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(UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL


ESPECIALIZAÇÃO EM PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES

THALITA CRISTINA DI MASIRONI ANDRADE

PATOLOGIAS EM PATRIMÔNIO HISTÓRICO: O CASO DO


RESTAURO DO PALÁCIO DA JUSTIÇA DO PARANÁ EM CURITIBA

CURITIBA
2017
THALITA CRISTINA DI MASIRONI ANDRADE

PATOLOGIAS EM PATRIMÔNIO HISTÓRICO: O CASO DO


RESTAURO DO PALÁCIO DA JUSTIÇA DO PARANÁ EM CURITIBA
Monografia apresentada como requisito
parcial à obtenção do título de
Especialista em Patologia das
Construções, do Departamento
Acadêmico de Construção Civil da
Universidade Tecnológica Federal do
Paraná.

Orientadora: Profa. Dra. Giceli Portela


Cunico de Oliveira.

CURITIBA
2017
THALITA CRISTINA DI MASIRONI ANDRADE

PATOLOGIAS EM PATRIMÔNIO HISTÓRICO: O CASO DO


RESTAURO DO PALÁCIO DA JUSTIÇA DO PARANÁ EM CURITIBA

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista


no Curso de Pós-Graduação em Patologia das Construções, Universidade
Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, pela comissão formada pelos professores:

Orientador:

_____________________________________________
Prof. Dra. Giceli Portela Cunico de Oliveira
Departamento Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo, UTFPR – Câmpus Curitiba.

Banca:

_____________________________________________
Prof. Dr. José Alberto Cerri
Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba

_____________________________________________
Prof. Dr. Luís Salvador Petrucci Gnoato
Arquitetura e Urbanismo, PUCPR – Câmpus Curitiba

CURITIBA
2017
A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à minha amada mãe, Maria Tereza de Andrade,


que sempre me inspirou e se dedicou a me proporcionar o melhor de tudo possível.
Atribuo a ela a minha vontade de “pensar fora da caixa”, de usar a criatividade, de ir
além, acreditar e seguir meus sonhos. Sou grata por todo o apoio ao longo desse
trabalho e de toda minha vida. Amo muito você!
Aos meu amigos e familiares, agradeço por todo tipo de contribuição, seja
por encontros, mensagens, ou qualquer outra demonstração de apoio e carinho.
Amo vocês e vocês sabem disso! Sem vocês eu com certeza não conseguiria
metade das minhas conquistas.
Faço um agradecimento especial à minha querida terapeuta, que desde
sempre me incentivou a olhar para frente e traçar metas, não importando quão
loucas poderiam parecer. Obrigada Caroline Marafiga por ser um dos meus
anjinhos!
Agradeço imensamente à minha professora orientadora Giceli Portela
Cunico de Oliveira. Você foi e continua sendo uma grande inspiração pra mim e se
tornou uma grande amiga. Obrigada por todo o apoio, orientação, dedicação e
carinho despendido! Espero que continuemos nossa parceria!
Aos professores e toda a equipe do CEPAC da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, meu muito obrigado pelo aprendizado ao longo desse ano que
passou. Espero poder contar com vocês assim como vocês com certeza poderão
contar comigo.
Professora Iaskara, obrigada por ser uma querida, sempre oferecer ajuda e
se preocupar com o meu andamento nas matérias de arquitetura.
À arquiteta Thereza Duarte agradeço imensamente pela paciência e tempo
doados a mim, sem o seu auxílio não seria possível o êxito nesse trabalho. Pode
contar comigo!
Ao engenheiro Egberto Acyr Pereira Hilú, meu muito obrigado pela
disponibilidade e paciência. Pode ter certeza que você me ajudou muito e espero ter
a oportunidade para retribuir.
Ao José Luiz Leite da Silva Filho, agradeço por me ajudar com o material
colhido para este trabalho.
Salvador Gnoato, obrigada por me receber e me auxiliar para a finalização
do trabalho.
Agradeço ao Paulo Sérgio da Silva por ter sido tão solícito e demonstrar
interesse no resultado final do meu esforço. Sua ajuda foi de grande valia.
No mais agradeço a todos que de alguma forma me ajudaram a concluir o
trabalho.
RESUMO
ANDRADE, Thalita Cristina Di Masironi. Patologias em Patrimônio Histórico: O caso
do restauro do Palácio da Justiça do Paraná em Curitiba. 2017. 155f. Monografia
(Especialização em Patologia das Construções) – Departamento Acadêmico de
Construção Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2017.

Este trabalho apresenta um estudo de caso de uma obra de restauro e ampliação


realizada no Palácio da Justiça do Paraná entre os anos de 2014 e 2016, localizado
na cidade de Curitiba. Apresenta os pontos mais significativos para entendimento do
contexto histórico da edificação e introduz os principais temas que envolvem o
estudo de caso, com enfoque em Restauro correlacionado a Patologia das
Construções. Finalmente mostra as atividades desempenhadas e o desfecho para
cada uma delas, enfatizando quão amplo pode ser o leque de soluções possíveis.

Palavras-chave: Restauro. Patologia. Patrimônio. Arquitetura Modernista. Palácio


da Justiça.
ABSTRACT
ANDRADE, Thalita Cristina Di Masironi. Pathologies in Historic Heritage: The case of
the restoration of the Paraná’s Palace of Justice in Curitiba. 2017. 155f. Monografia
(Especialização em Patologia das Construções) – Departamento Acadêmico de
Construção Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2017.

This work presents a case study of a restoration and enlargement done at the Justice
Palace of Paraná between 2014 and 2016, located in Curitiba city. Presents the most
significant points in order to understand the historic context of the edification and
introduces the main subjects that involve the case study, focusing on Restoration
correlated to the Constructions Pathology. Finally shows the performed activities and
the closure for each one of them, emphasizing how open can be the hall of possible
solutions.

Keywords: Restoration. Pathology. Heritage. Modern Architecture. Paraná’s Palace


of Justice.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa da cidade de Curitiba em 1857. ..................................................... 25


Figura 2 – Mapas de Curitiba com planos de Ferucci e Guaita. 1) e 2)
Idealização da implantação da Estação Ferroviária por Ferucci. 3)
Plano “Nova Curitiba” de Ernesto Guaita com ruas ortogonais ao
eixo (rua da Liberdade). 4) Crescimento de Curitiba no mínimo pelos
próximos 50 anos. ..................................................................................... 26
Figura 3 – Proposta para o Centro Cívico no Plano Agache, 1943: Implantação
e perspectiva. ........................................................................................... 29
Figura 4 – Proposta para o Centro Cívico em 1953, onde: a) mostra a
implantação dos edifício na praça; b) mostra as fachadas do edifício
da cada faceta da praça. .......................................................................... 30
Figura 5 – Inscrição do Centro Cívico no Livro do Tombo do Estado do Paraná ..... 35
Figura 6 – Croquis com a área hachurada em que o restauro foi preponderante
em um pavimento tipo. ............................................................................. 42
Figura 7 – Modelo 3D do Palácio da Justiça: Fachada frontal .................................. 48
Figura 8 – Modelo 3D do Palácio da Justiça: Fachada posterior .............................. 48
Figura 9 – Legenda do mapa de danos das fachadas frontal e posterior ................. 49
Figura 10 – Mapa de danos da fachada frontal ........................................................ 49
Figura 11 – Mapa de danos da fachada posterior .................................................... 49
Figura 12 – Fluxograma dos procedimentos de restauro das fachadas do
Palácio da Justiça .................................................................................. 51
Figura 13 – Esquema de reforço com tela soldada nos trechos de revestimento
com fissuras ........................................................................................... 62
Figura 14 - Formas de ruptura no ensaio de resistência de aderência à tração
para um sistema de revestimento com chapisco ................................... 68
Figura 15 - Espessura dos contrapisos para cada pavimento tipo e esquema
genérico de planta e corte fornecidos pela Construtora SIAL ............. 116
Figura 16 – Esquema da solução adotada para o contrapiso para um
pavimento tipo, onde a área hachurada refere-se ao contrapiso
novo ..................................................................................................... 117

Figura D.1 - Planta do subsolo do Palácio da Justiça ............................................. 146


Figura D.2 – Planta do pavimento térreo do Palácio da Justiça ............................. 147
Figura D.3 – Planta do mezanino do Palácio da Justiça ......................................... 148
Figura D.4 – Planta do primeiro pavimento do Palácio da Justiça .......................... 149
Figura D.5 – Planta do segundo pavimento do Palácio da Justiça ......................... 150
Figura D.6 – Planta do terceiro pavimento do Palácio da Justiça ........................... 151
Figura D.7 – Planta do pavimento tipo do Palácio da Justiça ................................. 152
Figura D.8 – Planta do pavimento técnico do Palácio da Justiça ........................... 153
Figura D.9 – Corte transversal do Palácio da Justiça ............................................. 154
LISTA DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 1 – a) Maquete da cidade de Curitiba correspondente ao ano de


1876 doada em 1939 ao Museu Paranaense; b) Legenda da
maquete com os principais pontos da cidade. ................................... 22
Fotografia 2 – Casa Romário Martins: único exemplar remanescente da
Arquitetura Colonial em Curitiba. ....................................................... 23
Fotografia 3 – Paço Municipal de Curitiba em 1916 ................................................. 24
Fotografia 4 – Universidade do Paraná (atual Universidade Federal do Paraná)
em 1914 ............................................................................................. 24
Fotografia 5 – Estação Ferroviária de Curitiba ao fundo, 1909................................. 27
Fotografia 6 – Edifício Moreira Garcez em 1935....................................................... 27
Fotografia 7 – Exemplo de edifício com traços de art-déco, década de 1950 .......... 28
Fotografia 8 – Perspectiva da maquete do Centro Cívico (déc.1950): Palácio da
Justiça em primeiro plano. ................................................................. 31
Fotografia 9 – Visão aérea do Centro Cívico em Construção, década de 1950 ....... 31
Fotografia 10 – Palácio da Justiça em 1977. ............................................................ 32
Fotografia 11 – Vista aérea do Palácio da Justiça (abaixo), Anexo I (acima) e
Assembléia Legislativa (à esquerda) ............................................... 33
Fotografia 12 – Miscelâneas típicas da fachada frontal ............................................ 46
Fotografia 13 – Miscelânea típica de trechos verticais da fachada frontal:
predominância da cor verde ............................................................ 46
Fotografia 14 – Miscelânea típica de trechos abaixo da verga superior das
janelas e das sacadas da fachada frontal: predominância da
cor amarela ...................................................................................... 47
Fotografia 15 – Miscelânea típica da fachada posterior: predominância da cor
azul ................................................................................................................... 47
Fotografia 16 – Aspecto das pastilhas originais ........................................................ 52
Fotografia 17 – Ponto do revestimento com oxidação na região de
chumbamento dos brises. ................................................................ 53
Fotografia 18 – Trecho com pastilhas pintadas ........................................................ 54
Fotografia 19 – Testes de remoção da pintura das pastilhas das fachadas ............. 54
Fotografia 20 – Testes de remoção da pintura das pastilhas das fachadas. a) e
b) delimitação com fita da região de teste a ser feito com os
detergentes líquido e em talco; c) e d) aspersão e fricção do
talco nas pastilhas; e) finalização com politriz; f) resultado final. .... 55
Fotografia 21 – a) Vista geral de sujidade decorrente de poluição; b) detalhe. ........ 56
Fotografia 22 – Sequência de tratamento das pastilhas com perda de base: a)
furação até o substrato em dois pontos extremos no rejunte; b)
e c) injeção da mistura com pistola manual até expulsão do
pelo furo extremo; d) finalização após assentamento com
martelo de borracha. ........................................................................ 57
Fotografia 23 – Placa inteiriça de pastilhas removidas ............................................. 58
Fotografia 24 – Pastilhas removidas ......................................................................... 58
Fotografia 25 – Imersão das placas em produto para desestruturação da
argamassa. .................................................................................... 59
Fotografia 26 – Aspecto das pastilhas com desestruturação da argamassa em
andamento ....................................................................................... 59
Fotografia 27– Imersão das placas em produto dentro da betoneira........................ 59
Fotografia 28– Separação das pastilhas por cores ................................................... 60
Fotografia 29 – Entelamento das pastilhas limpas.................................................... 60
Fotografia 30 – Trinca no revestimento de pastilhas ................................................ 61
Fotografia 31 – Demonstração da dimensão de trinca no revestimento de
pastilhas......................................................................................... 61
Fotografia 32 – Execução de reforço com tela soldada nos trechos de
revestimento com fissuras ............................................................... 63
Fotografia 33 – Reforço com tela em trinca longitudinal do revestimento
pastilhado, sendo: a) tela instalada; b) emboço refeito. .................. 63
Fotografia 34 – Exemplo de pastilhas faltantes ........................................................ 64
Fotografia 35 – Rejuntamento das pastilhas ............................................................. 65
Fotografia 36 – Resultado final das pastilhas nas sacadas do Palácio .................... 65
Fotografia 37 – Resultado final das pastilhas da fachada posterior do Palácio ........ 66
Fotografia 38 – Resultado final das pastilhas da fachada frontal do Palácio ............ 66
Fotografia 39 – Aspecto final da fachada lateral direita do Palácio. Obs: A
imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto. ....... 69
Fotografia 40 – Placas de mármore dos pilotis com sujidades ................................. 70
Fotografia 41 – Placas de mármore dos pilotis com furos ........................................ 70
Fotografia 42 – Execução do restauro dos pilotis externos ...................................... 71
Fotografia 43 – Aspecto final dos pilotis da fachada frontal. Obs: A imagem
pode apresentar distorções por conta do tipo de foto. .................... 72
Fotografia 44 – Aspecto do piso de mármore do pavimento térreo antes da obra
de restauro ....................................................................................... 74
Fotografia 45 – Aspecto do piso de mármore de um dos pavimentos antes da
obra de restauro .............................................................................. 75
Fotografia 46 – Aspecto do piso de mármore da escadaria em caracol antes da
obra de restauro .............................................................................. 75
Fotografia 47 – Escadaria em caracol durante a obra de restauro ........................... 76
Fotografia 48 – Escadaria lateral durante a obra de restauro ................................... 76
Fotografia 49 – Detalhe da nova soleira de mármore no piso do mezanino: vista
superior ............................................................................................ 76
Fotografia 50 – Recolocação das peças de mármore no piso do pavimento
térreo ............................................................................................. 77
Fotografia 51 – Piso de mármore do pavimento térreo reinstalado .......................... 77
Fotografia 52 – Limpeza do piso de mármore........................................................... 78
Fotografia 53 – Polimento do piso de mármore do pavimento térreo: a) vista do
hall de entrada; b) abaixo da escadaria em caracol. ....................... 78
Fotografia 54 – Impermeabilização do piso de mármore do primeiro pavimento ..... 79
Fotografia 55 – Distinguibilidade entre o piso de mármore existente e o novo do
primeiro pavimento. ......................................................................... 79
Fotografia 56 – Aspecto final da área do primeiro pavimento. Obs: A imagem
pode apresentar distorções por conta do tipo de foto. .................... 80
Fotografia 57 – Aspecto final da escadaria em caracol após o restauro. ................. 81
Fotografia 58 – Aspecto final do pavimento térreo.................................................... 81
Fotografia 59 – Remoção dos azulejos das paredes dos banheiros, onde é
notável o método de assentamento original. ................................... 82
Fotografia 60 – Remoção das placas hexagonais e quadradas de (10 x 10) cm ..... 83
Fotografia 61 – Remoção das placas hexagonais .................................................... 83
Fotografia 62 – Azulejos originais recuperados das paredes dos banheiros ............ 84
Fotografia 63 – Porcelanatos hexagonais originais recuperado dos pisos dos
banheiros ......................................................................................... 84
Fotografia 64 – Limpeza do piso 10 x 10 cm ............................................................ 84
Fotografia 65 – Limpeza das placas hexagonais ...................................................... 84
Fotografia 66 – Placas hexagonais e 10 x 10 cm após limpeza ............................... 84
Fotografia 67 – Entelamento das placas hexagonais com papel .............................. 85
Fotografia 68 – Aspecto final do banheiro lateral do sexto pavimento (“Restauro
Exemplar”), com piso e azulejos das paredes restaurados. Obs:
A imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto. ... 86
Fotografia 69 – Aspecto final do banheiro central do sexto pavimento
(“Restauro Exemplar”), com piso cerâmico e azulejos das
paredes restaurados. Obs: A imagem pode apresentar
distorções por conta do tipo de foto. ................................................ 86
Fotografia 70 – Aspecto final do banheiro PNE (igual em todos os pavimentos).
Obs: A imagem pode apresentar distorções por conta do tipo
de foto. ............................................................................................. 87
Fotografia 71 – Aspecto final do banheiro lateral do décimo pavimento. Obs: A
imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto. ....... 88
Fotografia 72 – Aspecto final do banheiro central do décimo pavimento Obs: A
imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto. ....... 88
Fotografia 73 – Aspecto do piso com a remoção dos tacos de madeira .................. 89
Fotografia 74 – Avarias nos tacos de madeira .......................................................... 89
Fotografia 75– Tacos de madeira do corredor do sexto pavimento antes do
restauro ............................................................................................ 90
Fotografia 76– Reinstalação dos tacos de madeira no hall próximo à fachada
frontal ............................................................................................... 91
Fotografia 77– Polimento do revestimento em tacos de madeira do sexto
pavimento ........................................................................................ 91
Fotografia 78 – Sexto pavimento (“Restauro Exemplar”): corredor com piso de
tacos de madeira restaurados ......................................................... 92
Fotografia 79 – Trecho do “Restauro Exemplar”: Demarcação com faixa de
mármore entre piso novo e piso restaurado .................................... 93
Fotografia 80 – Trecho do “Restauro Exemplar”: Piso de tacos de madeira,
rodapé de madeira branca e porta com moldura de madeira .......... 94
Fotografia 81 – Poços de elevadores antes do restauro........................................... 95
Fotografia 82 – Painel dos elevadores do pavimento térreo ..................................... 97
Fotografia 83 – Painel dos elevadores do sexto pavimento (“Restauro
Exemplar”) antes do restauro. ......................................................... 97
Fotografia 84 – Elevadores sem painel de madeira, antes do restauro .................... 98
Fotografia 85 – Aspecto final dos elevadores públicos do pavimento térreo.
Obs: A imagem pode apresentar distorções por conta do tipo
de foto. ............................................................................................. 98
Fotografia 86 – Aspecto final dos elevadores públicos do primeiro ao nono
pavimentos, exceto pelo sexto (“Restauro Exemplar”). Obs: A
imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto. ....... 99
Fotografia 87 – Aspecto final dos elevadores públicos do sexto pavimento
(“Restauro Exemplar”). Obs: A imagem pode apresentar
distorções por conta do tipo de foto. ................................................ 99
Fotografia 88 – Aspecto final dos elevadores públicos do décimo pavimento.
Obs: A imagem pode apresentar distorções por conta do tipo
de foto. ........................................................................................... 100
Fotografia 89 – Aspecto final dos elevadores privativos (igual em todos os
pavimentos). Obs: A imagem pode apresentar distorções por
conta do tipo de foto. ..................................................................... 100
Fotografia 90 – Cobertura antes do restauro .......................................................... 101
Fotografia 91 – Pavimento técnico após o restauro: vista geral da cobertura ........ 101
Fotografia 92 – Pavimento técnico: estrutura metálica de apoio do maquinário.
Obs: A imagem pode apresentar distorções por conta do tipo
de foto. ........................................................................................... 103
Fotografia 93 – Pavimento técnico: vista das caixas d’água................................... 103
Fotografia 94 – Pavimento técnico: recuo frontal da estrutura metálica de apoio
do maquinário. ............................................................................... 104
Fotografia 95 – Esquadrias originais de ferro com oxidação .................................. 105
Fotografia 96 – Esquadrias originais de ferro da fachada posterior (ao lado da
escadaria) com vidros quebrados .................................................. 105
Fotografia 97 – Aspecto final das esquadrias: vista interna do pavimento térreo ... 106
Fotografia 98 – Guarda-corpo da escadaria em caracol antes do restauro ............ 107
Fotografia 99 – Detalhe do guarda-corpo da escadaria lateral com avarias........... 108
Fotografia 100 – Detalhe do guarda-corpo da escadaria lateral com riscos
profundos ..................................................................................... 108
Fotografia 101 – Guarda-corpo da escadaria em caracol após o restauro ............. 109
Fotografia 102 – Detalhe do guarda-corpo da escadaria lateral após o restauro ... 109
Fotografia 103 – Divisões navais anteriormente existentes no Palácio .................. 110
Fotografia 104 – Agência da Caixa Econômica existente no pavimento térreo
antes do restauro ......................................................................... 111
Fotografia 105 – Divisórias de vidro jateado existentes no mezanino antes do
restauro........................................................................................ 111
Fotografia 106 – Pavimento térreo com a parede mantida ao fundo. Obs: A
imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto.... 112
Fotografia 107 – Vidros do Palácio da Justiça com sujidades da própria obra....... 113
Fotografia 108 – Limpeza dos vidros da fachada frontal do Palácio, com uma
mistura de detergente líquido e talco formando uma pasta......... 114
Fotografia 109 – Aspecto final dos vidros. .............................................................. 114
Fotografia 110 – Vista de uma das passarelas metálicas de ligação entre o
Palácio e Anexo I. Obs: A imagem pode apresentar distorções
por conta do tipo de foto. ............................................................. 119
Fotografia 111 – Vista geral da capela antes do restauro....................................... 120
Fotografia 112 – Vista do altar da capela antes do restauro................................... 121
Fotografia 113 – Vitrais do altar removidos para restauro ...................................... 121
Fotografia 114 – Vista geral da capela após o restauro. Obs: A imagem pode
apresentar distorções por conta do tipo de foto. ......................... 122
Fotografia 115 – Detalhe do painel externo da capela antes do restauro............... 123
Fotografia 116 – Painel externo da capela após o restauro. Obs: A imagem
pode apresentar distorções por conta do tipo de foto. ................ 124
Fotografia 117 – Lustres do pavimento térreo antes do restauro ........................... 125
Fotografia 118 – Lustre do pavimento térreo com luzes acesas, antes do
restauro........................................................................................ 125
Fotografia 119 – Lustre em processo de restauro, sem as lâmpadas .................... 125
Fotografia 120 – Lustre em processo de restauro, com as lâmpadas .................... 125
Fotografia 121 – Detalhe dos vidros que compõem os lustres ............................... 126
Fotografia 122 – Aspecto final dos lustres do pavimento térreo com as
lâmpadas apagadas. Obs: A imagem pode apresentar
distorções por conta do tipo de foto............................................. 127
Fotografia 123 – Aspecto final dos lustres do pavimento térreo com as
lâmpadas acesas ......................................................................... 127
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Áreas restauradas e ampliadas do Palácio da Justiça........................... 42


