Você está na página 1de 8

DIREITO INTERNACIONAL

Livros:
 Paulo H. G. Portela
 Francisco Rezer (difícil e minoritário)

1. Teoria geral
1.1 Histórico
Surgiu com fins comerciais a fim de regular as relações entre os
povos/culturas diferentes.
Juridicamente falando, o direito internacional surgiu no século XVII,
chamado de Paz de Westfalia – conjunto de tratados que serviu para acabar
com diversas guerras nessa região – esses tratados vieram pacificar a
região, havendo um fortalecimento da soberania do Estado.
No século XVIII, surge a nomenclatura Direito Internacional, por
Jeremy Bentham, direito entre nações, surgindo como ciência.

1.2 Origem
 Positivismo
Mundo empírico, mundo que pode ser tocado, demonstrado
materialmente. Pra essa corrente, o que importa são as normas
criadas pelos Estados, surge então, das normas criadas que decorriam
das relações internacionais das nações.
 Jusnaturalismo
Corrente do direito natural. Essa corrente acredita que existem
normas superiores, normas de origem divina (acima das normas
criadas pelos humanos), normas tão importantes que deveriam ser
seguidas pelos Estados quando se relacionavam e a partir delas,
todas as outras devem se ressurgir.

1.3 Definição de Direito Internacional


Celso Mello: conjunto de normas que regula as relações exteriores
entre os atores que compõem a atual sociedade internacional.
A partir do século XX, o jusnaturalismo ganha força, por causa da
abstenção Estatal em algumas matérias, sendo incorporados em alguns
tratados.

1.4 Autores X Sujeitos


 Autores Internacionais: são entidades que participam de forma
relevante das relações internacionais, influenciando acontecimentos.
São porém, no máximo, destinatários das normas internacionais, ou
seja, não produzem normas internacionais.
Ex: ONG’s e empresas transnacionais.
 Sujeitos de direito internacional: são aqueles que participam
diretamente da criação ou da implementação do direito internacional,
ou seja, possuem direitos e/ou obrigações internacionais.
Ex: os Estados: Estados Unidos, Brasil, Organizações internacionais,
os indivíduos.

1.5 Sociedade X Comunidade


 Sociedade internacional: nela existe um grupo de valores
compartilhado entre os membros, porém há mais diferenças do que
similitudes.
 Comunidade Internacional: igual a sociedade internacional, porém
com mais convergências.

1.6 Juridicidade do Direito Internacional


John Austin – não é ciência jurídica é uma moral positivada pois não
tem força para ser obrigatória. Não há um Poder
Legislativo/Judiciário/Executivo centralizado que produz/julga normas
jurídicas que seriam obrigatórias para todo o mundo. ELE NÃO ESTÁ
CORRETO
Ele não se regula pela moral, mas sim, pelas normas jurídicas
criadas. Pois algumas coisas podem ser imoral, mas é norma.
Direito internacional não possui poder Legislativo, não existe um
órgão centralizado que produz normas jurídicas obrigatórias para todo o
mundo. Não existe Poder Judiciário Mundial, existem tribunais
internacionais, mas eles não possuem estrutura conjunta, não possuem
hierarquia, não emitem decisões compulsórias para todo o mundo. Não
existe Poder Executivo Global. A implementação do Direito Internacional
se dá de maneira descentralizada, ou seja, depende-se da autoridade dos
Estados.
Porém, ainda assim, é uma ciência jurídica, quando os Estados
resolvem as suas controvérsias, eles o fazem através de soluções previstas
no direito internacional. Quando os tribunais internacionais julgam litígios,
eles fundamentam as suas decisões em argumentos jurídicos, não morais.
 Princípio da igualdade soberana: Os Estados são soberanos,
não há autoridade maior que a do Estado em seu território.
Todos os Estados são iguais entre si. Um Estado não detém
soberania sobre a de outro.
1.7 Fundamento de Validade do Direito Internacional
Saber se a norma é obrigatória ou não/válida para o DI.
 Formal
Essa ótica busca identificar se processo de criação da norma em
questão está conforme o direito internacional, ou seja, como que a
norma foi produzida, se norma foi criada conforme os
critérios/procedimentos estabelecidos para o DI. Se sim, é válida. Se
não, não é.
 Material
Essa ótica preocupa-se com os valores que foram consagrados
naquela norma, se ela não feriu valores considerados universais.
Ex: comércio de pessoas.
- Se ela for válida, formal e materialmente, ela é obrigatória para os
Estados que se voluntariaram a assumir essa obrigação.

