Você está na página 1de 4

A tinta é um material líquido que quando aplicado, seja de forma diluída ou não, forma uma

película sólida, contínua, uniforme e aderente após a secagem. Ela é constituída por uma
suspensão de partículas opacas (pigmentos) e um veículo fluido, onde a função da primeira é
formar a película de proteção e a do segundo, agrupar os pigmentos. É importante salientar
que as tintas modernas possuem outros constituintes. A finalidade da aplicação das tintas pode
ser tanto para obter um aspecto mais agradável ou para obter proteção para a superfície.
Entre as funções da tinta, pode-se citar seu uso: como decoração; para a proteção de materiais
sobre os quais é aplicado, sendo que em metais, impede a corrosão, em argamassa reduz a
absorção de água e consequentemente a sua lixiviação e em madeiras, reduz a absorção da
água; para outras funções especiais, como motivos de higiene, retardar chamas, reduzindo a
reflexão de radiação térmica, como sinalização de trânsito e demarcação de tubulações (como
em edificações, diferenciando a tubulação de esgoto da de água potável, por exemplo).
Antigamente, as tintas possuíam um caráter mais decorativo, mas atualmente, apesar de
manter suas características estéticas, elas também são utilizadas como forma de proteção de
superfícies. As tintas modernas, contudo, foram inovadas, reduzindo o seu impacto ao meio
ambiente, tornando-se mais “amigáveis”, com a diminuição dos teores de VOC (Compostos
Orgânicos Voláteis), com a redução do odor e a substituição por emulsões (produtos de base
aquosa). Este é um fator importante, devido aos problemas causados pela presença do VOC,
como alergia e irritações. As indústrias do meio, trabalham constantemente na melhoria dos
produtos, para que não necessitem de nenhum solvente em sua constituição, mas que
preservem as suas características.
O Brasil é um dos cinco maiores mercados mundiais para tinta. Sendo que, na Construção
Civil as duas principais tintas utilizadas são: as tintas látex e os esmaltes sintéticos. A
primeira é recomendada para a aplicação em alvenaria, gesso, concreto, outros substratos à
base de cimento, etc. e o segundo para aplicação em substratos metálicos e em madeiras.
A tintas são compostas basicamente por: resinas e pigmentos, que constituem a parte não
volátil da tinta (sólidos); solventes, que constitui a parte volátil; e aditivos, para o acréscimo
ou a melhoria de alguma propriedade da tinta. A resina, também conhecida como ligante ou
veículo é o componente que aglutina o pigmento, sendo o responsável pela formação do filme
seco e pela maioria das características físicas e químicas deste, determinando o brilho, a
resistência e a aderência, por exemplo. Dentre as propriedades das resinas que influenciam no
produto final estão as propriedades mecânicas (como resistência à tração e a elasticidade), a
resistência ao intemperismo (raios UV, água e poluentes), a resistência química (como a
alcalinidade da argamassa, que pode causar deterioração na tinta) e a aderência. As resinas
são obtidas pela indústria petroquímica, com polímeros de durabilidade e propriedades
superiores àqueles obtidos antigamente, através de compostos naturais (animais e vegetais).
Na construção civil, as resinas mais utilizadas são os homopolímeros (polietileno), os
comopolímeros de acetato de vinila (tintas PVA) e os copolímeros acrílicos.
As tintas também são compostas por pigmentos, que são pequenas partículas, com tamanho
variando entre 0,1 µm e 5 µm, praticamente insolúveis no meio em que se encontra. Este
componente é responsável pela cor, pela cobertura e pela durabilidade da tinta, devido a sua
propriedade de reflexão da luz. Os pigmentos podem ser funcionais (metaborato de bário,
sulfeto de zinco), metálicos, brancos (dióxido de titânio) ou coloridos que se dividem entre
orgânicos e inorgânicos, onde estas ainda são subdividas em inertes e ativas. Os pigmentos
orgânicos podem ser solúveis ou insolúveis, sendo o primeiro mais caro, por possuir maior
poder de tingimento. Eles são considerados atóxicos, sendo muito utilizado na pintura de
interiores e em brinquedos para evitar a ingestão de metais pesados por crianças, por exemplo.
Além disso são mais brilhantes, mais claros e possuem maior poder de tingimento que os
pigmentos inorgânicos, com estabilidade térmica e resistência à luz ultravioleta elevada. Os
pigmentos inorgânicos influenciam no aspecto da pintura, como a cor e a textura, possuindo
elevada opacidade. As matérias-primas utilizadas para produzir as tintas inorgânicas são os
