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Diretrizes Parto Normal Resumida FINAL
Diretrizes Parto Normal Resumida FINAL
PARTO
NORMAL versão resumida
Brasília – DF
2017
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos
Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde
PARTO
NORMAL versão resumida
Brasília – DF
2017
2017 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: <www.saude.gov.
br/bvs>.
Supervisão geral:
Clarice Alegre Petramale
Maria Esther de Albuquerque Vilela
Organização:
Ávila Teixeira Vidal
João Batista Marinho de Castro Lima
Sonia Lansky
Elaboração de textos:
Aline Monte de Mesquita
Bruno Carvalho Cunha de Leão
Felipe de Araujo Bastos Vianna
João Batista Marinho de Castro Lima
Maria Elisa Cabanelas Pazos
Mauro Blini
Melania Maria Ramos de Amorim
Sérgio Hecker Luz
Sérgio Tadeu Martins Marba
Sibylle Emilie Vogt
Layout e diagramação:
Erika Freitas Pacheco Pereira
Normalização:
Luciana Cerqueira Brito – Editora MS/CGDI
Ficha Catalográfica
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde.
Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal: versão resumida [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e
Insumos Estratégicos, Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017.
51 p. : il.
CDU 618.4
Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2017/0231
Título para indexação:
National Guidelines for Normal Childbirth Care: short version
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DAS DIRETRIZES ..................................................................................................................................... 4
1 INTRODUÇÃO E CONTEXTO .............................................................................................................................................. 6
2 ESCOPO E FINALIDADES ................................................................................................................................................. 8
2.1 Objetivos gerais ................................................................................................................................................... 8
2.2 Objetivos específicos ........................................................................................................................................... 8
3 A QUEM ESTAS DIRETRIZES SE DESTINAM .................................................................................................................... 9
3.1 Profissionais/usuários destas diretrizes .............................................................................................................. 10
4 QUEM DESENVOLVEU ESTAS DIRETRIZES ...................................................................................................................... 11
5 METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DESTAS DIRETRIZES .............................................................................................. 12
5.1 Elaboração do escopo ......................................................................................................................................... 12
5.2 Processo para elaboração das Diretrizes ............................................................................................................. 12
5.3 Das evidências às recomendações ..................................................................................................................... 13
5.4 Revisão externa ................................................................................................................................................... 13
6 SUMÁRIO DE RECOMENDAÇÕES ..................................................................................................................................... 14
6.1 Local de assistência ao parto ............................................................................................................................. 14
6.2 Cuidados gerais durante o trabalho de parto ...................................................................................................... 15
6.3 Alívio da dor no trabalho de parto ...................................................................................................................... 17
6.4 Assistência no primeiro período do parto ............................................................................................................ 22
6.5 Assistência no segundo período do parto ........................................................................................................... 25
6.6 Assistência no terceiro período do parto ............................................................................................................. 28
6.7 Cuidados maternos imediatamente após o parto ................................................................................................ 30
6.8 Assistência ao recém-nascido ............................................................................................................................ 33
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................................... 44
ANEXOS .............................................................................................................................................................................. 46
Anexo A – Membros do Grupo Elaborador ....................................................................................................................... 46
Anexo B – Membros do Comitê Executivo......................................................................................................................... 48
Anexo C – Comitê Consultivo ............................................................................................................................................ 49
APRESENTAÇÃO DAS DIRETRIZES
O nascimento no ambiente hospitalar se caracteriza pela adoção de várias tecnologias e procedimentos com o objetivo de
torná-lo mais seguro para a mulher e seu bebê. Se por um lado, o avanço da obstetrícia contribuiu com a melhoria dos
indicadores de morbidade e mortalidade materna e perinatais, por outro permitiu a concretização de um modelo que considera
a gravidez, o parto e o nascimento como doenças e não como expressões de saúde, expondo as mulheres e recém-nascidos a
altas taxas de intervenções, que deveriam ser utilizadas de forma parcimoniosa e apenas em situações de necessidade, e não
como rotineiras. Esse excesso de intervenções deixou de considerar os aspectos emocionais, humanos e culturais envolvidos
no processo, esquecendo que a assistência ao nascimento se reveste de um caráter particular que vai além do processo de
parir e nascer. Quando as mulheres procuram ajuda, além da preocupação sobre a sua saúde e a do seu bebê, estão também
em busca de uma compreensão mais ampla e abrangente da sua situação, pois para elas e suas famílias o momento da
gravidez e do parto, em particular, é único na vida e carregado de fortes emoções. A experiência vivida por elas neste momento
pode deixar marcas indeléveis, positivas ou negativas, para o resto das suas vidas.
Por isso, torna-se imprescindível a qualificação da atenção à gestante, a fim de garantir que a decisão pela via de parto
considere os ganhos em saúde e seus possíveis riscos, de forma claramente informada e compartilhada entre a gestante e a
equipe de saúde que a atende.
As Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal nasceram de um esforço do Ministério da Saúde, por meio da
Coordenação-Geral de Saúde da Mulher do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, da Secretaria de Atenção à
Saúde do Ministério da Saúde (CGSM/DAPES/ SAS/MS), em conjunto com diversas áreas do Ministério e outras instituições,
sociedades e associações de profissionais (médicos e de enfermagem) e das mulheres, no intuito de qualificar o modo de
nascer no Brasil.
Estas Diretrizes foram elaboradas por um grupo multidisciplinar, o Grupo Elaborador das Diretrizes (GED), composto por
médicos obstetras, médicos de família, clínicos gerais, médico neonatologista, médico anestesiologista e enfermeiras
obstétricas, convidados pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) e pela Coordenação-Geral
da Saúde da Mulher (CGSM/DAPES/SAS/MS).
O escopo das Diretrizes e as perguntas a serem respondidas foram definidos com a participação de um grupo ampliado de
interessados (Grupo Consultivo), entre eles sociedades e associações médicas, de enfermagem e das mulheres, agências
reguladoras, pesquisadores, profissionais e conselhos de profissionais da saúde, além de áreas técnicas do Ministério da
Saúde e a CONITEC.
O documento resultante do consenso obtido pelo grupo ampliado foi apresentado à CONITEC, em sua 42 ª Reunião, realizada
nos dias 02 e 03 de dezembro de 2015, na qual os membros dessa Comissão apreciaram a proposta com recomendação
preliminar favorável, sendo, então, disponibilizada para Consulta Pública.
Logo, esta versão das Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal inclui as modificações que foram realizadas após
a Consulta Pública. Esta ficou disponível para contribuições no período de 12 de janeiro de 2016 a 29 de fevereiro de 2016,
período estendido por solicitação da Associação Médica Brasileira (AMB).
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
Foram recebidas 396 contribuições, das quais: 66 de mulheres, 24 de familiares, amigos ou cuidadores, 233 de profissionais
da saúde, 63 de interessados no tema e 10 de pessoas jurídicas, incluindo empresas (2), instituição de ensino (1), sociedades
médicas (3) e grupos/associação/organização de pacientes (2) e outros (2).
Do total de contribuições, a maioria (84%) foi feita por mulheres. Na avaliação geral, 79% avaliaram as Diretrizes como boas
ou muito boas, 7% como regulares e 14% como ruins ou muito ruins.
Todas as contribuições foram analisadas pelo Grupo Elaborador e apresentadas ao Grupo Consultivo, em reunião realizada no
dia 17 de março de 2016, em que estiveram presentes representantes de entidades médicas, de enfermagem, de hospitais,
de associações em defesa dos direitos das mulheres, de universidades, bem como especialistas em saúde da mulher e
gestores da saúde. Nesta reunião, foi discutida amplamente a pertinência da alteração ou não do conteúdo das Diretrizes
a partir de cada contribuição, e da discussão surgiram os consensos em torno das alterações pertinentes que poderiam ser
feitas, à luz das contribuições da Consulta Pública e das evidências encontradas nas Diretrizes e nas fontes verificadas no
processo de adaptação.
Importante ressaltar que só foram feitas alterações que não infringissem a metodologia de adaptação de diretrizes clínicas
(ADAPTE) e que não fossem contrárias às evidências encontradas.
O resultado da Consulta Pública, bem como a análise de seu conteúdo, foram apresentados em reunião do plenário da
CONITEC no dia 06 de abril de 2016, que aprovou o documento na íntegra, apenas com a ressalva de que fosse alterado o
título para Diretrizes Nacionais (no plural) de Assistência ao Parto Normal, e que fossem incluídos no corpo do documento,
nominalmente, todos os representantes de entidades de classe que participaram das reuniões do Grupo Consultivo.
