter Serial", disponíveis no próprio aplicativo utilizado na programação
(Arduino IDE), fornecido pelo fabricante. No Monitor Serial, os dados são gerados de forma
numérica em uma tabela, a qual permite a cópia para outros softwares, possibilitando o tratamento
dos dados externamente. Já o Plotter Serial fornece os dados em forma de gráficos, permitindo
uma análise rápida dos dados lidos, assim como o comportamento da grandeza aferida pelo
sensor.
40

5 Procedimentos e Resultados

Neste capítulo serão apresentados e comentados os resultados obtidos, bem como a


metodologia aplicada para a aquisição das grandezas e calibração do sensor.

5.1 Aquisição das grandezas utilizando Arduino


A aquisição dos dados via Arduino e osciloscópio ocorreram com o mesmo circuito
primário utilizado no teste preliminar de modo que, para variar a corrente, utilizou-se combinações
de aparelhos elétricos com potências diferentes, apresentados na Tabela 2. Este processo aconteceu
no laboratório de Física Experimental da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
Sabendo que o microprocessador possui um conversor analógico digital, os dados são
fornecidos em bytes e por isso não expressam uma unidade da grandeza física de interesse. Dessa
forma faz-se necessário a conversão de bytes para os valores de tensões E ( f em) por meio da
seguinte expressão:
5V
E = (Bytes − 513). , (5.1)
1024
em que Bytes é o valor lido pela porta analógica em cada ciclo, 513 representa o 0V do sistema
após a elevação do nível DC, 5V é a tensão de referência do Arduino e 1024 é a resolução em
bytes do microprocessador, também expresso como 210 . Notemos que o valor em bytes que
representa o 0V do sistema foi 513, e não 512, como na teoria. Isto se deve a faixa de tolerância
de erros nos valores dos resistores utilizados no circuito elevador DC. Todavia, como o erro foi
de 1 byte, este equivale a aproximadamente 0,0049V. Além disso, como no tratamento de dados
será considerado a variação de tensão provocada pela bobina, acima ou abaixo desta tensão após
a elevação DC, este erro não influenciará na precisão dos resultados.
O resultado da divisão da tensão de referência pela resolução em bytes fornece a
variação tensão mínima que o Arduino consegue ler, isto é, a cada 0,0049V lido o conversor
analógico/digital acresce 1 byte em sua saída, a qual varia de 0 a 1023, totalizando 1024 faixas
de leitura. Vale ressaltar que os valores fornecidos pelo Monitor Serial poderiam ser convertidos
pelo próprio Arduino, implementando a Equação (5.1) em seu código.

Tabela 2 – Aparelhos utilizados para variar a corrente no circuito primário.

Aparelho Potência por aparelho (W) Corrente rms por aparelho (A)
2 Lâmpadas 70 0,52
1 Ferro de soldar 50 0,28
Fonte: Próprio autor.
Capítulo 5. Procedimentos e Resultados 41

5.2 Calibração do sensor e determinação de K


A calibração do sensor está diretamente relacionada com algumas propriedades do núcleo
da bobina. Todavia, como o mesmo foi retirado de sucatas eletrônicas, sua permeabilidade
magnética é desconhecida, o que impossibilitou o cálculo direto de uma constante que relacione a
corrente transportada no condutor do circuito primário com a tensão induzida na bobina. Assim,
o valor desta constante foi adquirido de maneira empírica, baseada na Equação (4.5).

5.2.1 Leitura da tensão induzida via Arduino


Nesta etapa, a tensão induzida na bobina (E M áx ) foi adquirida utilizando o próprio
Arduino em que, após um período de leitura, coletou-se um conjunto de valores em bytes no
Monitor Serial, os quais foram transferidos à uma planilha programada com a Equação (5.1) para
conversão em valores de tensão. Posteriormente foi feito um ajuste de curvas para a função seno,

πt πXc
 
f (t) = y0 + A.sen − , (5.2)
W W

em que y0 , A, W, e Xc são os parâmetro de ajuste. O parâmetro A é o valor máximo da tensão


induzida (E M áx ), a qual queremos encontrar para cada valor de corrente. Na Tabela 3 é apresentado
os parâmetros da expressão (5.2), ajustados para cada uma das correntes medida com o Arduino.
Os gráficos resultantes são apresentados nas Figuras 18 a 21. Nos gráficos, temos no
eixo horizontal o tempo, medido em segundo e eixo vertical a tensão (E(t)) induzida, medida
em Volt. Os pontos representam os valores medidos utilizando o sensor e a placa Arduino e
a linha contínua é o ajuste de ponto feito a partir da expressão (5.2). Na Tabela 4, temos os

valores de E M áx em função da corrente de pico (I M áx = Irms . 2), em que Irms é medido com o
amperímetro digital.

