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Queixa Conselho Superir da Magistratura

TRIBUNAL JUDICIAL DE CASTELO BRANCO

Proc.º n.º 383/99.3 PBCTB-3º Juízo

QUEIXA CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA

Contra o Autor da Sentença

António Gabriel baptista dos Santos


Queixa Conselho Superir da Magistratura

QUEIXA AO CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA

Identificação: Joaquim Emílio São Pedro

Magistrado visado: Autor da Sentença - António Gabriel baptista dos Santos


Proc.º n.º 383/99.3 PBCTB-3º Juízo Tribunal Judicial de Castelo Branco

Sobre a exposição apresentada ao CSM, foi emitido o seguinte parecer:

...«A presente exposição é, unica e exclusivamente a manifestação do concreto desacordo sobre o conteúdo e
conclusão de uma decisão judicial. Não cabe ao CSM a sua apreciação, mas apena às instâncias. Assim, atenta a
incompetências do CSM arquive-se, após notificação do exponente (19.09.08)»...

(Texto do Documento)

Meritíssimo Juiz Presidente

do Conselho Superior da Magistratura

Excelência,

Na qualidade de demandante no Proc.º n.º 383/99.3 PBCTB-3º JUÍZO, do TRIBUNAL JUDICIAL DE CASTELO BRANCO,
vem expor a V. Ex.ª a seguinte situação:

Em 07/07/1999, fui vítima de agressão por um cliente da empresa EDP, onde prestava serviço, a qual, segundo foi
apurado, permitiu tratar-se de um acidente de trabalho, dadas as circunstâncias em que ocorreu, no local e hora
de trabalho, nas instalações da EDP, Av. Nuno Álvares, n.º3 - Castelo Branco (doc. anexo).

Em consequência da agressão, fui hospitalizado de urgência no Hospital Amato Lusitano, com traumatismo da
pirâmide nasal e fractura dos ossos próprios do nariz, onde fui submetido a intervenção cirúrgica, seguida de
internamento por 15 dias, para tratamento psiquiátrico intensivo, na Clínica de Montes Claros em Coimbra.

A agressão foi noticiada no Jornal "Povo da Beira", edição de 1999-07-13 (doc anexo), que reproduz a acção
praticada pelo agressor, descrita por este ao jornalista, cito notícia,….«O Eng.º Tiago, depois de sair do gabinete
do engenheiro Candeias, no interior do imóvel da LTE, cruzou-se com o Eng. São Pedro, no hall da entrada,
poisou uma pasta e um telemóvel em cima da secretária do segurança, e iniciou, de imediato, uma sessão de
socos, massacrando de modo contundente, sistemático e impiedoso o nariz do engenheiro São Pedro. São
Pedro teve de recorrer aos serviços do Hospital Amato Lusitano, onde foi submetido, de urgência a uma
intervenção cirúrgica ao nariz», … fim de citação.

Na participação do sinistro, pela EDP, à Seguradora Mundial Confiança, (doc. anexo), pode ler-se,
cito,…«DESCRIÇÃO DO ACIDENTE: O sinistrado foi agredido, pelo Sr. Tiago Homem Sousa Pires, quando falava
no Hall de Entrada do 1.º andar do edifício na Av.ª Nuno Álvares, n.º 3, com o Sr. Eduardo Trindade
Eusébio»», … fim de citação.

No formulário do SINISTRO, a artigos 38 e 39 (doc. anexo), pode ler-se, cito ...«38. Indique o objecto próximo
que conduziu à lesão que provocou o acidente: Mão do agressor 39. Descreva a tarefa que o sinistrado
executava no momento do acidente: Atendia um cliente», … fim de citação.

Dado tratar-se de um acidente de trabalho, constitui obrigação da Empresa, proceder a um inquérito nos termos
da lei, Regulamento de segurança higiene e saúde no trabalho e do ACT (ANEXO IV - Cláusula 90.º - CAPITULO I -
Disposições gerais - Artigo 1.º h).