Em fevereiro de 2017 a Portaria no 353, de 14 de fevereiro de 2017, que aprova as Diretrizes Nacionais de Assistência ao
Parto Normal é publicada.
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1 INTRODUÇÃO E CONTEXTO
A cada ano acontecem no Brasil cerca de 3 milhões de nascimentos, envolvendo quase 6 milhões de pessoas, ou seja,
as parturientes e os seus filhos ou filhas, com cerca de 98% deles acontecendo em estabelecimentos hospitalares, sejam
públicos ou privados (1,2). Isso significa que, a cada ano, o nascimento influencia parcela significativa da população brasileira,
considerando as famílias e o seu meio social.
Consolidado em nosso meio, o nascimento no ambiente hospitalar se caracteriza pela adoção de várias tecnologias e
procedimentos com o objetivo de torná-lo mais seguro para a mulher e seu filho ou filha. De fato, os avanços da obstetrícia
contribuíram com a melhoria dos indicadores de morbidade e mortalidade materna e perinatais em todo o mundo. Entretanto,
as mulheres e recém-nascidos são expostos a altas taxas de intervenções, como a episiotomia, o uso de ocitocina, a cesariana,
aspiração naso-faringeana, entre outras. Tais intervenções, que deveriam ser utilizadas de forma parcimoniosa, apenas em
situações de necessidade, são muito comuns, atingindo um grande número de mulheres e seus filhos ou filhas que são
assistidas em hospitais no país. Esse excesso de intervenções deixou de considerar os aspectos emocionais, humanos e
culturais envolvidos no processo, esquecendo que a assistência ao nascimento se reveste de um caráter particular que vai
além do processo de adoecer e morrer. Quando as mulheres procuram ajuda, além da preocupação sobre a sua saúde e a do
seu filho ou filha, estão também em busca de uma compreensão mais ampla e abrangente da sua situação, pois para elas e
suas famílias o momento da gravidez e do parto, em particular, é único na vida e carregado de fortes emoções. A experiência
vivida por eles neste momento pode deixar marcas indeléveis, positivas ou negativas, para o resto das suas vidas
Como resultado de pressões da opinião pública e consumidores de serviços de saúde, principalmente nos países mais
desenvolvidos, assim como o surgimento de novas evidências científicas, a prática obstétrica tem sofrido mudanças
significativas nos últimos 20-30 anos, com uma maior ênfase na promoção e resgate das características naturais e fisiológicas
do parto e nascimento (3). Com isso, vários procedimentos hospitalares têm sido questionados pela carência de evidências
científicas que os suportem, a existência de evidências que os contra-indiquem e por trazerem desconforto à mulher. Também
os ambientes onde o nascimento tem lugar têm sofrido modificações, tornando-se mais aconchegantes e com rotinas mais
flexíveis, permitindo que a mulher e sua família possam participar e expressar livremente suas expectativas e preferências.
Surgem também, como opção, modalidades de assistência em ambientes não hospitalares, como o parto domiciliar e em
centros de nascimento dentro ou fora dos hospitais. Questiona-se também o predomínio do profissional médico na assistência,
com o fortalecimento das enfermeiras obstétricas e obstetrizes como atores importantes no processo assistencial.
Além do mais, há uma grande diversidade de práticas clínicas nos diversos ambientes de atenção e, frequentemente, também
ocorre uma grande variedade de condutas aplicáveis a situações semelhantes. Esta variedade de práticas pode colocar
em risco a segurança das parturientes e seus filhos ou filhas já que, em muitos casos, não devem estar recebendo a
assistência mais adequada às suas necessidades e de acordo com as melhores evidências derivadas de estudos científicos
bem desenhados. Em outros casos também, podem estar sendo submetidas a práticas diagnósticas ou terapêuticas com
potencial de provocar danos. Adicionalmente, a enorme expansão do conhecimento científico publicado nos últimos anos
dificulta a sua aquisição de forma rápida e eficiente por parte daqueles envolvidos na assistência. Muitos problemas podem
ter a sua origem na aplicação inadequada do conhecimento ou mesmo a não aplicação da prática mais eficaz para lidar com
situações específicas.
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
As diretrizes clínicas baseadas em evidências fornecem uma ferramenta adequada de consulta para os profissionais na sua
atividade diária já que, se corretamente desenvolvidas, com avaliação sistemática e sintetização da informação científica
disponível, são potentes aliadas na tomada de decisões. Nesse processo, as habilidades e experiência clínica do provedor de
cuidados associadas às expectativas e necessidades únicas das mulheres e suas famílias, mais a informação derivada da
melhor pesquisa científica, formam o tripé que se chama de prática clínica baseada em evidência, uma das regras básicas
para uma assistência focada na qualidade.
Em junho de 2011 o Governo Brasileiro instituiu a Rede Cegonha no âmbito do SUS (Sistema Único de Saúde) (4), visando a
assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem
como à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis. Entre os objetivos da Rede
Cegonha está o de “fomentar a implementação de novo modelo de atenção à saúde da mulher e à saúde da criança com foco
na atenção ao parto, ao nascimento, ao crescimento e ao desenvolvimento da criança de zero aos vinte e quatro meses”.
No componente Parto e Nascimento da Rede Cegonha figura como ação a adoção de práticas de atenção à saúde baseada
em evidências científicas nos termos do documento da Organização Mundial da Saúde, de 1996: “Boas práticas de atenção
ao parto e ao nascimento” (5). Seguindo essas determinações, o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Atenção à
Saúde, da Secretaria de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos e seus respectivos Departamento de Ações Programáticas
e Estratégicas e Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde (DGITS), solicitou à Coordenação-Geral da
Saúde da Mulher (CGSM) e à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) a elaboração de diretrizes
para a assistência ao parto normal, para utilização no SUS e Saúde Suplementar no Brasil.
A proposta desse documento é reunir informações resumidas sobre a elaboração, a metodologia e as recomendações das
Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto, no sentido de dar transparência e acesso rápido e fácil para toda a sociedade
sobre o resultado desse trabalho. O documento na íntegra, com toda a descrição das evidências que respaldaram as
recomendações, bem como as adaptações que foram feitas está disponível em <http://conitec.gov.br>.
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2 ESCOPO E FINALIDADES
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3 A QUEM ESTAS DIRETRIZES SE DESTINAM
Estas Diretrizes deverão servir de referência e orientação para a assistência a:
• mulheres em trabalho de parto com parto normal planejado (espontâneo ou induzido) entre 37 e 42 semanas de
gestação com feto único, vivo e em apresentação cefálica;
• parturientes que apresentarem eliminação de mecônio imediatamente antes ou durante o trabalho de parto;
• anormalidades ou complicações mais comuns encontradas na assistência ao trabalho de parto e parto em todas as
suas fases;
• conduta em outras anormalidades ou complicações do trabalho de parto e parto não constantes das diretrizes;
• mulheres com diagnóstico de morte fetal ou com complicações da gestação tais como desordens hipertensivas,
diabetes, gravidez múltipla, restrição de crescimento fetal, apresentações anômalas, etc.;
• mulheres que necessitem de cuidados adicionais por infecção pelo HIV, herpes genital, estreptococo do grupo B ou
outras infecções;
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Nas mulheres em trabalho de parto a termo, espontâneo ou induzido, com complicações da gestação, tais como
desordens hipertensivas, diabetes, gravidez múltipla, restrição de crescimento fetal, etc., estas Diretrizes também
podem servir de referência já que algumas práticas e intervenções podem ser semelhantes.
Para efeito destas Diretrizes entende-se como parto normal ou espontâneo aquele que não foi assistido por
fórceps, vácuo extrator ou cesariana, podendo ocorrer intervenções baseadas em evidências, em circunstâncias
apropriadas, para facilitar o progresso do parto e um parto vaginal normal, tais como:
• Todos os profissionais envolvidos diretamente na assistência ao parto, tais como: médicos obstetras, pediatras,
neonatologistas, anestesiologistas, generalistas, enfermeiras obstétricas, obstetrizes, enfermeiras assistenciais,
técnicos de enfermagem, etc.
• Todos os profissionais em processo de treinamento envolvidos diretamente na assistência, tais como: especializandos
e residentes de enfermagem obstétrica e neonatal, graduandos de obstetrícia e médicos residentes de obstetrícia,
neonatologia e anestesiologia.
