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Paládio
A imagem de sais de
paládio e platina
Tradução
Alice de Castro Almeida
Ruth Sousa
Jean - Claude Mougin
Tradução
Alice de Castro Almeida
Ruth Sousa
Paládio
A imagem com sais de
paládio e platina
© Mougin Jean-Claude
37, rue du Dr Griveaud
71600 Paray-le-Monial
0385816474
jcm.mougin@wanadoo.fr
www.platine-palladium.com
www.platine-palladium.fr
A essência da arte não é essência
A matéria da arte não é matéria
O tema da arte não é tema
O objeto da arte não é o objeto
O método da arte não é o método
Técnica na arte é técnica
Qualidades na arte são qualidades
1 - Martin Heidegger: La provenance de l’Art et la destination de la Pensée. in “ Les Cahiers de l’Herne “. (título em
inglês: On the Origin of Art and the Destination of Thinking)
3. O Ídolo, o Ícone, a Imagem
Walter Benjamin:
- “Short History of Photography”
- “The Work of Art in the Age of Mechanical Reproduction”
- “On Some Motifs in Baudelaire”
5. O Mundo e a Terra
Sais de paládio e platina não são fotossensíveis e, por isso, precisam ser
combinados com oxalato férrico, o qual é sensível à luz.
A mistura é aplicada com um pincel em um papel de boa qualidade. Isto
pode ser feito sob luz de tungstênio sem nenhum problema, porque o oxalato
férrico somente é sensível aos raios ultravioleta.
Após secar, o negativo é impresso por contato em um papel no sol ou
sob uma lâmpada U.V.
A ação da luz transforma o oxalato férrico em oxalato ferroso.
Depois da exposição, a imagem é revelada em um banho de citrato de
amônio ou oxalato de potássio. Essas substâncias dissolvem os sais ferrosos e
reduzem os sais de paládio ou de platina para o estado metálico. A imagem,
dificilmente visível após a exposição, aparece quase que imediatamente
quando imersa no banho de revelação.
Os sais ferrosos remanescentes, causando uma mancha amarela no
papel, são dissolvidos em um banho de ácido clorídrico, oxálico ou cítrico
diluído.
A imagem é, finalmente, lavada para eliminar todas as substâncias
ácidas e, então, seca. Agora, está inteiramente formada pelo paládio ou pela
platina, os quais são metais estáveis. A permanência de tal imagem é igual,
por conta disso, à preservação de seu suporte.
Mesmo assim, o processo possui uma limitação. Não é possível imprimir
uma imagem ampliada. A menos que se use negativos de grande formato,
negativos do tamanho da impressão final precisam ser feitos na sala escura.
A Fórmula
U.V.
Oxalato férrico -----------------------------> Oxalato ferroso
Fe2 (C2O4)3 -----------------------------> Fe (C2O4)
Oxalato ferroso
Oxalato férrico + + Cloreto de ferro
Cloropaladito de sódio + Cloreto de potássio
+ Metal de paládio
2Fe2(C2O4)3
6Fe(C2O4) + 2(FeCl3)
+ 3Na2PdCl4 + 6KCl
+3Pd
4. O Negativo
☞ Este protocolo está sendo apresentado como um guia básico e deve ser adaptado de acordo com
seus experimentos, considerando as possíveis diferenças entre os equipamentos.
6. O Papel
6.2. Lados
O papel tem uma frente e um verso. O verso muito vezes conserva a
textura do feltro ou do cilindro no qual ele foi prensado. A parte da frente
apresenta uma aparência mais lisa e uma estrutura mais homogênea. Essa
diferença pode ser notada visualmente e é ainda mais percebida quando a
folha é posta contra luz.
Alguns papéis possuem marcas d'água. Estas são colocadas no verso do papel,
o que explica porque a marca do fabricante aparece invertida quando a folha é
vista contra a luz. Outros papéis possuem uma marca em relevo, o que
possibilita a identificação do lado da frente.
