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ESCOLA DE DIREITO
(Cesare Beccaria)
No que tange a aplicação das agravantes penais, elas são empregadas na segunda fase
da dosimetria da pena, a qual constitui a fixação da pena provisória. Ainda, é relevante
destacar que elas subdividem-se em agravantes preponderantes, contendo a reincidência e não
preponderantes incluindo as demais.
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BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e Das Penas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
nos crimes dolosos. As sentenças comentadas anteriormente são o entendimento
predominante da doutrina e da jurisprudência, pois não há compatibilidade entre a culpa e as
demais circunstâncias. Por exemplo, 2Guilherme Nucci, em seu livro, faz o seguinte
questionamento:
No entanto, ainda que haja esse entendimento preponderante, mesmo assim ocorrem
casos, embora raramente, da aplicação de outras agravantes em crimes culposos. Um
exemplo é o caso Bateau Mouche, cujo naufrágio resultou em dezenas de mortes por conta de
uma exposição culposa a perigo da embarcação marítima. Nesse caso, foi admitida a
aplicação da circunstância agravante, motivo torpe, em crime culposo.
2.1. DA REINCIDÊNCIA
Prevista no art. 61, I do Código Penal e de acordo com o art. 63 do mesmo código,
pode ser identificada quando:
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NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
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É um ilícito penal quantitativamente menor em relação ao crime. Não há diferença na essência entre crime e
contravenção.
Em outras palavras, podemos considerar a reincidência quando o agente comete um
novo crime após o trânsito em julgado da sentença que o tenha condenado por crime anterior.
No entanto, há uma certa divergência doutrinária no que tange ao instituto da reincidência,
pois alguns autores entendem que a agravante caracteriza o bis in idem e, desse modo, seria
inconstitucional, visto que o condenado estaria sendo punido duas vezes por um mesmo
crime. No dia 4 (quatro) de abril de 2013 o Supremo Tribunal Federal entendeu ser
constitucional a aplicação da reincidência como agravante de pena.
No que diz respeito ao motivo torpe, entende-se aquele motivo que atinge mais
profundamente o sentimento ético-social da coletividade, é considerado imoral, vergonhoso,
ou seja, algo desprezível. No entanto, cabe destacar que não é possível o motivo ser ao
mesmo tempo torpe e fútil. Portanto, de acordo com as palavras de 7Guilherme Nucci, torpe:
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
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NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
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NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
2.2.1 DOS CASOS
Exemplo de motivo fútil: matar alguém porque perdeu uma partida de sinuca.
Exemplo de motivo torpe: matar alguém por ter algum tipo de preconceito.
Seguindo o rol de alíneas do inciso II do art. 61, nos deparamos com a agravante na
alínea b, pelo fato do agente ter cometido crime para facilitar ou assegurar a execução, a
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.
No que tange a essa agravante, é importante subdividí-la para conceituar ela de uma
forma mais precisa. Independente do crime ser tentado ou consumado, as agravantes são
“responsáveis” por analisar os motivos, meios e modos para que se perpetue um crime, não
podendo deixar de fora a finalidade. Ou seja, a finalidade está associada à primeira parte da
redação desta agravante “para facilitar ou assegurar a execução”. Há certos casos em que,
para que um crime seja consumado da forma como espera ou até de uma forma facilitada, o
agente precisa cometer outros crimes para atingir seu crime-fim, sua finalidade principal.
Ainda, as outras alternativas apresentadas por esta agravante, a ocultação, a
impunidade ou a vantagem de outro crime, demonstram a finalidade do sujeito ativo em
destruir a prova de outro crime ou evitar as consequências jurídico-penais.
Por último, no que diz respeito a vantagem de outro crime, 8Cesar Roberto Bitencourt
tem o seguinte entendimento:
As hipóteses referidas acima estão previstas no art. 61, II, c do Código Penal e
caracterizam modos específicos de agir do autor do crime. Inicialmente, faz-se necessário
uma fragmentação da redação da agravante citada para melhor compreensão do seu conceito.
