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AO ILMO(A). SR(A).

GERENTE EXECUTIVO DA AGÊNCIA DA


PREVIDÊNCIA SOCIAL DE XXXXX/UF

XXXX, maior, casado, motorista, inscrito no CPF sob o n° xxx.xxx.xxx-xx,


residente e domiciliado nesta cidade, vem, por meio de seus procuradores,
requerer a concessão de APOSENTADORIA POR TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO E CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO
ESPECIAL EM COMUM pelos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos:

I – DOS FATOS

O Requerente, nascido em xx/xx/xxxx, contando atualmente com xx anos


de idade, firmou seu primeiro vínculo empregatício em fevereiro de 1981, sendo
que até a presente data possui diversos anos de contribuição. A tabela a seguir
demonstra, de forma objetiva, os períodos contributivos:

Tempo de
Admissão Saída Empregador Cargo
contribuição
Exército
03/02/1981 02/02/1983 Soldado 2 anos
Brasileiro
Empresa Serviços
08/02/1983 18/01/1984 11 meses e 11 dias
XXXX gerais
Empresa Serviços
14/10/1985 31/10/1986 1 ano e 18 dias
XXXX gerais
04/11/1986 01/12/1986 Empresa Serviços 28 dias
XXXX gerais
5 anos, 5 meses e 7
Motorista dias. Atividade
Empresa
14/03/1988 31/01/1992 de especial, código
XXXX
caminhão 2.4.4 do Decreto
53.831/64
1 ano, 1 mês e 22
Motorista dias. Atividade
Empresa
27/01/1993 20/11/1993 de especial, código
XXXX
caminhão 2.4.4 do Decreto
53.831/64
Empresa 1 ano, 11 meses e 21
XXXX dias. Atividade
Motorista
01/12/1993 28/04/1995 especial, código
de ônibus
2.4.4 do Decreto
53.831/64
Empresa Motorista
29/04/1995 05/06/1995 1 mês e 7 dias
XXXX de ônibus
Empresa Motorista
12/06/1995 16/11/1995 5 meses e 5 dias
XXXX de ônibus
Empresa Motorista 21 anos, 11 meses e
12/02/1997 30/01/2019
XXXX de ônibus 19 dias

Marco temporal Tempo total Carência


Até 01/02/2019 35 anos, 1 mês e 18 dias 397 meses

II – DO DIREITO

A nova aposentadoria por tempo de contribuição, ainda não disciplinada


em legislação infraconstitucional, encontra-se estabelecida no art. 201, § 7o, I,
da Constituição Federal e nos arts. 52 a 56 da Lei 8.213/91, exceto naquilo em
que forem incompatíveis com o novo regramento constitucional.

O fato gerador da aposentadoria em apreço é o tempo de contribuição, o


qual, na regra permanente da nova legislação é de 35 anos para os homens.
Trata-se do período de vínculo previdenciário, sendo também consideradas as
situações previstas no art. 55 da Lei 8.213/91. No presente caso, o Requerente
possui um total de 35 anos, 1 mês e 18 dias, tornando o requisito preenchido.
Quanto à carência, verifica-se que foram realizadas 397 contribuições,
número superior aos 180 meses exigidos, conforme determina o art. 25, II, da
lei 8.213/91.

DA CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL EM


COMUM

Para aqueles trabalhadores que sucessivamente se submeteram a


atividades sujeitas ao regime de aposentadoria especial e comum, o § 1º do art.
201 da Constituição Federal estabelece a contagem diferenciada do período de
atividade especial.