Quadro 2 - Limites de resistência de aderência à tração para emboço e camada
única. ...................................................................................................... 67
Quadro 3 - Peso específico aparente dos materiais constituintes do contrapiso dos
pavimentos tipo do Palácio da Justiça. ................................................ 116
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 16
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................ 16
1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 17
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 17
1.2.2 Objetivo Específico ......................................................................................... 17
1.3 JUSTIFICATIVAS .............................................................................................. 17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 19
2.1 O PATRIMÔNIO CULTURAL ............................................................................ 19
2.1.1 Patrimônios de Curitiba .................................................................................. 20
2.2 O PRINCÍPIO DA ARQUITETURA EM CURITIBA ........................................... 21
2.3 O PALÁCIO DA JUSTIÇA DO PARANÁ ........................................................... 29
2.3.1 História ........................................................................................................... 29
2.3.2 Inscrição no Livro Tombo ............................................................................... 34
2.4 PATOLOGIAS E OUTRAS DEFINIÇÕES ......................................................... 36
2.4.1 Sustentabilidade ............................................................................................. 36
2.4.2 Nanotecnologia .............................................................................................. 37
2.4.3 Mapa de Danos .............................................................................................. 37
2.4.4 Manual de Manutenção .................................................................................. 38
3 METODOLOGIA .................................................................................................. 39
3.1 COLETA DE DADOS ........................................................................................ 39
3.2 O RESTAURO .................................................................................................. 39
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 44
4.1 REVESTIMENTOS EXTERNOS ....................................................................... 44
4.1.1 Fachadas com Pastilhas ................................................................................ 45
4.1.2 Fachadas “Cegas” .......................................................................................... 67
4.1.3 Mármore Branco “Paraná” dos Pilotis ............................................................ 69
4.2 REVESTIMENTOS INTERNOS ........................................................................ 73
4.2.1 Mármore Branco “Paraná” dos Pisos e Paredes ............................................ 73
4.2.2 Revestimentos dos Banheiros ........................................................................ 82
4.2.3 Tacos de Madeira dos Pisos .......................................................................... 89
4.3 INSTALAÇÕES PREDIAIS ............................................................................... 94
4.3.1 Elevadores: Estrutura e Acabamentos ........................................................... 94
4.3.2 Pavimento Técnico: Instalações e Acabamentos ......................................... 101
4.4 MISCELÂNEAS METÁLICAS ......................................................................... 104
4.4.1 Esquadrias ................................................................................................... 104
4.4.2 Guarda-corpos ............................................................................................. 106
4.5 FECHAMENTOS ............................................................................................. 110
4.5.1 Divisões Internas .......................................................................................... 110
4.5.2 Vidros das Fachadas .................................................................................... 112
4.6 A ESTRUTURA ............................................................................................... 115
4.6.1 Pisos e Contrapisos ..................................................................................... 115
4.6.2 Passarelas Metálicas ................................................................................... 118
4.7 OUTROS ......................................................................................................... 119
4.7.1 A Capela ....................................................................................................... 119
4.7.2 Lustres .......................................................................................................... 124
4.7.3 O Subsolo ..................................................................................................... 128
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 129
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 131

ANEXO A – RELAÇÃO DOS BENS IMÓVEIS DO PATRIMÔNIO CULTURAL DE


CURITIBA ............................................................................................................... 134
ANEXO B – RELAÇÃO DOS BENS TOMBADOS EM CURITIBA PELO ESTADO
DO PARANÁ ........................................................................................................... 143
ANEXO C – RELAÇÃO DOS BENS TOMBADOS DE CURITIBA E PROCESSO DE
TOMBAMENTO EM ANDAMENTO PELO IPHAN ATÉ O DIA 25 DE NOVEMBRO
DE 2016 .................................................................................................................. 145
ANEXO D – TRECHOS DO PROJETO “COMO CONSTRUÍDO” DE
RESTAURAÇÃO E AMPLIAÇÃO DO PALÁCIO DA JUSTIÇA ............................ 146
16

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O espaço urbano é formado pela delimitação de suas vias e ruas e pelos


seus edifícios, que contam a história das pessoas que ali residem e que por ali
passaram. Assim sendo, fica evidente a importância, para a cultura e a história local,
de preservar as edificações que representam algum movimento histórico, artístico ou
arquitetônico. No entanto, essa conservação deve ser feita com a consciência de
que, conforme enuncia Bacoccini (2011, p.9), “Preservar é dar passagem às
interferências do correr dos anos, demarcando o contexto de cada época. É também
manter o moderno ao lado do antigo”.
O trabalho aqui apresentado, ilustra a obra de restauro, ocorrida entre os
anos de 2014 e 2016, do Palácio da Justiça do Paraná, localizado na cidade de
Curitiba, explanando o histórico do restauro, mostrando as adversidades
encontradas e superadas ao longo da obra, bem como as soluções adotadas para
as patologias identificadas. Assim sendo, até o final do trabalho, ter-se-á uma
análise dessa maravilhosa obra, com o intuito de inserir o leitor, seja leigo ou não, no
contexto da obra e introduzi-lo um novo olhar sobre a riqueza e a beleza
“escondidas” nos patrimônios históricos como um todo.
O Palácio da Justiça é uma edificação da década de 1950 e finalizada em
1962 (CASTRO, 2011, p.112), sendo um dos edifícios que melhor traduzem o
Movimento Moderno na cidade de Curitiba, com seus pilotis no piso térreo e
esquadrias que ocupam as fachadas em grande escala, representando a identidade
dos arranha-céus brasileiros dessa época (GNOATO, 2009, p.67). No ano de 2003,
foi construído um edifício adicional ao complexo do Palácio da Justiça, chamado
Anexo I, com acesso ao prédio original por meio de passarelas nos primeiros
pavimentos. Em 2007, foi realizado um projeto de “reforma e ampliação”, que
apresentou a construção de mais um edifício para o complexo (Anexo II) e de um
subsolo para servir como estacionamento, projeto este aprovado e nunca executado.
Foi então em 2013 que o projeto de 2007 foi revisto e divulgado sob o nome de
“Projeto de Retrofit e Ampliação”, não sendo aprovado devido ao recente
tombamento do conjunto arquitetônico do Centro Cívico em 2012. Modificados os
itens necessários para atender aos requisitos impostos pela Coordenadoria do
17
Patrimônio Cultural (CPC), o projeto de “Restauro e Ampliação do Palácio da
Justiça” foi finalmente aprovado em junho de 2014 (GNOATO, 2014)1.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O trabalho tem como objetivo geral apresentar uma análise da obra de


restauro do estudo de caso tratado fazendo-se a correlação com o estudo das
patologias, expondo a escolha das soluções mais adequadas e a sua aplicabilidade.

1.2.2 Objetivo Específico

Como objetivos específicos podemos elencar os seguintes:


• Apresentar soluções que podem ser adotadas para outras obras de
restauro, em especial de arquitetura modernista;
• Mostrar de um modo geral a dimensão dos processos de restauração e,
com uma visão crítica, os limites do novo e do antigo restaurado;
• Enfatizar à comunidade a importância da manutenção de qualquer
edificação, seja ela patrimônio histórico ou não;
• Contribuir com conhecimento e olhar crítico, agregando valor às
edificações atuais e às profissões ligadas à arte de restaurar;
• Analisar a tratativa das patologias das construções no âmbito de
edificações históricas referente às técnicas retrospectivas;
• Mostrar a conjuntura atual do restauro nos patrimônios modernos e as
dúvidas ainda em voga nesse campo de atuação.

1.3 JUSTIFICATIVAS

As edificações envelhecem com o tempo e uso, sendo que muitas delas não
são valorizadas por seu conteúdo histórico até o momento em que são destruídas.
No caso das construções mais novas, nomeadamente modernistas e pós-
modernistas, a valorização como patrimônio histórico é mais difícil por ainda não

1
GNOATO, Luís Salvador Petrucci. Projeto de Restauro e Ampliação: Palácio da Justiça: Centro
Cívico de Curitiba: Memorial Justificativo. Curitiba, PR, 2014. 2p. Documento fornecido à autora
pelo Tribunal de Justiça do Paraná.
18
representarem com clareza a definição de um marco ou movimento de uma época
mais recente. Também por esse motivo, as obras do Movimento Moderno, ainda não
foram restauradas em larga escala, faltando ciência aos profissionais de restauro
sobre as patologias que acometem esse tipo de construção e seus materiais; e
técnica para corrigi-las sem agredir a edificação como bem cultural.
No caso específico do Palácio da Justiça do Paraná, em que a inscrição no
Livro Tombo, como patrimônio histórico do Estado do Paraná, foi feita apenas em
2012 (aproximadamente cinco décadas depois de sua construção), foi possível
observar as marcas de reformas anteriores ao restauro de 2014, feitas sem dar a
devida atenção à preservação de um legado histórico.
19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O PATRIMÔNIO CULTURAL

O trabalho aqui desenvolvido faz a junção de assuntos multidisciplinares,


sendo a Patologia das Construções uma área do conhecimento da Engenharia Civil;
e as teorias de Restauro e definições relacionadas a Patrimônio Cultural, áreas do
conhecimento de Arquitetura, História, Arqueologia, Engenharia, Artes, entre outros.
Por esse motivo, apresenta-se uma breve descrição de alguns termos, com o intuito
de inserir o leitor, seja ele de alguma das especialidades ou não, no contexto geral
do conhecimento o suficientemente necessário para a compreensão e interpretação
do texto apresentado.
Afinal, qual a definição de Patrimônio Cultural? No Brasil, essa definição
aparece oficialmente no Decreto-Lei Federal no 25, de 30 de novembro de 1937:
Artigo 1º - Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos
bens móveis e imóveis existentes no País e cuja conservação seja de
interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do
Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico,
bibliográfico ou artístico. (BRASIL, 1937, p.1)

Assim sendo, o Patrimônio Histórico e Artístico pode ser uma edificação,


uma crença, uma paisagem e até uma pessoa. Segundo o Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (2014), o tombamento de um bem pode se dar no
âmbito mundial, nacional, estadual ou municipal, mediante solicitação elaborada por
pessoa física ou jurídica, por meios formais; posterior avaliação da importância
desse bem por meio da instituição competente e inscrição no(s) Livro(s) do Tombo.
A partir de então, o bem tombado é fiscalizado e requer autorização para qualquer
tipo de intervenção. Abaixo são listados todos os Livros do Tombo passíveis de
receberem inscrição no âmbito estadual:
• Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico;
• Livro do Tombo Histórico;
• Livro do Tombo das Belas Artes;
• Livro do Tombo das Artes Aplicadas.
A história do Patrimônio Cultural no Brasil remonta à década de 1920,
quando em 1929, o arquiteto e urbanista Le Corbusier realiza sua primeira visita à
América do Sul, sendo que no Brasil ministrou palestras em São Paulo e Rio de
Janeiro, atuando como grande difusor dos ideais modernistas no país (IPHAN,
20
2014). A partir de então, várias medidas são tomadas para que os bens materiais e
imateriais sejam salvaguardados no país.
No ano de 1937, com Getúlio Vargas como Presidente da República, é
criado o Ministério de Educação e Cultura e o Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (SPHAN) - sob condução de Rodrigo Melo Franco de Andrade2
por indicação de Mário de Andrade3 - que têm no Decreto-Lei no 25 de 1937 a
legislação básica de proteção ao Patrimônio. Já em 1938 o Paraná tem seus
primeiros bens tombados no âmbito nacional e apenas 10 anos depois é formado no
Estado do Paraná o Conselho do Patrimônio Histórico e Artístico e, conforme regido
pela Lei Estadual no 112 de 1948, a Divisão de Defesa do Patrimônio Histórico,
Artístico e Cultural. Somente em 1962, após a sanção da Lei no 1211 de 1953,
ocorre o primeiro tombamento no âmbito estadual paranaense, a começar pelos
bens já tombados até então no âmbito nacional. O panorama é de evolução
crescente para os próximos anos, sendo que em 1979 já haviam 59 iniciativas em
andamento para tombamento de bens pelo Estado do Paraná, com criação da
Curadoria do Patrimônio Histórico e Artístico dentro da Coordenação do Patrimônio
Cultural (CPC), responsável pela fiscalização, assessoria técnica, propostas de
preservação e cumprimento da Lei no 1211 de 1953 (SECRETARIA..., 2017).
Atualmente, o Brasil possui um total de mais de 20 inscrições de bens
tombados como Patrimônio Mundial (materiais e imateriais) pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

2.1.1 Patrimônios de Curitiba

As cidades e os núcleos históricos representam as referências urbanas do


Brasil. Nelas é possível vivenciar os processos de transformação do país,
por meio da preservação de expressões próprias de cada período histórico.
(IPHAN, 2014)

O Município de Curitiba, apesar de não se enquadrar na lista de “Cidades


Históricas”, conforme a definição citada pelo IPHAN, possui diversas edificações
importantes e que definem um momento histórico da cidade.

2
Rodrigo Melo Franco de Andrade ( 1898-1969) era advogado, tendo trabalhado como
jornalista. Tinha grande influência modernista e foi Presidente do Serviço do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (SPHAN) – atual IPHAN - entre 1937 e 1967 (IPHAN, 2014).
3
Mário de Andrade (1893-1945) foi um escritor brasileiro que teve grande influência modernista e que
fez vários trabalhos de epistolografia do folclore brasileiro (LEBENSZTAYN, 2008). Foi nomeado
assistente técnico da regional do SPHAN em São Paulo em 1937 (IPHAN, 2014).
21
A Lei Municipal no 14794 de 2016, que trata da proteção e outros termos
relativos ao Patrimônio Cultural no Município de Curitiba, apresenta a listagem de
todos os bens tombados no âmbito da cidade e estão apresentados no ANEXO A.
Segundo o que consta no site da Secretaria de Estado da Cultura (SEEC),
Curitiba possui atualmente 70 bens tombados pelo Estado do Paraná, mediante
aprovação da Curadoria do Patrimônio Histórico e Artístico. O ANEXO B relaciona
todos esses bens, com suas respectivas datas de tombamento ou, quando não
especificadas, suas datas de inscrição no Livro Tombo.
O Município de Curitiba possui, até o momento, apenas três bens tombados
no âmbito nacional. O ANEXO C mostra estes e outros bens de Curitiba que
passaram por avaliação do IPHAN para inclusão no Livro do Tombo.
O conjunto arquitetônico estudado neste trabalho pode ser visto no ANEXO
B de tombamentos do Estado do Paraná, referenciado como “Centro Cívico”.

2.2 O PRINCÍPIO DA ARQUITETURA EM CURITIBA

A fundação de Curitiba se deu em 29 de março de 1693, no entanto, seu


desenvolvimento foi prolongado e começou a tomar forma apenas após a
movimentação da economia em torno das indústrias de erva-mate. Esse fato
contribuiu para a emancipação do Paraná, ocorrida no ano de 1853 e para a
construção, em 1880, da Estrada de Ferro de ligação Curitiba-Paranaguá. As
famílias ricas dos ervateiros demandavam residências luxuosas, sendo um chamariz
para os engenheiros e arquitetos alemães, italianos e posteriormente de outras
nacionalidades para iniciarem a ocupação e crescimento da cidade de Curitiba
(GNOATO, 2009). A Fotografia 1 mostra a extensão da cidade no ano de 1876,
antes da construção da linha férrea.
22

a)

b)

Fotografia 1 – a) Maquete da cidade de Curitiba correspondente ao ano de 1876 doada


em 1939 ao Museu Paranaense; b) Legenda da maquete com os principais pontos da
cidade.
Fonte: Arquivo pessoal, mar. 2017.
23
No século XIX as pessoas trabalhavam nos sítios durante a semana e
deixavam as casas da cidade fechadas, as quais eram abertas apenas aos
domingos e feriados ou em dias de festas. Até então as casas eram de taipa ou
pedra e pintadas de branco. Em meados desse mesmo século, houve grande
influência dos alemães na arquitetura curitibana, principalmente em se tratando do
aspecto colonial em que as casas eram coladas parede a parede, sendo a única
remanescente até hoje a Casa Romário Martins (ver Fotografia 2) que atualmente
pertence à Fundação Cultural de Curitiba e destina-se a eventos culturais.
(BACOCCINI, 2011).

Fotografia 2 – Casa Romário Martins: único exemplar remanescente da Arquitetura


Colonial em Curitiba.
Fonte: site Fundação Cultural de Curitiba
<http://www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br/espacos-culturais/casa-romario-
martins/>

Os alemães foram os principais responsáveis pela difusão do estilo eclético


na cidade, com a posterior consolidação desse estilo também pelo italianos, época
em que se utilizavam as “novas” técnicas trazidas da Europa, como os ornamentos
de estuque, vergas superiores retas e cantarias (BACOCCINI, 2011).
No fim do séc. XIX e início do séc. XX, ainda com a arquitetura sendo
voltada para o ecletismo, haviam lojas que comercializavam ornamentos (de gesso
para interior; e cimentos e barro para exterior; além de ladrilhos) para residências.
24
(BACOCCINI, 2011). A Fotografia 3 e a Fotografia 4 mostram alguns exemplares da
Arquitetura Eclética em Curitiba.

Fotografia 3 – Paço Municipal de Curitiba


em 1916
Fonte: Castro, 2011

Fotografia 4 – Universidade do Paraná (atual Universidade Federal do Paraná)


em 1914
Fonte: Castro, 2011
25
Ainda nessa época, grandes nomes da Engenharia e Arquitetura passaram
por Curitiba com a preocupação em ordenar o crescimento da cidade, a iniciar,
conforme enuncia GNOATO (2009, p.10), por Pierre Taulois, que em 1857 observou
a perpendicularidade existente apenas entre duas ruas, conforme ilustrado na Figura
1, sugerindo a correção disso por meio de desapropriações e refazimento do
traçado.

Figura 1 – Mapa da cidade de Curitiba em 1857.


Fonte: Cadore, 2010.

Em 1880, foi realizado um estudo pelo engenheiro civil italiano Antônio


Ferucci para implementação da Estação Ferroviária da linha Curitiba-Paranaguá,
tendo como eixo da cidade a rua Leitner (futura rua da Liberdade) que seguiria até a
futura Estação Ferroviária (ver Fotografia 5). Em 1885 foi inaugurada a Estação e,
um pouco mais tarde, em 1888, o engenheiro italiano Ernesto Guaita deu
26
continuidade ao projeto de Ferucci com o plano “Nova Coritiba”, em uma concepção
de ruas ortogonais em torno do principal eixo da cidade, a rua da Liberdade, hoje rua
Barão do Rio Branco. Esse plano regeu o crescimento da cidade pelos próximos
anos, conforme é apresentado na Figura 2.

Figura 2 – Mapas de Curitiba com planos de Ferucci e Guaita. 1) e 2) Idealização da


implantação da Estação Ferroviária por Ferucci. 3) Plano “Nova Curitiba” de Ernesto
Guaita com ruas ortogonais ao eixo (rua da Liberdade). 4) Crescimento de Curitiba no
mínimo pelos próximos 50 anos.
Fonte: Cadore, 2010.
27

Fotografia 5 – Estação Ferroviária de Curitiba ao fundo, 1909.


Fonte: Santos e Antonelli, 2015.

Na década de 1920, o engenheiro civil Moreira Garcez, foi prefeito por duas
vezes de Curitiba e promoveu a expansão da região sul da cidade e a abertura e
pavimentação de avenidas, de modo a organizar o crescimento. Sua principal
benfeitoria foi a pavimentação e alargamento da rua XV de Novembro, além da
construção em 1930 do Edifício Garcez na esquina com a rua Voluntários da Pátria,
em estilo art-déco (BACOCCINI, 2011), como mostrado na Fotografia 6.

