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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

DÁCIO DA SILVA MELO

APLICAÇÃO DE SINCROFASORES PARA


AFERIÇÃO DE PARÂMETROS ELÉTRICOS DE
LINHAS DE TRANSMISSÃO.

Recife, Setembro de 2008


UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

APLICAÇÃO DE SINCROFASORES PARA


AFERIÇÃO DE PARÂMETROS ELÉTRICOS DE
LINHAS DE TRANSMISSÃO.

por

DÁCIO DA SILVA MELO

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da


Universidade Federal de Pernambuco como parte dos requisitos para a obtenção do grau de
Mestre em Engenharia Elétrica

ORIENTADOR: PROF. JOSÉ MAURÍCIO DE BARROS BEZERRA,


D.SC

Recife, Setembro de 2008

Dácio da Silva Melo, 2008

i
M528a Melo, Dácio da Silva.
Aplicação de sincrofasores para aferição de parâmetros elétricos
de linhas de transmissão / Dácio da Silva Melo. - Recife: O Autor,
2008.
xii, 104 folhas, il : tabs. Grafs.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco.


CTG. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, 2008.

Inclui Referências e Anexos.

1. Engenharia Elétrica. 2.Parâmetro de Linha. 3.Sincrofasores.


4.PMU. 5.Processamento de Energia. I Título

UFPE 621.3
BCTG/ 2009-070
ii
DEDICATÓRIA

Dedico a:

Aos meus pais, José Pedro de Melo e


Maria José da Silva Melo.

Em especial, a minha esposa Niedja


Queiroz Melo e meus filhos Rayanne
Nascimento Melo, Wallace Nascimento
Melo e Dácio da Silva Melo Junior.

iii
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que sempre esteve presente em todos os momentos da minha


vida.
Aos professores do mestrado em engenharia elétrica da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE) pela oportunidade de aprimorar o conhecimento.
A CHESF pela oportunidade de participação neste mestrado.
Ao colega Herivelto de Souza Bronzeado, por ter sugerido o tema de dissertação e
pelo apoio durante o desenvolvimento deste trabalho.
Ao professor da UNICAMP Jose Pissolato Filho pelo apoio durante o
desenvolvimento do trabalho.
Ao meu orientador, professor José Mauricio de Barros Bezerra, pelo ensinamento e
cooperação durante o desenvolvimento do trabalho.
Aos colegas Tranquelino Ferreira Monteiro, Paulo Roberto Pereira da Silva, Wilson
Santos de Santana pelo desenvolvimento do trabalho em laboratório.
Ao apoio da REASON Tecnologia S.A. pelos equipamentos fornecidos para os
testes, e pela consultoria técnica nas montagens de laboratório e de campo.
Aos colegas Lucio Correa Meireles, Maria do Socorro Cavalcanti Melo e Marcos
Antônio Rolim Villa Verde pelo companheirismo antes, durante e após o mestrado.
Aos colegas João Varela Eduardo, António Roseval Ferreira Freire e António Elias
de Almeida Nogueira pelo apoio durante o desenvolvimento do trabalho e análise da
aderência dos resultados ao sistema de potência.
Ao colega Jose Geraldo da Silva Júnior pela revisão final do trabalho.
Aos meus pais, José Pedro de Melo e Maria José da Silva Melo, pelo amor carinho
e dedicação durante toda minha vida.

Enfim, a todos que, de alguma forma direta ou indiretamente, contribuíram para a


realização deste trabalho.
Dácio da Silva Melo
Universidade Federal de Pernambuco
30 de Setembro de 2008

iv
Resumo da Dissertação apresentada à UFPE como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica

APLICAÇÃO DE SINCROFASORES PARA AFERIÇÃO DE


PARÂMETROS ELÉTRICOS DE LINHAS DE
TRANSMISSÃO

Dácio da Silva Melo


Setembro/2008

Orientador: Prof. José Maurício de Barros Bezerra, D.Sc


Área de Concentração: Processamento da Energia
Palavras-chaves: Parâmetros de linha, PMU – Unidade de Medição de Fase,
Sincrofasores
Número de Páginas: 118

RESUMO: Este trabalho apresenta uma metodologia que permite medir os parâmetros
elétricos de linha, baseado na oscilografia dos registradores digitais de perturbação, e em
seguida permite avaliar a precisão da metodologia desenvolvida em relação aos métodos de
cálculo convencionalmente utilizados. A partir da metodologia proposta, foram
desenvolvidas rotinas computacionais, utilizando-se o software MATLAB, que
possibilitam aferir os parâmetros das linhas de transmissão, tendo como entrada de dados
os registros de oscilografia dos registradores digitais de perturbação, desde que estes
possuam suas medições e conversões analógico-digitais sincronizadas através de sistema
de posicionamento global. A validação da metodologia utilizada e das rotinas
computacionais desenvolvidas foi realizada através de simulações preliminares no software
ATP. A partir de tais simulações, foi possível a geração de registros de oscilografia em
dois terminais de uma linha de transmissão utilizada como teste. De posse desses registros,
foram utilizadas rotinas computacionais desenvolvidas no MATLAB para aferição dos
parâmetros. Em testes realizados em laboratório, foi validada a possibilidade de obtenção
de fasores com erros inferiores a 0,1 graus elétricos em seus argumentos. Tal precisão
representa a condição necessária para se obter os parâmetros elétricos de uma linha de
transmissão com um erro inferior a três por cento. Como estudos de caso em campo, foram
realizadas aferições dos parâmetros elétricos da LT da CHESF Messias-Recife II, de 500
kV.

v
Abstract of Dissertation presented to UFPE as a partial fulfillment of the
Requirements for the degree of Master in Electrical Engineering

APPLICATION OF SINCROFASORES FOR AFERIÇÃO OF


ELECTRIC PARAMETERS OF LINES OF TRANSMISSION.

Dácio da Silva Melo


September /2008

Supervisor: Prof. José Maurício de Barros Bezerra, D.Sc


Concentration area: Energy processing
Keywords: Line parameters, PMU - Phasor Measurement Units,
Synchrophasor
Number of pages: 118

ABSTRACT: This paper presents a methodology that allows measuring the line
electrical parameters, based on the oscillography of digital registers of disturbance, and
then evaluates the accuracy of the developed methodology in comparison to the calculation
methods traditionally used. According to the the proposed methodology, computational
routines were developed using the MATLAB, that enables the measurements of the
transmission lines parameters having as input data the oscillography’s report from digital
registers of disturbance, as long as these ones have their measurements and digital
analogical conversions synchronized by a global positioning system. The validation of the
used methodology and the developed routines was performed by preliminary simulations at
the ATP. Through such simulations it was possible to generate oscillography registers in
two transmission line terminals used as test. From theses registers, computational routines
were developed in MATLAB to obtain electrical parameters. In tests accomplished in
laboratory it was confirmed the possibility of obtaining phasors with errors inferior to 0.1
electrical degrees in their arguments. Such precision represents the necessary condition to
calculate the electric parameters of a transmission line with an error inferior to three
percent. As study cases in field it was measured the electric parameters of 500 kV
CHESF’s transmission line Messias-Recife II.

vi
SUMÁRIO

DEDICATÓRIA...................................................................................................................iii
AGRADECIMENTOS ......................................................................................................... iv
RESUMO .............................................................................................................................. v
ABSTRACT ......................................................................................................................... vi
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................... ix
LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... x
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS .................................................................... xi
1 Considerações iniciais....................................................................................................... 1
1.1 Introdução .................................................................................................................. 1
1.2 Motivação .................................................................................................................. 3
1.3 Revisão bibliográfica ................................................................................................. 4
1.4 Os objetivos deste trabalho ........................................................................................ 8
1.5 Divisão dos Capítulos ................................................................................................ 8
2 Cálculo e medição convencional de parâmetros de linhas de transmissão ..................... 10
2.1 Metodologia de cálculo de parâmetros elétricos de linhas de transmissão.............. 11
2.1.1 Indutância .......................................................................................................... 11
2.1.2 Capacitância....................................................................................................... 14
2.1.3 A Resistência e Condutância em Paralelo ......................................................... 19
2.2 Considerações sobre uma LT real............................................................................ 20
2.2.1 Altura média do condutor .................................................................................. 21
2.2.2 Método de Carson.............................................................................................. 22
2.2.3 Reatância e Susceptância de seqüência das LTs ............................................... 23
2.2.4 Dificuldades práticas de implementação do cálculo convencional: .................. 25
2.2.5 Análise da sensibilidade da metodologia convencional .................................... 25
2.3 Medição convencional de parâmetros de LTs ......................................................... 28
2.3.1 Metodologia tradicional de medição direta de parâmetros de LT. .................... 30
2.3.2 Aplicação da metodologia de medição direta de parâmetros elétricos de LTs . 32
2.3.3 Dificuldades práticas de implementação da medição direta.............................. 34
2.4 Comparação entre valores calculados e medidos..................................................... 34
3 Modelo para aferição de parâmetros de linhas a partir das grandezas fasoriais em seus
terminais.......................................................................................................................... 37
3.1 Cálculo de parâmetros de linha em sistema sem indutância mútua e sistema
perfeitamente equilibrado a partir dos fasores sincronizados.................................. 38
3.2 Decomposição de sistemas desequilibrados em componentes simétricas ............... 39
3.2.1 Expressões das tensões ou intensidades de um sistema trifásico em função das
componentes simétricas..................................................................................... 41
3.2.2 Expressões das componentes simétricas em função das tensões ou intensidade
de corrente de um sistema trifásico. .................................................................. 41
3.3 Extração dos fasores, a partir dos registros de oscilografia de um equipamento
qualquer. .................................................................................................................. 42
4 Validação do modelo a partir do ATP ............................................................................ 46
4.1 Obtenção dos parâmetros da LT a partir dos fasores............................................... 46
4.1.1 Calcular o Modelo PI equivalente através da medição indireta de parâmetros de
LT. ..................................................................................................................... 46
4.1.2 Calcular os parâmetros ABCD de Sequência Positiva e Zero desta LT............ 47

vii
4.1.3 Arbitrar fasores desequilibrados de corrente e tensão nos terminais da mesma e
calcular os fasores na entrada desta LT ............................................................. 49
4.1.4 Recalcular os parâmetros da LT ........................................................................ 51
4.2 Obtenção dos parâmetros da LT a partir de simulações no ATP............................. 52
4.2.1 Modelagem no ATP da LT................................................................................ 52
4.2.2 Geração de oscilografias nos dois terminais de LT........................................... 53
4.2.3 Conversão do formato dos arquivos gerados..................................................... 54
4.2.4 Re-cálculo dos parâmetros da LT...................................................................... 54
5 Validação do modelo a partir de aferições laboratoriais e de campo.............................. 56
5.1 Características da LT escolhida para aplicação da metodologia ............................. 56
5.2 Realização de testes em laboratório......................................................................... 58
5.2.1 Montagem de uma plataforma em laboratório .................................................. 58
5.2.2 Cálculo de fasores nos secundários dos transformadores de instrumentos ....... 60
5.2.3 Aferição e parametrização dos equipamentos para a simulação. ...................... 60
5.2.4 Simulação dos fasores da LT............................................................................. 61
5.2.5 Ratificação da resolução do equipamento ......................................................... 62
5.2.6 Aferição dos parâmetros a partir da oscilografia gerada. .................................. 62
5.3 Validação do modelo em uma LT do sistema de transmissão................................. 63
5.3.1 Instalação dos equipamentos nos terminais da LT ............................................ 63
5.3.2 Análise dos registros.......................................................................................... 67
5.3.3 Análise das causas da divergência de parâmetros ............................................. 71
5.3.4 Avaliação da aderência do novo modelo ao Sistema de Potência..................... 72
5.4 Avaliação dos erros de processamento de sinal....................................................... 73
6 Conclusões e perspectivas............................................................................................... 76
ANEXOS ............................................................................................................................. 78
Anexo A - Programas de Modelagem da 05L7 ................................................................... 78
Anexo B - Programas para Cálculo de Parâmetros ............................................................. 81
Anexo C – Roteiros de Testes em Laboratório ................................................................... 94
Anexo D – Modelagem no ATP da LT Messias Recife II ............................................... 101
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 102

viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 - Decomposição de um sistema desequilibrado ............................................. 39
Figura 3.2 - Componentes Simétricas ............................................................................. 40
Figura 3.3 - Discretização de um sinal com 8 amostras por ciclo................................... 43
Figura 4.1 - Diagrama Fasorial dos terminais da LT 05L7 MSI/RCD............................ 51
Figura 4.2 - Modelagem no ATP da LT 05L7 MSI/RCD ............................................... 53
Figura 4.3 - Oscilografia do Terminal de MSI................................................................ 53
Figura 4.4 - Oscilografia do Terminal de RCD............................................................... 54
Figura 4.5 - Fasores calculados usando-se os arquivos CSV .......................................... 55
Figura 5.1 - Diagrama unifilar da 05L7 no terminal de RCD ......................................... 57
Figura 5.2 - Diagrama unifilar da 05L7 no terminal de MSI .......................................... 57
Figura 5.3 - Diagrama de Montagem em Laboratório..................................................... 58
Figura 5.4 - Instalação da antenas receptoras GPS em Laboratório................................ 59
Figura 5.5 - Equipamentos usados em Laboratório......................................................... 59
Figura 5.6 - Oscilografia após aferição dos RDPs .......................................................... 61
Figura 5.7 - Simulação de Fasores em laboratório.......................................................... 61
Figura 5.8 - Precisão de um microssegundo entre equipamentos ................................... 62
Figura 5.9 - Diagrama de montagem de RDPs na instalação de MSI............................. 64
Figura 5.10 - RDP instalado no terminal de MSI.............................................................. 65
Figura 5.11 - Antena receptora instalada no terminal de MSI .......................................... 65
Figura 5.12 - RDP instalado no terminal de RCD............................................................. 66
Figura 5.13 - Antena receptora instalada no terminal de RCD ......................................... 66
Figura 5.14 - Comportamento térmico dos condutores da LT 05L7................................. 68
Figura 5.15 - Comportamento diário da resistência .......................................................... 69
Figura 5.16 - Comportamento diário da reatância............................................................. 69
Figura 5.17 - Comportamento diário da suscepitância...................................................... 70
Figura 5.18 - Comportamento diário da capacitância ....................................................... 70
Figura 5.19 - Digrama de Ishikawa – Divergência entre parâmetros................................ 71
Figura 5.20 - Previsão diária de consumo da LT 05L7 ..................................................... 72
Figura 5.21 - Fases do processo de transformação do sinal .............................................. 73
Figura 5.22 - Relacionamento entre erro de fase e os parâmetros de seqüência zero ....... 74
Figura 5.23 - Relacionamento entre erro de fase e os parâmetros de seqüência positiva . 74
Figura B.1 - Interconexão entre os Programas................................................................. 81
Figura C.1 - Diagrama de interligação para a aferição dos equipamentos ...................... 95
Figura C.2 - Parametrização do RDP para calibração ..................................................... 96
Figura C.3 - Erros entre disparos menor ou igual a 1 microssegundo ............................. 97
Figura C.4 - Sobreposição das seis fase de tensão e seis de correntes............................. 97
Figura C.5 - Diagrama de interligação entre os equipamentos ........................................ 98
Figura C.6 - Registro oscilografico gerado em laboratório ............................................. 99
Figura D.1 - Modelagem no ATP da LT 05L7 MSI/RCD ............................................. 101

ix
LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Processamento digital do sinal de oscilografia............................................ 45


Tabela 4.1 - Parâmetros da LT 05L7, calculados de forma indireta................................ 47
Tabela 4.2 - Parâmetros de seqüência positiva e zero da LT analisada........................... 47
Tabela 4.3 - Fasores arbitrados no terminal de Recife II................................................. 49
Tabela 4.4 - Fasores de entrada e saída da LT 05L7 ....................................................... 51
Tabela 4.5 - Resultado do Cálculo de Parâmetros (a partir dos fasores) ......................... 52
Tabela 4.6 - Resultado do Cálculo de Parâmetros (a partir do ATP) .............................. 55
Tabela 5.1 - Fasores nos secundários de Transformadores de Instrumentos................... 60
Tabela 5.2 - Resultado da aferição de parâmetros (em laboratório)................................ 62
Tabela 5.3 - Parâmetros calculados da LT a partir dos fasores. ...................................... 67
Tabela C.1 - Fasores nos secundários de Transformadores de Instrumentos................... 99
Tabela C.2 - Valores de parâmetros encontrados........................................................... 100
Tabela D.1 - Parâmetros utilizados na modelagem da LT.............................................. 101
Tabela D.2 - Parâmetros da LT modelada ...................................................................... 101

x
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ABREVIATURAS

ATP................- Alternative Transients Program


ATPDRAW ...- Interface gráfica para o rotina computacional ATP
BNB ...............- Subestação de Banabuiu
CHESF...........- Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
COMTRADE - IEEE Standard Commom Format for Transient Data Exchange
CSV ...............- Comma Separated Values – Formato de Arquivo, cujos dados são
separados por virgula.
FEX................- Feixe Expandido
FTZ ................- Subestação de Fortaleza
GPS................- Global Positioning System
IED ................- Inteligent Eletronic Device
IP....................- Internet Protocol
IRIG-B ...........- Inter Range Instrumentation Group Time Code
LED ...............- Light Emmitting Diode
LT ..................- Linha de Transmissão
MATLAB ......- Matrix Laboratory
MLG ..............- Subestação de Milagres
MSI ................- Subestação de Messias
OPGW ...........- Optical Ground Wire
PAF................- Subestação de Paulo Afonso III
PMU ..............- Phasor Measurement Units
RCD...............- Subestação de Recife II
RDP ...............- Registrador Digital de Perturbação
RMG ..............- Raio Médio Geométrico
RTC ...............- Relação do Transformador de Corrente
RTP................- Relação do Transformador de Potencial
SCS ................- Sistema de Controle Supervisório
SE ..................- Subestação
SEP ...............- Sistema Elétrico de Potencia
TC ..................- Transformador de Corrente
TI ...................- Transformador para Instrumento
TOP................- The Output Processor - Rotina computacional para conversão de um
formato de arquivo para outro.
TP ..................- Transformador de Potencial
TPC................- Transformador de Potencial Capacitivo

xi
SÍMBOLOS

i ...................= condutores da linha de transmissão


&
V ...................= Fasor calculado a partir das amostras
f [Hz]............= Freqüência do sistema
Hi
[m] ...........= Altura do condutor i sobre o solo, no ponto de sua suspensão, junto à
estrutura
hi
[m] ............= Altura média do condutor
D ji
[m] ...........= Distancia do condutor i e a imagem do condutor j
d ji [m] ............= Distância entre os condutores i e j
f i [m] .............= Flexa do condutor estimada para um vão médio da linha de transmissão
sob condições de temperatura média
ρ [Ω.m] .........= Resistividade do solo
z&i [Ω/Km] .....= Elementos da diagonal da matriz de impedância com laço formado pelo
condutor i e a terra
rci
[Ω/Km] .....= Resistência do condutor
∆H [m] ..........= Variação da altura da linha de transmissão
C0 [nF/km] ...= Capacitância de seqüência zero
C1 [nF/km] ...= Capacitância de seqüência positiva
K ...................= k-esimo Item das amostras
N ....................= Número total de amostras
R0 [Ω/Km] ....= Resistência de seqüência zero
R1 [Ω/Km] ....= Resistência de seqüência positiva
X0 [Ω/Km] ....= Reatância de seqüência zero
X1 [Ω/Km] ....= Reatância de seqüência positiva
XK ..................= Valor da k-ésima amostra

xii
1

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1 Introdução

As linhas de transmissão (LT) se constituem elementos primordiais dos sistemas


elétricos de potência, pois são responsáveis pela interligação das fontes de energia com os
consumidores finais. No Brasil, em particular, a concentração do consumo de energia em
regiões específicas associada com uma geração de vocação tipicamente hidrelétrica e,
portanto, localizada em locais remotos, exige uma malha de transmissão de grande porte. A
modelagem de tal quantidade de elementos impõe um rigor bastante elevado, já que
imprecisões nessa representação poderão produzir desvios significativos entre os
resultados dos estudos de planejamento e aqueles verificados na operação diária do
sistema.
Tais desvios tornam-se ainda mais relevantes quando se considera que a rede
elétrica brasileira, por dispor de centros de controle regionais e nacionais com telemedidas
em tempo real de praticamente todas as barras do sistema de potência, permite um
confronto direto entre o estado previsto para as mesmas e o estado de fato observado. As
diferenças, se importantes, podem desacreditar completamente os estudos e as suas
recomendações, especialmente aquelas destinadas a superação de situações de
contingências.
Tal quadro assume uma gravidade ainda maior quando se tem em conta que os
modelos das LTs subsidiam decisões cruciais para um funcionamento confiável do sistema,
uma vez que é elemento chave no estabelecimento do nível de curto-circuito das diversas
barras da rede. Define, portanto, não somente a capacidade de interrupção dos conjuntos de
manobra, como também o correto encadeamento dos dispositivos de proteção primária e de
retaguarda, assegurando, assim, uma seletividade tal que apenas os circuitos realmente
atingidos pela anormalidade sejam isolados, minimizando as repercussões no restante do
sistema.
A compensação das próprias LTs é outro aspecto diretamente associado aos
2

parâmetros que representam as mesmas, particularmente a susceptância capacitiva.


