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Disciplina: Engenharia do Trabalho e Ergonomia

1. A ergonomia surgiu junto com o homem primitivo. Com a necessidade de se proteger e sobreviver, sem querer,
começou a aplicar os princípios de ergonomia ao fazer utensílios de barro para tirar água de cacimbas e cozinhar
alimentos, fazer lanças para se defender ou abater animais. Mas foi na revolução industrial que a ergonomia
começou a evoluir.

Explique, com suas palavras, por que no contexto da revolução industrial o ritmo do trabalho determinado pela
máquina é um problema sob a perspectiva ergonômica. (10,0 pts)

No contexto da revolução industrial, o trabalhador não encontrava amparos mínimos de ordem trabalhista, como
jornada máxima de trabalho, descanso semanal e férias.
Assim, submetidos a uma jornada diária de trabalho que chegava muitas vezes a superar 14 horas, problema que se
aliava ao fato de que, na época, a preocupação com o meio ambiente do trabalho era inexistente, não é surpresa que,
sob a perspectiva ergonômica, principalmente a física, os trabalhadores estavam sujeitos às consequências maléficas
do exercício de suas atividades de trabalho sem a observação de pontos como estudo da postura do trabalho, manuseio
de materiais, movimentos repetitivos e distúrbios musculares, dentre outros.
Assim, diante do ritmo imposto pelas máquinas, que não tinham adequação aos pontos relacionados à ergonomia física
expostos, os trabalhadores, sujeitos a longuíssimos períodos de trabalho sem descansos durante a jornada, eram
acometidos pelas consequências de esforços repetitivos, más posturas e acidentes de trabalho.
Também devem ser levadas em consideração as consequências que longas jornadas sem descansos mínimos
provocavam sob o ponto de vista da ergonomia cognitiva, provocando exaustão mental capaz de comprometer o
raciocínio, a memória e a tomada de decisões.
Provavelmente em razão da exaustão mental, vários acidentes de trabalho evitáveis ocorriam por conta da diminuição
da capacidade de raciocínio dos trabalhadores.
Por fim, o contexto do início da revolução industrial aponta para a inexistência da ergonomia organizacional, cujos
estudos tiveram início no século passado.

2. A abordagem ergonômica clássica (americana) tem foco nos aspectos anatômicos, fisiológicos (sensoriais) para
dimensionar a melhor estação de trabalho. Já a abordagem ergonômica situada (francesa) foca no entendimento
da tarefa, nos mecanismos de resolução de problemas, nas tomadas de decisão.

a) Explique, com suas palavras, o caráter complementar das duas abordagens (5,0 pts)
b) Dê um exemplo de demanda, dentro do contexto da Engenharia Civil, na qual o problema é analisado sob a
ótica das duas abordagens (5,0 pts)

a) Pela análise das abordagens ergonômicas clássica (americana) e situada (francesa), fica claro como uma complementa
a outra: enquanto a ergonomia clássica (americana) se preocupa com aspectos físicos (anatômicos, fisiológicos e
biomecânicos em sua relação à atividade física), isto é, com a postura em uma estação de trabalho, a ergonomia situada
(francesa) diz respeito às questões cognitivas, envolvendo a capacidade do trabalhador de tomar decisões, resolver
tarefas, solucionar problemas sem ser prejudicado por males causados pelo estresse e a exaustão mental.

b) Um exemplo que pode ser dado no contexto da Engenharia Civil sobre demanda que deve ser examinada pela ótica
das duas abordagens é o do engenheiro que, diante de um projeto que precisa ser elaborado e entregue em pequeno
prazo, é obrigado a passar várias horas seguidas diante da tela de um computador sem ter mobiliário adequado, causando
males pela perspectiva da ergonomia clássica (americana), e, diante do estresse causando pela situação, estará sujeito às
consequências da exaustão mental, foco da ergonomia situada (francesa).
3. Leia o caso abaixo e responda as perguntas:

“Carlos é estagiário de engenharia civil em uma grande construtora. Ele é uma das pessoas responsáveis por ajudar
no atendimento aos clientes. Os funcionários desse setor passam por uma seleção rigorosa, pois a cultura da
construtora é que o cliente deve ser sempre bem atendido. Carlos recebeu treinamento para: a) Conferir os
contratos de compra e venda; b) Tirar dúvidas sobre o andamento das obras; c) Controlar os pedidos extras dos
clientes; d) Responder e-mails de fornecedores. Além disso, ele deve zelar pelo posto de trabalho, assegurar a
organização da papelada, operar o sistema interno na construtora e repassar recados ao engenheiro chefe.