Nos termos referidos, a Empresa deveria ter promovido o inquérito ao acidente de trabalho, a que está obrigada
por lei, para averiguar das condições em que o mesmo ocorreu, nomeadamente, da falta do “Segurança”, que
estava ausente do local onde se deu o acidente e não restringir a sua actuação apenas à participação do sinistro à
Seguradora.
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De referir que a Empresa em vez de proceder ao inquérito ao acidente de trabalho preferiu remeter-se á
instauração de um inquérito disciplinar, com intuitos intimidatórios, do qual se concluiu não ter havido qualquer
violação dos meus deveres, consignados no Acordo de Empresa, pelo que o mesmo foi arquivado por falta de
indícios que permitissem o apuramento de responsabilidade disciplinar.

Pelo acima exposto, da descrição do acidente e formulário do sinistro, poderá constatar-se que fui vítima de
agressão e não o autor da agressão (do crime).

Nestas condições, descartando a hipótese de erro de julgamento, ao ser considerado o autor da agressão
(agressor), e não a vítima, só se pode concluir que autor da sentença tenha desvirtuado os factos ocorridos, no
julgamento, agindo com dolo.

Por esse facto, desde a data do referido acidente por agressão, e em resultado da sentença dolosa, teve como
consequência o agravamento do meu estado depressivo que evoluiu para crónico (distimia), sujeito a medicação
sem quaisquer melhorias clínicas, até á presente data, decorridos que são 10 anos sobre a data do acidente.

Mas, como se poderá constatar, a realidade dos factos ocorridos é, porém, bem diferente daquela que constitui os
factos apurados e descritos, pela análise ao RELATÓRIO-SENTENÇA (doc. anexo), cujos artigos passo a citar e a
comentar seguidamente:

1. RELATÓRIO-SENTENÇA

1.1. Cita-se …«Na sequência de despacho de pronúncia proferido nos autos, foi ordenada a remessa dos autos
a julgamento, em processo comum, com intervenção do tribunal singular, de Tiago Homem de Sousa Pires,
casado, engenheiro agrónomo, nascido a 26 de Fevereiro de 1956, natural de São Sebastião da Pedreira,
Lisboa, filho de José Pedro Carneiro de Castro Norton e Sousa Pires e de Maria Rita Fernandes Homem
Rodrigues de Sousa Pires, residente na Herdade de Joanafaz, Idanha-a-Nova;
Porquanto, indiciam suficientemente os autos que é imputável ao arguido a prática, em autoria material, de 1
(um) crime de ofensa à integridade física simples, previsto e punível pelo art° 143°, n.º 1 Código Penal,
conforme douto despacho de pronúncia de fls. 172 e ss., o qual se dá por inteiramente reproduzido» … fim de
citação.
....................
2. FUNDAMENTAÇÃO DE FACTO - RELATÓRIO SENTENÇA

2.1. Cita-se …«Na audiência de discussão e julgamento provou-se que:

2.1.1. No dia 7 de Julho de 1999, pelas 17 horas, nas instalações da EDP, na Avenida Nuno Álvares, em
Castelo Branco, após (a testemunha) agarrar ambos os braços do queixoso, colocando-se à sua frente e de
costas para o arguido, este deu-lhe vários abanões, desferiu um murro na vista direita deste, o que lhe
provocou a quebra dos óculos que usava»… fim de citação.

A minha versão (que é a da pronuncia), “o arguido, após agarrar em ambos os meus braços, deu-me vários
abanões, desferiu-me um murro na vista direita, o que me provocou a quebra dos óculos que usava. Após, e não
obstante tentativas de o impedir de continuar, desferiu ainda vários murros na face”.

A versão do arguido: "ficou provado por confissão do arguido de que ele me desferiu murros e estaladas, e não
apenas um murro na vista direita".

Versão da sentença: "o arguido deu vários abanões ao queixoso e desferiu-lhe um murro na vista direita o que lhe
provocou a quebra dos óculos que utilizava";

2.1.2. Cita-se …«O Eduardo Eusébio agarrou ambos os braços do queixoso por este ter iniciado uma agressão
contra o arguido, nomeadamente, agarrando-o com violência e agredindo-o de forma não concretamente
apurada, mas tendo sido tais agressões de molde a arranhar a cara e a rasgar a camisa do arguido» … fim de
citação.

