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FUNDAMENTOS DA

CONTABILIDADE

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Olá! Meu nome é Mateus Colabone Neto. Sou bacharel em Ciências


Contábeis, graduado pelas Faculdades Integradas Claretianas de Rio
Claro/SP. Minha especialização é em Gestão Contábil e Tecnologia
da Informação, também pela mesma instituição. Desenvolvi nesta
especialização um estudo direcionado à formação de Clusters
Empresariais, com o qual tive a oportunidade de conhecer um pouco
mais sobre esse tipo de formação de empresas. No momento atuo
como professor universitário no Claretiano Faculdade de Rio Claro e
também como Tutor a Distância no Claretiano – Centro Universitário.
E-mail: mateusneto@claretiano.edu.br.
Mateus Colabone Neto
Stefan Vasilev Krastanov
Antonio Carlos Zambon

FUNDAMENTOS DA
CONTABILIDADE

Batatais
Claretiano
2019
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
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e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o
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Educacional Claretiana.

CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL


Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia
Aparecida Ribeiro • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini
• Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel
Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira
Revisão: Eduardo Henrique Marinheiro • Filipi Andrade de Deus Silveira • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo
Ferreira Daverni • Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa
Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami
Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso
Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

657 C641f

Colabone Neto, Mateus


Fundamentos da contabilidade / Mateus Colabone Neto, Stefan Vasilev Krastanov,
Antonio Carlos Zambon – Batatais, SP : Claretiano, 2019.
327 p.

ISBN: 978-85-8377-597-3

1. Contabilidade. 2. Patrimônio. 3. Variação Patrimonial. 4. Débito. 5. Crédito. I. Krastanov,


Stefan Vasilev. II. Zambon, Antonio Carlos. III. Fundamentos da contabilidade.

CDD 657

INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Fundamentos da Contabilidade
Versão: ago./2019
Formato: 15x21 cm
Páginas: 327 páginas
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 11
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS............................................................................. 16
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE................................................................ 30
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 31

Unidade 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO


REGULAMENTADA
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 35
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 37
2.1. DOUTRINA CONTÁBIL.............................................................................. 37
2.2. ESCOLA ITALIANA..................................................................................... 39
2.3. ESCOLA NORTE-AMERICANA: LANÇAMENTOS OU RELATÓRIOS?....... 41
2.4. ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS: O PARADIGMA MECANICISTA E A
NECESSIDADE DE GERIR A INFORMAÇÃO A NÍVEL OPERACIONAL...... 42
2.5. EMPRESAS BRASILEIRAS E SUAS NECESSIDADES FISCAIS.................... 43
2.6. NECESSIDADE DOS SISTEMAS CONTÁBEIS............................................. 48
2.7. REGIMES TRIBUTÁRIOS............................................................................ 51
2.8. CONTABILIDADE COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA...................... 53
2.9. CÓDIGO DE ÉTICA DO CONTABILISTA..................................................... 55
2.10. FUNÇÕES DA CONTABILIDADE E SEUS USUÁRIOS.............................. 58
2.11. CONTABILIDADE APLICADA ÀS DIVERSAS NECESSIDADES
ADMINISTRATIVAS.................................................................................... 63
2.12. INFORMAÇÃO CONTÁBIL A NÍVEL INTERNACIONAL........................... 67
2.13. INSTITUTOS INTERNACIONAIS DE PESQUISA EM CONTABILIDADE.. 75
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 78
3.1. TIPOS DE EMPRESAS................................................................................ 78
3.2. CONTABILIDADE A NÍVEL INTERNACIONAL........................................... 79
3.3. ÉTICA NA PROFISSÃO CONTÁBIL............................................................. 81
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 82
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 83
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 84
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 84
Unidade 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA
CONTABILIDADE
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 88
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 89
2.1. TRANSAÇÕES ECONÔMICO-FINANCEIRAS REPRESENTADAS NA
CONTABILIDADE........................................................................................ 90
2.2. MECÂNICA CONTÁBIL.............................................................................. 101
2.3. PLANIFICAÇÃO CONTÁBIL....................................................................... 105
2.4. CONTAS PATRIMONIAIS........................................................................... 117
2.5. CONTAS DE RESULTADO........................................................................... 125
2.6. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL OU MECÂNICA CONTÁBIL.......................... 128
2.7. LIVROS CONTÁBEIS, FISCAIS E SOCIETÁRIOS......................................... 129
2.8. LANÇAMENTO.......................................................................................... 129
2.9. ERROS DE ESCRITURAÇÃO....................................................................... 137
2.10. EXERCÍCIO ECONÔMICO........................................................................ 140
2.11. BALANCETES DE VERIFICAÇÃO............................................................. 141
2.12. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS............................................................. 143
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 157
3.1. PATRIMÔNIO............................................................................................. 158
3.2. MECÂNICA CONTÁBIL.............................................................................. 159
3.3. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS............................................................... 160
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 162
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 163
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 164
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 165