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
No que diz respeito à traição, é o ataque sorrateiro, inesperado, é o ataque que atinge a
vítima descuidada ou desatenta antes de perceber o ato criminoso. Pode ser considerada como
a deslealdade para com a vítima. No entanto, deve-se ter cuidado e não confundir com o tiro
nas costas, pois não é caracterizada unicamente pelo golpe ter sido desferido pelas costas da
vítima. De acordo com 9Guilherme Nucci, a traição divide-se:
Por fim, quando o legislador transcreve “ou outro recurso que dificulta ou
impossibilita a defesa”, ele se refere a outros termos que não estão tipificados mas que
tenham a mesma natureza, mesmas características das citadas, traição, emboscada e
dissimulação. Em outras palavras, precisa ser uma situação análoga às que foram descritas
anteriormente. Um exemplo que pode ser citado, de acordo com a doutrina, é o de 11MacBeth,
que assassinou o rei Duncan, enquanto o soberano dormia. Ainda, outro recurso que os
doutrinadores citam é a surpresa, que constitui um ataque inesperado, imprevisível.
Dando continuidade a exposição das agravantes, iremos analisar o art. 61, II, d do
Código Penal. Essa alínea mencionada refere-se aos meios (espécies) utilizados para a prática
de certos crimes, dentre os meios, pode-se citar o veneno, o fogo, o explosivo e a tortura.
Ainda, o Código Penal utiliza uma expressão genérica para sintetizar as espécies de um
gênero, que seria o meio insidioso, o meio cruel ou o meio que possa resultar perigo comum.
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NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2014
espécies: a) emprego de veneno, podendo significar o uso de um meio
insidioso ou camuflado para agir, o que acontece especialmente no
homicídio, mas também pode espelhar crueldade, quando a substância
provocar morte lenta e dolorosa; b) o uso de fogo, algo que tanto pode
causar sofrimento exagerado à vítima, como produzir perigo a outras
pessoas; c) explosivo, que, na definição de Sarrau, é “qualquer corpo capaz
de se transformar rapidamente em gás à temperatura elevada” (citação de
Hungria, Comentários ao Código Penal, p. 166), e, assim ocorrendo, apto a
provocar a violenta deslocação e destruição de matérias ao seu redor,
tratando-se, evidentemente, de perigo comum; d) tortura, que é o suplício
imposto a alguém, constituindo evidente forma de crueldade.”
1) Emprego de veneno:
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LYRA, Roberto. Noções de Direito Criminal: Parte Especial. Rio de Janeiro: Nacional, 1944.
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
O emprego de fogo é a utilização de produto inflamável seguido do ateamento de
fogo. Por outro lado, o emprego de explosivo pode ocorrer pelo manuseio de dinamite ou
qualquer outro material explosivo.
“Fogo e explosivo podem constituir meio cruel ou meio que possa resultar
perigo comum, dependendo das circunstâncias. Aliás, foram elencados no
Código como exemplos de crime insidioso ou cruel, como vem ocorrendo
nos alteamentos de fogo em mendigos pelas ruas das grandes cidades nos
últimos tempos.”
3) Emprego de tortura:
É um meio cruel de prática criminosa, entendido como ato desumano, brutal que
atormenta e causa padecimento desnecessário à vítima. De acordo com 17Cesar Bitencourt:
4) Meio insidioso:
5) Meio cruel:
Em breve síntese, meio cruel é a forma brutal de perpetrar o crime, o qual, por sua
vez, revela a ausência de piedade do agente causador, isto é, causa sofrimento à vítima.
