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SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA Cópia: do acórdão proferido nos autos de Recurso

Crime n.0 76/15, em que é recorrente


xxxxxxxxxxxxxxxxxx e recorrido o Tribunal Judicial da
Comarca da Boa Vista.

Acórdão
Acordam em conferência, na Secção Criminal do Supremo Tribunal de justiça:
Mediante acusação do M. P. foi submetido a julgamento no Tribunal de Comarca da Boa
Vista, em processo comum ordinário xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, solteiro, pedreiro,
nascido em 28 de Março de 1972, natural da freguesia de Santiago Maior, Concelho de
Santa Cruz, actualmente preso, preventivamente, no Estabelecimento Prisional da mesma
Comarca, tendo sido condenado na pena de 11 (onze) anos de prisão pelo prática de um
crime de homicídio voluntário simples, p. e p. ao abrigo do disposto no artigo 1220, do C.
Penal e de 1 (um) ano de prisão pela prática de um crime de detenção de arma branca, p.
e p. ao abrigo do disposto no artigo 900, al.
d), da Lei n.0 31/VIII/2013, de 22 de Maio e, em cúmulo jurídico, na pena única de 11
(onze) anos de prisão.
Inconformado, recorreu o arguido que apresentou douta motivação que, por não ter
extraído conclusões, se transcreve na íntegra:
"l. O presente recurso é motivado pelo facto de o Arguido, ora recorrente, salvo o devido e merecido
respeito pela Douta sentença recorrida, discordar do conteúdo desta;
2. O Arguido vinha acusado de um crime de homicídio simples e um crime de detenção de arma
branca p.p. pelo ar. 0 122 0 do CP e pelo art. 0 90, al. D) da lei 31/VIII/2013 de 22 de Maio; 3. Em
relação à realidade factual do caso ficou assente, resumidamente, que o arguido encontrava-se em
casa, a dormir, quando o ofendido arrombou à porta de afirmando a viva voz que ia matar o
arguido, tendo este acordado em sobressalto e, quando viu o ofendido se dirigindo a ele, depois
da ameaça de morte, agarrou numa faca para se defender, tendo ambos se envolvido numa luta de
onde o ofendido saiu com um golpe de faca que viria a provocar lhe a morte;
4. O Meritíssimo Juiz, na douta sentença recorrida, considerou ser merecedora de maior crédito
o depoimento da testemunha José Manuel da Silva do que o depoimento do arguido;
5. A testemunha José Manuel da Silva diz, entre outras coisas, que quando entrou "n tchiga n
tadja" e que quando apartou a briga o arguido "tinha faca na mon " e que staba moco, ku calça li
riba cadera '
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6. Afirma ainda esta testemunha que não presenciou o momento da briga em que acontece o golpe
com a faca mas viu quando esta foi retirada do ofendido;
7. Disse ainda que o ofendido mesmo depois de ela testemunha ter apartado a briga, tentou partir
para cima do arguido, tendo este permanecido afastado;
8. Parece-nos que fica aqui claro que o arguido e o ofendido se envolveram numa briga; 9. Se a
dada altura dessa briga o ofendido ficou por cima do arguido, a testemunha José Manuel não sabe, uma
vez que diz que quando entrou encontrou-os de pé;
10. O arguido afirma que a faca perfurou o corpo do ofendido quando este estava por cima dele,
descrevendo a luta que os dois travaram;
11. Ficamos com uma situação factual em que o ofendido invade, arrombando a porta, a casa do
arguido, afirmando vivamente, tanto que se ouvia na rua, que ia matar este;
12. O arguido acorda atordoado tentando se defender, tendo, no meio da luta se apoderado
de uma faca;
13. Faca que atingiu o ofendido, em circunstâncias que só o arguido está em condições de nos
revelar e não a testemunha José Manuel, como aprópria admite;
14. Apenas as declarações destas duas testemunhas foram consideradas relevantes para a decisão
da causa;
15. Consideramos, salvo o devido e merecido respeito, que, com base no conteúdo destas duas
declarações, não se pode concluir que o arguido quis matar o ofendido, muito menos concluir que
houve dolo directo na sua conduta;
16. O arguido disse sempre não ter sido sua intenção matar a vítima e que o uso da faca foi para se
defender;
17. Alguém que estando em casa a dormir, se vê surpreendido por um indivíduo que arrombando
a porta de casa, invade esta afirmando que o vai matar dirigindo-se a ele, tem motivos mais que
suficientes para se tentar defender;
18. E, em princípio, a sua defesa será pouco pensada, para não dizer mesmo atabalhoada, dadas as
circunstâncias;
19. E se dessa defesa resulta ferimentos, que no caso concreto provocaram a morte do ofendido,
resulta manifestamente excessivo concluirmos que houve dolo directo, intenção de matar;

