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410 Uma sentença e 12 falsidades - Agressor absolvido

UMA SENTENÇA
E 12 FALSIDADES

Da sentença a art.º 2.1.6, cita-se... «O arguido, ao agir como agiu, quis apenas defender-se da agressão que
o queixoso iniciou, tanto mais que foi este queixoso quem iniciou, de forma violenta, a agressão ao
arguido; havia-o anteriormente ameaçado e insultado; e é muito mais alto e corpulento que o arguido» …
fim de citação.
Em consequência da deturpação dos factos ocorridos na audiência de discussão e julgamento, resultou uma sentença
com 12 FALSIDADES, da qual: A vítima da agressão passou a ser o autor do crime “agressor”;
O autor da agressão passou a ser a vítima do crime “agredido”.
A realidade dos factos ocorridos é, porém, bem diferente daquela que constitui os factos apurados no julgamento,
como se poderá constatar.

1. RELATÓRIO-SENTENÇA

1.1. Cita-se …«Na sequência de despacho de pronúncia proferido nos autos, foi ordenada a
remessa dos autos a julgamento, em processo comum, com intervenção do tribunal
singular, de Tiago Homem de Sousa Pires, casado, engenheiro agrónomo, nascido a 26
de Fevereiro de 1956, natural de São Sebastião da Pedreira, Lisboa, filho de José Pedro
Carneiro de Castro Norton e Sousa Pires e de Maria Rita Fernandes Homem Rodrigues de
Sousa Pires, residente na Herdade de Joanafaz, Idanha-a-Nova;
Porquanto, indiciam suficientemente os autos que é imputável ao arguido a prática,
em autoria material, de 1 (um) crime de ofensa à integridade física simples, previsto e
punível pelo art° 143°, n.º 1 Código Penal, conforme douto despacho de pronúncia de
fls. 172 e ss., o qual se dá por inteiramente reproduzido» … fim de citação.
....................

2. FUNDAMENTAÇÃO DE FACTO - RELATÓRIO SENTENÇA

2.1. Cita-se …«Na audiência de discussão e julgamento provou-se que:

2.1.1. No dia 7 de Julho de 1999, pelas 17 horas, nas instalações da EDP, na Avenida Nuno
Álvares, em Castelo Branco, após (a testemunha) agarrar ambos os braços do queixoso,
colocando-se à sua frente e de costas para o arguido, este deu-lhe vários abanões,
desferiu um murro na vista direita deste, o que lhe provocou a quebra dos óculos que
usava»… fim de citação.

Comentários:

Versão do queixoso, (que é a da pronúncia):“o arguido, após agarrar ambos os braços de Joaquim
Emílio São Pedro, dando vários abanões, desferiu um murro na vista direita deste, o que lhe provocou a
quebra dos óculos que usava. Após, e não obstante tentativas de o impedir de continuar, desferiu,
ainda, vários murros na face do mesmo Joaquim Emílio São Pedro”.

Versão do Arguido: " ficou provado por confissão do arguido de que ele desferiu murros e estaladas no
ofendido que não apenas um murro na vista direita".

Versão da sentença: "o arguido deu vários abanões ao queixoso e desferiu-lhe um murro na vista
direita o que lhe provocou a quebra dos óculos que utilizava";

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410 Uma sentença e 12 falsidades - Agressor absolvido

1.ª FALSIDADE
Cita-se …«O Eduardo Eusébio agarrou ambos os braços do queixoso por este ter iniciado
uma agressão contra o arguido, nomeadamente, agarrando-o com violência e agredindo-
2.1.2.
o de forma não concretamente apurada, mas tendo sido tais agressões de molde a
arranhar a cara e a rasgar a camisa do arguido» … fim de citação.
Comentários:

Da audiência de discussão e julgamento não se provou que «o Eduardo Eusébio tenha agarrado ambos os
braços do queixoso, por este ter iniciado uma agressão contra o arguido, nomeadamente, agarrando-o com
violência e agredindo-o de forma não concretamente apurada, mas tendo sido tais agressões de molde a
arranhar a cara e a rasgar a camisa do arguido».

Considera-se uma conclusão, sem apoio em qualquer prova, o afirmado no Relatório-Sentença.