Bitencourt, em sua obra, traz alguns exemplos, os quais são o pisoteamento da vítima, a
dilaceração do seu corpo a facadas, entre outros. De acordo com o mesmo 18autor:
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
Ademais, é relevante destacar que a crueldade squ é realizada após a morte da vítima
não qualifica o crime, assim como afirma 19José Frederico Marques:
“(...) os atos que podem traduzir a crueldade somente são tais, como é óbvio,
enquanto a pessoa está com vida. Não há, pois, perversidade brutal ou
crueldade naquele que, depois de abater e matar a vítima, lhe mutila o
cadáver ou lhe esquarteja o corpo para melhor fazer desaparecer os rastros
do crime.”
“Meio de que possa resultar perigo comum é aquele que pode atingir um
número indefinido ou indeterminado de pessoas.”
Exemplo emprego de veneno: um sujeito, sabendo que sua namorada tem problemas
relacionados com hipertensão, com a intenção de matá-la, administra uma grande quantidade
de sal em sua comida. Desse modo, ao ingerir o alimento, a jovem sofre uma parada cardíaca
e vem à óbito.
Exemplo emprego de fogo: um sujeito, para matar sua família, durante a noite, joga
produto inflamável no quarto da sua esposa e filhos e, em seguida, coloca fogo.
Exemplo meio insidioso: João, convidando sua namorada Amanda, para um jantar
romântico em sua residência, ao preparar o jantar mistura fragmentos de vidro ao alimento
que será destinado a sua namorada, onde posteriormente vem a óbito.
Exemplo meio cruel: um sujeito possui um desafeto e, resolve utilizar de meios cruéis
para provocar sofrimento na vítima, desse modo, começa a pisotear o corpo e desferir facadas
na vítima.
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MARQUES, José Frederico. Tratado de Direito Penal: Parte Especial. São Paulo: Saraiva, 1961.
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
RSE. JÚRI. TENTATIVAS DE HOMICÍDIO. DESPRONÚNCIA.
IMPOSSIBILIDADE. A Constituição Federal prevê expressamente, na
alínea d do inciso XXXVIII de seu artigo 5º, que aos jurados compete o
julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Logo, havendo versão que
ampare a autoria atribuída ao réu, não cumpre ao juízo togado definição
acerca da suficiência e confiabilidade desta; os jurados é que, em
julgamento aprofundado do mérito, deverão se manifestar a respeito, sob
pena de frontal violação ao texto constitucional que prevê sua competência.
DESCLASSIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Se a impronúncia já é
decisão excepcional, um rigor muito maior é exigido do julgador na análise
da hipótese de desclassificação, para a qual, por resultar no afastamento
definitivo dos autos à análise popular, não basta a insuficiência de indícios,
sendo indispensável que absolutamente todo e qualquer elemento contido
nos autos aponte para a ausência de animus necandi. Caso concreto em que
não há prova estreme de dúvida acerca da ausência do dolo de matar.
QUALIFICADORAS. MOTIVO FÚTIL, EMPREGO DE FOGO,
RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DAS VÍTIMAS E
FEMINICÍDIO. MANUTENÇÃO. As circunstâncias qualificadoras, que
envolvem matéria de fato e de direito, só podem ser afastadas quando
manifestamente improcedentes, ou seja, quando nenhuma versão nos autos
sustentá-las (matéria de fato) ou quando as circunstâncias fáticas
correspondentes, tal como descritas na incoativa, não as caracterizarem
(matéria de direito). Caso concreto em que as qualificadoras do motivo fútil,
do emprego de fogo, do recurso que dificultou a defesa das vítimas e do
feminicídio são jurídica e faticamente viáveis, devendo ser submetida ao
crivo dos Juízes naturais da causa. PERIGO COMUM. AFASTAMENTO. O
veneno, o fogo, o explosivo, a asfixia e a tortura são espécies dos gêneros
“meio insidioso”, “meio cruel” ou “meio de que possa resultar perigo
comum”, vindo elencados na primeira parte do inciso III do § 2º do art. 121
do CP, justamente, como hipóteses exemplificativas para a correta
conceituação da qualificadora. Então, imputar duplamente a elementar, pelo
emprego de fogo e porque o mesmo fogo pode causar perigo comum, viola a
proibição de bis in idem. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
UNÂNIME. (TJRS, RSE 70080615727, 2ª CC, Luiz Mello Guimarães, j.