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20. Ainda mais quando não temos nenhum elemento de prova que nos permita concluir nesse
sentido;
21. Achamos estarem aqui reunidos os pressupostos para uma punição por homicídio

negligente;'

Requer a sua absolvição ou punição por crime de homicídio negligente, em pena não
privativa de liberdade.
Nesta Suprema Instância, o Exmo. Procurador-geral da República, Adjunto, teve vista no
processo e em douto parecer sustentou que o presente recurso não merece provimento,
pois que, o arguido cometeu um crime de homicídio voluntário, devendo porém, a pena
parcelar aplicada, por este crime, ser reduzida.
Mostra-se como segue, a matéria de facto dada como provada na decisão sob censura: "1.
No dia 02 de Fevereiro de 2014, por volta das 13:00 horas, o arguido encontrava-se
deitado no interior da sua residência;
2. Quando o malogrado Edmilson, mcp Chiduco, chegou ali e arrebentou a porta da residência do

arguido;
3. Nesse instante, encontrando-se já no interior da residência do arguido, o Chiduco disse àquele

"m ta matabu";
4. Ao que o arguido respondeu "n ta dau ku faca";
5. Com uma faca, medindo 27 em de cumprimento, sendo 12 de punho e 15 de lâmina o arguido
atingiu o falecido na região peitoral a nível do segundo espaço intercostal provocando-lhe ferida
incisa profunda perfurante, com cerca de 01 (um) cm de extensão e 09 (nove) em de profundidade;
6. Perdendo muito sangue, por causa da profundidade da ferida, o malogrado deu entrada na

Delegacia de Saúde, tendo acabado por falecer, cinco minutos depois, após ter entrado em shock
hipovolémico;
7. Logo, a testemunha Zezinho (José Manuel da Silva), que se encontrava a passar no local, entrou
na residência do arguido, tendo encontrado o arguido, que acabara de atingir o ofendido, com a
faca na mão;
8. No momento em que a testemunha Zezinho entrou na residência do arguido, o arguido retirava
a faca do corpo da vítima;