sais de metais, como ferro, cobre, crômio, chumbo e cádmio, que são poluentes e podem
prejudicar a saúde de quem os manipula. Os pigmentos inertes, ou cargas, tem como função
proporcionar consistência, lixividade, dureza, textura, entre outras características. Já os ativos
influenciam na cor e no poder de cobertura da tinta, sendo que o dióxido de titânio
proporciona cores claras e que o zarcão e o cromato de zinco possui propriedades
anticorrossivas.
Os solventes são voláteis, logo não fazem parte da pintura após a sua secagem e cura. O teor,
ou seja a sua quantidade, é definida momentos antes da aplicação da tinta, sendo que irá variar
conforme a absorção e a rugosidade do substrato. Dentre as suas funções básicas encontra-se
dissolver a resina (seja em esmaltes, óleos ou epóxis) e conferir a viscosidade adequada para a
aplicação, influenciando na secagem, na resistência à abrasão, no nivelamento, na expessura e
no aspecto estético da pintura. Logo, apesar do solvente ser volátil e não esteja presente na
pintura após a sua evaporação, ela influencia na aplicação, no desempenho e na durabilidade
da tinta. Os tipos de solvente são os hidrocarbonetos (alifáticos ou aromáticos), os glicóis, os
álcoois, os cetonas, os acetatos e outros compostos orgânicos. Vale citar que a tinta látex
(emulsão aquosa), utilizadas na construção civil, e as tintas hidrossolúveis, de uso industrial,
tem como solvente a água.
Os aditivos são substâncias aplicadas em pequenas proporções na tinta, entre 0,1% a 2% da
constituição. Eles proporcionam funções específicas, podendo ser: biocidas, sendo fungicidas,
bactericidas e algicidas, agindo contra microrganismos biológicos; reológicos, estabilizando a
emulsão e mantendo os pigmentos em suspensão, o que facilita a aplicação da tinta; e
antibolhas.
As formulações das tintas são o que difere uma tinta da outra. Sendo que a proporção das
matérias-primas irá fornecer as características desejadas. Uma formulação possui um elevado
número de matérias-primas, possuindo aproximadamente 15 substâncias diferentes. Parte
destas substâncias são utilizadas para a fabricação de produtos intermediários, como resinas e
emulsões. Uma fórmula típica para a fabricação de esmalte sintético e tinta látex, por
exemplo, necessitam de 10 componentes para a sua produção. Apesar de o conhecimento da
formulação permitir prever algumas propriedades, como porosidade e durabilidade, é
necessário a realização de ensaios de desempenho nas tintas.
Dentre as composições genéricas de tintas existentes no mercado, pode-se citar as
convencionais, com 30% de materiais não-voláteis e 70% de solvente, as tintas com alto teor
de sólidos, com 70% de materiais não-voláteis e 30% de solventes, as tintas à base de água,
com 40% de materiais não-voláteis, 2% de solventes e 58% de água e as tintas “No VOC”,
que não possuem solventes. É interessante citar as vantagens das tintas com alto teor de
sólido, desenvolvida a partir de polímeros com baixa viscosidade e caracterizada pelo elevado
teor de não-voláteis. Contudo, apesar da alta concentração de sólidos, possui a viscosidade de
uma tinta convencional. Dentre as vantagens desta tinta está a sua facilidade de aplicação, a
redução na emissão de solventes para a atmosfera, bem como a redução do uso dos mesmos,
além da redução do risco de incêndios e da maior espessura do filme por demão.
Consequentemente, ocorre uma redução dos custos, tanto pela redução do uso de solventes,
quanto pela maior espessura do filme, pois a espessura desta tinta pode chegar ao dobro da
convencional.
Sobre o processo de fabricação das tintas, ocorre as seguintes etapas: pesagem e doseamento
das matérias-primas de acordo com a composição a produzir, sendo que esta operação pode
ser realizada de forma manual ou automática; a mistura das resinas, diluentes, aditivos e,
posteriormente, dos pigmentos, onde, neste processo, os vários constituintes são
transformados em uma pasta; na dispersão ocorre a separação dos aglomerados de partículas
de pigmentos e de cargas, formados durante a mistura das partículas com o veículo, em
partículas primárias; a diluição e a afinação da cor; a filtração, com a retirada das partículas
gelatinosas (peles) ou outras partículas indesejadas; e, caso as tintas estejam dentro dos
padões espificados, o material é enlatado e distribuído no mercado.
Além dos produtos que formam barreira, existem os silicones, que não formam barreiras de
proteção, mas são conhecidos como produtos de tratamento de superfície.

Você também pode gostar