25.4.19)
Dando continuidade à análise das agravantes penais, no art. 61, II, e, temos os crimes
praticados contra parentes. Nesse caso, o agente estaria violando o dever de apoio mútuo
existente entre parentes e pessoas ligadas pelo matrimônio, isto é, violam-se deveres
decorrentes do parentesco.
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
“Consideram-se aqui situações pessoais ou familiares que facilitam a prática
delituosa, além de implicarem a infringência de especiais deveres do sujeito
ativo para com a vítima.”
Exemplo: um pai, não desejando seu filho, após alguns meses de vida do bebê, afoga
a criança com o objetivo de resultar a morte de seu filho.
Já, no que tange às relações domésticas, são aquelas que existem entre aqueles que
participam do quotidiano de uma mesma família, podendo haver laços de parentesco ou não.
Sendo capaz de ser entre: familiares, amigos, frequentadores habituais, entre outros.
A coabitação, por sua vez, significa apenas viver sob o mesmo teto, mesmo que por
pouco tempo. Por fim, a hospitalidade é a vinculação existente entre as pessoas durante a
estada provisória na casa de alguém.
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Bitencourt faz um apontamento relevante:
Para finalizar, a partir da Lei 11.340/2006, foi acrescido ao final da alínea, o seguinte:
“ou com violência contra a mulher na forma da lei específica”. Essa lei criou mecanismos
para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. No entanto, essa agravante
somente será aplicável quando não constituir, qualificar ou majorar a pena.
Exemplo: um idoso, por não poder mais exercer seus direitos civis pessoalmente,
nomeia seu filho como seu curador. No entanto, pelo fato de não se importar com a vida do
idoso, o filho executa constantes agressões na vítima, a qual, por estar em uma relação de
subordinação, não consegue se defender.
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
ocorrência referentes, respectivamente, aos fatos 01, 02 e 03, os quais
possuem solicitação de medidas protetivas, pelas capturas de tela juntadas,
bem como pela prova oral colhida em sede de investigação, juntada ao
Inquérito Policial n. º 667/2017/100515/A, e em juízo. Acerca da autoria,
em se tratando de crimes ocorridos em sede de violência doméstica, cabe
referir que a orientação jurisprudencial é no sentido de que os crimes
ocorridos nesse âmbito têm por sentido valorar como prova a palavra da
vítima, assumindo crucial importância em razão de inexistência presencial
de testemunhas em delitos desta natureza, conforme se verifica no caso em
tela. DOSIMETRIA DA PENA. AFASTAMENTO DA AGRAVANTE DO
ART. 61, INC. II, ALÍNEA F, DO CP. DESCABIMENTO. O juízo
sentenciante reconheceu a incidência da agravante em observâncias às
circunstâncias narradas na persecução, as quais demonstram, efetivamente,
que o crime foi cometido com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de
relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência
contra a mulher na forma da lei específica. Ademais, ao contrário do que
sustenta a defesa, o reconhecimento da agravante do art. 61, inc. II, alínea
“f”, do Código Penal, não viola o princípio do non bis in idem, pois está
circunstância não está abarcada pelo tipo penal, ultrapassando elementares
do delito. (TJRS, ACR 70084011717, 3ª CC, Rinez da Trindade, j.
16.12.20)
A agravante que será analisada está localizada no art. 61, II, g do Código Penal. Nesse
caso, o abuso é o uso de poder além dos limites legais, e violação de dever é o desrespeito às
normas que norteiam o cargo, o ofício, o ministério e a profissão. Não há abuso de poder sem
violação de dever, mas pode haver violação de dever sem abuso de poder.