Da audiência de discussão e julgamento não se provou e, por esse facto, é falso que «o Eduardo Eusébio me
tenha agarrado ambos os braços, por eu ter iniciado uma agressão contra o arguido, nomeadamente,
agarrando-o com violência e agredindo-o de forma não concretamente apurada, mas tendo sido tais
agressões de molde a arranhar a cara e a rasgar a camisa do arguido».
Considera-se uma conclusão, sem apoio em qualquer prova, o afirmado no Relatório-Sentença. Na verdade, é
errada a apreciação da prova na sentença, e não foi provado que:
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Eu tenha tido a iniciativa de agressão ou sequer haja agredido o arguido agarrando-o com violência e agredindo-o
de forma não concretamente apurada; Nenhuma prova aí se fez! Isso di-lo, apenas, o arguido e o autor da
sentença transcreve!
O agressor, esse sim, (conforme despacho de acusação do M.º P.º), é que me agarrou e agrediu de forma violenta,
provocando-me, nomeadamente, equimose palpebral superior e inferior, escoriação no punho esquerdo, medindo
cerca de 2 cm de comprimento e traumatismo da pirâmide nasal com fractura dos ossos próprios do nariz, as quais
me causaram um período de 21 dias de doença, com incapacidade para o trabalho e internamento por 15 dias na
Clínica de Montes Claros, em Coimbra, sujeito a medicação que me causou necessariamente absoluta sonolência e
imobilidade acarretando mais elevados e continuados incómodos, aborrecimentos, mal-estar e danos morais que
ainda hoje perduram.
De facto, conforme consta do Despacho de Pronúncia, da inquirição de várias testemunhas e acareação entre mim e
o arguido, nenhuma destas testemunhas, viram as agressões, mas várias afirmam ter acorrido ao local onde tudo se
passou quando se aperceberam do barulho anormal e me viram a sangrar na face da cara – Miguel Santos, fls. 135;
Elizabete Amaro, fls. 150; António Mendes, fls. 151.Mais ainda: fui eu quem recebeu assistência/médica em
momento seguido ao episódio dos autos (ver fls. 10 a 15 dos autos). Quanto aos arranhões, nenhuma prova se fez da
sua existência, porque eles nem sequer existiram, não há notícia de que o arguido tenha tido necessidade de
qualquer assistência médica.

2.1.3. Cita-se …«Os abanões e murro desferidos pelo arguido contra o queixoso foram-no pelo facto deste, nas
mesmas circunstâncias de tempo e lugar, ao ver o arguido a entrar naquele local, a ele se ter dirigido para o
agredir. Na sequência da agressão perpetrada pelo queixoso, veio o arguido a sofrer vários arranhões e a ficar
com a camisa rasgada. Tais factos sucederam a iniciativa do queixoso, o qual iniciou a agressão, e enquanto
este agredia o arguido proferia insultos como "Cabrão!" e "Filho da Puta!", sendo certo que o queixoso é muito
mais alto e corpulento que o arguido» … fim de citação.

A dinâmica dos factos (segundo depoimento da testemunha Eusébio) é exactamente contrária àquela que se deu
como provada, ou seja, não fui eu que tive a iniciativa da agressão (não foi mesmo provado que tivesse agredido),
que tivesse insultado o arguido ou que tivesse provocado a fuga do arguido. De facto, o depoimento da
testemunha Eusébio, permite concluir:
Que é o arguido quem aparece, que é o arguido que me dirige palavras ofensivas, repetidas e em voz alta, que é o
arguido que assim se dirige, por tal forma que a testemunha Eusébio logo percebeu que o arguido me ia agredir
que, por isso, logo se interpôs entre ambos na tentativa de evitar a agressão; que foi tudo tão rápido que o
Eusébio viu o arguido desferir-me um murro na vista direita e os óculos caírem ao chão, e que não me viu
arranhar ou rasgar a camisa ao arguido.
Também não foi provado e, por esse facto, é falso que eu tenha insultado o arguido designadamente, com as
expressões "cabrão" e "filho da puta", isso di-lo apenas o arguido. Nenhuma prova aí se fez!

