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Mais:
Kasparov no Brasil Gausdal Reggio Emilia
Hastings Memorial Keres
Mate de Peão 26
ÍNDICE EDITORIAL
2
Mate de Peão 26
MOVIMENTAÇÃO EM
BRANCO & PRETO
3
Mate de Peão 26
Boeblinger Open
Jogado na época do natal de 95, esse aberto reuniu 326 jogadores e
foi vencido por Valentim Arbakov. O torneio teve duas deficiências incomuns
para os padrões europeus: não houve boletim e um dos dias teve dupla
rodada. Classificação: 1º V. Arbakov (g, 2455) 8; 2º Y. Piskov (g, 2535) 7½; 3º
F. Zeller (2400) 7½; 4º D. Zagorskis (m, 2520) 7½.
ShortAdianto em Jakarta
Nigel Short passou fácil pelo indonésio Utut Adianto poucos dias an-
tes do natal passado. Adianto conta com bom apoio local, mas depois das
fragorosas derrotas diante de Seirawan e Short deve ter ficado mais difícil
convencer seus patrocinadores a promover novos matches.
JAKARTA, XII 1995
1 2 3 4 5 6
1 SHORT, NIGEL g ENG 2645 1 1 = = 1 = 4½
2 ADIANTO, UTUT g INA 2590 0 0 = = 0 = 1½
Festival de Pamplona
Julio Granda continua em boa forma e venceu igualado com o espa-
nhol Jorge Magem este torneio, jogado em janeiro na cidade espanhola de
Pamplona. Ljubojevic mostrou pouco e o atual campeão mundial juvenil,
Roman Slobodjan, ficou devendo.
4
Mate de Peão 26
Schwaebisch Gmuend
Mais de 300 jogadores participaram de outro aberto de inverno, esse
na Suécia. Arbakov estava com 7 pontos depois de 7 rodadas, mas perdeu
as duas últimas partidas. Os vitoriosos foram Martinovic (g, JUG), Miezis
(m, LAT) e Chuchelov (g, BEL), com 7½.
Calcuta Open
Um suíço com 72 jogadores, em 11 rodadas, foi disputado em Calcuta,
Índia. O evento teve patrocínio da Companhia de chá Goodrich e foi venci-
do num triplo empate por Speelman, Nenashev e Novikov (com 8 pontos).
Ubeda Open
Ubeda, cidade espanhola próxima a Linares, reuniu 32 GMs e 40 MIs
no seu aberto anual. No total, 135 jogadores participaram das 11 rodadas.
Os armênios vieram como favoritos e ocuparam os dois primeiros postos.
Uma atração à parte foi a participação do veterano David Bronstein. Classi-
ficação: 1º S. Lputian (g, 2580) 8; 2º A. Anastasian (g, 2520) 7½; 3º D. Barua
(g, 2520); 4º G. Giorgadze (g, 2590) 7½.
5
Mate de Peão 26
Genebra Open
Genebra teve mais uma edição de seu open anual no final de janeiro.
As 9 rodadas do evento enriquecem o inverno da mais internacional cidade
suíça e nesse ano foram vencidas pelo israelense Igor Khenkin, que termi-
nou isolado com ½ sobre o grupo de 7 jogadores que dividiram o 2º posto.
Classificação: 1º I. Khenkin (g, 2575) 7; 2º8º J. Chabanon (m, 2425); M. Cebalo
(g, 2490); J. Klovans (m, 2520); J. Barle (m, 2430); N. Lelecevic (m, 2480); U.
Hobuss (2360); A. Hauchard (m, 2460).
6
Mate de Peão 26
fRitzR$ 175
Livros de aberturas e finais ampliados,
telas em 3D virtual. Ambiente Windows.
Apenas em CD-ROM! Pedidos para a FGX
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7
Mate de Peão 26
SEÇÃO DE PARTIDAS
8
Mate de Peão 26
9.0-0 b5 10.e5 ¤e8 11.¦e1 ¤c6 18.¤c1 ¤a4 19.¤b3 a5 20.g6 £c7
12.¥g5 de5 13.de5 ¥b7 14.¥e4 f6 21.¥h3 £d7 22.£g2 fg6 23.hg6 hg6
15.£b3 ¢h8 16.¦ad1 £b8 17.¥f4 fe5 XIIIIIIIIY
18.¥g3 ¤d6 19.¥c6 ¥c6 20.¤e5 ¥e8 9-Ô-+-Ôk+0
21.¤d5 £b7 22.¤g6 ¥g6 23.¦e7 £c6
24.¦g7 ¢g7 25.¥e5 ¢f7 26.¥d6 ¥c2
9+-+qÕ-×-0
27.£f3 ¢e6 28.£e3 1:0 9-+-×l+p+0
9×-+-×-+-0
Fabian Fiorito