6.3. Tratamento
Para melhorar a superfície do papel e permitir a escrita ou a impressão,
ele é tratado com colas, que existem em dois tipos, os amidos e as gelatinas
animais. Quando a superfície é extremamente brilhante e lisa, diz-se que o
papel é calandrado. Este é o caso dos papéis bristol, por exemplo, que não são
adequados para impressão de platina-paládio.
➢ Papéis de Carta
• Atualmente, todos os papéis de carta são alcalinos. É possível
encontrar papéis antigos e adequados no Ebay – resmas de papel
ou papéis de correspondência
➢ Papéis da Ruscombe Mill, feito a partir das recomendações de Mike
Ware
• Papel Buxton, excelente mas com uma textura espessa
• Surgiu um novo papel Herschel, que é um papel de linho ao invés
de algodão; dizem que é mais liso.
7. As Soluções Sensibilizadoras
Solução # 1
• água destilada a 50º …............................................... 55 ml
• ácido oxálico …........................................................... 1 grama
• oxalato férrico (*) ........................................................ 15 gramas
(*) use o artesanal, receita 3 em minha “pequena dissertação sobre sais de ferro”
Solução # 2
• solução # 1 (veja acima) …......................................... 2,5 ml
• clorato de potássio ….................................................. 0,1 grama
10.2. Exposição
A emulsão de paládio é sensível somente à luz ultravioleta. A impressão
poderia ser exposta ao sol, mas usar as luzes de impressão U.V. é mais
conveniente.
• Posicione a prensa de impressão com um sanduíche de negativo e
papel de paládio:
✔ a 5cm dos tubos U.V.
✔ a 30 cm da lâmpada HID; a lâmpada necessita de 5 minutos até atingir
sua intensidade máxima
• A exposição pode variar de 10 a 30 minutos.
• A sensibilidade à luz também depende do tipo do papel.
Na tabela acima, o valor apresentado na coluna HD expressa, em valores logarítmicos, o intervalo de densidade
entre dois negativos, um sendo a referência; se a diferença é positiva (seu negativo é mais denso do que a
referência), a coluna “+” mostra o fator que deve ser aplicado à exposição de referência, para encontrar a
exposição que concebe uma impressão final com valores semelhantes aos da impressão de referência. Se o
intervalo for menor (seu negativo é mais claro), o fator da coluna “-” deve ser utilizado.
Exemplo: negativo de referência = uma variação da Stouffer, da qual a melhor impressão possível foi feita,
baseada nas tiras de teste necessárias. Vamos supor que a impressão final precisa de 15 minutos. Considerando
uma faixa específica – faixa 9 por exemplo – podemos ver que esta faixa possui certa densidade, como 1.33.
Nesta impressão feita a partir da escala tonal, a densidade corresponde a determinado valor cinza, próximo ao
cinza neutro da “Kodak Gray Card”.
Agora, pegue seu negativo. Identifique a parte do negativo que você gostaria de ver o cinza neutro em sua
impressão final. Medindo essa parte do negativo, você obtém o valor de densidade – vamos dizer, 1.63. A
diferença de sua densidade do negativo com a da escala tonal é: 1.63 - 1.33 = 0.3 (mais denso), o que
corresponde a uma correção de fator 2. Você terá que expor sua impressão durante 15minutos x 2 = 30 minutos.
O mesmo tipo de cálculo pode ser feito se você quiser uma impressão mais densa/menos densa.
10.4. Correções
É possível aplicar algumas correções com o aumento ou a redução da
exposição em certas áreas da impressão, mas às vezes essas ações podem
consumir muito tempo. É mais fácil modificar a exposição quando estiver
usando lâmpadas HID, ao invés de uma caixa de luz, pois o tempo de
exposição pode ser reduzido significativamente por meio da aproximação da
lâmpada com a prensa de impressão (como os tubos já ficam bem próximos, a
margem é menor). Lembre-se que a intensidade da luz é inversamente
proporcional ao quadrado da distância da fonte de luz.