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
APELAÇÃO CRIME. CORRUPÇÃO PASSIVA. RECEBIMENTO DE
VANTAGEM INDEVIDA. CONDENAÇÃO MANTIDA. VIOLAÇÃO DO
DEVER INERENTE AO CARGO. ELEMENTAR DO TIPO. BIS IN
IDEM. AGRAVANTE AFASTADA. A reconstituição probatória demonstra
que um dos réus, na condição de policial civil, lotado no DENARC, recebia
valores mensais de líder do tráfico para deixar de praticar atos de ofício a
que estava obrigado, repassando informações privilegiadas. Condenação
mantida. A aplicação da agravante prevista no art. 61, inciso II, alínea g, do
Código Penal, configura bis in idem, pois a violação do dever inerente ao
cargo é elementar do crime de corrupção passiva. Pena alterada. Apelo
parcialmente provido. EXTORSÃO. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA.
Reconstituição probatória insuficiente para juízo condenatório. A autoria
sinalizada como mera possibilidade não é o bastante para condenação
criminal, exigente de certeza plena e prova judicializada. Absolvição
mantida. (TJRS, ACR 70083116723, 4ª CC, Aristides Pedroso de
Albuquerque Neto, j. 22.10.20)
Situada no art. 61, II, h do Código Penal. De acordo com o doutrinador, Cesar
Bitencourt, considera-se, nas quatro hipóteses, a presumida menor capacidade de defesa
dessas vítimas, além da perversidade e covardia do agente. 24Segundo ele:
É imprescindível destacar que a idade da vítima seja abrangida pelo dolo, bem como o
conhecimento da sua situação, no caso da gravidez, ou seja, é fundamental que o sujeito ativo
tenha consciência da sua menoridade ou de sua condição de maior de sessenta anos, caso
contrário, a agravante é inaplicável.
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
Exemplos: um sujeito, sabendo que em determinada residência mora um idoso, invade
a casa, ameaça o idoso com emprego de arma e a obriga a abrir o seu cofre, levando seus
pertences; o marido que resolve matar a mulher grávida.
A agravante que será analisada está tipificada no art. 61, II, i do Código Penal.
Encontra-se nessa situação quem está sendo protegido ou custodiado pela autoridade pública.
A ênfase na censura de tal prática é revelada não somente pela audácia do agente, mas pelo
desrespeito à autoridade pública. De acordo com 25Nucci:
“Quem está sob proteção do Estado não deve ser atacado, agredido ou
perturbado. O agente que comete o delito contra vítima em tal situação
demonstra ousadia ímpar, desafiando a autoridade estatal. Por isso, merece
maior reprimenda.”
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NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
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NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2014.
Ainda, 27Bitencourt defende que:
Exemplo: durante a inundação de um bairro, o agente resolve ingressar nas casas para
furtar, enquanto os moradores buscam socorro.
Por fim, a última agravante tratada no art. 61, II do Código Penal está localizada na
alínea l do Código. Nesse caso, o agente embriaga-se propositalmente para praticar o crime.
Devido ao seu estado de embriaguez o agente procura liberar os “freios inibitórios” para
praticar o crime. Nessa forma, apresenta-se a hipótese de actio libera in causa, pois o sujeito
tem a intenção não apenas de embriagar-se, mas esta é movida pelo propósito criminoso.
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação,
2020.