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20. Ainda mais quando não temos nenhum elemento de prova que nos permita concluir nesse
sentido;
21. Achamos estarem aqui reunidos os pressupostos para uma punição por homicídio
negligente;"
Requer a sua absolvição ou punição por crime de homicídio negligente, em pena não
privativa de liberdade.
Nesta Suprema Instância, o Exmo. Procurador-geral da República, Adjunto, teve vista no
processo e em douto parecer sustentou que o presente recurso não merece provimento,
pois que, o arguido cometeu um crime de homicídio voluntário, devendo porém, a pena
parcelar aplicada, por este crime, ser reduzida.
Mostra-se como segue, a matéria de facto dada como provada na decisão sob censura: "1.
No dia 02 de Fevereiro de 2014, por volta das 13:00 horas, O arguido encontrava-se
deitado no interior da sua residência;
2. Quando o malogrado Edmilson, mcp Chiduco, chegou ali e arrebentou a porta da
residência do arguido;
3. Nesse instante, encontrando-se já no interior da residência do arguido, o Chiduco disse
àquele "m ta matabu"
4. Ao que o arguido respondeu "n ta dau ku faca",
5. Com uma faca, medindo 27 em de cumprimento, sendo 12 de punho e 15 de lâmina o
arguido atingiu o falecido na região peitoral a nível do segundo espaço intercostal provocando-lhe
ferida incisa profunda perfurante, com cerca de 01 (um) cm de extensão e 09 (nove) em de
profundidade;
6. Perdendo muito sangue, por causa da profundidade da ferida, o malogrado deu entrada
na Delegacia de Saúde, tendo acabado por falecer, cinco minutos depois, após ter entrado em shock
hipovolémico,•
7. Logo, a testemunha Zezinho (José Manuel da Silva), que ao passar
no local. entrou na residência do arguido, tendo encontrado o arguido, que acabara de atingir o
ofendido, com a faca na mão;
8. No momento em que a testemunha Zezinho entrou na residência do arguido, o arguido
retirava a faca do corpo da vítima;
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O recorrente não põe em causa a existência do depoimento que fundamenta a convicção
do tribunal recorrido. O que questiona é a relevância que lhe foi conferida por este tribunal
e que, em sua opinião, é desajustada.
Nesta parte, cumpre, sem mais delongas referir que, atento ao princípio da livre convicção
da prova, previsto no artigo 1770 do C. Penal, o tribunal não está impedido de alicerçar a
sua convicção com base no depoimento de uma única testemunha, desde que, claro está,
merecedora de credibilidade.
Até aqui, nada a apontar.
Importa, pois, averiguar se tal depoimento foi suficiente para apoiar a decisão que se veio
a tomar ou se, pelo contrário, conforme alega o recorrente, na sua actuação se verificam
os pressupostos da legítima defesa previstos no artigo 360 do C. Penal.
Dispõe o artigo 360 do Penal: "Constitui legítima defesa o facto praticado como meio
necessário para afastar a agressão actual e ilícita de interesses juridicamente protegidos e
relevantes do agente ou de terceiro" Trata-se de uma causa de exclusão da ilicitude.
São seus requisitos: a) a existência de uma agressão a interesses do defendente ou de
terceiro, agressão essa que deve ser actual, no sentido de estar em desenvolvimento ou
iminente, e ilícita, no sentido geral de o seu autor não ter o direito de o fazer; não se exige
que ele actue com dolo, com culpa ou mesmo que seja imputável; e, por isso, é admissível
a legítima defesa contra actos praticados por inimputáveis ou por pessoas agindo com
erro; b) defesa circunscrevendo-se ao uso dos meios necessários para fazer cessar a
agressão paralisando a actuação do agressor; aqui se inclui, como requisitos da legítima
defesa, a impossibilidade de recorrer à força pública, por se tratar de um aspecto da
necessidade do meio, tratando-se, como se trata, de afloramento do princípio de que deve
ser a força pública a actuar, quando se encontra em posição de o poder fazer, sendo a força
privada subsidiária, e este requisito continua a ser exigido pela Constituição da República
Cabo-verdiana (artigo 190 in fine); c) animus deffendendi, ou seja, o intuito de defesa por
parte do defendente.
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Por isso, tem-se decidido que o juízo sobre a adequação do meio de defesa não pode
deixar de ter em consideração as circunstâncias concretas de cada caso: o bem ou
interesse agredidos, o tipo e a intensidade da agressão, a perigosidade do agressor e o seu
modo de actuar, a capacidade físico-atlética do agressor e do agredido, bem como os
meios de defesa disponíveis e as demais circunstâncias relevantes ocorrentes (Cfr. Taipa
de Carvalho, A Legítima Defesa (1995), 318 e H. Jescheck, ibidem, 308).
No fundo, trata-se de um juízo objectivo e extante, pelo que o julgador se terá de colocar
na posição que assumiria uma pessoa prudente perante as circunstâncias concretas
ocorrentes, sem esquecer que a exigência de utilização do meio menos gravoso para o
agressor não pode levar a fazer recair sobre o agredido riscos para a sua vida ou
integridade física, a significar que o defendente não está obrigado a recorrer a meios ou
medidas cuja eficácia para a sua defesa é duvidosa ou incerta.
A defesa só é legítima se surgir como indispensável para a salvaguarda de um interesse
jurídico do agredido ou de terceiro o meio menos gravoso para o agressor. A necessidade
da defesa tem de ajuizar-se segundo o conjunto de circunstâncias em que se verifica a
agressão e, em particular, na base da necessidade desta, da perigosidade do agressor e da
sua forma de actuar, bem como dos meios de que se dispõe para a defesa, e deve aferir-
se objectivamente, ou seja, segundo o exame das circunstâncias feito por um homem
médio colocado na situação do agredido.
Ora, compulsada a matéria de facto provada, necessário se torna concluir que existem
elementos que permitem configurar uma actuação de legítima defesa por parte do
arguido, ainda que com recurso ao princípio in dúbio pro reo.
E que tudo o que não tenha sido dado por provado, pode e deve ser valorado a favor do
arguido.
Senão, vejamos.
Foi dado por provado nos pontos 1 a 4 que "no dia 02 de Fevereiro de 2014, por volta das
13:00 horas, o arguido encontrava-se deitado no interior da sua residência; que o
malogrado Edmilson, mcp Chiduco, chegou ali e arrebentou a porta da residência do
arguido; que nesse instante, encontrando-se já no interior da residência do arguido, o
Chiduco disse àquele "m ta matabu"; ao que o arguido respondeu "n ta dau ku faca";
Factos presenciados pela testemunha Zézinho e que coincidem com a versão do arguido,
que, para além disso, refere que estava a dormir quando estes factos ocorreram.
Os seja, a vítima se adentrou pela porta do arguido, enquanto este dormia, ameaçando
matá-lo.
Refere o arguido ter acordado de "forma atabalhoada", com esta atitude da vítima. Que
começaram a lutar, cada um tentando apoderar-se de uma faca que se encontrava sobre a