11. A revelação
O processo consiste na precipitação do paládio metálico com os sais
apropriados, basicamente o oxalato de potássio, o citrato de amônio, o citrato
de sódio e o acetato de sódio.
2. Tratamento do papel
Gravidade Específica
Esse gráfico mostra, por exemplo, que um coeficiente de gravidade de
1.17 corresponde a uma concentração de 27%. O modo mais simples de medir
essa concentração é usar um hidrômetro. Uma concentração de 24%, ao invés
de uma de 27%, não apresentará nenhuma diferença real na impressão final.
Outro procedimento é pesar os mesmos volumes de água e de oxalato de
ferro: a proporção entre os dois deve ser de 1.174. Se estiver com uma
densidade maior que 1.17, adicione água. Se estiver com uma densidade mais
baixa que 1.15, o processo inteiro deve ser recomeçado, porque o oxalato
férrico não pode ser aquecido sem prejuízos, e mais água precisa ser extraída
para se obter um hidrato de ferro menos úmido.
◆ Bostick & Sullivan – P.O. Box 2155 - Van Nuys, Ca. 91404 – USA
http://www.bostick-sullivan.com/
• oxalato férrico
• sais de platina e paládio, 3-4 mais baratos do que na França
• livros técnicos
Pagamento com cartão de crédito. Envio para outro país: peça USPS
International Airmail; é possível que você não tenha que pagar pelas tarifas
alfandegárias. Evite USPS Express Mail, UPS, Fedex, pois você pagará impostos
(VAT) e as tarifas alfandegárias, sem contar que deverá fornecer um recibo aos
aduaneiros.
◆ Artcraft Chimical
http://www.artcraftchemicals.com
• Todos os químicos
• O cloreto de paládio mais barato. Envia por USPS Internacional
Airmail. Muito útil e bem informado – uma competência excelente!
◆ Stouffer industries
http://www.stouffer.net
◆ Artista-photo
http://www.artista.fr
• Papel Canson Arches Platine
◆ Ruscombe Paper Mill
http://www.ruscombepaper.com/
• Papeis Buxton e Herschel, desenvolvidos com Mike Ware
◆ El Mu s e u Molí Pap e rer d e Cap ellad e s
http://mmp-capellades.net/
• Papel artesanal de altíssima qualidade, com textura leve
◆ Atlantis France
http://www.atlantis-france.com/
• Caneta de pH
IV – BIBLIOGRAFIA
ABNEY, William Wiveleslie de Platinotype: its preparation and
manipulation. Scovill & Adams N.Y. 1896.
Jean-Claude Mougin
Tradução:
Alice de Castro Almeida
Ruth Sousa
♦ Provas da existência de Deus
Sem dúvida, Niepce provou a existência de Deus com o betume de Judéia, o natrão
(carbonato de sódio hidratado) que as pessoas usavam para embalsamar os mortos,
Talbot com o iodeto de potássio, Herschel com o tiossulfato de sódio, Frederick Scott
Archer com o colódio, Poitevin com a gelatina, e , finalmente, Willis, o inventor da
platinotipia, teria provado a existência de Deus com oxalato férrico. É com esta última
prova que nós iremos contribuir.
Quando surgiu há 30.000 anos atrás, o “homo sapiens” expressava sua nova existência
por meio de atitudes religiosas e manifestações artísticas. Os primeiros sinais que nos
enviou através das eras foram essas mãos negativas e positivas, que ele imprimiu na
caverna Chauvet, em Pech Merle, Cosquer, Cueva de Las Manos Pintadas na Argentina e
em outros lugares ao redor do mundo todo. O fascínio do homem pelos ocres vermelhos
e o fato de que controlava as técnicas acerca do ferro oxidar a cor, a qual muda se
aquecida e, consequentemente, o proporciona uma variedade completa de cores,
transformaram-no em um “homo espectador”: ele começou a desenhar e pintar e, então, a
olhar para as imagens, nas quais ele encontrou questões sobre sua própria existência.