Qualquer imprecisão nos valores adotados para esses elementos do modelo matemático
poderá suscitar um dimensionamento incorreto para os dispositivos de compensação série
e/ou em derivação, limitando o carregamento da LT caso se torne excessivos ou elevando
demasiadamente a tensão se insuficiente.
Acrescenta-se aos aspectos já descritos, a íntima ligação entre os parâmetros das
LTs e a definição dos pontos de operação estável do sistema, pois as primeiras funcionam
como uma mola que interliga os subsistemas. Uma margem de estabilidade elevada ou
reduzida poderá ser o resultado do uso de parâmetros incorretos, pondo em risco o sistema
ou limitando o intercâmbio de potência entre as áreas.
A exposição acima mostra, sem dúvida, a importância para um planejamento
adequado do sistema de potência da disponibilidade de um modelo para as LTs que
reproduza com a fidelidade possível o comportamento real das mesmas. Em geral e,
particularmente no setor elétrico brasileiro, os parâmetros para esses modelos são
estimados com base em procedimento clássicos de cálculo, concebidos a partir de
hipóteses simplificadoras, o que pode introduzir, sob determinadas circunstâncias, erros
relevantes nessas estimativas. Entre vários autores, Kusic e Garrison (2004) apontam, por
exemplo, desvios da ordem de 25 a 30% entre as informações constantes dos bancos de
dados das empresas construídos da forma tradicional e os valores reais levantados para
esses parâmetros. As implicações de erros dessa monta são, evidentemente, significativas,
visto que influenciarão fortemente a qualidade e o custo da energia fornecida pelas
empresas.
A presente dissertação pretende, justamente, propor uma metodologia para a
determinação dos parâmetros das LTs que minimize os erros citados e, para isso, fará uso
de informações coletadas em tempo real e de modo simultâneo nos terminais das LTs. A
perspectiva de aplicação dessa metodologia somente foi vislumbrada com o advento do
Sistema de Posição Global, conhecido mundialmente como GPS, o qual, embora declarado
operacional em 1995, somente foi liberada com precisão plena a partir de meados do ano
2000. Trata-se, portanto, de uma metodologia de caráter bastante recente e em
implementação em toda a sua plenitude.
3

1.2 Motivação

Dentro deste contexto, após a energização de algumas instalações da CHESF,


foram detectados, através do sistema de supervisão e controle, e medição operacional,
valores de tensão, potência ativa e reativa incompatíveis com os valores previstos em
estudo. Essa incompatibilidade teve como principais conseqüências:

• necessidade de compensação da energia reativa para atingirmos níveis


satisfatórios de tensão nas barras;

• operação indevida da proteção;

• número elevado de alarmes nos sistemas de supervisão, em virtude da


incompatibilidade entre o limite máximo previsto em plena carga e o nível real
da operação.

Ainda dentro deste contexto, o crescimento imprevisto da carga do Sistema Norte e


considerando a escassez de recursos, a partir de 1996, LTs utilizando técnicas FEX (Feixe
Expandido) foram colocadas em operação comercial na CHESF (EDUARDO, 2000).
Quando houve energização dessas LTs, foram observadas discrepâncias entre os
valores previstos através de simulação de fluxo de carga e os valores medidos em campo,
bem como algumas ocorrências também imprevistas foram registradas, tais como:

• atuação de proteção de sobretensão quando houve manobras das LTs FEX nos
trechos Paulo Afonso - Milagres e Banabuiu-Fortaleza, com tensões de partida de
acordo com os valores definidos pelos estudos elétricos. Para uma mesma tensão de
partida observou-se que em algumas manobras ocorria a atuação de proteção de
sobrecorrente e em outras não, dando aparentemente, certo caráter aleatório ao
fenômeno;

• carregamento dos compensadores estáticos inferior em até 50 MVar aos valores


previstos nos estudos;

• atuação de proteção de sobretensão de LTs, barras e equipamentos após curto-


circuitos na rede de distribuição derivada da subestação de Fortaleza.

• o histórico operacional mostrou que, mesmo antes das implantações das técnicas de
4

FEX, foram detectadas sobretensões de regime permanente, tendo inclusive havido


partida do relé de sobretensão como no caso da ocorrência no terminal de Milagres.

Objetivando analisar as causas das discrepâncias acima, foi montado um grupo de


estudos que, a partir de ensaios e simulações, encontrou dificuldades nas análises devido a
restrições técnicas para medição dos parâmetros elétricos da LT, à luz da tecnologia
disponível na ocasião.
Estudos recentes realizados na empresa mostraram a existência de divergência entre
os valores previstos e encontrados de tensão, potência ativa e reativa nos seguintes
corredores:

• Luiz Gonzaga-Milagres-Quixadá-Fortaleza;

• Fortaleza-Sobral III-Terezina II-Presidente Dutra.

O Sistema vem se comportando como se o valor da capacitância da LT fosse


superior ao previsto, forçando o Compensador estático (CE) de fortaleza a fornecer mais
energia do que estava previsto. Análises preliminares conduzem a se suspeitar dos critérios
adotados para especificação dos equipamentos reativos necessários à compensação
capacitiva da LT; entretanto, os valores reais dos parâmetros elétricos das LTs estão ainda
sob suspeita.

1.3 Revisão bibliográfica

O assunto já vem sendo debatido mundialmente desde a década de 70. O relatório


CHESF (1982) é um exemplo de emprego desta metodologia de medição de parâmetros de
LT. Nesta época procedia-se da seguinte maneira: abriam-se os disjuntores dos dois
terminais de LT, aplicavam-se tensões de aproximadamente 225 Vrms defasadas de 120
graus em um dos terminais de LT, registravam-se os valores de tensão, corrente e ângulo
entre estes fasores, e a partir da relação entre estas medidas, calculava-se a impedância de
circuito aberto da mesma. Em seguida repetia-se todo este processo, porém, com o outro
terminal de LT em curto-circuito para determinar a impedância de curto-circuito da LT. A
partir das impedâncias de circuito aberto e de curto-circuito, calculavam-se os parâmetros
da mesma. O fato de trabalhar com baixa tensão, 225 Vac 60 Hz, torna a metodologia
5

vulnerável a erros devido a interferências eletromagnéticas e impacta na necessidade de


indispor as LTs paralelas para minimizar estes erros.
Um trabalho que utiliza metodologia de medição semelhante ao anterior, porém
leva em consideração o fato de que os parâmetros (resistência, capacitância e indutância)
variam em função da freqüência foi proposto por Kurokawa (2003). Neste trabalho é
desenvolvido um processo de cálculo dos parâmetros longitudinais e transversais de LTs a
partir das correntes e tensões de fase da LT. O método utiliza o conceito de impedância
equivalente que é a impedância calculada em um extremo da LT considerando o outro
extremo em aberto e em curto-circuito, respectivamente. Inicialmente são desenvolvidas
equações que relacionam as correntes e tensões nas fases com as impedâncias equivalentes
da LT. Em seguida, são mostradas equações que relacionam as impedâncias equivalentes
com as funções de propagação modais da LT. Utilizando as impedâncias equivalentes e a
função de propagação de cada modo é possível obter os parâmetros longitudinais e
transversais da LT no domínio modal. Para converter os parâmetros do domínio modal
para o domínio das fases são utilizadas duas matrizes de transformação: Em uma situação,
utiliza-se a matriz de transformação modal exata e, em outra situação, utiliza-se a matriz de
Clake como sendo a única matriz de transformação. São obtidos resultados para uma LT
trifásica com comprimento de 500 km, sem transposição e com plano de simetria vertical,
cuja tensão nominal é 440 kV. Os resultados obtidos com uso da matriz de Clake
mostraram que, se as correntes e tensões de fase, em função da freqüência, são conhecidas,
é possível obter, com algumas aproximações, os parâmetros longitudinais e transversais
desta LT.
Pode ser citado mais recentemente, Paulino (2004), a utilização de medição de
parâmetros com gerador de sinal em freqüência diferente da nominal. Nesta metodologia,
um Processador Digital de Sinal (DSP) gera sinais senoidais em uma faixa de freqüência
de 15 a 400 Hz. Este sinal é alimentado por um amplificador com fonte chaveada. Um
transformador de saída associa a impedância interna do amplificador com a impedância do
objeto em teste. A multiplicação dos sinais medidos com o sinal gerado sen(ϕ .t ) e o sinal

defasado de 90°, cos(ϕ .t ) , permite uma excelente filtragem de ruído e uma medida das

partes reais e imaginarias. Assim, as impedâncias complexas Z = R + jX podem ser


determinadas. Uma vez que na freqüência de 60 Hz os níveis de ruídos serão elevados
devido às LTs paralelas, o valor de impedância para esta freqüência será determinado por
6

interpolação.
As metodologias mencionadas nos parágrafos anteriores, além dos riscos contra a
segurança física para os técnicos envolvidos na medição, têm imprecisões devido ao fato
de trabalhar com sinais fora da faixa nominal de operação da LT (tensão e freqüência
diferentes da nominal). Além dos problemas mencionados, é importante enfatizar que para
realização dos testes é necessário indispor a LT, bem como as LTs paralelas a mesma.
Uma proposta de medição de parâmetros de LT sem necessidade de desligar a
mesma é feita por Castillo (2006). Na metodologia proposta, que se baseia nas equações
normais, o vetor de estado convencional é aumentado para inclusão dos parâmetros a
serem estimados. Este vetor de estado “aumentado” é então estimado através de uma
grande quantidade de medidas, obtidas em diversas amostras durante um intervalo de
tempo em que as variáveis de estado do sistema não tenham sofrido alterações
significativas de valor. Esta situação ocorre tipicamente à noite, fora do horário de pico. A
partir das conclusões do autor é possível inferir que a metodologia poderá estimar os
parâmetros de LT no horário da noite o que já garantiria uma melhor aproximação do que
os valores calculados a partir da geometria da LT, porém, para eficiência da mesma, é
necessário garantir informações corretas do sistema de supervisão (estados das
seccionadoras e disjuntores de todo o sistema, bem como exatidão nas medições
analógicas) as quais, na prática, nem sempre são verdadeiras.
Com o surgimento da tecnologia de Sistemas de Medição Fasorial Sincronizada
(SMFS), cujas aplicações ainda não foram plenamente definidas (EHRENSPERGER,
2003) embora já se saiba que terá grande impacto sobre o gerenciamento do Sistema
Elétrico de Potencia (SEP), começa a surgir uma série de aplicações sobre a mesma. Essas
aplicações terão impacto imediato em:

• Estimação de Estados: que deverá sofrer significativas modificações, abandonando


parte dos atuais programas computacionais que se destinam a estimar as tensões
complexas das barras do sistema. Atualmente, é necessária a resolução de um sistema
de equação bastante dispendioso computacionalmente e, devido à lentidão do processo,
a presente tecnologia calcula os fasores a cada 2 ou 5 segundos, sendo desta forma,
incapaz de fornecer informações sobre os estado dinâmico do sistema.
7

• Analise de Segurança do Sistema: que na forma tradicionalmente concebida dependia


do estimador de estado, e como este não funcionava plenamente, a análise de segurança
tornava-se impossível de ser realizada. Com a introdução desta nova tecnologia de
SMFS, com os fasores sendo medidos a cada ciclo de (16,66 milissegundo), e não mais
a cada 2 ou 5 segundos torna-se possível visualizar o comportamento dinâmico do
sistema.

Os sistemas voltados para o monitoramento, controle, proteção e automação de grandes


áreas, estão sendo desenvolvidos em vários paises. O nome recente dado a estes sistemas é
WAEMS (Wide Área Energy Systems). Acompanhando o desenvolvimento destes, tem-se
os:
• WAMS (Wide Área Monitoring Systems): monitoramento dos dados e informações
do SEP;
• WAMPS (Wide Área Protection Systems): objetiva a monitoração, incorporando
também algumas funções de proteções sistêmicas;
• WAMCS (Wide Área Monitoring and Control Systems): incorpora funções de
controle do SAP;
• WAMPACS (Wide Area Monitoring Protection and Control Systems): integra
todas as funções anteriores em um só sistema.

Apesar das aplicações mencionadas pelo autor, a medição de parâmetros de LT a


partir dos fasores sincronizados de entrada e saída da mesma, é um tema ainda pouco
explorado. Podem ser citados alguns trabalhos onde é comentada a possibilidade de
obtenção destes parâmetros a partir dos fasores medidos:

a) TIANSHU BI (2008) mostra, para uma LT monofásica, que a partir dos fasores
de entrada e saída de LT é possível calcular os parâmetros do modelo PI
equivalente, e se o modelo de parâmetros distribuído for desejado, este poderá ser
determinado através das relações hiperbólicas entre o modelo PI de parâmetros
concentrado e parâmetros distribuídos em LTs de transmissões aéreas;

b) MASCHER (2008) avalia o efeito da variação da resistividade nos parâmetros de


seqüência zero e conseqüentemente da tomada de decisão do relé de distância e
8

propõe o uso de ajustes adaptativos, baseado em medição sincronizada (PMU),


para garantir uma melhoria incremental em termo da operação correta do relé
para faltas limiares em diferentes condições de resistividade de solo.

Vale ressaltar que, nesses trabalhos, uma vez que são trabalhos teóricos, nos quais
as simulações foram realizadas utilizando-se ferramentas como o ATP, não é considerado
os erros provocados por TI e instrumentos de medição de fasores.

1.4 Os objetivos deste trabalho

Este trabalho introduz técnicas de medição de parâmetros elétricos de LTs, no


intuito de contribuir para análises de problemas similares aos enfocados anteriormente. O
primeiro objetivo é propor uma metodologia que a partir dos registros oscilográficos dos
Dispositivos Eletrônicos Inteligentes (IED), permita calcular os parâmetros de LT, sem
necessidade de indispor a mesma. Essa metodologia deverá permitir que estes valores
sejam medidos em regime transitório e/ou permanente.
Como segundo objetivo é analisado a variação dos parâmetros elétricos de LTs em
função de mudanças climáticas sazonais, carregamento elétrico da LT ou pequenas
incompatibilidades entre os dados de projeto e a construção.

1.5 Divisão dos Capítulos

A partir da contextualização do tema enfocado, no Capítulo 2 é descrita uma


revisão da metodologia utilizada para o cálculo e medição de parâmetros de LT, em
seguida são feitos alguns comentários sobre as possíveis causas de imprecisão no cálculo
destes parâmetros e mostrados alguns gráficos da variação do parâmetro em função de
possíveis variações na altura do condutor e condutividade do solo.
No Capítulo 3, é apresentada a metodologia para calcular os parâmetros de LT com
base nos fasores dos terminais da mesma, considerando o caso de uma LT sem indutância
mútua, e com o sistema perfeitamente equilibrado. Em seguida, é feita uma revisão da
teoria da decomposição de sistemas desequilibrados em componentes simétricas para
possibilitar a aplicação da metodologia anterior a um sistema desequilibrado, e logo após, é
feita uma revisão da técnica de processamento digital de sinal para possibilitar a extração
de fasores dos registros de oscilografia de um equipamento qualquer.
9

No Capítulo 4, objetivando ratificar a viabilidade de utilização da metodologia


proposta, foi calculado o modelo PI de uma LT de 500 kV com dados dos parâmetros da
mesma, calculados a partir de sua geometria. Em seguida se arbitrou fasores de tensão e
corrente compatíveis com uma carga desequilibrada em um de seus terminais. A partir
destes fasores e do modelo PI da LT, calculou-se os fasores no outro terminal. De posse
dos fasores, utilizando-se rotinas computacionais desenvolvidas, são aferidos os
parâmetros da LT. Ainda nesse Capítulo, são registrados modelos específicos, nos quais
foram aplicados o ATP (Alternative Transients Program) à LT em questão. A partir desses
modelos foram gerados os arquivos de oscilografia nos dois terminais da mesma. De posse
desses arquivos foram executadas as rotinas desenvolvidas para aferição dos parâmetros da
LT.
No Capítulo 5, são descritas montagens elétricas realizadas em laboratório com o
intuito de avaliar os erros provocados por eventuais falhas de sincronismo de tempo dos
receptores GPS, processamento digital de sinal e circuitos condicionadores de sinais. São
registradas, ainda, montagens de campo para medição dos parâmetros da LT Messias-
Recife II de 500 kV, utilizada como estudo de caso.
No Capítulo 6, são feitas as conclusões e análises da realidade da CHESF, no que
diz respeito à viabilidade da implantação da metodologia apresentada. Em seguida, é feito
um breve comentário sobre as perspectivas de expansão do uso da metodologia
apresentada em um contexto mais amplo.
Nos anexos, são apresentadas as rotinas computacionais desenvolvidas, as quais
deram suporte à implementação da metodologia de aferição de parâmetros elétricos de LTs
proposta, como também os roteiros de testes realizados em laboratório.
10

2 CÁLCULO E MEDIÇÃO
CONVENCIONAL DE
PARÂMETROS DE LINHAS
DE TRANSMISSÃO
Objetivando um melhor entendimento dos capítulos seguintes deste trabalho,
fazemos a seguir uma revisão de alguns conceitos básicos de cálculo e medição
convencionais de parâmetros de LT.
De uma forma geral, as características de desempenho elétrico de uma LT (como elo
de um sistema de potência) podem ser expressas em função de quatro parâmetros:
indutância (L), em H/m; capacitância (C) em paralelo, em F/m; resistência (R), em Ω/m; e
condutância (G) em paralelo, em S/m.
São esses parâmetros que permitem construir o modelo elétrico de uma LT, de tal
forma a inseri-la em um contexto associado a toda uma rede elétrica e, por conseguinte,
avaliar e simular o comportamento das tensões, correntes e fluxo de carga em todo o
sistema de potência.
Como será visto, esses parâmetros são calculados em função dos tipos de condutores
utilizados, a sua quantidade por fase e a geometria que caracteriza o seu arranjo associados
às estruturas suportes e cadeias de isoladores que os mantêm suspensos. É de se esperar
que a concepção de uma LT passe, portanto, por uma etapa de estudos em que os seus
parâmetros elétricos sejam os mais adequados possíveis ao sistema de transmissão ao qual
será conectado, buscando-se, logicamente, consolidar o atendimento às cargas elétricas
supridas pelo sistema e a qualidade da energia disponibilizada aos diversos consumidores,
através de uma análise criteriosa de custo e benefício de cada alternativa levantada.
Os modelos de cálculo disponíveis na literatura incorporam algumas simplificações
no intuito de viabilizar as suas concepções e implementações práticas. Algumas dessas
simplificações implicam em imprecisões que merecem ser devidamente avaliadas no
sentido de não incorporarem distorções no desempenho das novas instalações elétricas
11

incorporadas ao sistema de transmissão.


Por outro lado, após a energização de uma linha de transmissão, é desejável que seus
parâmetros elétricos sejam adequadamente medidos, objetivando com isso aferir se o
desempenho elétrico esperado da nova instalação será de fato alcançado, procurando-se,
eventualmente, introduzir adequações nos esquemas de proteção e compensação, caso os
parâmetros medidos difiram substancialmente dos valores previamente calculados.
Este capítulo trata, portanto, de toda essa contextualização. São descritos,
inicialmente, os conceitos associados ao cálculo de parâmetros de linhas de transmissão,
posteriormente, são feitas considerações quanto às imprecisões inseridas nesses modelos,
em seguida são descritos os métodos tradicionais para medição dos parâmetros elétricos e,
finalmente, são analisados os resultados obtidos a partir da aplicação da metodologia em
casos reais, comparando-se os valores calculados com os medidos em campo.

2.1 Metodologia de cálculo de parâmetros elétricos de linhas de


transmissão

Conforme já comentado, o desempenho elétrico de um sistema de transmissão de


energia é decisivamente influenciado pelos valores de seus parâmetros elétricos. Sua
determinação, dentro de um mínimo rigor matemático é, portanto necessária. Por outro
lado, esse rigor deverá ser compatível com o grau de confiança que pode ser depositado
nos dados de projeto, nem sempre perfeitamente definidos. O tópico que se inicia enfoca
resumidamente as formas tradicionais de cálculo dos parâmetros elétricos de uma linha de
transmissão.

2.1.1 Indutância

É, para engenheiros de sistemas de potência, o parâmetro mais importante da LT.


Para sua análise, será considerada, inicialmente, uma LT monofásica, para, em uma etapa
posterior, se partir para a sua generalização.
A partir da aplicação da lei de Ampère, ao se considerar os fluxos magnéticos
internos e externos a um condutor produzido por uma corrente elétrica circulando neste
12

condutor, pode ser mostrado que o fluxo total resultante é dado por (FUCHS, 1979):
d
φ = 2 ⋅10 −7 I ⋅ Ln [V ⋅ s m], (2.1)
r′

onde:

I – corrente aplicada ao condutor, em Amper;


d – distância em metros entre o centro do condutor percorrido pala corrente I e o
centro de outro condutor paralelo ao anterior, sem corrente aplicada;
r´= re −1 4 – pode ser interpretada como sendo o raio de um condutor fictício, teórico,
que , não possuindo fluxo interno, produz, no entanto, o mesmo fluxo total φ que
seria produzido pela corrente I ao percorrer o condutor sólido real examinado;
r – raio do condutor percorrido pela corrente I , em metros.

Considerando-se agora dois condutores A e B, como representado na Figura 2.1,


separados de uma distancia d [m], admitindo que os condutores são cilíndricos, retilíneos,
paralelos e perfeitamente isolados entre si, considerando, ainda, seus raios ra e rb e que os

mesmos estão conduzindo as correntes I a e I b , respectivamente, pode ser montada a


equação matricial (2.2) para os fluxos magnéticos totais aferidos em um ponto P arbitrário.