Audiência secundária:
• Todos os profissionais envolvidos indiretamente na assistência ao parto como fisioterapeutas, psicólogos, etc.
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4 QUEM DESENVOLVEU ESTAS DIRETRIZES
Estas Diretrizes foram elaboradas por um grupo multidisciplinar, o Grupo Elaborador das Diretrizes (GED), convidados pela
CONITEC e CGSM/DAPES/SAS/MS. O grupo foi composto por médicos obstetras, médicos de família, clínicos gerais, médico
neonatologista, médico anestesiologista e enfermeiras obstétricas. Foi designado como coordenador do GED um médico
obstetra. (Anexo I)
Foi criado também um Comitê Executivo (Anexo II) do processo de elaboração das diretrizes, composto por profissionais do
DGITS/SCTIE/MS, que é a Secretaria Executiva da CONITEC, e outros indicados pela CGSM/DAPES/SAS/MS. Esse Comitê se
responsabilizou pela organização, planejamento e logística das oficinas do Conselho Consultivo e reuniões do GED.
Todos os membros do GED declararam seus potenciais conflitos de interesses em formulário próprio da CONITEC. No formulário,
constam interesses relacionados com a indústria da saúde ou qualquer outro interesse, comercial ou financeiro, com as
recomendações das diretrizes.
Os recursos para o custeio das atividades do GED, Conselho Consultivo e Comitê Executivo foram disponibilizados pelo
Ministério da Saúde. A participação de colaboradores da Agência Nacional de Saúde (ANS) foi custeada por esta Agência.
Alguns membros do Conselho Consultivo tiveram suas despesas de deslocamento e estadia custeadas pelas suas respectivas
entidades. Os órgãos financiadores não influenciaram nas decisões do GED.
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5 METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO
DESTAS DIRETRIZES
O processo de busca identificou seis diretrizes disponíveis em texto integral (7,8,9,10,11,12). Após o processo de busca e
identificação, as diretrizes foram avaliadas por três avaliadores independentes, utilizando o instrumento AGREE II (13), que
ranqueou as diretrizes por ordem de qualidade.
Após essa avaliação inicial, que foi realizada no mês de outubro de 2014, o grupo elaborador das Diretrizes decidiu utilizar,
como fontes para a adaptação, as quatro diretrizes mais bem avaliadas, sendo excluídas as duas com piores avaliações.
O motivo da exclusão foi porque obtiveram escore menor que 50% na avaliação geral. As duas diretrizes mais bem avaliadas
foram escolhidas como referência principal para a adaptação (9,11), que seriam utilizadas para responder às questões clínicas
definidas no escopo. Caso nenhuma das duas diretrizes principais abordasse o tópico, as outras duas escolhidas, por ordem
decrescente no ranque da avaliação, seriam utilizadas para buscar a resposta.
Porém, após a definição dessa metodologia, o National Institute for Health Care and Clinical Excelence (NICE) publicou, em
dezembro de 2014, a atualização das suas diretrizes de 2007 (14). As diretrizes de 2014 atualizaram vários dos tópicos das
diretrizes de 2007, mas não todos, com pesquisa na literatura até fevereiro de 2014. Após essa publicação, as diretrizes de
2014 do NICE passaram a ser a fonte principal para a adaptação desenvolvida pelo Brasil.
Logo, as diretrizes utilizadas como referência para a adaptação para o Brasil foram:
Care of healthy women and their babies during childbirth - NCCWCH – NATIONAL COLLABORATING
CENTRE FOR WOMEN’S AND CHILDREN’S HEALTH. Intrapartum care London. 2007 e 2014 (11,14).
Guia de Prática Clínica sobre Cuidados com o Parto Normal - Agencia de Evaluación de Tecnologías
Sanitarias del País Vasco (OSTEBA). Agencia de Evaluación de Tecnologías Sanitarias de Galícia. 2010 (9).
Guideline relative to low risk birth - Brussels: Belgian Health Care Knowledge Centre (KCE). 2010 (10).
Management of labor. Bloomington (MN) - Institute for Clinical Systems Improvement (ICSI). 2013 (7).
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
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6 SUMÁRIO DE RECOMENDAÇÕES
A seguir são apresentadas as recomendações de acordo com as seções das Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto
Normal. As Diretrizes na íntegra, com todas as tabelas, descrições e discussões das evidências, bem como todas as referências
bibliográficas, estão disponíveis em <http://conitec.gov.br>.
2 Informar às gestantes de baixo risco sobre os riscos e benefícios dos locais de parto (domicílio, Centro de Parto Normal
extra, peri ou intra hospitalar, maternidade). Utilizar as tabelas 1, 2, 3 e 4 para tal. Informar também que as evidências
são oriundas de outros países, e não necessariamente aplicáveis ao Brasil.
3 As mulheres nulíparas ou multíparas que optarem pelo planejamento do parto em Centro de Parto Normal (extra, peri ou
intra-hospitalar), se disponível na sua área de abrangência ou próximos dessa, e cientes dos riscos e benefícios desses
locais, devem ser apoiadas em sua decisão.
4 Informar a todas as gestantes que a assistência ao parto no domicílio não faz parte das políticas atuais de saúde no país.
5 Informar às nulíparas de baixo risco de complicações que o planejamento do parto no domicílio não é recomendado tendo
em vista o maior risco de complicações para a criança. Informar também que as evidências são oriundas de outros países
e não necessariamente aplicáveis ao Brasil.
6 Informar às multíparas de baixo risco de complicações que, tendo em vista o contexto brasileiro, o parto domiciliar
não está disponível no sistema de saúde, por isso não há como recomendar. No entanto, não se deve desencorajar o
planejamento do parto no domicílio, desde que atenda o item 8.
8 Assegurar que todas as mulheres que optarem pelo planejamento do parto fora do hospital tenham acesso em tempo hábil
e oportuno a uma maternidade, se houver necessidade de transferência.
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
9 Utilizar as tabelas 5, 6, 7 e 8 como instrumentos de avaliação das mulheres em relação à escolha do local do parto:
- as tabelas 5 e 6 apresentam condições clínicas e situações onde existe um risco aumentado para a mãe e a criança
durante ou imediatamente após o parto e a assistência em uma maternidade poderia reduzir este risco;
- os fatores listados nas tabelas 7 e 8 são razões para aconselhar as mulheres a planejarem o parto em uma
maternidade baseada em hospital, mas indica que outras situações sejam levadas em consideração em relação ao local
do parto, tendo em vista a proximidade deste local com a maternidade e as preferências da mulher;
- discutir os riscos e os cuidados adicionais que podem ser oferecidos em uma maternidade para que as mulheres possam
fazer uma escolha informada sobre o local planejado para o parto.
11 É recomendado que os gestores de saúde proporcionem condições para a implementação de modelo de assistência que
inclua a enfermeira obstétrica e obstetriz na assistência ao parto de baixo risco por apresentar vantagens em relação à
redução de intervenções e maior satisfação das mulheres.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
- solicitar permissão à mulher antes de qualquer procedimento e observações, focando nela e não na tecnologia ou
documentação;
- mostrar à mulher e aos seus acompanhantes como ajudar e assegurar-lhe que ela o pode fazer em qualquer momento e
quantas vezes quiser. Quando sair do quarto, avisar quando vai retornar;
- envolver a mulher na transferência de cuidados para outro profissional, tanto quando solicitar opinião adicional ou no
final de um plantão.
16 O apoio por pessoal de fora da equipe hospitalar não dispensa o apoio oferecido pelo pessoal do hospital.
17 Uma mulher em trabalho de parto não deve ser deixada sozinha, exceto por curtos períodos de tempo ou por sua
solicitação.
18 As mulheres devem ter acompanhantes de sua escolha durante o trabalho de parto e parto, não invalidando o apoio dado
por pessoal de fora da rede social da mulher (ex. doula).
20 Mulheres em trabalho de parto que não estiverem sob efeito de opióides ou não apresentarem fatores de risco iminente
para anestesia geral podem ingerir uma dieta leve.
21 Os antagonistas H2 e antiácidos não devem ser utilizados de rotina para mulheres de baixo risco para anestesia geral
durante o trabalho de parto.
22 As mulheres que receberem opióides ou apresentarem fatores de risco que aumentem a chance de uma anestesia geral
devem receber antagonistas H2 ou antiácidos.