Na verdade, é errada a apreciação da prova na sentença, e não foi provado que:

O queixoso, tenha tido a iniciativa de agressão ou sequer haja agredido o arguido agarrando-o com
violência e agredindo-o de forma não concretamente apurada; Nenhuma prova aí se fez! Isso di-lo,
apenas, o arguido e o autor da sentença transcreve!

O agressor, esse sim, (conforme despacho de acusação do M.º P.º), é que agarrou e agrediu de forma
violenta o queixoso, provocando-lhe, nomeadamente, equimose palpebral superior e inferior, escoriação
no punho esquerdo, medindo cerca de 2 cm de comprimento e traumatismo da pirâmide nasal com
fractura dos ossos próprios do nariz, as quais lhe causaram um período de 21 dias de doença, com
incapacidade para o trabalho e internamento de cerca de 15 dias na Clínica de Montes Claros, em
Coimbra, sujeito a medicação que causou necessariamente absoluta sonolência e imobilidade acarretando
mais elevados e continuados incómodos, aborrecimentos, mal-estar e danos morais que ainda hoje
perduram. ...

2.ª FALSIDADE
Cita-se …«Os abanões e murro desferidos pelo arguido contra o queixoso foram-no pelo
facto deste, nas mesmas circunstâncias de tempo e lugar, ao ver o arguido a entrar
naquele local, a ele se ter dirigido para o agredir. Na sequência da agressão perpetrada pelo
2.1.3. queixoso, veio o arguido a sofrer vários arranhões e a ficar com a camisa rasgada. Tais
factos sucederam a iniciativa do queixoso, o qual iniciou a agressão, e enquanto este
agredia o arguido proferia insultos como "Cabrão!" e "Filho da Puta!", sendo certo que o
queixoso é muito mais alto e corpulento que o arguido» … fim de citação.

Comentário:

A dinâmica dos factos (ver depoimento da testemunha Eusébio) é exactamente contrária àquela que se deu
como provada, ou seja, não foi o queixoso que teve a iniciativa da agressão (não foi mesmo provado que
tivesse agredido) ou que tivesse insultado o arguido ou que tivesse provocado a fuga do arguido. De facto,
o depoimento da testemunha Eusébio, permite concluir:
que é o arguido quem aparece, que é o arguido que dirige palavras ofensivas, repetidas e em voz alta ao
queixoso que é o arguido que assim se dirige por tal forma ao queixoso que a testemunha Eusébio logo
percebeu que o arguido iria agredir o queixoso que, por isso, o Eusébio logo se interpôs entre ambos na
tentativa de evitar a agressão; que foi tudo tão rápido que o Eusébio viu o arguido desferir um murro na
vista direito do queixoso e os óculos caírem ao chão que não viu o queixoso arranhar ou rasgar a camisa ao
arguido.
Também não foi provado que o queixoso tenha insultado o arguido, designadamente, com as expressões
"cabrão" e "filho da puta", isso di-lo apenas o arguido.

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3.ª FALSIDADE
Cita-se …«Na verdade, o arguido e o queixoso andavam já desavindos, sendo certo que,
na noite da véspera dos factos, este havia telefonado àquele tentando que lhe fosse
2.1.4.
paga uma dívida antiga, tendo a conversa terminado em violenta discussão, na qual o
queixoso ameaçou e insultou o arguido» … fim de citação.
Comentários:

Considera-se uma conclusão, sem apoio em qualquer prova, o afirmado no Relatório-Sentença. De facto,
das declarações do arguido e do queixoso apenas se pode concluir - no que ambos estão de acordo – que
existiu na véspera dos factos um telefonema entre ambos não podendo, de forma alguma, concluir-se que
houve, então, entre eles, violenta discussão e que o queixoso tivesse ameaçado ou insultado o arguido.
Crê-se que nenhuma prova aí se fez! Isso di-lo apenas o arguido.