Figura 2.1 - Sistema de dois condutores paralelos

 1 1 
 Ln Ln
φa  −7 ra ' d AB   I a 
φ  = 2 ⋅10  
1   I b 
[V .s / m] , (2.2)
 b  Ln 1 Ln
 d AB rb ' 

Simbolicamente esta última equação poderia ser escrita como:


13

[φ ] = k[F]⋅ [I] , (2.3)

Da definição de indutância vem:

[φ ] = [L]⋅ [I] ⇒ Logo [L] = k[F] , (2.4)

Portanto:
 1 1 
 Ln Ln
 La  −7 ra ' d AB 
 L  = 2 ⋅10   [ H / m] , (2.5)
 b  Ln 1 Ln
1 
 d AB rb ' 

Para um grupo de N condutores a equação (2.5) tomará a seguinte forma:

 2ha D AB D AC D AN 
 Ln r ' Ln Ln L Ln
d AB d AC d AN 
 a

D
 Ln AB 2h D DBN 
Ln b Ln BC L Ln
 d AB r 'b d BC d BN 
[L] = K  Ln DAC D
Ln BC
2h
Ln c
D 
L Ln CN 
[ H / m] , (2.6)
 d AC d BC r 'c d CN 
 M M M M 
 D DBN DCN 2h 
 Ln AN Ln Ln L Ln n 
 d AN d BN d CN r ' n 

A matriz acima é valida para o cálculo das reatâncias indutivas exceto pela constante
k , cujo valor muda para: k´= 12,5664. f .10 −4 [ohm/km]. Desta forma a reatância indutiva

será então: k [X L ] = k´[F ] em [ohm/km].


Pode ser observado que a matriz [F ] é simétrica e a sua lei de formação é facilmente
estabelecida. A partir dessa observação é possível introduzir os coeficientes de campo,
empregados por alguns autores:

2hi
f ii = k ⋅ Ln [H km] , (2.7)
ri′
14

são os termos da diagonal, que recebem o nome de coeficientes de campo próprios e

Dij
fij = k ⋅ Ln [H km] , (2.8)
dij

os termos genéricos fora da diagonal, que recebem o nome de coeficientes de campo


mútuos. A matriz [F ], portanto, toma a seguinte forma:

 f aa f ab f ac L f an 
f f bb f bc L f bn 
 ab
[F ] =  f ac f bc f cc L f cn  . (2.9)
 
 M M M M M 
 f an f bn f cn L f nn 

2.1.2 Capacitância

Os condutores das linhas de transmissão de energia elétrica energizadas apresentam


diferenças de potencial entre si e também com relação ao solo. Estas indicam a presença de
cargas elétricas distribuídas ao longo desses mesmos condutores. Uma linha de transmissão
comporta-se, portanto, como um capacitor de vários eletrodos compostos pelos próprios
condutores e o solo. Assim sendo, uma linha de transmissão ao ser energizada, absorve da
fonte cargas elétricas necessárias ao seu carregamento, da mesma maneira que um
capacitor.
É demonstrável que no caso de dois condutores paralelos com cargas + q e − q com
raio r , existirá um plano eqüidistante XY sobre o qual todos os pontos possuem potencial
nulo, este ponto, pode ser, portanto, assimilado a um condutor neutro.
Definindo capacitância como carga por unidade de potencial, para uma carga q em
coulomb/metro de condutor, vem:

q πε
Cab = [ F / m] , (2.10)
U ab Ln(D / r )
15

+q -q
a b
D/2 D/2

Cab

Ca0 Cb0

Figura 2.2 - Capacitância entre dois condutores.

Da figura 2.2 conclui-se que:


q q q D
U a0 = = ⇒ U a0 = Ln [V ] , (2.11)
Ca 0 2Cab 2πε r

q q q D
U b0 = = ⇒ U b0 = Ln [V ] . (2.12)
C a 0 2C ab 2πε r

Por outro lado, o solo terrestre deve ser considerado condutor de eletricidade. Os
condutores das LTs aéreas encontram-se suspensos a uma altura h do solo. Nestas
condições, o condutor comporta-se como um capacitor composto de um eletrodo cilíndrico
longo, paralelo a um eletrodo plano. Assim, para uma carga + q [coulomb/m] existente na
superfície do condutor, existirá uma carga − q distribuída no solo de tal forma que o
comportamento do campo elétrico é semelhante ao comportamento de dois condutores
separados de uma distância 2.h com cargas opostas. Usando a equação (2.11) pode-se
concluir que a diferença de potencial entre o condutor e o solo será:
q 2⋅h
U a0 = Ln [V ] , (2.13)
2πε r
No caso de dois condutores esta equação toma a seguinte forma,
 2ha Dab 
Ln Ln
U a  1  ra d ab  qa 
U  = 2πε  D 
2hb   qb 
[V ] (2.14)
 b  Ln ab Ln
 d ab rb 
,
Pode ser observado que a matriz é simétrica em torno da diagonal. Onde Dab

representa a distância entre o condutor a e a imagem de b é d ab representa a distância


16

entre o condutor a e o condutor b , conforme Figura 2.3. Generalizando para n


condutores, vem:

Figura 2.3 - Dois condutores suspensos sobre o solo e suas imagens

 2ha Dab Dac Dan 


 Ln r Ln Ln L Ln
d ab d ac d an 
U a    q
Dbn   a 
a
D
 Ln ab 2hb Dbc
U  Ln Ln L Ln  
  b 
1  d ab rb d ab d bn   qb 
U c  = Dac D 2h D   qc  [V ] , (2.15)
  2πε  Ln Ln bc Ln c L Ln cn   
 M   d ac d ab rc d cn   M 
U n   M M M M M  q 
 Dan D D 2hn   n 
 Ln Ln bn Ln cn L Ln 
 d an d bn d cn rn 

A matriz acima é denominada matriz dos coeficientes do campo elétrico de Maxwel.


Os termos da diagonal, equação (2.16), são denominados coeficientes de potencial próprio
e os termos fora da diagonal, equação (2.17), coeficientes de potencial mutuo.
1 2hi
aii = Ln [ Km / farad ] (2.16)
2πε ri ,
1 Dij
aij = Ln [ Km / farad ] (2.17)
2πε d ij
,

Os coeficientes de potenciais dependem exclusivamente da permissividade do meio e


17

das dimensões físicas dos condutores e da LT.


Através de uma analise da Figura 2.3, pode ser concluído que a distância entre um
condutor i e a imagem de seu vizinho j é determinada através da equação (2.18).
2
Dij = 4.hi .h j + d ij [m] (2.18)
,
Considerando-se um sistema de condutores energizado por correntes alternadas
senoidais, cargas e tensões podem ser representadas por fasores, desta forma a equação
(2.15) toma a seguinte forma, ressaltando que os fasores passam a ser indicados com um
ponto sobre a letra em maiúsculo:

U& a  aaa aab aac L aan  Q& a 


&    
U b  aab abb abc L abn  Q& b 
U& c  =  aac abc acc L acn  Q& c  [V ] , (2.19)
    
 M   M M M M M  M 
U&  aan
 n abn acn L ann  Q& n 

Ou, simbolicamente, utilizando a mesma notação de fasores para números


complexos, vem:

[U& ] = [A& ][Q& ]⇒ [Q& ] = [A& ] [U& ]


−1
[coulomb] , (2.20)

Ao se atentar para a definição de capacitância: carga por unidade de potencial, ou

Q&
C& = ⇒ Q& = C& .U& ⇒ Q& = C& U&
U&
[ ] [ ][ ] [coulomb] (2.21)

Donde se pode concluir que:

[C& ] = [A& ]
−1
[ farad ] (2.22)

& a diferença de potencial a que está submetido cada


De uma forma genérica, sendo U i

condutor i com relação ao solo, as cargas em cada um dos condutores poderão ser
determinadas em função das capacitâncias parciais e das tensões. Desta forma, para o
18

condutor a pode ser afirmado que:

Q& a = C a 0U& a + C ab (U& a − U& b ) + C ac (U& a − U& c ) + K + C an (U& a − U& n ) [coulumb/km],


(2.23)

Q& a = (C a 0 + C ab + C ac + L + C an )U& a − C abU& b − C acU& c − L − C anU& n [coulumb/km], (2.24)

Aplicando o mesmo raciocínio para os demais condutores, chega-se à Equação


(2.25).

(C a 0 + Cab + L + Can ) − Cab L − Can 


 − Cab (Cb 0 + Cab + L + Cbn ) L − Cbn 
[C ] =  
 M M M M  (2.25)
 
 − Can − Cbn L (Cn 0 + C an + L + Cbn )

[F/km],

−1
Considerando a matriz [ A] como definida na Equação (2.26).

Gaa Gab L Gan 


 Gbb L Gbn 
1 G
[A]−1 =  ab [F/km], (2.26)
D M M M M 
 
Gan Gbn L Gnn 

na qual D é o determinante da matriz [ A] e Gij seus cofatores. Resolvendo a igualdade

[A]−1 = [C ], obtemos os valores das capacitâncias parciais entre condutor e solo:

C a 0  Gaa Gab L Gan  1


C   Gbb L Gbn  1
 b 0  = 1 Gab  [F/km], (2.27)
 M  D M M M M  M 
    
C n 0  Gan Gbn L Gnn  1

Já foi visto que os coeficientes de campo dependem do valor da permissividade do


19

meio (ε) e das dimensões físicas do sistema de condutores, portanto as capacitâncias


parciais, determinadas em função desses coeficientes, apresentam a mesma dependência.

2.1.3 A Resistência e Condutância em Paralelo

Esses parâmetros determinam completamente as perdas ativas de transmissão. Estão


diretamente associados com a economia que pode ser feita na transmissão de energia
elétrica. A resistência ( r ) de um condutor à corrente alternada, freqüência ( f [Hz ] ), pode
ser definida como (FUCHS, 1979):

pcondução
r= , (2.28)
I2

E a condutância ( g ) de dispersão, que deve representar aquelas perdas que são


proporcionais à tensão das LTs (FUCHS, 1979):

pdispersão
g= , (2.29)
V2

Desta forma, dado o modelo PI equivalente da LT, as perdas totais podem ser
calculadas como:
p = pcodução + pdispersão ⇒ P = r ⋅ I 2 + g ⋅ V 2 , (2.30)

A potência ativa nos terminais da LT, é medida através de equipamentos com boa
exatidão (classe de exatidão 0,3%) logo a exatidão dos parâmetros r e g pode ser obtida
através de comparação entre estas medidas.
As fórmulas mencionadas anteriormente são úteis para avaliação do modelo PI da LT
após sua construção e energização, porém, como já mencionado, é necessária a definição
destes parâmetros no momento da concepção do projeto. Desta forma, os parâmetros r e
g podem ser calculados como detalhado a seguir.
20

A resistência total r poderá ser decomposta em três parcelas:


r = rcc + ra + rad , (2.31)
Onde
- rcc [ohm/km] – resistência que o condutor apresenta à passagem da corrente

contínua. E para uma dada temperatura t1 , pode ser calculada pela seguinte fórmula:

l
rcc = ρ ⋅ [ohm], (2.32)
S

e para outra temperatura t 2 , da seguinte maneira:


rcc 2 T + t 2
= , (2.33)
rcc1 T + t1
onde T , varia com a natureza e tempera do material (cobre recozido T =234.5 , cobre
tempera dura T =241, etc.)
- ra [ohm/km] – resistência que é provocada pela existência de fluxo magnético no
interior dos condutores. Devido a corrente alternada, tem-se a manifestação do efeito
pelicular, isto é, a tendência da corrente se concentrar na periferia do condutor.
- rad [ohm/km] – resistência aparente adicional. A presença dos cabos pára-raios
aterrados das LT, constituem fonte adicional de perda de energia e estas podem ser
superior às perdas por efeito corona.

Já para a condutância em paralelo ( g ), não existe nenhuma fórmula confiável. Está


associada à corrente de dispersão entre as fases e a terra. Costuma-se desprezá-la em
condições normais de funcionamento. Neste trabalho é proposta a medição.

2.2 Considerações sobre uma LT real

Os conceitos básicos, vistos na seção anterior permitem a determinação das


expressões que definem os parâmetros das LTs, são válidos para condições idealizadas:
condutores de seção cilíndricas, retos, isolados entre si e com relação ao solo e correndo
paralelamente entre si e ao solo. Infelizmente, isso não acontece nas LTs reais. Para
21

conseguir dados que representem a características das LTs em estudo, torna-se necessário,
um perfeito levantamento da situação do campo, objetivando determinar características
topográficas, paralelismos entre LTs etc. Critérios estatísticos racionais se fazem
necessários a fim de considerar um valor que represente uma massa de dados relativamente
grande, tais como: altura da estrutura, resistividade do solo, altura condutor/solo e
condutor/pára-raios; onde nem sempre o valor médio é o mais representativo, já que
existem picos que desviam estes valores. A seguir são citados alguns critérios adotados
para determinação destas características que deverão representar, da forma mais aderente
possível à realidade, as características da LT em estudo. Para um estudo mais detalhado
sobre o assunto recomenda-se consultar a bibliografia citada no final deste trabalho.

2.2.1 Altura média do condutor

No que tange a compensação da variação da altura dos condutores, por exemplo, tem
sido utilizado, tanto para o cálculo das indutâncias como das capacitâncias a seguinte
expressão.

hi = H i − 0,7 ⋅ f [m] (2.34)

Onde:

.i = condutores a, b, c e p da LT;
H i [m] = Altura do condutor i sobre o solo, no ponto de sua suspensão, junto à
estrutura;
hi [m] = Altura média do condutor i;

f i [m] = Flexa do condutor i estimada para um vão médio da linha sob condições
de temperatura média.
22

2.2.2 Método de Carson

O cálculo das reatâncias indutivas das LTs aéreas de transmissão é feito


considerando como ponto de partida, sistemas trifásicos equilibrados (FUCHS, 1979).
Essas reatâncias, de acordo com a teoria das componentes simétricas, são, nos sistemas
desequilibrados as reatâncias indutivas de seqüência positiva e de seqüência negativa
iguais entre si. A determinação das reatâncias indutivas de seqüência nula (ou zero) é,
portanto, necessária, a fim de que sistemas desequilibrados possam ser examinados.
Lembrando que nos sistemas trifásicos as componentes de seqüência nula das
correntes são iguais em módulo e fase, fluindo nos condutores de fase e retornando por um
percurso que consiste somente no solo, num condutor neutro, nos cabos pára-raios ou em
uma combinação dos mesmos. Uma vez que o retorno comumente se dá pelo solo, ou pelo
solo em paralelo com outro percurso, como os cabos pára-raios, para a determinação da
reatância indutiva e resistências às correntes de seqüência nula é necessário empregar
métodos que tomam em consideração a resistividade do solo, bem como a distribuição das
correntes no mesmo. Como verificado que tanto a resistência como a reatância de
seqüência nula são afetadas pelos mesmos fatores, é usual considerar o seu
desenvolvimento simultaneamente.
Os estudos desenvolvidos por Carson (FUCHS, 1979) propuseram métodos de
cálculo cujos resultados mais se aproximam dos valores medidos em instalações reais.
Carson propôs dois métodos: exato e aproximado. No método exato, Carson apresentou
suas equações em forma de série. No método aproximado, alguns termos da série são
desprezados. O termo de correção da resistência devido ao solo torna-se constante e
proporcional à freqüência do sistema, enquanto que o termo de correção da reatância
indutiva é proporcional à resistividade do solo e inversamente proporcional à freqüência.
Nessas condições, as impedâncias próprias e mútuas passam a ser dadas por:

658,368 ρ / f
z& i = rci + 9,88.10 − 4 f + j 28,935325.10 − 4. f . log [ohm/km] (2.35)
Dsi
23

658,368 ρ / f
z&ij = 9,88.10 −4 f + j 28,935325.10 − 4. f . log [ohm/km] (2.36)
d ji

Onde:
z&i [Ω/Km] = Elementos da diagonal da matriz de impedância com laço formado pelo
condutor i e a terra;
rci [Ω/Km] = Resistência do condutor;

ρ [Ω.m] = Resistividade do solo;


f [Hz] = Freqüência do sistema;

D ji [m] = Distância do condutor i e a imagem do condutor j;

d ji [m] = Distância entre os condutores i e j.

Essas equações, em cálculos comparativos poderão levar a diferenças de até 10% o


que, a primeira vista, pode ser uma condenação do método simplificado. Isso, no entanto,
não deve ocorrer se atentarmos simplesmente para o fato de que nem mesmo esse grau de
certeza se pode ter quanto aos valores da resistividade do solo. Para esta grandeza, o
projetista pode contar, no máximo, com valores obtidos por amostragem ao longo da LT,
nas condições existentes na época em que foram realizadas as medidas, pois podem variar.
No interior do Brasil, é típico o caso de solo no qual foram detectadas medidas de
resistividade da ordem de 10 000 [Ω.m] em época de secas, e da ordem de 1 000 [Ω.m]
com solo molhado. O projetista poderia contar, no máximo com valores obtidos por
amostragem ao longo da LT, nas condições existentes na época em que foram realizadas as
medidas (FUCHS, 1979).
Vale ressaltar que Carson, considerou condutores paralelos ao solo, e solo semi-
infinito e homogêneo, onde não são consideradas as correntes de deslocamento. Outra
condição para que sejam válidas as equações de Carson é que o comprimento de onda das
ondas consideradas seja suficientemente grande quando comparado com as dimensões
geométricas transversais da LT (KUROKAWA, 2003).

2.2.3 Reatância e Susceptância de seqüência das LTs

Conforme visto, utilizando-se o método de Carson, pode-se chegar a uma matriz


24

n x n que representa as indutâncias corrigidas, própias e mutuas de uma LT com n


condutores. Realizando-se operações algébricas como será demonstrado nas equações
(2.37 a 2.40) pode-se reduzir este sistema a um sistema equivalente trifásico representado
por uma matriz 3 x 3 .
∆U& F   FFF FFR   I&F 
 &  = jw    [V/km] (2.37)
 ∆U R   FRF FRR   I&R 

Onde:
∆U& F = Fasor diferença de potencial/km para cada fase;

∆U& R = Fasor diferença de potencial/km para cada cabo pára-raio;

FFF = impedância/km para cada fase;


FRR = impedância/km para cada cabo pára-raio;

I&F = Fasor de corrente para cada fase;

I&R = Fasor de corrente para cada cabo pára-raio.


Desenvolvendo a equação, vem:

[∆U& ] = jw([F ][I& ] + [F ][I& ])


F FF F FR R
(2.38)
0 = jw([F ][I& ] + [F ][I& ]) ⇒ [I& ] = − j[F ] [F ][I& ]
−1
FF F FR R R RR RF R

Logo:
[∆U& ] = jw([F ] − [F ][F ] [F ])[I& ]
F FF FR RR
−1
RF F [V/km] (2.39)

Pelo exposto anteriormente, para transformar o sistema com n condutores em um


sistema equivalente foi necessário apenas realizar a seguinte transformação:

[FFF Eqv ] = (
jw [FFF ] − [FFR ][FRR ] [FRF ]
−1
) [ohm/km] (2.40)

Este sistema que é visto pelas fontes geradoras de energia como um sistema
desequilibrado pode ser transformado em três sistemas equilibrados, conforme equação
(2.41), cujo efeito superposto é idêntico ao sistema desequilibrado, porém com melhor
facilidade de analise.
25

[Z& ] = [A] [F
S
−1
FF Eqv ][ A] [V/km] (2.41)
Onde:
[Z& ]= matriz de impedância seqüencial;
S

[FFF Eqv] = matriz equivalente trifásica;


1 1 1 
[A] = 1 α& 2 α&  = matriz de transformação;
1 α& α& 2 

1 3 0
α& = − + j = l j120 = operador.
2 2
De forma análoga pode ser calculada as suceptâncias capacitivas de seqüência
positiva e nula das LTs.

2.2.4 Dificuldades práticas de implementação do cálculo convencional:

Algumas dificuldades tornam complexas as implementações dos cálculos modelados


anteriormente, quais sejam:

• levantamento de dados característicos dos corredores de LT, tais como: im


precisão dos traçados, distanciamento entre corredores, alturas diversas dos
condutores por vão, características de estruturas, características de cabos
condutores e pára-raios de aço convencional ou OPGWs (Optical Ground Wire)
e identificação de trechos de paralelismos;
• consolidação dos dados de campo;
• criação dos arquivos de entrada utilizados nos programas específicos.

2.2.5 Análise da sensibilidade da metodologia convencional

A seguir, são mostrados alguns dados que caracterizam a sensibilidade dos cálculos
dos parâmetros em função de erros na variação da altura e da condutividade do solo. Na
Tabela 2.1, considerando-se uma possível variação da altura média da LT de mais ou
menos 6 metros em torno de sua altura (20,12 m). Através de programa de cálculo
26

(CHESF, 1984), o qual utiliza as modelagens discutidas anteriormente, com os fatores de


correção já mencionados, calculou-se os parâmetros da LT relacionados na tabela.