A conversão do tempo de serviço especial em tempo de serviço comum é


feita utilizando-se um fator de conversão, pertinente à relação que existe entre o
tempo de serviço especial exigido para gozo de uma aposentadoria especial (15,
20 ou 25 anos) e o tempo de serviço comum. O Decreto 3.048/99 e o anexo
XXVIII da IN 77/2015 trazem a tabela com os multiplicadores:

TEMPO A MULTIPLICADORES
CONVERTER MULHER (PARA 30) HOMEM (PARA 35)
DE 15 ANOS 2,00 2,33
DE 20 ANOS 1,50 1,75
DE 25 ANOS 1,20 1,40

É importante ressaltar que a comprovação da atividade especial até 28 de


abril de 1995 era feita com o enquadramento por atividade profissional (situação
em que havia presunção de submissão a agentes nocivos) ou por agente nocivo.

Quanto ao pedido de conversão de atividade especial em comum por


enquadramento por categoria profissional, a IN 77/2015 INSS/PRES assim
dispõe:
Art. 269. Para enquadramento de atividade exercida em
condição especial por categoria profissional o segurado
deverá comprovar o exercício de função ou atividade
profissional até 28 de abril de 1995, véspera da publicação
da Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995, arroladas nos
seguintes anexos legais:
I - quadro anexo ao Decretos nº 53.831, de 25 de março de
1964, a partir do código 2.0.0 (Ocupações); e
II - Anexo II do Decreto nº 83.080, de 1979.
Parágrafo único. Serão consideradas as atividades e os
agentes arrolados em outros atos administrativos, decretos
ou leis previdenciárias que determinem o enquadramento
por atividade para fins de caracterização de atividades
exercida em condições especiais.

A partir de 05 março de 1997, com a vigência do Decreto 2.172/97,


passou-se a exigir, para fins de reconhecimento de tempo de serviço especial, a
comprovação da sujeição do segurado a agentes agressivos por meio de laudo
técnico, ou por meio de perícia técnica.

Conforme a instrução normativa 77 INSS/PRES para caracterizar o


exercício de atividade sujeita a condições especiais do segurado empregado ou
trabalhador avulso deverá apresentar, original ou cópia autenticada da CP ou
CTPS, observando o art. 246, acompanhado dos formulários PPP, exceto das
empresas já extintas.

DO ENQUADRAMENTO POR CATEGORIA PROFISSIONAL

Nos lapsos de 14/03/1998 a 31/01/1992, 27/01/1993 a 20/11/1993 e de


01/12/1993 a 28/04/1995, o Segurado desempenhou o ofício de motorista de
caminhão, conforme regular anotação em sua carteira de trabalho.
Outrossim, destaque-se em nos dois primeiros períodos o Requerente
laborou para a empresa XXXX, a qual emitiu formulário PPP nos seguintes
termos:

(TRECHO DO FORMULÁRIO PPP)

Ademais, no que tange eventuais alegações de que não há carimbo nos


PPPs da empresa, registre-se que os documentos em análise tiveram
autenticada a assinatura do proprietário da empresa, que foi justamente
quem assinou. Desta feita, deve ser conferida veracidade ao documento
apresentado.

Por sua vez, no interregno de 01/12/1993 a 28/04/1995, o Segurado


laborou como motorista de ônibus na empresa XXXX, com regular anotação em
sua CTPS. Nesse sentido, observe-se o PPP emitido pela empresa:

(TRECHO DO FORMULÁRIO PPP)

No que tange a ausência da indicação do cargo de quem assinou, Sr.


Vilson Paulo Sanfelice, destaque-se que este é sócio-administrador da
empresa, conforme documento anexo:

(DOCUMENTO PERTINENTE)

Dessa forma, é cabível o enquadramento da atividade desenvolvida


por categoria profissional, de acordo com o item 2.4.4 do Decreto 53.831/64,
in verbis:

2.4.4 TRANSPORTES Motorneiros e Penoso 25 anos Jornada


RODOVIÁRIO condutores de normal
bondes.
Motoristas e
cobradores de
ônibus.
Motoristas e
ajudantes de
caminhão.