[B82] 9n×-+P+-+0
Sergio Giardelli 9+N+-vP+L0
Villa Ballester 1996
1.e4 c5 2.¤f3 e6 3.d4 cd4 4.¤d4 ¤f6
9PzP+-+Q+0
5.¤c3 d6 6.f4 a6 7.£f3 £c7 8.¥e3 9+K+R+-+R0
¤c6 9.0-0-0 ¥e7 10.¦g1 ¤d4 11.¥d4 xiiiiiiiiy
b5 12.e5 ¥b7 13.£g3 de5 14.¥e5 £c6 24.£g6 ¥h3 25.¦dg1 ¥f6 26.¦g3
15.£g7 ¦g8 16.£h6 b4 £f7 27.£h6 ¦fc8 28.£h3 £c4 29.¦g2
XIIIIIIIIY XIIIIIIIIY
9r+-+k+r+0 9-Ôr+-+k+0
9+l+-Õp+p0 9+-+-+-×-0
9p+q+pÖ-w0 9-+-×-Õ-+0
9+-+-v-+-0 9×-+-×-+-0
9-×-+-z-+0 9n×q+P+-+0
9+-s-+-+-0 9+N+-vP+Q0
9PzP+-+Pz0 9PzP+-+R+0
9+-mR+Lt-0 9+K+-+-+R0
xiiiiiiiiy xiiiiiiiiy
17.¥d3 bc3 18.¥f6 ¥f6 19.£f6 cb2 29...¤c3 30.bc3 a4 31.£f5 ab3 32.ab3
20.¢b1 ¦g2 21.f5 ¦g1 22.¦g1 ef5 bc3 33.£f6 ¦b3 34.¢c1 1:0
23.¦e1 1:0
Roberto Garbarino
[C00]
Andrés Rodrigues Andrés Rodrigues
[B80]
Pablo Ricardi Villa Ballester 1996
Villa Ballester 1996 1.e4 e6 2.£e2 c5 3.¤f3 ¤c6 4.g3 g6
1.e4 c5 2.¤f3 e6 3.d4 cd4 4.¤d4 ¤f6 5.¥g2 ¥g7 6.c3 ¤ge7 7.h4 h6 8.0-0
5.¤c3 d6 6.¥e3 ¤c6 7.f3 a6 8.£d2 d5 9.d3 b6 10.¤a3 ¥a6 11.¦b1 0-0
¤d4 9.£d4 ¥e7 10.0-0-0 0-0 11.g4 b5 12.e5 b5 13.¤c2 £b6 14.b4 cb4 15.cb4
12.g5 ¤d7 13.h4 ¦b8 14.¢b1 b4 d4 16.£e4 ¥b7 17.£g4 h5 18.£g5
15.¤e2 ¤c5 16.h5 e5 17.£d2 ¥e6 ¤f5 19.¦e1 ¥h6 20.£f6 ¥g7 21.£g5
9
Mate de Peão 26
¦fd8 22.g4 ¥h6 23.£f6 ¥g7 24.£g5 0 ¥g6 9.d3 ¥d6 10.¥d2 £c7 11.a3
¥h6 25.£f6 hg4 26.¤g5 ¦f8 27.¤e4 ¤bd7 12.¢h1 0-0 13.f4 ¦ad8 14.g4 h6
¥g7 28.£g5 ¤e5 29.¤f6 ¥f6 30.£f6 15.¤g3 ¤d5 16.£f3 f5 17.¦ae1 fg4
¤d7 31.£g5 ¥g2 32.h5 ¥b7 33.hg6 18.£g4 ¥f7 19.¤d5 cd5 20.¥c3 g6
fg6 34.£g6 ¤g7 35.¥h6 ¦f7 36.¦bc1 XIIIIIIIIY
e5 0:1 9-+-Ô-Ôk+0
Andrés Rodrigues
9×pÓn+l+-0
[C54] 9-+-Õp+p×0
Ariel Sorin
Villa Ballester 1996 9+-+p+-+-0
1.e4 e5 2.¤f3 ¤c6 3.¥c4 ¥c5 4.0-0 9-+-+-zQ+0
¤f6 5.d3 d6 6.c3 a6 7.¥b3 ¥a7 8.h3 9z-vP+-sP0
h6 9.¦e1 g5 10.¤h2 g4 11.hg4 ¦g8
12.£f3 ¤a5 13.¥d5 c6
9-zP+-+L+0
XIIIIIIIIY 9+-+-tR+K0
9r+lÓk+r+0 xiiiiiiiiy
21.¦e6 ¢h7 22.f5 g5 23.¦d6 £d6
9Õp+-+p+-0 24.¥b4 £f6 25.¥f8 ¦f8 26.£b4 £e5
9p+p×-Ö-×0 27.¢h2 ¦e8 28.£b7 ¦e7 29.d4 £f6
9Ö-+L×-+-0 30.¥d5 £d6 31.¥f7 ¦e2 32.¢h1 £g3
9-+-+P+P+0 33.¥g6 ¢g8 34.£c8 ¤f8 35.£c4 ¢h8
9+-zP+Q+-0 36.£e2 £h3 37.¢g1 1:0
9Pz-+-zPs0 Utut Adianto
9tNv-t-m-0 [D17]
Nigel Short
xiiiiiiiiy Jakarta (m2) 1996
14.¥f7 ¢f7 15.b4 ¥g4 16.¤g4 ¦g4 1.d4 d5 2.¤f3 ¤f6 3.c4 c6 4.¤c3 dc4
17.¥e3 b5 18.ba5 £a5 19.¥a7 ¦a7 5.a4 ¥f5 6.¤e5 ¤bd7 7.¤c4 ¤b6
20.d4 ¦e7 21.de5 ¦e5 22.¤d2 £c7 8.¤e5 a5 9.f3 ¤fd7 10.¤d7 ¤d7 11.e4
23.a4 ¦eg5 24.g3 £e7 25.ab5 ab5 ¥g6 12.¥e3 e6 13.¥e2 ¥b4 14.0-0 0-
26.£e3 ¢g6 27.¢f1 ¦h5 28.¦a7 ¦h1 0 15.£b3 £c7 16.¦ac1 ¦fe8 17.¥c4
29.¢e2 ¦e1 30.¢e1 £e8 31.f4 ¢h5 ¦ac8 18.¤e2 ¥d6 19.g4 ¥h2 20.¢g2
32.£f3 ¢g6 33.£d3 ¢h5 34.£e2 ¤d7 ¥d6 21.e5 ¥f8 22.¤g3 £b6 23.f4
35.¤f1 ¤f6 36.£h2 ¢g6 37.f5 1:0 £b3 24.¥b3 f6 25.¥d2 fe5 26.de5
¤c5 27.¦c5 ¥c5 28.f5 ¥f7 29.¤e4 b6
Gus Celis 30.¤g5 ¦cd8 31.¥c3 ¦d5 32.¥d5 cd5
[B01]
Marcelo Tempone 33.fe6 ¥g6 34.¦d1 h6 35.¤f3 ¥e4
Villa Ballester 1996 36.¢g3 ¦e6 37.¤h4 g6 38.¤f3 ¦e8
1.e4 d5 2.ed5 £d5 3.¤c3 £a5 4.g3 39.¤d4 ¦f8 40.¦d2 ¦f1 41.¦e2 ¢f7
¤f6 5.¥g2 c6 6.h3 ¥f5 7.¤ge2 e6 8.0- 42.¤b3 ¦f3 43.¢h2 ¥e3 44.¤d2 ¥f4
10
Mate de Peão 26
45.¢g1 ¦g3 46.¢f2 ¥d3 47.e6 ¢e8 ¤e5 19.¤e5 ¢f6 20.£f3 ¢e7 21.£f7
48.¦e1 ¦g4 49.¢f3 h5 50.e7 d4 0:1 ¢d8 22.¤e6 ¦e6 23.£f8 ¦e8 24.¥g5
¤f6 25.¥f6 gf6 26.¦ad1 1:0
Edson Tsuboi
[B07]
Jefferson Pelikian Adriano Rodrigues
[B35]
Memorial Charlier, São Paulo 1996 Wagner Guimarães