Tabela 2.1 - Parâmetros da LT x Altura Média

∆H R1 X1 C1 R0 X0 C0
-6,0 0,0246 0,3219 13,7463 0,3767 1,4105 9,0967
-3,0 0,0246 0,3219 13,6505 0,3765 1,4109 8,5843
0,0 0,0246 0,3219 13,5915 0,3764 1,4113 8,2003
3,0 0,0246 0,3219 13,5525 0,3762 1,4116 7,9009
6,0 0,0246 0,3219 13,5255 0,3761 1,4120 7,6602

Onde:

∆H [m] = Variação da altura da linha de transmissão;


R1 [Ω/Km] = Resistência de seqüência positiva;
X1 [Ω/Km] = Reatância de seqüência positiva;
C1 [nF/km] = Capacitância de seqüência positiva;
R0 [Ω/Km] = Resistência de seqüência zero;
X0 [Ω/Km] = Reatância de seqüência zero;
C0 [nF/km] = Capacitância de seqüência zero.

Na Tabela 2.2, pode ser observada a variação percentual destes parâmetros em


função das grandezas calculadas para o condutor em sua altura média (20,12 m). Verifica-
se que não há variação para a resistência e reatância de seqüência positiva. Enquanto que a
capacitância de seqüência positiva sofre variação de até 1,14%. Por outro lado a
capacitância de seqüência zero experimenta variações de até 11%.

Tabela 2.2 - Erro Percentual de Parâmetros x Altura Média

∆H R1 X1 C1 R0 X0 C0
-6,0 0,0000 0,0000 -1,1389 -0,0797 0,0567 -10,9313
-3,0 0,0000 0,0000 -0,4341 -0,0266 0,0283 -4,6828
0,0 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
3,0 0,0000 0,0000 0,2869 0,0531 -0,0213 3,6511
6,0 0,0000 0,0000 0,4856 0,0797 -0,0496 6,5863

Essas avaliações podem ser verificadas, também, nas Figuras 2.4 e 2.5. Verifica-se,
portanto, que os parâmetros de seqüência positiva são pouco sensíveis aos erros de altura
27

média dos condutores o que não se observa com os parâmetros de seqüência zero.

Sensibilidade de Parâmetros de LT (Seq. Posit)

0,6
Variação de Parâmetro (%)

0,4
0,2
0,0
-0,2 -6,0 -3,0 0,0 3,0 6,0
-0,4
-0,6
-0,8
-1,0
-1,2
-1,4
Variação de Altura (m)
R1 X1 C1

Figura 2.4 - Variação de Altura x Erro de Parâmetros (seqüência positiva)

Sensibilidade de Parâmetros de LT (Seq. Zero)

8,0
Variação de Parâmetro (%)

6,0
4,0
2,0
0,0
-2,0 -6,0 -3,0 0,0 3,0 6,0
-4,0
-6,0
-8,0
-10,0
-12,0
Variação de Altura (m)

R0 X0 C0

Figura 2.5 - Variação de Altura x Erro de Parâmetros (seqüência zero)

Na Tabela 2.3, considerando-se uma possível variação da resistividade do solo, em


função de variações climáticas, como mencionado anteriormente, e através do mesmo
programa de cálculo já mencionado, foram obtidos os parâmetros da LT, considerando-se a
resistividade de 1500 Ω.m como referencial para efeito de cálculo dos percentuais.
28

Tabela 2.3 - Parâmetros da LT x Resistividade do solo

ohm %
ρ(Ω.m) R0 X0 R0 X0
250 0,3211 1,2526 14,9854 11,1946
750 0,3550 1,3499 6,0101 4,2963
1250 0,3716 1,3946 1,6150 1,1273
1500 0,3777 1,4105 0,0000 0,0000
2000 0,3874 1,4354 -2,5682 -1,7653
2500 0,3950 1,4546 -4,5804 -3,1266
3000 0,4014 1,4703 -6,2748 -4,2396

As variações dos parâmetros com a resistividade podem ser melhor observadas na


Figura 2.6. Verificam-se, neste caso, fortes variações da resistência e reatância de
seqüência zero.

Sensibilidade de Parâmetros de LT (Seq. Zero)

20,0
Variação de Parâmetro (%)

15,0

10,0

5,0

0,0
250 750 1250 1500 2000 2500 3000
-5,0

-10,0
Variação de Condutividade (Ω.m)

R0 X0

Figura 2.6 - Parâmetros da LT x Condutividade do solo

2.3 Medição convencional de parâmetros de LTs

Os parâmetros de LT são grandezas que variam em função de uma série de outras


variáveis as quais não podemos prever com precisão os seus valores. Para viabilizar o
cálculo destes parâmetros utilizamos normalmente as equações de Carson, as quais
consideram algumas simplificações:
29

• o solo é considerado plano na vizinhança da LT;


• o solo é homogêneo, sendo a condutividade e a constante dielétrica independentes
da freqüência e constantes ao longo de toda a extensão da LT;
• os condutores são paralelos entre si e o solo, sendo seus raios muito inferiores às
distâncias envolvidas;
• os efeitos terminais da LT e das estruturas são desprezados na determinação do
campo eletromagnético;
• os cabos pára-raios de aço da LT possuem permeabilidade magnética constante;
• os cabos de fase, compostos por fios encordoados com alma de aço, são
representados através de um condutor com seção reta com a forma de coroa
circular, onde a corrente na alma de aço é desprezada.
Seria praticamente impossível calcular os parâmetros de LT desconsiderando as
simplificações anteriores.
Em adição a isso, a bibliografia consultada cita que:
A fuga de corrente nos isoladores, a qual está correlacionada com o parâmetro
condutância shunt, é função de uma série de fatores:
• qualidade do material do isolador;
• condição de superfície do isolador;
• geometria do isolador;
• freqüência de tensão aplicada;
• potencial a que são submetidos;
• condições meteorológicas etc.
Neste aspecto, experiências realizadas na Inglaterra, onde foi construída um LT
experimental de 275 [kV], mostraram que as perdas variam enormemente, chegando-se aos
seguintes valores indicativos (FUCHS, 1979):
• com tempo bom – 0,25 a 1.5 W/isolador;
• sob chuvas fracas – 2,5 W/isolador;
• sob chuvas fortes – 25 W/isolador.
Foi constatado que as perdas por corona em LTs em tensões extra-elevadas podem
variar de alguns kilowatts/km até algumas centenas de Kilowatts/km sob condições
adversas de chuva ou garoa. As perdas médias, como se verificou, constitui apenas
pequenas parte das perdas por efeito Joule, porém as perdas máximas podem ter influência
30

significante nas demandas dos sistemas (FUCHS, 1979).

2.3.1 Metodologia tradicional de medição direta de parâmetros de LT.

Para a LT representada através de um quadripolo, como ilustrado na Figura 2.7, os


fasores de tensão e corrente de entrada podem ser correlacionados com os fasores de tensão
e corrente de saída das seguintes maneiras:

U& 1 = A& U& 2 + B& I&2 U& 2 = D& U& 1 − B& I&1
ou (2.42)
I& = C& U& + D& I&
1 2 2 I& = −C& U& + A& I&
2 1 1

I1 YL I2

U1 Ys Ys U2

Figura 2.7 - Quadripolo de uma LT

Aplicando-se uma tensão na entrada da LT ( U1 ) e mantendo-se o terminal de LT em


aberto ( I 2 = 0 ), após as tensões de entrada ( U1O ) e corrente de entrada ( I1O ) serem

medidas, a impedância de circuito aberto ( Z11O ) pode ser calculada como demonstrado a
seguir (FUCHS, 1979):

U& 1o = A& U& 2 + B& .0 ⇒ U& 1o = A& U& 2


U& A& U& 2 A& (2.43)
I&1o = C& U& 2 + D& .0 ⇒ I&1o = C& U& 2 ⇒ Z&11o = 1o = ⇒ Z&11o =
I&1o C& U& 2 C&
31

Em seguida, com o terminal de LT curto-circuitado ( U 2 = 0 ), as tensões ( U1CC ) e

corrente ( I1CC ) de entrada podem ser medidas novamente e a partir desses valores a

impedância de curto-circuito ( Z11CC ) pode ser calculada da seguinte forma:

U& 1cc = A& .0 + B& .I&2cc ⇒ U& 1cc = B& .I&2cc


U& B& .I&2cc B& (2.44)
I&1cc = C& .0 + D& .I&2cc ⇒ I&1cc = D& .I&2cc ⇒ Z&11cc = 1cc = ⇒ Z&11cc =
I&1cc D& .I&2cc D&

Procedendo de forma similar, no terminal receptor, e considerando o sentido da


corrente invertido, uma vez que a tensão será aplicada do lado do receptor, as impedâncias
de circuito aberto ( Z 22O ) e de curto-circuito ( Z 22CC ) podem ser obtidas como apresentado a
seguir.
Para Impedância de Circuito aberto ( Z 22O ), I1 = 0 logo:

U& 2 o = D& U& 1 − B& .0 ⇒ U& 2o = D& U& 1


U& D& U& 1 D& (2.45)
− I&2o = −C& U& 1 + A& .0 ⇒ − I&2o = −C& U& 1 ⇒ Z& 22o = 2o = ⇒ Z& 22 o = −
− I&2 o − C& U& 1 C&

Para Impedância de curto-circuito ( Z 22CC ) temos U1 = 0 logo:

U& 2cc = D& .0 − B& .I&1 ⇒ U& 2cc = − B& .I&1


U& − B& .I&1 B& (2.46)
− I&2cc = −C& .0 + A& .I&1 ⇒ − I&2cc = A& .I&1 ⇒ Z& 22cc = 2cc = ⇒ Z& 22cc = −
− I&2 cc A& .I&1 A&

A partir dessas relações, vem:

A& B& A& D& − B& C& 1


Z 11 o − Z 11 cc = − = =
&
C D & &
CD& &
C D& (2.47)

Considerando que:
32

1 C& 1 1 C& 1 r Z 22 o
= ⇒ ( Z 11 o − Z 11 cc ). = & = 2 ⇒ D=
Z 22 o D& Z 22 o C D& D& D& ( Z 11 o − Z 11 cc ) (2.48)

Conhecendo-se o valor de D& , os demais parâmetros do quadripolo podem ser


calculados.
Para o caso de um circuito simétrico, como normalmente se modela uma LT, A& = D& ,
por esta razão basta então realizar as medidas no transmissor como demonstrado a seguir.

B&
A& = D& ⇒ Z 11 cc = &
A
A& B& A& 2 − B& C& 1
Z 11 o − Z 11 cc = & − & = & & = & & (2.49)
C A AC AC
A& 1 1
Z 11 o ( Z 11 o − Z 11 cc ) = & × & & = & 2 ∴ C& = Z 11 o ( Z 11 o − Z 11 cc )
C AC C

Conhecendo-se o valor de C& , os demais parâmetros do quadripolo podem ser


calculados.

2.3.2 Aplicação da metodologia de medição direta de parâmetros


elétricos de LTs

Os procedimentos descritos a seguir foram utilizados pela CHESF (1982,1984) para


aplicação da metodologia descrita anteriormente:
• desligar a LT que se deseja medir os parâmetros;
• desligar as LTs paralelas, para se evitar os efeitos de indução mútua, tendo em vista
que iria se aplicar valores de baixa tensão (225 Vrms);
• desligar os sinais de comunicação que utilizam esta LT (onda portadora em linha de
alta tensão) para evitar erros de medição;
• após estas ações, seguir o procedimento especifico para cada medição conforme
ilustrado nas Figuras 2.8 a, b, c e d e detalhado a seguir.
33

a) Medição de impedância de circuito aberto c) Medição de impedância de circuito aberto


para sequência positiva para sequência zero

b) Medição de impedância de curto-circuito d) Medição de impedância de curto-circuito


para sequência positiva para sequência zero

Figura 2.8 - Medição de Impedâncias

a) Medição da impedância de circuito aberto à passagem de corrente de seqüência


positiva.
Aplicam-se tensões de aproximadamente 225 Vrms, como mostrado na figura 2.8a,
defasadas de 120 graus e se registra os valores medidos de tensão, corrente e ângulo entre
esses fasores .

b) Medição da impedância de curto-circuito à passagem de seqüência positiva.


Aplica-se tensões de aproximadamente 225 Vrms, como mostrado na figura 2.8b,
defasadas de 120 graus, porém com o outro terminal de LT curto-circuitado, e se registra
os valores medidos de tensão, corrente e ângulo entre esses fasores.

c) Medição da impedância de circuito aberto à passagem de corrente de seqüência


zero.
Aplica-se tensão de aproximadamente 225 Vrms, com fonte aterrada, como mostrada
na figura 2.8c, porém sem o outro terminal de LT curto-circuitado, e se registra os valores
medidos de tensão, corrente e ângulo entre esses fasores.
34

d) Medição da impedância de curto-circuito à passagem de corrente de seqüência


zero.
Aplica-se tensão de aproximadamente 225 Vrms, com fonte aterrada, como mostrado
na figura 2.8d, porém com o outro terminal de LT curto-circuitado e aterrado, e se registra
os valores medidos de tensão, corrente e ângulo entre estes fasores.

2.3.3 Dificuldades práticas de implementação da medição direta.

Durante a aplicação da metodologia na CHESF, foram identificadas algumas


dificuldades, principalmente associadas à necessidade de indispor a LT na qual se deseja
medir os parâmetros, bem como as demais que pudessem provocar indução da mesma.
Com o advento da resolução que calcula a remuneração proporcional à disponibilidade dos
equipamentos do sistema de transmissão, esta metodologia se torna inviável devido à
necessidade de desligá-las em média por 4 horas. Além dessa questão, foram observadas
ainda as seguintes dificuldades complementares:

• necessidade de planejamento executivo prévio;


• capacitação e disponibilização de recursos humanos e materiais;
• dificuldades de acesso em período de inverno;
• o fato de trabalhar com baixas tensões, 225 Vac 60Hz, torna a metodologia
vulnerável a erros devido a interferências eletromagnéticas.

2.4 Comparação entre valores calculados e medidos


Nas Tabelas 2.4 a 2.7, são mostrados alguns resultados práticos da medição de
parâmetros a partir da metodologia descrita anteriormente. Tais medições foram realizadas,
respectivamente, nas seguintes LTs, todas de 500 kV:

• Usina de Sobradinho - São João do Piauí;


• São João do Piauí – Boa Esperança;
• Piripiri – Sobral.
35

Tabela 2.4 - USB –SJI – W1 – Comparação entre Parâmetros Medidos e Calculados

Experiência CHESF - LT USB - SJI - W1


Parâmetros Seq. Positiva Seq. Zero
Valores R1 X1 C1 R0 X0 C0
Calculado 0,0241 0,3219 13,5963 0,3764 1,4109 8,2339
Medido 0,0250 0,3355 13,8783 0,4495 1,3853 8,6135
Desvio (%) -3,73 -4,22 -2,07 -19,42 1,81 -4,61

Tabela 2.5 - SJI -– BEA – W1 – Comparação entre Parâmetros Medidos e Calculados

Experiência CHESF - LT SJI - BEA - W1


Parâmetros Seq. Positiva Seq. Zero
Valores R1 X1 C1 R0 X0 C0
Calculado 0,0246 0,3219 13,5847 0,3777 1,4105 8,1486
Medido 0,0232 0,3337 13,7852 0,2754 1,1182 8,7426
Desvio (%) 5,69 -3,67 -1,48 27,08 20,72 -7,29

Tabela 2.6 - PRI -– SBS – U1 – Comparação entre Parâmetros Medidos e Calculados

Experiência CHESF - LT PRI - SBD - U1


Parâmetros Seq. Positiva Seq. Zero
Valores R1 X1 C1 R0 X0 C0
Calculado 0,0935 0,5197 8,4456 0,4606 1,6333 5,8843
Medido 0,0917 0,5266 8,5595 0,5448 1,5283 6,5231
Desvio (%) 1,93 -1,33 -1,35 -18,28 6,43 -10,86

Na tabela 2.7, são resumidos os valores máximos e mínimos encontrados em todas as


medições utilizando esta metodologia. Nesta tabela pode ser observado que os parâmetros
de seqüência positiva sofreram desvio mínimo de 0,7% e máximo de 5,6% e os de
seqüência negativa, mínimo de 1,8% e máximo de 32%.
36

Tabela 2.7 - Resumo da Comparação entre Parâmetros Medidos e Calculados

Desvios Encontrados
PARÃMETRO MIN (%) MAX (%)
R1 1,6 5,6
X1 0,7 4,2
C1 1,3 4,3
R0 14,5 32,0
X0 1,8 20,7
C0 4,6 14,4
37

3 MODELO PARA AFERIÇÃO


DE PARÂMETROS DE
LINHAS A PARTIR DAS
GRANDEZAS FASORIAIS EM
SEUS TERMINAIS
Com base na teoria das LTs, pode-se afirmar que, se fosse possível extrair uma
fotografia dos fasores de corrente e tensão nos dois terminais de uma LT em um mesmo
instante, seria possível calcular os parâmetros da mesma.
Embora teoricamente fosse possível, na prática, a metodologia proposta tornava-se
inviável em virtude da impossibilidade de se obter os fasores de forma sincronizada.
A partir dos anos 90, com o surgimento dos IEDs (Inteligent Eletronic Device),
equipamentos com melhor precisão de processamento de sinais, devido a fatores, como: a
tecnologia digital, processamento numérico de sinais, e a utilização de sincronismo destes
a partir de satélites GPS, começou a surgir no mercado equipamentos com capacidade de
aquisição dos fasores de forma sincronizada. Podem ser citados entre estes as PMUs
(Phase Measurement Units - Unidade de Medição Fasorial) e os RDPs (Registradores
Digitais de Perturbação), os quais se propõem a realizar aferições fasoriais sincronizadas.
Com o foco nessas novas tecnologias, neste Capítulo é apresentada a metodologia
para aferir os parâmetros de LT com base nos fasores dos terminais da mesma
considerando inicialmente o caso de uma LT sem indutância mútua, e com o sistema
perfeitamente equilibrado. Em seguida é feita uma revisão da teoria da decomposição de
sistemas desequilibrados em componentes simétricas para possibilitar a aplicação da
metodologia anterior a um sistema desequilibrado, e logo após, é feita uma revisão da
técnica de processamento digital de sinal para possibilitar a extração de fasores dos
registros de oscilografia de um equipamento qualquer (OPPENHEIM, 1999).
38

3.1 Cálculo de parâmetros de linha em sistema sem indutância mútua e


sistema perfeitamente equilibrado a partir dos fasores
sincronizados.

Supondo a existência de uma LT que é representada através do modelo PI


conforme Figura 2.7, porém considerando positivo o sentido da corrente entrando nos dois
terminais da LT. Se forem aplicadas as leis de Kirchoff ao referido circuito, chegaremos às
equações a seguir (FUCHS, 1979):

I&1 = U& 1 ⋅ Y&S + (U& 1 − U& 2) ⋅ Y&L


(3.1)
I&2 = U& 2 ⋅ Y&S + (U& 2 − U& 1) ⋅ Y&L

Estas podem ser representadas na forma matricial da seguinte maneira:

 I&1  U& 1 (U& 1 − U& 2) Y&S 


&  =  & & &
[] [ ][ ]
 ⋅  &  ⇒ I& = U& ⋅ Y& , (3.2)
  
I 2 U 2 (U 2 − U 1)
 YL 

Se estas equações forem pré-multiplicadas por U& [ ] −1


as seguintes equações serão
obtidas:

[U& ] ⋅ [I&] = [U& ] ⋅ [U& ]⋅ [Y& ] ⇒ [U& ] ⋅ [I&] = [Y& ],


−1 −1 −1
(3.3)

O que conduz a concluir que:

[Y& ] = [U& ] ⋅ [I&],


−1
(3.4)

Conforme pode ser observado, a partir das matrizes de fasores sincronizados U& [ ] e

[I&] , a matriz de admitância do quadripolo pode ser calculada através da equação (3.4).
Embora a equação (3.4) sirva para demonstrar, de forma simples, a possibilidade de

resolver a equação (3.2), na prática, a inversão da matriz U& [ ] conduziria a uma imprecisão
na solução do problema. Pelo motivo exposto anteriormente, no programa para cálculo
destes parâmetros, ANEXO B, utilizou-se o operador “\” do MATLAB (MATSUMOTO,
2004), o qual utiliza a eliminação Gausiana com pivotemento parcial objetivando evitar a
inversão da matriz e conseqüentemente garantir melhor precisão na solução do problema.
39

É importante enfatizar que, na análise anterior, foi considerado que o sistema estava
perfeitamente equilibrado, o que por um lado é benéfico, pois possibilita representar as três
fases de forma independente entre si, e por outro lado é ruim, pois não permitirá calcular as
impedâncias de seqüência negativa e nula.
Na prática, nas LTs sempre existe um desequilíbrio entre as fases, sendo estes
causados pelo desequilíbrio entre as cargas do sistema. A decomposição de um sistema
desequilibrado em três sistemas equilibrados e independentes entre si possibilita utilizar
esta mesma função em um sistema desequilibrado como detalhado a seguir.

3.2 Decomposição de sistemas desequilibrados em componentes


simétricas

O método das componentes simétricas assenta nos conhecidos dos teoremas de


Fortescue e da superposição. Segundo este método, qualquer sistema assimétrico pode ser
considerado como o resultado de três sistemas, sendo um deles direto, outro inverso, e
outro homopolar, constituindo os dois primeiros sistemas simétricos e o último um sistema
sinfásico como ilustrado na Figura 3.1.