2.1.4. Cita-se …«Na verdade, o arguido e o queixoso andavam já desavindos, sendo certo que, na noite da
véspera dos factos, este havia telefonado àquele tentando que lhe fosse paga uma dívida antiga, tendo a
conversa terminado em violenta discussão, na qual o queixoso ameaçou e insultou o arguido» … fim de citação.

Considera-se uma conclusão, sem apoio em qualquer prova e, por esse facto, é falso o afirmado no Relatório-
Sentença. De facto, das minhas declarações e do arguido, apenas se pode concluir - no que ambos estivemos de
acordo – que existiu na véspera dos factos um telefonema entre ambos não podendo, de forma alguma, concluir-
se que houve, então, entre nós, violenta discussão e que eu tivesse ameaçado ou insultado o arguido. Nenhuma
prova aí se fez! Isso di-lo apenas o arguido.

2.1.5. Cita-se …«Em consequência dos factos descritos de 2.1.1. a 2.1.3., o queixoso sofreu equimose
palpebral superior e inferior, escoriação do punho esquerdo, medindo cerca de 2 cm de comprimento, e
traumatismo da pirâmide nasal com fractura dos ossos próprios do nariz, as quais lhe causaram um período de
21 dias de doença, com incapacidade para o trabalho»… fim de citação.

Comparando a gravidade das lesões provocadas, pode observar-se como o autor da sentença refere os factos
relacionados com a agressão: o autor da sentença considera, cito... “O arguido foi agredido de forma violenta”;
quanto ao traumatismo da pirâmide nasal com fractura dos ossos próprios do nariz, provocados pelo arguido ao
queixoso, (e que constam do despacho de acusação do M.º P.º), não constituem forma violenta. Mais, nem sequer
constituem crime, pelo facto de não terem sido utilizados meios violentos.
Quanto aos arranhões sofridos pelo arguido, (que nem sequer existiram, não constam sequer do despacho de
acusação do M.º P.º e não foram provados), do debate Instrutório e Despacho de Pronúncia de Inquirição das
testemunhas e acareação entre o queixoso e o arguido pode ler-se, cito … «No decurso da instrução procedeu-se à
inquirição de várias testemunhas e á acareação entre o arguido e o Eng. São Pedro. Nenhuma outra testemunha viu
as agressões, mas várias afirmam ter acorrido ao local onde tudo se passou quando se aperceberam do barulho
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anormal e viram o Eng.º São Pedro a sangrar na face da cara – Miguel Santos, fls. 135; Elizabete Amaro, fls. 150;
António Mendes, fls. 151.
Mais ainda: foi o Eng. São Pedro quem recebeu assistência/médica em momento seguido ao episódio dos autos (ver
fls. 10 a 15 dos autos). No entanto, não há notícia de que o arguido tenha tido necessidade de qualquer assistência
médica» …fim de citação.

2.1.6. Cita-se …«O arguido, ao agir como agiu, quis apenas defender-se da agressão que o queixoso iniciou,
tanto mais que foi este queixoso quem iniciou, de forma violenta, a agressão ao arguido; havia-o
anteriormente ameaçado e insultado; e é muito mais alto e corpulento que o arguido» … fim de citação.

A conclusão, do citado no Relatório-Sentença, não tem apoio em qualquer prova e, por esse facto, é falsa; de
facto, não fui eu que iniciei a agressão, não foi mesmo provado que tivesse agredido, ameaçado e insultado o
arguido ou que tivesse provocado a fuga do arguido. Isso di-lo apenas o arguido.
Face ao depoimento da testemunha, como se há-de crer na versão do arguido? Por quanto tempo, eu e o arguido,
nos teriamos envolvido na presença da testemunha? Por quanto tempo afinal, empurrei de um para outro lado e
dirigi expressões ao arguido e acabei por o arranhar na cara antes que o arguido acabasse por ficar como que cego
e depois, como ele diz ". sei que desferi murros, umas estaladas, não sei bem, exactamente o que aconteceu”. E
porque não crer, então, na minha versão pelo menos muito mais próxima do depoimento da testemunha Eusébio?

