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AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO

O amor incondicional de Deus

No texto de hoje Jesus, mais uma vez é confrontado por seus opositores,
desta vez por um doutor da Lei, um exímio teólogo que tenta desmascarar o
mestre diante de uma multidão, para tal ele, o doutor da Lei, faz uma
pergunta de extrema relevância para testas Jesus.

Rev. José Francisco Teixeira


/06/2019
IPI-Jardim Cipava

LUCAS 10.25-37

25. E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo:


Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
1 AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO

26. E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?

27. E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o


teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de
todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo.

28. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso e viverás.

29. Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E


quem é o meu próximo?

30. E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para


Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram e,
espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.

31. E, ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e,


vendo-o, passou de largo.

32. E, de igual modo, também um levita, chegando àquele lugar e vendo-


o, passou de largo.

33. Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele e, vendo-o,


moveu-se de íntima compaixão.

34. E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho;


e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e
cuidou dele;

35. E, partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro,


e disse-lhe: Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei,
quando voltar.

36. Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu
nas mãos dos salteadores?

37. E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois,
Jesus: Vai e faze da mesma maneira.

INTRODUÇÃO:
Já ouvi pregações que espiritualizam essa passagem, apresentando um resultado
muito forçado e sem nenhum vínculo com a própria Bíblia e muito menos com o
contexto em que Jesus proferiu essa parábola.
2 AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO

O texto que lemos nos mostra momentos em que o ministério terreno de Jesus
estava se encaminhando para o final. Muitos líderes religiosos daquele tempo,
buscavam argumentos e provas contra Jesus, para, através da Lei de Moisés
desqualificá-lo.

Diz o Evangelho de Lucas que: “se levantou um certo doutor da Lei” – uma pessoa
ligada ao templo, um homem com muito prestígio entre os poderosos, sendo ele
mesmo um desses poderosos.

O opositor de Jesus, chamado pelo autor do Evangelho de Lucas por “um certo
doutor da Lei” era um teólogo, profundo conhecedor do Antigo Testamento e
intérprete respeitado da Lei de Moisés1.

O doutor da Lei faz:


1 – UMA BOA PERGUNTA, PORÉM, COM UM MAU PROPÓSITO. (Vs. 25a)
Vs.25a – Eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo:

Era uma espécie de emboscada para Jesus, na intenção que Ele se atrapalhasse e
falasse contra a Lei de Moisés, pois aí teriam motivo para prendê-lo e condená-lo.

A pergunta denuncia o propósito do doutor da Lei. Certamente um teólogo,


profundo conhecedor da Lei de Moisés, não precisaria perguntar para Jesus sobre
a Lei, portanto, fica clara a intenção de emboscar e abater Jesus.

Vs.25b – Ele inicia chamando Jesus de mestre, talvez para tentar iludir, dando a
impressão de que ele queria mesmo aprender, pois é a função de um mestre
ensinar, porém, Jesus é Deus e conhece a intenção do coração do ser humano.
É como em Marcos 2.8 – Quando Jesus soube da intenção dos escribas...

? Qual seria a sua reação se conhecesse a má intenção de alguém a seu respeito,


tentando te envergonhar, te confundir, apresentando a você um dilema moral, um
paradoxo, que não tem uma resposta clara como buscava o teólogo 2. A situação
era exatamente esta.

Há um livro que chama: “Em seus passos o que faria Jesus?” Eu quero pedir
licença ao autor do livro Charles M. Sheldon para inverter a pergunta: Nos passos
de Jesus, o que eu e você faríamos? Qual seria a nossa reação diante desta
situação?

Uma lição de conhecimento, humildade e gentileza:


2 – JESUS RESPONDE COM DUAS PERGUNTAS. (Vs. 25b-27)
O doutor da Lei perguntou: Vs.25b - Que farei para herdara vida eterna?

1
Fricke, S. Roberto; Las Parábolas de Jesús – uma aplicación para hoy – Editorial Mundo Hispano – 2005, página 163.
2
Macarthur, John; As Parábolas de Jesus – Os mistérios do Reino de Deus revelados nas histórias contadas pelo Salvador; Editora
Thomas Nelson Brasil – Rio de Janeiro – 2018 – página 108.
3 AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO

Esta pergunta trás a pauta a brevidade da vida humana em face da


eternidade.

ETERNIDADE - Quanto tempo vive um ser humano? - Oitenta? Noventa?

O que é a eternidade? Alguns dizem que é ausência de tempo. Outros dizem


que é: “tempo sem fim3” - O que são oitenta, noventa, ou cento e VINTE anos
diante da eternidade?