A frequência da execução do trabalho varia tanto em função do dia do mês quanto de datas específicas. Assim, no
início de cada obra, o volume de conferência de contratos aumenta bastante, a papelada se acumula. No verão,
onde as obras avançam em ritmo mais devagar por conta das chuvas, a quantidade de esclarecimento de dúvidas
sobre o andamento da obra aumenta. Geralmente, nesse período outros estudantes são contratados para
contratos de estágio de férias. Mesmo assim, o trabalho aumenta para todos, não dá tempo de respirar. Os
estagiários mais experientes ficam com mais responsabilidade, além de terem que treinar os novatos. A jornada
de trabalho de Carlos é de 6 horas. No seu turno, outros dois colegas também atendem aos clientes. Segundo sua
própria avaliação, “cada um faz uma coisa diferente, do seu jeito”.

Suas principais queixas se relacionam ao que ele chama de “quantidade de trabalho”. Ele diz que não consegue
terminar uma tarefa sem ter outra para fazer, sendo que essa é muito diferente da primeira. Os clientes, na
avaliação de Carlos, são frequentemente arrogantes, estão com pressa e muito exigentes. O pior de tudo para
Carlos é a pressão psicológica e gozação que recebe por se estagiário. Todo dia é alvo de diversas piadas e
pegadinhas.

Adicionalmente, as condições de trabalho não são adequadas na visão dele. A cadeira de trabalho é velha e não
tem regulagem. A impressora fica distante da sua mesa, obrigando-o a levantar centenas de vezes por dia. O
programa de computador utilizado trava bastante.

No fim do dia, Carlos diz sentir cansaço visual, dor na coluna. Nos períodos críticos, Carlos confessa que se estressa
e fica ansioso antes mesmo de começar o trabalho. Por ter apenas 19 anos, parece estar ficando velho rápido
demais. Todo esse cansaço está atrapalhando seus estudos na faculdade.”

a) Qual o olhar da Ergonomia Física sobre o trabalho de Carlos? (2,0 pts)


b) Qual o olhar da Ergonomia Cognitiva sobre o trabalho de Carlos? (2,0 pts)
c) Qual o olhar da Ergonomia Organizacional sobre o trabalho de Carlos? (2,0 pts)
d) Pelo texto, o que podemos considerar como sendo as Tarefas Prescritas de Carlos? (2,0 pts)
e) Pelo texto, quais situações acontecem na Atividade de Trabalho real que não estão previstas? (2,0 pts)

a) Sob o olhar da ergonomia física, o ambiente/condição de trabalho de Carlos não é adequado, visto que “a cadeira
de trabalho é velha e não tem regulagem; a impressora fica distante da sua mesa, obrigando-o a levantar centenas
de vezes por dia; o programa de computador utilizado trava bastante.” Assim, é por isso que Carlos reclama sentir
cansaço visual e dor na coluna.

b) Sob o olhar da ergonomia cognitiva, o ambiente/condição de trabalho de Carlos também não é adequado, pois, na
sua avaliação, “os clientes são frequentemente arrogantes, estão com pressa e muito exigentes; o pior de tudo é a
pressão psicológica e gozação que recebe por se estagiário; todo dia é alvo de diversas piadas e pegadinhas.” Além
disso, ao que parece, o volume de trabalho não é adequado para sua carga horária. Não é à toa que ele confessa que
se estressa e fica ansioso antes mesmo de começar o trabalho.

c) Sob o olhar da ergonomia organizacional, ao que parece, a construtora não possui procedimentos padronizados
que poderiam contribuir para a facilitação da execução das tarefas dos estagiários. Tanto é assim que Carlos avalia
que “cada um faz uma coisa diferente, do seu jeito”, mesmo sendo as tarefas as mesmas distribuídas para todos os
estagiários, por exemplo, mais experientes.

d) Pelo texto, as tarefas prescritas pela construtora para Carlos são: a) conferir os contratos de compra e venda; b)
tirar dúvidas sobre o andamento das obras; c) controlar os pedidos extras dos clientes; d) responder e-mails de
fornecedores.

e) Na prática, as seguintes situações acontecem na atividade de trabalho real que não estão prescritas para Carlos:
deve ele zelar pelo posto de trabalho, assegurar a organização da papelada, operar o sistema interno na construtora
e repassar recados ao engenheiro chefe. Isso sem contar que ele tem que treinar os estagiários novatos.

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