2.1.11. Cita-se …«O demandante padecia então de uma depressão crónica (distimia) de que ainda não se
encontra curado, e que se expressa em tristeza, pessimismo, desânimo, anorexia, irritabilidade, insónia»…
fim de citação.

2.1.12. Cita-se …«A doença referida em 2.1.11. exponenciou a atitude agressiva do demandante contra o
demandado, no momento da prática dos factos.

Não foi provado e, por esse facto é falso que, passo a citar,.... « a doença referida em 2.1.11 tenha exponenciado
a minha atitude agressiva contra o demandado (agredido), no momento da prática dos factos». Nenhum dos
médicos intervenientes no processo o evidenciou durante a audiência de discussão e julgamento. Considera-se
uma mera conclusão, sem apoio em qualquer prova, o afirmado no Relatório-Sentença. O que se transcreve não
passa de uma mera convicção do autor da sentença.

2.3. d) Cita-se …«Os Senhores Médicos que, por qualquer forma, prestaram declarações foram claros e isentos,
tendo referido que a situação clínica do queixoso poderia ter sido exponenciada pelos factos ocorridos a 7 de
Julho de 1999, havendo unanimidade quanto a este aspecto» … fim de citação.

Como se pode observar, em 2.1.12. diz, … « A doença referida em 2.1.11. exponenciou a atitude agressiva do
demandante contra o demandado, no momento da prática dos factos»; em 2.3.d) contradiz, … «a situação clínica
do queixoso poderia ter sido exponenciada pelos factos ocorridos a 7 de Julho de 1999».

2.1.13. Cita-se …«O demandante teve de sujeitar-se a um internamento de cerca de 15 dias na Clínica de
Montes Claros, em Coimbra, sujeito a medicação que lhe causou necessariamente absoluta sonolência e
imobilidade o que lhe acarretou mais elevados e continuados incómodos, aborrecimentos e mal estar, danos
morais que ainda hoje perduram» … fim de citação.

2.1.15. Cita-se …«O demandado (agressor) foi alvo de uma agressão por parte do demandante (queixoso), na
sequência de provocações anteriores efectuadas telefónica e presencialmente por este» … fim de citação.

Da audiência de discussão e julgamento, mais uma vez, se constitui errada apreciação da prova na sentença e
também não foi provado e, por esse facto, é falso que « na véspera dos factos tenha havido violenta discussão
entre eu e o arguido, e que eu tenha insultado, ameaçado ou insultado este».
Considera-se uma conclusão, sem apoio em qualquer prova, o afirmado no Relatório-Sentença. Isso di-lo, apenas,
o arguido, e o autor da sentença transcreve!
Da audiência de discussão e julgamento, também não foi provado e, por esse facto, é falso que, passo a citar,…«o
queixoso tenha insultado o arguido, designadamente, com as expressões "cabrão" e "filho da puta" e que na
véspera dos factos tenha havido violenta discussão entre o queixoso e o arguido e que o mesmo o tenha insultado,
ameaçado ou insultado»… fim de citação.
Considera-se uma conclusão, sem apoio em qualquer prova, o afirmado no Relatório-Sentença. Isso di-lo, apenas,
o arguido, e o autor da sentença transcreve!.
Queixa Conselho Superir da Magistratura
2.1.3. Cita-se …«Os abanões e murro desferidos pelo arguido contra o queixoso foram-no pelo facto deste, nas
mesmas circunstâncias de tempo e lugar, ao ver o arguido a entrar naquele local, a ele se ter dirigido para o
agredir»… fim de citação.

Ora, como se pode entender o afirmado, se eu estava no local, onde se deu o acidente, a falar com o cliente, (a
testemunha), e é o agressor que vem, que se dirige a mim e me agride? ...