(cont.).....da FUNDAMENTAÇÃO DE FACTO - RELATÓRIO SENTENÇA


Cita-se …«Em consequência dos factos descritos de 2.1.1. a 2.1.3., o queixoso sofreu
equimose palpebral superior e inferior, escoriação do punho esquerdo, medindo cerca de
2.1.5. 2 cm de comprimento, e traumatismo da pirâmide nasal com fractura dos ossos próprios
do nariz, as quais lhe causaram um período de 21 dias de doença, com incapacidade
para o trabalho»… fim de citação.
Comentários:

Comparando a gravidade das lesões provocadas, pode observar-se como o autor da sentença refere os
factos relacionados com a agressão: quanto aos arranhões sofridos pelo arguido, (que nem sequer
existiram, não constam sequer do despacho de acusação do M.º P.º e não foram provados), o autor da
sentença considera, cito... “O arguido foi agredido de forma violenta”; quanto ao traumatismo da
pirâmide nasal com fractura dos ossos próprios do nariz, provocados pelo arguido ao queixoso, (e que
constam do despacho de acusação do M.º P.º), não constituem forma violenta. Mais, nem sequer
constituem crime, pelo facto de não terem sido utilizados meios violentos.

4.ª FALSIDADE
Cita-se …«O arguido, ao agir como agiu, quis apenas defender-se da agressão que o
queixoso iniciou, tanto mais que foi este queixoso quem iniciou, de forma violenta, a
2.1.6.
agressão ao arguido; havia-o anteriormente ameaçado e insultado; e é muito mais alto e
corpulento que o arguido» … fim de citação.

Comentários:

A conclusão, do citado no Relatório-Sentença, não tem apoio em qualquer prova. De facto, não foi o
queixoso que iniciou a agressão, não foi mesmo provado que tivesse agredido, ameaçado e insultado o
arguido ou que tivesse provocado a fuga do arguido. Isso di-lo apenas o arguido.
Face ao depoimento da testemunha (TT) como se há-de crer na versão do arguido? Por quanto tempo se
teriam, queixoso e arguido, envolvido entre si na presença da testemunha? Por quanto tempo o queixoso,
afinal, empurrou dum para outro lado e dirigiu expressões ao arguido e acabou por o arranhar na cara
antes que o arguido acabasse por ficar como que cego e depois, como ele diz ". sei que desferi murros,
umas estaladas, não sei bem, exactamente o que aconteceu”. E porque não crer, então, na versão do
queixoso pelo menos muito mais próxima do depoimento da testemunha Eusébio?

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5.ª FALSIDADE
2.1.11.Cita-se …«A doença referida em 2.1.11. exponenciou a atitude agressiva do demandante
contra o demandado, no momento da prática dos factos.
........................
Os Senhores Médicos que, por qualquer forma, prestaram declarações foram claros e
isentos, tendo referido que a situação clínica do queixoso poderia ter sido exponenciada
pelos factos ocorridos a 7 de Julho de 1999, havendo unanimidade quanto a este
aspecto» … fim de citação.
Comentários:

Passa a citar-se... «Não foi provado que a doença referida em 2.1.11 tenha exponenciado a atitude
agressiva do demandante (queixoso) contra o demandado (agredido), no momento da prática dos factos».
Nenhum dos médicos intervenientes no processo o evidenciou durante a audiência de discussão e
julgamento. Considera-se uma mera conclusão, sem apoio em qualquer prova, o afirmado no Relatório-
Sentença. O que se transcreve não passa de uma mera convicção do autor da sentença.

6.ª FALSIDADE
2.1.15. Cita-se …«O demandado (agressor) foi alvo de uma agressão por parte do demandante
(queixoso), na sequência de provocações anteriores efectuadas telefónica e
presencialmente por este» … fim de citação.

Comentários:

Da audiência de discussão e julgamento, mais uma vez, se constitui errada apreciação da prova na
sentença e também não foi provado que « na véspera dos factos tenha havido violenta discussão entre
este e o arguido e que o mesmo tenha insultado, ameaçado ou insultado este».
Considera-se uma conclusão, sem apoio em qualquer prova, o afirmado no Relatório-Sentença. Isso di-lo,
apenas, o arguido, e o autor da sentença transcreve!

7.ª FALSIDADE
Não foi provado

… Da audiência de discussão e julgamento, também não foi provado que, passa a citar-se
…« o queixoso tenha insultado o arguido, designadamente, com as expressões "cabrão" e
"filho da puta" e que na véspera dos factos tenha havido violenta discussão entre o
queixoso e o arguido e que o mesmo o tenha insultado, ameaçado ou insultado»… fim de
citação.

Comentários:

Considera-se uma conclusão, sem apoio em qualquer prova, o afirmado no Relatório-Sentença. Isso di-lo,
apenas, o arguido, e o autor da sentença transcreve!.