Como René Char diz: “antes de mim, no friso de Lascaux, surge Sabedoria – uma mãe
fantasticamente mascarada, com seus olhos cheios de lágrimas”.
O homem no poço na caverna Lascaux, com sua cabeça de pássaro e com sua genitália
projetando-se, como também o búfalo perdendo suas tripas, ambos já mortos, são feitos
desses ocres que são óxidos de ferro de várias cores. 18.000 anos depois, o mergulhador
em Paestum (Pesto, Itália) que, graciosamente, cai em direção a nada, com sua genitália
flutuando no ar, é feito dos mesmos materiais.
Quando aquecidos (ou cozidos), esses ocres fornecem um “amarelo de Marte”, aquele
que Poussin gostava tanto. Ele pode ficar azul ou roxo quando adicionamos um
polissulfeto. Se aquecermos um pouco mais, devemos obter uma Siena queimada. Siena
queimada, vermelho de Pozzuoli, de Ercolano, de Falu, vermelho Van Dyke, ocre de cor
fresca, macra, armênia, tantos nomes evidenciando tantas cores que variam desde o
vermelho claro até preto escuro/profundo. Se você estudar uma pintura de Caravaggio, ou
de Rembrandt, você viajará através de um Colorado Provençal, no qual entre os pinheiros
marítimos, os maciços oxidados elevam-se, multicoloridos, amarelo de Marte, vermelho
Veneziano, Siena Queimada...
E, depois, ferrugem para todos os lados, o que é somente um hidrato de ferro, comendo
nossos carros, nossos balcões, nossos petroleiros bons, nossos tanques. Destrói toda
essa sucata da qual construímos nossa civilização mecânica, a anterior aos
computadores. Computadores também oxidam, pois os dados que suas memórias
armazenam desaparecem gradualmente, de modo misterioso, ficam velhos e morrem
precocemente, igual a nossas crianças que vêm sofrendo de “progéria”.
Ainda assim, é desta ferrugem que o líquido com tons de esmeralda irá nascer: para o
siderotipista, é como o Santo Graal, sua pedra filosofal.
Para o alquimista, processos fotográficos possuem algo haver com a Grande Obra
(Magnum opus), o material cru passando por quatro estágios. Primeiro, temos o estado
do negrume “nigredo”, então o do cinza, do branco “albédo” e, finalmente, do vermelho ou
“rubedo”, do qual a pedra filosofal nascerá. Essa “pedra” é uma substância capaz de
atingir a transmutação de metais intermediários para ouro e outros metais preciosos.
Todos os processos com sais de ferro parecem seguir esse esquema, mesmo que não
tenham nada a haver com transmutação, mas sim com revelação. Sal de ferro abastece a
imagem, então sais de ouro, prata, platina e urânio transformam a imagem de ferro em
imagens de ouro, prata e até de ferro, como são as crisotipias (impressão em ouro),
kalitipias, platinotipias, paladiotipias, cianotipias e muitas outras: argentotipia de Herschel,
foto cromática de Mercer, processo de Philipson, impressão Pellet, sepiaplatinotipia de
Willis, processo ferrogálico de Colas, impressão printout de platina de Piz zighelli,
ancestral da ziatipia da Bostick & Sullivan, Van Dyke de Arnt e Cross, processo de
Nakahara, aurotipia de Jarman, impressão statista de Willis, às quais deve-se acrescentar
os procedimentos contemporâneos, a ziatipia já citada, o novo crisotipo de Mike Ware,
sua nova platinotipia, seu novo cianótipo, seu argyrótipo (Essa lista foi apresentada em
“Gold Photography” de Mike Ware e não está completa).
1
♦ Oxalato férrico ou como fazer algum dinheiro (oxalis)
Em 1873, Willis foi quem inventou e aperfeiçoou o processo de ferro/platina, porém, ele
protegeu-o com várias patentes para que o processo fosse utilizado apenas
industrialmente, para obter os royalties. Isso explica porque os papéis de platina, e depois
de paládio e o statista foram vendidos até 1930.