Mas vejamos a este propósito o depoimento (falso) do arguido, conforme relato de audiência, cita-se:
... «O que foi alegado não corresponde à verdade. De facto houve um confronto. Mas as razões e a forma não
coincidem com o que está dito. Basicamente, no acto em si, eu vinha de uma reunião...., da parte interior dos
escritórios e tinha estado, antes, a falar com o Sr . Eusébio (testemunha), quando chego ao átrio, deparo então
com .... (o queixoso)».e disse”: “o Sr. agora vai-me chamar os nomes que me chamou ontem à noite” e ele
começou-me aos empurrões: “seu bandido, seu não sei quê!”, e a empurrar-me para trás, a provocar-me e eu fui
empurrado para trás».
O Juiz – Tem que dizer os palavrões! Para sabermos se é grave, se não é grave!
Arguido – Eu posso dizer: “Sacana, cabrão, filho da puta”, coisas desse género...
Juiz – Mais alguma coisa? É que se não fico na convicção de que o queixoso poderia ter-se dirigido a si: “Oh meu
amigo, dê cá um abraço!” temos que saber da gravidade...
Arguido – Não, não, foi assim: “seu sacana, seu filho da puta, meu cabrão, levas já aqui!”
Juiz – E mais?
Arguido – Basicamente foi isto. Começou-me a empurrar, “levas já aqui, levas já aqui”, até que me encostei à
secretária da recepção; levava um telemóvel, voltei-me para trás, poisei, voltei-me para a frente e ele sempre na
mesma atitude provocatória e ameaçadora, perto de mim, perguntei: “levas onde?” E aí ele estendeu as mãos para
a frente e arranhou-me na cara e eu, na defesa, de facto, investi contra ele, porque ele não me largava e
continuava muito perto de mim, sempre ameaçadoramente a tentar agarrar-me, eu confesso, não sei bem o que
aconteceu, a certa altura, sei que me defendi e como se costuma dizer em língua corrente, “ceguei”, eu devo ter
cegado porque não me lembro exactamente, sei que desferi murros, umas estaladas, não sei bem exactamente, o
que aconteceu»… fim de citação.

Eis as declarações contraditórias do arguido em audiência de acareação, e de Julgamento, que passo a citar: …
«Na audiência de acareação, o arguido diz que vem, de mãos ocupadas, telemóvel e pasta e papéis, que
está junto a uma mesa, e que eu me dirijo para ele e que lhe esfarrapo a camisa». Pergunta-lhe o Dr. Juiz, e
o Sr. não faz nada ao Eng.º S. Pedro. - Dr. Juiz, olhe que o relatório médico, diz aqui coisas muito graves. O
arguido, cita-se .... «dei-lhe uma chapada». Ao que eu interpelo o Dr. Juiz, faça favor de concluir, Sr Dr. Juiz,
cita-se ..... «se é com uma chapada que se originam os danos físicos, descritos no relatório médico»,... fim
de citação.

Como se pode observar, em audiênia de julgamento o discurso foi outro, e o juiz aceitou. Razão teve a Sr.
Procuradora Adjunta, quando a contactei pessoalmente, pós julgamento, em me afirmar que tinha havido
corrupão no processo, e este é o ponto fulcral, porque é o inicio da deturpação de todo o processo.

2.1.17 (cont.) ... Quanto à personalidade desequilibrada que me é imputada pelo autor da sentença, na
FUNDAMENTAÇÃO DE FACTO – RELATÓRIO-SENTENÇA, cito ....«Já antes do incidente ocorrido com o demandado
(arguido) que o demandante (queixoso) havia demonstrado uma personalidade desequilibrada, dada a
conflitos pessoais e profissionais»,… fim de citação.

Mais uma vez o autor desequilibra a sentença, confundindo conflitos com personalidade, na medida em que é ele
que me atribui uma personalidade desequilibrada, e não a que resulta do confronto entre posições dos dois
médicos intervenientes no processo.

A deturpação dos factos pelo autor da sentença, cito:

…«de para além de não ter conseguido dar explicação para o facto do arguido também ter sofrido, ele próprio,
arranhões e ter ficado com a camisa rasgada, a sua versão dos acontecimentos é perfeitamente
incompaginável com as suas declarações: diz que foi agredido pelo arguido quando se dirigia a ele de braços
abertos para o abraçar (não podemos esquecer que tinha havido uma violenta discussão entre ambos há bem
pouco tempo, na qual o queixoso havia ameaçado e insultado o arguido), no entanto, foi impedido de o
abraçar pelo facto da testemunha Eduardo Trindade Eusébio o ter agarrado (a ele, ofendido)» … fim de
citação.