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8.ª FALSIDADE
Cita-se …« Os abanões e murro desferidos pelo arguido contra o queixoso foram-no pelo
2.1.3. facto deste, nas mesmas circunstâncias de tempo e lugar, ao ver o arguido a entrar
naquele local, a ele se ter dirigido para o agredir»… fim de citação.

Comentários:

Ora, como se pode entender o afirmado, se é o queixoso que estava no local, onde se deu o acidente, a
falar com o cliente, (a testemunha), e é o agressor que vem, que se dirige a ele e o agride? ...
.... fica assim demonstrada a deturpação pelo autor da sentença sobre a FUNDAMENTAÇÃO DE
FACTO - RELATÓRIO SENTENÇA

9.ª FALSIDADE
... Mas vejamos a este propósito o depoimento do arguido, conforme relato de audiência,
cita-se... «O que foi alegado não corresponde à verdade. De facto houve um confronto.
Mas as razões e a forma não coincidem com o que está dito. Basicamente, no acto em si,
eu vinha de uma reunião...., da parte interior dos escritórios e tinha estado, antes, a falar
com o Sr.....(testemunha), quando chego ao átrio, deparo então com .... (o queixoso)».e
O depoimento falso do arguido

disse”: “o Sr. agora vai-me chamar os nomes que me chamou ontem à noite” e ele
começou-me aos empurrões: “seu bandido, seu não sei quê!”, e a empurrar-me para
trás, a provocar-me e eu fui empurrado para trás».
O Juiz – Tem que dizer os palavrões! Para sabermos se é grave, se não é grave!
Arguido – Eu posso dizer: “Sacana, cabrão, filho da puta”, coisas desse género...
Juiz – Mais alguma coisa? É que se não fico na convicção de que o queixoso poderia ter-se
dirigido a si: “Oh meu amigo, dê cá um abraço!” temos que saber da gravidade...
Arguido – Não, não, foi assim: “seu sacana, seu filho da puta, meu cabrão, levas já aqui!”
Juiz – E mais?
Arguido – Basicamente foi isto. Começou-me a empurrar, “levas já aqui, levas já aqui”,
até que me encostei à secretária da recepção; levava um telemóvel, voltei-me para
trás, poisei, voltei-me para a frente e ele sempre na mesma atitude provocatória e
ameaçadora, perto de mim, perguntei: “levas onde?” E aí ele estendeu as mãos para a
frente e arranhou-me na cara e eu, na defesa, de facto, investi contra ele, porque ele
não me largava e continuava muito perto de mim, sempre ameaçadoramente a tentar
agarrar-me, eu confesso, não sei bem o que aconteceu, a certa altura, sei que me defendi
e como se costuma dizer em língua corrente, “ceguei”, eu devo ter cegado porque não me
lembro exactamente, sei que desferi murros, umas estaladas, não sei bem exactamente, o
que aconteceu»… fim de citação.

Comentários:

Eis as declarações contraditórias do arguido em audiência de julgamento e acareação, … cita-se: … «Na


audiência de acareação, o arguido diz que vem, de mãos ocupadas, telemóvel e pasta e papéis, que está
junto a uma mesa, e que eu me dirijo para ele e que lhe esfarrapo a camisa». Pergunta-lhe o Dr. Juiz, e o
Sr. não faz nada ao Eng.º S. Pedro. - Dr. Juiz, olhe que o relatório médico, diz aqui coisas muito graves. O
arguido, cita-se ....«dei-lhe uma chapada». Ao que S. Pedro interpela o Dr. Juiz, faça favor de concluir, Sr
Dr. Juiz, cita-se .....«se é com uma chapada que se originam os danos físicos, descritos no relatório
médico»,... fim de citação.

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10.ª FALSIDADE
(cont.) ... Quanto à personalidade desequilibrada que é imputada ao queixoso pelo
autor da sentença, na FUNDAMENTAÇÃO DE FACTO – RELATÓRIO-SENTENÇA,
2.1.17 cita-se ....«Já antes do incidente ocorrido com o demandado (arguido) que o
demandante (queixoso) havia demonstrado uma personalidade desequilibrada, dada
a conflitos pessoais e profissionais»,… fim de citação.