mesa, acabando ele por se apossar da mesma.


Resulta, porém, que ninguém testemunhou os factos. Pelo que, atento ao princípio in
dúbio pro reo, com assento no n.0 3, do artigo 1 0 do C. P. Penal, impõe-se valorar a versão
apresentada pelo arguido, por ser a que lhe favorece, na falta de prova sobre o que,
efectivamente, terá ocorrido.
Face à matéria de facto apurada, é legítimo concluir que o arguido agiu em defesa e com
animus defendendi. A circunstância do arguido ter desferido um golpe de faca contra o
corpo da vítima não retira o selo de defesa à sua actuação. O que se pretende com a
legítima defesa é que o defendente neutralize a agressão que se lhe dirige. Portanto, não
está arredada a possibilidade de contra-ataque desde que tal seja necessário. Era legítimo,
e até expectável, que o arguido se defendesse perante alguém que entra na sua casa, de
forma tão violenta, como fez a vítima, ameaçando matá-lo.
Contudo, resta ainda averiguar se o arguido utilizou dos meios necessários para repelir a
agressão de que era alvo.
E a este respeito, importa referir que a análise do meio utilizado na defesa não se pode
fazer desligado das consequências que resultaram para o agressor. Não se trata, contudo,
de uma estreita ideia de proporcionalidade, mas antes da delimitação dos contornos da
acção de defesa.
Volvendo ao caso concreto, temos que o arguido, face a uma agressão eminente, atingiu
com uma faca a região peitoral do seu agressor, provocando-lhe ferida a nível do segundo
espaço intercostal.
No presente caso, era impossível o recurso à força pública. Fora de cogitação,
igualmente, está a possibilidade de fuga pelo arguido. Portanto, face ao
circunstancialismo em que a agressão ocorreu, tendo o arguido se apoderado de uma
faca, a qual se encontrava sobre a mesa, não se pode dizer que havia outro meio menos
gravoso além do uso da faca. Pois, a faca utilizada pelo arguido era um meio idóneo para
repelir a agressão de que era alvo. No entanto, como acima ficou consignado, o
preenchimento do requisito "meio necessário" não se pode quedar-se ou se ligar, única e
exclusivamente, ao instrumento (material) utilizado na defesa. Relevante, igualmente, é
a consideração das consequências que provieram do facto defensivo (a intensidade
lesiva). A esse respeito, como vimos, supra, temos que o arguido atingiu com uma faca
a região peitoral do seu agressor, provocando-lhe ferida incisa, profunda e perfurante a
nível do segundo espaço intercostal, com 9 cm de profundidade (vide relatório médico
de fls. 14, guia de tratamento de fls. 15 e fotografia de fls. 16).
Ao atingir com um golpe de faca a região peitoral da vítima dos autos, o arguido não