É nesse pequeno espaço de tempo que definimos: onde passaremos a


eternidade. Parece que o doutor da Lei queria debater, sobre teorias e
conceitos com Jesus.

A PERGUNTA: Vs.26a – O que está escrito na Lei? Como lês? – Jesus não
aceitou um debate filosófico, nem apresentou um novo significado, mas
apontou para a Lei de Moisés.

A resposta do doutor foi: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu


coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu
entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo. Perfeita a resposta, nela
está a essência de toda a Lei.

 A primeira parte (Deuteronômio 6.4,5) resume os quatro primeiros


mandamentos: esse texto tornou-se uma leitura diária em vós alta para o
judeu (Keri’at Shema),

o Como amar a Deus? 1-Não procurando outro Deus 2-não fazendo e


nem se curvando diante de ídolos 3-Não desrespeitando o nome do
Senhor 4-guardando o dia do Senhor.

 A segunda parte (Levíticos 19.18) resume os seis outros mandamentos.

o Como amar ao próximo? 5-Honrando o pai e a mãe 6-não matando


7-Não traindo 8-Não roubando 9-Não dando falso testemunho contra
ele 10-Não cobiçando o que pertence ao próximo.

A resposta de Jesus aponta para:


3 – UMA RESPOSTA DURA COM POSSIBILIDADE DE REDENÇÃO. (Vs. 28-29)
Vs.28 – Respondeste bem; faze isto e viverás: Cumpra a Lei e estarás pronto para
a vida eterna. Havia uma tradição rabínica e popular sobre (Levíticos 19.18), “ame
3
Dicionário Teológico do Novo Testamento - vol. /© 2013, Editora Cultura Cristã. Organizado por Gerhard Kittel e Gerhard
Friedrich e condensado por Geoffrey W. Bromiley – página 35.
4 AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO

seu próximo e odeie o seu inimigo” 4. É para essa tradição que o doutor da Lei
queria levar Jesus, porém ela anula a essência, ela é uma distorção da Lei de
Moisés.
Jesus ensinava sobre a essência da Lei que é: amem seus inimigos e orem por
aqueles que os persegue (Mateus 5.44).
O teólogo entendeu as palavras de Jesus, tanto que tentou justificar-se fazendo
ainda mais uma pergunta para Jesus: Vs.29 – Quem é meu próximo?
Com esta pergunta o doutor da Lei queria propor a Jesus que seu próximo era os
bons judeus, os pobres da sua terra (assistencialismo), mas não os estrangeiros,
muito menos os que se posicionavam como inimigos.
O doutor deveria ter se lançado aos pés do Senhor e implorado a ajuda do de
Jesus, confessando a sua incapacidade de cumprir a Lei, mas ele perguntou:
Quem é meu próximo?
Jesus oferece:
4 – UMA RESPOSTA BRANDA COM UMA MENSAGEM PODEROSA 5. (Vs. 30-
37)
Vs.30 - A estrada de Jerusalém para Jericó: havia 1200 metros de desnível entre
Jerusalém e Jericó, são 24 quilômetros de lugares extremamente perigosos, na
maior parte do ano ela é deserta, com muitos lugares bons para emboscadas.
O homem da história estava viajando sozinho, e levaram tudo que ele possuía,
rasgaram suas roupas e o deixaram quase morto à beira do caminho.
O SACERDOTE - Vs.31 – Descia pelo mesmo caminho um certo sacerdote – isto
significa que ele acabara de cultuar e estava voltando para a sua casa.
O que se esperava do sacerdote, aquele que realizava os sacrifícios no templo, que
ele tivesse misericórdia, ele era uma esperança para o homem que estava caído,
mas dia a história que ele se desviou, viu, mas passou para o outro lado.
Mas ele conhecia a Lei: Levítico 19.18 - ame ao seu próximo como a ti mesmo,
provavelmente também os versículos 33 e 34, que indica também o amor quando o
próximo for um estrangeiro, se bem que é quase certeza que era uma judeus que
estava caído. Este é o mesmo princípio que está em (Tiago 2.13) – Quem não tiver
misericórdia dos outros, Deus também não terá dele naquele dia.
Um suposto homem de Deus, que cultuava a Deus, mas que o culto era apenas no
templo, ele não cultuava a Deus na vida.
O LEVITA - Vs.32 – Da mesma maneira o Levita, vendo-o passou de largo – O
levita também descia, portanto provavelmente havia cultuado, mas, diz a história:

4
Macarthur, John; As Parábolas de Jesus – Os mistérios do Reino de Deus revelados nas histórias contadas pelo Salvador; Editora
Thomas Nelson Brasil – Rio de Janeiro – 2018 – página 111, 112.
5
Ideam acima.
5 AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO

vendo-o passou de largo – o texto grego dá a intenção de que quando eles viram
o homem caído propositalmente se desviaram para o outro lado.