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
24 Medidas de higiene, incluindo higiene padrão das mãos e uso de luvas únicas não necessariamente estéreis, são
apropriadas para reduzir a contaminação cruzada entre as mulheres, crianças e profissionais.
28 Os gestores nacionais e locais devem proporcionar condições para o redesenho das unidades de assistência ao parto
visando a oferta da imersão em água para as mulheres no trabalho de parto.
29 Se uma mulher escolher técnicas de massagem durante o trabalho de parto que tenham sido ensinadas aos seus
acompanhantes, ela deve ser apoiada em sua escolha.
30 Se uma mulher escolher técnicas de relaxamento no trabalho de parto, sua escolha deve ser apoiada.
31 A injeção de água estéril não deve ser usada para alívio da dor no parto.
32 A estimulação elétrica transcutânea não deve ser utilizada em mulheres em trabalho de parto estabelecido.
33 A acupuntura pode ser oferecida às mulheres que desejarem usar essa técnica durante o trabalho de parto, se houver
profissional habilitado e disponível para tal.
34 Apoiar que sejam tocadas as músicas de escolha da mulher durante o trabalho de parto.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
35 A hipnose pode ser oferecida às mulheres que desejarem usar essa técnica durante o trabalho de parto, se houver
profissional habilitado para tal.
36 Por se tratar de intervenções não invasivas e sem descrição de efeitos colaterais, não se deve coibir as mulheres que
desejarem usar audio-analgesia e aromaterapia durante o trabalho de parto.
37 Os métodos não farmacológicos de alívio da dor devem ser oferecidos à mulher antes da utilização de métodos
farmacológicos.
Analgesia inalatória
38 O óxido nitroso a 50% em veículo específico pode ser oferecido para alívio da dor no trabalho de parto, quando possível e
disponível, mas informar às mulheres que elas podem apresentar náusea, tonteiras, vômitos e alteração da memória.
41 Até duas horas após a administração de opióides (EV ou IM) ou se sentirem sonolentas, as mulheres não devem entrar
em piscina ou banheira.
42 Analgesia com opióides é acompanhada de aumento na complexidade da assistência ao parto, como por exemplo: maior
necessidade de monitorização e acesso venoso.
43 Uma vez que a segurança da realização de analgesia farmacológica no ambiente extra-hospitalar ainda não foi
estabelecida, esta é restrita ao complexo hospitalar, seja bloco cirúrgico ou PPP (sala de pré-parto, parto e pós-parto).
Analgesia regional
44 A analgesia regional deve ser previamente discutida com a gestante antes do parto, e seus riscos e benefícios devem ser
informados.
46 Uma vez que a segurança da realização de analgesia farmacológica no ambiente extra-hospitalar ainda não foi
estabelecida, esta é restrita ao complexo hospitalar, seja bloco cirúrgico ou PPP (sala de pré-parto, parto e pós-parto).
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
47 A solicitação materna por analgesia de parto compreende indicação suficiente para sua realização, independente da fase
do parto e do grau de dilatação. Isto inclui parturientes em fase latente com dor intensa, após esgotados os métodos não
farmacológicos.
48 A analgesia peridural e a analgesia combinada raqui – peridural (RPC) constituem técnicas igualmente eficazes para
alívio da dor de parto. A escolha entre elas será influenciada pela experiência do anestesiologista com a técnica.
49 Iniciar a analgesia peridural com as substâncias usuais (bupivacaína, ropivacaína e levobupivacaína) diluídas na dose:
volume 13 a 20 ml em concentração de 0,0625% a 0,1%, acrescidos de fentanila (2 mcg/ml), ou opióide lipossolúvel em
dose equipotente.
50 Quando se pretende fornecer alívio rápido da dor, sem elevação da dose de anestésico, a via intratecal é a técnica de
escolha.
52 A manutenção da analgesia via cateter peridural deve ser iniciada com a menor concentração efetiva de cada anestésico;
como exemplo bupivacaína 0,0625% ou ropivacaína 0,1%, ambos acrescidas de fentanila (2 mcg/ml) ou doses
equipotentes de outro opióide lipossolúvel.
53 A manutenção da analgesia via cateter peridural deve ser iniciada com volumes próximos a 10 ml/h.
54 A manutenção da analgesia via cateter peridural deve ser individualizada, levando em consideração a resposta à
solução inicial, assim como particularidades da mulher. Mediante resposta insatisfatória na primeira hora de infusão,
deve-se elevar a dose de anestésico, aumentando a taxa de infusão de forma escalonada até no máximo 20 ml/h.
Mediante resposta persistentemente insatisfatória deve-se elevar a concentração do anestésico, após revisar
posicionamento do cateter.
55 A manutenção da analgesia peridural em bolus intermitente ou sob regime de PCA (“analgesia peridural controlada pela
paciente”) são os modos preferidos de administração para a manutenção da analgesia peridural.
57 Não se recomendam rotineiramente altas concentrações de soluções de anestesia local (0,25% ou acima de bupivacaína
ou equivalente) para estabelecer ou manter a analgesia peridural.
58 Antes da realização da analgesia regional de parto deve haver acesso venoso pré-estabelecido.
59 Pré-hidratação não deve ser utilizada de forma rotineira mas apenas em casos selecionados.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
60 Toda gestante após analgesia regional deve ser avaliada quanto à ocorrência de hipotensão arterial, sendo a necessidade
de hidratação ou suporte com substâncias vasoativas avaliada individualmente.
61 A manutenção da hidratação deve obedecer a recomendação citada no ítem dieta no trabalho de parto. Convém ressaltar
que, em função da administração de opióides, a oferta de dieta com resíduos é proscrita após anestesia regional.
62 A gestante sob analgesia peridural, quando se sentir confortável e segura, deve ser encorajada a deambular e adotar
posições mais verticais.
63 A administração da solução peridural não deve ser interrompida no intuito de se otimizar desfechos, mas deve obedecer
as necessidades e desejo materno, ainda que no período expulsivo.
64 O cateter peridural, instalado durante o parto, poderá ser utilizado no terceiro estágio do parto, como, por exemplo, na
reparação perineal.
65 Após confirmados os 10 cm de dilatação, não se deve incentivar a gestante a realizar puxos, exceto se tardiamente
(sugere-se no mínimo após 1 hora de dilatação total) ou quando a cabeça fetal se tornar visível.
67 Após constatado 10 cm de dilatação, devem ser estabelecidas estratégias para que o nascimento ocorra em até 4 horas,
independente da paridade.
68 A administração de ocitocina após analgesia regional não é recomendada de rotina e deve obedecer as recomendações
referentes ao uso de uterotônicos expostas nas seções específicas.
69 A técnica de analgesia no parto deve visar o controle adequado da dor com o menor comprometimento possível das
funções sensoriais, motoras e autonômicas. Para isto a iniciação e manutenção da analgesia com baixas concentrações
de anestésico local constitui fator fundamental, particularmente importante para que as parturientes se mantenham em
movimento.
70 Toda gestante submetida a analgesia de parto deverá estar com monitorização básica previamente instalada (Pressão
Arterial Não Invasiva - PANI a cada 5 minutos e oximetria de pulso).
71 Estando sob monitorização, após 15 minutos da administração do(s) agente(s), a gestante deverá ser avaliada quanto à
resposta (nível do bloqueio, sensibilidade perineal, testes de função motora , teste do equilíbrio e de hipotensão postural).
Caso a avaliação seja desfavorável à mobilização ou se constate “estado de anestesia” (hiposensibilidade e bloqueio
motor) a gestante deverá permanecer no leito sob vigilância constante até nova reavaliação. Caso a avaliação seja
favorável, somente “estado de analgesia“, a gestante estará sem impedimentos para deambular e assumir a posição
que desejar.
72 Caso a avaliação seja desfavorável à mobilização ou se constate estado de anestesia (hiposensibilidade e bloqueio
motor), os quais persistem mesmo após o terceiro estágio, a gestante deverá ser encaminhada a SRPA (Sala de
Recuperação Pós-Anestésica) e permanecer no leito sob vigilância constante até alta pelo médico anestesiologista.
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
73 A rotina de monitoração para iniciação da analgesia de parto deve ser repetida nos momentos de doses de resgate via
cateter peridural.
74 Se após 30 minutos do início da analgesia ou dose de resgate for constatada inefetividade, o anestesiologista deverá
considerar falha técnica ou revisar individualmente as necessidades de alívio da parturiente.
75 Uma vez realizada analgesia de parto, ainda que não ocorram doses de resgate, o anestesiologista deverá acompanhar a
parturiente, com avaliação horária, até o terceiro período.