Unidade 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS


1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 169
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 169
2.1. OPERAÇÕES COM MERCADORIAS.......................................................... 169
2.2. PERDAS ESTIMADAS COM CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA..... 179
2.3. CONTROLE FINANCEIRO DOS ESTOQUES DE MERCADORIAS ............. 183
2.4. DEPRECIAÇÃO........................................................................................... 185
2.5. AMORTIZAÇÃO......................................................................................... 189
2.6. EXAUSTÃO................................................................................................. 191
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 193
3.1. PERDAS ESTIMADAS COM CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA..... 193
3.2. CONTROLE FINANCEIRO DOS ESTOQUES DE MERCADORIAS.............. 195
3.3. DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO......................................... 196
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 197
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 198
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 198
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 199

Unidade 4 – ÉTICA PROFISSIONAL


1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 204
2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA.............................................................. 205
2.1. O QUE É ÉTICA?........................................................................................ 205
2.2. BREVE HISTÓRICO DA ÉTICA................................................................... 208
2.3. AS TEORIAS ATUANTES NO UNIVERSO DOS VALORES.......................... 241
2.4. ORIGENS DA ÉTICA PROFISSIONAL........................................................ 244
2.5. CONCEITOS PRINCIPAIS: MORAL, ÉTICA E COSTUMES......................... 248
2.6. PRINCÍPIOS ÉTICOS NO ÂMBITO PROFISSIONAL.................................. 251
2.7. O UTILITARISMO E O FORMALISMO NA ÉTICA PROFISSIONAL............ 265
2.8. VIRTUDES UNIVERSAIS DA ÉTICA PROFISSIONAL................................. 271
2.9. PRINCIPAIS VÍCIOS NO ÂMBITO PROFISSIONAL.................................... 280
2.10. OS CÓDIGOS DE ÉTICA........................................................................... 281
2.11. ASPECTOS PRINCIPAIS DA PROFISSÃO CONTÁBIL............................... 286
2.12. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO........................................................................ 298
2.13. HONORÁRIOS PROFISSIONAIS.............................................................. 306
2.14. INFRAÇÕES E PENALIDADES.................................................................. 307
2.15. CONCORRÊNCIA E ÉTICA PROFISSIONAL............................................. 316
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR................................................................. 320
3.1. MORAL, ÉTICA E COSTUME..................................................................... 320
3.2. ÉTICA PROFISSIONAL............................................................................... 321
3.3. ÉTICA NA PROFISSÃO CONTÁBIL............................................................. 322
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS........................................................................ 323
5. CONSIDERAÇÕES.............................................................................................. 325
6. E-REFERÊNCIAS................................................................................................. 325
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 327
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Conteúdo
Noções básicas de Contabilidade: conceito, origem,
finalidade, objeto. Campo de atuação da Contabilidade. Estudo
do Patrimônio: Conceito, Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido.
Aspectos qualitativos e quantitativos do Patrimônio. Estudo
das variações patrimoniais: atos e fatos contábeis, Registro de
mutações patrimoniais. Apuração do Resultado. Elenco de contas.
Introdução à estrutura conceitual básica. Procedimentos básicos
de escrituração: Mecanismos de débito e crédito, lançamentos,
Balancete de Verificação, Livros. Operações Mercantis: compras
e vendas, devoluções, fretes, seguros, apuração do custo da
mercadoria, inventários, receitas, despesas. Ativo Imobilizado
e suas variações: depreciação, venda de bens. Conceitos de
ética, moral e costumes. Ética profissional. Código de Ética do
Contabilista.

