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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA MM.

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VARA CÍVEL DA COMARCA DE NOVA FRIBURGO/RJ

10 Linhas

JOAQUIM MARANHÃO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do


RG nº xxx, e do CPF(MF) nº xxx, com endereço eletrônico, residente e domiciliado sito à
(ENDEREÇO COMPLETO), CEP: XXX, Nova Friburgo/RJ, na condição de 1º
demandante; ANTÔNIO MARANHÃO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do
RG nº xxx, e do CPF(MF) nº xxx, com endereço eletrônico, residente e domiciliado sito à
(ENDEREÇO COMPLETO), CEP: XXX, Nova Friburgo/RJ, na condição de 2º
demandante; e, MARTA MARANHÃO, nacionalidade, estado civil, profissão, portadora do
RG nº xxx, e do CPF(MF) nº xxx, com endereço eletrônico, residente e domiciliada sito à
(ENDEREÇO COMPLETO), CEP: XXX, Nova Friburgo/RJ, na condição de 3º
demandante vem, respeitosamente, perante V. Exa, através de seu advogado, ao final
subscrito (procuração em anexo), com escritório de advocacia (ENDEREÇO COMPLETO),
onde recebe intimações e notificações, sob pena de nulidade, para efeito do artigo 105, 106,
I e 77, V, do Código de Processo Civil, e, com fulcro nos termos do artigo 496 do Código
Civil Brasileiro, ajuizar,

AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO

pelo procedimento comum, em face de MANOEL MARANHÃO, nacionalidade, estado


civil, profissão, portador do RG nº xxx, e do CPF(MF) nº xxx, com endereço eletrônico,
residente e domiciliado sito à (ENDEREÇO COMPLETO), CEP: XXX, Nova Friburgo/RJ,
na condição de 1º demandado; FLORINDA MARANHÃO, nacionalidade, estado civil,
profissão, portadora do RG nº xxx, e do CPF(MF) nº xxx, com endereço eletrônico, residente
e domiciliada sito à (ENDEREÇO COMPLETO), CEP: XXX, Nova Friburgo/RJ, na
condição de 2º demandada; e, RICARDO MARANHÃO, nacionalidade, estado civil,
profissão, portador do RG nº xxx, e do CPF(MF) nº xxx, com endereço eletrônico, residente
e domiciliado sito à (ENDEREÇO COMPLETO), CEP: XXX, Nova Friburgo/RJ, na
condição de 3º demandado com base nas razões de fato e de direito a seguir expostas.

3. DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO
O atual Código de Processo Civil, em seu art. 319, estabeleceu como requisito
da petição inicial, a opção em favor dos demandantes de solicitar a realização de uma
audiência de mediação. Isto posto, na busca da satisfação do seu direito e no intuito de
alcançar uma solução pacifica, em que pese o caráter litigioso da demanda, os demandantes,
vem, com o devido acatamento requerer à V. Exa, que designe audiência de mediação,
fixando dia, hora e local e, intimando às partes para comparecem a fim de tentarem uma
autocomposição.

4. DOS FATOS

O primeiro e segundo demandados celebraram negócio jurídico de compra de


venda de bem imóvel em favor do terceiro demandado.
O objeto do referido negócio jurídico é um sítio situado na rua Bromelia, nº
138, bairro Centro, no município de Petrópolis/RJ, que fora negociado pelo preço certo e
ajustado de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), através de Escritura Pública de Compra e
Venda lavrada no dia 20 de setembro de 2015, no Cartório do 4º Ofício da comarca de Nova
Friburgo e, devidamente registrado no Cartório de Registro de Imóveis daquela comarca.
Mister se faz ressaltar que o valor de mercado do imóvel, à época da realização
do Negócio Jurídico, era de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais), tendo sido este
alienado por valor equivalente a tão somente 57,14% do valor de mercado.
O cerne da demanda está no fato de o terceiro demandado, alienatário na
relação jurídica ora celebrada, ser neto dos alienantes, demais demandados no presente litígio
e, o ato ter sido firmado sem o consentimento dos demandantes.
Insta, ainda, observar que os demandantes são filhos e, consequentemente,
herdeiros diretos dos alienantes.
Isto posto e como será demonstrado a seguir, a ausência de manifestação dos
demandantes no negócio jurídico celebrado entre os demandados justifica a busca da
prestação jurisdicional.

5. DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

Excelência, como se observa, os demandantes buscam a anulação do negócio


jurídico de compra e venda de bem imóvel celebrado entre os demandados.
Os negócios jurídicos para que produzam efeitos no ordenamento jurídico
pátrio devem obedecer a pressupostos de existência, validade e eficácia.
Como bem denotam os professores Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona
Filho no livro Manual de Direito Civil - Volume Único:

“Negócio jurídico é a declaração de vontade, emitida em


obediência aos seus pressupostos de existência, validade e eficácia,
com o propósito de produzir efeitos admitidos pelo ordenamento
jurídico
pretendidos pelo agente.”
(GAGLIANO, Pablo Stolze. Manual de direito civil; volume único,
2017).

Oportuno se toma dizer que o alienatário é neto dos alienantes, tratando-se,


portanto, de uma venda de ascendente à descendente.
É cediço que a venda entre ascendentes e descendentes somente é possível com
o consentimento dos demais herdeiros e do cônjuge do alienante.
Registre-se que os demandantes são filhos do primeiro e segundo demandados
e, por conseguinte, herdeiros diretos e legítimos destes, sendo indispensável, assim, sua
anuência para a legitimação do negócio jurídico.
Como a venda fora realizada sem a autorização expressa dos herdeiros, o
negócio jurídico celebrado entre os demandados é anulável, conforme determina o art. 496 do
Código Civil, in verbis:

Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os


outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente
houverem consentido.