1 Nota do revisor: Neste trecho, o autor faz uso de um jogo de palavras. No original, utiliza o título completo “oxalate
ferrique ou comment faire de l’oseille (oxalis)”, sendo que “faire de l’oseille” pode significar fazer dinheiro ou passar o
conto do vigário. Já “oseille”, fora desta expressão, é o nome de uma planta, rumex acetosa, conhecida em Portugal
como azeda, azeda-brava, erva-vinagreira ou vinagreira. No Brasil é conhecida como “azedinha”, e possui alto teor de
ácido oxálico. “Oxalis” se refere a diversas plantas herbácias, sendo que seu nome vem no grego oxys, que significa
“ácido”, em referência ao sabor picante das folhas comestíveis, decorrente do ácido oxálico presente em sua
composição.
método manual do processo de platinotipia e publicaram em um livro chamado “La
Planotypie”, que foi coroada com o prêmio Voigtländer, com uma medalha de ouro no
valor de 100 ducados. Apesar da fúria e das ameaças da Companhia de Platinotipia, esse
livro foi traduzido rapidamente para o inglês e para o francês, virando a Bíblia dos
siderotipistas, como permaneceu durante muito tempo até Georges Tice utilizá-lo na
década de 1970, quando ele fez o processo voltar à moda.
“Todo mundo diante de uma tela”, como é o lema do Big Brother. “Todos peguem seus
pincéis e suas lâmpadas solares”, é o lema dos novos rebeldes. Assim como,
antigamente, diversas receitas para coquetéis de Molotov foram distribuídas de mão em
mão secretamente, você será instruído aqui sobre o método tradicional, porém efetivo,
para a produção de oxalato férrico tal qual era feito no passado.
A fabricação
♦ Oxalato férrico: devemos comprar um kit ou não?
Hoje em dia, existem duas formas de obter oxalato férrico: comprar na Bostick & Sullivan
ou na Aircraft em forma de pó ou solução já pronta, ou fazer seu próprio oxalato férrico. O
método mais simples é seguir o processo oferecido por Pierre Brochet durante uma
oficina no Museu de Niepce, em março de 1983, e impresso no livro “Palladium”, que
qualquer um pode baixar no website “gallery-photo.com”. (http://www.galerie-
photo.com/platine-palladium_cours-2007.html).
Infelizmente, esse método requer o uso de hidrato de ferro, um produto que todos os
grandes laboratórios costumavam vender e que desapareceu de todos os catálogos
atualmente, por isso, precisamos fazer nosso próprio oxalato férrico.
Com o mesmo negativo, uma escala Stouffer de 4” x 5” (10x13cm), o mesmo papel A811
da Crane, as mesmas técnicas de aplicação e de secagem (espalhar o oxalato férrico em
uma folha de papel com um pincel durante 2 minutos, deixar “descansar” no escuro
durante 5 minutos, secar ambos os lados durante 3 minutos com um secador de cabelo).
Depois, uma exposição à luz UV de 15 minutos. Por fim, uma revelação “de etapa única”:
60ml de citrato de sódio a 11ºC, com 2 gotas de bicromato à 4%, e o banho final com uma
solução de ácido oxálico e água (2 colheres de sopa cheias de ácido para 10 litros de
água).
♦ As medidas das variações com o densitômetro por reflexão, 0 sendo medido na parte
branca do papel.
Parece que para cada duas gradações bem próximas, o oxalato férrico caseiro possui
uma densidade de pigmentos maior do que conseguimos obter com o oxalato férrico da
B&S.
Parece até que não se trata dos mesmos corpos químicos. O primeiro é bem claro, com
uma cor verde esmeralda bem brilhante, o segundo é amarelado e um pouco escuro.