Bibliografia Básica
BARBOSA, A. C. Contabilidade básica. Curitiba: Juruá, 2005.
FORTES, J. C. Ética e responsabilidade profissional do contabilista. Fortaleza: Fortes,
2002.
IUDÍCIBUS, S. et al. (Coord.). Contabilidade introdutória: livro de exercícios. 10. ed. São
Paulo: Atlas, 2007.

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Bibliografia Complementar
MARTINS, E. et al. Manual de Contabilidade das sociedades por ações: aplicável às
demais sociedades. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
MARION, J. C. Contabilidade básica: livro texto. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
NALINI, J. R. Ética geral e profissional. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.
SÁ, A. L. Planos de contas. São Paulo: Atlas, 1998.
SILVA, C. A. T.; TRISTÃO, G. Contabilidade básica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

Palavras-chave –––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Contabilidade. Patrimônio. Variação Patrimonial. Débito. Crédito.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

É importante saber––––––––––––––––––––––––––––––––––
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que
deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes
necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os
principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os
procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua
origem?) referentes a um campo de saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente
selecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou
disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. São chamados “Conteúdos
Digitais Integradores” porque são imprescindíveis para o aprofundamento do
Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência
de mídias (vídeos complementares) e a leitura de “navegação” (hipertexto),
como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos
temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigatórios, para efeito
de avaliação.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

10 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. INTRODUÇÃO
Ao iniciar os estudos desta obra é comum que você
tenha algumas dúvidas, tais como: No que consiste o ensino da
Contabilidade? Qual sua importância no contexto corporativo?
É possível entender os mecanismos do mercado e fundamentar
decisões administrativas sem o prévio conhecimento da
Contabilidade?
Pois bem! Essas serão algumas questões a serem
respondidas a partir de agora no estudo desta obra.
Sabemos que todas as transações econômico-financeiras
geradas pelas empresas, devem ser registradas pela
Contabilidade. Desse modo, analistas e administradores se
valem desse poderoso instrumento de informação gerencial no
seu processo decisório.
Assim, para um melhor entendimento, estruturamos os
conteúdos desta obra em quatro unidades.
Na Unidade 1 apresentaremos como se dá o
desenvolvimento das empresas, bem como as dificuldades em
se manter os registros contábeis num universo corporativo,
onde as transações se ampliam em virtude do crescimento das
organizações industriais observadas a partir do início do século
20.
Isto porque, foi nesse período que a industrialização
promoveu um considerável aumento em relação a eventos de
transformação patrimonial, o que desencadeou a necessidade
de controle sobre esse patrimônio.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 11
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Assim, a Contabilidade fixa-se como o principal e mais


confiável instrumento de informação e controle, garantindo um
processo transparente e consolidado.
Por conta disso e para continuar garantindo a confiabilidade
de seus métodos, que a carreira de contabilista é regulamentada.
É importante você saber, portanto, que a informação
contábil antes de chegar até você, passa por uma série de crivos
que têm como princípio dar a ela fé pública. Exatamente por isso
que devemos encará-la com seriedade, onde quer que ela se
faça presente.
Na Unidade 2 ampliaremos a discussão sobre a utilização
da Contabilidade.
A forma ética e transparente com a qual a Contabilidade
precisa ser tratada deve ser proporcional à responsabilidade de
zelar pela saúde financeira das empresas.
Portanto, sem ética, nenhuma profissão pode ser
desenvolvida na sua plenitude.
Neste sentido, é necessário apresentar um estudo acerca
da escrituração contábil, dando subsídios para que entenda como
os fatos administrativos são registrados, e como esse registro
demonstra, qualitativa e quantitativamente, as mudanças que o
patrimônio sofre durante um exercício.
Você vai entender a importância do registro, considerando
que não apenas os administradores se valem das informações,
mas também o fisco ao buscar nos livros de registros, as
evidências do cumprimento das obrigações tributárias.