1.8 Direito Internacional X Direito Interno


Quando há divergência entre as leis.
Como resolvo um conflito entre norma do direito interno e do direito
internacional.
 Corrente dualista: para eles o direito interno e o direito
internacional estão em planos de existência diversos. São ordens
jurídicas diversas, logo, no plano interno, eu aplico o direito interno
e no plano internacional, aplico o direito internacional. Subteorias:
o Dualismo radical: para que a norma internacional seja
aplicável no plano interno, é necessária a completa
transformação em direito interno (passando pelo tramite
legislativo). Ex. Reino Unido.
o Dualismo moderado: para essa corrente, basta uma ordem
executiva interna, para que a norma internacional valha no
plano interno. Ex. Brasil.
 Corrente Monista: para essa corrente, o direito interno e o direito
internacional, formam uma única ordem jurídica que seria
responsável para regular tanto relações internacionais como internas.
o Monismo Radical ou internacionalista: Hans Kelsen.
Pirâmide de Kelsen para o plano interno. Já no plano
internacional, o topo da pirâmide é o direito internacional. A
norma internacional sobre a interna, por uma questão de
hierarquia.
Dessa maneira não há conflito de normas.
Não fere a soberania dos Estados, pois este se obriga
voluntariamente a cumprir tal direito.
o Monismo Nacionalista: para essa corrente o direito interno é
a máxima expressão de soberania de um Estado, logo, o direito
internacional não pode prevalecer sobre o direito interno ou
violaria a soberania estatal.
o Monismo Moderado: Kelsen também. As relações entre
direito internacional e direito interno, serão reguladas pela
constituição federal de cada estado.

AULA 29.02.2020

1.9 Direito Internacional Público X Direito Internacional Privado


- Pública: regula litígios entre os Estados, é diferente de direito interno
(estas, não se aplicam no direito internacional).
- Privado: não é uma ciência jurídica própria como o direito internacional
público. São normas de direito interno, não trata de interesses coletivos,
somente privados. É o conjunto de normas que se destina a solucionar
conflitos que envolvem interesses privados no âmbito de uma situação
multiconectadas.
 Relações Multiconectadas - é aquela que simultaneamente atrai a
aplicação do direito interno de dois ou mais países, em relação a uma
situação que envolva interesses privados
 LINDB – art. 7 e seguintes, 21 a 23 do CPC - lei que discorre sobre
como eu aplico o direito, lei sobre direito.

1.9.1 Conflito de Jurisdições - CPC


Descobrir qual tribunal é competente – Brasileira ou Estrangeira. Se for do
tribunal estrangeiro, acaba ai, pq não nos interessa. Se for do tribunal
brasileiro, ela pode ser:
 Concorrente – arts 21 e 22 CPC – nessa não apenas os tribunais
brasileiros são competentes, não apenas os tribunais brasileiros
podem ser acionados, mas também os estrangeiros (alienígenas).
Litispendência internacional (dois processos idênticos, um no Br e
outro na China) é possível nessas situações. Posso ajuizar uma
demanda, ainda que haja outra demanda idêntica no estrangeira.
Em havendo primeiro uma sentença estrangeira, esta, também é
válida no Brasil. Para executar o título executivo do estrangeiro,
você pede para o STJ homologar a sentença e o processo pátrio será
extinto.
Se a sentença pátria for dada primeiro, ela não vai substituir a do
estrangeiro, pois violaria a soberania do Estado.
 Exclusiva – art. 23 CPC
Nessas situações a lei pátria afirma que os tribunais brasileiros são os
únicos autorizados a exercer jurisdição.

1.9.2 Conflito de leis


Descobrir que lei esse tribunal vai aplicar, o tribunal brasileiro, alguns
casos, tende aplicar a lei estrangeira pela LINDB.
Resolvido a dúvida sobre qual tribunal dirime o litigio, preciso identificar
qual lei esse tribunal vai aplicar, a LINDB prevê situações nas quais o
tribunal pátrio vai aplicar a lei estrangeira (a parte interessada que vai
trazer aos autos a legislação estrangeira).
Se a lei estrangeira contrariar a ordem pública brasileira, violar valores
considerados fundamentais para legislação pátria, então aplica-se a lei do
Brasil. – art. 17 LINDB.

2. Sujeitos de direito Internacional


É alguém que detém direitos e deveres, é detentor de personalidade jurídica
internacional.
Ex: ONU, Estados, eu sou um sujeito de Direito Internacional, a coca cola
não é, pois é uma multinacional.

2.1 Personalidade Jurídica Internacional


É a capacidade de titularizar direitos e deveres no âmbito internacional. É
alguém que detém direitos e deveres, é detentor de personalidade jurídica
internacional.
Se classifica em:

2.2 PJI Originária X Derivada


- Originária – é detida pelos Estados a quem compete a criação e
implementação do direito internacional.
- Derivada – todos os outros sujeitos de direito internacional, sua PJI deriva
da vontade dos Estados, da mesma forma que é atribuída, ela pode ser
retirada.
2.3 PJI Plena X Limitada
- Plena – quem detém são os Estados, que possuem todas as capacidades
jurídicas internacionais
- Limitada – demais SDI, a quem os Estados atribuem capacidades
jurídicas internacionais, conforme determinadas finalidades. EX: OMC

2.4 PJI Objetiva X Qualificada


- Objetiva – a mera existência deste sujeito, obriga os demais a
reconhecerem as suas capacidades. Ex: os Estados e as Organizações
Internacionais de maior dimensão, os indivíduos.
- Qualificada – somente aqueles que reconhecem a PJI desse sujeito, estão
obrigados a aceita-lo. Ex. OI de menor dimensão.
A OI de menor dimensão cuja a existência suscita a ocorrência de fraudes,
pode ter a sua PJ questionada.