Fotografia 6 – Edifício Moreira Garcez em 1935


Fonte: Gazeta do Povo, 2011. Disponível em:
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-
cidadania/colunistas/nostalgia/o-icone-curitibano-
3zbcgc7l8jcl1l64l2sl8tsum
28
Nessa época já se apresentava o Movimento Moderno em Curitiba,
inicialmente tímido com resquícios do Período Eclético, seguindo as linhas retas
porém ainda ornamentadas do art-déco. Conforme lembra Bacoccini (2011), houve
uma transição (1930-1940) em que as edificações eram uma espécie de art-déco
simplificada, nomeada pelo arquiteto Key Imaguire como “arquitetura pó de pedra”,
devido ao revestimento externo usado na época (fragmentos de mica provenientes
do britamento de pedras, adicionados ao reboco). A Fotografia 7 mostra um
exemplar desse estilo arquitetônico na cidade de Curitiba.

Fotografia 7 – Exemplo de edifício com traços de art-


déco, década de 1950
Fonte: Coleção Geralda Kwitschal Nunes. Acervo da
Casa da Memória / Diretoria do Patrimônio Cultural /
Fundação Cultural de Curitiba.

Foi apenas em 1943, que um plano de urbanização foi parcialmente


implantado na cidade. O Plano Agache como ficou conhecido devido ao seu autor
Alfred Agache (contratado como consultor pela empresa carioca Coimbra Bueno e
Cia.), foi o pontapé inicial para um crescimento ordenado, em formato radial, com
base em novos Códigos de Posturas, com avenidas mais largas e influência das
fachadas das edificações. O Plano Agache foi o idealizador do Centro Cívico (ver
Figura 3) e de outras praças, além de soluções de saneamento (GNOATO, 2009).
29
a) b)

01
02 03
03
02

04

c) CENTRO CÍVICO
Plano Agache 1943
05 06 05
01 Palácio do Governo
02 Poder Legislativo
03 Poder Judiciário
04 Praça
05 Secretarias
06 Avenida Cândido de
Implantação Abreu

Figura 3 – Proposta para o Centro Cívico no Plano Agache, 1943: Implantação e


perspectiva.
Fonte: Castro, 2011.

A partir de meados do século XX a Arquitetura Modernista se consolida no


Brasil e também em Curitiba, com os ideais de Le Corbusier permeando por todos
os lados as primeiras idades do modernismo brasileiro e nascendo então,
finalmente, um estilo arquitetônico genuíno, capaz de competir com a arquitetura
internacional por meio de nomes como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Vilanova
Artigas, entre outros (CASTRO, 2011).
O Palácio da Justiça, assim como todos os outros edifícios do mesmo
complexo do Centro Cívico, são concebidos nessa época, uma década depois do
vislumbre de Agache, fazendo parte da história recente da Arquitetura Modernista
curitibana.

2.3 O PALÁCIO DA JUSTIÇA DO PARANÁ

2.3.1 História

O Centro Cívico de Curitiba foi inicialmente idealizado pelo Plano Agache,


em 1943, sendo que em torno de dez anos depois, em comemoração ao Centenário
de Emancipação do Paraná e sob a liderança do então Governador do Paraná Bento
Munhoz da Rocha Neto, teve o projeto tirado do papel conforme Figura 4.
30
Foi nessa época que a equipe de arquitetos do Rio de Janeiro, Olavo Reidig
de Campos, Flávio Régis do Nascimento e Sérgio Rodrigues, liderada pelo também
arquiteto formado no Rio, David Xavier de Azambuja, reformulou a concepção inicial,
com os edifícios em estilo modernista distribuídos no entorno de uma Praça Cívica
para pedestres (GNOATO, 2009, p.71-72).

b) Centro Cívico de Curitiba – projeto de


a) 1953

Fachadas norte
01 02
03 05 01 10 09
07
04 Fachadas

Fachadas oeste
Fachadas leste

11 06 oeste
12 05 03 04 01 02

08

13
03 Fachadas leste
05
09
01 07 06 08 09 10

10 Conjunto de fachadas CENTRO CÍVICO


Projeto de 1953

01 Palácio Iguaçu
02 Residência do governador
03 Palácio da Justiça
04 Tribunal eleitoral
Implantação 05 Tribunal do Júri
06 Plenário da Assembleia Legislativa
07 Secretaria da Assembleia Legislativa
Fachadas norte 08 Comissões da Assembleia Legislativa
09 Secretarias de estado
10 Pagadoria e recebedoria
11 Monumento ao Centenário
12 Espelho d’água
13 Praça

Figura 4 – Proposta para o Centro Cívico em 1953, onde: a) mostra a implantação dos
edifício na praça; b) mostra as fachadas do edifício da cada faceta da praça.
Fonte: Castro, 2011.

Segundo descrições de Ildefonso Puppi4 no Livro do Centenário:


Ainda na fase construtiva da estruturação se encontram os prédio públicos
cuja ereção vale como parte do programa das comemorações do
Centenário da emancipação político-administrativa do Estado. São todos
concebidos em avanços estilo moderno-funcional. Avultam os prédios
ocupados no assim chamado Centro Cívico, destinados à centralização dos
altos órgãos da administração estadual, atualmente esparsos pela cidade
[...] (GOVERNO..., 1953, p.67)

O prédio do Palácio da Justiça, cujo projeto arquitetônico é de autoria de


Sérgio Roberto Santos Rodrigues e projeto estrutural do engenheiro
Paulo Fragoso, foi inicialmente concebido com o intuito de abrigar as secretarias de
Estado, sob o nome de Palácio das Secretarias, sendo que suas três sacadas

4
Ildefonso Clemente Puppi foi um renomado professor do curso de graduação de Engenharia Civil da
Universidade Federal do Paraná, voltado às cadeiras de Saneamento e Traçado das Cidades
(GOVERNO..., 1953, p.61).
31
proeminentes seriam os gabinetes de cada secretário, além de contar com um
jardim no terraço, restaurante e sala de exposições (DUARTE; OLIVEIRA, 2017)7. A
Fotografia 8 mostra a perspectiva da maquete construída na década de 1950, com o
Palácio da Justiça em primeiro plano.

Fotografia 8 – Perspectiva da maquete do Centro Cívico


(déc.1950): Palácio da Justiça em primeiro plano.
Fonte: Coleção Branca Sabbag. Acervo da Casa da Memória
/ Diretoria do Patrimônio Cultural / Fundação Cultural de
Curitiba.

A construção do edifício deu-se no início da década de 1950, com


finalização na década de 1960. A Fotografia 9, datada da década de 1950, ilustra a
construção em andamento do Palácio da Justiça na extrema direita.

Fotografia 9 – Visão aérea do Centro Cívico em


Construção, década de 1950
Fonte: Família Stocchero. Acervo da Casa da Memória /
Diretoria do Patrimônio Cultural / Fundação Cultural de
Curitiba.
32
A Fotografia 10 apresenta o Palácio da Justiça com pouco mais de dez anos
após sua conclusão. Percebe-se a inexistências dos brises-soleil que foram
adicionados depois.

Fotografia 10 – Palácio da Justiça em 1977.


Fonte: Hilda Maria, 1977. Acervo da Casa da Memória / Diretoria do Patrimônio
Cultural / Fundação Cultural de Curitiba.

A Fotografia 11 mostra uma vista aérea com a localização do Palácio da


Justiça em meio às edificações atualmente existentes ao redor, sendo que no
mesmo terreno tem o Anexo I do Palácio.
33

Fotografia 11 – Vista aérea do Palácio da Justiça (abaixo), Anexo I (acima) e


Assembléia Legislativa (à esquerda)
Fonte: Arquivo pessoal do arquiteto Salvador Gnoato, 2017.

Dos 33 pavimentos previstos para a edificação, apenas onze foram


executados, mantendo no entanto sua opulência, caracterizada pela fachada de
vidros corridos, pilares robustos revestidos de mármore com altura de três
pavimentos (térreo, mezanino e primeiro) e sacadas proeminentes.
Atualmente o prédio é constituído de:
• Subsolo: ampliação ainda em fase de projeto, porém com acesso por
elevadores já consolidado;
• Pavimento térreo: local da recepção central e capela;
• Mezanino;
• Primeiro pavimento: andar da presidência do Tribunal de Justiça do
Paraná e local de vivência externa;
• Segundo a décimo pavimentos: onde estão os gabinetes de
assessores dos juízes, sendo o sexto pavimento o denominado
“Restauro Exemplar” (assim referenciado por ter se mantido os itens
arquitetônicos mais próximo ao original, quando comparado aos
outros pavimentos);
• Cobertura (ou pavimento técnico): onde estão locadas as caixas
d’água, casa de máquina dos elevadores, equipamentos do ar-
condicionado e sala de comandos.
34
O ANEXO D contém partes do projeto (como construído) para melhor
entendimento do interior da edificação.

2.3.2 Inscrição no Livro Tombo

O tombamento de 2012 aprovado pelo Conselho Estadual do Patrimônio


Histórico e Artístico (CEPHA), visa a preservação tanto das edificações em si e do
espaço por elas ocupadas (Área de Interesse de Preservação), quanto do entorno
(Área de Proteção ao Tombamento) de modo a “garantir a adequada visibilidade da
coisa tombada” (CONSELHO..., 2012). Ainda dentro das normas apresentadas pelo
CEPHA, há a definição das premissas a serem seguidas em projetos de
restauração dos bens tombados no Centro Cívico:
Os projetos de restauração deverão contemplar, no mínimo, os seguintes
aspectos:
a) Pesquisa histórica a respeito da edificação contendo fotografias, plantas
antigas, documentos, depoimentos dos que acompanharam o projeto, a
construção e suas principais modificações, outros elementos disponíveis e
necessários;
b) Levantamento arquitetônico da edificação;
c) Diagnóstico da situação atual da edificação, com fotos, laudos e demais
elementos necessários à caracterização do estado de uso e conservação
do imóvel;
d) Proposta de intervenção e restauração, acompanhado dos memoriais,
documentos técnicos e peças gráficas necessários à sua perfeita
compreensão;
e) Demais detalhamentos necessários.

A Figura 5 mostra a inscrição do tombamento de todo o conjunto do Centro


Cívico, com a identificação e descrição das edificações tombadas, as quais se
“evidencia o valor histórico, urbanos e arquitetônico como também a sua inserção e
importância na vida contemporânea do Estado do Paraná e de sua capital.”.
35

Figura 5 – Inscrição do Centro Cívico no Livro do Tombo do Estado do Paraná


Fonte: SEEC PR, 2017.
36

2.4 PATOLOGIAS E OUTRAS DEFINIÇÕES

No item “3.2 O RESTAURO”, serão apresentados todos os problemas


encontrados no estudo de caso, sejam puramente estéticos ou não, problemas
esses tecnicamente denominados patologias.
Designa-se genericamente por PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES um
novo campo da Engenharia das Construções que se ocupa do estudo das
origens, formas de manifestação, consequências e mecanismos de
ocorrência das falhas e dos sistemas de degradação das estruturas.
5
(MAZER, 2008, p.6, grifo do autor)

Com vista à ciência do Restauro, pode-se definir:


Patologia, no âmbito do patrimônio edificado, corresponde às investigações
para o conhecimento das alterações estruturais e funcionais, produzidas por
ações endógenas ou exógenas, nos materiais, nas técnicas, nos sistemas e
nos componentes construtivos. (TINOCO, 2009, p.4, grifo do autor)

Portanto, considera-se de grande valia a introdução ao leitor – feita a partir


dos subitens a seguir - dos termos usados no decorrer do trabalho, de modo que
sejam fixados alguns conceitos e curiosidades acerca de cada tema, para que na
apresentação dos resultados, a leitura seja mais fluida e compreensível.
Além de oferecer uma imersão na obra de restauro como um todo, pretende-
se apresentar as soluções adotadas com respaldo no conhecimento técnico-
científico em patologia das construções e técnicas de restauro.

2.4.1 Sustentabilidade

A sustentabilidade tem sido um fator de extrema visibilidade em todos os


campos de atuação, sendo especialmente importante na área da construção civil
que é uma das principais fontes de emissão de gás carbônico e de produção de
resíduos. Mas o que é sustentabilidade? O termo foi primeiramente usado em 1987
em nome da Organização das Nações Unidas por Gro Brutland, na época presidente
da Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, por meio do
relatório Our Common Future6, no qual dizia que “Desenvolvimento sustentável é
aquele que busca as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das

5
MAZER, Wellington. Patologia, Recuperação e Reforço de Estruturas de Concreto. 161f. Notas
de Aula do Curso de Graduação de Engenharia Civil, Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Departamento Acadêmico de Construção Civil. Curitiba, PR, 2008.

6
Em tradução livre: Nosso Futuro Comum.
37
gerações futuras de atender suas próprias necessidades” (TORRESI; PARDINI;
FERREIRA, 2010).
Com isso em mente, uma das premissas da obra de restauro do Palácio da
Justiça foi fazer tudo quanto fosse possível de maneira sustentável, com produtos
que visam a sustentabilidade e com gestão de resíduos de modo a ter o menor
índice de desperdício possível.
Nesse projeto de restauro em especial, priorizou-se a restauração ou
reaproveitamento de todos os itens removidos. Em casos em que isso não foi
possível, os materiais foram enviados para comercialização com retorno financeiro
para a obra de restauro.

2.4.2 Nanotecnologia

A nanotecnologia estende a ciência de materiais para o domínio de


partículas e interfaces com dimensões extremamente pequenas, da ordem
de um a cem nanômetros. Partículas deste tamanho, ou "nanopartículas",
apresentam uma grande área superficial e, freqüentemente, exibem
propriedades mecânicas, ópticas, magnéticas ou químicas distintas de
partículas e superfícies macroscópicas. O aproveitamento dessas
propriedades em aplicações tecnológicas forma a base da nanotecnologia
de materiais.( QUINA, 2004).

A partir da definição acima, pode-se concluir que os materiais e produtos


que fazem uso dessa tecnologia são capazes de uma eficácia mais consistente
quando comparados àqueles mais comuns no mercado, podendo contribuir de forma
significativa no que diz respeito à conservação dos materiais da construção civil.
No Palácio da Justiça, a nanotecnologia fez parte de várias etapas do
restauro, entrando com essa missão de fornecer subsídio técnico aos produtos
usados na obra de modo a garantir a qualidade do restauro com o compromisso de
atender à preservação do meio ambiente e dos materiais da edificação.

2.4.3 Mapa de Danos

Na área de Patologia da Construções, é muito importante o reconhecimento


da edificação a ser estudada por meio de inspeções visuais, acesso aos projetos,
comunicação com pessoas que ali vivem ou que por ali passam; para que todas
essas informações sirvam de subsídio para um diagnóstico assertivo. Todos os
dados coletados devem ser registrados em documentos fotográficos, relatórios ou
38
quaisquer outros meios que cumpram com a função de transmitir as informações
com clareza.
Quando se trata de uma obra de restauro, todo esse trabalho atinge uma
esfera mais ampla, exigindo maiores níveis de detalhamento, tanto no que diz
respeito ao histórico da estrutura, devendo-se fazer um completo levantamento
desde sua construção até a data atual; quanto às patologias encontradas, causas,
extensão do dano, diagnóstico, prognóstico e por fim, soluções. Isso porque uma
obra de restauro tem uma concepção diferente de uma obra de recuperação comum,
sendo que grande atenção deve ser dada aos aspectos arquitetônicos, com mínima
interferência possível sempre respeitando a bagagem histórica e cultural da
edificação.
Nesse sentido, um levantamento minucioso de todas as patologias
encontradas e o registro delas em desenhos ou nos chamados documentos gráfico-
fotográficos, é vital para um projeto de restauro eficiente. A esses desenhos e
documentos dá-se o nome de Mapa de Danos (TINOCO, 2009, p.4). O Mapa de
Danos pode também servir para futuras intervenções como parte da anamnese –
estudo do histórico e evolução das manifestações patológicas (TINOCO, 2009, p.5) -
da edificação.

2.4.4 Manual de Manutenção

Conforme enuncia a norma de manutenção de edificações, NBR 5674:


É inviável, sob o ponto de vista econômico, e inaceitável, sob o ponto de
vista ambiental, considerar as edificações como produtos descartáveis,
passíveis da simples substituição por novas construções quando os
requisitos de desempenho atingem níveis inferiores àqueles exigidos pela
ABNT NBR 15575 (Partes 1 a 6). Isso exige que a manutenção das
edificações seja levada em conta tão logo elas sejam colocadas em uso
(ASSOCIAÇÃO..., 2012, p.vi).

O manual de uso, operação e manutenção deve ser claro e conter no


mínimo, conforme enuncia a NBR 14037 (ASSOCIAÇÃO..., 2011) a descrição da
edificação; procedimentos de uso, operação e manutenção; procedimentos de
emergência e de inspeções técnicas; e responsabilidades e garantias de cada item
da edificação.
No caso em estudo, a autora não conseguiu acesso ao Manual de
Manutenção, porém teve informação que tal documento foi elaborado.
39

3 METODOLOGIA

A metodologia do trabalho é exploratória, ou seja, foi baseada na coleta de


dados (projetos, documentos, visitas, entrevistas) e na análise conjunta deles com
as teorias e técnicas da Patologia das Construções e com as premissas do restauro.

3.1 COLETA DE DADOS

A coleta de dados para o estudo de caso, por se tratar de uma obra que a
autora do trabalho não participou ativamente, foi por meio de diversas fontes, sejam
bibliográficas (teorias e técnicas, histórico da edificação) ou em discussões com os
profissionais que atuaram, em algum momento, na restauração.
Por ser uma obra recente (a entrega se deu em novembro de 2016), foi
possível alcançar com êxito os profissionais envolvidos e ter contato com o resultado
final por meio de visita guiada pela arquiteta da Construtora Sial responsável pela
obra, Thereza Christina Costa Duarte e posterior entrevista com o engenheiro da
Construtora Sial Egberto Acyr Pereira Hilú. O acesso ao local e a documentos sobre
o restauro também foi possível com o apoio e autorização do Departamento de
Engenharia e Arquitetura do Tribunal de Justiça do Paraná, nomeadamente por
intermédio do arquiteto José Luiz Leite da Silva Filho. Além disso, o contato com
pessoas das empresas que prestaram consultoria para essa obra foi de grande valia
e enriquecimento para o trabalho, donde podem ser citados: engenheiro Paulo
Sérgio da Silva (da empresa Planville, que prestou consultoria técnica acerca das
fachadas frontal e posterior) e arquiteto Salvador Gnoato (da empresa SOBE, autor
do projeto de restauro).
Como resultado final tem-se a costura de todos os elementos acima
mencionados, de modo a abranger ao máximo as etapas pelas quais a edificação
passou.