I+c
I -c

Ia
Ic
I0c
I0a
I-a
I+a
I0b Ib

I+b
I -b

Figura 3.1 - Decomposição de um sistema desequilibrado

Nesta figura pode ser observado: em preto o sistema desequilibrado, em azul o


sistema de seqüência positiva que gira no sentido horário, em vermelho o sistema de
seqüência negativa que gira no sentido anti-horário, e em verde o sistema homopolar. Esta
decomposição se encontra ilustrada na Figura 3.2.
40

I0a
+ I -a
I a

Figura 3.2 - Componentes Simétricas

O sistema desequilibrado pode agora ser representado por estes três sistemas
equilibrados o que simplifica a resolução dos problemas.
Se for considerado o operador α& (alfa) correspondente a uma rotação de 120º no
sentido direto, pode-se escrever:

1 3 1 3
α& = − + j Logo: α& 2 = − − j
2 2 2 2 (3.5)

correspondendo a 240º = -120º


e α& 3 = 1 que corresponde a 360º ou 0º

é importante observar que:

Para o sistema direto U&d ⋅ (1 + α& 2 + α& ) = 0 .

Para o sistema indireto U&i ⋅ (1 + α& + α& 2 ) = 0 .

E para o sistema homopolar ao contrário dos demais U& 0 ⋅ (1 + 1 + 1) = 3 ⋅ U& 0 .


41

3.2.1 Expressões das tensões ou intensidades de um sistema trifásico em


função das componentes simétricas.

Como se observa diretamente da Figura 3.1, as correntes de um sistema trifásico


podem ser expressas em função das respectivas componentes simétricas pelas seguintes
igualdades.
 I&a   1 1 1  I&d 
&   2  
 Ib  = α& α& 1  I&i  (3.6)
 I&c   α& α& 2 1  I&o 
   
Analogamente temos para o sistema trifásico de tensões

U&a   1 1 1 U&d 
&   2  
Ub  = α& α& 1  U&i  (3.7)
U&c   α& α& 2 1 U&o 
   

3.2.2 Expressões das componentes simétricas em função das tensões ou


intensidade de corrente de um sistema trifásico.

Através de manipulação das expressões anteriores, pode-se concluir que as


expressões das componentes simétricas em função das tensões ou intensidade de corrente
de um sistema trifásico são as seguintes:

 I&d  1 α& α& 2   I&a 


 &  1  
 Ii  = 3 1 α&
2
α&   I&b  : (3.8)
 I&o  1 1 1   I&c 
  
U&d  1 α& α& 2  U&a 
 &  1  
 Ui  = 3 1 α&
2
α&  U&b : (3.9)
U&o  1 1 1  U&c 
  

Com relação às considerações das componentes simétricas de um sistema trifásico


de corrente, convém fazer duas observações:
A existência de uma componente homopolar num sistema de correntes implica que,
além dos três condutores de fase, existe um outro trajeto possível para o respectivo retorno
(condutor neutro ou terra).
42

As impedâncias efetivas que se apresentam a cada uma das componentes da


corrente são designadas com os nomes de impedância direta, inversa e homopolar, por
analogia com essas componentes.
O desequilíbrio de um sistema de potência pode ser definido como a relação entre a
amplitude dos fasores de seqüência negativa e positiva do mesmo. No Capítulo 4, será
mostrado que, considerando um sistema com desequilíbrio de tensão menor que 1,5 % e de
corrente menor que 2,0 %, é possível calcular os parâmetros de seqüência do mesmo.
Evidentemente, na prática, é necessário que todos os instrumentos (TPC, TC, RDP,
Receptor GPS etc.) e equipamentos envolvidos no processo estejam perfeitamente
calibrados conforme ABNT (1992a, 1992b), para evitarmos confundir os erros de
instrumentos com desequilíbrio do sistema de potência. Caso não seja possível calibrar
algum destes componentes, mas se forem mensurados os erros intrínsecos aos mesmos,
através de ensaios, esses poderão ser compensados através do programa de cálculo de
parâmetros.
No anexo B é apresentado um programa utilizando o MATLAB que possibilita o
cálculo dessas componentes simétricas.
A teoria e os algoritmos desenvolvidos até o presente momento possibilitam
calcular os parâmetros de seqüência para uma LT a partir dos fasores. O próximo passo é
verificar como é possível a partir dos registros oscilográficos, extrair estes fasores
normalmente desequilibrados, dos dois terminais de LT utilizando os conhecimentos de
processamento digital de sinal (OPPENHEIM, 1999).

3.3 Extração dos fasores, a partir dos registros de oscilografia de um


equipamento qualquer.

Na Figura 3.3, pode ser observada uma representação de um sinal de oscilografia


de forma discretizada.
43

Discretização de Sinal (162,63*sin(wt))

137

87
Voltagem (V)
37

-13
0 1 2 3 4 5 6 7 8
-63

-113

-163
Amostra

Figura 3.3 - Discretização de um sinal com 8 amostras por ciclo

Para a partir dos mesmos se extrair os fasores em um dado instante de tempo


normalmente em sistemas de medição fasorial (EHRENSPERGER, 2003), dentre as
diversas metodologias possíveis, é utilizada a Transformada Discreta de Fourier (DFT),
tendo em vista que: a mesma fornece os fasores, realiza uma boa filtragem do sinal
minimizando desta forma os erros devido a influência dos harmônicos e é recomendada
pela norma IEEE 1344.
Para um melhor entendimento desta metodologia, será considerado um sistema com
N amostras do sinal no domínio do tempo, denotadas por f(k), k=0,1,2,...,N-1, a DFT é
dada por um conjunto de N amostras do sinal no domínio da freqüência, denotadas por
F(n), n=0,+1,+2,...,+N-1 e definidas por:

N −1
1
F& (n) =
N
∑ f (k ).e
K =0
− j 2πnk / N
(3.10)

Diz-se então que f(k) F(n) formam um par transformada e transformada


inversa do sinal no domínio do tempo, podendo a função f(k) ser obtida pela transformada
inversa discreta de Fourier definida por:

N −1
f (k ) = ∑ F& (n).e j 2πnk / N (3.11)
n =0

Uma analise da equação (3.10) revela que o espectro de freqüência será composto
44

por uma componente continua, uma série de harmônicos e um componente fundamental.


Esta componente fundamental pode ser interpretada como o efeito sobreposto de dois
fasores: F (1) , que gira no sentido horário e F (−1) , que gira no sentido anti-horario. A

extração desta componente, considerando o efeito sobreposto dos dois fasores


mencionados anteriormente e admitindo que o valor máximo de uma forma de onda
cosenoidal é igual ao valor eficaz da mesma multiplicada por 2 (IEEE 1344), se
restringe na prática a utilização da equação 3.12.

N −1 N −1
1 2 2  2 *π 2 *π 
F& =
2 N

K =0
f (k ).e − j 2π 1k / N =
N
∑ f (k ). COS ( K
K =0 N
) − jSEN ( K )
N 
(3.12)

Desta forma, podemos afirmar que o modulo do fasor F, que representa o valor
eficaz do mesmo, poderá ser definido pela equação 3.14, e o ângulo de fase pela equação
3.15.

2 N −1  2 *π 2 *π 
F& = a + bj = ∑
N K =0
f (k ). COS ( K
 N
) − jSEN ( K )
N 
(3.13)

F = a2 + b2 (3.14)
b 
θ = tan −1   (3.15)
a

onde:

F& = Fasor calculado a partir das amostras;


N = Número total de amostras;
K = Item das amostras;
f (k ) = Valor da k-ésima amostra;
θ = Ângulo do Fasor F& .

Para um melhor entendimento do deste algoritmo será suposto o sinal oscilográfico,


explicitado na Tabela 3.1 com uma taxa de amostragem de 8 amostras por ciclo, o qual foi
ilustrado na Figura 3.3.
45

Tabela 3.1 - Processamento digital do sinal de oscilografia

a b c d e f
2 *π 2 * π X COS(K 2 * π ) 2 *π
K Xk COS ( K ) SEN ( K ) k X k SEN ( K )
N N N N

0 0,0000 1,0000 0,0000 -------- ---------


1 115,0000 0,7071 0,7071 81,3173 81,3173
2 162,6346 0,0000 1,0000 0,0000 162,6346
3 115,0000 -0,7071 0,7071 -81,3173 81,3173
4 0,0000 -1,0000 0,0000 0,0000 0,0000
5 -115,0000 -0,7071 -0,7071 81,3173 81,3173
6 -162,6346 0,0000 -1,0000 0,0000 162,6346
7 -115,0000 0,7071 -0,7071 -81,3173 81,3173
8 0,0000 1,0000 0,0000 0,0000 0,0000
∑ 0,0000 650,5382

Na tabela 3.1, pode ser observado na coluna “a” a itemização das k-ésimas
amostras, na coluna “b” o valor de cada amostra e nas colunas “e” e “f” os valores parciais
da equação (3.13) aplicados a cada k-ésima amostra, de modo a se obter o valor total
mostrado na equação (3.16).

2
V& = (a + jb) = (0,0000 − j 650,5382) (3.16)
8

V& = (a + jb) = (0,0000 − j115) e V = o 2 + 115 2 ⇒ V = 115 (3.17)


 − 115 
θ = tan −1   ⇒ θ = −90° (3.18)
 0 
Donde pode ser concluído que V& = 115.e −90 j .

Através dos algoritmos mostrados neste Capítulo, é possível:

A partir das amostras discretas de oscilografia das três fases de corrente e tensão
nos dois extremos da LT, calcular os fasores correspondentes.
Como normalmente os sistemas estão, na prática, ligeiramente desequilibrados, é
possível, de posse destes fasores, calcular os fasores de seqüência positiva, negativa e nula.
A partir dos fasores de seqüência, calcular os parâmetros de seqüência da LT.
Portanto, se pode concluir que, a partir de um sistema de potência desequilibrado, é
possível calcular as componentes de seqüência e a partir dessas calcular os parâmetros
elétricos de seqüência de uma LT.
46

4 VALIDAÇÃO DO MODELO A
PARTIR DO ATP
Neste Capítulo, são feitos estudos de casos objetivando ratificar a viabilidade de
utilização da metodologia proposta no Capítulo anterior.
Com este objetivo, foi realizado um primeiro estudo de caso, onde se determinou o
modelo PI da LT da CHESF, Messias – Recife II, de 500 kV com dados dos parâmetros da
mesma, baseado na sua geometria. Em seguida arbitrou-se fasores de tensão e corrente
compatíveis com uma carga desequilibrada no terminal de Recife II. A partir destes fasores
em Recife II e do modelo PI da LT, calculou-se os fasores no terminal de Messias. Em
seguida, de posse dos fasores, utilizando-se os programas desenvolvidos, foram re-
calculados os parâmetros da LT.
Com o objetivo de ratificar o perfeito funcionamento do módulo do programa que,
através de processamento digital de sinal, extrai os fasores da amostra do sinal de
oscilografia, modelou-se no ATP (LEC, 1987) a LT, gerou-se os arquivos de oscilografia
nos dois terminais da mesma, em seguida executou-se o programa desenvolvido, incluindo
o módulo de extração de fasores, chegando-se mais uma vez, aos parâmetros da mesma.

4.1 Obtenção dos parâmetros da LT a partir dos fasores

As análises foram realizadas sobre a LT Messias – Recife II, 500 kV, com 180 km
de extensão, e a partir de suas características geométricas.

4.1.1 Calcular o Modelo PI equivalente através da medição indireta de


parâmetros de LT.

Tomando como base os dados estatísticos desta LT, levantados em campo, e dados
de projeto da mesma, chegou ao seguinte resultado, mostrado na Tabela 4.1.
47

Tabela 4.1 - Parâmetros da LT 05L7, calculados de forma indireta

05L7 -> MSI - RCD - W2 Resistência Reatância Susceptância


Extensão: 180 Km (ohm/Km/Fase) (ohm/Km/Fase) (nF/Km/Fase)
Sequência Positiva 0,0245 0,3146 13,8256
Sequência Zero 0,2076 1,0409 7,7567

Com base nos dados da tabela 4.1 e no programa CalPar (Cálculo de Parâmetros)
apresentado no Anexo A.1, pode-se concluir que o modelo PI equivalente da referida LT
em consonância com a Figura 2.7 possui os parâmetros apresentados na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 - Parâmetros de seqüência positiva e zero da LT analisada

05L7 -> MSI - RCD - W2 Resistência Reatância Condutância Susceptância


Extensão: 180 Km R (ohm) XL(ohm) G(mho) B(mho)
Sequência Positiva 4,33 56,13 0,00000016 0,00047118
Sequência Zero 36,14 184,42 0,00000044 0,00026536

4.1.2 Calcular os parâmetros ABCD de Sequência Positiva e Zero desta


LT.

A partir deste modelo, pode ser concluído que a LT possui os parâmetros ABCD
conforme apresentado a seguir. Alternativamente poder-se-ia, a partir dos dados da tabela
4.1 e utilizando-se o programa CalABCD (Cálculo de Parâmetros ABCD) descrito no
Anexo A.2 calcular os parâmetros ABCD.

Para seqüência positiva:

Z& *Y& (4,33 + 56,13i) * (1,6 *10−7 + 4,71*10−4 i)


A&1 = 1 + ⇒ A&1 = 0,9736 0,1207
0
= 1+ (4.1)
2 2
0
B&1 = Z& ⇒ B&1 = 4,33 + 56,13i = 56,2979 85,5866 (4.2)
48

Z& *Y& (4,33 + 56,13i) * (1,6 *10−7 + 4,71*10−4 i)


C&1 = Y& * (1 + ) = (1,6 *10−7 + 4,71*10−4 i) * (1 + )
4 4
C&1 = 0,0009 90,0396
0 (4.3)

Para um sistema simétrico, sabemos que:

D& = A& ⇒ D& 1 = A&1 = 0,9736 0,1207


0
(4.4)

E para seqüência zero, temos:

Z& * Y& (36,14 + 184,42i ) * (4,4 *10 −7 + 2,65 *10 −4 i )


A& 0 = 1 + ⇒ A& 0 = 0,9511 0,5827
0
= 1+
2 2 (4.5)

0
B& 0 = Z& ⇒ B& 0 = 36,14 + 184,42i = 187,9277 78,9098 (4.6)

Z& * Y& (36,14 + 184,42i) * (4,4 *10−7 + 2,65*10−4 i)


C& 0 = Y& * (1 + ) = (4,4 *10−7 + 2,65*10−4 i) * (1 + )
4 4 (4.7)
C& 0 = 0,0005 90,1891
0

Para um sistema simétrico, sabe-se que:


D& = A& ⇒ D& 0 = A& 0 = 0,9511 0,5827
0
(4.8)

Logo, teremos os seguintes modelos ABCD de seqüência positiva e zero:

B&1   0,9736 0,1207 56,2979 85,5866 


0 0
 A& (4.9)
Q&1 =  1 = 0 
& D& 1  0,0009 90,0396
0
0,9736 0,1207 
C1

B& 0   0,9511 0,5827 187,9277 78,9098 


0 0
 A&
Q& 0 =  0 = 0 0  (4.10)
& D& 0  0,0005 90,1891 0,9511 0,5827 
C 0
49

4.1.3 Arbitrar fasores desequilibrados de corrente e tensão nos terminais


da mesma e calcular os fasores na entrada desta LT

Se for admitido que a LT está alimentando uma carga ligeiramente desequilibrada


(1,5 %), como eventualmente se encontra no sistema de potência, podem ser arbitrados os
seguintes fasores neste terminal.

Tabela 4.3 - Fasores arbitrados no terminal de Recife II

Tensão (kV) Corrente (kV)


Mod Ang Mod Ang
293,8524 0,0000 384,2000 174,0300
294,6231 -120,0700 368,0000 54,2000
294,0786 120,0700 374,6000 -66,6000

A partir dos fasores desequilibrados, baseado no teorema de Fortescue, podemos


calcular, um sistema de seqüência nula, negativa e positiva, utilizando-se o programa
CalcularSequencia (Cálculo de fasores de seqüência) do anexo A.3.

a) Cálculo do sistema de seqüência para corrente:

 I&0   - 0.06026754412130 - 0.01786543979742i 


&   
 I1  = 100 *  - 0.02639590949218 + 0.01678329636372i  (4.11)
 I&2   - 3.73449942102125 + 0.40067979797291i 
 

b) Cálculo do sistema de seqüência para tensão:

U& 0Out   - 0.00373701927553 - 0.00157072621466i 


&    (4.12)
U 1Out  = 100 *  0.00041548379383 + 0.00157294365492i 
U& 2Out   2.94184553548171 - 0.00000221744026i 
 

c) Cálculo das tensões e corrente de entrada a partir dos sistemas de seqüência.

Considerando que as impedâncias de seqüência positiva e negativa são idênticas, os


fasores podem ser calculados no terminal de entrada da seguinte maneira:
50

U& 1In U& 2 In   A&1 B&1  U& 1Out U& 2Out  (4.13)
& &  C&
= * 
I
 1In I 2 In   1 D& 1   I&1Out I&2Out 

U& 1In U& 2In   0,9736 0,1207 56,2979 85,5866   0,04 + 0,16i
0 0
294,18 − 0,00i 
&  = * (4.14)
0,9736 0,1207  − 2,64 + 1,68i − 373,45 + 40,07i
& 0 0
 I1In I 2In  0,0009 90,0396

U& 1In U& 2 In   0,33 63,93 291,06 4,210 


0
(4.15)
&   
& = 0
 I1In I 2 In  0,002 − 32,67 0,433 32,92 0 

E para os fasores de seqüência zero, vem:

U& 0 In   A& 0 B& 0  U& 0Out  (4.16)


& =& * 
 I 0 In  C0 D& 0   I&0Out 

U& 0 In   0,9511 0,5827 187,9277 78,9098  − 0,37 − 0,16i 


0 0

& = *
0,9511 0,5827   − 6,03 + 1,79i  (4.17)
0 0
 I 0 In  0,0005 90,1891

U& 0 In  1,12 114,20 


0

& = 0 (4.18)


 I 0 In  0,006 14,83 

Resultando na matriz com os seguintes fasores de seqüência:

U& 0 In U& 1In U& 2 In  1,12 114,20 0,33 63,93 291,06 4,210 
0 0
(4.19)
& = 
& &  0 0
0,433 32,92 0 
 I 0 In I1In I 2 In  0,006 14,83 0,002 − 32,67 

A partir dos sistemas equilibrados, observa-se que no terminal de entrada de LT os


seguintes fasores podem ser obtidos:
51

U& AIn I&AIn  1 1 1  U& 0 In I&0 In 


&   
U BIn I&AIn  = 1 α& α& 2  * U& 1In I&1In  (4.20)
U& CIn I&AIn  1 α& 2 α&  U& 2 In I&2 In 

U& AIn I&AIn   290843,7 4,47850 439,9 32,3326 0 


&    (4.21)
U BIn I&AIn  = 290502,1 − 116,01080 428,9 − 86,2582 0 
U& CIn
 I&AIn   291835,1 124,1769 0 430,2 152,9690 0 

Em resumo, os fasores de entrada e saída obtidos para a LT Messias – Recife II,


estão ilustrados na Tabela 4.4.

Tabela 4.4 - Fasores de entrada e saída da LT 05L7

4.1.4 Recalcular os parâmetros da LT

A partir dos fasores apresentados na Tabela 4.4 e ilustrados na Figura 4.1,


utilizando os programas descritos no Anexo B foram recalculados os parâmetros de LT.

Figura 4.1 - Diagrama Fasorial dos terminais da LT 05L7 MSI/RCD


52

Uma comparação entre o resultado obtido e os valores esperados, como mostrado


na Tabela 4.5, valida a utilização da metodologia, uma vez que os valores esperados a
partir dos modelos de cálculo tradicionais mencionados no Capítulo 2 e aplicados na
subseção 4.1.1 foram novamente obtidos a partir dos programas fundamentados nos
cálculos fasoriais.

Tabela 4.5 - Resultado do Cálculo de Parâmetros (a partir dos fasores)

Sequência Positiva Sequência Zero


Resistência Reatância Condutância Susceptância Resistência Reatância Condutância Susceptância
(R) ( XL ) (G) (B) (R) ( XL ) (G) (B)
ESPERADO 4,33 56,13 0,00000016 0,00047188 36,14 184,42 0,00000044 0,00026536
ENCONTRADO 4,33 56,13 0,00000016 0,00047188 36,15 184,42 0,00000044 0,00026536
Erro (%) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,02 0,00 0,00 0,00

É importante observar que, só foi possível calcular os parâmetros de seqüência zero


e negativa devido ao desequilíbrio entre fasores, porém, nem sempre existirá um
desequilíbrio significativo no sistema.
Pode ser observado, também, que existe uma ligeira discrepância entre a resistência
de seqüência zero esperada e a encontrada. Esta divergência pode ser atribuída ao fato de
ter sido utilizado um desequilíbrio muito pequeno.

4.2 Obtenção dos parâmetros da LT a partir de simulações no ATP

Nesta etapa, foram feitas simulações no ATP no sentido de gerar oscilografias nos
terminais da LT e recalcular os parâmetros a partir da oscilografia gerada, utilizando-se a
LT Messias – Recife II, de 500 kV, com 180 km de extensão.