Tabela 3 – Parâmetros referentes à expressão senoidal.

Parâmetros 0,28A 0,51A 0,84A 1,07A


Xc -0,00318 -0,00262 -0,00129 -0,00348
A 0,00775 0,00772 0,00775 0,00777
W 0,01721 0,0309 0,04861 0,06211
y0 -6,57756E-4 -7,79203E-5 -4,66875E-4 -2,24286E-4
Fonte: Próprio autor.

Os gráficos resultantes deste tratamento são exibidos nas Figuras 18, 19, 20, 21. Os dados
gerados na construção destes gráficos estão disponíveis de forma mais detalhada nas tabelas do
Apêndice B. Os valores ajustados de E M áx estão disponíveis na Tabela 4 e, também, são dados
pela variável "A"na tabela de seus respectivos gráficos, presentes no apêndice mencionado.
Capítulo 5. Procedimentos e Resultados 42

Figura 18 – Tensão induzida por uma corrente de 0,28A.

Fonte: Próprio autor.

Figura 19 – Tensão induzida por uma corrente de 0,51A.

Fonte: Próprio autor.


Capítulo 5. Procedimentos e Resultados 43

Figura 20 – Tensão induzida por uma corrente de 0,84A.

Fonte: Próprio autor.

Figura 21 – Tensão induzida por uma corrente de 1,07A.

Fonte: Próprio autor.


Capítulo 5. Procedimentos e Resultados 44

Tabela 4 – Valores ajustados da tensão induzida.

I M áX (A) E M áx (mV)


0,40 17,2±0,4
0,72 30,9±0,4
1,2 48,6±0,6
1,51 62,1±0,7
Fonte: Próprio autor.

Fazendo uma breve análise dos gráficos, percebe-se alguns pontos de "corte"nos picos da
senoide. Isto ocorre devido a sensibilidade do Arduino em que, na conversão do sinal do sensor,
de analógico para digital, a tensão induzida na bobina não foi suficiente para elevar mais 1 byte
no conversor.

5.2.2 Leitura da tensão induzida via osciloscópio


De maneira semelhante a calibração por meio do Arduino, utilizou-se o osciloscópio
disponível no laboratório para medir de forma direta os valores de tensão de pico induzida
na bobina, sem a necessidade de conversão, ajuste e circuito elevador, obtendo-se os valores
apresentados na Tabela 5. Nela também é dado os valores de corrente rms (Irms ) medidos

diretamente com o amperímetro, a corrente de pico (I M áx ) calculada multiplicando Irms por 2.

Tabela 5 – Medidas das tensões induzidas através do osciloscópio digital.

Corrente RMS (A) Corrente de pico (A) Tensão induzida (V)


0,29 0,41 0,019
0,52 0,74 0,032
0,84 1,2 0,052
1,09 1,54 0,064
1,41 1,99 0,082
Fonte: Próprio autor.

5.2.3 Leitura da corrente do circuito primário e cálculo de K


O método de aquisição dos valores de corrente foi o mesmo durante todo o experimento.
Este foi feito utilizando um amperímetro acoplado em série no circuito primário para medir
diretamente o seu valor eficaz e, posteriormente, calculou-se o valor da corrente de pico (I M áx )

multiplicando o valor lido por 2.
De posse dos valores fornecidos pelo Arduino após ajustados para a função seno, Equação
(5.2), construiu-se um gráfico da tensão máxima induzida E M áx na bobina em função da corrente
Capítulo 5. Procedimentos e Resultados 45

no circuito primário I M áx , Tabela 4. Posteriormente, fez-se o ajuste linear (regressão linear)
dos pontos, afim de obter o valor de K com melhor precisão, o qual foi determinado pelo
coeficiente de inclinação da reta (slope), obtendo-se um K=0,03986 que, fazendo os devidos
ajustes matemáticos e análise dimensional para encontrar a unidade de medida chegamos em:

K A = (39, 9 ± 0, 5)x10−3 H/s (Henr y/segundo), (5.3)

cujo gráfico é mostrado na Figura 22.

Figura 22 – Ajuste linear para obtenção de K a partir das medidas de tensão por meio do Arduino.
Os pontos são os valores medidos com a placa Arduino e a linha contínua é o ajuste
linear.

Fonte: Próprio autor.