12 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

A mecânica dos lançamentos será apresentada de maneira


que você seja capaz de buscar neles, subsídios que suportem
suas atividades profissionais.
Com isso, entenderá como o patrimônio é representado
pela Contabilidade.
E mais, verá que ele é formado por bens, direitos e
obrigações, o que fica bem claro ao analisar criteriosamente um
Plano de Contas.
Sabemos que a sistematização dos lançamentos não está
livre de erros, e é por isso que verá como eles são tratados pela
Contabilidade.
Na Unidade 3, tomaremos contato com a metodologia
da qual se vale a Contabilidade para reconhecer, organizar,
interpretar e registrar informações, pois é a partir desses
procedimentos que geramos informações que subsidiam os
relatórios utilizados no processo de gestão contábil, fiscal e
gerencial.
Nessa unidade, a organização empresarial será apresentada
por meio de fluxos tratados e convertidos em informação
mediante vários processos.
Logo, saberemos como as empresas nascem, estruturam-
se, ganham potência e transformam-se em empresas sólidas
com o passar dos anos.
Ou então o contrário, por que muitas não conseguem se
consolidar e encerram suas atividades tão rapidamente.
Isso pode ser percebido por meio das transações de compra
e venda registradas pela Contabilidade.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 13
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Os haveres para com o Governo estão representados pela


sistemática de apuração e recolhimento de tributos.
Além da sistemática de lançamentos, também estudaremos
questões básicas vinculadas à atividade mercantil, ou seja,
vendas não recebidas, provisões para perdas, controle financeiro
dos estoques e perda de valor do investimento em ativos por
conta do desgaste dos ativos.
Promoveremos uma avaliação mais detalhada do
Patrimônio, visando proporcionar condições indispensáveis à
interpretação da estrutura e da dinâmica de seus componentes.
Conhecendo a estrutura patrimonial, você ganhará mais
confiança em tomar decisões administrativas.
Os dispositivos de controle mais significativos, básicos e
importantes refletem a real competência da Contabilidade em
controlar o patrimônio, dando confiança ao gestor para utilizar
os valores obtidos em análises estratégicas.
Desse modo, apresentaremos os principais relatórios
extraídos da Contabilidade, os quais são utilizados pela
administração para a tomada de decisão e estratégias.
Esses relatórios são utilizados por bancos, agências de
fomento mercantil, entre outros grupos de usuários.
Por essa razão, é importante estudar e compreender a
estrutura desses relatórios, visto que é através deles que a
Contabilidade revela a real situação da empresa em termos
operacionais, financeiros e fiscais.
Não podemos nos esquecer que todo trabalho deve ser
executado considerando uma postura ética.

14 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Por conta disso, é que na Unidade 4 veremos os problemas


que envolvem a ética e a moral no mundo contemporâneo.
A crise de valores que domina por completo o cenário
mundial em todos os seus aspectos impõe, cada vez mais, uma
revisão e também uma ampla discussão sobre esses temas.
Evidentemente, em um mundo globalizado no qual os
critérios comportamentais se dissolvem na diversidade social
e política, torna-se extremamente difícil a possibilidade de
encontrar soluções adequadas, capazes de harmonizar essa
diversidade de raças, culturas religiões e modos de conduta.
No campo profissional também existe essa crise axiológica.
Todavia, por ser um campo limitado, unido por um objetivo
comum, é possível, com mais eficiência, solucionar problemas
axiológicos que dizem respeito à cultura comportamental no
âmbito profissional.
Essas normas e, respectivamente, os códigos que as
expressam não tomam como referência o que o ser humano é
fora do seu trabalho.
Portanto, são válidas apenas no âmbito profissional
espacial.
Em outras palavras, não se trata de ensinar ao homem
uma cultura comportamental fora do âmbito profissional, mas
apenas dentro dele, onde existem objetivos comuns e fins que a
instituição à qual pertence persegue.
Nesse sentido, podemos dizer que a Ética Profissional
visa, antes de tudo, um acordo entre os membros da instituição
sem se importar com o modo como o indivíduo age fora de seu
âmbito profissional.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 15
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Dessa forma, esta obra pretende oferecer a você os


conhecimentos básicos da área contábil, visando dotá-lo de
instrumentos para que possa interagir com a gestão empresarial
de forma mais eficiente e segura, compreendendo a complexidade
das transações mercantis e a influência que exercem sobre o
patrimônio.