3.2 O RESTAURO

O Palácio da Justiça teve seu tombamento Estadual concretizado no ano de


2012, mais de 50 anos depois de sua construção, tendo sofrido até o momento
diversas intervenções sem o rigor dos órgãos de fiscalização dos monumentos
40
históricos. Segundo observam Duarte e Oliveira (2017) 7 , foi possível identificar
alterações nos revestimentos dos pisos e paredes, das divisões internas, da
cobertura, pinturas nas pastilhas das fachadas, entre outros. Haviam várias paredes
internas que eram divisórias navais (parede não estrutural, composta de miolo e
revestimento de chapas laminadas) adicionadas posteriormente, deteriorações
diversas nos pisos de taco e de mármore, vidros fora das normas de Incêndio, entre
outros.
O projeto de restauro chegou então com o intuito de readequar a edificação
ao uso atendendo às exigências do Corpo de Bombeiros. Nesse sentido, o estudo
de caso se mostrou diferente do que habitualmente se faz em Patrimônio Construído
- preservação do seu aspecto arquitetônico, incluindo volumetria e divisões internas
– havendo algumas alterações tanto de volumetria quanto de divisões internas,
porém mantendo-se o aspecto arquitetônico.
A Coordenação de Patrimônio Cultural, tendo ciência de todos os fatores
mencionados acima, aprovou no ano de 2014 o projeto de Restauro e Ampliação do
Palácio da Justiça sob as seguintes exigências:
1. Manutenção dos sanitários com formas curvas localizados em todos os
andares na parte direita de cada pavimento. Uso de azulejo com mesmas
dimensões e características, e recuperação de piso cerâmico sextavado.
2. Manutenção e ampliação do piso em cerâmica do hall dos elevadores;
3. Manutenção dos corrimãos e guarda-corpo das escadas originais
existentes.
4. Aplicação de lambri de madeira em todas as fachadas dos elevadores;
5. Substituição das esquadrias de ferro por alumínio utilizando perfis na cor
natural com mesma paginação com uso de vidros laminados incolores;
6. Manutenção e recuperação das pastilhas originais das fachadas;
7. Destinação do sexto pavimento como “Restauro Exemplar”, onde também
será recuperado o piso de taco de madeira nas áreas dos gabinetes e
utilizado forro de gesso em todo o andar;
8. Manutenção e restauração do piso de mármore branco “Paraná” no
pavimento térreo, na escada monumental de acesso do térreo e na escada
original geral do edifício. Restauração dos elementos em madeira e das
luminárias do pavimento térreo. (SOBE...;TRIBUNAL..., 2014, p.5)

Segundo informa o Caderno de Encargos de 2014, o projeto foi elaborado


com vista para um tempo estimado de execução da obra de 15 meses, estando esta
sob regência dos seguintes preceitos:

7
DUARTE, Thereza C hristina Costa; OLIVEIRA, Tadeu de Souza. Nanotecnologia empregada
no restauro de fachadas tombadas com superfícies de porcelana – estudo de caso: Palácio da
Justiça do Paraná. Trata-se de relato por escrito fornecido pela arquiteta Thereza Duarte à autora da
pesquisa e que foi usado como referência em diversos trechos do trabalho.
41
a) A sequência de execução da parte interna da edificação deveria ser dos
pavimentos superiores para os inferiores, do centro para as bordas;
b) Nos primeiros dois meses de obra seriam utilizados os elevadores
internos para movimentação de materiais;
c) Após os dois meses iniciais, seriam instalados 4 elevadores
cremalheiras (duas torres com cabines duplas) nas fachadas;
d) A sequência de instalação e reconstrução seria: ar-condicionado,
elétrica, divisórias, instalações verticais, forros, pisos, pinturas e
acabamentos;
e) Mensalmente seriam alugados equipamentos de força bruta (guindastes,
retroescavadeiras, etc) para auxílio em montagens, movimentações,
entre outros.
Partindo do princípio de que todas as exigências de projeto deveriam ser
atendidas, dever-se-ia também ter em consideração as bases teóricas que regem o
restauro, donde se tira que esse tipo de obra não deve ser uma versão falsa da
original, mas sim a manutenção de forma clara e evidente de suas alterações ao
longo do tempo. Conforme afirma Camillo Boito8, em sua teoria geral de restauração
arquitetônica:
o
1 É necessário fazer o impossível, é necessário fazer milagres para
conservar o monumento e seu velho aspecto artístico e pitoresco;
o
2 É necessário que os completamentos, se indispensáveis, e as adições,
se não podem ser evitadas, demonstrem não ser obras antigas, mas obras
de hoje. (BOITO, 2008)

Conforme informações obtidas dos profissionais envolvidos, a área do


Restauro propriamente dito (manutenção da volumetria, formas e aspectos
arquitetônicos), se concentra na região dos banheiros laterais e hall dos elevadores
públicos; fachadas; no hall do pavimento térreo, mezanino, primeiro pavimento
(presidência) e no sexto pavimento nomeado “Restauro Exemplar”. As outras partes
da edificação sofreram alterações prévias que descaracterizaram o original, sendo
praticamente impossível a retomada com vista para o que já foi, principalmente no
que diz respeito às divisões internas e às características arquitetônicas. Destaca-se
também que o 10o pavimento, por possuir divisões internas totalmente diferentes

8
Camillo Boito (1836-1914) foi um arquiteto, restaurador, crítico, historiador, professor, teórico e
literato italiano. Dedicou-se a estudos sobre artes e restauração no século XIX, tendo notoriedade a
partir de 1880, quando elaborou diretrizes de restauro que circularam por toda a Itália naquele
período. (BOITO, 2008)
42
dos demais pavimentos, foi considerado, nessa obra de restauro, como um
pavimento novo, sendo possível sua diferenciação em relação aos outros por
simples percepção visual.
A Figura 6 mostra um croquis com a área em que o restauro foi
preponderante.

Figura 6 – Croquis com a área hachurada em que o restauro foi preponderante em um


pavimento tipo.
Fonte: Construtora Sial com intervenção gráfica de Thalita Andrade (2017).

Diante de todo esse panorama, fez-se necessário, como primeira atividade


do Restauro, o levantamento de todos os materiais, para saber o que poderia ser
restaurado e remanejado para outros lugares, uma vez que além da restauração foi
feita a ampliação do edifício, conforme mostra o Quadro 1.

RESTAURO (m2 )
PAVIMENTO AMPLIAÇÃO (m 2 ) TOTAL (m 2 )
EDIFÍCIO TOMBADO
SUBSOLO - 337,85 337,85
TÉRREO 1.567,91 - 1.567,91
MEZANINO 911,48 89,90 1.001,38
1o PAVIMENTO 1.501,95 - 1.501,95
2o PAVIMENTO 1.767,48 - 1.767,48
3o PAVIMENTO 1.761,10 31,00 1.792,10
PAVIMENTO TIPO (x2) 1.747,99 31,00 1.778,99 (x2)
PAVIMENTO TIPO (x5) 1.734,49 31,00 1.765,49 (x5)
PAVIMENTO TÉCNICO 205,62 - 205,62
TOTAL 19.883,97 675,75 20.559,72
Quadro 1 – Áreas restauradas e ampliadas do Palácio da Justiça.
Fonte: (SOBE...;TRIBUNAL..., 2014, p.7)

Obras de restauro exigem muita dedicação e estudo de técnicas por parte


dos profissionais restauradores, fato possível de ser consumado com alta qualidade
43
quanto maior a disposição financeira e tecnológica para tal. A obra do estudo de
caso aqui apresentado, conforme lembra a arquiteta Thereza Duarte, obteve grande
colaboração tanto financeira quanto de desenvolvimento interno de técnicas,
laboratório, etc; da Construtora Sial, responsável pela execução de todo o restauro.
Isso permitiu testes mais aprofundados in loco de possíveis soluções para as várias
situações encontradas.
A obra teve início em fim de 2014 e finalização no fim do ano de 2016. Em
“Resultados e Discussões” é feita a explanação de cada serviço do restauro a que a
autora teve acesso e informações suficientes para ser apresentado.
44

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Este item apresenta os serviços realizados na obra de Restauro e Ampliação


do Palácio da Justiça, com as patologias encontradas e as percepções da autora
acerca do estudo de caso. Salienta-se que todas as informações relatadas foram
obtidas com entrevistas ou documentos repassados à autora, sendo que apenas as
observações são de autoria da pesquisadora.
Importante observar também que, conforme será mostrado, as patologias
encontradas foram, em sua maioria, não estruturais e decorrentes do uso, má
conservação e falta de manutenção. Assim, é possível perceber que o restauro teve
como principal motivação a adequação do uso, perante a criação de novas divisões
internas e atualização de todas as instalações prediais, conduzindo às modificações
arquitetônicas em conformidade com as teorias e técnicas do Restauro de
Patrimônio Histórico e Cultural.
Adicionalmente, o leitor se aperceberá que alguns itens apresentados são
mais detalhados que outros, em especial aqueles que dizem respeito às fachadas
pastilhadas e aos revestimentos em mármore. Pode-se explicar isso pela evidente
importância dada a esses elementos pelo corpo técnico e documentos da obra aos
quais a autora teve acesso. No entanto, é necessário esclarecer que, não por isso,
os itens que foram pouco detalhados ou que não foram aqui abordados não tiveram
importância, mas que a autora não teve acesso a tantos pormenores quantos
necessários para uma melhor explanação destes itens.
A sequência a seguir é apresentada conforme as esferas em que se
encontram, seja de revestimento, estrutural ou de fechamentos. No entanto, alguns
itens (em “4.7 OUTROS”) são abordados independentemente dessa diferenciação
por serem elementos considerados pela autora “completos” e que assim
apresentados são melhor compreendidos.

4.1 REVESTIMENTOS EXTERNOS

Os revestimentos externos consistem basicamente nos revestimentos das


fachadas e dos pilotis externos do Palácio da Justiça.
45

4.1.1 Fachadas com Pastilhas

Este item abordará sobre os tratamentos dados às fachadas frontal e


posterior do Palácio da Justiça, tendo este sido o trabalho mais complexo do
Restauro. As fachadas são compostas de pastilhas de porcelana de (2 x 2) cm
(material não mais produzido pelo fabricante), aderidas ao reboco de argamassa
cimentícia sobre alvenaria (SILVA, 2017)9.
As pastilhas de porcelana são, conforme definição da NBR 15463
(ASSOCIAÇÃO..., 2013, p.2), “porcelanato com área igual ou inferior a 50 cm2 e com
maior lado da peça limitado a 10 cm”. Como principais propriedades, a porcelana
apresenta grande resistência a abrasão e baixo teor de absorção de água, definido
como menor ou igual a 0,5% (ASSOCIAÇÃO..., 2013, p.2). Essas características
fazem desse tipo de pastilha um material muito mais durável quando comparado às
pastilhas cerâmicas.
O restauro das fachadas teve início em março de 2015, com a inspeção
visual das peças de porcelana. Essa análise feita em conjunto com um teste simples
de absorção (aspersão de água na superfície e observação imediata), foi decisiva
para a identificação das pastilhas como sendo de porcelana. Devido ao seu material
altamente resistente e apesar da idade da estrutura, foi possível fazer o restauro e
reinstalação de grande parte da peças. Ao longo da obra de restauro, foram
encontradas aproximadamente 300 mil pastilhas de porcelana em caliças
provenientes da demolição de partes da própria edificação. Estas peças foram
cuidadosamente armazenadas, restauradas e recolocadas em pontos onde foi
necessária a substituição. No total, foram estimadas – conforme edital da SOBE, de
setembro de 2014 – em 1.800 regiões que precisariam de inserção de pastilhas,
fossem restauradas ou novas de material similar produzidas especialmente para
este fim (SILVA, 2017)9.
As pastilhas destas fachadas são distribuídas em padrões das cores da
bandeira do Brasil: verde, amarelo, azul e branco (DUARTE; OLIVEIRA, 2017)7.
Conforme relatório técnico de Silva (2017)9, um mapeamento feito em campo por
meio de inspeção visual, permitiu identificar as miscelâneas típicas relativas à

9
SILVA, Paulo Sérgio da. Relatório Técnico sobre as Fachadas. Curitiba, PR, 2017. 52p. Trata-se
de relato por escrito fornecido pelo engenheiro Paulo Sérgio à autora da pesquisa e que foi usado
como referência em diversos trechos do trabalho.
46
mistura de cores de pastilhas, para diversos trechos da fachada, que demonstrou a
predominância de cada cor para cada trecho. As tipificações identificadas foram:
• Predominância de pastilhas azuis: fachada posterior da edificação;
• Predominância de pastilhas amarelas: detalhes das sacadas frontais e
trecho horizontal abaixo das vergas superiores das janelas frontais;
• Predominância de pastilhas verdes: peitoris e fachada frontal.
A Fotografia 12 até a Fotografia 15 apresentam as miscelâneas típicas
conforme anteriormente explanado.
Miscelâneas verdes

Miscelâneas amarelas

Brancas, molduras
geral

Fotografia 12 – Miscelâneas típicas da fachada frontal


9
Fonte: Silva (2017, p.29)

Fotografia 13 – Miscelânea típica de trechos verticais da fachada


frontal: predominância da cor verde
9
Fonte: Silva (2017, p.29)
47
a) b)

Fotografia 14 – Miscelânea típica de trechos abaixo da verga superior das janelas e


das sacadas da fachada frontal: predominância da cor amarela
9
Fonte: Silva (2017, p.30)

Fotografia 15 – Miscelânea típica da fachada posterior: predominância da cor azul


9
Fonte: Silva (2017, p.30)

Identificadas as miscelâneas, realizou-se a varredura das fachadas frontal e


posterior por completo, por meio de percussão manual. Além disso, foi feito um
modelo computacional 3D (ver Figura 7 e Figura 8) pela empresa responsável pelo
48
relatório técnico (Planville) para mapeamento dos pontos de remoção, recolocação e
substituição das pastilhas. A proposta foi executar a correção de cada manifestação
patológica encontrada, removendo o mínimo possível de pastilhas por meio de
ferramentas de pequeno impacto (SILVA, 2017).

Figura 7 – Modelo 3D do Palácio da Justiça: Fachada frontal


9
Fonte: Silva (2017, p.6)

Figura 8 – Modelo 3D do Palácio da Justiça: Fachada


posterior
9
Fonte: Silva (2017, p.6)
49
A partir desse processo e de registro fotográfico consistente, foi possível
obter o mapa de danos das duas fachadas, conforme indicam a Figura 9 até a
Figura 11.

Figura 9 – Legenda do mapa de danos das fachadas frontal e posterior


9
Fonte: Silva (2017, p.19)

Figura 10 – Mapa de danos da fachada frontal


9
Fonte: Silva (2017, p.18)

Figura 11 – Mapa de danos da fachada posterior


9
Fonte: Silva (2017, p.18)
50
Pode-se observar pelo mapa de danos que a fachada posterior apresenta
maior percentual de pontos com manifestações patológicas quando comparada à
fachada frontal. Isso provavelmente é proveniente de fatores como:
• Panos maiores de pastilhas, fazendo-se sentir mais a falta de juntas
de movimentação e dessolidarização;
• Menor incidência de luz solar por conta do prédio anexo, contribuindo
para a dissipação mais lenta para o ambiente externo da água
infiltrada pela estrutura;
• Menor índice de intervenção para manutenção em relação à fachada
frontal, visto que a fachada posterior não provoca desconforto visual
para os transeuntes por estar eclipsada pelo prédio anexo.
Com posse do mapa de danos das fachadas, foi possível então traçar as
próximas etapas do restauro: limpeza, terapia das patologias e procedimentos de
manutenção. Conforme observou a arquiteta da Construtora Sial, responsável pela
obra, Thereza Duarte (2017)7, uma restauração de fachadas desse porte requer
gestão e acompanhamento dos serviços e frentes de restauro, fatores de grande
importância para que o produto final tenha a qualidade e desempenho esperados.
Foi criado então um procedimento interno a ser seguido, representado na Figura 12.
Todos os pontos de remoção de material e de recomposição foram
computados de modo que, quando da existência de peças danificadas em uma certa
região da fachada, recorreu-se ao estoque de peças recuperadas de outras regiões
ou caliças da demolição (SILVA, 2017)9. Com isso, é notável a grande precisão dos
quantitativos e o extremo cuidado no que diz respeito ao manuseio, transporte,
tratamento e recolocação ou substituição das peças para que a proposta do
revestimento como um todo arquitetônico fosse preservada de maneira eficaz.
Conforme Silva (2017, p.5)9 enuncia em seu relatório, para que fosse
possível a reposição das pastilhas, foi necessário ater-se aos critérios de analogia
baseados na descrição contida no Caderno de Encargos datado de setembro de
2014 conforme segue:
EQUIVALENTE: São os materiais ou equipamentos que apresentam
analogia total ou equivalência, que desempenham idêntica função
construtiva e apresentam as mesmas características exigidas na
especificação ou no procedimento que a eles se refiram. Sejam de igual
valor ou preço. Igual em força, intensidade ou quantidade.
SIMILAR: São os materiais ou equipamentos que apresentam analogia
parcial ou semelhança, que desempenham idêntica função construtiva, mas
não apresentam as mesmas características exigidas na especificação ou no
51
procedimento que a eles se refiram. Que é da mesma natureza, parecido,
semelhante, porém não atendem as especificações. (SOBE...;TRIBUNAL...,
2014, p.12, grifo dos autores)

Serviços de Restauro das Fachadas


ETAPAS

Obra Tribunal de Justiça -Curitiba -PR

VARREDURA PONTO A PONTO COMPILAÇÃO DOS DADOS


POR PERCUSSÃO COM LEVANTADOS E ELABORAÇÃO DE
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO PARECER TÉCNICO
1ª ETAPA - VERIFICAÇÃO E DIAGNÓSTICO

PESQUISA DE MERCADO DE PROJETO EM 2D E 3D COM OS


MATERIAIS SIMILARES AOS DA DADOS LEVANTADOS NA
FACHADA ORIGINAL : EXEMPLO: VARREDURA IDENTIFICANDO
PASTILHAS LOCALIZAÇÃO E PATOLOGIA

PARECER TÉCNICO
PARECER TÉCNICO

TESTES NO LOCAL

TREINAMENTOS

APRESENTAÇÃO DOS
PROCEDIMENTOS TECNICOS A TODOS
OS ENVOLVIDOS

FASE 2 : LIMPEZA E REASSENTAMENTO DE PASTILHAS PONTUALMENTE

FACHADAS: TRECHOS COM PREPARAÇÃO DAS PASTILHAS


FACHADAS EM GERAL - PASTILHAS
TINTAS SOBRE PASTILHAS PARA RECOLOCAÇÃO

SERVIÇO 01 SERVIÇO 02 SERVIÇO 03

REMOÇÃO DA TINTA COM LAVAGEM EM GERAL COM WAPP JATO


2ª ETAPA - LIMPEZA E REASSENTAMENTO DE PASTILHAS

LIMPAR PASTILHAS
REMOVEDOR PASTOSO FECHADO COM LIMPEZA ULTRA
DESPLACADAS
STREAP TEASE DA MONTANA CRYSTALCOR

LAVAGEM PARA TIRAR LAVAGEM COM WAPP JATO FECHADO


ESPECTROS COM DELETA 2010 LOCALIZADA COM SEPARAÇÃO E CONTAGEM POR CORES
DA CRYSTALCOR GTRULTRACRYSTALCOR

LAVAGEM COM WAPP DA REMOVER COM DELETA CRYSTALCOR


COMPRA DE PASTILHAS SIMILARES
CRYSTALCOR TRECHOS COM RESIDUOS DE TINTAS

PONTOS LOCALIZADOS DE FERRUGEM


REENTELAMENTO DAS PASTILHAS
REMOVER COM RUSTGEL PISOCLEAN

REMOVER PASTILHAS SOLTAS

NOS PEITORIS E VERGAS USAR


POLITRIZ COM PASTA DO TALCO E
ULTRA CRYSTALCOR

REFAZER REQUADROS DANIFICADOS


DAS JANELAS

REASSENTAR PASTILHAS NOS REQUADROS

FASE 3: TRATAMENTO DAS PATOLOGIAS

NOS TRECHOS COM


TRECHOS OCOS E NÃO
FORMAÇÃO DE JUNTAS SERVIÇO 06
DESPLACADOS
ESPONTANEAS

SERVIÇO 04 SERVIÇO 05 TRECHOS DESPLACADOS TRECHOS SEM DESPLACAMENTO

TESTE DE ARRANCAMENTO A TESTE DE ARRANCAMENTO A TESTE DE ARRANCAMENTO A


REMOVER 30CM DE PASTILHA
TRAÇÃO TRAÇÃO TRAÇÃO

SERVIÇO 03 : ABERTURA DE DOIS ASSENTAR TELAS DE PASTILHAS


REMOVER O EMBOÇO DESTA PRRENCHER FUROS DE RETIRADA
ORIFICIOS COM FURADEIRA E COM USO DE ARGAMASA AC3
ÁREA ATÉ O CHAPISCO DE BRISES, ETC.
BROCA 6MM BRANCA

PEERCUTIR O TRECHO COM CHAPISCAR COM CHAPISCO REASSENTAR PASTILHAS NESTES


APÓS 72 HORAS
MARTELO DE BORRACHA BRANCA ROLADO PARA NÃO SUJAR TRECHOS
3ª FASE - RESTAURO E PROTEÇÃO

INJEÇÃO DE HARD FIX VINIL PRO INSTALAR TELA DE AÇO APLICAR GTR ECO, DEIXAR AGIR 5
UNIDADE COM 300ML ZINCADA A FOGO NO TRECHO MIN -RASPAR 1,5MM DO REJUNTE

LIMPAR OS EXCESSOS NOS EMBOÇAR COM ARGAMASSA


ORIFICIOS DE ENTRADA E SAÍDA DE CAL TRAÇO

APLICAR GTR ECO, DEIXAR AGIR 5 ESPERAR 2 DIAS PARA CURA


MIN -RASPAR 1,5MM DO REJUNTE MINIMA

ASSENTAR TELAS DE
PASTILHAS COM USO DE
ARGAMASA AC3 BRANCA

APÓS 72 HORAS

SERVIÇO 07: REJUNTAR COM REJUNTE PRONTO ARGAPOLI F1

LAVAR E REMOVER NOVOS RESIDUOS DA OBRA COM WAPP E DETERGENTES ESPECIFICOS*

SERVIÇO 08: PROTEÇÃO COM PROTEGE ULTRA CRYSTALCOR PERFOMANCE


FASE 4: PROCEDIMENTOS DE REVISÃO E MANTENÇÃO

OBRA DOCUMENTAÇÃO
4ª ETAPA - CONCLUSÃO

ELABORAÇÃO DE PROJETO
ASBUILT DA FACHADA APONTANDO ELABORAÇÃO DE MANUAL DE
REVISAO GERAL DOS TODAS AS ÁREAS DE INTERVENÇÃO USO, OPERAÇÃO E
SELANTES DAS ESQUADRIAS INCLUSIVE AS APONTADAS PROGRAMAÇÃO DE REVISÕES
DURANTE O PROCESSO DE FACHADA PELOS USUARIOS
EXECUÇÃO DOPROJETO ORIGINAL

Figura 12 – Fluxograma dos procedimentos de restauro das fachadas do Palácio da


Justiça
7
Fonte: Duarte e Oliveira (2017) .
52
A Fotografia 16 mostra o aspecto das pastilhas de porcelana originais, as
quais foram, quando necessário, substituídas por similares: pastilhas de vidro de
mesmas cores, tamanhos e função que as originais.