1.e4 d6 2.d4 ¤f6 3.¤c3 c6 4.f4 £a5 III Clube Naval, Rio de Janeiro 1996
5.¥d3 ¥g4 6.¤f3 e5 7.¥e3 ¤bd7 1.e4 c5 2.¤f3 d6 3.d4 cd4 4.¤d4 ¤f6
8.£d2 ¥e7 9.0-0 ¥f3 10.¦f3 ¤g4 5.¤c3 g6 6.¥e3 ¥g7 7.h3 0-0 8.¥c4
11.¤e2 £b6 12.c3 ¤e3 13.¦e3 ¥f6 ¤c6 9.0-0 ¥d7 10.¥b3 £a5 11.f4
14.¥c4 0-0 15.¢h1 ¦ad8 16.¦d3 £c7 ¦ac8 12.¤f3 £h5 13.£e2 a6 14.¦ad1
17.¦d1 ¤b6 18.¥b3 ef4 19.£f4 £e7 ¥e6 15.¥e6 fe6 16.£c4 d5 17.ed5
20.¦f1 ¥g5 21.£g4 ¥h6 22.¤g3 g6 ¤e5 18.£e2 ¤f3 19.¦f3 ¤d5 20.¤d5
23.¤f5 £g5 24.£e2 gf5 25.¦g3 £g3 ed5 21.¥d4 ¥d4 22.¦d4 £f5 23.c3
26.hg3 fe4 27.£e4 d5 28.£f5 ¦d6 ¦f7 24.¦e3 £b1 25.¢h2 £a2 26.¦e7
29.¥c2 ¦g6 30.£h5 ¢g7 31.¥g6 hg6 ¦c6 27.£e5 ¢f8 28.¦e8 1:0
32.£e2 ¤c4 33.¦f3 ¤d2 34.£e7 ¤c4
35.g4 ¢g8 36.g5 ¥g7 37.£b7 1:0 A Alvim
[B76]
W Souza
Eduardo Limp III Clube Naval, Rio de Janeiro 1996
[A47]
Jefferson Pelikian 1.e4 c5 2.¤f3 d6 3.d4 cd4 4.¤d4 ¤f6
Memorial Charlier, São Paulo 1996 5.¤c3 g6 6.¥e3 ¥g7 7.f3 ¤c6 8.£d2
1.¤f3 c5 2.e3 ¤f6 3.d4 e6 4.c3 b6 0-0 9.0-0-0 ¥d7 10.g4 ¦c8 11.¢b1
5.¤bd2 ¥b7 6.¥d3 ¥e7 7.0-0 0-0 £a5 12.¤c6 ¥c6 13.¤d5 £d8 14.¤f6
8.£e2 ¤c6 9.a3 £c7 10.e4 d6 11.¦e1 ¥f6 15.g5 ¥g7 16.h4 f5 17.¥c4 ¢h8
cd4 12.cd4 ¦fe8 13.b4 ¥f8 14.e5 de5 18.h5 £e8 19.¥e6 f4 20.¥d4 ¥e5
15.de5 ¤d5 21.¥c8 £c8 22.hg6 ¢g7 23.¥e5 de5
XIIIIIIIIY 24.¦h7 ¢g6 25.£h2 1:0
9r+-+rÕk+0
Luís Loureiro
9×lÓ-+p×p0 Eduardo Limp
[B89]
9-×n+p+-+0 III Clube Naval, Rio de Janeiro 1996
9+-+nz-+-0 1.e4 c5 2.¤f3 d6 3.d4 cd4 4.¤d4 ¤f6
9-z-+-+-+0 5.¤c3 ¤c6 6.¥c4 e6 7.¥e3 ¥e7
9z-+L+N+-0 8.£e2 0-0 9.0-0-0 ¥d7 10.¦hg1 ¦c8
11.¥b3 ¤a5 12.f3 ¤b3 13.ab3 £a5
9-+-sQzPz0 14.¢b1 e5 15.¤db5 ¦c6 16.¥c1 a6
9t-v-t-m-0 17.¤a3 b5 18.¤d5 ¤d5 19.ed5 ¦cc8
xiiiiiiiiy 20.g4 f5 21.h3 f4 22.¥d2 £c7 23.¥c3
16.¥h7 ¢h7 17.¤g5 ¢g6 18.¤df3 ¥e8 24.£d2 ¥d8 25.¦h1 ¥g6
11
Mate de Peão 26
26.¦de1 ¥h4 27.¦ef1 e4 28.fe4 ¥e4 32.¦g4 ¥g4 33.£g4 £e7 0:1
29.¦hg1 f3 30.g5 ¥f5 31.£d4 f2
KASPAROV NO BRASIL
Marcelo Chapper
E finalmente aconteceu: o jogador de xadrez mais forte da atualidade
e possivelmente de todos os tempos veio ao Brasil. O russo Garry Kimovich
Kasparov desembarcou no Rio de Janeiro no dia 25 do mês de janeiro para
jogar uma simultânea contra alguns dos melhores jogadores brasileiros (GM
Gilberto Milos, MI Darcy Lima, MI Giovanni Vescovi) e contra a nata
enxadrística carioca (MI Christian Toth, Carlos Gouveia e Márcio Miranda).
A simultânea foi na boate Le Turf, localizada no jóquei. Sob uma tem-
peratura de 40º espremiam-se os aficcionados à espera do gênio de Baku.
Por volta das 4:00 chegou o atual campeão mundial da PCA, Garry Kasparov.
Extremamente concentrado, ele dirigiu-se ao campo de batalha. Excetu-
ando-se o rápido empate com Darcy Lima (empate sobre o qual corriam
boatos de ter sido preparado por Darcy no dia anterior) as outras partidas
foram muito disputadas.
Gostaria de chamar a atenção de todos para a partida contra Gilberto
Milos, pois este jogou muito bem conseguindo um convincente empate de
negras contra Kasparov jogando a defesa Siciliana (especialidade do cam-
peão). Na partida contra Giovanni, Kasparov não encontrou maiores difi-
culdades. Assim também contra Gouevia. A partida contra Miranda foi a
que mais emocionou os aficcionados pois Kasparov sacrificou um bispo (pou-
co para quem sacrificou uma torre contra Anand!!) para ganhar por ataque.
Depois recusou o empate proposto por Christian Toth ganhando um inte-
ressante final.