AULA 07.03.2020

2.5 Capacidade fundamentais dos SDI


 Capacidade de produzir atos jurídicos internacionais: capacidade
de produção normativa, titula rizados pelos Estados e também por
outros SDI`s, tais como as OI`s, as Santa Sé, entre outros. A
capacidade de celebrar tratados se chama direito de convenção. Os
Estados podem celebrar tratados sobre qualquer assunto, por outro
lado, as OI`s, apenas no seu campo de atuação.
 Capacidade de ser imputado pela prática de ilícitos
internacionais e de integrar como parte reclamações decorrentes
dos danos oriundos desses ilícitos: capacidade de ser polo passivo
em uma demanda, de ser processado, como os Estados, OI`s,
movimentos de libertação, os indivíduos.
 Capacidade de acesso a procedimentos contenciosos
internacionais: capacidade de formular reclamação internacional em
nome próprio, entrar com uma demanda processual, processar.
Estados, OI`s, dentre outros.
 Capacidade de ser membro e de participar da vida das OI`s,
inclusive com direito ao voto: os Estados tem, excepcionalmente as
OI`s tem essa capacidade e outros SDI`s, formular e participar.
Ex: OMC, quem participa são alguns Estados, a União Europeia,
enquanto bloco (OI), Hong Kong e Taiwan (cidades que tem política
própria).
 Capacidade de legação: estabelecer relações diplomáticas e
consulares. Missão diplomática pode exercer atividade consular, mas
o contrário não é válido. Atividade consular trata de assuntos
administrativos do Estado, exclusiva dos Estados. Capacidade
diplomática diz respeito a interesses políticos, outros SDI`s detém,
como as OI`s, Santa Sé, etc.
 Capacidade de desfrutar de imunidades perante os tribunais
internos de outros países: não obrigatoriedade de recolher
contribuições; imunidade penal (não responde por crimes cometidos
perante um tribunal interno estrangeiro).
 Capacidade de oferecer proteção diplomática ou funcional: os
Estados oferece proteção diplomática (o Estado pode demandar pelo
nacional lesionado), as OI`s oferecem proteção funcional (a OI pode
demandar por funcionário que sofre lesão).

2.6 Espécies de SDI`s

2.6.1 Estados Soberanos


São SDI e suas capacidades decorrem da sua soberania, são regulados pelo
princípio da igualdade soberana

2.6.2 OI`s
 Aspectos: são pessoas jurídicas de DI, criadas pela vontade de dois
ou mais Estados, que possuem constituição e órgãos próprios e que
desfrutam de PJI, distinta daquela dos seus membros. As OI`s podem
ser constituídas por outros SDI`s. O tratado que cria a OI é a sua
própria constituição, nesse tratados os Estados preveem as
capacidades jurídicas da OI e os seus órgãos internos. As OI`s
possuem capacidade/personalidade jurídica própria, diferente da do
órgão que a criou. É criada com uma finalidade, para perseguir
interesses comuns, não podem buscar interesses de qualquer Estados
membros em particular, ou depender deste para os exercícios de suas
atividades.
 Capacidades: A PJ das OI`s é derivada, suas capacidades vão
decorrer das vontades dos Estados no momento de sua produção,
expressas no tratado.
o Princípio da especialidade: uma OI deve possuir uma
capacidade indispensáveis para a concepção de seus objetivos.
o Teoria dos princípios implícitos: as capacidades das DI não
são somente as que estão expressas no tratado que a constituiu,
mas também as capacidades tácitas implícitas que são
imprescindíveis ao desempenho de suas funções.
o Principais capacidades
 De celebrar tratados concernentes a sua área de
atuação (direito de convenção)
 Desfrutar de imunidades – por consequência de
conceder imunidades aos seus funcionários
 De formular reclamações internacionais em nome
próprio.
2.6.3 Indivíduos
Existe divergência doutrinária, porém na corrente majoritária, os indivíduos
são sujeitos de direito internacional. Demanda em nome próprio. Os
indivíduos só podem demandar perante tribunais internacionais contra
quem reconheça essa capacidade neles seja por meio de tratado ou por
meio de declarações unilaterais.
- Princípio da subsidiariedade
O indivíduo só pode demandar em nome próprio quando houver esgotado
os meios internos do Estado em questão quando efetivos.
Também pode ser demandado em tribunais internacionais (TPI – tribunal
penal internacional) em 4 situações previstas no estatuto de Roma:
 Genocídio (art. 6) – condutas com a finalidade de exterminar um
grupo em parte ou ao todo, seja por motivação étnica, racial ou
religiosa.
 Crime contra a humanidade (art. 7) – ataques sistemáticos contra
grupos civis contra, um grande número de pessoas, visando atingir o
objetivo do grupo a que pertence o criminoso.
 Crime de guerra (art. 8) – crimes praticados durante a guerra que
violam convenções que regulam os conflitos armados, ex: uso de
arma química ou biológica.
 Crime de agressão (art. 8-B) – ataque contra um Estado, é um crime
contra a paz, pois é proibido o uso de força nas relações
internacionais.

Você também pode gostar