Fotografia 16 – Aspecto das pastilhas originais


Fonte: Construtora Sial, mar. 2015

Vários testes com produtos de diversas marcas foram realizados, sendo


aqueles baseados na premissa de sustentabilidade aliada à alta tecnologia, os que
se destacaram quanto ao custo benefício e que melhor atenderam aos requisitos de
projeto. Os produtos utilizados no restauro são originários da parceria entre a Guard
Industrie, com sede em Montreuil, França, desde 1995 e os laboratórios da LR
Vision. Eles são orgânicos, à base de água, 90% biodegradáveis, não tóxicos e não
inflamáveis, sendo classificados como eco-produtos. O uso desses produtos no
restauro do Patrimônio fez com que a necessidade de manutenção futura seja
menos recorrente, por terem um tempo de preservação das superfícies prolongado
em relação aos produtos comuns (DUARTE; OLIVEIRA, 2017)7.
O primeiro procedimento antes da intervenção nas fachadas foi a remoção
dos brises – dispositivos arquitetônicos de alumínio conhecidos como quebra-sol,
com função de diminuir a incidência direta dos raios solares no interior da edificação
- que culminou em desplacamento das pastilhas ao redor dos pontos de
53
chumbamento e sinais de oxidação provenientes da infiltração de água no local,
conforme mostra a Fotografia 17.

Fotografia 17 – Ponto do revestimento com oxidação na região de chumbamento dos


brises.
Fonte: Construtora Sial, mai. 2015

Manifestações patológicas com aspectos diferentes foram encontradas,


sendo também diversas as soluções adotadas. Portanto, para melhor entendimento,
cada tipo de patologia e o respectivo tratamento serão apresentados nos próximos
itens separadamente, conforme descrições obtidas do relatório técnico de Silva
(2017)9 e do artigo de Duarte e Oliveira (2017)7.

4.1.1.1 Problema: pastilhas pintadas

Alguns trecho das fachadas foram pintados com tinta esmalte (ver Fotografia
18), tendo sido necessária a remoção da pintura de maneira a não danificar as
pastilhas. O processo de remoção da tinta foi definido, após diversos testes in loco
de variadas soluções apresentadas pelo mercado, com produtos 90%
biodegradáveis e sem componentes corrosivos.
A remoção da tinta sobre as pastilhas das fachadas frontal e posterior,
totalizando uma área de 273 m2, foi feita com material removedor biodegradável
para o caso de pequena espessura de tinta de cobertura; e com material removedor
54
em pasta à base de componentes não corrosivos, para o caso de grande espessura
de tinta de cobertura, conforme mostra a Fotografia 19.

Fotografia 18 – Trecho com pastilhas pintadas


Fonte: Construtora Sial, jul. 2015.

a) b) c)

Fotografia 19 – Testes de remoção da pintura das pastilhas das fachadas


9
Fonte: Silva (2017, p.11) .

4.1.1.2 Problema: sujidade

O prédio do Palácio da Justiça apresentou impregnações de diversas


origens nas peças de porcelana, como óxidos de agentes poluentes, óxidos de ferro
dos pontos de ancoragem dos brises e esquadrias, e carbonatação devida às
infiltrações, sendo necessários cuidados especiais para remoção da sujidade sem
grandes impactos, sejam mecânicos ou químicos. Assim sendo, foram usadas
técnicas diferentes para cada tipo de superfície, conforme segue:
55
• Peitoris das janelas: para remoção da sujeira altamente impregnada,
principalmente devido à oxidação das esquadrias de ferro e à pequena
declividade do parapeito, foram aplicados dois detergentes líquidos e não
corrosivos em conjunto com um talco de limpeza, aplicado com politriz
com discos abrasivos de média intensidade (bege ou verde). No caso de
pontos de ferrugem, foram utilizados produtos especializados para
eliminação das manchas;

a) b)

c) d)

e) f)

Fotografia 20 – Testes de remoção da pintura das pastilhas das


fachadas. a) e b) delimitação com fita da região de teste a ser feito
com os detergentes líquido e em talco; c) e d) aspersão e fricção do
talco nas pastilhas; e) finalização com politriz; f) resultado final.
9
Fonte: Silva (2017, p.24) .

• Vergas superiores das janelas: para remoção dos sinais de carbonatação


provenientes das infiltrações através das paredes verticais, foi utilizado
um detergente especial para esse tipo de limpeza;
56
• Trecho vertical da fachada: para remoção dos sinais de escorrimento e de
sujidades (conforme mostra Fotografia 21), foi utilizado um detergente
especial para esse tipo de limpeza, com uso de um talco de limpeza em
locais com maior impregnação de sujeira e oxidações, tomando-se o
cuidado no momento do jateamento de água para não provocar o
desplacamento das peças com estufamento.

a)

b)
a)

Fotografia 21 – a) Vista geral de sujidade decorrente de poluição; b) detalhe.


9
Fonte: a) Construtora Sial, dez. 2015; b) Silva (2017, p.25).

4.1.1.3 Problema: perda parcial de base do revestimento

(som oco)

As fachadas apresentaram diversos focos de infiltração, fato que contribuiu


para a dissolução de componentes do substrato e carreamento desse material,
culminando em perda total ou parcial da base de ancoragem das pastilhas.
A solução adotada para os casos em que a perda de ancoragem foi parcial,
foi a injeção de material cimentício colante para reestabelecer a completa
ancoragem das peças ao substrato. A injeção foi feita com pistola manual, após
abertos furos com furadeira em trechos entre pastilhas (rejunte), de pasta de 2:1 de
resina sintética de alto desempenho com cimento branco, sendo seguida de
percussão com martelo de borracha. A Fotografia 22 mostra esse procedimento.
57

a) b)

c) d)

Fotografia 22 – Sequência de tratamento das pastilhas com perda de base: a) furação


até o substrato em dois pontos extremos no rejunte; b) e c) injeção da mistura com
pistola manual até expulsão do pelo furo extremo; d) finalização após assentamento
com martelo de borracha.
9
Fonte: Silva (2017, p.27).

4.1.1.4 Problema: restauro das pastilhas

Grande quantidade das pastilhas foi recuperada de pontos da própria


fachada em blocos (como mostrado na Fotografia 23) ou isoladamente de caliças da
obra (ver Fotografia 24), sendo armazenadas para posterior limpeza e instalação. No
caso da remoção realizada em trechos da fachada, procedeu-se com cautela,
fazendo-se uso de ferramentas de baixo impacto para não provocar a queda das
peças.
58

Fotografia 23 – Placa inteiriça de Fotografia 24 – Pastilhas removidas


pastilhas removidas Fonte: Construtora Sial, jul. 2015
Fonte: Construtora Sial, abr. 2015

Após a remoção, foi necessário passar por um processo de limpeza devido


às incrustações de substrato. Essa limpeza consistiu, basicamente, em três etapas:
1. Imersão das peças por cerca de 48 horas em uma tanque construído no
próprio canteiro de obras contendo solução de 1:1 de água e produto
químico biodegradável que promove a desestruturação molecular da
argamassa de emboço aderida, conforme mostram a Fotografia 25 e a
Fotografia 26;
2. Remoção dos resíduos de argamassa;
3. Imersão das peças no mesmo produto anteriormente usado em
betoneira, inclinada a 30o, funcionando em modo de rotação por 4 a 8
horas, tomando-se o cuidado para não provocar o arredondamento dos
cantos das peças;
59

Fotografia 25 – Imersão das placas em Fotografia 26 – Aspecto das pastilhas


produto para desestruturação da com desestruturação da argamassa
argamassa. em andamento
Fonte: Construtora Sial, mai. 2015 Fonte: Construtora Sial, mai. 2015

Fotografia 27– Imersão das


placas em produto dentro da
betoneira
Fonte: Construtora Sial, set.
2015

4. Limpeza final com água, secagem, separação por cores e entelamento


conforme Fotografia 28 e Fotografia 29, respectivamente.
60

Fotografia 28– Separação das pastilhas por cores


Fonte: Construtora Sial, mai. 2016

Fotografia 29 – Entelamento das pastilhas limpas


Fonte: Construtora Sial, mai. 2016

É importante observar que o entelamento indicado na etapa 4 foi feito em


módulos de aproximadamente (30 x 30) cm, obedecendo às miscelâneas de cor
típicas dependendo da região a serem instalados.

4.1.1.5 Problema: fissuras e trincas

Foram constatadas, em diversos pontos do revestimento das fachadas,


fissuras e trincas nos rejuntes entre as pastilhas (ver Fotografia 30 e Fotografia 31).
Sabendo-se da idade da estrutura e, por conseguinte, do próprio revestimento, foi
possível diagnosticar o problema como sendo decorrente da falta de juntas de
61
movimentação, que não eram comumente executadas na época do projeto e
construção da edificação, há mais de 50 anos.

Fotografia 30 – Trinca no Fotografia 31 – Demonstração da dimensão


revestimento de pastilhas de trinca no revestimento de pastilhas
Fonte: Construtora Sial, dez. 2015 Fonte: Construtora Sial, dez. 2015

Segundo definições da NBR 13755 (ASSOCIAÇÃO..., 1996), as juntas de


movimentação são espaços regulares entre as peças de revestimento, preenchidos
com selante à base de elastômeros, que promovem o alívio de tensões provenientes
da movimentação da base (composta pela estrutura – no caso alvenaria – chapisco,
argamassa de regularização e emboço) ou do próprio revestimento, além de permitir
a própria movimentação em si. Assim sendo, a NBR 13755 (ASSOCIAÇÃO..., 1996,
p.5) recomenda que as juntas de movimentação para revestimentos cerâmicos em
paredes devem estar dispostas a cada 6 metros verticalmente e a cada 3 metros
horizontalmente.
Aqui é importante frisar algumas questões: a obra de restauro da fachada
teve como objetivo manter ao máximo as pastilhas originais, com a mesma
impressão visual dada pelas cores em seu estado original, apenas reparando o que
fosse necessário, sem refazer toda a fachada. Esse aspecto do restauro explica o
fato de se decidir por não adicionar juntas de movimentação, dado que há grande
diferença entre uma fachada nova, com adição de juntas; e uma fachada com
pontos novos e pontos antigos, com a mesma adição de juntas. Para o primeiro
caso, ter-se-ia um comportamento uniforme em cada pano de revestimento.
62
Contraditoriamente, para o segundo caso, o comportamento estrutural de cada pano
seria desigual, já que o materiais de base teriam composição e idade diferentes
entre si. Adicionalmente às considerações estruturais, a adição de juntas de
movimentação causaria impacto direto no aspecto visual e, portanto, no contexto
arquitetônico, já que a divisão dos panos e preenchimento das juntas seria visível,
não sendo uma solução condizente com as premissas do projeto.
A solução então foi fazer um reforço com tela metálica zincada a fogo com
malha de (25 x 25) cm e diâmetro de 1,24 mm fixada com pinos conforme ilustrado
na Figura 13. A instalação foi feita removendo-se o revestimento até chegar ao
substrato, em um trecho de 30 cm (15 cm de cada lado da fissura), fixando-se a tela,
e refazendo-se todo o emboço e assentamento das pastilhas. Esse reforço faz com
que as tensões provenientes da dilatação e contração térmicas, que seriam
absorvidas pelas juntas de movimentação, sejam absorvidas pela tela metálica,
diminuindo assim a transferência de esforços para o revestimento de pastilhas.

Figura 13 – Esquema de reforço com tela soldada nos trechos de


revestimento com fissuras
9
Fonte: Silva (2017) .

A Fotografia 31 e a Fotografia 33 mostram a instalação da tela de reforço e


um exemplo de trinca longitudinal reforçada de acordo com o indicado no esquema
anterior, respectivamente.
63

Fotografia 32 – Execução de reforço com tela soldada


nos trechos de revestimento com fissuras
9
Fonte: Silva (2017) .

Fotografia 33 – Reforço com tela em trinca longitudinal do revestimento pastilhado,


sendo: a) tela instalada; b) emboço refeito.
Fonte: Construtora Sial, dez. 2015
64

4.1.1.6 Problema: pastilhas faltantes

Em diversos pontos da fachada ocorreram desplacamentos, conforme


observações em campo, classificados como sendo de primeiro grau por estarem
locados entre a argamassa de assentamento e a pastilha (ver Fotografia 34).

Fotografia 34 – Exemplo de pastilhas faltantes


Fonte: Construtora Sial, dez. 2015

Conforme já mencionado nos itens anteriores, todos os pontos de remoção e


inserção de pastilhas foram computados. Com a existência de regiões sem pastilhas
quando se deu o início da obra de restauro, houve a necessidade de recorrência à
fabricante para produção de pastilhas semelhantes a serem colocadas em pontos
estratégicos, que não interferissem no todo.
Os requadros tiveram que ser refeitos com argamassa. O assentamento das
pastilhas foi feito com argamassa ACIII, ideal para pastilhamento de fachadas.

4.1.1.7 Finalização

Após a cura da argamassa de assentamento e a escarificação de


aproximadamente 2mm do rejunte de alguns pontos da fachada com um produto
químico que promove a desagregação da argamassa, prosseguiu-se com o
rejuntamento feito com bisnaga para esse fim, conforme Fotografia 35.
65

Fotografia 35 – Rejuntamento das pastilhas


Fonte: Construtora Sial, ago. 2015

Finalizada a cura do rejunte (mínimo de 72 horas), foi feita uma limpeza por
hidrojateamento e aplicação por aspersão de produto para proteção hidro e óleo
repelentes, ideal para superfícies porosas por impedir a entrada de fluidos e permitir
a saída deles.
Todos os trechos das fachadas foram recompostos, com resultado visível da
Fotografia 36 até a Fotografia 38.

Fotografia 36 – Resultado final das pastilhas nas sacadas do Palácio


Fonte: Arquivo pessoal do arquiteto Salvador Gnoato
66

Fotografia 37 – Resultado final das pastilhas da fachada posterior do Palácio


Fonte: Arquivo pessoal do arquiteto Salvador Gnoato

Fotografia 38 – Resultado final das pastilhas da fachada frontal do Palácio


9
Fonte: Silva (2017) .
67

4.1.2 Fachadas “Cegas”

O edifício aqui em estudo possui duas fachadas revestidas em pastilhas de


porcelana (fachadas frontal e posterior) e duas em revestimento de argamassa
(fachadas laterais – “cegas”).
Assim como feito para as fachadas pastilhadas, as fachadas cegas
passaram por inspeção por percussão, o que revelou em um primeiro momento a
perda de ancoragem de placas de revestimento, com visível desplacamento e micro
fissuras, provenientes da retração hidráulica da argamassa.
Foi feito então um laudo técnico com base em ensaios de arrancamento,
que indicaram o esgotamento da capacidade de resistência à tração do
revestimento. Esse laudo mostrou os resultados obtidos dos testes de arrancamento
feitos conforme a NBR 13528 e a NBR 13749, que regem a normatização referente
ao revestimento de paredes com argamassa inorgânica. Segundo o laudo, a tensão
de tração resistente média obtida dos teste de arrancamento foi de 0,12MPa, muito
menor que a mínima admissível por norma de 0,30MPa (ver Quadro 2).

Quadro 2 - Limites de resistência de aderência à tração para emboço e camada única.


Fonte: ASSOCIAÇÃO..., 1996.

Além disso, os testes mostraram que em sua maioria, os trechos ensaiados


sofreram ruptura na camada de emboço, sinalizando perda de resistência desse
material, conforme preconiza a NBR 13528:2010 (Figura 14, tipologia “E”).
68

Figura 14 - Formas de ruptura no ensaio de resistência de aderência à tração para um


sistema de revestimento com chapisco
Fonte: ASSOCIAÇÃO..., 2010.

O laudo indicou também que 10% da área total do revestimento apresentava


descolamento do emboço. Com isso, atestou-se que a vida útil desse revestimento
foi atingida, sendo necessário o refazimento de todo o revestimento em argamassa
das duas fachadas laterais, obedecendo às normas vigentes, inclusive em relação
às juntas de movimentação horizontais e verticais.
Do ponto de vista do restauro, não haveria justificativa para objeções, já que
essas fachadas não tinham elementos arquitetônicos notáveis, sendo apenas de
bom senso manter a cor branca em contraste com as fachadas adjacentes.
Primeiramente removeu-se todo o revestimento, em blocos; por pessoal
técnico e especializado, com uso de balancins e proteção do entorno com telas de
polipropileno e bandejões. Em seguida, foi feita a limpeza com jateamento para
garantir a completa adesão do revestimento ao substrato; remoção de rebarbas de
argamassa e tratamento de fissuras ou ferrugem localizadas.
Antes da aplicação da argamassa de chapisco, foram feitos diversos testes
in loco para definir o traço da argamassa a ser usado, capaz de aderir à parede de
mais de meio século de idade. Definidos os traços específicos, executou-se o
chapisco com argamassa e o emboço com argamassa estabilizada. O revestimento
da fachada lateral voltada à Assembleia teria que ter 4,5 cm de espessura média,
enquanto que a fachada voltada para a rua Ernâni Santiago de Oliveira deveria ter
revestimento com espessura média de 6,0 cm. Essa discrepância foi detectada
69
quando da inspeção feita no local, proveniente da diferença de prumo entre as duas
paredes. Pensando na época de construção dessa edificação, constata-se que essa
situação era comum, visto que as técnicas de construção eram mais imprecisas que
as atuais.
Após a execução do emboço, fez-se o reboco e a pintura.
Ao longo de todo o processo, amostras foram feitas e testadas de modo a
corroborar com a técnica e materiais utilizados, fato que, presume-se, culminaria em
personalização do processo para a situação específica encontrada no Palácio.
A Fotografia 39 apresenta uma das fachadas laterais após o restauro, onde
percebe-se as juntas de movimentação empregadas.

Fotografia 39 – Aspecto final da fachada lateral direita do Palácio. Obs: A imagem


pode apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.

4.1.3 Mármore Branco “Paraná” dos Pilotis

Os pilotis de concreto armado revestidos com placas de mármore branco


Paraná são elementos bem característicos do Movimento Moderno, sendo os
responsáveis pelo amplo espaço livre no pavimento térreo, bem como pelo pé direito
duplo, conferindo leveza à edificação.
70
O trabalho de restauro dos pilotis, foi feito conforme especificações de
projeto constantes no relatório técnico da Planville e em conjunto com a empresa
paulista Aderis (especializada em recuperação de superfícies), sendo usados
produtos biodegradáveis e sem componentes corrosivos.
Os pilotis apresentavam sujidades aderidas aos poros do material de
revestimento, bem como evidências de ataques químicos, contaminações, furos,
trincas, entre outros. Segundo relatos colhidos dos profissionais, as bases das
colunas continham sinais de umidade ascendente (infiltração de água que ocorre no
sentido solo è pilar).
A Fotografia 40 e Fotografia 41 mostram a situação dos pilotis encontrada
antes da obra de restauro.

Fotografia 40 – Placas de mármore dos pilotis Fotografia 41 – Placas de mármore


com sujidades dos pilotis com furos
9
Fonte: Silva (2017) . Fonte: Construtora Sial, fev. 2015.

O restauro do mármore dos pilotis seguiu os seguintes passos:


1. Polimento com lixas flexíveis em diversas granulometrias, com constante
aspersão de água através de mangueiras adaptadas para tal;
2. Limpeza com um produto líquido para aspersão associado a um talco de
limpeza própria para esse tipo de superfície;
71
3. Limpeza com peróxido de hidrogênio, que atua sobre impurezas
biológicas (bactérias, fungos, etc);
4. Rejuntamento com uso de bisnaga para rejunte pronto para uso;
5. Proteção da superfície com produto nanotecnológico, capaz de
promover a impermeabilização quanto à ascensão de água e quanto às
impurezas do ambiente, e permitindo a “transpiração” da estrutura, ou
seja, a saída de água pelos seus poros.
Com o objetivo de impedir a ascensão de água novamente e o
manchamento das peças de mármore, na base dos pilotis em contato com o solo,
foram passadas 6 demãos de produto impermeabilizante.
A Fotografia 42 mostra os pilotis em processo de restauro, em que foi
necessária a montagem de andaimes para ser possível o acesso ao topo.

Fotografia 42 – Execução do restauro dos pilotis externos


9
Fonte: Silva (2017) .

A Fotografia 43 ilustra o aspecto final dos pilotis após a restauração.


72

Fotografia 43 – Aspecto final dos pilotis da fachada frontal. Obs: A imagem pode
apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.
73

4.2 REVESTIMENTOS INTERNOS

O Palácio da Justiça é composto de diversos tipos de revestimentos internos


conforme segue:
• Mármore branco Paraná nos pisos e paredes do pavimento térreo,
mezanino, primeiro pavimento e décimo pavimento;
• Mármore branco Paraná nos pilotis;
• Piso cerâmico hexagonal nos banheiros públicos do térreo ao décimo
pavimentos;
• Piso cerâmico quadrado em duas cores de (10 x 10) cm nos banheiros
privativos do sexto pavimento, hall dos elevadores (exceto no trecho
voltado à fachada frontal) e corredor do segundo ao nono pavimentos
(exceto corredor do sexto pavimento);
• Azulejos brancos de (15 x 15) cm das paredes dos banheiros públicos,
privativos e para portadores de necessidades especiais (dentre estes
estão os originais e os novos) do térreo ao décimo pavimentos;
• Porcelanato branco nos pisos dos banheiros privativos do segundo ao
décimo pavimentos (exceto do sexto pavimento) e dos banheiros para
portadores de necessidades especiais do térreo ao décimo pavimentos;
• Tacos de madeira nos pisos do trecho do hall dos elevadores voltado à
fachada frontal do segundo ao nono pavimentos e do corredor do sexto
pavimento;
• Madeira nos painéis nos elevadores públicos do térreo ao nono
pavimento (dentre estes estão tipos e idades diferentes de painéis);
• Madeira nas molduras dos elevadores públicos do térreo ao décimo
pavimentos (dentre estas estão tipos e idades diferentes de molduras);
• Mármore branco Paraná nas molduras dos elevadores privativos.
Os subitens a seguir explanam todos os tipos de revestimento citados,
mostrando o local de ocorrência de cada um.

