Você está na página 1de 9

AO JUÍZO DA VARA __ DE FAMÍLIA DA COMARCA DE FEIRA DE

SANTANA BAHIA

FULANO XXXXX, brasileiro, menor impúbere, nascido em


03/12/2013, representado por sua genitora FULANA XXX, brasileira,
solteira, lavradora, portadora da Cédula de Identidade RG nº...,
SSP/BA, inscrita no CPF... sob o nº, ambos residentes e domiciliados
na Rua..., s/nº, nesta Cidade de Feira de Santana, Estado da Bahia,
CEP..., endereço eletrônico: não possui, vem à presença de Vossa
Excelência, por seu advogado devidamente constituído (procuração
anexo), com endereço profissional na Rua..., s/n, Centro, ..., Bahia,
propor
AÇÃO DE ALIMENTOS C/C ALIMENTOS PROVISÓRIOS

em face de FULANO XXX, brasileiro, solteiro, lavrador,


portador da Cédula de Identidade RG nº..., SSP/BA, inscrito no CPF sob
o nº ..., residente e domiciliado na Avenida..., Centro, CEP..., na cidade
de Feira de Santana – Bahia, pelos fatos e motivos que passa a expor.

DOS FATOS

Conforme prova da certidão de nascimento em anexo, o


requerente é filho legitimo do requerido, fruto de um relacionamento
amoroso entre o requerido e sua genitora.
Desde a separação dos genitores, o menor está sob os
cuidados de sua genitora que possui guarda unilateral de fato.
Atualmente, a representante legal não trabalha e vem enfrentando
dificuldades em manter o padrão de vida do seu filho.
Trata-se de ação que busca resguardar a dignidade e
subsistência do Autor.

A fixação de alimentos é medida urgente e indispensável à


garantia de condições mínimas de sobrevivência, razão pela qual busca
a intervenção estatal.

DA PATERNIDADE

A paternidade fica perfeitamente comprovada mediante


cópia do documento de identificação (Certidão de nascimento), anexo.
DOS ALIMENTOS

A lei estabelece sabiamente os parâmetros a serem seguidos


para que a prestação de Alimentos seja firmada, devendo atender ao
binômio Necessidade/Possibilidade, como passará a demonstrar.

Nas palavras da doutrinadora Maria Berenice Dias:

"O fundamento do dever de alimentos se encontra no


princípio da solidariedade, ou seja, a fonte da obrigação
alimentar são os laços de parentalidade que ligam as
pessoas que constituem uma família, independentemente
de seu tipo: casamento, união estável, famílias
monoparentais, homoafetivas, socioafetivas
(eudemonistas), entre outras." (Maria Berenice Dias,
Manual de Direito das Famílias - Edição 2017, e-book,
28. Alimentos)

Ou seja, o direito a alimentos busca preservar o bem maior


da vida e assegurar a existência do indivíduo que depende deste auxílio
para sobreviver.

A criança tem resguardada os direitos inerentes à pessoa


humana no escopo dos artigos 227 e 229 da Constituição
Federal/1988:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.

Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os


filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e
amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.

Trata-se de proteção disposta ainda no Estatuto da Criança


e pelo Código Civil que não exclui a responsabilidade de ambos os pais
na manutenção e desenvolvimento da criança, mesmo diante da
separação:
Art. 1.579. O divórcio não modificará os direitos e deveres
dos pais em relação aos filhos.
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a
sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar,
que consiste em, quanto aos filhos:

Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os


pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo
seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se
reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário
ao seu sustento.

Art. 1696. O direito a prestação de alimentos é recíproco


entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes,
recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em
falta de outros.

A jurisprudência, assegurando este direito destaca:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DE FAMÍLIA. REVISÃO DE


ALIMENTOS. BINÔMIO POSSIBILIDADE / NECESSIDADE.
FILHA MENOR. MAJORAÇÃO. SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. A fixação
dos alimentos deve levar em consideração as
necessidades do alimentando e as possibilidades do
alimentante. Exige-se observar o binômio
necessidade/possibilidade conforme expressão do
art. 1694, § 1º do CC. 2. Nos termos do artigo 1699 do
Código Civil, para justificar a revisão do encargo
alimentício, deve ser comprovada a modificação nas
possibilidades financeiras de quem os supre. 3. O
percentual de 25% do salário mínimo, fixado na sentença,
mostrou-se adequado, se considerada a atual situação
financeira do alimentante, sem descurar das
necessidades da menor. 4. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. (TJ-DF 20170610011889 - Segredo de
Justiça 0001161-65.2017.8.07.0006, Relator: LUÍS
GUSTAVO B. DE OLIVEIRA, Data de Julgamento:
27/09/2017, 4ª TURMA CÍVEL, Data de Publicação:
Publicado no DJE : 02/10/2017 . Pág.: 320/327)

DA NECESSIDADE DO ALIMENTANDO

As necessidades do alimentando ficam perfeitamente


demonstradas diante das despesas fixas mensais inerentes à
subsistência do menor como: alimentação, farmácia, materiais
escolares, vestuário, internet, dentre outras.