Comentários:

Mais uma vez o autor da sentença desequilibra a balança e confunde os conflitos com personalidade,
afirmando, cita-se .... « personalidade desequilibrada».

11.ª FALSIDADE
A deturpação dos factos pelo autor da sentença:
A deturpação dos factos e
o desequilíbrio da balança

Cita-se,.... «de para além de não ter conseguido dar explicação para o facto do
arguido também ter sofrido, ele próprio, arranhões e ter ficado com a camisa
rasgada, a sua versão dos acontecimentos é perfeitamente incompaginável com as
suas declarações: diz que foi agredido pelo arguido quando se dirigia a ele de braços
abertos para o abraçar (não podemos esquecer que tinha havido uma violenta
discussão entre ambos há bem pouco tempo, na qual o queixoso havia ameaçado e
insultado o arguido), no entanto, foi impedido de o abraçar pelo facto da
testemunha Eduardo Trindade Eusébio o ter agarrado (a ele, ofendido)» … fim de
citação.

Comentários:

O autor da sentença, foi de facto longe demais, em citações, “quando se dirigia a ele”, (quando o
queixoso estava imobilizado, a conversar com a testemunha), “o abraço”, (se o queixoso apenas
estendeu os braços, julgando que o agressor o vinha a cumprimentar), “que foi impedido de o
abraçar” e outras citações….

O que é incompaginável são de facto as constantes deturpações da versão dos acontecimentos e dos
factos da sentença, para o que conviria lembrar ao autor da sentença o que está gravado e citado, e
que consta da prova de gravação, em audiência de discussão e julgamento, ao ser interpelado pela Sr.ª
Dr.ª Procuradora Adjunta do M.º P.º,
cita-se …«Sr.ª Procuradora - Lembra-se do dia e a hora em que isso aconteceu?
Queixoso - Na EDP, no dia 7 de Julho; às 16,45m de 1999, .... Cruzei-me ali com uma pessoa conhecida,
estávamos a conversar, eu ia para junto do meu chefe de departamento. Entretanto, chega este senhor
que me agrediu, o Sr. ....... e eu, que estava ali, não pensando que tal iria acontecer, a pessoa vem no
corredor, vem ao meu encontro e eu, julgando que ele me vinha a cumprimentar, abro os braços e a
pessoa agarrou-me nos dois braços e deu-me vários abanões. De seguida a esses abanões, eu apenas
questionei: “mas o que há, mas o que há?” e nesse preciso momento este Sr. (o agressor), dá-me um
murro na vista direita e parte-me os óculos. De seguida dá vários murros» … fim de citação.

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12.ª FALSIDADE
Em resumo:

A sentença proferida não passou de uma mera convicção do autor da sentença, sem
fundamento, baseada nas declarações do arguido, com a deturpação dos factos
ocorridos, absolvendo-o de um crime de ofensas à integridade física pelo qual vinha
acusado.

De facto, na sentença fez-se errada apreciação da prova, quer quanto a factos


propriamente ditos, quer quanto à sua dinâmica, quer quanto ao seu móbil.
RESUMO

Na verdade, não ficou provado que:

- O queixoso tenha tido a iniciativa de agressão ou sequer haja agredido o arguido agarrando-o
com violência e agredindo-o de forma não concretamente apurada, mas tendo sido tais
agressões de molde a arranhar a cara e a rasgar a camisa do arguido (parágrafo 2.1.2 da
sentença); nenhuma prova aí se fez! Isso di-lo, apenas, o arguido.

- O queixoso tenha insultado o arguido, designadamente, com as expressões "cabrão" e "filho da


puta"; nenhuma prova aí se fez! Isso di-lo, apenas, o arguido.

- O mesmo não ficou provado que na véspera dos factos tenha havido violenta discussão entre o
queixoso e o arguido e que o mesmo tenha insultado, ameaçado ou insultado este; nenhuma
prova aí se fez! Isso di-lo, apenas, o arguido.

- Também nenhuma prova se fez quanto aos abanões que o arguido teria feito ao queixoso.
Crê-se sim, e isso ficou provado, por confissão do arguido, que ele teria desferido ao queixoso
murros e estaladas e não apenas um murro na vista direita; isso sim, é dito pelo arguido.

Nota final:

O juiz é condenado quando o criminoso é absolvido (Publilius Syrus)

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