♦ Existem vários tipos de oxalatos férricos
É isso que Mike Ware diz em seu “Chrysotype Manual”, na página 139:
“A substância consagrada pelo tempo, utilizada em vários processos com sais férricos
como as platinotipias e kalitipias tradicionais, é o oxalato férrico. Infelizmente, este é mais
um composto de ferro visto por químicos como “mal definido”. Diferentes métodos de se
fazer oxalato de ferro fornecem produtos significativamente distintos; e apesar de terem a
mesma fórmula (NH4)3 (Fe(C2O4)) 3H2O, este corpo não é somente um sal simples. Ele
provavelmente possui uma estrutura complexa, oligomérica, que permanece
desconhecida, porque não foi cristalizada e, por tanto, nunca foi sujeita aos métodos de
raios-X de determinação estrutural.”
Da mesma forma, em seu livro “Tirages of Photographies aux Sels de Fer”, publicado em
1904, E. Trutat diferencia duas formas de oxalato férrico: “é importante utilizar apenas o
oxalato de ferro puro, um pó amarelo esverdeado insolúvel em água, ao invés do oxalato
duplo de potássio e férro.” Posteriormente, ele fornece instruções parecidas com as de
Pizzighelli e Hübl, as de Emery e Pierre Brochet, elas são muito semelhantes com as que
vamos experimentar aqui.
♦ Várias técnicas para fazer o oxalato férrico
Curiosamente, não menciona o método que utiliza hidrato de ferro (obtido através da
reação entre cloreto de ferro e a soda cáustica). Todavia, é o método oferecido pelos dois
pais fundadores, Pizzighelli e Hübl, revivido por Trutat e por Emery, reafirmado por Pierre
Brochet e o qual Christian Nze parece ter escolhido. O que significa que não iremos
descrever nada novo aqui, mas sim, algo que funciona muito bem e que será explicado
passo a passo para qualquer pessoa que deseje embarcar nesta aventura que não vai
além de executar uma receita de cozinha.
• Processo
• Aqueça 500ml de água destilada até atingir 100ºC
• Dissolva 50g de cloreto de ferro, misturando lentamente, use óculos de proteção
• Adicione 25 gramas de soda cáustica, misture lentamente (estará fervendo), use
óculos de proteção
• Coloque a mistura em um balde de 10 litros cheia de água corrente quente e deixe
descansar durante 15 minutos (pH14). Ao final dos 15 minutos, poderemos ver que
o hidrato de ferro estará estável no fundo.
• Sifone o máximo de água límpida que conseguir, sem sugar o hidrato de ferro do
fundo da bacia, por isso, deixe 2 ou 3 centímetros de água translúcida.
• Repita a mesma operação 5 vezes até que a água esteja com um pH neutro (pH7).
• Após sifonar a água pela última vez, coloque uniformemente a massa marrom de
hidrato de ferro nos três filtros de café.
• No início, misture de tempo em tempo para drenar a mistura de hidrato de ferro e
água o máximo que conseguir. Deixe-a escorrer durante quatro horas no mínimo,
mas isso pode durar uma noite inteira.
• Filtre em um funil que tenha tido sua extremidade preenchida com algodão.
• Filtre várias vezes, se necessário, até que se obtenha um líquido transparente e
cristalino.
♦ Como determinar a concentração do oxalato férrico
Gravidade Específica
Nesse gráfico, podemos interpretar que para uma concentração de 27%, o coeficiente de
gravidade é 1.17.
Uma vez que a etapa de filtração acabar, adicione um pouco de ácido oxálico, 2 gramas
para 100ml de água. Você pode aquecer a mistura em um banho-maria até 30ºC, não
mais que isso, para dissolver com mais facilidade. Perceba que isso é muito importante,
pois impede o surgimento de véu.
Comparação entre duas impressôes feitas com o mesmo Gráfico Stouffer, uma com o
oxalato férrico da B&S (Bostick & Sullivan), o outro com oxalato férrico de Pz&Hb.
A conclusão que podemos tirar desses testes é óbvia. Ou como dizemos em francês,
“il n'y a pas photo” (é evidente!).
♦ Preservação