O autor da sentença foi de facto longe demais, em citações, os arranhões do arguido que não existiram (não há
notícia de que o arguido tenha tido necessidade de qualquer assistência médica, após o episódio) “quando se dirigia
a ele”, (quando eu estava imobilizado, a conversar com a testemunha), “o abraço”, (se eu apenas estendi os
braços, julgando que me vinha a cumprimentar), “que foi impedido de o abraçar” e outras citações….
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O acto de rasgar a camisa nas costas foi bem justificado, cito, …após a agressão pôs-se em fuga mas tive a
oportunidade de o apanhar pela camisa nas costas, entre duas meias portas de vidro, onde ele teve a sorte de se
libertar, rasgando ele próprio a camisa, porque ali é que ele ia prestar contas pelo acto que acabara de cometer.
O que é incompaginável são de facto as constantes deturpações da versão dos acontecimentos e dos factos da
sentença, para o que conviria lembrar ao autor da sentença o que está gravado e citado, e que consta da prova de
gravação, em audiência de discussão e julgamento, ao ser interpelado pela Sr.ª Dr.ª Procuradora Adjunta do M.º
P.º, cito: …«Lembra-se do dia e a hora em que isso aconteceu? Queixoso - Na EDP, no dia 7 de Julho; às 16
horas e 45 minutos de 1999, .... Cruzei-me ali com uma pessoa conhecida, estávamos a conversar, eu ia
para junto do meu chefe de departamento. Entretanto, chega este senhor que me agrediu, o Sr. ....... e eu,
que estava ali, não pensando que tal iria acontecer, a pessoa vem no corredor, vem ao meu encontro e eu,
julgando que ele me vinha a cumprimentar, abro os braços e a pessoa agarrou-me nos dois braços e deu-me
vários abanões. De seguida a esses abanões, eu apenas questionei: “mas o que há, mas o que há?” e nesse
preciso momento este Sr. (o agressor), dá-me um murro na vista direita e parte-me os óculos. De seguida dá
vários murros» … fim de citação.

Na verdade, não ficou provado e, por esse facto, é falso que:

Eu tenha tido a iniciativa de agressão ou sequer haja agredido o arguido agarrando-o com violência e agredindo-o
de forma não concretamente apurada, mas tendo sido tais agressões de molde a arranhar a cara e a rasgar a
camisa do arguido (parágrafo 2.1.2 da sentença); nenhuma prova aí se fez! Isso di-lo, apenas, o arguido.
Eu tenha insultado o arguido, designadamente, com as expressões "cabrão" e "filho da puta"; nenhuma prova aí se
fez! Isso di-lo, apenas, o arguido.
O mesmo não ficou provado que na véspera dos factos tenha havido violenta discussão entre mim e o arguido e
que eu tenha insultado, ameaçado ou insultado este; nenhuma prova aí se fez! Isso di-lo, apenas, o arguido.
Também nenhuma prova se fez quanto aos abanões que o arguido me teria feito. Crê-se sim, e isso ficou provado,
por confissão do arguido, que ele me teria desferido murros e estaladas e não apenas um murro na vista direita;
isso sim, é dito pelo arguido.

Em resumo: A sentença proferida não passou de uma mera convicção sem fundamento, do seu autor, baseada nas
declarações do arguido, com a deturpação dos factos ocorridos, absolvendo-o de um crime de ofensas à
integridade física pelo qual estava acusado.

NESTES TERMOS, em que considero que a actuação e conduta do juiz foi violadora das regras de natureza
ética e deontológica, a que o mesmo se encontra sujeito em funções, solicito a V. Exª se digne mandar
investigar e descobrir toda a verdade sobre a fundamentação de facto do RELATÓRIO-SENTENÇA.

Os meus respeitosos cumprimentos

O queixo

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