A Lei mandava ter misericórdia, mas eles não tiveram, agiram como se não fosse
um ser humano ali caído.

Jesus está ensinando que não adiante ter culto bonito, oração maravilhosa, louvor
abençoado, se não tiver misericórdia, se não repassar o amor incondicional
que recebeu de Deus.

O BOM SAMARITANO – Vs.33-36 – Primeiramente é bom destacar que havia


inimizade entre Judeus e Samaritanos, também que naquela estrada, era muito raro
passar um samaritano, portanto é quase certeza que o homem caído era um judeu.

Assim como o Sacerdote e o Levita a história diz que o Samaritano “VIU” o


homem caído, os três viram, mas a atitude do samaritano, foi:

 Moveu-se de íntima compaixão – sentiu misericórdia do homem caído, colocou-


se em seu lugar, EMPATIA - Se você estivesse caído na beira da estrada, sem
condições de se levantar, qual seria o seu desejo? Com certeza, que alguém te
estendesse a mão.
 Se aproximou – O Samaritano não atravessou a rua, mas foi ao encontro do ser
humano caído,
 Atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho – A história diz que roubaram
tudo que o homem possuía, portanto todos os recursos usados pertenciam ao
samaritano, ele usou o vinho como um antisséptico, o vinho que serviria para
matar a sua seda durante a caminhada, ele usou o azeite para amenizar a dor
do homem que estava caído e por fim atou-lhes as feridas usando tecido, não
sabemos de onde, mas provavelmente das próprias roupas que carregava para
ele mesmo.
 Colocou-o sobre a sua própria montaria, logo o Samaritano, provavelmente
seguiu á pé puxando o animal com o homem ferido sobre ele. Ele se expos aos
perigos aumentou a sua caminhada, não para cumprir uma regra, mas por
AMOR.
 Passou a noite cuidando daquele estrando, nos momentos mais críticos da sua
recuperação,
 Deixou 2 denários – o que segundo comentaristas era suficiente para pagar 2
meses de hospedaria com refeição para uma pessoa. O Samaritano ainda se
comprometeu em pagar o que passasse.
 Em nenhum momento o Samaritano questionou, ele simplesmente estendeu a
mão e usou seus recursos para retirar da beira da estrada aquele homem que
não poderia pelas suas próprias forças sair.

Vs.36 – Jesus faz ainda uma outra pergunta: qual desses três lhe parece que foi o
próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?

Por quem, com certeza nós faríamos todas estas coisas, como o Samaritano fez?
6 AMARÁS O TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO

Com certeza, por nós mesmos e pelos nossos parentes de sangue mais próximos,
talvez os filhos.

Então, pela Lei, se é assim que nos trataríamos e que gostaríamos de ser tratados
pelos outros, ASSIM DEVEMOS PROCEDER.

Isto é amar o próximo como a nós mesmos.

A questão não é: Quem é o meu próximo? Mas sim: Eu sou o próximo de


quem?

A RESPOSTA É: De qualquer pessoa que estiver necessitando.

Vs.37 – A resposta do doutor da Lei não poderia ter sido outra, pois o
comportamento do Samaritano é o que a Lei esperava do servo de Deus.

Jesus então conclui: Vai e faz da mesma maneira e estará apto para o Reino dos
céus, e terás a vida eterna.

APLICAÇÕES PRÁTICAS:

1. Mesmo tendo percebido a intenção do doutor de Lei, Jesus respondeu


a ele:
a. Calmamente, educadamente com gentileza a pergunta,
b. Nos passos de Jesus será que agiríamos assim?
c. Queridos irmãos e irmãs, falta gentileza até entre os “amigos”
d. Existem momentos que os cristãos deveriam perguntar como
Charles M. Sheldon sugere em seu livro: EM MEUS PASSOS O
QUE FARIA JESUS?
2. O ensinamento principal da Parábola do Bom Samaritano é:
a. Pela Lei ninguém pode ser salvo, pois se tropeçarmos em um só
ponto, e tropeçamos, quebra toda a lei (Tiago 2.10)
b. E que devemos confessar para o Senhor Jesus as nossas
deficiências e confiarmos na sua maravilhosa graça,
3. Jesus nos tratou da mesma maneira que o Bom samaritano tratou
aquele homem caído à beira do caminho, então nós também temos
que:
a. Olhar para os que estão caídos,
b. Nos aproximarmos,
c. Atar as feridas derramar vinho e azeite,
d. Amar aquele que não tem como pagar,
4. Repassar adiante o amor incondicional de Deus por nós.

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