4.2.1 Modelagem no ATP da LT

Objetivando a geração de registro de oscilografia nos dois terminais de LT de


forma desequilibrada, foi modelado, no ATP, o circuito apresentado na figura 4.2. Os
detalhes referentes à montagem do modelo e especificações dos dados de entrada no ATP
estão apresentados no Anexo B. Ressalta-se que foi utilizada uma taxa de amostragem de
256 amostras por ciclo de 60 Hz, recomendada pelo IEEE, 1999.
53

Figura 4.2 - Modelagem no ATP da LT 05L7 MSI/RCD

4.2.2 Geração de oscilografias nos dois terminais de LT

Nas Figuras 4.3 e 4.4 estão registradas as oscilografias obtidas nos terminais
Messias e Recife II. Observa-se a utilização de um fator de escala igual a 500 para as
correntes e as seguintes legendas:
MSSVA, B e C – tensão no terminal de Messias nas fases A, B e C,
respectivamente;
MSSVA– MSSIA, B e C – correntes de saída do terminal de Messias referentes às
fases A, B e C, respectivamente;
RCDVA, B e C – tensão no terminal de Recife II nas fases A, B e C,
respectivamente;
RCDVA– RCDIA, B e C – correntes de saída do terminal de Recife II referentes às
fases A, B e C, respectivamente;

05L7 - MSS - Tens ões e Correntes


(Correntes m utiplicada por 500)
500
*10 3
375

250

125

-125

-250

-375

-500
0 4 8 12 16 [ms] 20
(file LT05L7_MSS_RCD_T5.pl4; x-var t) v:MSSV A v:MSSVB v:MSSVC c:MSSVA -MSSIA
factors: 1 1 1 1 500
offsets: 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00
c:MSSVB -MSSIB c:MSSV C -MSSIC
500 500
0,00E+00 0,00E+00

Figura 4.3 - Oscilografia do Terminal de MSI


54

05L7 - RCD - Tensões e Correntes


(Correntes mutiplicada por 500)
500
*10 3
375

250

125

-125

-250

-375

-500
0 4 8 12 16 [ms] 20
(file LT05L7_MSS_RCD_T5.pl4; x-var t) v:RCDVA v:RCDVB v:RCDVC c:RCDVA -RCDIA
factors: 1 1 1 1 500
offsets: 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00 0,00E+00
c:RCDVB -RCDIB c:RCDVC -RCDIC
500 500
0,00E+00 0,00E+00

Figura 4.4 - Oscilografia do Terminal de RCD

4.2.3 Conversão do formato dos arquivos gerados

O ATP gera os arquivos de oscilografia em um formato própio, o que inviabiliza a


leitura do mesmo por outro software. Pelo motivo exposto anteriormente foi utilizado o
software TOP, para transformar estes arquivos em um formato que possa ser lido por
outros softwares. Neste caso foi feita a opção por converter os arquivos no formato CSV
(Comma Separated Values) mais apropriado ao objetivo pretendido.

4.2.4 Re-cálculo dos parâmetros da LT


Utilizando-se os arquivos CSV comentados anteriormente, e os programas
desenvolvidos em MatLab, fundamentados na teoria do Capítulo 2, foram encontrados os
fasores apresentados na Figura 4.5, e os parâmetros elétricos relacionados na Tabela 4.6.
55

Figura 4.5 - Fasores calculados usando-se os arquivos CSV

Tabela 4.6 - Resultado do Cálculo de Parâmetros (a partir do ATP)

Sequência Positiva Sequência Zero


Resistência Reatância Condutância Susceptância Resistência Reatância Condutância Susceptância
(R) ( XL ) (G) (B) (R) ( XL ) (G) (B)
ESPERADO 4,33 56,13 ------------- 0,00047188 36,14 184,42 ------------- 0,00026536
ENCONTRADO 4,34 56,13 ------------- 0,00047188 36,02 184,42 ------------- 0,00026538
Erro (%) 0,23 0,00 ------------- 0,00 -0,33 0,00 ------------- 0,01

Conforme pode ser observado os valores da simulação são praticamente iguais aos
valores dos parâmetros do modelo PI calculados com base no modelo tradicional,
validando mais uma vez o modelo utilizado para aferição dos parâmetros elétricos de LT.
Observa-se, ainda, que os valores da condutância não foram registrados uma vez que foram
desprezados na montagem do modelo através do ATP.
Embora os resultados apresentados anteriormente validem o processo proposto, os
testes foram realizados sem considerar a influência dos erros dos circuitos condicionadores
de sinal internos aos equipamentos e dos erros provocados pelos transformadores
instrumentais.
A seguir será relatado um experimento laboratorial realizado no sentido de avaliar a
influência de erros associados aos condicionamentos de sinais internos, aos equipamentos e
outros erros encontrados na prática.
56

5 VALIDAÇÃO DO MODELO A
PARTIR DE AFERIÇÕES
LABORATORIAIS E DE
CAMPO
Com o objetivo de avaliar os erros provocados por sincronismo de tempo através de
receptores GPS, os erros provocados por processamento digital de sinal interno aos RDPs,
os erros devidos aos circuitos condicionadores de sinais e erros de transformadores de
instrumentos, realizaram-se experimentos laboratoriais e, em seguida, em uma LT real do
sistema.
Em tais experimentos, a metodologia foi testada em uma LT na qual os efeitos de
indutância mútua não existissem de tal forma a simplificar a comparação entre os valores
medidos com os calculados.
Vale ressaltar que, da mesma forma que no Capítulo 4 buscou-se quantificar os
erros causados por processamento numérico do sinal nos algoritmos desenvolvidos, os
testes realizados em laboratório buscam quantificar os erros introduzidos pelos circuitos
condicionadores de sinal e processamento do mesmo, internos aos equipamentos
registradores de perturbação, de forma a possibilitar avaliar se estes erros não
comprometem a precisão dos cálculos de parâmetros. Desta forma, os testes de campo só
poderiam ser realizados após a plena confirmação dos testes de laboratório. Caso essas
aferições não fossem realizadas, ao detectarmos um desequilíbrio entre as fases, ficaríamos
em duvida se haveria realmente um desequilíbrio ou se este seria fruto do erro introduzido
durante a aquisição e processamento de sinal.

5.1 Características da LT escolhida para aplicação da metodologia

Para realização dos testes de laboratório e de campo, optou-se por realizar sobre a
LT da CHESF, 05L7 Messias - Recife II de 500 kV, tendo em vista que a mesma possuía
características que minimizam a expectativa de divergência entre os parâmetros medidos e
57

calculados. A seguir, citam-se algumas características desta LT que auxiliarão na análise


dos dados.

• Esta LT não possui linhas paralelas, portanto os efeitos de erros de cálculos dos
parâmetros que são correlacionados com a imprecisão destes dados não se
manifestaram neste cálculo.
• Conforme pode ser observado na figura 5.1, esta LT possui um reator de 100 MVA no
terminal de Recife II, porém nas simulações de laboratório e teste de campo,
consideraremos o instante de operação em que estes reatores não estão energizados,
objetivando desta forma minimizar a complexidade do objeto de estudo.

Figura 5.1 - Diagrama unifilar da 05L7 no terminal de RCD

Figura 5.2 - Diagrama unifilar da 05L7 no terminal de MSI


58

5.2 Realização de testes em laboratório

Nesta etapa, foram feitas simulações da LT Messias – Recife II, com o objetivo de
ratificar a possibilidade de aquisição de sinais de oscilografia, com resolução de 1 (um)
microssegundo e cálculo de parâmetros a partir desses registros oscilográficos,
considerando os erros provocados pelos equipamentos de aquisição e processamento de
dados.

5.2.1 Montagem de uma plataforma em laboratório

Objetivando a aferição dos erros provocados pelos equipamentos envolvidos no


processamento do sinal, foi montada em laboratório uma plataforma, como detalhado na
Figura 5.3, e em seguida, parametrizados os equipamentos conforme detalhado no Anexo
C.

Figura 5.3 - Diagrama de Montagem em Laboratório

Na figura 5.3, podem ser observadas as antenas, responsáveis por capturar os sinais
de sincronismo dos satélites geoestacionários e os receptores GPS (REASON, 2008a),
59

responsáveis por: decodificar os sinais provenientes da antena, para o padrão IRIG-B (Inter
Range Instrumentation Group Time Code), e transmitir para os RDPs, garantindo, desta
forma, a sincronização dos relógios de tempo real dos RDPs (REASON, 2008b), com
resolução de 1 (um) microssegundo. Podem ser observados, ainda, dois registradores
digitais de perturbação, responsáveis pelos registros das oscilografias e o HUB
(equipamento utilizado para comunicação entre o computador e os RDPs). Pode ser
observado ainda, dois outros computadores, e duas malas de testes (OMICRON, 2004),
responsáveis pela simulação das correntes e tensão da LT.
As Figuras 5.4 e 5.5 mostram a instalação das antenas, dos receptores GPS e
demais equipamentos no laboratório, os quais foram apresentados na Figura 5.3.

Figura 5.4 - Instalação da antenas receptoras GPS em Laboratório

Figura 5.5 - Equipamentos usados em Laboratório


60

5.2.2 Cálculo de fasores nos secundários dos transformadores de


instrumentos

Para possibilitar a simulação dos fasores na referida plataforma, considerando as


relações de transformação dos Transformadores de Instrumento (TI), isto é, Transformador
de Corrente RTC= 800/5 e Transformador de Tensão RTP=517500/115 foram obtidos os
seguintes fasores nos terminais de TI, como mostrado na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 - Fasores nos secundários de Transformadores de Instrumentos

5.2.3 Aferição e parametrização dos equipamentos para a simulação.

Além de sincronismo entre equipamentos, para garantir uma resolução de 0,1 graus
elétricos entre os fasores adquiridos pelo RDP, foi necessário fazer a aferição dos
equipamentos para corrigir os erros devido aos filtros condicionadores de sinal. Para
realizar esta aferição, procedeu-se como detalhado no anexo C.
Após essa aferição, foram abertos os arquivos no formato COMTRADE,
correspondente a Figura 5.6, gerado pelos registradores, e usando-se o software de análise,
foi verificado, que os erros de fase, eram inferiores a 0,1 graus elétricos, ratificando desta
forma o sincronismo entre fasores.
61

Figura 5.6 - Oscilografia após aferição dos RDPs

5.2.4 Simulação dos fasores da LT

Após análise da calibração e ratificação de que os equipamentos estavam


sincronizados, foram realizadas simulações de sinais de corrente e tensão, através da mala
de testes, conforme Tabela 5.1, e em seguida analisados os registros como detalhados a
seguir:
Na Figura 5.7, pode ser observado, na parte inferior duas barras verdes que
representam as entradas digitais do RDP, o qual foi utilizado para disparo do mesmo.
Como se pode observar, estas mudam da cor verde para a cor vermelha no mesmo instante
em relação ao eixo dos tempos, caracterizando que as entradas digitais dos respectivos
RDPs foram disparadas simultaneamente.

Figura 5.7 - Simulação de Fasores em laboratório


62

5.2.5 Ratificação da resolução do equipamento

Para confirmar a resolução de sincronismo dos registros realizados pelo


equipamento, foi aberto o arquivo com extensão CFG, conforme Figura 5.8, de cada
registro, e nesse pode ser observado que, os dois equipamentos foram disparados
exatamente as 21:10.29.210938, embora o início de cada registro tenha sido em instantes
diferentes.

Figura 5.8 - Precisão de um microssegundo entre equipamentos

5.2.6 Aferição dos parâmetros a partir da oscilografia gerada.

A partir dos registros gerados e registrados nos RDPs, calculou-se os fasores de


entrada e saída da LT 05L7 e os parâmetros da mesma, utilizando-se os programas
desenvolvidos com base na metodologia apresentada no Capítulo 2, chegando-se à tabela
5.2, onde são apresentados os valores dos parâmetros em coordenadas retangulares e
polares.
Tabela 5.2 - Resultado da aferição de parâmetros (em laboratório)

Sequência Positiva Sequência Zero


gu la r
Resistência Reatância Condutância Susceptância Resistência Reatância Condutância Susceptância
Re t an (R) ( XL ) (G) (B) (R) ( XL ) (G) (B)
ESPERADO 4,33 56,13 0,00000016 0,00047188 36,14 184,42 0,00000044 0,00026536
ENCONTRADO 4,34 56,13 0,00000040 0,00047188 35,97 184,46 0,00000159 0,00026537
Erro (%) 0,23 0,00 150,00 0,00 -0,47 0,02 261,36 0,00
Sequência Positiva Sequência Zero
ar Impedância série Admitância shant Impedância série Admitância shant
Pol Mod Ang Mod Ang Mod Ang Mod Ang
ESPERADO 56,30 85,59 0,00047188 89,98 187,93 78,91 0,00026536 89,90
ENCONTRADO 56,30 85,58 0,00047188 89,95 187,93 78,97 0,00026537 89,66
Erro 0,00 -0,01 0,00 -0,03 0,00 0,05 0,01 -0,25
63

Conforme pode ser observado na Tabela 5.2, quando calculamos os erros


percentuais entre os valores encontrados e os valores esperados dos parâmetros, utilizando
coordenadas retangulares, encontramos erros inferiores a 0,5 %. A única exceção aparece
quando é calculado os erros percentuais para condutância (150% e 260%), porém,
conforme pode ser observado ainda na Tabela 5.2, quando é representado estes mesmos
parâmetros através de coordenadas polares, pode ser notado que o erro percentual do
modulo é menor que 0,05% e o erro de ângulo menor que 0,26 graus elétricos.

È importante enfatizar que embora os RDPs utilizados possam fornecer os fasores


automaticamente, optou-se por calcular os mesmos a partir da oscilografia com o objetivo
de confirmar a possibilidade de utilização desta metodologia em outros IEDs, os quais
possuem a mesma exatidão de sincronismo, conforme documentação técnica dos
fabricantes (SIEMENS AG, 1998; ECIL, 2007), porém não fazem o cálculo de fasores
automaticamente.

5.3 Validação do modelo em uma LT do sistema de transmissão


5.3.1 Instalação dos equipamentos nos terminais da LT

Objetivando verificar o funcionamento desta metodologia, em uma LT do sistema


de potência, foi elaborada uma programação executiva para instalação de um RDP no
terminal de Messias da LT 05L7 conforme Figura 5.9 e outro no terminal da LT em Recife
II de forma similar. Pode ser observado, na Figura 5.9, que o RDP foi colocado com o
circuito de corrente em série com o circuito de corrente do RDP já instalado na referida
LT, e o circuito de tensão foi colocado em paralelo com o mesmo.
64

Figura 5.9 - Diagrama de montagem de RDPs na instalação de MSI

Observa-se, também na figura 5.9, que o equipamento instalado está recebendo


sinais de sincronismo a partir do receptor GPS no padrão de comunicação IRIG-B e que o
mesmo está conectado a rede corporativa possibilitando o acesso remoto tanto do RDP
como do receptor de sincronismo GPS. Para garantir o disparo sincronizado dos dois
equipamentos a cada 10 minutos, foi ligada em série a saída de coletor aberto do receptor
de sincronismo com a entrada digital do RDP. A seguir são mostradas algumas fotografias
dos equipamentos instalados nos dois terminais da referida LT.
Nas figuras 5.10 a 5.13, são ilustrados os equipamentos instalados nos terminais da
referida LT.
65

Figura 5.10 - RDP instalado no terminal de MSI

Figura 5.11 - Antena receptora instalada no terminal de MSI


66

Figura 5.12 - RDP instalado no terminal de RCD

Figura 5.13 - Antena receptora instalada no terminal de RCD


67

5.3.2 Análise dos registros

Após instalação dos equipamentos, foram feitos download dos registros de


oscilografia e calculados os parâmetros a cada hora cheia do dia 08/09/08.

Tabela 5.3 sintetiza os resultados dos cálculos de parâmetros obtidos para referida
LT no período de zero a vinte e três horas do dia 08/09/08.
Tabela 5.3 - Parâmetros calculados da LT a partir dos fasores.

Calculados Atraves dos Fasores Calculados Atraves da Geometria


Hora R(Ω) XL(Ω) G(µ.mho) B(µ.mho) Corrente Temp. R(Ω) XL(Ω) G(µ.mho) B(µ.mho)
0 2,2954 54,5532 3,49 465,25 355,29 25,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
1 2,1888 54,6121 3,56 465,24 351,07 25,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
2 2,0821 54,6709 3,63 465,23 351,25 25,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
3 2,0461 54,4712 4,26 465,53 347,71 25,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
4 1,9624 54,6002 4,73 465,06 346,05 25,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
5 2,0269 54,4926 4,44 465,38 347,33 25,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
6 2,0666 54,3218 5,08 465,03 321,88 25,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
7 2,5253 54,8805 2,47 465,28 343,96 30,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
8 2,9375 54,9750 1,61 465,37 360,11 30,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
9 3,1182 54,9823 2,78 465,49 378,77 30,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
10 3,3338 55,1954 2,33 465,76 396,93 40,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
11 3,4409 55,4156 2,30 466,01 395,52 40,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
12 3,3723 55,5362 1,57 466,12 395,46 40,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
13 3,4331 55,5281 1,60 465,81 404,92 40,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
14 3,3504 55,4009 2,46 466,20 394,42 40,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
15 3,1802 55,4314 2,65 466,04 393,03 40,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
16 3,0576 55,3396 3,05 465,99 389,70 35,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
17 2,8206 55,2777 2,41 465,91 397,81 35,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
18 2,8488 55,0108 2,85 465,54 422,98 35,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
19 2,7949 54,8844 2,43 465,46 420,43 35,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
20 2,7346 54,8810 2,97 465,81 425,56 35,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
21 2,6978 54,8982 3,06 465,70 422,84 30,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
22 2,6610 54,9154 3,14 465,58 428,07 30,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
23 2,6376 54,5957 4,26 465,59 395,66 30,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80
24 2,5446 54,5977 3,35 465,89 388,23 25,00 4,1880 56,1300 0,16 471,80

Esses dados possibilitam construir os gráficos ilustrados nas Figuras 5.14 a 5.18. A
Figura 5.14 mostra o comportamento da temperatura ambiente e da corrente de carga. Uma
análise deste gráfico nos leva a esperar que o condutor atinja a temperatura mínima no
período de 0 a 8 horas, máxima no período de 9 a 16 horas e média no período de 17 a 23
horas em função dos efeitos sobrepostos da temperatura ambiente, insolação presente e
corrente de carga.
68

LT 05L7 - Variação de Temperatura e Corrente em


08/09/08
440 45

420
40
400

Temperatura
Corrente (A)

35

(Graus)
380

360 30
340
25
320

300 20
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
Tempo (Hora)
Temper Corrente

Figura 5.14 - Comportamento térmico dos condutores da LT 05L7

No capitulo 2, deste trabalho, foram feitos alguns comentários sobre possíveis


causas de divergência entre os valores de parâmetros de LT calculados a partir da
geometria da mesma e os valores reais de parâmetros desta. Embora não seja objetivo deste
trabalho a quantificação da causa dessas divergências, a seguir, mostra-se alguns gráficos
que ratificam essas divergências, seguidos de hipóteses sobre a principal causa da mesma.
A resistência do condutor é diretamente proporcional a sua temperatura, logo,
considerando o comentário feito em relação à Figura 5.14 e observando o comportamento
da resistência do cabo na Figura 5.15, verifica-se que existe uma coerência entre o
comportamento da resistência aferida e o comportamento esperado em função da
temperatura ambiente e da corrente, isto é, no período de 0 a 7 horas, onde temos corrente
de carga baixa e baixas temperaturas têm-se uma baixa resistência (1,9 ohm). No período
de 8 a 17 horas, onde temos temperatura ambiente máxima devido a isolação e corrente de
carga média, teremos um alto valor de resistência (3,17 ohm). No período de 18 a 24 horas,
onde temos corrente de carga alta, porém com queda da temperatura ambiente e sem
isolação, teremos conseqüentemente um valor de resistência médio (2,5 ohm).
Por outro lado, observamos que existe um erro percentual relativamente grande
(50%) entre o valor médio medido e o valor esperado. Essa divergência é, provavelmente,
devido às aproximações feitas para viabilizar o cálculo de parâmetros, como já
69

mencionado anteriormente.

LT 05L7 - Variação de Parâmetro em 08/09/08

4,5
4,0 4,33
Resistência (ohm)

3,5

3,44

3,43
3,0

3,37

3,35
3,33

3,18
3,12

3,06
2,94
2,5

2,85
2,82

2,79
2,73
2,70
2,66
2,64
2,54
2,53
2,0
2,30
2,19
2,08

2,07
2,05

2,03
1,96
1,5
1,0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
Hora
Medido Calculado

Figura 5.15 - Comportamento diário da resistência

A reatância de um cabo está relacionada com o logaritmo do inverso do RMG, as


fases desta LT são formadas por 4 cabos separados por espaçadores e submetidos a uma
força de atração diretamente proporcional à corrente que circula na mesma. Com o
aumento desta corrente e a dilatação dos condutores, a distância entre os mesmos ao longo
da LT no trecho entre os separadores diminui, e conseqüentemente o RMG diminui
aumentando, desta forma, a reatância da LT, como pode ser verificado na Figura 5.16.

LT 05L7 - Variação de Parâmetro em 08/09/08

56,5
56,0 56,13
Reatância (ohm)

55,5
55,54
55,53

55,43
55,42

55,40

55,0
55,34
55,28
55,20

55,01
54,98
54,98

54,90
54,92

54,5
54,88

54,88
54,88
54,67
54,61

54,60

54,60
54,60
54,55

54,49
54,47

54,0
54,32

53,5
53,0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24

Tempo (Hora)
Medido Calculado

Figura 5.16 - Comportamento diário da reatância

Com relação à suceptância, embora seja numericamente muito pequena, o que


dificulta a medição, foi possível obter os valores apresentados na Figura 5.17, na qual pode
70

ser observado que os parâmetros medidos são muito próximos dos calculados.