2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida
e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados.
1) Abacus ou Ábaco: “[...] era um contador para registrar
o cálculo da aritmética. Foi variando de material, forma
e escala convencional, conforme os povos e culturas.
A forma preferida pelos romanos, e aperfeiçoada na
Idade Média, era a de uma mesa gravada com sulcos
ou riscos, onde se colocavam fichas ou contadores
com letras de referência” (Enciclopédia Luso Brasileira
de Cultura, Vol. 1, p. 16).
2) Axiologia: doutrina dos valores; literalmente, significa
valioso, desejável, estimado.
3) Ajustes: acertos que a empresa realiza na apuração
do resultado (normalmente, em final de período) para
adequar-se ao regime de competência.
4) Alfaia: é uma joia ou adorno de valor.
5) Amortização: corresponde à perda de valor do capital
aplicado em Ativos Intangíveis.

16 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

6) Ativo: conjunto de bens e direitos controlados pela


empresa. Parte positiva do patrimônio.
7) Ativo Circulante: composto pelo Disponível e por
valores que serão transformados em dinheiro,
consumidos ou vendidos a curto prazo. Exemplos:
contas a receber e estoques.
8) Ativo Fixo: corresponde, normalmente, ao antigo Ativo
Permanente. Bens e Direitos que não são comprados
ou vendidos frequentemente. Itens utilizados como
meio de produção ou de renda. Atualmente, estão
presentes no Ativo Não Circulante.
9) Balancete de Verificação: instrumento contábil
levantado periodicamente para examinar a exatidão
dos lançamentos contábeis.
10) Balanço Patrimonial: é um dos principais relatórios que
indicam a saúde financeira e econômica da empresa
em um determinado momento.
11) Balanços Sucessivos: elaboração de um novo balanço
para cada nova operação empresarial.
12) Bem: valor positivo da ação humana. Na ética, o bem é
a meta suprema da ação humana.
13) Bens: coisas úteis de que dispõe uma pessoa ou uma
empresa para atingir seus fins. Os bens dividem-se em:
tangíveis, intangíveis, móveis e imóveis.
14) Capital: poupança aplicada nas empresas. Recursos
materiais ou financeiros investidos pelos proprietários
em suas empresas.
15) Capital a integralizar: capital a ser entregue à empresa
na forma de bens ou dinheiro. Capital a receber pela
empresa.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 17
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

16) Capital de Giro: corresponde ao Ativo Circulante. São


os recursos correntes, em movimentação.
17) Capital de terceiros: dívidas exigíveis. Dívidas com
diversas pessoas ou entidades. Exemplos: Governo,
fornecedores, funcionários, bancos, financeiras.
18) Capital próprio: recursos dos proprietários aplicados
na empresa que não podem ser resgatados. São
considerados como se fossem da própria empresa. São
conhecidos, também, como Patrimônio Líquido.
19) Capital subscrito: capital comprometido pelos
proprietários.
20) Ciclo Operacional: decurso de tempo necessário para
a empresa realizar uma operação do seu ramo de
negócio.
21) Circulante: são os recursos em giro da empresa,
aqueles recursos de curto prazo, que a entidade tem a
receber ou a pagar.
22) Codificação do Plano de Contas: atribui número aos
grupos e às contas do Balanço Patrimonial e DRE,
facilitando a Contabilidade mecanizada e eletrônica.
23) Conhecimento a posteriori: conhecimento que se
adquire por meio da experiência.
24) Conhecimento a priori: conhecimento que se adquire
sem a necessidade de recorrer à experiência.
25) Contas de Resultado: registram as variações
patrimoniais e demonstram o resultado do exercício
(receitas e despesas).
26) Contas Patrimoniais: representam os elementos ativos
e passivos (bens, direitos e obrigações).

18 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

27) Continuidade: refere-se à entidade que está


funcionando com prazo indeterminado. Algo em
andamento, ou seja, não está em fase de extinção ou
liquidação.
28) Contrato Social: contrato que estabelece as regras
para uma sociedade por quotas de responsabilidade
limitada.
29) Crédito: lado direito do razonete. São representados
todos os lançamentos que serão feitos no lado direito
de uma conta.
30) Curto prazo: normalmente, período de até um ano
(365 dias).
31) Custo: é todo sacrifício (gasto) relativo a bens ou a
serviços que serão utilizados na produção de outros
bens ou serviços.
32) Deduções: ajustes à Receita Bruta. As principais
deduções são: Impostos sobre Vendas (IPI, ICMS,
ISS), contribuições que variam proporcionalmente às
vendas (PIS, Cofins), devoluções (vendas canceladas)
e abatimentos.
33) Demonstração do Resultado do Exercício:
demonstração financeira exigida pela legislação
brasileira. Ela indica o resultado (lucro ou prejuízo) do
exercício (do ano ou período contábil).
34) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados:
evidencia a distribuição do lucro do período somado
com saldos de lucros anteriores. Quando há prejuízos
sucessivos, esses também são acumulados, surgindo,
então, a expressão prejuízos acumulados.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 19
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