Kasparov, quando perguntado sobre a simultânea, respondeu: Não
estive inferior em nenhuma das partidas. Contra Christian não aceitei em-
pate para dar-lhe a chance de errar (risos). Todos os meus adversários joga-
ram sempre pelo empate. Já joguei simultâneas bem mais difíceis do que
esta.
Andrew Page (manager de Kasparov) me disse, logo após a simultâ-
12
Mate de Peão 26
nea, que a estratégia da equipe brasileira foi errônea. Segundo ele, os joga-
dores deveriam ter tentado jogar mais rapidamente e pela vitória pois nes-
sas condições Kasparov poderia cometer erros. Eu o retruquei dizendo que
erros não são coisas muito comuns para Kasparov e ele disse rindo: Its
really true. Hes the World Chess Champion!!!
SIMULTÂNEA KASPAROVEQUIPE OLÍMPICA BRASILEIRA
RIO DE JANEIRO, I 1996
1 KASPAROV, GARRY g 2775 ½ ½ 1 1 1 1 5
2 EQUIPE BRASILEIRA ½ ½ 0 0 0 0 1
13
Mate de Peão 26
¤e5 27.g4 h3 28.¤c4 ¤c4 29.£c4 hg2 21.¥f2 ¤g3 22.¦g1 b5 23.¥d3 £b8
30.¦ed1 ¦h6 31.¢g2 ab4 32.ab4 £c7 24.¤e2 ¤h5 25.b4 a5 26.a3 a4 27.¦c1
33.¦h1 ¦h1 34.¦h1 ¦d8 35.¦d1 d2 ¥f6 28.¤f1 ¥d8 29.£d2 ¤f7 30.¤c3
36.£c3 £f4 37.¢f2 g6 38.¢e2 £h2 £b7 31.¦c2 ¦b8 32.¤h2 ¤g3 33.¢d1
39.¢e3 ¢g7 34.¢c1 ¥b6 35.¥b6 £b6 36.£f2
XIIIIIIIIY £d4 37.£d4 ed4 38.¤e2 ¤e5 39.¦d1
9-+-Ô-+k+0 ¤d3 40.¦d3 ¤e2 41.¦e2 ¦bc8 42.¦c2
¦c2 43.¢c2 ¦c8 44.¢b2 ¦c4 45.¤f1
9+p+-+p+-0 ¢f6 46.¤d2 ¢e5 47.¤c4 bc4 48.¦d1
9-+p+-+p+0 ¥b5 1:0
9+-z-+-+-0
9-z-+P+P+0 Garry Kasparov
[B48]
9+-w-mP+-0 Gilberto Milos
Rio de Janeiro (s) 1996
9-+-×-+-Ó0 1.e4 c5 2.¤f3 e6 3.d4 cd4 4.¤d4 ¤c6
9+-+R+-+-0 5.¤c3 £c7 6.¥e3 a6 7.¥d3 ¤f6 8.0-
xiiiiiiiiy 0 ¤e5 9.h3 ¥c5 10.¢h1 d6 11.f4 ¤g6
39...f5 40.gf5 gf5 41.e5 f4 42.¢e4 £e2 12.£e1 0-0 13.f5 ¤e5 14.£h4 ¥d7
43.¢f5 ¦f8 0:1 15.g4 £b6 16.g5
XIIIIIIIIY
Darcy Lima 9r+-+-Ôk+0
[E94]
Garry Kasparov
Rio de Janeiro (s) 1996
9+p+l+p×p0
1.d4 ¤f6 2.c4 g6 3.¤c3 ¥g7 4.e4 d6 9pÓ-×pÖ-+0
5.¥e2 0-0 6.¥e3 e5 7.¤f3 c6 8.0-0 ed4 9+-Õ-ÖPz-0
9.¤d4 ¦e8 10.f3 d5 11.cd5 ¤d5 9-+-sP+-w0
12.¤d5 cd5 13.£b3 ¤c6 14.¦ad1 9+-s-v-+P0
¤d4 15.¥d4 ¥d4 16.¦d4 £f6
17.£d5 ¥e6 18.e5 ¥d5 19.ef6 ¦e2
9PzP+-+-+0
20.¦d5 ¦b2 ½:½ 9t-+-+R+K0
xiiiiiiiiy
Garry Kasparov 16...¤h5 17.£h5 ¥d4 18.¥d4 £d4
[E93]
Giovanni Vescovi 19.f6 ¥c6 20.fg7 ¢g7 21.£h6 ¢g8
Rio de Janeiro (s) 1996 22.£f6 £e3 23.¢h2 ¤d7 24.£h6 ¤e5
1.¤f3 ¤f6 2.c4 g6 3.¤c3 ¥g7 4.e4 d6 25.£f6 ¤d7 26.£h6 ¤e5 27.£f6 ½:½
5.d4 0-0 6.¥e2 e5 7.d5 ¤bd7 8.¥e3
¤g4 9.¥g5 f6 10.¥h4 h5 11.h3 ¤h6
12.¤d2 g5 13.¥g3 f5 14.¥h5 f4 MP27: Brasileiro feminino
15.¥h2 ¤f6 16.¥f3 c6 17.¥g1 cd5 e de veteranos
18.cd5 ¥d7 19.¥e2 a6 20.f3 ¤h5
14
Mate de Peão 26
Igor Freiberger
A Intel não renovou o contrato de patrocínio com a Professional Chess
Association. A notícia é uma surpresa já que a expectativa era de uma fácil (e
novamente milionária) renovação.
Consta que a empresa ficou satisfeita com a repercussão do match
entre Kasparov e Anand. Além disso, a subsidiária inglesa patrocinou o en-
contro de duas partidas entre o campeão e o programa Fritz4. Apesar disso,
a matriz americana opinou contra a manutenção do patrocínio (enquanto o
lado europeu da empresa manteve-se favorável).
Especula-se que Kasparov perdeu seu patrocinador ao aceitar o match
contra o supercomputador Deep Blue, da IBM. As empresas são rivais no
campo da informática. O motivo, contudo, não explica completamente a sú-
bita desistência da Intel. Muito provavelmente, os problemas políticos e a
falta de garantia de que o título seja reunificado afetaram o entusiasmo da
empresa com o xadrez. Além disso, se o motivo foram os US$ 400,000 que
Kasparov ganhou para vencer Deep Blue, o negócio foi péssimo: o patrocí-
nio da Intel deveria chegar a US$ 7,000,000. Será que o campeão tem outro
patrocinador escondido na manga?