76 Considerando a possibilidade de complicações, todo cateter peridural deve ser retirado pelo médico anestesiologista.
A gestante não poderá receber alta do bloco obstétrico, unidade PPP ou SRPA com cateter instalado, exceto com a
autorização do anestesiologista.
77 Toda parturiente submetida a início de analgesia regional ou doses adicionais de resgate, seja qual for a técnica, deve
sersubmetida a ausculta intermitente da FCF de 5 em 5 minutos por no mínimo 30 minutos. Uma vez alterado deve-
se instalar CTG, assim como proceder a cuidados habituais como decúbito lateral esquerdo e avaliar necessidade de
otimização das condições respiratórias e circulatórias. Caso não ocorra melhora, seguir diretrizes próprias para conduta
no estado fetal não tranquilizador.
78 Se ocorrerem anormalidades graves da FCF, não transitórias, considerar outra causa que não analgesia regional e seguir
diretrizes próprias para conduta no estado fetal não tranquilizador.
80 Se houver dúvida em relação ao diagnóstico de ruptura das membranas realizar um exame especular. Evitar toque
vaginal na ausência de contrações.
82 Até que a indução do trabalho de parto seja iniciada ou se a conduta expectante for escolhida pela gestante para
além de 24 horas:
- aconselhar a mulher a aguardar em ambiente hospitalar;
- medir a temperatura a cada 4 horas durante o período de observação e observar qualquer alteração na cor ou cheiro das
perdas vaginais;
- se a mulher optar por aguardar no domicílio manter as mesmas recomendações anteriores e informá-la que tomar banho
não está associado com um aumento da infecção, mas ter relações sexuais pode estar.
83 Avaliar a movimentação fetal e a frequência cardíaca fetal na consulta inicial e depois a cada 24 horas após a ruptura
precoce das membranas, enquanto a mulher não entrar em trabalho de parto, e aconselhá-la a comunicar imediatamente
qualquer diminuição nos movimentos fetais.
21
MINISTÉRIO DA SAÚDE
84 Se o trabalho de parto não se iniciar dentro de 24 horas após a ruptura precoce das membranas, a mulher deve ser
aconselhada a ter o parto em uma maternidade baseada em hospital, com serviço de neonatologia.
86 Tanto a monitoração eletrônica contínua da frequência cardíaca fetal, se disponível, como a ausculta fetal intermitente,
seguindo técnicas padronizadas, podem ser utilizadas para avaliação do bem-estar fetal diante da eliminação de
mecônio durante o trabalho de parto.
87 Considerar a realização de amnioinfusão diante da eliminação de mecônio moderado a espesso durante o trabalho de
parto, se não houver disponibilidade de monitoração eletrônica fetal contínua.
88 Não existem evidências para recomendar ou não recomendar a cesariana apenas pela eliminação isolada de mecônio
durante o trabalho de parto.
90 Se uma mulher busca orientação ou assistência em uma maternidade ou unidade de parto extra, peri ou intra-hospitalar:
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
94 Um partograma com linha de ação de 4 horas deve ser utilizado para o registro do progresso do parto, modelo da OMS
ou equivalente.
95 Transferir a mulher para uma maternidade baseada em hospital ou solicitar assistência de médico obstetra, se o mesmo
não for o profissional assistente, se qualquer uma das seguintes condições forem atingidas, a não ser que os riscos da
transferência superem os benefícios.
• Observações da mulher:
- pulso >120 bpm em 2 ocasiões com 30 minutos de intervalo;
- PA sistólica ≥ 160 mmHg OU PA diastólica ≥ 110 mmHg em uma única medida;
- PA sistólica ≥ 140 mmHg OU diastólica ≥ 90 mmHg em 2 medidas consecutivas com 30 minutos de intervalo;
- proteinúria de fita 2++ ou mais E uma única medida de PA sistólica ≥ 140 mmHg ou diastólica ≥ 90 mmHg;
- temperatura de 38°C ou mais em uma única medida OU 37,5°C ou mais em 2 ocasiões consecutivas com 1 hora de
intervalo ;
- qualquer sangramento vaginal, exceto eliminação de tampão;
- presença de mecônio significativo;
- dor relatada pela mulher que difere da dor normalmente associada às contrações;
- progresso lento confirmado do primeiro e segundo períodos do trabalho de parto;
- solicitação da mulher de alívio da dor por analgesia regional;
- emergência obstétrica – incluindo hemorragia anteparto, prolapso de cordão, convulsão ou colapso materno ou
necessidade de ressuscitação neonatal avançada.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
• Observações fetais:
- qualquer apresentação anômala, incluindo apresentação de cordão;
- situação transversa ou oblíqua;
- apresentação cefálica alta (-3/3 De Lee) ou móvel em uma nulípara;
- suspeita de restrição de crescimento intra-uterino ou macrossomia;
- suspeita de anidrâmnio ou polihidrâmnio;
- frequência cardíaca fetal (FCF) < 110 ou > 160 bpm;
- desacelerações da FCF à ausculta intermitente.
96 Se mecônio significativo (verde escuro ou preto, grosso, tenaz, contendo grumos) estiver presente assegurar que:
-profissionais treinados em suporte avançado de vida neonatal estejam presentes no momento do parto.
97 Se mecônio significativo estiver presente, transferir a mulher para uma maternidade baseada em hospital de forma
segura desde que seja improvável que o parto ocorra antes da transferência se completar.
99 A tricotomia pubiana e perineal não deve ser realizada de forma rotineira durante o trabalho de parto.
100 A amniotomia precoce, associada ou não à ocitocina, não deve ser realizada de rotina em mulheres em trabalho de
parto que estejam progredindo bem.
101 As mulheres devem ser encorajadas a se movimentarem e adotarem as posições que lhes sejam mais confortáveis no
trabalho de parto.
103 Se houver suspeita de falha de progresso na fase ativa do trabalho de parto considerar também para o diagnóstico
todos os aspectos da evolução do trabalho de parto , incluindo:
- dilatação cervical menor que 2 cm em 4 horas para as primíparas;
- dilatação cervical menor que 2 cm em 4 horas ou um progresso lento do trabalho de parto para as multíparas;
- descida e rotação do pólo cefálico;
- mudanças na intensidade, duração e frequência das contrações uterinas.
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
104 Diante da suspeita de falha de progresso no primeiro estágio do trabalho de parto, considerar a realização de
amniotomia se as membranas estiverem íntegras. Explicar o procedimento e avisar que o mesmo irá diminuir o
trabalho de parto por cerca de 1 hora e pode aumentar a intensidade e dor das contrações.
105 Se a amniotomia for ou não realizada, realizar um exame vaginal após 2 horas e confirmar falha de progresso se a
dilatação progredir menos que 1 cm.
107 Se as membranas estiverem íntegras e o diagnóstico de falha de progresso for confirmado, aconselhar à mulher a ser
submetida a uma amniotomia e repetir o exame vaginal 2 horas após, independente do estado das membranas.
108 Oferecer apoio e controle efetivo da dor a todas as mulheres com falha de progresso no primeiro estágio do trabalho
de parto.
109 Informar às mulheres que a ocitocina irá aumentar a freqüência e intensidade das contrações e que a criança deverá
ser monitorada continuamente ou com mais freqüência.
111 Se a ocitocina for utilizada assegurar que os incrementos na dose não sejam mais frequentes do que a cada
30 minutos. Aumentar a dose de ocitocina até haver 4-5 contrações em 10 minutos.
114 Informar às mulheres que há insuficiência de evidências de alta qualidade, tanto para apoiar como para desencorajar o
parto na água.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
116 Caso o puxo espontâneo seja ineficaz ou se solicitado pela mulher, deve-se oferecer outras estratégias para auxiliar o
nascimento, tais como suporte, mudança de posição, esvaziamento da bexiga e encorajamento.
117 Em mulheres com analgesia regional, após a confirmação da dilatação cervical completa, o puxo deve ser adiado por
pelo menos 1 hora ou mais, se a mulher o desejar, exceto se a mulher quiser realizar o puxo ou a cabeça do bebê
estiver visível. Após 1 hora a mulher deve ser incentivada ativamente para realizar o puxo durante as contrações.
