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Comandos Elétricos

Material de Consulta do Aluno

2º Tópico – Definição dos Elementos do Ramal de Ligação

Para que um motor entre em funcionamento temos que instalar os elementos do ramal de
ligação.

O ramal de ligação é composto pelos seguintes elementos:

• Proteção principal: Responsável pela proteção de todos os componentes do


ramal de ligação (Contatores, cabos etc.);

• Dispositivo de acionamento ou manobra: Responsável em colocar em


funcionamento ou desligar o motor;

• Proteção Auxiliar: Protege o motor contra diversas anomalias. Uma proteção


auxiliar que não pode faltar é o relé térmico.

Figura 1 – Elementos do Ramal de Ligação

Antes de definirmos esses dispositivos devemos saber a corrente nominal (In) consumida
pelo motor, que é um dado fornecido pela placa de identificação do motor. Caso, não
tendo essa informação podemos calcular a corrente nominal através das seguintes
fórmulas:
P
In= para motores monofásicos e bifásicos.
E×cosφ×η
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P
In= para motores trifásicos
3 ´ E×cosφ×η

In = corrente nominal (A).


P = potência (W).
E = tensão (V).
cosφ = fator de potência – perdas elétricas (quando não dado considerar 0,8).
η = rendimento – perdas mecânicas (quando não for dado considerar 0,8).

2.1 – Cálculo do ajuste do térmico

Para ajustar o relé térmico devemos levar em consideração se haverá, ou não, aumento
de temperatura através do Fator de Serviço (FS) do motor:

Ip térmico =In×1,15 → FS ≤ 1,15.

Ip térmico =In×1,25 → FS > 1,15

Figura 2 - Simbologia do relé térmico

2.2 – Cálculo da corrente nos fusíveis

No dimensionamento de fusíveis, recomenda-se que sejam observados, no mínimo, os


seguintes pontos:

• 1º Critério de escolha do Fusível - Devem suportar o pico de corrente (Ip) dos


motores durante o tempo de partida (TP) sem se fundir. Com o valor de Ip e TP
determina-se pelas curvas características dos fusíveis fornecidas pelos fabricantes
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o valor necessário do fusível.

• 2º Critério de escolha do Fusível – devem ser especificados com uma corrente


superior a 20% acima do valor nominal da corrente (In) do circuito que irá proteger.
Este procedimento preserva o fusível do envelhecimento prematuro, mantendo a
vida útil do fusível.

IF ³ In×1,2

• 3º Critério de escolha do Fusível– devem proteger também os dispositivos de


acionamento (contatores e relés térmicos) evitando assim a queima destes. Para
isso verifica-se o valor máximo do fusível admissível na tabela dos contactores e
relés.

Obs.: IFmáx é lido nas tabelas fornecidas pelos fabricantes.

Exemplo: Dimensionar os fusíveis para proteger o motor de indução trifásico da WEG, de


5 CV, 220 V, 60 Hz, 4 polos, In = 13,8 A, Ip/In = 8,2 e supondo que o seu tempo de
partida (Tp) seja de 5 segundos (partida direta).

Ip Ip
Pelo 1º critério: =8,2 , logo =8,2 → I p =8,2×13,8=113,16A
In 13,8
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Figura 3 - Gráfico dos fusíveis para motores WEG

Do gráfico acima, com o valor de 113,16A e tempo de partida de 5 segundos, observa-se


que o fusível de 35A serve para a aplicação, pelo 1º critério de escolha do fusível.

Levando em consideração o 2o critério de escolha tem-se:

IF ≥ 1,2 × In = 1,2 × 13,8 = 16,56A

O fusível de 35A também satisfaz o 2o critério.

Considerando o 3o critério, deve-se verificar se o relé e o contactor para esta


aplicação são compatíveis com este fusível, ou seja, se IF ≤ IFMÁX.

• No caso da WEG, seriam o contactor CWM18 e o relé RW27D (11....17A).


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Figura 4 - Identificação dos relés e fusíveis para contatores WEG

Outro método utilizado para calcular os fusíveis é utilizando a tabela da figura 5.

Figura 5 - Tabela para cálculo da proteção no ramal

No caso do motor em referência os fusíveis seriam de:

IF = 13,8 A x 3 = 41,4 A – está mais perto do fusível de 35 A do que 50 A.

Obs.: Valores padrões de corrente nominais dos fusíveis:

• Tipo D – 2, 4, 6, 10, 16, 20, 25, 35, 50 e 63.

• Tipo NH – 6, 10, 16, 20, 25, 35, 50, 63, 80, 100, 125, 160, 200, 224, 250, 315, 355, 400,
500, 630, 800, 1000 e 1250.
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3.3 – Cálculo da seção do condutor

Existem vários métodos para se a seção do condutor. Para comprimento do ramal até 27
metros podemos fazer uso das tabelas de ampacidade dos condutores, disponibilizadas
em sites, livros e apostilas.

Para comprimentos acima de 30 metros, um dos métodos utilizados é pela seguinte


fórmula:

2×ρ×Ip ×!×cosφ
s= para motores monofásicos e bifásicos.
ΔV

3×ρ×Ip ×!×cosφ
s= para motores trifásicos.
ΔV

s = seção mínima do condutor (mm²).


ρ = resistividade do condutor, no caso do cobre 0,0179 ῼ mm²/m.
Ip = corrente de projeto (Ip = In x 1,25 x FS)
ℓ = comprimento desenvolvido do ramal (m).
cos φ = fator de potência do motor (caso não for dado considerar 0,8).
ΔV = queda de tensão máxima admissível (entre 2% e 7%).

Obs.: Não esquecer que a seção mínima dos cabos para alimentar um motor deverá ser
de # 2,5 mm².

Se o motor utilizado como exemplo estivesse instalado a 50 metros de distância, FS = 1,0


e considerando 2% de queda de tensão, teríamos:

1,73×0,0179×17,25×50×0,8
S= =4,69mm²
4,4

Poderíamos utilizar o cabo de # 4mm².


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Links para acesso aos vídeos do YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=yubMHRv0bsE – Cálculo da corrente nominal;

https://www.youtube.com/watch?v=wb6r3Ftz7sY – Ajuste do relé térmico.

https://www.youtube.com/watch?v=S2akkTg1lnQ – Cálculo da seção mínima do condutor.

Bibliografia

https://www.mundodaeletrica.com.br/o-que-sao-dispositivos-de-manobra/ - último acesso


em 24/03/2018 às 13h58min.

http://www.joinville.ifsc.edu.br/~matsumi/geral/Comandos_Eletricos/Aula_Comandos_Eletr
icos_Industriais.pdf - último acesso em 25/03/2018 às 20h32min.

WEG, Acionamentos. Informações Técnicas. Comando e proteção para motores Elétricos.


Jaraguá do Sul, 1990.

NETO, J. A. A., Apostila de comandos elétricos.

FRANCHI, C. M. Acionamentos Elétricos. 4ª ed. São Paulo: Érica, 2008.

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