4.2.1 Mármore Branco “Paraná” dos Pisos e Paredes

As peças de mármore branco Paraná estavam presentes em vários


pavimentos do Palácio da Justiça, nos pisos, paredes e escadarias, dando um
74
aspecto de amplitude e clareza. Nos pisos as peças eram distribuídas montando um
quadrado central de mármore, com filetes e tozzetos 10 de granito preto ou de
mármore branco, formando um desenho característico desse monumento. A
Fotografia 45 mostra o piso de mármore desenhado e os pilotis internos também
revestidos em mármore, antes da obra de restauro.

Fotografia 44 – Aspecto do piso de mármore do pavimento térreo


antes da obra de restauro
Fonte: Construtora Sial, dez. 2014

A Fotografia 45 até a Fotografia 48 ilustra as sujidades do revestimento de


mármore dos pisos.

10 Tozzeto é a palavra italiana designada a pequenas peças cerâmicas. Normalmente as peças são
menores que 12,5 cm, quadradas, desenhadas ou não, de mármore, granito ou outro material que
compõem, junto com outras peças, um desenho de pisos ou paredes.
75

Fotografia 45 – Aspecto do piso de mármore de um dos pavimentos antes da obra de


restauro
Fonte: Construtora Sial, dez. 2014

Fotografia 46 – Aspecto do piso de mármore da escadaria em caracol antes da obra


de restauro
Fonte: Construtora Sial, mar. 2015
76

Fotografia 47 – Escadaria em caracol Fotografia 48 – Escadaria lateral


durante a obra de restauro durante a obra de restauro
Fonte: Construtora Sial, jul. 2015 Fonte: Construtora Sial, jul. 2015

Originalmente não havia rodapé de mármore, que foi adicionado para dar
um melhor acabamento (ver Fotografia 49), assim como pequenas soleiras nos
cantos com as paredes e no piso junto aos guarda-corpos do mezanino, servindo
também como proteção da própria pedra contra quebra ou sujidade.

Fotografia 49 – Detalhe da nova soleira de


mármore no piso do mezanino: vista superior
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017.
77
O preciosismo na manutenção dessas peças é notável, sendo que todas
aquelas capazes de serem restauradas assim o foram. A degradação observada era
predominantemente por questões de uso, ora apresentando alguns pontos de
ferrugem onde serviram de base para alguma fixação, ora apresentando riscos ou
quebras.
As peças em forma de filetes dos pisos não foram possíveis de serem
recuperadas por serem muito pequenas, quebrando no momento da remoção, no
entanto foi relativamente fácil encontrar peças similares no mercado para
substituição. Os tozzetos de mármore ou granito também não puderam ser
restaurados pelo mesmo motivo, sendo também substituídas por novos. Quanto às
peças maiores de mármore branco, foram praticamente todas restauradas. Algumas
destas foram compradas novas, tendo-se o cuidado de serem extraídas da mesma
jazida e com mesmos veios da pedra original. O fato de ser Mármore Paraná
facilitou a compra, já que a produção das peças era feita a partir de jazidas locais.
O restauro do mármore foi um trabalho complexo, começando pela remoção
de peças onde necessário - em especial no 10o pavimento onde foram feitas novas
salas com substituição dos revestimentos de mármore originais por laminados de
madeira no piso e reboco e pintura nas paredes -, restauro delas propriamente dito,
corte, instalação e polimento. A etapa de polimento, foi feita por uma empresa
especializada de São Paulo, consistindo primeiramente em lixamento com lixas de
várias granulações para nivelamento das peças e depois para próprio polimento e
brilho com uso de um talco biodegradável.
A sequência de instalação, limpeza, polimento e impermeabilização das
peças de mármore do piso é apresentada da Fotografia 50 até a Fotografia 54.

Fotografia 50 – Recolocação das peças Fotografia 51 – Piso de mármore


de mármore no piso do pavimento térreo do pavimento térreo reinstalado
Fonte: Construtora Sial, fev. 2016 Fonte: Construtora Sial, mai. 2016
78

Fotografia 52 – Limpeza do piso de mármore


Fonte: Construtora Sial, ago. 2016

a) b)

Fotografia 53 – Polimento do piso de mármore do pavimento térreo: a) vista do hall de


entrada; b) abaixo da escadaria em caracol.
Fonte: Construtora Sial, out. 2016
79

Fotografia 54 – Impermeabilização do piso de


mármore do primeiro pavimento
Fonte: Construtora Sial, jan. 2016

No andar da presidência, não existia nada no piso além do corredor. Lá


então os módulos foram obedecidos, porém o piso era de sobras de mármore.
Dessa parte em diante, se vê claramente a intervenção (Fotografia 55), em que o
aspecto visual é diferente, porém mantendo-se a modulação e material.

Fotografia 55 – Distinguibilidade entre o piso de


mármore existente e o novo do primeiro
pavimento.
Fonte: Acervo pessoal, maio de 2017.
80
Todas as peças de mármore que fazem parte do jardim de inverno da
presidência foram removidos, limpos, recolocados e limpos novamente no local.
Alguns trechos que estavam muito deteriorados (quebrados) foram refeitos.
A Fotografia 56 mostra o aspecto final dos revestimentos da área de
vivência externa do primeiro pavimento.

Fotografia 56 – Aspecto final da área do primeiro pavimento. Obs: A


imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de
Oliveira.

O mármore das escadas foi todo recuperado e, onde haviam quebras,


decidiu-se por cortar de modo a ficar harmônico. Há que se ter em conta que esse
edifício teve sua construção ao longo de vários anos, sendo também vários os
fornecedores de materiais, inclusive o mármore, fator que se reflete nas longas
escadarias do Palácio onde se pode verificar a diferença de cor das pedras e,
inclusive, de tipo de mármore.
A Fotografia 57 e a Fotografia 58 mostram o aspecto final dos revestimentos
de mármore da escadaria em caracol e do pavimento térreo.
81

Fotografia 57 – Aspecto final da escadaria em


caracol após o restauro.
Fonte: Construtora Sial, nov. 2016

Fotografia 58 – Aspecto final do pavimento térreo


Fonte: Construtora Sial, nov. 2016
82

4.2.2 Revestimentos dos Banheiros

O Palácio da Justiça possui atualmente duas linhas de banheiros, uma nas


laterais, denominados banheiros públicos, originais da década de 1950; e uma no
centro, denominados banheiros privativos, também já existentes porém totalmente
modificados nesse restauro de 2014, sendo considerados como se fossem novos.
Em adição a esses foram feitos, também nas laterais, novos banheiros para
portadores de necessidades especiais, local anteriormente usado como depósito.
Pensando em questões de patologia, os banheiros não apresentavam
problemas de funcionamento, tendo como manifestações patológicas apenas as
sujidades naturais do material de revestimento e estufamentos, muito provavelmente
por conta do modelo de assentamento da época caracterizado por punhados de
argamassa de assentamento em formato de bola, bem no meio das peças, conforme
apresentado na Fotografia 59, diferentemente do método atual em que a argamassa
deve ser espalhada de maneira uniforme.

Fotografia 59 – Remoção dos azulejos das paredes


dos banheiros, onde é notável o método de
assentamento original.
Fonte: Construtora Sial, abr. 2015

Em um projeto de restauro, é importante seguir uma mesma linha de


raciocínio, fazendo-se a diferenciação entre o novo e o antigo de maneira clara e ao
mesmo tempo harmônica. Esse aspecto é perceptível em toda a obra, em especial
nos banheiros, em que os novos foram revestidos diferentemente dos antigos,
porém harmoniosamente com o intuito de não provocar choque visual aos usuários.
83
A primeira coisa a ser feita foi o levantamento de todo o material disponível
para restauro e recolocação. Com esse levantamento, foi possível verificar que não
havia material suficiente para revestir as paredes de todos os banheiros restaurados,
no entanto havia a quantidade necessária para os pisos. Por conta disso, os
azulejos das paredes dos banheiros laterais são novos, porém com mesmas
dimensões e cor que os originais: (15 x 15) cm, na cor branca.
As peças de porcelana (10 x 10) cm dos pisos dos banheiros laterais
puderam ser restauradas basicamente por conta da alteração das paredes dos
banheiros centrais, permitindo a remoção dos pisos destes banheiros para
colocação nos banheiros laterais. Essas peças foram retirados manualmente, em
placas junto com o próprio contrapiso de modo a mantê-las inteiras. Após a retirada
das peças, foi feita a limpeza para remoção do substrato e cola piche (usada para
impermeabilização) aderidos às peças. Testes foram feitos para verificação da
porosidade, sendo assim garantida a qualidade do material. Após isso, eram refeitas
as placas, sendo que ao invés da tela, era colocado papel no tardoz da peça,
conforme era feito antigamente. Em áreas menores (por exemplo ao redor dos vasos
sanitários, ralos, pias), não foram feitas placas, apenas colocadas as peças uma a
uma.
As fotos a seguir mostram a sequência de remoção (Fotografia 60 e
Fotografia 61), armazenamento (Fotografia 62 e Fotografia 63), limpeza (Fotografia
64 a Fotografia 66) e entelamento (Fotografia 67).

Fotografia 60 – Remoção das placas Fotografia 61 – Remoção das


hexagonais e quadradas de (10 x 10) placas hexagonais
cm Fonte: Construtora Sial, mar.
Fonte: Construtora Sial, mar. 2015 2015
84

Fotografia 62 – Azulejos originais Fotografia 63 – Porcelanatos hexagonais


recuperados das paredes dos banheiros originais recuperado dos pisos dos
Fonte: Construtora Sial, mar. 2015 banheiros
Fonte: Construtora Sial, mai. 2015

Fotografia 64 – Limpeza do piso 10 x 10 cm


Fonte: Construtora Sial, abr. 2015

Fotografia 65 – Limpeza das placas Fotografia 66 – Placas hexagonais e 10 x


hexagonais 10 cm após limpeza
Fonte: Construtora Sial, mai. 2015 Fonte: Construtora Sial, mar. 2015
85

Fotografia 67 – Entelamento das placas hexagonais com papel


Fonte: Construtora Sial, fev. 2016

Os dois banheiros (central e lateral) do sexto andar (“Restauro Exemplar”)


foram restaurados. Essa foi uma decisão feita já durante a obra, pois a priori todos
os banheiros centrais seriam iguais, com os novos revestimentos, fato que não faria
sentido de ser mantido para o sexto pavimento, considerado ser este o andar
testemunho do edifício. Os banheiros públicos desse pavimento tiveram o piso
revestido em porcelanato sextavado e os banheiros privativos em porcelanato (10 x
10) cm, isso porque originalmente existiam esses dois tipos de banheiros, então a
ideia foi manter no andar o testemunho de ambos os tipos. Esse material foi retirado
de banheiros dos outros andares. As paredes foram revestidas com os azulejos
também originais restaurados, no entanto, devido à quebra de material, foi
necessário fazer a complementação de maneira que fosse perceptível a diferença
das partidas do azulejo.
A Fotografia 68 apresenta o aspecto final típico dos banheiros laterais (ou
públicos) do sexto pavimento, com piso cerâmico hexagonal e azulejos das paredes
restaurados. Nessa imagem nota-se, em escala exagerada por conta das distorções
do tipo de lente fotográfica utilizada, a curvatura da parede dos banheiros laterais.
Na Fotografia 69 nota-se o piso cerâmico de (10 x 10) cm em duas cores e
os azulejos das paredes restaurados.
86

Fotografia 68 – Aspecto final do banheiro lateral do sexto pavimento (“Restauro


Exemplar”), com piso e azulejos das paredes restaurados. Obs: A imagem pode
apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.

Fotografia 69 – Aspecto final do banheiro central do sexto pavimento (“Restauro


Exemplar”), com piso cerâmico e azulejos das paredes restaurados. Obs: A
imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.
87
A Fotografia 70 apresenta o banheiro PNE de pavimento tipo com pisos de
porcelanato e azulejos nas paredes novos, além das adaptações necessárias aos
portadores de necessidades especiais.

Fotografia 70 – Aspecto final do banheiro PNE (igual em todos os pavimentos). Obs:


A imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.

No 10o andar não existiam os banheiros, então foram feitos novos. Eles
foram refeitos com tijolos da época (mais grossos, com paredes duplas),
recuperados da própria obra.
Finalizada a colocação das peças cerâmicas, foi feita uma limpeza, refeito o
rejuntamento e passado um produto impermeabilizante.
A Fotografia 71 apresenta o aspecto final típico dos banheiros laterais (ou
públicos) dos pavimentos tipo, com piso cerâmico hexagonal restaurado e azulejos
das paredes novos. Nessa imagem nota-se, em escala exagerada por conta das
distorções do tipo de lente fotográfica utilizada, a curvatura da parede dos banheiros
laterais.
Na Fotografia 72 nota-se o piso de porcelanato e os azulejos das paredes
novos.
88

Fotografia 71 – Aspecto final do banheiro lateral do décimo pavimento. Obs: A


imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.

Fotografia 72 – Aspecto final do banheiro central do décimo pavimento Obs: A


imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.
89

4.2.3 Tacos de Madeira dos Pisos

O edifício em estudo possuía diversos trechos do piso revestidos em tacos


de madeira, grande parte no entanto apresentando marcas profundas de riscos e
manchas, trincas e quebras, porém sem manifestações patológicas de xilófagos,
sendo limitadas a patologias provenientes do mau uso. Em alguns lugares, durante a
ocupação do prédio antes do restauro, foram colocados carpetes sobre o
revestimento de tacos de madeira.
A Fotografia 73 e a Fotografia 74 mostram o trecho c de piso após remoção
dos tacos de madeira e as avarias existentes em algumas regiões, respectivamente.

Fotografia 73 – Aspecto do piso com a remoção dos tacos de madeira


Fonte: Construtora Sial, dez. 2014.

Fotografia 74 – Avarias nos tacos de madeira


Fonte: Construtora Sial, set. 2015
90
A Fotografia 75 mostra o piso de tacos de madeira no corredor do sexto
pavimento. Nota-se que neste andar o piso estava mais conservado, porém
mostrava aspecto fosco.

Fotografia 75– Tacos de madeira do corredor do sexto


pavimento antes do restauro
Fonte: Construtora Sial, dez. 2014.

Apesar da evidente dificuldade no restauro dessas peças, por exigência


imposta pela Coordenação do Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da
91
Cultura do Paraná, foram mantidos os tacos de madeira no trecho do hall dos
elevadores próximo à fachada frontal do 3o ao 9o pavimentos.
Quanto aos tacos de madeira do sexto andar, denominado andar do
“Restauro Exemplar”, foram também mantidos aqueles do corredor, gabinetes e
salas dos assessores.
A Fotografia 76 mostra a reinstalação dos tacos de madeira restaurados e a
Fotografia 77 ilustra o processo de polimento dos pisos em andamento.

Fotografia 76– Reinstalação dos tacos de madeira no hall próximo à fachada frontal
Fonte: Construtora Sial, dez. 2015.

Fotografia 77– Polimento do revestimento em


tacos de madeira do sexto pavimento
Fonte: Construtora Sial, set. 2015.
92
O aspecto final dos tacos de madeira é apresentado na Fotografia 78.

Fotografia 78 – Sexto pavimento (“Restauro Exemplar”): corredor com piso


de tacos de madeira restaurados
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017

Nota-se aqui a importância da conservação e consciência de preservação do


Patrimônio, sendo a negligência em relação a esses fatores a causa de maior
investimento na restauração dessas peças do que seria necessário em caso de boa
conservação. Estima-se que foi restaurado um total de aproximadamente 490m2 de
tacos.
93
De modo a promover a função estética e ajudar na preservação, foram feitos
novos rodapés, com madeira branca, de fácil discernimento quanto à data de
intervenção.
O piso imediatamente em frente aos elevadores públicos do sexto pavimento
é de porcelana de (10 x 10) cm, sendo que a transição desse tipo de revestimento
para os tacos de madeira é evidenciada por uma faixa de mármore branco Paraná,
conforme ilustra a Fotografia 79, seguindo o princípio de distinguibilidade da data da
intervenção.

Fotografia 79 – Trecho do “Restauro Exemplar”: Demarcação com faixa de mármore


entre piso novo e piso restaurado
Fonte: Arquivo pessoal, março de 2017

O hall do sexto pavimento posicionado próximo à fachada frontal possui


portas novas, de madeira, em um tom que não destoa daquele presente no painel de
nogueira rosa dos elevadores desse pavimento.
A Fotografia 80 mostra o piso com tacos de madeira restaurado e a porta
nova, donde é possível observar a cor em relação ao painel que aparece em
primeiro plano.
94

Fotografia 80 – Trecho do “Restauro Exemplar”: Piso de tacos de madeira, rodapé de


madeira branca e porta com moldura de madeira
Fonte: Arquivo pessoal, março de 2017

4.3 INSTALAÇÕES PREDIAIS

A edificação sofreu grandes transformações no que diz respeito às


instalações prediais hidráulicas e elétricas, de modo a adequar ao uso atendendo à
atual normatização quanto à segurança e visando a sustentabilidade. Entre estes
itens estão os elevadores (com seus novos equipamentos e casas de máquina),
caixas d’água e sistemas de ar-condicionado. Quanto à questão de sustentabilidade,
citam-se os equipamentos dos elevadores que têm um sistema interno de geração
de energia a partir da energia cinética do próprio equipamento.
Todos os forros foram rebaixados em gesso, permitindo assim a passagem
das instalações no nicho entre o forro e a laje do piso.

4.3.1 Elevadores: Estrutura e Acabamentos

Os elevadores do Palácio são distribuídos da seguinte maneira:


95
• Seis elevadores públicos, sendo que os dois mais próximos às
escadas foram feitos posteriormente à construção original;
• Dois elevadores privativos novos.
Os elevadores foram todos trocados por equipamentos novos, fato possível
de ser observado - além da evidente tecnologia de ponta - pelas portas do elevador,
que ficam parcialmente escondidas pela moldura de madeira, indicando que o
elevador anteriormente existente era menor que o atual.
Originalmente, o Palácio foi concebido com poços para 18 elevadores
públicos, tendo sido usados apenas 6 destes. Os outros 12 poços existentes,
quando do início da obra de restauro, estavam parcialmente tampados com lajes ou
simplesmente com o shaft livre, situação corrigida com a obra de 2014, que fechou
todos esses poços com lajes. Quanto aos elevadores privativos, quando do início do
restauro, um deles já se encontrava em funcionamento.
Outra situação observada nos poços dos elevadores foram as armaduras
expostas (ver Fotografia 81). Nesses casos foi feita averiguação pontual, com ensaio
eletrolítico para análise do alastramento da corrosão. Segundo informações
colhidas, não houve necessidade de reforço da armadura, sendo feitas apenas as
correções específicas para esses casos (escarificação, neutralização da armadura
com produto inibidor de corrosão e recomposição com argamassa ou grout).

Fotografia 81 – Poços de elevadores antes do restauro


Fonte: Construtora Sial, dez. 2014
96
A troca dos elevadores demandou estudos estruturais para garantir a
segurança por conta do aumento significativo das cargas atuantes em relação aos
antigos elevadores.
Outra alteração necessária na edificação para ser possível a instalação
desses equipamentos, foi a altura dos poços dos elevadores - por conta das maiores
velocidades atingidas - , anteriormente com 1,70 m alterados para 2,10 m. Isso foi
possível, basicamente, mediante aprofundamento da escavação do subsolo e
demolição da laje caixão (com 60 cm de altura), que foi substituída por laje de steel
deck, bem menos robusta.
A casa de máquinas dos elevadores privativos foi totalmente demolida e
refeita devido à altura mínima necessária entre a máquina e o teto da casa.
Assim como em toda a obra, a diferenciação dos elevadores novos para os
antigos foi fator predominante, inclusive a distinção entre os quatro elevadores
públicos da década de 1950 em comparação com os outros dois elevadores
provenientes de reforma anterior ao atual restauro.
Os elevadores privativos novos têm batentes de mármore, diferentemente
dos elevadores públicos que são emoldurados com madeira.
No sexto pavimento (“Restauro Exemplar”), o painel é o original de nogueira
rosa, restaurado por meio de lixamento e selamento. A moldura destes elevadores
são de imbuia, exceto pelos dois elevadores mais próximos ao hall por serem
posteriores. Foi colocada uma chapa inox por dentro porque os caixilhos tiveram que
ser movidos, o que deixava um buraco ao redor da porta.
Todos os elevadores públicos seguiram os padrões do sexto andar no que
diz respeito às dimensões do painel de madeira e molduras, no entanto sendo
usados tipos diferentes de madeira em relação original, ficando evidente que eles
não são os painéis de nogueira rosa nem as molduras de imbuia originais, já que
estes foram removidos em alguma intervenção anterior.
A Fotografia 82 apresenta o aspecto dos painéis de madeira existentes no
pavimento térreo antes da obra de restauro, com aspecto fosco, riscos e quebras,
assim como os painéis do sexto pavimento conforme mostrado na Fotografia 83.
97

Fotografia 82 – Painel dos elevadores do pavimento


térreo
Fonte: Construtora Sial, fev. 2016

Fotografia 83 – Painel dos elevadores do sexto pavimento (“Restauro


Exemplar”) antes do restauro.
Fonte: Construtora Sial, abr. 2015
98
A Fotografia 84 a seguir mostra o hall dos elevadores sem os painéis de
madeira, removidos para restauração.