118 A manobra de Kristeller não deve ser realizada no segundo período do trabalho de parto.
•fase inicial ou passiva: dilatação total do colo sem sensação de puxo involuntário ou parturiente com analgesia e a
cabeça do feto ainda relativamente alta na pelve;
•fase ativa: dilatação total do colo, cabeça do bebê visível, contrações de expulsão ou esforço materno ativo após a
confirmação da dilatação completa do colo do útero, na ausência das contrações de expulsão.
120 Se a dilatação completa do colo uterino for confirmada em uma mulher sem analgesia regional e não for identificado
puxo, uma nova avaliação mais aprofundada deverá ser realizada em 1 hora para identificação da fase do segundo
período.
121 A distribuição dos limites de tempo encontrados nos estudos para a duração normal da fase ativa do segundo período
do trabalho parto é a seguinte:
• primíparas: cerca de 0,5–2,5 horas sem peridural e 1–3 horas com peridural.
122 Para a conduta na falha de progresso do segundo período deve-se considerar a paridade, da seguinte maneira:
• Nulíparas:
- na maioria das mulheres o parto deve ocorrer no prazo de 3 horas após o início da fase ativa do segundo período;
- a confirmação de falha de progresso no segundo período deve ser feita quando este durar mais de 2 horas e a
mulher deve ser encaminhada, ou assistência adicional solicitada, a médico treinado na realização de parto vaginal
operatório, se o nascimento não for iminente.
• Multíparas:
- na maioria das mulheres o parto deve ocorrer no prazo de 2 horas após o início da fase ativa do segundo período;
- A confirmação de falha de progresso no segundo período deve ser feita quando este durar mais de 1 hora e a mulher
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
deve ser encaminhada, ou assistência adicional solicitada, a médico treinado na realização de parto vaginal
operatório, se o nascimento não for iminente.
124 Se as contrações forem inadequadas no início do segundo período, considerar o uso de ocitocina e realização de
analgesia regional.
125 Para as nulíparas, suspeitar de prolongamento se o progresso (em termos de rotação ou descida da apresentação) não
for adequado após 1 hora de segundo período ativo. Realizar amniotomia se as membranas estiverem intactas.
126 Para as multíparas, suspeitar de prolongamento se o progresso (em termos de rotação ou descida da apresentação) não
for adequado após 30 minutos de segundo estágio ativo. Realizar amniotomia se as membranas estiverem intactas.
127 Um médico obstetra deve avaliar a mulher com prolongamento confirmado do segundo período do parto antes do uso
de ocitocina.
128 Após a avaliação obstétrica inicial, manter a revisão a cada 15-30 minutos.
129 Considerar o uso de parto instrumental (vácuo-extrator ou fórceps) se não houver segurança quanto ao bem estar fetal
ou prolongamento do segundo período.
130 Reconhecer que, em algumas ocasiões, a necessidade de ajuda por parte da mulher no segundo estágio pode ser uma
indicação para o parto vaginal assistido quando o apoio falhar.
131 A escolha do instrumento para o parto instrumental dependerá das circunstâncias clínicas e da experiência
do profissional.
132 Por ser um procedimento operatório, uma anestesia efetiva deve ser oferecida para a realização de um parto vaginal
instrumental.
133 Se a mulher recusar anestesia ou a mesma não estiver disponível, realizar um bloqueio de pudendo combinado com
anestesia local do períneo durante o parto instrumental.
134 Mesmo se houver preocupação com o bem-estar fetal, uma anestesia efetiva pode ser realizada mas, se o tempo não
permitir, realizar um bloqueio de pudendo combinado com anestesia local do períneo durante o parto instrumental.
135 Orientar a mulher e realizar uma cesariana se o parto vaginal não for possível.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
138 Não se recomenda a aplicação de spray de lidocaína para reduzir a dor perineal no segundo período do parto.
139 Tanto a técnica de ‘mãos sobre’ (proteger o períneo e flexionar a cabeça fetal) quanto a técnica de ‘mãos prontas’
(com as mãos sem tocar o períneo e a cabeça fetal, mas preparadas para tal) podem ser utilizadas para facilitar o parto
espontâneo.
140 Se a técnica de ‘mãos sobre’ for utilizada, controlar a deflexão da cabeça e orientar à mulher para não empurrar
nesse momento.
142 Se uma episiotomia for realizada, a sua indicação deve ser justificada, recomendando-se a médio-lateral originando na
fúrcula vaginal e direcionada para o lado direito, com um ângulo do eixo vertical entre 45 e 60 graus.
• A conduta ativa no terceiro período envolve um conjunto de intervenções com os seguintes componentes:
- uso rotineiro de substâncias uterotônicas;
- clampeamento e secção precoce do cordão umbilical; e
- tração controlada do cordão após sinais de separação placentária.
• A conduta fisiológica no terceiro período do parto envolve um conjunto de cuidados que inclui os seguintes
componentes:
- sem uso rotineiro de uterotônicos;
- clampemento do cordão após parar a pulsação;
- expulsão da placenta por esforço materno.
146 Considerar terceiro período prolongado após decorridos 30 minutos. Seguir recomendações 164-172 no caso de
placenta retida.
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
148 Se houver hemorragia, retenção placentária, colapso materno ou qualquer outra preocupação quanto ao bem-estar
da mulher:
- solicitar assistência de médico obstetra para assumir o caso, se este não for o profissional assistente no momento;
- instalar acesso venoso calibroso e informar a puérpera sobre a situação e os procedimentos previstos;
- se o parto ocorreu em domicilio ou unidade de parto extra ou peri-hospitalar, a puérpera deve ser transferida
imediatamente para uma maternidade baseada em hospital.
149 Explicar à mulher, antes do parto, as opções de conduta no terceiro período, com os riscos e benefícios de cada uma.
152 A conduta ativa é recomendada na assistência ao terceiro período do parto pois está associado com menor risco de
hemorragia e transfusão sanguínea.
153 Se uma mulher com baixo risco de hemorragia pós-parto solicitar conduta expectante, apoiá-la em sua escolha.
154 Para a conduta ativa, administrar 10 UI de ocitocina intramuscular após o desprendimento da criança, antes do
clampeamento e corte do cordão. A ocitocina é preferível, pois está associada com menos efeitos colaterais do que a
ocitocina associada à ergometrina.
• Não realizar a secção do cordão antes de 1 minuto após o nascimento, a menos que haja necessidade de manobras
de ressuscitação neonatal.
• Pinçar o cordão antes de 5 minutos após o nascimento para realizar a tração controlada do cordão como parte da
conduta ativa.
• Se uma mulher solicitar o clampeamento e secção do cordão após 5 minutos, apoiá-la em sua escolha.
157 A tração controlada do cordão, como parte da conduta ativa, só deve ser realizada após administração de ocitocina e
sinais de separação da placenta.
29
MINISTÉRIO DA SAÚDE
158 Documentar o momento do clampeamento do cordão tanto na conduta ativa quanto na conduta expectante.
160 Oferecer a conduta ativa, quando a mulher prefere encurtar o terceiro estágio do trabalho de parto.
162 As mulheres que apresentarem fatores de risco para hemorragia pós-parto devem ser orientadas a ter o parto em uma
maternidade baseada em hospital, onde existem mais opções de tratamentos emergenciais;
163 Se uma mulher apresentar fatores de risco para hemorragia pós-parto, isso deve ser registrado no seu prontuário e
cartão de pré-natal, para que um plano de assistência no terceiro período do parto seja realizado.
Retenção placentária
164 Explicar para a mulher o que está acontecendo e quais serão os procedimentos necessários
167 Usar Ocitocina IV adicional de rotina para desprendimento da placenta, se houver hemorragia.
168 Realizar exame vaginal minucioso. Oferecer analgesia para este procedimento e providenciar, se a mulher demandar.
169 Providenciar transferência antes da exploração uterina, se o parto ocorreu em uma modalidade extra-hospitalar.
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
• Segundo grau – lesão dos músculos perineais sem atingir o esfínciter anal
• Quarto grau – lesão do períneo envolvendo o complexo do esfíncter anal (esfíncter anal interno e externo)
e o epitélio anal.
174 Realizar o exame inicial de maneira gentil e sensível. Isto pode ser feito imediatamente após o parto.
175 Se for identificado trauma perineal, uma avaliação sistemática do mesmo deve ser realizada.
31
MINISTÉRIO DA SAÚDE
177 Assegurar que o momento para essa avaliação sistemática não interfira na relação mãe-filho exceto se houver
sangramento que requeira medidas de urgência.