podia ignorar o risco sério de provocar a morte desta, visto ter atingido uma parte
sensível e vital do seu corpo.
Em síntese, o arguido agiu, nesta parte, com excesso de legítima defesa.
Concluindo-se que o arguido agiu com excesso de legítima defesa, cabe, agora, averiguar
qual é o reflexo desta constatação na censura jurídica da conduta daquele.
Dispõe o artigo 370 do C. Penal, sob a epígrafe "excesso de legítima defesa", que "não é
excluída a ilicitude do facto, se houver excesso dos meios utilizados pelo defendente,
mas a pena pode ser livremente atenuada, nos termos e com os limites referidos no n.0 2
do artigo 22Œ'.
Já o artigo 41 0 do C. Penal, cuidando do "excesso de legítima defesa não censurável",
postula que "age sem culpa quem se exceder nos meios empregados em legítima defesa,
em virtude de perturbação, medo ou susto não censuráveis"
Ora, o artigo 41 0 do C. Penal estabelece uma causa de exclusão da culpa.
No caso dos autos, temos que o arguido desferiu uma facada no peito da vítima que lhe
provocou a morte. No entanto, como acabamos de ver supra, o arguido agiu em legítima
defesa, própria, ainda que com excesso. E facto provado que a vítima dirigiu-se à casa
onde reside o arguido, para onde se adentrou, violentamente, enquanto aquele dormia,
ameaçando matá-lo.
O arguido refere ter acordado "em sobressalto" e que no contexto em que os factos
ocorreram a sua defesa terá sido "pouco pensada, para não dizer mesmo atabalhoada" No
que pensamos que terá razão.
Ora, em tais circunstâncias, perante esta atitude da vítima, só nos resta concluir que o arguido
agiu por perturbação, medo ou susto.
Pensamos que no presente caso, não era exigível ao arguido, nem dele se podia esperar,
outra conduta. Não lhe era expectável, ou melhor exigível, que racionalizasse na
intensidade da lesão necessária para repelir e neutralizar a agressão que se lhe dirigia. É,
pois, nosso entendimento, salvo devido respeito, por posição contrária, que a conduta do
arguido se despoletou por perturbação, medo ou susto não censuráveis, enquadrando-se
na situação prevista no artigo 41 0 do C. Penal.
Portanto, o arguido agiu sem culpa.
Assim sendo, sem mais considerações, temos que o arguido não preencheu com a sua conduta
o crime de homicídio voluntário, nos termos do artigo 1220 do C. Penal.
Nestes termos e pelo exposto, decidem os Juízes da Secção Criminal do Supremo Tribunal

de Justiça em conceder provimento ao recurso do arguido xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx,


absolvendo-o, por ter agido em legítima defesa, com excesso não censurável, ao abrigo
das disposições conjugadas dos artigos 360 e 41 0, ambos do C.
Penal.
Passe mandados de soltura.
Sem custas.
Registe e notifique.
(Texto processado em computador e integralmente revisto pela relatora e primeira signatária — artigo
1200/2, C. P. P)

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Praia, 27 de Outubro de 2015

ESTÁ CONFORME
Secretaria do Supremo Tribunal de Justiça, aos vinte e oito dias do mês de Outubro de 2015.

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