Fotografia 84 – Elevadores sem painel


de madeira, antes do restauro
Fonte: Construtora Sial, mar. 2015

A Fotografia 85 apresenta o hall dos elevadores públicos do pavimento


térreo, com os painéis de madeira e mármore branco Paraná restaurados.

Fotografia 85 – Aspecto final dos elevadores públicos do pavimento térreo.


Obs: A imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.
99
A Fotografia 86 ilustra o hall dos elevadores públicos dos pavimentos tipo,
com novo painel e molduras, feitos à semelhança dos originais. O aspecto final do
hall dos elevadores do pavimento do “Restauro Exemplar” com todos os itens
originais restaurados é mostrado na Fotografia 87.

Fotografia 86 – Aspecto final dos elevadores públicos do primeiro ao


nono pavimentos, exceto pelo sexto (“Restauro Exemplar”). Obs: A
imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de
Oliveira.

Fotografia 87 – Aspecto final dos elevadores públicos do sexto


pavimento (“Restauro Exemplar”). Obs: A imagem pode apresentar
distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de
Oliveira.
100
A Fotografia 88 mostra o hall dos elevadores públicos do décimo pavimento,
com painel de mármore branco Paraná e molduras de madeira novas. Na Fotografia
89 aparece o hall dos elevadores privativos, totalmente diferente dos elevadores
públicos.

Fotografia 88 – Aspecto final dos elevadores públicos do décimo pavimento.


Obs: A imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.

Fotografia 89 – Aspecto final dos elevadores privativos (igual em todos os


pavimentos). Obs: A imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de
foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.
101

4.3.2 Pavimento Técnico: Instalações e Acabamentos

No pavimento técnico está todo o maquinário dos elevadores, as novas


caixas d’água, os sistemas de ar-condicionado e a sala de comando. Também é
nessa região que está a cobertura, que apresentava aspecto desgastado e com
sujidades conforme mostra a Fotografia 90. O ANEXO D contém a planta desse
pavimento para melhor entendimento.

Fotografia 90 – Cobertura antes do restauro


Fonte: Construtora Sial, dez. 2014.

Apresenta-se na Fotografia 91 o aspecto final do pavimento técnico após o


restauro, onde se vê: mais à esquerda o trecho com cobertura e a casa de máquinas
dos elevadores privativos, no centro a estrutura metálica elevada que serve de apoio
para o maquinários dos elevadores, ar-condicionado e caixas d’água e, mais à
direita, a cobertura e a casa de máquinas dos elevadores públicos.

Fotografia 91 – Pavimento técnico após o restauro: vista geral da cobertura


Fonte: Arquivo pessoal do arquiteto Salvador Gnoato, 2017.
102
À época do projeto de restauro, previa-se o uso da laje da cobertura como
apoio para todas as novas instalações. Foi feita então uma verificação estrutural da
laje que atestou sua ineficiência para o uso a que seria prestada, sendo então
dimensionada uma estrutura metálica adicional, que teria como pontos de apoio os
pilares da edificação, sem fazer uso da laje como estrutura portante. A estrutura é
composta de perfis metálicos de aço A-36 (vigas e colunas) e grades metálicas.
As caixas d’água anteriormente existentes, foram substituídas por quatro
unidades de 15 mil litros cada uma, também apoiadas sobre estrutura metálica.
Foram instaladas novas telhas de aço trapezoidal com tratamento termo
acústico nas extremidades esquerda e direita do pavimento, com caimento em duas
águas (frontal e posterior do prédio). De modo a receber as telhas, foi executado um
oitão de alvenaria.
No trecho central, onde se encontram as caixas d’água e os equipamentos
de ar-condicionado, não foi feita cobertura com telhas. No entanto, de modo a
garantir a proteção da estrutura de concreto, foi aplicada impermeabilização de
manta asfáltica (2 camadas) abaixo do novo contrapiso e revestimento – que confere
a declividade mínima - de argamassa leve (com esferas de EPS).
Foi feita uma calha em concreto armado ao longo de todo o perímetro dos
trechos cobertos, tanto para recebimento de águas pluviais, quanto para acesso de
pessoas para manutenção sem provocar danos às telhas.
A Fotografia 92 mostra a região central do pavimento técnico, onde é
possível observar a estrutura metálica elevada da laje de concreto com perfis
metálicos de suporte. Também se notam os guarda-corpos metálicos, e o
equipamento de ar-condicionado de última geração em primeiro plano.
As novas caixas d’água sobre a estrutura metálica de suporte são mostradas
na Fotografia 93.
103

Fotografia 92 – Pavimento técnico: estrutura metálica de apoio do maquinário. Obs: A


imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.

Fotografia 93 – Pavimento técnico: vista das caixas d’água


Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017.
104
Em termos de restauro, um fato interessante sobre esse pavimento foi a
adequação às novas instalações com o mínimo de impacto possível ao aspecto
visual a partir da calçada. Para isso, o maquinário foi instalado o mais afastado da
borda (fachada) possível, conforme observa-se na Fotografia 94.

Fotografia 94 – Pavimento técnico: recuo frontal da estrutura metálica de apoio do


maquinário.
Fonte: Arquivo pessoal, março de 2017.

4.4 MISCELÂNEAS METÁLICAS

As miscelâneas metálicas estão distribuídas nas esquadrias de alumínio


novas, guarda-corpos de alumínio originais restaurados. Os subitens a seguir
descrevem os detalhes de cada tópico.

4.4.1 Esquadrias

As esquadrias de uma obra de Patrimônio são elementos essenciais para a


caracterização da edificação quanto à época de execução.
O Palácio da Justiça era composto de esquadrias de ferro, com modulação
típica do Movimento Moderno em que há grandes faixas de vidro conferindo ao
105
prédio um aspecto leve e translúcido, em especial no pavimento térreo onde não há
brises soleil.
As esquadrias de ferro originais não estavam mais em condições de uso:
parte das janelas não abriam e a estabilidade estava comprometida (ver Fotografia
95e Fotografia 96). As esquadrias do pavimento térreo já não eram mais as
originais, tendo sido trocadas em reforma anterior e sem os cuidados de um restauro
criterioso. Por conta de todos esses fatores, toda a esquadria deveria ser
substituída, não sendo possível o restauro das originais devido ao comprometimento
total dessas estruturas.

Fotografia 95 – Esquadrias originais de ferro com oxidação


Fonte: Construtora Sial, dez. 2014

Fotografia 96 – Esquadrias originais de ferro da fachada


posterior (ao lado da escadaria) com vidros quebrados
Fonte: Construtora Sial, mar. 2015
106
A substituição foi feita por novas esquadrias de alumínio (ver aspecto final
na Fotografia 97), tomando-se o cuidado de manutenção da mesma modulação, já
que esse aspecto é essencial para o reconhecimento arquitetônico do edifício. Sabe-
se que o alumínio é um material mais leve que o ferro e mais resistente quanto à
agressividade do ambiente, no entanto, ele pode apresentar, quando comparado a
um perfil de ferro de mesmo tamanho, menor resistência mecânica. Por conta disso
e com a preocupação relativa à manutenção da paginação original, os perfis de
alumínio utilizados possuem variação de espessura. A parte exposta ao exterior do
prédio é fina, com mesma espessura das originais de ferro, porém a parte interna é
mais robusta conferindo ao perfil a capacidade suficiente de resistência análoga à
esquadria original.

Fotografia 97 – Aspecto final das esquadrias: vista interna do pavimento térreo


Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.

4.4.2 Guarda-corpos

Os guarda-corpos estavam basicamente distribuídos ao longo das


escadarias e do mezanino, sendo que uma das premissas impostas pela
Coordenação do Patrimônio Cultural era manutenção dos originais, com restauro do
que fosse possível restaurar e complementação do que fosse necessário. Todos os
guarda-corpos são de alumínio, sendo que os corrimãos têm um formato não mais
107
fabricado atualmente, com trechos que se destacam pela peculiaridade, em que o
corrimão tem um aspecto de torção.
No geral, os montantes (perfis de alumínio verticais que servem de apoio ao
passa mão) estavam mais bem conservados que os corrimãos, que passaram por
restauro, enquanto que os primeiros foram submetidos à limpeza e troca dos
chumbadores de fixação ao piso.
O restauro do corrimão de alumínio das escadarias e mezanino do prédio foi
feito em fábrica, por meio do processo chamado de decapagem, em que se remove
a “capa” de alumínio da peça e se faz a anodização, que devolve à peça seu
aspecto original, com redução das marcas do tempo e de uso para 5% do
anteriormente observado.
No mezanino, onde estava locado um posto de saúde, haviam divisórias de
acrílico, o que fez com que os corrimãos desse trecho se mantivessem mais
preservados, já que estavam praticamente inacessíveis. Em contrapartida, algumas
peças estavam quebradas e foram refeitas pelo fabricante a partir da forma (também
refeita) das originais. Vários testes foram feitos com várias empresas, de modo a se
chegar ao formato e coloração mais parecidos com o original. Haviam ainda alguns
trechos de intervenções anteriores, com perfis totalmente distintos dos originais, que
também foram substituídos pelos novos.
As avarias encontradas nos guarda-corpos estão ilustradas da Fotografia 98
até a Fotografia 100.

Fotografia 98 – Guarda-corpo da escadaria em caracol antes do restauro


Fonte: Construtora Sial, mar. 2015
108

Fotografia 99 – Detalhe do guarda-


corpo da escadaria lateral com
avarias
Fonte: Construtora Sial, fev. 2017

Fotografia 100 – Detalhe do guarda-corpo da escadaria lateral com riscos profundos


Fonte: Construtora Sial, fev. 2017

A Fotografia 101 mostra o guarda-corpo restaurado no trecho da escadaria


em caracol, no primeiro pavimento.
109

Fotografia 101 – Guarda-corpo da escadaria em caracol após o restauro


Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017.

A Fotografia 102 mostra o detalhe de torção do guarda-corpo restaurado da


escadaria lateral.

Fotografia 102 – Detalhe do guarda-corpo


da escadaria lateral após o restauro
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017.
110

4.5 FECHAMENTOS

Os fechamentos referem-se tanto às áreas internas, nomeadamente as


paredes, quanto às áreas externas, nomeadamente os vidros.

4.5.1 Divisões Internas

As divisões internas do Palácio, exceto por algumas paredes de alvenaria de


tijolos cerâmicos, eram divisões navais (ver Fotografia 103). Essas paredes foram
todas substituídas por dry-wall, devido ao seu menor peso, com espessuras de 10
cm e recheio de lã de rocha. No primeiro pavimento, onde está locada a presidência,
com suas salas e gabinetes, as paredes têm espessura de 30 cm (ou seja, são
duplas com colchão de ar no meio), de modo a atender aos requisitos necessários
para esse tipo de ambiente.

Fotografia 103 – Divisões navais anteriormente existentes no Palácio


Fonte: Construtora Sial, dez. 2014

No pavimento térreo existia uma agência bancária toda com fechamentos de


vidro e no mezanino funcionava um posto de saúde, também todo delimitado por
vidros, conforme apresentado na Fotografia 104 e Fotografia 105.
111

Fotografia 104 – Agência da Caixa Econômica existente no pavimento térreo antes do


restauro
Fonte: Construtora Sial, mar. 2015

Fotografia 105 – Divisórias de vidro jateado existentes no mezanino antes do restauro


Fonte: Construtora Sial, dez. 2014

No pavimento térreo havia uma sala advinda de uma reforma anterior, onde
o piso era simplesmente cimentado, sem revestimento. Decidiu-se por manter essa
sala, conectando-a ao contexto desse pavimento através do piso de mármore, com
112
peças restauradas e peças novas obtidas da mesma jazida que aquelas da década
de 1950. Pode-se observar o cuidado e até preciosismo em relação aos materiais
empregados e à harmonização do todo arquitetônico.
A Fotografia 106 mostra o aspecto final do pavimento térreo, sem as
divisórias do posto de saúde e da agência de banco anteriormente existentes. Ao
fundo, atrás dos pilotis, pode-se ver a parede citada anteriormente.

Fotografia 106 – Pavimento térreo com a parede mantida ao fundo. Obs: A imagem
pode apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.

O 10o pavimento abrigava um auditório, que foi removido e substituído por


salas com divisões em paredes de gesso. Esse pavimento foi de extrema
importância para o restauro, pois foi dele que foi extraída grande parte das peças de
mármore (tanto de paredes quanto do piso), restauradas e redistribuídas onde
necessário.

4.5.2 Vidros das Fachadas

Os vidros originais do Palácio da Justiça não atendiam a critérios de


segurança contra incêndio, já que no Brasil, as normas relativas a esse assunto
começaram a surgir na década de 1970 (SEITO et al., 2008), aproximadamente
113
quinze anos após a execução do edifício. Assim sendo, seguindo as Normas de
Procedimento Técnico (NPT) do Corpo de Bombeiros do Paraná e normas da ABNT,
cuidados especiais devem ser tomados para fachadas, com adoção de vidros corta-
fogo e/ou tipos de compartimentação horizontal e vertical, de modo a impedir a
propagação de incêndio e garantir a fuga das pessoas que ocupam a edificação em
tempo e com segurança, obedecendo aos tempos requeridos de resistência ao fogo
(TRRF) dos materiais e elementos estruturais (CORPO..., 2014). Assim sendo, os
vidros originais foram trocados por outros mais resistentes e de maior espessura.
Após a troca, os vidros sofreram limpeza das impurezas da própria obra de
restauro (ver Fotografia 107), principalmente por conta do restauro do revestimento
das fachadas. Após a limpeza, foi feita a proteção dos vidros com uma mistura de
detergente líquido com talco (ver Fotografia 108), produtos específicos para esse
tipo de serviço, à base de água, livre de ácidos e nanotecnológico, que promove a
impermeabilização contra impurezas, fuligens e fluidos; sem impacto visual
aparente.

Fotografia 107 – Vidros do Palácio da Justiça com sujidades da própria obra.


9
Fonte: Silva (2017) .
114

Fotografia 108 – Limpeza dos vidros da fachada frontal do Palácio, com uma mistura
de detergente líquido e talco formando uma pasta.
9
Fonte: Silva (2017) .

A Fotografia 110 mostra o aspecto final dos vidros após a limpeza, aonde
nota-se como a proteção aplicada é imperceptível aos olhos.

Fotografia 109 – Aspecto final dos vidros.


9
Fonte: Silva (2017) .
115

4.6 A ESTRUTURA

O Palácio da Justiça foi construído em vigas, lajes e pilares de concreto


armado com fechamentos em alvenaria de tijolos cerâmicos. As lajes eram lajes-
caixão, que se caracterizam por uma laje superior e outra inferior com viguetas no
meio, formando uma estrutura em caixão de 60 cm de espessura total.
Os subitens a seguir apresentam os tópicos relativos a análises estruturais
aos quais a autora teve acesso a mais informações.

4.6.1 Pisos e Contrapisos

Como se sabe, o projeto do edifício data da década de 1950, tendo sido


concebido à luz da antiga norma de projeto de execução de concreto armado, NB-1,
do decreto de lei no 2773 de 1940, em contraposição à atual NBR 6118:2014. De lá
para a atualidade, o concreto não sofreu grandes mudanças (LOTURCO, 2008), no
entanto as normas foram sendo frequentemente alteradas, o que faz com que uma
obra da década de 1950 em conformidade com a norma da época, poderia não mais
ser considerada segura segundo a normatização atual.
A estrutura do edifício é composta de lajes, vigas e pilares de concreto
armado, sendo que as lajes são lajes-caixão com 60 cm de altura, sobre as quais
havia uma camada de contrapiso e o revestimento em tacos de madeira. Os
contrapisos do 5o e 10o andares tinham enchimentos de tijolos cerâmicos, ora de 4,
ora de 6 furos, com argamassa; enquanto que dos outros pavimentos eram
compostos unicamente de argamassa.
O projeto de restauro aqui em estudo, previa troca do revestimento original
dos pisos (de tacos de madeira para mármore, porcelanato ou laminado) sem a
remoção da argamassa de regularização que ali existia, o que acarretaria em adição
de carga permanente aos pisos – ou seja, às peças estruturas de concreto: lajes,
vigas e pilares – decorrente de contrapiso adicional, peças do revestimento e, além
disso, forro de gesso (que é suportado pelas lajes).
À época da obra de restauro, foram então solicitados três laudos técnicos
(dos quais foi possível acesso a dois deles para este trabalho) referentes às vigas e
lajes dos pavimentos tipo, de modo a serem avaliadas as suas condições
estruturais. Segundo relatos dos laudos, não houve necessidade de verificação
116
estrutural dos pilares, tendo em vista a sua robustez e seu projeto originalmente feito
para mais de 30 pavimentos.
Os laudos apresentaram verificações de acordo com a NBR 6118:2014 das
armaduras existentes para os novos carregamentos, considerando os pesos dos
materiais e espessuras de revestimento conforme Quadro 3 e Figura 15.

Quadro 3 - Peso específico aparente dos materiais constituintes do contrapiso


dos pavimentos tipo do Palácio da Justiça.
11
Fonte: JCE..., 2015 .

Figura 15 - Espessura dos contrapisos para cada pavimento tipo e


esquema genérico de planta e corte fornecidos pela Construtora SIAL
11
Fonte: JCE..., 2015 .

11
JCE Projetos Estruturais S/S Ltda. Laudo técnico: Palácio da Justiça. Curitiba, PR, 2015, 15p.
Fornecido à autora pelo Tribunal de Justiça do Paraná.
117
Os dois laudos aos quais a autora teve acesso concluíram que, para os
pisos a serem revestidos em mármore que segundo a NBR 6120 (ASSOCIAÇÃO...,
1980), têm peso específico de 28kN/m3, não seria possível a execução dos novos
contrapisos com espessuras acima de 1,5 cm, revestimentos e forro sem remoção
dos contrapisos até então existentes. Enquanto que para os trechos a serem
revestidos com laminado ou porcelanato (que possuem pesos específicos mais
baixos) seria possível a adição de uma pequena camada de argamassa de
regularização ao contrapiso existente e colocação do novo revestimento ou ainda
utilização de argamassa leve (mistura com esferas de isopor) como contrapiso.
A solução final adotada foi: fazer novo contrapiso com argamassa leve no
trecho do corredor e, no trecho das salas, manter o contrapiso existente (que
apresentava fissuras e partes ocas) e complementá-lo com uma camada de
argamassa autonivelante, manta asfáltica para permitir a contração e retração sem
danos ao revestimento e, mais acima, manta Bidim® para servir de base ao
revestimento. A Figura 16 mostra essa solução esquematicamente para melhor
entendimento.

Figura 16 – Esquema da solução adotada para o contrapiso para um pavimento tipo,


onde a área hachurada refere-se ao contrapiso novo
Fonte: Arquivo pessoal, maio 2017.

É interessante aqui observar o cuidado despendido à segurança estrutural,


já que a análise técnica ficou sujeita a três laudos emitidos por diferentes empresas
de engenharia, denotando interesse de investigação das condições estruturais e de
busca por soluções diversas. Afinal, no ramo da engenharia e arquitetura, um
mesmo problema pode ter várias soluções possíveis, ficando a solução adotada à
mercê da tomada de decisão do profissional responsável pela obra e do cliente final.
118

4.6.2 Passarelas Metálicas

O prédio do Palácio da Justiça era ligado ao prédio nomeado Anexo I,


construído em 2004, por corredores existentes apenas nos primeiros pavimentos:
térreo, mezanino, primeiro e segundo do Palácio da Justiça. Por questões de
segurança quanto às rotas de fuga, foi necessária a criação de ligações entre as
duas edificações, atendendo a todos os requisitos do Corpo de Bombeiros: portas
corta-fogo, iluminação de emergência e sprinklers12.
Foram então projetadas passarelas metálicas de ligação entre o Palácio e o
Anexo I. A concepção inicial previa passarelas mais robustas, com piso de steel
deck revestido em granito e forro de gesso acartonado. No entanto, ainda na fase de
projeto, encontrou-se problemas quanto ao apoio dessas passarelas, que não era
possível de ser feito simplesmente ligando a viga de um prédio à do outro com os
perfis metálicos, pois segundo constatação de laudo técnico, nem as vigas de
concreto dos dois edifícios, nem os pilares e fundação do Anexo I tinham
capacidade suficiente de suporte.
A solução adotada foi o reaproveitamento dos pilares de concreto já
existentes - executados em 2004 para apoio dos corredores dos primeiros
pavimentos -, para serem usados como apoio de pilares metálicos que resistiriam à
estrutura das passarelas. A concepção final foi de passarelas metálicas com piso de
chapa xadrex 6 mm e fechamentos laterais com pele de vidro
A Fotografia 110 mostra a passarela metálica onde é possível observar os
itens de emergência como as portas corta-fogo e instalação hidráulica para os
sprinklers (em laranja no teto).

12
Extintores de água conhecidos como “chuveiros automáticos” (SECRETARIA DE INSPEÇÃO...,
2011)
119

Fotografia 110 – Vista de uma das passarelas metálicas de ligação entre o Palácio e
Anexo I. Obs: A imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.