178 Ajudar a mulher a adotar uma posição que permita uma visualização adequada do grau do trauma e para o reparo
Manter essa posição apenas pelo tempo necessário para a avaliação sistemática e reparo do períneo. Se não for
possível uma avaliação adequada do trauma, a mulher deverá ser assistida por médico obstetra, se esse não for
o profissional que assistiu o parto. Se o parto ocorreu fora do hospital, a mesma deverá ser transferida para uma
maternidade baseada em hospital.
179 Solicitar avaliação de um profissional mais experiente se houver incerteza quanto à natureza e extensão do trauma
Transferir a mulher (com a criança) para uma maternidade baseada em hospital, se o parto ocorreu fora da mesma e se
o reparo necessitar de avaliação cirúrgica ou anestésica especializada.
181 Tanto as enfermeiras obstétricas ou obstetrizes, como os médicos obstetras envolvidos na assistência ao parto
devem estar adequadamente treinados na avaliação e reparo do trauma genital, certificando-se que essas habilidades
sejam mantidas.
182 Aconselhar a mulher que, no caso de trauma de primeiro grau, a ferida deve ser suturada, a fim de melhorar a
cicatrização, a menos que as bordas da pele estejam bem apostas.
183 Aconselhar a mulher que, no caso de um trauma de segundo grau, o músculo deve ser suturado, a fim de melhorar
a cicatrização.
185 Se a mulher relatar alívio inadequado da dor, a qualquer momento, levar isso em consideração imediatamente e
providenciar método mais eficaz de alívio.
186 Não há necessidade de sutura da pele se as suas bordas se apõem após a sutura do músculo, em trauma de segundo
grau ou episiotomia.
187 Se houver necessidade de sutura da pele, utilizar uma técnica subcutânea contínua .
188 Realizar a reparação perineal usando uma técnica de sutura contínua para a camada de parede vaginal e músculo.
189 Recomenda-se a utilização de material de sutura sintética absorvível para suturar o períneo.
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
191 Recomenda-se oferecer supositórios retais de anti-inflamatórios não esteróides rotineiramente após o reparo do trauma
perineal de primeiro e de segundo grau, desde que esses medicamentos não sejam contraindicados.
193 É recomendada a presença de um médico pediatra adequadamente treinado em todos os passos da reanimação
neonatal.
194 Em situações onde não é possível a presença de um médico pediatra, é recomendada a presença de um profissional
médico ou de enfermagem adequadamente treinado em reanimação neonatal.
195 Os estabelecimentos de saúde que mantenham profissional de enfermagem habilitado em reanimação neonatal
no momento do parto, deverá possuir em sua equipe de retaguarda, durante 24 horas, ao menos um médico que
tenha realizado treinamento teórico-prático em reanimação neonatal.
197 Coletar sangue de cordão para análise de pH em recém-nascidos com alterações clínicas, tais como respiração irregular
e tônus diminuído. Não fazer a coleta de maneira rotineira e universal.
198 Não se recomenda a aspiração orofaringeana e nem nasofaringeana sistemática do recém-nascido saudável.
199 Não se recomenda realizar a passagem sistemática de sonda nasogástrica e nem retal para descartar atresias no
recém-nascido saudável.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
200 Realizar o clampeamento do cordão umbilical entre 1 a 5 minutos ou de forma fisiológica quando cessar a pulsação,
exceto se houver alguma contra indicação em relação ao cordão ou necessidade de reanimação neonatal.
201 A profilaxia da oftalmia neonatal deve ser realizada de rotina nos cuidados com o recém-nascido.
202 O tempo de administração da profilaxia da oftalmia neonatal pode ser ampliado em até 4 horas após o nascimento.
203 Recomenda-se a utilização da pomada de eritromicina a 0,5% e, como alternativa, tetraciclina a 1% para realização
da profilaxia da oftalmia neonatal. A utilização de nitrato de prata a 1% deve ser reservado apenas em caso de não se
dispor de eritromicina ou tetraciclina.
204 Todos os recém-nascidos devem receber vitamina K para a profilaxia da doença hemorrágica.
205 A vitamina K deve ser administrada por via intramuscular, na dose única de 1 mg, pois este método apresenta a melhor
relação de custo-efetividade.
206 Se os pais recusarem a administração intramuscular, deve ser oferecida a administração oral da vitamina K e eles
devem ser advertidos que este método deve seguir as recomendações do fabricante e exige múltiplas doses.
207 A dose oral é de 2 mg ao nascimento ou logo após, seguida por uma dose de 2 mg entre o quarto e o sétimo dia.
208 Para recém-nascidos em aleitamento materno exclusivo, em adição às recomendações para todos os neonatos, uma
dose de 2 mg via oral deve ser administrada após 4 a 7 semanas, por causa dos níveis variáveis e baixos da vitamina K
no leite materno e a inadequada produção endógena.
209 Ao nascimento, avaliar as condições do recém-nascido – especificamente a respiração, frequência cardíaca e tônus
– no sentido de determinar se a ressuscitação é necessária de acordo com diretrizes reconhecidas de reanimação
neonatal.
210 Todos os profissionais que prestam cuidados diretos no nascimento devem ser treinados em reanimação neonatal de
acordo com diretrizes reconhecidas de reanimação neonatal.
213 Minimizar a separação do recém-nascido e sua mãe, levando em consideração as circunstâncias clínicas.
214 Se houver mecônio significativo e o recém-nascido não apresentar respiração, frequência cardíaca e tônus normais o
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
mesmo deve ser assistido segundo diretrizes reconhecidas de reanimação neonatal, incluindo realização precoce de
laringoscopia e sucção sob visão direta.
215 Se houver mecônio significativo e a criança estiver saudável, a mesma deve ser observada em uma unidade com
acesso imediato a um neonatologista. Essas observações devem ser realizadas com 1 e 2 horas de vida e depois de 2
em 2 horas por 12 horas.
216 Se não houver mecônio significativo, observar o recém-nascido com 1 e 2 horas de vida em todos os locais de parto.
217 Se qualquer um dos seguintes sinais forem observados, com qualquer grau de mecônio, o recém-nascido deve ser
avaliado por um neonatologista/pediatra (o recém-nascido e a mãe devem ser transferidos se não estiverem em uma
maternidade):
- frequência respiratória > 60 ipm;
- presença de gemidos;
- frequência cardíaca < 100 bpm ou > 160 bpm;
- enchimento capilar acima de 3 segundos;
- temperatura corporal ≥ 38°C ou 37,5°C em 2 ocasiões com 30 minutos de intervalo;
- saturação de oxigênio < 95% (a medida da saturação de oxigênio é opcional após mecônio não significativo);
- presença de cianose central confirmada pela Oximetria de pulso se disponível.
218 Explicar os achados para a mulher e informá-la sobre o que procurar e com quem falar se tiver qualquer preocupação.
219 Estimular as mulheres a terem contato pele-a-pele imediato com a criança logo após o nascimento.
220 Cobrir a criança com um campo ou toalha morna para mantê-la aquecida enquanto mantém o contato pele-a-pele.
221 Evitar a separação mãe-filho na primeira hora após o nascimento para procedimentos de rotina tais como, pesar, medir
e dar banho, a não ser que os procedimentos sejam solicitados pela mulher ou sejam realmente necessários para os
cuidados imediatos do recém-nascido.
222 Estimular o início precoce do aleitamento materno, idealmente na primeira hora de vida.
223 Registrar a circunferência cefálica, temperatura corporal e peso após a primeira hora de vida.
224 Realizar exame físico inicial para detectar qualquer anormalidade física maior e para identificar problemas que possam
requerer transferência.
225 Assegurar que qualquer exame, intervenção ou tratamento da criança seja realizado com o consentimento dos pais e
também na sua presença ou, se isso não for possível, com o seu conhecimento.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Tabela 1
Taxas de parto vaginal espontâneo, transferência para uma maternidade baseada em hospital e intervenções obstétricas
para cada local planejado para o parto: multíparas de baixo risco (16, 17)
Analgesia regional
(peridural ou 28* 40 60 121*
raquidiana***
Episiotomia 15* 23 35 56*
Cesariana 7* 8 10 35*
Parto instrumental
9* 12 23 38*
(fórceps ou ventosa)
Transfusão de sangue 4 4 5 8
*Números oriundos de Birthplace, 2011 e Blix et al., 2012 (todos os outros de Birthplace, 2011).