Com ou sem a ajuda da Intel, porém, a PCA anunciou que tem 4 tor-
neios de xadrez rápido planejados para o ano (mantendo o Grand Prix de
94 e 95). O título mundial volta a ser disputado em 97, permanecendo bienal
e no formato de 10 jogadores que disputam matches eliminatórios. Os 5
vencedores reúnem-se a Kamsky. Nova rodada e os 3 vencedores reúnem-
se a Anand. O vencdor do Qualifiers (o Torneio de Candidatos da PCA) en-
frenta Kasparov em 97. Presume-se que a escolha dos 10 qualificados
contuará a ser com um Interzonal.
Por fim, a PCA divulgou em fevereiro sua nova lista de rating.
Kasparov continua líder, mas o empate técnico entre ele, Karpov e Kramnik é
patente.
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49 TIVIAKOV, SERGEI RUS 2604 197 52 BELIAVSKY, ALEXANDER UKR 2602 178
50 GLEK, IGOR RUS 2603 168 53 ANDERSSON, ULF SWE 2601 142
51 HÜBNER, ROBERT GER 2602 157 54 FILIPPOV, VALERIJ RUS 2600 146
Hastings
O grupo Premier (principal) do mais antigo torneio do mundo foi ven-
cido pelo trio Conquest, Khalifman e Lalic. Conquest foi a boa surpresa, es-
pecialmente para a torcida local. Anthony Miles teve um mau começo, mas
recuperou-se e terminou em 4º com Yermolinsky. O torneio entusiasmou
por suas partidas combativas, mas os ingleses Sadler, Speelman e Hodgson
terão pouco para lembrar dele.
No Hastings Challengers, um aberto com 128 jogadores, o vitorioso
foi Mark Hebden com 8½ em 11 rodadas. O GM Glenn Flear e os MIs Parker
e Ledger dividiram o segundo posto, com 8 pontos. Logo a seguir, um gru-
po de 9 jogadores com 7½ pontos, com destaque para o veterano David
Bronstein.
HASTINGS CHESS CONGRESS PREMIER GROUP
HASTINGS, XII 1995 I 1996
1 CONQUEST, STUART g ENG 2455 · 0 0 1 = 1 0 1 1 1 5½ 2663
2 KHALIFMAN, ALEXANDER g RUS 2655 1 · = = = 0 = 1 = 1 5½ 2641
3 LALIC, BOGDAN g CRO 2590 1 = · 1 = = = = = = 5½ 2648
4 MILES, ANTHONY g ENG 2600 0 = 0 · = 1 1 = 1 = 5 2610
5 YERMOLINSKY, ALEXEY g USA 2560 = = = = · = 0 = 1 1 5 2615
6 SADLER, MATTHEW g ENG 2565 0 1 = 0 = · = = = 1 4½ 2571
7 SPEELMAN, JONATHAN g ENG 2620 1 = = 0 1 = · 0 = = 4½ 2565
8 ATALIK, SUAT g TUR 2525 0 0 = = = = 1 · = = 4 2533
9 HODGSON, JULIAN g ENG 2590 0 = = 0 0 = = = · = 3 2443
10 LUTHER, THOMAS g GER 2550 0 0 = = 0 0 = = = · 2½ 2407
Reggio Emilia
Tradicionalmente um palco de muitos empates, o Magistral de Reggio
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Mate de Peão 26
Emilia não fugiu à própria biografia. O alto nível dos participantes atingiu
um elevado rating médio mas não produziu partidas empolgantes. Dreev,
Epishin e Razuvaev venceram empatados com um minguado plus dois.
Vaganian não atuou bem mas Michele Godena surpreendeu. O mais forte
jogador italiano vinha de bons desempenhos e manteve-se em condições
de igualdade com o forte time de estrangeiros.
MAGISTRAL DE REGGIO EMILIA
REGGIO EMILIA, XII 1995 I 1996
1 DREEV, ALEXEY g RUS 2670 · = = = = = = = 1 1 5½ 2653
2 EPISHIN, VLADIMIR g RUS 2640 = · 0 = = = 1 1 = 1 5½ 2656
3 RAZUVAEV, YURI g RUS 2585 = 1 · = = = = = = 1 5½ 2662
4 AZMAIPARASHVILI, Z. g BIH 2620 = = = · 0 = = = 1 1 5 2621
5 BELIAVSKY, ALEXANDER g UKR 2650 = = = 1 · = = 1 0 = 5 2618
6 CHERNIN, ALEXANDER g HUN 2600 = = = = = · = = 1 = 5 2624
7 GODENA, MICHELE m ITA 2420 = 0 = = = = · = = 1 4½ 2601
8 VAGANIAN, RAFAEL g ARM 2645 = 0 = = 0 = = · 1 = 4 2533
9 DAUTOV, RUSTEM g GER 2620 0 = = 0 1 0 = 0 · 1 3½ 2498
10 BELOTTI, BRUNO m ITA 2380 0 0 0 0 = = 0 = 0 · 1½ 2332
18
Mate de Peão 26
¥f5 18.£h4 £f6 19.¥g5 £b2 20.g4 £d4 36.b6 ¤g5 37.¦1c2 ¤h3 38.¢f1
¥d7 21.¦b1 £c3 22.¦b7 ¦ac8 23.¥d2 £d3 0:1
£c4 24.£e7 £g4 25.h3 £f5 26.¤h4
£f7 27.£d6 ¥b5 28.¥e4 £f6 29.£g3 David Bronstein
[C00]
¥f1 30.¢f1 ¢g8 31.d6 £d4 32.£e3 Bertrand Kelly
£d6 33.¤g6 ¦f7 34.£d3 ¥d4 35.¥e3 Challengers Hastings 1996
¦d8 36.¢g2 £f6 37.¥f4 ¥e5 38.£g3 1.e4 c5 2.¤f3 e6 3.£e2 ¤c6 4.g3 ¤f6
¥f4 39.¤f4 ¦g7 40.¤g6 ¦e8 41.¦c7 5.¥g2 d5 6.d3 ¥e7 7.0-0 0-0 8.e5 ¤d7
¦c7 42.¤e7 ¢f7 43.¥d5 ¢f8 44.¢h1 9.c4 d4 10.h4 a6 11.¥f4 ¦b8 12.¤h2
¦d8 45.¤g6 ¢e8 46.¤f4 ¦g7 47.£e3 ¤a5 13.¤d2 b5 14.b3 ¥b7 15.¥h3