A partir dos dados da Tabela 5, referente ás medidas feitas com o osciloscópio, construiu-
se o gráfico da tensão máxima induzida na bobina em função da corrente máxima (de pico)
do circuito primário. Também foi feito um ajuste linear para se obter o valor de K com maior
precisão, sendo este determinado pela inclinação da reta (slope), cujo valor obtido foi K=0,03978.
Fazendo os devidos ajustes numéricos encontramos:

KO = (39, 78 ± 0, 04)x10−3 H/s (Henr y/segundo), (5.4)

mostrada na tabela do Apêndice B referente a Figura 23.


Capítulo 5. Procedimentos e Resultados 46

Figura 23 – Ajuste linear para obtenção de K a partir das medidas de tensão por meio do
osciloscópio. Os pontos são os valores medidos com o osciloscópio e a linha contínua
é o ajuste linear.

Fonte: Próprio autor.

Comparando o valor de "K"calculados a partir dos dados coletado pelo Arduino com
o "K"calculado com as medidas feitas utilizando o osciloscópio, notou-se uma precisão nos
resultados com erros dentro uma faixa tolerável, o que demonstra um precisão aceitável do
sistema desenvolvido.
Com o valor desta constante K, torna-se possível a obtenção do valor da corrente que
passa por um circuito bem como o monitoramento do seu comportamento de forma não invasiva,
uma vez que esta constante é relacionada com a tensão induzida na bobina secundária, sem o
acoplamento de equipamentos ligados diretamente ao circuito primário.

5.3 Erros associados e possíveis melhorias


Durante o desenvolvimento do projeto foram encontradas dificuldades técnicas relacionada
ao nível sensibilidade do sensor, leitura mínima e frequência do microprocessador. Para contornar
estas limitações alguns artifícios que estavam ao alcance foram utilizados afim de melhorar
os resultados. Dos métodos aplicados, a elevação do nível DC, filtragem do sinal por meio do
circuito da Figura 14, a mudança do núcleo e fio utilizado no enrolamento da bobina merecem
destaque devido ao nível de melhoria nos resultados obtidos.
Capítulo 5. Procedimentos e Resultados 47

O aperfeiçoamento deste sistema pode ser feito através de mudanças no código, utilizando
funções de programação mais sofisticadas, aumentando o número de voltas da bobina ou
substituindo o núcleo por outro de material mais adequado, afim de aumentar a sensibilidade do
sensor. De maneira mais extrema, o Arduino utilizado poderia ser substituído por outra placa
que disponha de um microprocessador com resolução acima de 10 bits, maior velocidade e
capacidade de processamento.
48

6 Considerações Finais e Perspectivas de


Trabalhos Futuros

O funcionamento do sistema montado neste projeto permitiu comprovar a eficiência


de mais uma plataforma de sistemas embarcados, na qual uma série de elementos conectados
entre si, funcionando em conjunto fornecem dados de uma determinada grandeza para serem
tratados pelo usuário ou, a partir do processamento do mesmo ativar atuadores que controlam
determinada função.
Seguindo o que foi proposto com o objetivo deste projeto, sua eficiência possibilita a
utilização do sistema nos laboratórios de física, na área de energia elétrica e eletromagnetismo
para o ensino das grandezas de maneira prática e, utilizando também como incentivo à novos
projetos ressaltando o processo de fabricação puramente manual e de custo relativamente baixo.
A continuidade e aperfeiçoamento deste sistema abre a possibilidade de produção de
equipamentos destinados ao mercado para a medição direta de grandezas elétricas por meio
de um método não invasivo, como parte de um sistema de proteção ou até a fabricação de
equipamentos didáticos destinados ao ramo acadêmico.
É válido ressaltar que, além da eficiência, este sistema se destaca pela segurança oferecida
ao usuário, uma vez que não se tem o contato direto com o circuito primário. Ademais, o sinal
gerado pela bobina na forma de tensão é extremamente baixo não oferecendo risco de uma
descarga elétrica no operador, desde que respeitado o limite de funcionamento.
Com o cálculo da constante K utilizando a placa Arduino e o osciloscópio, observou-se
resultados com valores bem próximos, níveis de erro dentro de uma margem de segurança
aceitável, o que garante a confiabilidade do sistema.
O Arduino é uma plataforma de prototipagem eletrônica versátil cuja a programação e
aplicação fica a cargo da criatividade do usuário.
Iniciado como um sistema de monitoramento da corrente de um circuito, este projeto
pode ser seguido visando a criação de um sistema não invasivo de monitoramento de potência
cuja finalidade se aproxima dos medidores de consumo utilizado pelas concessionária de energia,
de modo que este seja gerenciado remotamente. Neste sistema ainda poderia ser associado
elementos que monitore a "entrada"e "saída"de corrente, a fim de evitar perdas energéticas e/ou
fraudes nos medidores de potência convencionais.
49