O negócio celebrado fere um dos mandamentos de validade do negócio


jurídico, qual seja, forma prescrita ou defesa em lei, uma vez que, em se tratando de venda de
ascendente à descendente faz-se mister o consentimento expresso dos demais descendentes,
consentimento esse que não existiu.

A esse respeito afirma o artigo 104, III do Código Civil:


Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
(...)
III - forma prescrita ou não defesa em lei.

O negócio jurídico celebrado cumpriu os requisitos de existência, no entanto, o


fato de um negócio jurídico ser considerado existente não quer dizer que ele seja considerado
perfeito, ou seja, com aptidão legal para produzir efeitos. O não consentimento expresso dos
demandantes torna o negócio celebrado entre os demandados passível de anulação.

Na doutrina, sobreleva a lição de Carlos Roberto Gonçalves, que escreve no


livro Direito Civil Brasileiro – Parte Geral:

“(...) é também causa de anulabilidade a falta de assentimento de


outrem que a lei estabeleça como requisito de validade, como, por
exemplo, nos casos que um cônjuge só pode praticar com a
anuência do outro, ou que o ascendente depende do consentimento
do descendente.”
(GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro – Parte
Geral, 2017)

Outra questão relevante consiste no fato de o valor da venda do imóvel, objeto


do negócio jurídico, ser substancialmente menor que o valor de mercado do bem à época da
celebração do contrato, ficando nítida a intenção do primeiro e segundo demandados em
amparar o terceiro demandado, em detrimento dos demandantes.

Nesse sentido seguem os entendimentos jurisprudenciais:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO


ESPECIFICADO. AÇÃO PAULIANA. DOAÇÃO DE
ASCENDENTE PARA DESCENDENTE. FRAUDE CONTRA
CREDORES CARACTERIZADA. Demonstrada a pré-existência
da dívida quando da doação realizada ao seu filho em prejuízo a
credor, de forma a conduzir o devedor à insolvência. Fraude contra
credores configurada. Inteligência do art. 158 do CCB. Declarada a
nulidade das doações realizadas, com retorno, dos imóveis, ao
patrimônio do devedor. Sentença reformada. Redimensionados os
ônus sucumbenciais. DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO
RECURSO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70071790836,
Décima Oitava Câmara Cível. Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Marlene Marlei de Souza, Julgado em 29/02/2017) (TJ-RS – AC:
70071790836 RS, Relator: Marlene Marlei de Souza, Data de
Julgamento: 29/06/2017, Décima Oitava Câmara Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 05/07/2017)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO PAULIANA. FRAUDE CONTRA


CREDORES CARACTERIZADA. DOAÇÃO DE BEM IMÓVEL
REALIZADA PELA DEVEDORA A SEUS FILHOS. A ação
pauliana é adequada para buscar o decreto judicial de anulação de
doação de bem imóvel feita de mãe para filhos quando há dívida
pendente de pagamento e a devedora se desfaz do único bem de
que dispunha para garantir o débito. Em se tratando de
transferência de propriedade para descendente, descabe a alegação
de boa-fé do adquirente que, presumidamente, tinha conhecimento
das condições financeiro-econômicas e das posses da genitora.
PRELIMINARES REJEITADAS. APELAÇÃO DESPROVIDA.
(Apelação Cível Nº 70074725466, Décima Sexta Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ana Maria Nedel Scalzilli,
julgado em 22/03/2018) (TJ-RS – AC: 70074725466 RS, Relator:
Ana Maria Nedel Scalzilli, Data de Julgamento: 22/03/2018,
Décima Sexta Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça
do dia29/03/2018).

À luz das informações contidas Excelência, é inequívoco que houve vício no


negócio jurídico e que este deve ser anulado, retornando ao status quo ante do demandado,
tendo em vista restar configurado o elemento objetivo da fraude contra credores (eventos
damni) correspondente a insolvência do devedor e no tange ao elemento subjetivo (consilium
fraudis) este ser dispensado, considerando-se a presunção da má-fé.
6. DO PEDIDO

EX POSITIS, o demandante, vem, com o devido acatamento, perante, V.Exa,


REQUERER:

a) Designação de Audiência de mediação, devendo ser designado dia e hora para


comparecimento das partes, que devem ser intimadas do feito;
b) A citação dos demandados, para que lhes sejam oportunizadas a apresentação de resposta
dentro do prazo legal, sob pena de revelia, conforme art. 344 do NCPC/2015;
c) Que seja julgada procedente a presente a demanda, declarando a anulação do negócio
jurídico e determinando o retorno do patrimônio a primeiro e segundo demandados, na forma
da fundamentação;
c) A condenação dos demandados ao pagamento das custas judiciais e honorários
advocatícios, nos moldes do art. 546 do NCPC/2015.

7. DAS PROVAS

Protesta-se provar o alegado, por todos os meios em direito admitidos,


inclusive
prova documental, testemunhal e pericial, esta se for o caso, além do depoimento pessoal dos
demandados.

8. DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Macaé/RJ, (Dia), (Mês) de (Ano).

ADVOGADO
OAB/UF

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