¦e7 48.£g3 £g5 49.¥c6 ¢f7 50.£b3 bc4 16.bc4 ¤c6 17.¤g4 ¥a8 18.¤f3
¢f8 0:1 ¦b4 19.¤g5 £b6 20.¥g2 ¦b2 21.£d1
£a5 22.¥e4 g6 23.£f3 £c7 24.¤h6
Alex Yermolinsky ¢g7
[D30]
Thomas Luther XIIIIIIIIY
Hastings 1996 9l+-+-Ô-+0
1.¤f3 d5 2.d4 e6 3.c4 ¤d7 4.¤c3 dc4
5.e4 ¤b6 6.¥c4 ¤c4 7.£a4 ¥d7
9+-ÓnÕpÒp0
8.£c4 ¤f6 9.¥g5 h6 10.¥f6 gf6 11.0- 9p+n+p+ps0
0 c6 12.¦fd1 £a5 13.d5 ¥b4 14.a3 9+-×-z-s-0
¥c3 15.b4 £a4 16.£c3 0-0-0 17.£f6 9-+P×Lv-z0
ed5 18.ed5 ¥e6 19.d6 ¦hg8 20.¤e5 9+-+P+Qz-0
£b3 21.¦d3 £c2 22.¦ad1 ¥d5 23.g3
¢b8 24.d7 ¢a8 25.b5 h5 26.bc6 bc6
9PÔ-+-z-+0
27.¦d5 cd5 28.£f3 1:0 9t-+-+Rm-0
xiiiiiiiiy
Matthiew Sadler 25.¤hf7 ¤ce5 26.¤e6 ¢f7 27.¥e5
[A40]
Stuart Conquest ¢e6 28.¥d5 ¥d5 1:0
Hastings 1996
1.d4 e6 2.c4 ¥b4 3.¥d2 a5 4.¤f3 d6 Vladimir Epishin
[D20]
5.g3 ¤c6 6.¥g2 e5 7.d5 ¥d2 8.¤fd2 Michele Godena
¤b8 9.¤c3 ¤d7 10.a3 f5 11.b4 ¤h6 Reggio Emilia 1996
12.0-0 0-0 13.¦c1 b6 14.¤b5 ¥a6 1.d4 d5 2.c4 dc4 3.e4 e5 4.¤f3 ¥b4
15.£c2 ¦f7 16.ba5 ba5 17.a4 g5 5.¤c3 ed4 6.¤d4 ¤e7 7.¥f4 ¤g6
18.¤b3 f4 19.£d2 g4 20.¦c2 ¢h8 8.¥g3 £e7 9.¥c4 £e4 10.¢f1 ¥c3
21.e4 ¦f6 22.¤a5 ¥b5 23.cb5 f3 11.bc3 0-0 12.£e1 £e1 13.¦e1 ¥d7
24.¥h1 ¤f7 25.¤b7 £b8 26.¦fc1 ¦a4 14.h4 ¤c6 15.¤c6 ¥c6 16.h5 ¤h8
27.¦c7 ¤b6 28.¤a5 £a8 29.¦7c6 £a7 17.¦h4 ¦fe8 18.¦e8 ¥e8 19.¦e4 ¦c8
30.£e3 £a5 31.¦b6 ¦a3 32.¦b8 ¢g7 20.¥d5 ¥b5 21.c4 ¥a6 22.¥c7 h6
33.£e1 £a7 34.¦bc8 ¦a2 35.¦8c6 23.¦e7 ¢h7 24.¢e2 g6 25.hg6 ¢g6
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Igor Freiberger
Para homenagear o mais ilustre jogador de sua história, a Estônia pro-
gramou uma série de eventos para 1996, ano em que comemora-se o 80º
aniversário de nascimento de Paul Keres.
Keres, chamado o eterno segundo, foi um jogador brilhante e perma-
nente candidato ao título mundial. Com um estilo empreendedor, não hesi-
tava em usar o secular Gambito do Rei, fato pelo qual foi censurado pelo
campeão Botvinnik: não se podia arriscar o ouro soviético nas olimpíadas
de xadrez com a arriscada abertura do colega.
Mais do que tudo, a carreira de Keres foi marcada pela busca inces-
sante e frustrada do título mundial. Disputou todos interzonais do anos 50
e 60, e sempre esteve próximo de vencê-los. Mas nos momentos decisivos
outro ficava com a vaga e Keres tinha de esperar pelo próximo ciclo.
O primeiro evento da série Memorial Paul Keres teve lugar na capital
Tallin, em janeiro. Um forte torneio de xadrez rápido (25) que foi vencido
pelo ucraniano Ivanchuk. Smyslov, do alto de seus 74 anos, teve ótima atu-
ação. O representante local Jan Ehlvest decepcionou e Lembit Oll, outro forte
GM estoniano, não jogou por estar gripado.
O segundo torneio foi um Magistral de categoria XVII jogado em fe-
vereiro na cidade de Pärnu. O prestígio do xadrez e de Keres levou até mes-
mo o presidente da Estônia ao cerimonial de abertura. Short reapareceu ven-
cedor pela primeira vez desde 93, com uma excelente performance. O tche-
co Zbynek Hracek, que apareceu surpreendentemente bem na nova lista de
rating da Fide, jogou um xadrez altamente competitivo e agitou o torneio.
Só quem não ficou muito satisfeito foi o público, que espera melhor desem-
penho de seus jogadores.
O grupo B teve como vencedor o favorito Vladimir Epishin, que só
escapou com sorte diante de Liiva e Kveinys. O grupo C, só de mulheres,
teve uma apertada disputa onde quem levou a melhor foi a filandesa Johanna
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Igor Freiberger
O primeiro computador, o gigantesco Eniac, que ainda funcionava
com válvulas, fez 50 anos em fevereiro. Criado para fazer cálculos de balísti-
ca na II Guerra (pois a velocidade crescente dos aviões tornava muito com-
plicada a função da artilharia antiaérea) o projeto não entusiasmou os técni-
cos do Pentágono americano e ficou pronto, depois de grandes dificulda-
des, apenas em 1946.
Para comemorar a data um grande congresso realizou-se na Phila-
delphia. Entre as muitas atrações, o desafio entre homem e máquina: a IBM
apresentou seu supercomputador Deep Blue para desafiar o campeão mun-
dial Garry Kasparov.