Referências

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2Fdifferent-size-white-nanocrystalline-toroidal-transformer-iron-induction-core-60384393442.
html&docid=-xe_k3aqUINjrM&tbnid=K0SJbygfIGqrXM%3A&vet=
10ahUKEwj-5fGUms7gAhUuKLkGHdPcCaQQMwgyKAswCw..i&w=350&h=
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FIGUEIREDO, J. A. O. d. Aquisição de Grandezas Elétricas: Definição de arquitetura, método


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em Computação Aplicada, Instituto de Ciências Exatas e Geociências – Iceg, Universidade de
Passo Fundo, Passo Fundo-RS, 2016. Citado 4 vezes nas páginas 14, 18, 19 e 36.

G20BRASIL. AMPERÍMETRO-LIGAÇÃO. 2019. Disponível em: <http://www.g20brasil.com.


br/como-medir-corrente-com-um-multimetro/amperimetro-ligacao/>. Citado na página 17.

GUEDES, M. Como medir Temperatura com o LM35 e o Arduino. 2017. Disponível em:
<https://www.arduinoportugal.pt/lm35-medindo-temperatura-arduino/>. Citado na página 37.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física: Eletromagnetismo. Vol. 3


. [S.l.]: Grupo Gen-LTC, 2016. Citado 2 vezes nas páginas 26 e 30.

IFSC. Circuitos de Corrente Alternada I. São Carlos-SP, 2018. Citado 2 vezes nas páginas 15
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JEWETT, J. W.; SERWAY, R. A. Física para cientistas e engenheiros. Vol. 3: Eletricidade e


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MAGMATTEC. Núcleos de Pó de Ferro: da fabricação à aplicação. 2019. Disponível em:


<http://www.magmattec.com.br/noticias/nucleos-de-po-de-ferro-da-fabricacao-a-aplicacao>.
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MARTINS, N. Introdução À Teoria da Eletricidade e do Magnetismo. [S.l.]: Edgard Blucher,


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NUSSENZVEIG, H. M. Curso de Física básica: eletromagnetismo. [S.l.]: Edgard Blucher, 2012.


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Referências 50

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WENDLING, M. Sensores. Dissertação (Artigo) — Universidade Estadual Paulista,


Guaratinguetá-SP, 2010. Disponível em: <http://www.joinville.udesc.br/portal/professores/
saimon/materiais/Sensores.pdf>. Citado na página 21.
51

APÊNDICE A – Código Computacional

//SENSOR DE CORRENTE
const int sinal = A0; // Define o pino que receberá os dados do sensor;
int Tensao; // Variável que armazenará a tensão;
float T=0;
int Tempo=0; //Variável que contará o número de ciclos e relacionará com o tempo;

//Função que será executada uma vez quando ligar ou resetar o Arduino;
void setup()
Serial.begin(9600); // Inicializa a comunicação serial;
Serial.print("Tempo "); //Imprime nome das grandezas;
Serial.println("Tensão "); //Imprime nome das grandezas;

//Função que será executada continuamente;


void loop()
Tensao = analogRead(sinal); //Lê o sinal da porta analógica e armazena na variável
Tensão;
Tempo=Tempo+1;
Serial.print(Tempo); //Imprime o tempo;
Serial.print(" "); //Imprime um espaço entre as colunas Tempo e Tensão;
Serial.println(Tensao); //Imprime o valor lido em bytes;
delay(0) //Define o intevalo de tempo entre cada leitura;
52

APÊNDICE B – Parâmetros dos gráficos


exibidos no capítulo 5.

Figura 24 – Tabela com os parâmetros do ajuste, referente ao gráfico da Figura 18.

Fonte: Próprio autor.

Figura 25 – Tabela com os parâmetros do ajuste, referente ao gráfico da Figura 19.

Fonte: Próprio autor.

Figura 26 – Tabela com os parâmetros do ajuste, referente ao gráfico da Figura 20.

Fonte: Próprio autor.


APÊNDICE B. Parâmetros dos gráficos exibidos no capítulo 5. 53

Figura 27 – Tabela com os parâmetros do ajuste, referente ao gráfico da Figura 21.

Fonte: Próprio autor.

Figura 28 – Tabela com os parâmetros do ajuste linear, referente ao gráfico da Figura 22.

Fonte: Próprio autor.

Figura 29 – Tabela com os parâmetros do ajuste linear, referente ao gráfico da Figura 23.

Fonte: Próprio autor.

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