35) Demonstrações financeiras: relatórios contábeis


exigidos por lei e pela legislação do Imposto de Renda.
36) Depreciação: diminuição do valor dos bens do Ativo
Imobilizado resultante dos desgastes pelo uso, ação da
natureza ou obsolescência, sendo está tudo aquilo que
se tornou antiquado, que perdeu a competitividade.
37) Despesa: todo sacrifício (esforço) realizado pela
empresa no sentido de obter receita. Pode ser vista,
também, como o consumo parcial ou total do ativo,
ou seja, um ativo que já não traz benefícios à empresa.
38) Despesas Operacionais: são aquelas necessárias para
vender produtos ou serviços, administrar a empresa e
financiar as operações.
39) Dever: obrigação interna de agir conforme uma lei
moral.
40) Devido do dever: expressão filosófica segundo a qual
o devido compreende o conteúdo do dever, aquilo que
deve ser realizado.
41) Débito: lado esquerdo do razonete. Todos os
lançamentos são feitos no lado esquerdo de uma
conta.
42) DFC – Demonstração dos Fluxos de Caixa: mostra
as variações no disponível representado pelo caixa
e pelos bancos da entidade, sendo exigida para as
Cias. Abertas e Grandes Sociedades, o qual mostra o
Resultado do Fluxo Financeiro.
43) DFC – Modelos Direto e Indireto: formas diferentes
de apresentar a DFC. A primeira é mais simples de ser
entendida, mostrando a origem e o uso do dinheiro.
A segunda é mais complexa, parte do lucro da DRE

20 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

ajustado e mostra as variações do Capital de Giro que


afetam o Caixa.
44) DFC – Modelo Operacional: analisa a apuração do
resultado dos negócios.
45) DFC – Modelo Completo: abrange todas as
movimentações do Caixa, inclusive de Financiamento
e Investimento.
46) Dividendos: distribuição do lucro em dinheiro.
47) Duplicatas a Receber: direito a receber em decorrência
de vendas a prazo.
48) Diário: livro ou conjunto de fichas, obrigatório por lei,
em que se faz uma descrição sucinta, o histórico de
cada operação, evidenciando a data, a conta de débito
e de crédito e seu valor em ordem cronológica.
49) Diversos: termo utilizado no Diário quando há mais
de um débito ou de um crédito para um mesmo
lançamento, com o objetivo de simplificar ou reduzir
o número de lançamentos. O termo “diversos” pode
significar diferentes contas de débitos ou, com a
preposição a precedendo-o, diversas contas de crédito.
50) Economia de Guerra: o ambiente que se caracteriza
pela produção exclusiva de itens essenciais ao consumo,
como alimentos e armas. Um país em economia de
guerra não pode se dar ao luxo de consumir artigos
supérfluos. Todo o planejamento econômico gira
em torno das necessidades militares do Estado e da
população.
51) Empirismo: doutrina filosófica que considera
a experiência como a única fonte e critério de
conhecimento.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 21
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1) Empresas coligadas: quando uma empresa participa com


10% ou mais de outra, tais empresas são denominadas
coligadas, ou seja, ligadas entre si.
52) Entidade Contábil: pessoa para quem é mantida a
Contabilidade, podendo ser pessoa jurídica ou física.
53) Equação contábil: igualdade dos dois lados do balanço,
equilíbrio. Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido.
54) Equivalentes de Caixa: são aplicações financeiras
realizáveis num prazo curtíssimo, feitas por meio de
fundos de liquidez imediata ou títulos com remuneração
imediata. Podem ser tratados como Caixa.
55) Escola Contábil Americana: de acordo com a evolução
histórica da Contabilidade, parte dos relatórios
contábeis para se chegar aos lançamentos contábeis.
56) Escola Contábil Italiana: metodologia que parte dos
lançamentos contábeis para chegar às Demonstrações
Financeiras.
57) Escrituração mercantil: escrituração contábil realizada
no Diário. Essa expressão é usada pela legislação
comercial brasileira que dispõe sobre a forma da
adequada escrituração.
58) Estatuto: contrato que estabelece as regras para uma
Sociedade Anônima.
59) Ética Profissional: estuda a postura comportamental
diante da profissão e de outros profissionais.
60) Ética: estudo filosófico que se ocupa com o estudo
do valor da conduta humana. Investiga o sentido
que o ser humano imprime à sua conduta para ser
verdadeiramente feliz.