4.7 OUTROS

Serão apresentados nos subitens a seguir os tópicos que a autora entendeu


que seriam melhor compreendidos se apresentados como sistemas completos, ou
seja, com todos os elementos de revestimentos e fechamentos, como é o caso da
capela ou que não se encaixariam nos outros itens anteriormente apresentados,
como é o caso do lustre.

4.7.1 A Capela

A capela está localizada no pavimento térreo da edificação, próxima à


entrada e é perceptível que ela não foi concebida quando da construção do Palácio,
mas sim adicionada em algum momento depois. Aqui entra uma das grandes
questões da teoria do restauro: se a capela não era do projeto original, deve ser
mantida? É importante se estudar caso a caso e visualizar o que aquela parte
influencia no todo. Capelas e igrejas são construções que carregam grande
significado espiritual, tendo uma forte relação afetiva com as pessoas que ali
120
frequentam. No estudo de caso deste trabalho, os profissionais decidiram por manter
a capela, imagina-se que devido a essa conotação espiritual e à harmonia
arquitetônica dela com o próprio Palácio.
Os vitrais da capela são de vidro colorido, com esquadrias de alumínio e
perfis de chumbo, denotando peculiaridade à estrutura, fator importante para a
decisão de restauro dos vitrais o quanto fosse possível. Eles apresentavam trechos
quebrados, abaulados, trincados; os perfis de chumbo entre os vidros estavam com
manifestações patológicas, como deteriorações provenientes de fungos, corrosão,
etc; as esquadrias apresentavam riscos. Havia falta de alguns trincos e haviam furos
nos vidros para passagem de tubulações de instalações de ar-condicionado.
A Fotografia 111 mostra uma vista geral da capela antes de restaurada,
onde percebe-se como era o piso antes da obra.

Fotografia 111 – Vista geral da capela antes do restauro


Fonte: Construtora Sial, abr. 2015.

A Fotografia 112 mostra como estava o altar da capela antes do restauro,


donde nota-se o aspecto fosco do painel e o piso com tapete.
121

Fotografia 112 – Vista do altar da capela antes do restauro


Fonte: Construtora Sial, abr. 2015.

A Fotografia 113 mostra alguns vitrais da capelo desmontados para serem


restaurados, com atenção especial para o vitral com furação proveniente de
intervenção anterior.

Fotografia 113 – Vitrais do altar removidos para restauro


Fonte: Construtora Sial, set. 2016.
122
Os vidros foram todos limpos, os quebrados foram refeitos e os perfis
também, mantendo-se a mesma esquadria e desenho.
Os trincos das janelas foram recolocados onde possível, sendo que as
janelas em que não foi possível essa reinstalação, foram deixadas sem trinco
mesmo, de modo que hoje é notável a passagem do restauro. No entanto, já haviam
dois tipos de trincos diferentes, provavelmente devido a uma intervenção no ínterim
entre a construção e o restauro de 2014, deixando-se à mostra os dois tipos.
No trecho com o furo para as instalações, não foi possível restaurar o vidro,
tendo sido deixado o furo como foi encontrado, notando-se mais uma vez a ênfase
dada às teorias de restauro quando do respeito à história do local.
O piso e rodapés de madeira são novos - em contraposição ao revestimento
de tapete anterior - assim como o forro.
O aspecto final da capela pode ser observado na Fotografia 114.

Fotografia 114 – Vista geral da capela após o restauro. Obs: A imagem pode
apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.

Já a porta de madeira, inteiramente entalhada é da época em que a capela


foi construída, sendo que muito provavelmente havia um púlpito nessa capela com o
mesmo entalhe, que foi removido com o tempo.
123
A Fotografia 115 mostra detalhe do painel de madeira do parte externa da
capela antes da restauração.

Fotografia 115 – Detalhe do painel externo da


capela antes do restauro
Fonte: Construtora Sial, fev. 2015.

A Fotografia 116 mostra o aspecto final do painel de madeira da parte


externa da capela.
124

Fotografia 116 – Painel externo da capela após o restauro. Obs: A imagem pode
apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.

4.7.2 Lustres

Os itens decorativos de uma edificação de Patrimônio Cultural são muitas


vezes peculiares e imponentes, tanto para exaltar a importância e monumentalidade
do edifício, quanto para identificar sua época. Esse é o caso dos quatro lustres
dispostos no Palácio da Justiça, que foram adquiridos da mesma fábrica e na
mesma época que os lustres de outras edificações ao redor, como o Teatro Guaíra e
o Hotel Mabu, deixando bem claro ao observador a localização da construção na
linha temporal.
A Fotografia 117 e a Fotografia 118 mostram o aspecto dos lustres antes do
restauro, apresentando sujidade que impedia a propagação da sua iluminação.
125

Fotografia 117 – Lustres do pavimento Fotografia 118 – Lustre do pavimento


térreo antes do restauro térreo com luzes acesas, antes do
Fonte: Construtora Sial, mar. 2015. restauro
Fonte: Construtora Sial, fev. 2015.

Os lustres eram compostos de um total de 300 lâmpadas, formados de


diversas lâminas de vidro sextavado parafusadas. A Fotografia 119 e a Fotografia
120 mostram estes lustres já limpos e sendo recompostos, ainda sem os vidros.
Antes da obra de restauro, havia a falta de algumas lâminas de vidro (ver
detalhe na Fotografia 121), sendo necessária a substituição, fato complicador já que
os vidros fabricados atualmente não são translúcidos como os da década de 1950.

Fotografia 119 – Lustre em processo Fotografia 120 – Lustre em processo de


de restauro, sem as lâmpadas restauro, com as lâmpadas
Fonte: Construtora Sial, jan. 2016. Fonte: Construtora Sial, jan. 2016.
126

Fotografia 121 – Detalhe dos vidros que compõem os lustres


Fonte: Construtora Sial, mar. 2015

As obras de restauro exigem dos profissionais restauradores conhecimentos


acerca da história da edificação e da história geral; cultura local; e a busca por
soluções que vão além da teoria ou do que se teria como convencional. Nesse caso
específico, a procura por quem restaurasse esse tipo de lustre, possibilitou a
descoberta de um lustre igual, anteriormente pertencente ao Hotel Mabu, que à
época do restauro estava guardado por um comprador. Foi ele quem removeu,
limpou, substituiu e remontou as lâminas.
A Fotografia 122 mostra o resultado final do restauro, com uma vista geral
dos lustres no pavimento térreo. A Fotografia 123 apresenta o aspecto final dos
lustres com as lâmpadas acesas, aonde é notável a diferença em relação à situação
encontrada anteriormente e mostrada na Fotografia 118.
127

Fotografia 122 – Aspecto final dos lustres do pavimento térreo com as lâmpadas
apagadas. Obs: A imagem pode apresentar distorções por conta do tipo de foto.
Fonte: Arquivo pessoal, maio de 2017. Fotógrafo: Wilson Roberto de Oliveira.

Fotografia 123 – Aspecto final dos lustres do pavimento térreo com as lâmpadas
acesas
Fonte: Construtora Sial, nov. 2016
128

4.7.3 O Subsolo

O subsolo do Palácio da Justiça, conforme indicado no Quadro 1, tinha


previsão de ampliação de modo a servir de estacionamento e também de acesso ao
estacionamento do prédio vizinho (Anexo II). No entanto, essa ampliação não foi
concretizada devido a diversas pendências, fato que não impediu a execução do
acesso ao subsolo. Este foi realizado unicamente em dois dos seis elevadores
públicos, conforme já explanado no item 4.3.1, diferentemente do que era previsto
anteriormente à avaliação da Secretaria de Estado da Cultura emitida no dia 1 de
abril de 2014, que antevia uma escada ligando o piso térreo ao subsolo implantada
por meio de uma abertura na laje.
129

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho aqui apresentado explanou sobre o estudo de caso da obra de


restauro e ampliação do Palácio da Justiça, iniciada em 2014 e finalizada em 2016,
perpassando por um breve histórico do Patrimônio no Brasil e da arquitetura
curitibana; introduzindo ao leitor noções acerca do tema Restauro em conjunto com
a Patologia das Construções; e finalmente, discutindo sobre o tema principal, onde
foram apresentados os principais itens do restauro, patologias encontradas,
soluções propostas e como isso se encaixou na teoria do restauro.
O estudo da Patologia das Construções é de crucial importância para o
entendimento generalizado de todos os processos aos quais uma edificação deve
ser submetida quando se encontra em via de construção, manutenção, conservação,
recuperação ou, para o caso dos patrimônios históricos, restauro. Para a edificação
apresentada neste trabalho, a pesquisa nesse campo da construção civil foi
essencial para o aprofundamento caso a caso, com a percepção dos diversos tipos
de manifestações patológicas e as várias etapas inerentes ao processo de
diagnóstico e terapia.
Destaca-se neste estudo de caso a época da execução da obra original,
quando a tecnologia do concreto armado aliada às novas concepções modernistas,
representavam a materialização do desenvolvimento, com ideais de máximo
aproveitamento espacial interno das edificações fazendo-se uso dos grandes vãos e
pés-direitos duplos. Apesar de ainda ser relativamente nova para a época, essa
tecnologia conseguiu atender bem ao desempenho estrutural mesmo sob estado de
conservação precário, precisando em sua maioria de terapias pontuais ou
decorrentes de alterações de uso, proteção ao fogo ou estruturais. Nesse contexto,
o entendimento da Patologia das Construções foi fundamental para a compreensão
dos procedimentos de adequação do edifício e dos seus elementos estruturais e
arquitetônicos às normas vigentes, visando o prolongamento da vida útil com
qualidade e com respeito aos materiais originais.
Quando se trata de edifícios históricos, o Restauro está atrelado à Patologia
das Construções em um mesmo patamar, no qual a teoria estabelece que uma boa
execução leva a uma boa obra e que é melhor conservar para não ser necessário
restaurar. No entanto, quando se demandam intervenções em edificações históricas,
abre-se um novo olhar que pondera as patologias, aonde cada caso deve ser
130
exaustivamente examinado para que atenda satisfatoriamente a essas duas
vertentes do conhecimento. A técnica deve ser explorada ao máximo, sempre
calcada nas teorias clássicas aliadas às novas tecnologias, de modo que possibilite
a intervenção respeitando a história da edificação. Deve existir a compreensão de
que às vezes a falta de técnica e/ou tecnologia pode decidir pela possibilidade ou
não de restaurar uma edificação histórica na época em que se pretende fazê-la.
O restauro é um campo multidisciplinar, no qual o desenvolvimento de
práticas que avancem na conservação dos Patrimônios Históricos é o que se almeja
para o futuro. Para isso, as diferentes vertentes do conhecimento e interesses
devem convergir para um mesmo ponto, aonde coexista a edificação histórica
restaurada com avançada tecnologia.
A busca pelo aprimoramento no campo da Patologia das Construções é
primordial para a conservação, sendo um nicho de aprendizado e campo de atuação
amplos, principalmente em se tratando de Patrimônio Histórico.
131

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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edificações – Requisitos para o sistema de gestão de manutenção. Rio de Janeiro,
2012.

_____. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de


Janeiro, 2014.

_____. NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações -


Procedimento. Rio de Janeiro, 1980.

_____. NBR 13528: Revestimento de paredes de argamassas inorgânicas –


Determinação da resistência de aderência à tração. Rio de Janeiro, 2010.

_____. NBR 13749: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas –


Especificação. Rio de Janeiro, 1996.

_____. NBR 13755: Revestimento de paredes externas e fachadas com placas


cerâmicas e com utilização de argamassa colante – Procedimento. Rio de Janeiro,
1996.

_____. NBR 14037: Diretrizes para elaboração para manuais de uso, operação e
manutenção das edificações – Requisitos para elaboração e apresentação dos
conteúdos. Rio de Janeiro, 2011.

_____. NBR 15463: Placas cerâmicas para revestimento – Porcelanato. Rio de


Janeiro, 2013.

BACOCCINI, Luiz Augusto Souza Netto. Percursos da arquitetura: arquitetura em


Curitiba: 1721-1962. Curitiba: InVerso, 2011.

BRASIL. Decreto-Lei no 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a Proteção do


Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Diário Oficial da União. Seção 1, p.24056,
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BOITO, Camillo. Os Restauradores: conferência feita na exposição de Turim em


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Editorial, 2008.

CADORE, Analu. A produção arquitetônica de Ernesto Guaita em Curitiba. 2010.


193f. Dissertação (Mestrado em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade) –
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CASTRO, Elizabeth Amorim de. Edifícios públicos de Curitiba: ecletismo e


modernismo na arquitetura oficial. Curitiba: Edição do autor, 2011.
132
CORPO DE BOMBEIROS BM/7. NPT 009: Compartimentação horizontal e
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GNOATO, Luís Salvador Petrucci. Arquitetura do movimento moderno em


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LEBENSZTAYN, Ieda. A compreensão da vida e da arte de Mário de Andrade: suas


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LOTURCO, Bruno. Sinônimo de Construção. Revista Téchne: Tecnologia. São


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PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA. Lei-Decreto no 14794, de 22 de março


de 2016. Dispõe sobre a proteção do Patrimônio Cultural do Município de Curitiba,
cria o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Curitiba - CMPC, institui o
Fundo de Proteção ao Patrimônio Cultural - FUNPAC e dá outras providências.
Disponível em: <https://leismunicipais.com.br/a/pr/c/curitiba/lei-
ordinaria/2016/1480/14794/lei-ordinaria-n-14794-2016-dispoe-sobre-a-protecao-do-
patrimonio-cultural-do-municipio-de-curitiba-cria-o-conselho-municipal-do-patrimonio-
cultural-de-curitiba-cmpc-institui-o-fundo-de-protecao-ao-patrimonio-cultural-funpac-
e-da-outras-providencias?q=14794>. Acesso em: 16 abr. 2017.

QUINA, Frank. Nanotecnologia e o meio ambiente: perspectivas e riscos. Química


Nova, São Paulo, v.27, n.6, nov./dez. 2004. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422004000600031>.
Acesso em: 19 mai. 2017.

SANTOS, Leandro Luiz dos. ANTONELLI, Diego. Ferrovia 130 anos: Paranaguá –
Curitiba: Estação de Curitiba: Parte 3. Gazeta do Povo. Curitiba, fev. 2015.
Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-
cidadania/especiais/ferrovia-130-anos/estacao-de-curitiba.jpp>. Acesso em: 18 mai.
2017.
133
SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA. Coordenação do Patrimônio Cultural.
Endereço eletrônico oficial. Disponível em :
<http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br>. Acesso em: 16 abr. 2017.

SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO. Norma regulamentadora no 23 –


NR 23: Proteção contra incêndios. Secretaria de Inspeção do Trabalho. Portaria no
221 de 6 de maio de 2011.

SEITO, Alexandre Itiu, et al. A Segurança contra incêndio no Brasil. São Paulo:
Projeto Editora, 2008.

SOBE ARQUITETURA; TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ. Projeto de


Restauro e Ampliação: Palácio da Justiça: Centro Cívico de Curitiba: Memorial
Justificativo: Caderno de Encargos: Planejamento da Obra: PCMAT. Curitiba,
PR, 2014. 98p. Disponível em: <
https://www.tjpr.jus.br/documents/18319/4555528/Caderno+de+encargos+RESTAU
RO+Palacio+da+Justiça+out+2014.pdf >. Acesso em 12 jun. 2017.

TELES, Carlos Dion de Melo. Inspeção de fachadas históricas: Levantamento de


materiais e danos de argamassas. 2010. 321f. Tese (Doutorado em Arquitetura e
Urbanismo) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São
Carlos, 2010.

TINOCO, Jorge Eduardo Lucena. Mapa de danos – Recomendações básicas.


Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada, Textos
para discussão - Série 2: Gestão de Restauro. Olinda, v.43, 2009.

TORRESI, Susana I. C. de; PARDINI, Vera L.; FERREIRA, Vitor F. O que é


sustentabilidade? Química Nova, São Paulo, v.33, n.1, 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
40422010000100001>. Acesso em: 13 abr. 2017.

XAVIER, Alberto. Arquitetura moderna em Curitiba. São Paulo: Pini; Curitiba:


Fundação Cultural de Curitiba, 1985.
134

ANEXO A – RELAÇÃO DOS BENS IMÓVEIS DO PATRIMÔNIO


CULTURAL DE CURITIBA

(continua)

Fonte: PREFEITURA..., 2016.


135
(continua)

Fonte: PREFEITURA..., 2016.


136
(continua)

Fonte: PREFEITURA..., 2016.


137
(continua)

Fonte: PREFEITURA..., 2016.


138
(continua)

Fonte: PREFEITURA..., 2016.


139

(continua)

Fonte: PREFEITURA..., 2016.


140
(continua)

Fonte: PREFEITURA..., 2016.


141

(continua)

Fonte: PREFEITURA..., 2016.


142
(conclusão)

Fonte: PREFEITURA..., 2016.


143

ANEXO B – RELAÇÃO DOS BENS TOMBADOS EM CURITIBA


PELO ESTADO DO PARANÁ

(continua)
Bens Tombados em Curitiba pelo Estado do Paraná (Ordem Data de
Alfabética) Tombamento
Acervo da Discoteca da E-Paraná 2013
Antigo Grupo Escolar Cruz Machado 2011
Antigo Grupo Escolar D.Pedro II 2011
Antigo Grupo Escolar Dr. Xavier da Silva 2011
Antigo Palácio Wolff 1981
Árvore Angico Branco 1974
Árvore Ceboleira 1988
Árvore Corticeira 1974
Árvore Paineira 1974
Árvore Tipuana 1974
Árvores 4 Tipuana 1977
Capão da Imbuia 1983
Casa Barão do Serro Azul 1977
Casa Emílio Romani 1977
Casa Kirchgassner 1988
Casa onde morou Cristiano Osternack - Casa das Mercês 1979
Casa Sita à Rua Comendador Araújo, 268 (antiga sede da Univ. Fed.
do Paraná)
1975
Casarão dos Parolin 1991
Castelo do Batel 1975
Centro Cívico 2012
Coleção do Museu Cel. David Carneiro 1972
Coleção Etnográficas, Arqueológicas e Artísticas do Museu
Paranaense
1972
Colégio Estadual do Paraná 1993
Colégio Estadual Lysímaco Ferreira da Costa 2013
Conjunto das obras de João Turin 2013
Conjunto de Edifícios da Reitoria - Edifício D.Pedro I e D. Pedro II da
UFPR. 1999
Conjunto Urbano da Rua Comendador Araujo 2004
Depósito de Locomotivas de Curitiba 2007
Edifício da Biblioteca Pública do Paraná 2003
Edifício do Ministério Público Sub-Sede da Avenida Marechal Floriano 2003
Edifício Oswaldo Pacheco de Lacerda 2009
Estação da Estrada de Ferro de Curitiba e Viaduto João Negrão 1976
Gimnásio Paranaense 1977
Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas 1965
Igreja Luterana 2013
Imóvel Denominado 'Burro Brabo' 1992
Imóvel Situado no Largo Cel. Enéias, Nº 30 (conhecida como "Casa
Romário Martins")
1971
144
(conclusão)
Bens Tombados em Curitiba pelo Estado do Paraná (Ordem Data de
Alfabética) Tombamento
Instituto de Educação do Paraná 2004
Instituto Neo Pitagórico 1968
Jockey Club do Paraná 2002
Manuscritos de Antonio Vieira dos Santos 2007
Museu de Arte Contemporânea 1978
Museu Escola Alfredo Andersen 1971
Obras de Poty Lazarotto - Painéis e Murais - em Curitiba 2014
Painel em Azulejos - Arthur Nísio - Maternidade Nossa Senhora de
1990
Fátima
Paisagem Urbana da Rua XV de Novembro 1974
Palacete do Batel 1975
Palacete Leão Junior 2003
Palácio Garibaldi 1987
Palácio São Francisco 1987
Panteon do Cemitério de Sta. Felicidade 1977
Parque Estadual João Paulo II 1990
Passeio Público 1999
Portão do Passeio Público 1972
Praça Doutor João Cândido 1966
Praça Eufrásio Correia 1986
Prédio do Palácio da Liberdade - Antigo Palácio do Governo (atual Museu
1977
da Imagem e do Som)
Prefeitura Municipal (Atual Paço da Liberdade) 1966
Reservatório do Alto São Francisco 1990
Residência e Bosque na Av. Batel - Casa Gomm 1989
Residência João Luís Bettega 2003
Secretaria das Finanças do Estado do Paraná (antiga sede – atual Casa
1978
Andrade Muricy)
Sede da Câmara Municipal de Curitiba 1978
Sede do Centro Acadêmico Hugo Simas 1990
Sobrado Sito à Rua Barão do Rio Branco, 763 1985
Sobrado Sito à Rua Barão do Rio Branco, 773 1985
Sobrado Sito à Rua Barão do Rio Branco, 805 1985
Sobrado Sito à Rua Barão do Rio Branco, 823 1985
Teatro 13 de Maio (atual Teatro José Maria Santos) 1987
Teatro Guaíra 2003
Fonte: SECRETARIA..., 2017.
145

ANEXO C – RELAÇÃO DOS BENS TOMBADOS DE CURITIBA


E PROCESSO DE TOMBAMENTO EM ANDAMENTO PELO
IPHAN ATÉ O DIA 25 DE NOVEMBRO DE 2016

Fonte: INSTITUTO..., 2014.

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