ao não reconhecimento da legítima defesa, da minorante prevista no § 1º do
art. 121 do CP e da atipicidade do furto, bem como quanto ao
reconhecimento das qualificadoras dos delitos; ainda, diz que houve erro na
aplicação das penas, postulando a redução das penas-base, a aplicação da
benesse prevista no § 2º do art. 155 do CP e a redução ou isenção dos
dias-multa. 3. Inexistência de hipóteses enquadráveis nas alíneas "a" e "b"
do art. 593, inciso III, do CPP. 4. Decisão dos Jurados que não se mostra
contrária à prova dos autos, porquanto de acordo com versão constante dos
autos. 5. Conforme pacífica jurisprudência, o valor de R$ 170,00 não pode
ser considerado como ínfimo, considerando que, na época do fato, o salário
mínimo era de R$ 545,00. 6. Tratando-se de delito de homicídio qualificado,
cuja pena prevista é de 12 a 30 anos de reclusão, e de furto qualificado, que
a pena é de 02 a 08 anos, um aumento, respectivamente, de dois anos e de
seis meses para cada circunstância judicial desfavorável é
proporcionalmente adequado e suficiente. Pena-base mantida. 7. Não
configura bis in idem, havendo duas condenações anteriores transitadas em
julgado, a utilização de uma delas como circunstância judicial
(antecedentes) e a outra como agravante (reincidência). 8. A condição de
pobreza do acusado não dá amparo ao pedido de afastamento da pena de
multa, não havendo previsão legal para tanto. A multa é preceito secundário
do tipo pelo qual foi condenado e a sua parca condição financeira é levada
em conta na fixação do valor do dia-multa, como no caso. 9. Havendo prova
de que a vítima contava com 64 anos e 10 meses de idade à época dos fatos,
impõe-se a incidência da agravante prevista no art. 61, II, h, do CP.
Agravante reconhecida. 10. Inexistindo elementos de que acusado
embriagou-se para a prática dos delitos, não há como ser reconhecida a
agravante pelo estado de embriaguez preordenada. (TJRS, ACR
70052886215, 1ª CC, Julio Cesar Finger, j. 10.7.13)
Prevista no art. 62, I do Código Penal. A agravante citada é a hipótese que abrange a
pessoa que comanda, organiza ou favorece a prática de um delito, conhecido como o
“cabeça” de uma determinada associação criminosa.
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
simples, pois exige, no mínimo, a participação no crime de, pelo menos, três
pessoas.”
Agravante localizada no art. 62, II do Código Penal e tem por finalidade determinar
que coação é uma forma de obrigação. No entanto, coagir não é sinônimo de induzir, as quais
diferem-se pelo grau de intensidade de eficácia.
No que diz respeito à coação, ela poderá ter efeitos diversos. Se ela for irresistível,
exclui a punibilidade do coagido, mas, se for resistível, constituirá esta atenuante para o
coagido. Ainda, a coação pode ser dividida entre coação moral resistível ou irresistível e
coação física irresistível. Na coação moral irresistível existe vontade, embora esteja viciada,
ou seja, não é livremente formada pelo agente. Já na hipótese de coação moral resistível, não
haverá exclusão da culpabilidade, porque o sujeito tem a opção de agir em conformidade com
o Direito. Por outro lado, coação física irresistível exclui a própria ação, não havendo a
conduta típica.
A indução, por sua vez, é uma forma de suscitar uma ideia, isto é, fazer surgir uma
ideia até então inexistente.
Exemplo: um sujeito, após receber uma foto da sua família de um criminoso, o qual
afirmava que, se ele não ajudasse seus comparsas elaborar e executar o plano para assaltar o
banco em que trabalha, sua família seria morta.
Em continuidade à síntese, a agravante está localizada no art. 62, III do Código Penal.
Assim, pode-se dizer que instigar é fomentar a ideia já existente, enquanto determinar é dar
ordem para que o crime seja cometido. De acordo com 29Bitencourt:
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
Novamente, de acordo com 31Cesar Bitencourt:
Trata-se de uma hipótese de torpeza específica, ou seja, o agente que comete o crime
ou dele toma parte pensando em receber algum tipo de recompensa. A conduta praticada é
conhecida como crime mercenário.
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Bitencourt destaca que:
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
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BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva Educação, 2020.
4. DAS REFERÊNCIAS
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e Das Penas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.
BITENCOURT, Cesar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020.
LYRA, Roberto. Noções de Direito Criminal: Parte Especial. Rio de Janeiro: Nacional,
1944.
MARQUES, José Frederico. Tratado de Direito Penal: Parte Especial. São Paulo: Saraiva,
1961.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2014.