**Transferência de uma maternidade baseada em hospital para outra devido a baixa capacidade ou resolutividade.
***Blix relatou analgesia peridural e Birthplace relatou peridural ou raquidiana.
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
Tabela 2
Resultados para o recém-nascido para cada local planejado de parto: multíparas de baixo risco (16)
Recém-nascidos com
3 3 2 3
problemas graves*
*Os problemas graves foram combinados no estudo: encefalopatia neonatal e síndrome de aspiração de mecônio foram os eventos adversos mais
comuns, juntos representaram 75% do total. As mortes fetais após o início do cuidado no trabalho de parto e morte neonatal na primeira semana de
vida representaram 13% dos eventos. Fratura de úmero e clavícula foram eventos incomuns (menos de 4% dos eventos adversos).
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Tabela 3
Taxas de parto vaginal espontâneo, transferência para uma maternidade baseada em hospital e intervenções obstétricas
para cada local planejado para o parto: nulíparas de baixo risco (16,17)
Analgesia regional
(peridural ou 218* 200 240 349
raquidiana***
Episiotomia 165* 165 216 242*
Cesariana 80* 69 76 121*
Parto instrumental
126* 118 159 191*
(fórceps ou ventosa)
Transfusão de sangue 12 8 11 16
*Números oriundos de Birthplace, 2011 e Blix et al., 2012 (todos os outros de Birthplace, 2011).
**Transferência de uma maternidade baseada em hospital para outra devido a baixa capacidade ou resolutividade.
***Blix relatou analgesia peridural e Birthplace relatou peridural ou raquidiana.
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
Tabela 4
Resultados para o recém-nascido para cada local planejado de parto: nulíparas de baixo risco (16)
Recém-nascidos com
9 5 5 5
problemas graves*
*Os problemas graves foram combinados no estudo: encefalopatia neonatal e síndrome de aspiração de mecônio foram os eventos adversos mais
comuns, juntos representaram 75% do total. As mortes fetais após o início do cuidado no trabalho de parto e morte neonatal na primeira semana de
vida representaram 13% dos eventos. Fratura de úmero e clavícula foram eventos incomuns (menos de 4% dos eventos adversos).
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Quadro 1
Condições clínicas de alto risco indicando o planejamento do parto em uma maternidade
- Epilepsia
Neurológica - Miastenia Gravis
- Acidente vascular cerebral prévio
*Os problemas graves foram combinados no estudo: encefalopatia neonatal e síndrome de aspiração de mecônio foram os eventos adversos mais
comuns, juntos representaram 75% do total. As mortes fetais após o início do cuidado no trabalho de parto e morte neonatal na primeira semana de
vida representaram 13% dos eventos. Fratura de úmero e clavícula foram eventos incomuns (menos de 4% dos eventos adversos).
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
Quadro 2
Outros fatores de alto risco indicando o planejamento do parto em uma maternidade
- Gestação múltipla.
- Placenta prévia.
- Pré-eclâmpsia ou hipertensão gestacional.
- Trabalho de parto prematuro ou rotura prematura de membranas pré-termo.
- Descolamento prematuro de placenta.
- Anemia – hemoglobina < 8,5 g/dL no início do trabalho de parto.
- Morte fetal.
- Indução do parto.
-Uso de drogas ilícitas.
Gravidez atual
- Dependência de álcool necessitando avaliação ou tratamento.
- Diabetes gestacional.
- Apresentação anômala – pélvico ou transverso.
- IMC no início do pré-natal > 35 kg/m2.
- Hemorragia anteparto recorrente.
- Pequeno para a idade gestacional nessa gravidez (< percentil 5 ou velocidade de crescimento
reduzida ao ultrassom).
- Frequência Cardíaca Fetal anormal/Doppler anormal.
- Oligohidrâmnio ou polihidrâmnio ao ultrassom.
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Quadro 3
Condições clínicas que indicam uma avaliação individual em relação ao planejamento do local do parto
- Anormalidade da coluna.
Esquelética/Neurológica - Déficit neurológico.
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
Quadro 4
Outros fatores indicando avaliação individual em relação ao planejamento do local do parto
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REFERÊNCIAS
1 BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS. Tabnet: Nascidos vivos – Brasil. 2013. Disponível em:
<http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvuf.deff>. Acesso em: 7 mar. 2017.
2 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e
Tecnologia. PNDS 2006 – Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher. Brasília, 2008. 583 p.
4 BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 1.459, de 24 de junho de 2011. Institui no âmbito do
Sistema Único de Saúde - SUS - a Rede Cegonha. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, n. 121,
27 jun. 2011. Seção 1, p. 109.
5 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Assistência ao parto normal: um guia prático. Genebra, 2000. 93 p.
6 The ADAPTE Collaboration. The ADAPTE Process: Resource Toolkit for Guideline Adaptation. Version 2.0. 2009. Disponível
em:< http://www.g-i-n.net/document-store/working-groups-documents/adaptation/adapte-resource-toolkit-guideline-
adaptation-2-0.pdf>Acesso em: 7 mar. 2017.
7 CREEDON, D. et al. Management of labor. Bloomington: Institute for Clinical Systems Improvement, 2013. 66 p.
8 FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA. Assistência ao trabalho de parto. [S.l.]:
Associação Médica Brasileira; Conselho Federal de Medicina, 2001 . (Projeto Diretrizes).
9 GRUPO DE TRABALHO DO GUIA DE PRÁTICA CLÍNICA SOBRE CUIDADOS COM O PARTO NORMAL. Guia de prática clínica
sobre cuidados com o parto normal: Plano de Qualidade para o Sistema Nacional de Saúde do Ministério da Saúde e
Política Social. Vitoria-Gasteiz: Servicio Central de Publicaciones del Gobierno Vasco, 2010. 316 p.
10 MAMBOURG, F.; GAILLY, J.; ZHANG, W. Guideline relative to low risk birth. Brussels: Belgian Health Care Knowledge
Centre, 2010. 186 p.
11 NATIONAL COLLABORATING CENTRE FOR WOMEN’S AND CHILDREN’S HEALTH. Intrapartum care: care of healthy women
and their babies during childbirth. London: RCOG Press., 2007. 332 p.
12 QUEENSLAND MATERNITY AND NEONATAL CLINICAL GUIDELINES PROGRAM. Normal Birth. Brisbane: State of
Queensland (Queensland Health), 2012.
13 BROUWERS, M. et al. AGREE II: Advancing guideline development, reporting and evaluation in health care. Canadian
Medical Association Journal, [S.l.], v. 182, n. 18, Dec. 2010, p. E839-842. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.
gov/pmc/articles/PMC3001530/>. Acesso em: 7 mar. 2017. <doi: 10.1503/cmaj.090449>.
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
14 NATIONAL COLLABORATING CENTRE FOR WOMEN’S AND CHILDREN’S HEALTH. Intrapartum care: care of healthy women
and their babies during childbirth. London: RCOG Press., 2014. 839 p.
15 GRADE WORKING GROUP. [Site]. 2017. Disponível em: <http://www.gradeworkinggroup.org/>. Acesso em: 7 mar. 2017.
16 BIRTHPLACE IN ENGLAND COLLABORATIVE GROUP. Perinatal and maternal outcomes by planned place of birth for healthy
women with low risk pregnancies: the Birthplace in England national prospective cohort study. BMJ, [S.l.], v. 343, p.
d7400, 2011.
17 BLIX, E. et al. Outcomes of planned home births and planned hospital births in low-risk women in Norway between 1990
and 2007: a retrospective cohort study. Sexual and Reproductive Healthcare, [S.l.], v. 3, n. 4, p. 147-153, 2012.
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ANEXOS
Anexo A
MEMBROS DO GRUPO ELABORADOR
Mauro Blini
Médico Ginecologista Obstetra. Superintendente de Qualidade da Regulação da Bradesco Saúde. Membro da Comissão de
Assuntos Assistenciais da FenaSaúde. Representante da FenaSaúde no Grupo Elaborador das Diretrizes
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Anexo B
MEMBROS DO COMITÊ EXECUTIVO
Sonia Lansky
Coordenação-Geral da Saúde da Mulher - Ministério da Saúde
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DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
Anexo C
COMITÊ CONSULTIVO
ARTEMIS
Raquel Almeida Marques
49
MINISTÉRIO DA SAÚDE
50
DIRETRIZES NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA AO PARTO NORMAL
Parto do Princípio
Denise Yoshie Niy
Deborah Rachel A. Delage Silva
51
ISBN 978-85-334-2477-7
9 788533 424777
http://conitec.gov.br/