O fascínio do xadrez como paradigma do raciocínio humano sempre
encantou os programadores. O desafio de fazer o computador jogar e ven-
cer o ser humano no jogo intelectual por excelência estimulou o desen-
volvimento de inúmeros softwares. Técnicas de programação desenvolve-
ram-se graças a essas tentativas. E finalmente, na segunda metade dos anos
80, os programas atingiram o nível de mestres. A velocidade crescente dos
processadores e programas cada vez mais avançados obtêm resultados sem-
pre melhores e começam a superar GMs nos anos 90. Assim, chegamos a
1996 e ao match entre Deep Blue e Kasparov.
Deep Blue
O monstrengo que a IBM preparou para enfrentar Kasparov está sen-
do projetado desde 1988. Em 1989 uma primeira versão, chamada Deep
Though (Pensamento profundo), foi derrotada pelo mesmo Kasparov em duas
partidas. O esperado era que em 91 a nova versão estivesse pronta, mas só
em 95 o Deep Blue de fato apareceu.
Em Hong Kong, via internet, Deep Blue jogou o mundial de compu-
tadores e foi fragorosamente derrotado pelo Fritz3 (que rodou num mísero
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Mate de Peão 26
O match
Valendo US$ 500,000 80% ao vencedor, 20% ao perdedor. Local:
Philadelphia. Data: 10 a 17 de fevereiro de 96. Ritmo: 2:00 para 40 lances,
mais 1:00 para 20 lances, mais 30nocaute. Ampla cobertura na mídia. Com
transmissão ao vivo das partidas, dos comentários e das filmagens pela in-
ternet.
Kasparov foi superado na primeira partida, tecnicamente a melhor
da série. Deep Blue saiu superior da abertura e Kasparov, inquieto diante
da inferioridade, sacrificou um peão em troca de contra-ataque. Mas o com-
putador calculou muito bem a defesa e o segundo peão sacrificado já foi no
desespero. Garry abandonou com 542 restantes no relógio. Deep Blue ain-
da tinha cerca de uma hora. 1:0 e primeira vitória de uma máquina sobre o
campeão em condições normais de jogo.
Só essa partida já justificaria o que a IBM gastou no evento. A reper-
cussão foi enorme. TVs, jornais, rádios, revistas, internet... dificilmente al-
guém deixou de saber: Kasparov foi derrotado. A publicidade foi tão gigan-
tesca que houve quem especulasse: Garry perdeu de propósito, apostando
que o marketing seria multiplicado e que venceria o match. Se ele de fato
pensou isso, foi uma ótima idéia...
O defensor da humanidade reagiu e venceu a partida seguinte. Deep
Blue cometeu um erro e perdeu um peão. Mas o final de bispos opostos
deu trabalho a Kasparov. A vitória, ainda que longa, era técnica e o placar
igualou-se. A imediata reação de Garry provocou ainda mais notoriedade
ao match talvez comparável apenas ao FischerSpassky 72.
Na terceira partida Kasparov repetiu a Siciliana anterior, disposto a
provar que não era qualquer amontoado de chips que iria demolir sua defe-
sa favorita. Mas Deep Blue mostrou extrema habilidade em compensar o
peão débil c e Kasparov ainda teve trabalho para garantir o empate.
O quarto confronto teve Kasparov jogando com alguma ousadia mas
diante de um adversário que defendeu-se com exatidão. Novo empate com
ligeira vantagem para as negras na posição final. Depois da partida Kasparov
revelou que estava exausto. Comentou que, se estivesse jogando contra um
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Mate de Peão 26
Os outros humanos
Nigel Short comentou que Kasparov estava jogando de forma equi-
vocada ou seja, de modo normal. Ao invés de combater a máquina como
se joga contra um humano o caminho seria jogar de forma artificial, ado-
tando um estilo anti-computador. John van der Wiel já sugeriu isso no ano
passado (MP22). Mas não foi o que Kasparov preferiu.
Seirawan, um dos comentaristas do match, disse que Deep Blue era
um verdadeiro desafiante ao campeão. O GM David Norwood acrescentou
que os computadores já estão preparados para derrotar os humanos, mas o
contrário não é verdadeiro. Acredita que, se os GM prepararem-se especifi-
camente contra os computadores, sairão vencedores.
Kasparov fez o comentário mais lúcido. Disse que a maioria das par-
tidas no mundo é decidida em tática de curto alcance. Ou seja, pequenas
combinações ou armadilhas de um, dois ou três lances. Dominar a tática de
curto alcance é suficiente para obter bom número de vitórias entre os hu-
manos. Mas não contra os computadores. O usual é que as máquinas e pro-
gramas mais poderosos não caiam nesse tipo de erro. Com isso, parte do
meu estilo fica amputada. disse Kasparov. Jogar sem poder contar com esse
arsenal é uma dificuldade para os GMs e uma vantagem para os computa-
dores. Kasparov acrescenta: Ganhei o match por 4:2. Mas joguei muito se-
riamente. Minha atitude foi como se estivesse num campeonato mundial.
Alguns dados
Em todo o mundo houve ampla cobertura para o match. Todos os prin-
cipais jornais dos Estados Unidos, Inglaterra, França, Argentina, Espanha,
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XIIIIIIIIY XIIIIIIIIY
9rÕ-+-+-+0 9rÕr+-+-+0
9+p+qÔpÒ-0 9+p+q+p+k0
9pzn+p+p+0 9pz-+pvp+0
9z-zp+n+p0 9z-zpz-+p0
9L+-z-+-z0 9-+-w-+-z0
9+-vQ+Nz-0 9+-+-+-z-0
9-+-+Rz-+0 9-+-+Rz-+0
9+-t-+-m-0 9+-t-+-m-0
xiiiiiiiiy xiiiiiiiiy
36.£d4 £d7 37.¥d2 ¦e8 38.¥g5 ¦c8 40.c6 bc6 41.£c5 ¢h6 42.¦b2 £b7
39.¥f6 ¢h7 43.¦b4 1:0
O SUCESSOR DE STAMMA
Antonio Sparvoli
Em 1996 comemoramos 270 anos do nascimento do músico francês
François André Danican, imortalmente conhecido pelos enxadristas simples-
mente como Philidor.
Descendente de uma verdadeira dinastia de músicos, Philidor, no
mundo profano, alienígena às 64 casas, é mais conhecido por sua obra mu-
sical, tendo sido um dos criadores da ópera-cômica na França. Seu pai, André
(16521730), compositor e músico da Câmara do Rei, conservador da Biblio-
teca Musical de Luís XIV, havia se casado pela segunda vez e Philidor foi o
quarto filho desse matrimônio. Nasceu na cidade de Dreux em 7 de setem-
bro de 1726.