DA POSSIBILIDADE FINANCEIRA DO ALIMENTANTE

Considerando que o Réu trabalha de carteira assinada para


o empregador ..., CEI sob o nº..., residente e domiciliado na Avenida...,
Centro, CEP..., na cidade de Feira de Santana – Bahia, com renda em
mínima de R$ 1.100,00 (um mil e cem reais), ou seja, apto a garantir
sua subsistência e do Autor, é de bom alvitre que os alimentos
provisórios sejam determinados no patamar de 30% dos rendimentos
líquidos do Requerido, contemplando 13º salário, férias, horas extras,
verbas rescisórias, com a expedição de ofício ao seu empregador, a fim
de que promova o desconto na folha de pagamento e repasse o valor,
mediante depósito bancário, ao autor da ação.

DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS

Os alimentos provisórios tem fundamento amparo na Lei


5.478/68 em seu Art. 4º "As despachar o pedido, o juiz fixará desde
logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o
credor expressamente declarar que deles não necessita."

No presente caso dois elementos ficam perfeitamente


caracterizados, a probabilidade do direito e o risco da demora, vejamos:

A PROBABILIDADE DO DIREITO resta caracterizada


diante da demonstração inequívoca do vínculo familiar e de
responsabilidade alimentar prevista no Art. 1.694 do Código Civil.

Já o RISCO DA DEMORA, fica caracterizado pela natureza


alimentar da presente ação, indispensável à subsistência do Autor, ou
seja, tal circunstância confere grave risco de perecimento do resultado
útil do processo, conforme leciona Humberto Theodoro Júnior:

"um risco que corre o processo principal de não ser


útil ao interesse demonstrado pela parte", em razão do
"periculum in mora", risco esse que deve ser objetivamente
apurável, sendo que e a plausibilidade do direito
substancial consubstancia-se no direito "invocado por
quem pretenda segurança, ou seja, o "fumus boni iuris"
(in Curso de Direito Processual Civil, 2016. I. p. 366).

Nesse sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPUGNAÇÃO AO


CUMPRIMENTO DE DECISÃO. REJEIÇÃO DA TESE DO
ALIMENTANTE PARA QUE OS ALIMENTOS PROVISÓRIOS
ARBITRADOS EM FAVOR DA FILHA INCIDAM DA
CITAÇÃO. DIES A QUO QUE DEVE OBSERVAR A DATA
DO ARBITRAMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 4º DA LEI N.
5.478/1968. PRECEDENTES DESTA CORTE.
INTERLOCUTÓRIO MANTIDO. "Ao contrário dos alimentos
definitivos, ou seja, aqueles fixados na sentença - os
quais, a teor do art. 13, § 2º, da Lei 5.478/68, são
devidos a partir da citação do devedor -, os
alimentos provisórios, fixados liminarmente, são
passíveis de exigibilidade a partir de seu
arbitramento, pois visam atender, desde logo, as
necessidades do alimentado" (TJSC, Agravo de
Instrumento n. 2013.044826-2, Des. Eládio Torret Rocha,
j. 3/4/2014). RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
(TJSC, Agravo de Instrumento n. 4011281-
46.2017.8.24.0000, da Capital, rel. Des. Selso de Oliveira,
Quarta Câmara de Direito Civil, j. 28-02-2019)

Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de


fundado receio de dano irreparável, sendo imprescindível a fixação de
alimentos provisórios em valor de R$ 330,00 (trezentos e trinta Reais),
nos termos do Art. 4º da Lei 5.478/68.

DA JUSTIÇA GRATUITA

Antes de adentrar nos aspectos de mérito da controvérsia,


o peticionário esclarece que não se encontra em condições de arcar
com as custas do processo e honorários advocatícios, sem sacrifício
do sustento próprio e de seus familiares, razão pela qual faz jus à
GRATUIDADE DE JUSTIÇA, nos termos dos artigos 98 e seguintes
do CPC/15, C/C as Leis 5.584/70 e 1.060/50.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, REQUER:

1. A concessão da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do


Código de Processo Civil;

2. O arbitramento de ALIMENTOS PROVISÓRIOS, ao equivalente o


30% dos rendimentos líquidos do réu, contemplando 13º salário,
férias, horas extras, verbas rescisórias;
2.1. A expedição de ofício ao Instituto Nacional de Seguridade
Social – INSS, com a finalidade obter informações dos vínculos
empregatícios do Requerido, a fim de que promova o desconto na
folha de pagamento e repasse o valor, mediante depósito
bancário, ao autor da ação;

2.2. No caso de desemprego, requer seja fixado o valor de


alimentos ao equivalente a 30% do salário mínimo vigente;

3. A citação do réu para responder a presente ação, querendo;

4. A PROCEDÊNCIA TOTAL da ação para fins de que sejam fixados


alimentos, equivalente a 30% dos rendimentos líquidos do réu,
contemplando 13º salário, férias, horas extras, verbas rescisórias,
mediante depósito bancário, ao autor da ação;

5. A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial


a testemunhal mediante designação de audiência;

6. Seja designada audiência de conciliação, e não havendo êxito,


seja designada audiência de Instrução e Julgamento para a oitiva
das partes e testemunhas;

7. Intimação do Ministério Público para intervir no feito, nos moldes


do artigo 698, do CPC;

8. A condenação do réu ao pagamento de honorários


advocatícios nos parâmetros previstos no art. 85, §2º do CPC.

9. Requer que as intimações ocorram EXCLUSIVAMENTE em nome


do ADVOGADO..., OAB/BA nº...

Dá-se à causa o valor R$ 3.960,00 (três mil e novecentos e sessenta


Reais)

Nestes Termos, Pede Deferimento.


Tapiramutá, Bahia, 17 de agosto de 2021.

ADVOGADO
OAB/BA

Você também pode gostar