Nesse contexto, O ENQUADRAMENTO EM RAZÃO DO SIMPLES


EXERCÍCIO DA ATIVIDADE LABORATIVA É REITERADAMENTE
ACEITO PELOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS e cortes judiciais:

APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.


ATIVIDADES ESPECIAIS PARCIALMENTE
ENQUADRADAS ADMINISTRATIVAMENTE ATÉ
28.04.1995. FALTA DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
NA DER. INDEFERIMENTO. ART. 56 DO DECRETO Nº
3048/99 RECURSO CONHECIDO E NEGADO. [...]
Procedem parcialmente as alegações do recorrente. Foram
devidamente computados todos os vínculos empregatícios e
as contribuições individuais, restando controversa a
conversão dos períodos em que alega ter laborado em
condições especiais. Entendo que cabe o enquadramento
das atividades de Cobrador de Ônibus e Motorista até
28.04.1995 nos códigos 2.4.4 do Quadro a que se refere o
Art. 2º do Decreto nº 53831/64 e 2.4.2 do Anexo II do
Decreto nº 3048/99 visto que os contratos de trabalho se
encontram regularmente registrados em suas CTPSs, em
ordem cronológica, sem emendas ou rasuras. [...]
(Processo nº 44232.009651/2014-11 / APS São Leopoldo /
NB 42/165.154.956-4 / Recorrente: Jurandir Cardoso da
Silveira – procurador / Recorrente: José Luiz Carvalho
Silveira / Recorrido: INSS / Rel. Ariontino Dantas
Padilha). (grifado)

PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL.


tempo comum. APOSENTADORIA por tempo de
contribuição. requisitos. CORREÇÃO MONETÁRIA E
JUROS DE MORA. IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO. 1.
Comprovada a exposição do segurado a agente nocivo, na
forma exigida pela legislação previdenciária aplicável à
espécie, possível reconhecer-se a especialidade da atividade
laboral por ele exercida. 2. Preenchidos os requisitos legais,
cabível a concessão da aposentadoria por tempo de
contribuição. 3. Até 28.4.1995, é admissível o
reconhecimento da especialidade do trabalho por categoria
profissional; a partir de 29.4.1995, necessária a
demonstração da efetiva exposição, de forma não ocasional
nem intermitente, a agentes prejudiciais à saúde, por
qualquer meio de prova; e, a contar de 6.5.1997 a
comprovação deve ser feita por formulário-padrão
embasado em laudo técnico ou por perícia técnica 4. As
atividades de motorista e ajudante de caminhão
exercidas até 28-04-1995 devem ser reconhecidas como
especiais em decorrência do enquadramento por
categoria profissional previsto à época da realização do
labor. 5. As atividades de cobrador de ônibus exercidas até
28-04-1995 devem ser reconhecidas como especiais em
decorrência do enquadramento por categoria profissional
previsto à época da realização do labor. 6. Implementados
os requisitos de tempo de contribuição e carência, é devida a
aposentadoria por tempo de contribuição. 7. A correção
monetária incidirá a contar do vencimento de cada
prestação, e será calculada pelos índices oficiais e aceitos na
jurisprudência, quais sejam, IPCA-E (a partir de
30/06/2009, conforme RE 870.947, julgado em 20/09/2017).
8. A partir de 30/06/2009, os juros incidem de uma só vez,
desde a citação, de acordo com os índices oficiais de
remuneração básica e juros aplicados à caderneta de
poupança, conforme o art. 5º da Lei 11.960/2009, que deu
nova redação ao art. 1º-F da Lei n.º 9.494/1997. 9.
Determinada a implantação do benefício. (TRF4 5001788-
66.2011.4.04.7101, QUINTA TURMA, Relatora GISELE
LEMKE, juntado aos autos em 13/12/2017)

Registre-se, ainda, que Turma Nacional de Uniformização dos Juizados


Especiais Federais (TNU) aprovou a Súmula 75, com a seguinte redação: “A
Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) em relação à qual não se
aponta defeito formal que lhe comprometa a fidedignidade goza de presunção
relativa de veracidade, formando prova suficiente de tempo de serviço para fins
previdenciários, ainda que a anotação de vínculo de emprego não conste no
Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS)”.