Aos 6 anos o jovem Philidor ingressa na Escola de Música para o ser-
viço na Capela de Versalhes. Um indício de sua precocidade, porque era
necessário ter no mínimo 10 anos para ser admitido naquela prestigiada es-
cola.
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A revolução philidoriana
O título de seu livro deixa evidente a ruptura com seus predecesso-
res ao empregar a palavra análise. O gênio francês desejava marcar que o
xadrez não é fruto exclusivo da imaginação e da intuição, mas que merece o
status de ciência e constitui um sistema racional do qual ele forneceria as
primeiras leis essenciais.
É verdade que Stamma já havia compreendido a necessidade de de-
finir linhas de jogo coerentes e ao final de suas partidas enunciava uma
espécie de conclusão que denominava Regras Gerais. Entretanto, Stamma
acrescia que não havia sentido em ditar regras particulares pois cada parti-
da pode ser jogada de centenas de modos, o que exige diferentes maneiras
de se defender e de atacar segundo a capacidade de cada jogador.
A superioridade pedagógica de Philidor consistia em explicar a ra-
zão de se jogar aquele movimento ao contrário de seus antecessores, que
procuravam somente demonstrar o lance exato. Contrariamente à Stamma,
o francês considerava que a multiplicidade de lances que nascem e se su-
cedem a cada instante não deve ser um obstáculo à análise e ao cálculo.
Esta sistematização tornou-se possível devido a uma descoberta fun-
damental cujas conseqüências estratégicas constituem a revolução
philidoriana a importância dos peões e de suas cadeias: os peões são a
alma do xadrez, são eles que formam o ataque e a defesa e de seu bom ou
mau arranjo depende inteiramente o ganho ou perda da partida.
Pode-se afirmar que Philidor foi o primeiro a ter dominado de modo
totalmente consciente e rigoroso as relações múltiplas, às vezes contraditó-
rias, que unem os três elementos fundamentais da estratégia e da tática: o
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SOLUÇÕES
1 [GrünbergGutman, Moskow
nº26 fevereiro 1996
1989] 1.¥d5! ¥d5 2.e8£! ¦e8
3.¦e5! ¦c8 4.¦d5 1:0 Direção
2 [KasparjanManweljan, Erevan Igor Ferraz Freiberger
1936] 1.£c6!! ¢c6 2.¤e5 ¢c5 Jornalista responsável
3.¤d3 ¢d4 4.¢d2! 1:0 Paulo Alberto de Morais
3 [HerrmannCharousek, Buda (Mtb 5092)
pest 1896] 1...¥h2! 2.¢h1 [2.¢h2 Diagramação
¥f1+] 2...¥f1! 3.£d1 [3.£f1 ¥g3 Igor Ferraz Freiberger
4.¢g1 £h2] 3...¥e2! [
4... ¥g3] Colaboradores
4.¢g1 £h2 0:1 MI Antonio Rocha
4 [HortKasparov, Köln Cup 1988] Antonio Sparvoli
1...¦e3! 2.£e3 [2.¤e3 £g1 3.£f1 Egon Klein
¦e3+] 2...¦e3 3.¤e3 £g1 4.¤f1 Fernando Barros
¥c3 5.¦bb2 £g2! 0:1 Gerd Giebel
5 [HortPlatonov, Wijk aan Zee Homero Gomes
1970] 1.¤f7! £c5 [1...¦f7 2.¦c8 GM Jaime Sunyé Neto
¦f8 3.£e6 ¢h8 4.¦f8] 2.£c5 bc5 Luiz Roberto da Costa Jr
3.¦bb7 1:0 Marcelo Chapper
6 [HortPortisch, Madrid 1973] AN Marco Barbosa
1.¦g4! fg4 2.£g5 ¢h8 3.£h6! 1:0 Marco Moura
7 [HorvathJacobsen, Kopenhagen MN Paulo Sérgio Oliveira
1988] 1.£h6! ¢e8 2.£e3 ¢f8 Waldemar Costa
3.£a3! ¢g8 4.£g3 ¢f8 5.£b8 1:0 Representantes
8 [KashdanHorowitz, New York AI Marco Barbosa
1939] 1...¥f1 2.£h5 ¦f2 3.¢h1 Fernando Barros
¥g2 4.¢g1 ¦e2 5.¢h2 ¥f3 0:1 MN Paulo Sérgio Oliveira
MPe
Mate de Peão Eletrônica
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acontecimentos, endereços de xadrez na internet, catálogo ChessBase e
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9-+r+-+k+0 1 5 9-+-+-Ôk+0
9×-z-zl+p0 9×-t-+p×p0
9-×-+-+p+0 9-×Q+p+-+0
9+-×-Õ-+-0 9Ó-+-s-+-0
9-+-+L+-+0 9-+-ÔP+-+0
9+-+-+-+-0 9+-+-+-+P0
9P+-v-+Pz0P P9n+-+-zP+0
9+-+-t-m-0+ +9+R+-+-m-0
XIIIIIIIIY
xiiiiiiiiy XIIIIIIIIY
xiiiiiiiiy
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9+k×-+-+p0 9Ô-Ó-+p+p0
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9+P+-+Nz-0 9+-+Lz-+-0
9-+P+-+Lz0P P9P+-+-zPz0
9+-m-+-+-0+ +9+R+-+-m-0
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xiiiiiiiiy XIIIIIIIIY
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9+p×-+-×p0 9+-+-+p+-0
9-+-Õ-+-+0 9-m-+-z-+0
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9-+-×N+-Ó0 9-+-+-+-+0
9+-+P+P+l0 9+-+-+-+-0
9PzPvQz-+0p P9-+-+-Ô-+0
9t-+-+-m-0+ +9+-+-+r+-0
XIIIIIIIIY
xiiiiiiiiy XIIIIIIIIY
xiiiiiiiiy
9-+-+r+k+0 4 8 9-+-+-Ôk+0
9+p+-+pÕ-0 9+-+-+-×p0
9-+p+r+-+0 9-+-+-+-+0
9×-+p+-+-0 9+-w-+-+q0
9P+-+-+-+0 9N+-×P+-+0
9+PzQzpz-0 9+-+-Õ-zl0
9-+-t-+q+0p p9-+-+Pz-m0
9+R+-mN+-0+ +9+R+-+R+-0
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