LT 05L7 - Variação de Parâmetro em 08/09/08


Suceptância (µ mho)
472
471 471,88
470
469

466,20
466,12

466,04
466,01

465,99
465,91

465,89
465,81

465,81
468

465,76

465,70
465,54

465,58
465,59
465,53

465,49

465,46
465,38

465,37
465,25
465,24

465,28
465,23

465,06

465,03
467
466
465
464
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
Tempo (Hora)
Medido Calculado

Figura 5.17 - Comportamento diário da suscepitância

A Figura 5.18 mostra o comportamento da condutância, a qual também é uma


grandeza muito pequena. Podemos observar que existe uma grande divergência entre os
valores medidos e os esperados, esta divergência é provavelmente devido à deposição de
material condutor sobre os isoladores. Esta Hipótese poderá ser confirmada após a lavagem
dos mesmos.

LT 05L7 - Variação de Parâmetro em 08/09/08

10
Condutância (µ mho)

5,08
4,73
4,44
4,26

4,26
3,63
3,49
3,56

3,35
3,14
3,05

3,06
2,97
2,85
2,78

2,65
2,47

2,46

2,41

2,43
2,33
2,30

1
1,61

1,57
1,60

0,16

0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24

Tempo (Hora)
Medido Calculado

Figura 5.18 - Comportamento diário da capacitância

Os gráficos anteriores mostram que é viável calcular os parâmetros de LT a partir


71

dos fasores, porém, para se ter certeza de que estes parâmetros são os mais precisos,
algumas ações são necessárias:

• aferição dos TPs com instrumentos devidamente calibrados;


• aferição dos TCs com instrumentos devidamente calibrados.

5.3.3 Análise das causas da divergência de parâmetros

Em adição às causas mencionadas no capitulo 2, mostra-se a seguir um diagrama de


Ishikawa com mais algumas possíveis causas da divergência entre os mesmos, segundo os
especialistas da área de cálculo de parâmetros:

Figura 5.19 - Digrama de Ishikawa – Divergência entre parâmetros

Uma maior quantidade de dados, durante um maior espaço de tempo, envolvendo


outras LTs é necessário para definir as principais causas das divergências e quantificar a
influência da mesma de forma percentual em relação aos parâmetros.
72

5.3.4 Avaliação da aderência do novo modelo ao Sistema de Potência

Previsão diária de consumo na 05L7

140
120
Energia (MWh)

100
80
60
40
20
0
0:00

2:00

4:00

6:00

8:00

10:00

12:00

14:00

16:00

18:00

20:00

22:00

0:00
Tempo (Horas)
Prev.Geometr. Prev.Proposta Medidos SCS Medidos RDP

Figura 5.20 - Previsão diária de consumo da LT 05L7

Objetivando avaliar a aderência do novo modelo proposto à realidade do Sistema


de Potência, foi montado o gráfico da figura 5.20. Nele pode ser observado:

• Uma curva na cor azul claro, que representa a expectativa de consumo de energia ativa,
fundamentado nas tensões e correntes medidas pelo SCS, nos dois terminais de LT e
nos parâmetros da referida LT calculados a partir da geometria da mesma.
• Uma curva na cor azul escuro, que representa o consumo de energia ativa, a partir das
medições de potência ativa do SCS nos dois terminais de LT, as quais, conforme
podemos observar, são bastante divergentes dos valores previstos.
• Uma curva na cor verde claro, que representa a expectativa de consumo de energia
ativa, fundamentada nas tensões e correntes medidas pelo Registrador de Perturbação
nos dois terminais de LT e nos parâmetros da referida LT, calculada a partir dos
fasores.
• Uma curva na cor vermelha, que representa o consumo de energia ativa, a partir das
medições de potência ativa do Registrador de Perturbação nos dois terminais de LT, as
quais, conforme podemos observar, quase se sobrepõem à curva de previsão dos
valores de consumo.

O resultado mostrado no gráfico anterior ratifica a aderência do novo modelo à


73

realidade do Sistema de Potência.

5.4 Avaliação dos erros de processamento de sinal

Todo sistema de aquisição e processamento de dados submete o sinal original a um


processo de transformação que pode inserir erros, de forma que o sinal obtido na saída do
sistema não seja fiel ao original. A seguir, são feitas algumas avaliações sobre os erros
possivelmente introduzidos durante o processamento de sinal.
A figura 5.21 mostra de forma macro os diversos estágios de aquisição e
processamento para os sinais analógicos. Nesta, podemos observar os estágios de
condicionamento de sinal, digitalização e interpolação, os quais têm seus erros
normalmente compensado através de processamento digital de sinal, porém o primeiro
estágio do processo normalmente não tem seus erros compensados.

u(t) TI x(t) Cond.de Sinal x'(t) y(t) y'(t)

500kV/115V 115V/1V Digitalização Interpolação


10kA/5A 5A/1V

Figura 5.21 - Fases do processo de transformação do sinal

Os transformadores de instrumentos podem introduzir erros de amplitude e de fase


no sinal a ser processado, porém, estes podem ser compensados, desde que ensaios
previamente realizados nesses transformadores quantifiquem estes erros.
A figura 5.22 e 5.23 mostram a relação entre os erros de fase, na aquisição dos
fasores, e o erro percentual do cálculo de parâmetro de LT utilizando a metodologia
proposta. Conforme pode ser observado, para calcular os parâmetros de seqüência positiva
da LT com precisão superior a 1 % necessitamos ter erro de fase menor que 0.025 graus e
para precisão superior a 3% necessitamos ter erro de fase menor que 0.1 graus.
74

Figura 5.22 - Relacionamento entre erro de fase e os parâmetros de seqüência zero

Conforme pode ser observado na Figura 5.22, para calcular os parâmetros de


seqüência zero, com precisão superior a 0,3 % necessitamos ter erro menor que 0.025
graus e para precisão superior a 1% necessitamos ter erro de fase menor que 0.1 graus.

Figura 5.23 - Relacionamento entre erro de fase e os parâmetros de seqüência positiva


75

Alguns RDPs, como por exemplo o SIMEA R fabricado pela SIEMENS AG, ou o
RPV fabricado pela REASON, garantem precisão de ±1µs (um microssegundo), o que nos
conduz a um erro de fase de:
(±1µS ).360°
Erro = = ±0,0216° (5.1)
(1 / 60 Hz )
76

6 CONCLUSÕES E
PERSPECTIVAS
Os resultados apresentados nos capítulos anteriores ratificam que, a partir da
metodologia proposta, é viável a medição de parâmetros de LT sem a necessidade de
indispor a mesma.
Toda a metodologia foi desenvolvida utilizando como entrada de dados os arquivos
em formato COMTRADE, logo, poderá ser aplicada à todos os IEDs que tem registros de
oscilografia compatível com este padrão.
Caso existam registros de oscilografias com desequilíbrio entre fases superior a 3%,
em regime permanente ou transitório, será possível medir também os parâmetros de
seqüência zero do sistema.
Para uma melhor exatidão dos resultados, é importante a realização de aferições
dos transformadores de instrumentos e RDPs em campo. Os erros eventualmente
encontrados durante a aferição poderão ser compensados, pelo próprio RDP ou através dos
programas descritos em anexo.
Dentre os diversos IEDs existentes no sistema, o Registrador Digital de Perturbação
RPV, em conjunto com o receptor de sincronismo RT420 formam um sistema que,
conforme testes realizados, conseguem medir estes fasores com resolução melhor ou igual
a 0,1 graus elétricos.

Como perspectiva futura, são visualizadas:

• avaliação da viabilidade de utilização da metodologia para medição de


parâmetros de transformadores e máquinas em tempo real;
• estender a metodologia para aferição de outras grandezas elétricas: perdas de
potência ativa, perda de potência reativa e tensões de barras com os valores
esperados baseado nos parâmetros calculados e programas de fluxo de carga;
• aferir a possibilidade da utilização da metodologia de medição fasorial para
diagnóstico de defeito incipientes em equipamentos elétricos;
77

• desenvolvimento de um estimador de estado a partir de sincrofasores;


• levantamento de base de dados que possibilitem identificar a necessidade de
introduzir fatores de correção dos modelos de cálculos de parâmetros em função
da consolidação da metodologia de medição fasorial ora proposta;
• concepção de um novo modelo de sistema digital de proteção, comando e
controle cuja base de dados sejam os fasores adquiridos, a partir dos quais,
através de centrais de processamento específicas, fossem tomadas as decisões
de controle e proteção do mesmo.
78

ANEXOS

ANEXO A - PROGRAMAS DE MODELAGEM DA 05L7

%----------------------------------------------------------
% CalABCD - desenvolvido por Dácio em 01/10/2007
% Calcular parametros ABCD de um quandripolo.
% Desenvolvido fundamentado na Teoria do Fuchs pg 124 e 128
% onde R = Resistencia em ohm/km/Fase
% X = Reatancia em ohm/km/Fase
% C = Suceptancia em nF/km/Fase
% l = Comprimento da Linha em Km
% Q = Matriz do Quadripolo com os Parametros ABCD
% na forma polar Q = | A B angA angB |
% | C D AngC angD |
% onde AngA = Angulo de A em Graus
function [Q]= CalABCD(R,X,C,l)
format short
f=60;w=2*pi()*f;
z=R+j*X;
y=j*w*C;
Zc=sqrt(z/y);
yl=l*sqrt(z*y);
chyl=cosh(yl);
shyl=sinh(yl);
A=cosh(yl);
B=Zc*sinh(yl);
C=(1/Zc)*sinh(yl);
D=A;
Q1=[A B;C D];
Q2=angle(Q1)*180/pi()
Q=[abs(Q1) Q2]
end
%-----------------------------------------------------------
79

ANEXO A.2

%----------------------------------------------------------
% CalPar - desenvolvido por Dácio em 05/10/2007
% calcular parametros de linha para criação do Modelo PI
% Desenvolvido fundamentado na Teoria do Fuchs pg 116 e 124
% onde R = Resistencia em ohm/km/Fase R1=0.0490
% X = Reatancia em ohm/km/Fase X1=0.3535
% C = Suceptancia em nF/km/Fase C1=12.4212e-9
% l = Comprimento da Linha em Km l=22.613
% P = Matriz com parametros do modelo PI
% P = | Z Y/2 |
%
function [P]= CalPar(R,X,C,l)
format long
f=60;w=2*pi()*f;
z=R+j*X;
y=j*w*C;
Zc=sqrt(z/y);
yl=l*sqrt(z*y);
chyl=cosh(yl);
shyl=sinh(yl);
Z=z*l*shyl/(l*sqrt(z*y));
MeioY=(1/Zc)*(chyl-1)/shyl
P=[Z MeioY];
end
%-----------------------------------------------------------
80

ANEXO A.3
%------------------------------------------------------------
% Fasor05L7_T3 - Desenvolvido por Dacio em 15/11/08
% Arbitra fasores de saida de uma linha, com uma carga
desequilibrada
% e valcula os fasores de entrada da linha
function [F]=Fasor05L7_T3()
op=1 % conj(1.96390452139118 +
0.00940929170831i);Corrigir erro de TI
op=op/abs(op);
%----------------
R1=0.0245;X1=0.3146;C1=13.8256e-9;L1=180;
[Q1]= CalABCD(R1,X1,C1,L1)
Y1Meio=(Q1(1,1)-1)/Q1(1,2)
R0=0.2076;X0=1.0409;C0=7.7567e-9;L0=180;
[Q0]= CalABCD(R0,X0,C0,L0)
Y0Meio=(Q0(1,1)-1)/Q0(1,2)
%----------------
Uo = [415.57*exp(j*0*pi/180);416.66*exp(-
j*120.07*pi/180);415.89*exp(j*120.07*pi/180)]*1/sqrt(2);
Io =
[0.54339*exp(+j*174.03*pi/180);0.52050*exp(+j*54.20*pi/180);0
.52970*exp(-j*66.60*pi/180)]*1/sqrt(2);
[Uos] = CalcularSequencia(Uo)
[Ios] = CalcularSequencia(-Io)
[Fis]=Q1*[conj(Uos)';conj(Ios)'] % sabado 17;11;07
[Fis(:,1)]=Q0*[conj(Uos(1))';conj(Ios(1))'];
[Uis]=conj(Fis(1,:))';
[Iis]=conj(Fis(2,:))'; % inverter referencia da entrada

[Ui] = Seq2ABC(Uis);
[Ii] = Seq2ABC(Iis);
F=[Ui Ii Uo Io];
S1=abs(F)
S2=angle(F)*180/pi()
Pi=abs(Uis).*abs(Iis).*cos(angle(Iis./Uis))
Po=abs(Uos).*abs(Ios).*cos(angle(Ios./Uos))
end
%-----------------------------------------------------------
81

ANEXO B - PROGRAMAS PARA CÁLCULO DE PARÂMETROS


Neste anexo B, constam os vários módulos do programa para cálculo dos
parâmetros da LT, a partir dos registros em formato COMTRADE dos extremos da
mesma.
Interconexão entre os diversos programas:

Figura B.1 - Interconexão entre os Programas


82

ANEXO B.1

%-----------------------------------------------------------
% AnalErroSinc - Desenvolvido por Dacio em 15/11/07
% introduziremos erro de fase de -2:0.1:2 graus
% objetivando analisar relacao entre erro de angulo
% e erro de parametros medidos gravando os dados
% no arquivo 'ErroSincro.csv'
% onde Amostra = |UaIn UbIn UcIn IaIn IbIn IcIn UaOut UbOut UcOut IaOut IbOut
IcOut|
% |UaIn UbIn UcIn IaIn IbIn IcIn UaOut UbOut UcOut IaOut IbOut IcOut|
% |UaIn UbIn UcIn IaIn IbIn IcIn UaOut UbOut UcOut IaOut IbOut IcOut|
% | . . . . . . . . . . .
%
%
% | UaIn IaIn UaOut IaOut |
% Fasores = | UbIn IbIn UbOut IbOut | (Fasores de Entrada e Saida
% | UcIn IcIn UcOut IcOut |
%
%-------------------Translada U1
clear;clc;
format long;
Tab=[]
for ErroA = -0.2:0.01:0.2
OPErro=1*exp(j*ErroA*pi/180)
[A] = CalcularZ(OPErro)
[T]=[ErroA real(A(2,1)) imag(A(2,1)) real(A(2,2)) imag(A(2,2))]
Tab=[Tab;T]
end
csvwrite('ErroSincro.csv',Tab)
Tab2=Tab(1:40,:)
Tab3=[Tab2(:,1)./1 Tab2(:,2)./Tab2(21,2) Tab2(:,3)./Tab2(21,3)
Tab2(:,4)./Tab2(21,4) ...
Tab2(:,5)./Tab2(21,5)]

Tab3(:,4)=1
Tab3(:,2:5)=(Tab3(:,2:5)-ones(size(Tab3(:,2:5))))*100
plot(Tab3(:,1),Tab3(:,2:5))
%-----------------------------------------------------------
83

ANEXO B.2

%--------------------------------------------------------------------
% CalcularZ - Desenvolvido por Dacio em 01/11/07
% extrae fasores de dois arquivo no formato COMTRADE
% calcula os fasores, e a partir dos mesmos,
% Calcula as impedancias de sequencia (zero, positiva e negativa
% com base nos sincrofasores dos terminasi da Linha de Transmissão
%
% onde | UaIn IaIn UaOut IaOut |
% F = | UbIn IbIn UbOut IbOut | (Fasores de Entrada e
% | UcIn IcIn UcOut IcOut | Saida da LT)
%
% | Z0 MeioYs0 |
% ZsMeioYs = | Z1 MeioYs1 | (Parametros de Sequencia)
% | Z2 MeioYs2 |
%----------------------------------------------------------------------
% CalcularZ = calcular impedancias de sequencia
% com base nos SicroFasores dos terminais de LT
% Dácio em 01;11;07
function [ZsMeioYs] = CalcularZ(OPErro)
clc
%
% Teste2 VPath = '\IEEE\191207' e Arq = '191207'
% COMTRADE de uma falta real do dia 191207
% Teste1 VPath = '\IEEE\05L7T5' e Arq = '05L7T5'
% COMTRADE gerado apartir do CSV de um sistema
% desequilibrado da O5l7
VPath=[cd '\IEEE\05L7T5']
[Amostra] = LerAmostra(VPath,'05L7T5',9) % 9 = Posicao
% da binaria de disparo

[F] = CalcularFasores(Amostra) % Extrair fasores


% sincronizados da amostra

F(:,1:2)=F(:,1:2)*OPErro % introduz erro de Sincronismo


% para testar algoritimo
%[F]=CorrigirErroTI_R3(F) % ativar se necessitar
% corrigir erro de TI ou outros
[ZsMeioYs] =CalParPI(F)
sprintf('%3
end
%----------------------------------------------------------------------
84

ANEXO B.3

%-------------------------------------------------------------------
% LerAmostra - Desenvolvido por Dacio em 15/11/08
% Ler um arquivo no formato COMTRADE em uma pasta definida
% onde Vpath = pasta onde oarquivo se encontra
% Arq = nome do arquivo
% bin = Posição da binaria usada para inicio da amostra
% Ex. 4 Tensoes, 4 Corrente e 1 Binaria -> bin=9
%-------------------------------------------------------------------
function [Amostra] = LerAmostra(Vpath,Arq,bin)
VArq=Arq %left(Vpath)
VPath1=[Vpath '.001'];
[A1] = Com2Asc(VPath1,VArq,bin+2);
VPath2=[Vpath '.002'];
[A2] = Com2Asc(VPath2,VArq,bin+2);
Amostra = [A1 A2];
end
%----------------------------------------------------------------------
% Com2Asc Converte Arquivo COMTRADE para ASCII
% ArcIn = Nome do arquivo COMTRADE
% Bin = Coluna da binaria de trigger, Va= Coluna de Va, Vb= idem...
% KTen = KV/bit KAmp=A/bit
function [Amostra] = Com2Asc(Vpath,ArqIn,Bin)
[Pcfg]=LerComtradeCfg(Vpath,ArqIn);
Pcfg(:,1)=Pcfg(:,1)+ 2;
Va=Pcfg(1,1);Vb=Pcfg(2,1);Vc=Pcfg(3,1);KTen=Pcfg(1,2);
Ia=Pcfg(5,1);Ib=Pcfg(6,1);Ic=Pcfg(7,1);KAmp=Pcfg(5,2);
%----------------------------
VpathOld=cd
cd(Vpath);
V1=csvread([ArqIn '.dat']);
n=0;
while 1
n=n+1;
if V1(n,Bin)==1;
V2=[V1(n,Va) V1(n,Vb) V1(n,Vc) V1(n,Ia) V1(n,Ib) V1(n,Ic)];
for l=1:256
x=n+l;
V2=[V2;V1(x,Va) V1(x,Vb) V1(x,Vc) V1(x,Ia) V1(x,Ib) V1(x,Ic)];
end
break
end
end
cd(VpathOld)
Amostra=[KTen*V2(:,1:3) KAmp*V2(:,4:6)];
end
%----------------------------------------------------------------------
85

ANEXO B.4

%-------------------------------------------------------------------
% LerComtradeCfg - Desenvolvido por Dacio em 15/12/08
% Ler um arquivo do padão CONTRADE no formato cfg
% onde Vpath = pasta onde o arquivo se encontra
% Arq = nome do arquivo
% e retorna a coluna de cada canal e a relacao entre fundo de escala
% e a quantização de bits (kV/bit e kA /bit )
%-------------------------------------------------------------------
function [Amostra]=LerComtradeCfg(Vpath,Arq)
VPathOld=cd;
cd(Vpath);
format long
Can=['VA';'VB';'VC';'VN';'IA';'IB';'IC';'IN']; % Canais
CanS=[];
fid = fopen([Arq '.cfg'])
while ~feof(fid)
tline = fgets(fid,40);
for x=1:8
p=findstr(tline,Can(x,:));
if p == 3;
CanS=[CanS;tline];
break;
end;
end
end
fclose(fid);
VirgS=[];
NCanal=[];
for x=1:8;
Virg=findstr(CanS(x,:),',');
K=str2num(CanS(x,(Virg(5)+1):(Virg(6)-1)));
VirgS=[VirgS;K];
K2=str2num(CanS(x,1:(Virg(1)-1)));
NCanal=[NCanal;K2];
end
cd(VPathOld);
Amostra=[NCanal VirgS] % posicao do canal e constante de mutiplicacao
end
%-------------------------------------------------------------------
86

ANEXO B.5

%--------------------------------------------------------------------
% CalcularFasores - Desenvolvido por Dacio em 15/11/08
% Calcular os fasores baseado em uma 256 amostras em um periodo
% onde a variavel Amostra é uma matriz 256 x 12 como a seguir
% onde Amostra =...
% |UaIn UbIn UcIn IaIn IbIn IcIn UaOut UbOut UcOut IaOut IbOut IcOut|
% |UaIn UbIn UcIn IaIn IbIn IcIn UaOut UbOut UcOut IaOut IbOut IcOut|
% |UaIn UbIn UcIn IaIn IbIn IcIn UaOut UbOut UcOut IaOut IbOut IcOut|
% | . . . . . . . . . . . . |
%
% | UaIn IaIn UaOut IaOut |
% Fasores = | UbIn IbIn UbOut IbOut | (Fasores de Entrada e Saida
% | UcIn IcIn UcOut IcOut |
%
%---------------------------------------------------------------------
function [Fasores] = CalcularFasores(Amostra)
F=0;
for x=1:256
wk=x*2*pi()/256;
F=F+ Amostra(x,:)*(cos(wk)-j*sin(wk));
end
F2=F*sqrt(2)/256;
F3=[conj(F2(1:3))' conj(F2(4:6))' conj(F2(7:9))' conj(F2(10:12))'];
Op=F3(1,3)/abs(F3(1,3)) % tomar Uoa como referencia
Fasores=F3./Op
end
%---------------------------------------------------------------------
87