Além disso, a exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física


não precisa ocorrer de forma permanente, para o reconhecimento de
condição especial de trabalho antes de 29/04/1995, nos termos da Súmula nº
49 do CJF:

SÚMULA Nº 49
Para reconhecimento de condição especial de trabalho antes
de 29/4/1995, a exposição a agentes nocivos à saúde ou à
integridade física não precisa ocorrer de forma permanente. 
DOU 15/03/2012

No mesmo sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, que


afirma que a exposição habitual e permanente somente foi trazida pela Lei
9.032/95, não sendo aplicável às hipóteses anteriores à sua publicação, o que
é o caso.

Pelo exposto, é imperativo o enquadramento por categorial profissional


nos lapsos compreendidos entre 14/03/1988 a 31/01/1992, 27/01/1993 a
10/11/1993 e de 01/12/1993 a 28/04/1995, com fulcro no código 2.4.4 do
Decreto 53.831/64.

DA REAFIRMAÇÃO DA DER PARA DATA POSTERIOR AO


REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO 

Na remota eventualidade de não serem reconhecidos todos os períodos


postulados, o requer seja reafirmada a DER para o momento em que o
Requerente adquirir direito a aposentadoria por tempo de contribuição,
concedendo-se o benefício a partir da data da aquisição do  direito, nos termos
do art. 690 da IN 77/2015:

Art. 690. Se durante a análise do requerimento for verificado


que na DER o segurado não satisfazia os requisitos para o
reconhecimento do direito, mas que os implementou em
momento posterior, deverá o servidor informar ao interessado
sobre a possibilidade de reafirmação da DER, exigindo-se
para sua efetivação a expressa concordância por escrito.
 Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se a todas as
situações que resultem em benefício mais vantajoso ao
interessado.

Por fim, cumprindo todos os requisitos exigidos em lei, tempo de serviço


e carência, o Requerente adquiriu o direito à aposentadoria por tempo de
contribuição, tornando-se imperiosa a sua concessão, devendo o INSS
CONCEDER O MELHOR BENEFÍCIO A QUE FIZER JUS, com fulcro na IN
77/2015:

Art. 687. O INSS deve conceder o melhor benefício a que


o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientar nesse
sentido.

III – DO PEDIDO

ISSO POSTO, requer:

a) O recebimento do requerimento;

b) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial

documental e testemunhal. Em caso de necessidade de dilação


probatória, requer seja aberto prazo para cumprimento das exigências
pertinentes;

c) O reconhecimento de todos os períodos contributivos;

d) A conversão do tempo de serviço especial em comum dos períodos em

que o Segurado desenvolveu atividades consideradas especiais, conforme


autoriza o art. 256 da IN 77/2015 INSS/PRES;

e) A concessão do benefício de APOSENTADORIA POR TEMPO DE

CONTRIBUIÇÃO, a partir da data do requerimento administrativo;


f) Subsidiariamente, caso não seja reconhecido tempo de serviços suficiente
para a concessão do benefício até a DER, requer o cômputo dos períodos
posteriores, e a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição
OU aposentadoria especial, com a reafirmação da DER para a data em
que o Segurado preencheu os requisitos para a concessão do benefício,
conforme art. 690 da IN 77/2015;

h) Não sendo reconhecido o direito de aposentadoria para o Requerente, que


imediatamente seja agendada cópia do processo administrativo deste
benefício, devendo correr o prazo recursal somente após a entrega da
cópia do processo. Requer que agendamentos sejam informados para os
procuradores no momento do indeferimento do pedido.

Nestes Termos;
Pede Deferimento.

Local, data.

Advogado(a)
OAB/UF nº

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