ANEXO B.6

%-------------------------------------------------------------------
% CorrigirErroTI_R3 - Desenvolvido por Dacio em 15/12/08
% Corrige erros de TRansformadores de instrumentos
% desde que estes sejam previamente medidos e modelados neste
% modulo de programa
%-------------------------------------------------------------------
function [F]=CorrigirErroTI_R3(F)
Fin=[ 0.99676650698921 + 0.01479235611450i 0.98475324910207 +
0.02151414807894i;
0.99903884613381 + 0.01403302299716i 1.01483456962351 +
0.00959173937873i;
0.99272200994033 + 0.01163815463952i 1.00478473935963 +
0.02307807595693i];

Fout=[ 0.99932375056549 - 0.00000000000000i 0.97470421550007 -


0.00194010962689i;
0.99766019900757 + 0.00079411912982i 1.01860193206264 -
0.00145677062031i;
0.99128258510212 - 0.00469994303896i 0.99682005480175 +
0.00729882574319i];

FC=[Fin Fout];
F=FC.*F;
end
%-------------------------------------------------------------------
88

ANEXO B.7

%----------------------------------------------------------
% CalParPI - desenvolvido por Dácio em 19/08/2008
% A partir dos fasores de entrada e saida da LT,
% calcula os parametros do modelo PI equivalente.
%
% onde | UaIn IaIn UaOut IaOut |
% FLinha = | UbIn IbIn UbOut IbOut | (Fasores de Entrada e
% | UcIn IcIn UcOut IcOut | Saida da LT)
%
% | Adm0/2 Imp0 | (Adm0/2 = Metade da Admitancia
% ImpPI = | Adm1/2 Imp1 | de Seq Zero.
% | Adm2/2 Imp2 | Imp0 = Impedancia de Seq Zero
%----------------------------------------------------------
function [ImpPI] = CalParPI(FLinha)
format long
%[S] = DiagramaFasorial(FLinha)
[FSeq] = CalcularSequencia(FLinha)
[ImpPI] = CalParSeq(FSeq);
end
%----------------------------------------------------------
% CalcualarSequencia - desenvolvido por Dácio em 12/11/07
% Calcular Fasores de sequnecia para os sistema trifasico
%
% | U0In I0In U0Out I0Out |
% FSeq = | U1In I1In U1Out I1Out | (Fasores de
% | U2In I2In U2Out I2Out | Sequencia da LT)
%
%----------------------------------------------------------
function [FSeq] = CalcularSequencia(FLinha)
a=-1/2 + j*sqrt(3)/2;
A=(1/3)*[1 1 1;1 a^2 a;1 a a^2];
FSeq=A*FLinha;
End
%----------------------------------------
89

ANEXO B.8

%----------------------------------------------------------
% CalParSeq - desenvolvido por Dácio em 24/08/08
% Calcular os parametros Z e Ys/2 do modelo Pi
% para cada sequencia com base nos sincrofasores
% de entrada e saida do quadripolo
%
% | Adm0/2 Imp0 | (Adm0/2 = Metade da Admitancia
% ImpPI = | Imp0 Imp1 | de Seq Zero.
% | Adm2/2 Imp2 | Imp0 = Impedancia de Seq Zero
%----------------------------------------------------------
function [ImpPI] = CalParSeq(FSeq)
for n=1:3
Ua = [FSeq(n,1) (FSeq(n,1)-FSeq(n,3));...
FSeq(n,3) (FSeq(n,3)-FSeq(n,1))];
Ia = [FSeq(n,2);FSeq(n,4)];
Ya(:,n) = Ua\Ia;
end
ImpPI = []
for n=1:3
ImpPI=[ImpPI; Ya(1,n) 1./Ya(2,n)]
end
fprintf(1,' (R) (XL) G B\n')
fprintf(1,'Parametros %2.8f %2.8f %2.8f %2.8f %2.8f %2.8f\n',ImpPI)
end
%---------------------------------------------------------

% Ressalta-se que neste programa a solução da equação (3.2) [U].[Y]=[I]


% foi encontrada utilizando-se o operador “\” do MATLAB, o qual utiliza a
% eliminação Gausiana com pivoteamento parcial objetivando evitar a
% inversão da matriz [U] e consequentimente garantir uma melhor precisão
% na solução
90

ANEXO B.9

%----------------------------------------------------------
% MonitorarCalculos - desenvolvido por Dácio em 13/10/07
% Plota um diagrama fasorial dos fasores F
%
% onde | UaIn IaIn UaOut IaOut |
% F = | UbIn IbIn UbOut IbOut | (Fasores de Entrada e
% | UcIn IcIn UcOut IcOut | Saida da LT)
%
%----------------------------------------------------------
function [S] = MonitorarCalculos(F)
Teta=angle(F)*180/pi();
ModV=abs(F);
S=[ModV' Teta']

compass(F(1,1),'-.r') % UaIn
hold on
compass(F(2,1),'-.g') % UbIn
compass(F(3,1),'-.b') % UcIn
compass(F(1,3),'r') % UaOut
compass(F(2,3),'g') % UbOut
compass(F(3,3),'b') % UcOut

compass(F(1,2)*500,'-.r') % IiA
compass(F(2,2)*500,'-.g') % IiB
compass(F(3,2)*500,'-.b') % IiC
compass(F(1,4)*500,'r') % IoA
compass(F(2,4)*500,'g') % IoB
compass(F(3,4)*500,'b') % IoC
hold off
end
%----------------------------------------------------------
91

ANEXO B.10

%-------------------------------------------------------------------
% LerCSV - Desenvolvido por Dacio em 15/11/08
% Ler um arquivo CSV cujo as colunas não estam necessariamente
% na ordem correta, gera uma matriz Amostra 256 x 12 na ordem correta
% e calcula os parametros da LT
%
%-------------------------------------------------------------------
function LerCSV()
Vcd=[cd '\IEEE\05L7']
[Amostra] = csv2fasor(Vcd,'LT05L7_T5.csv',1,3,5,2,4,6,7,9,11,8,10,12);
size(Amostra)
[F] = CalcularFasores(Amostra) % Extrair fasores sincronizados da amostra
F = CalParPI(F) % Calcular os Parametros de Linha
DispParam(F)
end
%-------------------------------------------------------------------
function [Amostra] = csv2fasor(Vpath,ArqIn,Vai,Vbi,Vci,Iai,Ibi,Ici,...
Vao,Vbo,Vco,Iao,Ibo,Ico)
VpathOld=cd
cd(Vpath);
V1=csvread(ArqIn, 1, 1, [1,1,257,12]);
V2=[V1(1,Vai) V1(1,Vbi) V1(1,Vci) V1(1,Iai) V1(1,Ibi) V1(1,Ici) ...
V1(1,Vao) V1(1,Vbo) V1(1,Vco) V1(1,Iao) V1(1,Ibo) V1(1,Ico)];
for x=1:257
V2=[V2;V1(x,Vai) V1(x,Vbi) V1(x,Vci) V1(x,Iai) V1(x,Ibi) V1(x,Ici) ...
V1(x,Vao) V1(x,Vbo) V1(x,Vco) V1(x,Iao) V1(x,Ibo) V1(x,Ico)];
end
A1=V2(:,1:6);
A2=V2(:,7:12);
[Amostra] = [A1 A2];
cd(VpathOld)
end
%-------------------------------------------------------------------
92

ANEXO B.11

%------------------------------------------------
% csv2fasor Converte Arquivo COMTRADE para ASCII
% ArcIn = Nome do arquivo COMTRADE
% Bin = Coluna da binaria de trigger, Va= Coluna de Va, Vb= idem...
% KTeni = KV/bit KAmpi=A/bit KTeno = KV/bit KAmpo=A/bit
function [Amostra] = csv2fasor(Vpath,ArqIn,Vai,Vbi,Vci,Iai,Ibi,Ici,...
Vao,Vbo,Vco,Iao,Ibo,Ico)
VpathOld=cd
cd(Vpath);
V1=csvread(ArqIn, 1, 1, [1,1,257,12]);
V2=[V1(1,Vai) V1(1,Vbi) V1(1,Vci) V1(1,Iai) V1(1,Ibi) V1(1,Ici) ...
V1(1,Vao) V1(1,Vbo) V1(1,Vco) V1(1,Iao) V1(1,Ibo) V1(1,Ico)];
for x=1:257
V2=[V2;V1(x,Vai) V1(x,Vbi) V1(x,Vci) V1(x,Iai) V1(x,Ibi) V1(x,Ici) ...
V1(x,Vao) V1(x,Vbo) V1(x,Vco) V1(x,Iao) V1(x,Ibo) V1(x,Ico)];
end

A1=V2(:,1:6);
A2=V2(:,7:12);

if sum(A1(:,1).*A1(:,4),1)> 0; % verifica se o fluxo de potencia,fase A, e positivo


A2=[A2(:,1:3) -1*A2(:,4:6)];
[Amostra] = [A1 A2];
else
A1=[A1(:,1:3) -1*A1(:,4:6)];
[Amostra] = [A2 A1];
end
%Amostra=V2
cd(VpathOld)
end
%------------------------------------------------
93

ANEXO B.12

%--------------------------------------------------------------------
% Fasor05L7_T3 - Desenvolvido por Dacio em 15/11/08
% Arbitra fasores de saida de uma linha, com uma carga desequilibrada
% e valcula os fasores de entrada da linha
function [F]=Fasor05L7_T3()
format long
op=1 % conj(1.96390452139118 + 0.00940929170831i); Corrigir erro de TI
op=op/abs(op);
%----------------
R1=0.0245;X1=0.3146;C1=13.8256e-9;L1=180;
[Q1]= CalABCD(R1,X1,C1,L1)
Y1Meio=(Q1(1,1)-1)/Q1(1,2)
R0=0.2076;X0=1.0409;C0=7.7567e-9;L0=180;
[Q0]= CalABCD(R0,X0,C0,L0)
Y0Meio=(Q0(1,1)-1)/Q0(1,2)
%----------------
Uo = [415.57*exp(j*0*pi/180);416.66*exp(-
j*120.07*pi/180);415.89*exp(j*120.07*pi/180)]*1/sqrt(2);
Io =
[0.54339*exp(+j*174.03*pi/180);0.52050*exp(+j*54.20*pi/180);0.52970*exp(-
j*66.60*pi/180)]*1/sqrt(2);
[Uos] = CalcularSequencia(Uo)
[Ios] = CalcularSequencia(-Io)
[Fis]=Q1*[conj(Uos)';conj(Ios)'] % sabado 17;11;07
[Fis(:,1)]=Q0*[conj(Uos(1))';conj(Ios(1))'];
[Uis]=conj(Fis(1,:))';
[Iis]=conj(Fis(2,:))'; % inverter referencia da entrada

[Ui] = Seq2ABC(Uis);
[Ii] = Seq2ABC(Iis);
F=[Ui Ii Uo Io];
S1=abs(F)
S2=angle(F)*180/pi()
Pi=abs(Uis).*abs(Iis).*cos(angle(Iis./Uis))
Po=abs(Uos).*abs(Ios).*cos(angle(Ios./Uos))
end
%---------------------------------------------
94

ANEXO C – ROTEIROS DE TESTES EM LABORATÓRIO

Neste Anexo C, é mostrado o roteiro para testar a capacidade de medição dos RDPs
(Registradores Digitais de Perturbação), no que diz respeito a 0,1 graus e capacidade de
medição dos parâmetros de LT.

1) Preparação para os testes

Antes dos inícios dos testes deverá se verificada a data de aferição da maleta de
teste e demais instrumentos utilizados para o mesmo.
1.a) Atualização de Firmware do RDP .
1.b) Download dos arquivos nos links abaixo:
http://ias.reason.com.br/suporte/fut-software.install-03A00.zip
http://ias.reason.com.br/suporte/rpv310-firmware.install-10B00.zip
http://ias.reason.com.br/suporte/rpv310-firmware.install-18B02.zip

1.c) Descompactar os arquivos anteriores


1.d) executar os programas
fut-software.install-03A00.exe

rpv310-firmware.install-10B00.fw

Digitar o IP 192.168.0.199
Senha:12345
Responder ‘y’ nas perguntas subseqüentes.
Obs: caso a versão anterior de firmware for muito antiga é necessário
responder ‘n’ para pergunta de reboot e logo em seguida repetir a
execução desse programa.

rpv310-firmware.install-18B02.fw

Digitar o IP 192.168.0.199
Senha:12345
Responder ‘y’ nas perguntas subseqüentes.
95

1.e)Aferição dos equipamentos:

Desligar os equipamentos, e interligar colocando em paralelo todos os circuitos


de tensão e em série todos os circuito de corrente, como detalhado na figura c.1

Figura C.1 - Diagrama de interligação para a aferição dos equipamentos

Ligar os equipamentos e aguardar:

Os 4 (quatros) receptores GPS detectarem pelo menos 4 satélites cada um.


Confirmar que os LEDs locked dos 4 receptores ligados
Aguarda Tempo de aquecimento da maleta

1.f) Calibração manual dos canais analógicos AC.


A seguir é descrito o processo de calibração dos RDPs da família RPV.
Para executar a calibração do RPV, o equipamento deve ser acessado via ssh
(software putty) utilizando-se o usuário root e password osys5d87. O sinal
aplicado aos canais deve estar em fase.

Para realizar a calibração, o equipamento deve está sincronizado. Após acessar o


equipamento via ssh (software putty), executar os seguintes comandos.

/etc/init.d/instrument stop
Calibratior –v –V115 –I5 F1-F4,E1-E4
/etc/init.d/instrument start

Onde:
-v é utilizado para mostrar as mensagens durante o processo de calibração.
-V115 indica o valor do sinal de tensão aplicado aos terminais do
equipamento, neste caso 115V.
-I5 indica o valor do sinal de corrente aplicado aos terminais do equipamento,
neste caso 5ª.
96

F1-F4,E1-E4 são os canais a serem calibrados, neste caso, os 4 primeiros


canais de tensão do slot F e os 4 primeiros canais de corrente do slot E.
As relações de TP e TC devem estar configuradas para 1.

1.g) Calibração dos canais analógico AC por PMU.


O equipamento que será utilizado como referência deve estar previamente
calibrado e medindo o mesmo sinal que o equipamento a ser calibrado.
O equipamento de referência deve estar configurado para enviar frames por
PMU a uma taxa de 60 frames or segundo, utilizar como referência de
freqüência o canal de tensão e ter selecionados um canal de corrente e um canal
de tensão ver figura a seguir:

Figura C.2 - Parametrização do RDP para calibração

Para este tipo de calibração, recomenda-se que os dois equipamentos estejam


sincronizados.
Através do software putty, executar os seguintes comandos.
/etc/init.d/instrument stop
Calibratior –v –H10.108.80.1 F1-F4,E1-E4
/etc/init.d/instrument start
Onde:
-H é o endereço IP do equipamento referência, neste caso 10.108.80.1
F1-F4,E1-E4 são os canais a serem calibrados, neste caso, os 4 primeiros
canais de tensão do slot F e os 4 primeiros canais de corrente do slot E.
As relações de TP e TC devem estar configuradas para 1

.
1.h) parametrizar a mala de teste como detalhado a seguir
-parametrizar a saída de tensão para gerar 115 Vca e a de corrnete para gerar 5 A
97

2) Teste de Sincronismo
2.a) forçar o disparo das entradas digitais para gerar uma oscilografia

2.b) confirmar aferição dos RDPs.

- converter os arquivos dos RDPs para CONTRADE.


- abrir os arquivos *.CFG das faltas, utilizando-se o software “Bloco de Notas” e
verificar se o erro entre disparos é menor ou igual a 1 microssegundo.

Figura C.3 - Erros entre disparos menor ou igual a 1 microssegundo

Podemos observar na acima, que os dois equipamentos foram disparados


exatamente as 10.29.210938

- abrir os arquivos COMTRADE usando-se o soft de análise e verificar se: o


instante de passagem pelo zero da fase A e o mesmo nos dois equipamentos, e se
o tempo entre os disparos e a passagem pelo zero são os mesmas entre os dois
equipamentos .

Figura C.4 - Sobreposição das seis fase de tensão e seis de correntes


98

Na figura acima pode ser observado que as seis fase de tensão estão sobreposta, e as seis
de corrente também. Confirmando o perfeito sincronismo entre os equipamentos

3) Teste de medição de parâmetros de LT


.
3.a) Montagem de laboratório do circuito.
.
Para a realização do teste de medição de parâmetros de LTs será montado um
circuito, como detalhado a seguir:

Figura C.5 - Diagrama de interligação entre os equipamentos

3.b) Parametrização do registrador digital de perturbação.

Parametrizar os RDPs como detalhado a seguir


Relação TC ----- RTC = 800/5 =160/1
Relação TP ----- RTP = 517500/115 = 4500/1

3.c) Parametrização da mala de testes e simulação de registros.

Parametrizar as maletas como os seguir fasores dos terminais da LT


99

Tabela C.1 - Fasores nos secundários de Transformadores de Instrumentos

Após parametrização da mala de teste, simular disparos sincronizados dos


registradores, com o auxilio do receptor GPS da mala de teste, e em seguida
analisar os registros.

3.c) Analisar os registros


.
Através do soft de análise poderemos ver o disparo dos dois registros
simultaneamente como mostra a figura a seguir:

Figura C.6 - Registro oscilografico gerado em laboratório

A partir dos registros poderemos executar o programa de cálculo de parâmetros e


deveremos encontrar valores próximos dos mostrados na tabela a seguiir:
100

Tabela C.2 - Valores de parâmetros encontrados

r Sequência Positiva Sequência Zero


ngula Resistência Reatância Condutância Susceptância Resistência Reatância Condutância Susceptância
R eta (R) ( XL ) (G) (B) (R) ( XL ) (G) (B)
ESPERADO 4,33 56,13 0,00000016 0,00047188 36,14 184,42 0,00000044 0,00026536
ENCONTRADO 4,34 56,13 0,00000040 0,00047188 35,97 184,46 0,00000159 0,00026537
Erro (%) 0,23 0,00 150,00 0,00 -0,47 0,02 261,36 0,00

Sequência Positiva Sequência Zero


lar Impedância série Admitância shant Impedância série Admitância shant
Po Mod Ang Mod Ang Mod Ang Mod Ang
ESPERADO 56,30 85,59 0,00047188 89,98 187,93 78,91 0,00026536 89,90
ENCONTRADO 56,30 85,58 0,00047188 89,95 187,93 78,97 0,00026537 89,66
Erro 0,00 -0,01 0,00 -0,03 0,00 0,05 0,01 -0,25
101

ANEXO D – MODELAGEM NO ATP DA LT MESSIAS RECIFE II

Parâmetros doo ATP Settings para modelagem da LT:

Figura D.1 - Modelagem no ATP da LT 05L7 MSI/RCD

Tabela D.1 - Parâmetros utilizados na modelagem da LT

SIMULATION PRINT FREQ 500


deltaT 6,5104E-5 PLOT FREQ 1
Tmax 0,02 PLOTTED OUTPUT
Xopt 60 NETWORK CONNECTIVITY
Copt 60 STEADY-STATE PHASORS
Freq 60 EXTREMAL VALUES

TIME DOMAIN
POWER FREQUENCY

Tabela D.2 - Parâmetros da LT modelada

Gerador Linha Carga


U/I RLC LINE Z-T RLC
DATA VALUE DATA VALUE DATA VALUE DATA VALUE
U/I 0 R_1 2,35 R/I+ 0,0245 R_1 780,6
Amp 412300 R_2 2,35 R/I0 0,2076 L_1 82,045
f 60 R_3 8 A+ 0,3146 R_2 560
Pha 0 A0 1,0409 L_2 204
A1 0 B+ 5,212128 R_3 780,6
Tstart -1 B0 2,924207 L_3 82,045
Tstop 0,1 I 180
ILINE 0
IPUNCH 0
102

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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transformer Specification, NBR 6856. Rio de Janeiro.

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em Engenharia Elétrica) – Escola de Engenharia de São Carlos.

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Manual de Utilização, Versão modificada pela CHESF, do programa desenvolvido pela
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CHESF; 1984. Relatório de Medição dos Parâmetros elétricos da LT USB-SJI-W1,


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Operação, São Paulo.

EDUARDO, J. Varela; REGIS, O. Junior; FREIRE, A Roseval; 2000. Experiência


Operativa com as LTs de 230 kV com Feixe Expandido da Área Norte CHESF.

EHRENSPERGER, Juliana Gubert; 2003. Sistema de Medição Fasorial: Estudo e


Análise do Estado da Arte. Florianópolis. Relatório Técnico da UFSC.

FUCHS, Rubens Dario; 1979. Transmissão de Energia Elétrica: LTs Aéreas;


Teoria das LTs em regime permanente. Rio de Janeiro: LTC.
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parts issued as international Stand (IS) between 2002 and 2004 by IEC
(www.iec.ch/reference site for all IEC standards).

IEEE, 1999. Standard Commnon Format for Transient Data Exchange


(COMTRADE) for Power Systems. The Institute of Electrical and Eletronics Engineers,
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IEEE 1344, 1995. Standard for Sysnchrophasors for Power Systems. The Institute
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KAGAN, Nelson; OLIVEIRA, Carlo César Barione de; 2005. Sistema de


Distribuição de Energia. São Paulo: Edgard Blucher.

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