22 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

61) Exaustão: corresponde à perda de valor decorrente da


exploração de direitos podendo ser recursos materiais,
florestais ou bens aplicados nessa exploração.
62) Exercício Financeiro: ano ou período do pagamento.
63) Exercício Social: período social. Período de um ano ao
qual se referem as demonstrações financeiras.
64) Exigível a Longo Prazo: são obrigações que vencerão
a longo prazo. Exemplos: financiamentos e títulos a
pagar. Faz parte do Passivo Não Circulante.
65) Falência: quebra da empresa provocada pela falta
de recursos para pagar suas dívidas. Liquidação da
empresa. Atualmente, há uma lei para essa finalidade
chamada “Lei de Recuperação de Empresas”.
66) Fornecedores: conta em que se registram as obrigações
decorrentes de compras a prazo. Esta conta também
pode ser denominada Duplicatas a Pagar.
67) ICMS: Imposto sobre circulação de mercadoria e
prestação de serviços.
68) Impostos a recolher: impostos a pagar. Na verdade,
quem paga é o consumidor, e a empresa apenas
canaliza o imposto ao Governo, daí surge a expressão
Imposto a Recolher e não a Pagar.
69) Intangível: bens incorpóreos, sem corpo.
70) IPI: Imposto sobre Produto Industrializado.
71) Juros de mora: taxa adicional cobrada daqueles que
pagam com atrasos.
72) Justiça: agir conforme os princípios da igualdade.
Expressa a vontade de distribuir a cada um aquilo que
lhe é merecido.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 23
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

73) Lançamentos contábeis: escrituração contábil,


registros contábeis.
74) LALUR: Livro de Apuração do Lucro Real, é um livro
fiscal, sendo obrigatório somente para as empresas
tributadas pelo imposto de renda na modalidade Lucro
Real, conforme previsão contida no Regulamento do
Imposto de Renda.
75) Leasing: arrendamento mercantil. Aluguel de bens
móveis. A sociedade de leasing concede um bem à
empresa, e essa lhe paga um aluguel mensal.
76) Lei Moral: uma lei moral é uma norma que sujeita
todas as pessoas em uma determinada cultura, seja
ela derivada desta cultura, seja por assimilação de
elementos de outra cultura.
77) Liberdade: faculdade de agir sem qualquer coação
exterior.
78) Livros auxiliares: livros que detalham a escrituração
mercantil. São constituídos de acordo com a quantidade
de lançamentos: quanto maior for a repetição de
determinados registros, mais interessante é adequá-
los a um único livro, o que facilita o controle e a
anotação de dados esclarecedores. Os livros auxiliares
podem ser do Diário e do Razão.
79) Longo Prazo: normalmente, período superior a um
ano.
80) Lucros Acumulados: também chamado de prejuízo
acumulado, é a conta de Patrimônio Líquido em que
transita o resultado do período, somando-se com os
saldos anteriores. Pela Lei nº 11.638/07, é uma conta

24 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

transitória, devendo ter saldo zero no final do exercício


social.
81) Lucro Presumido: lucro fiscal tributário, calculado
multiplicando-se um percentual sobre as vendas,
servindo de base de cálculo de Imposto de Renda e
Contribuição Social para algumas empresas permitido
pelo Fisco.
82) Lucro Real: lucro fiscal tributário. Lucro que serve de
base para cálculo do Imposto de Renda. É calculado no
Livro de Apuração do Lucro Real.
83) Maiêutica: método utilizado por Sócrates, por meio
do qual se procura induzir o interlocutor a descobrir
ideias e verdades por si mesmo, por meio de perguntas
e respostas. Trata-se de um método pedagógico que
coloca o mestre na posição de mediador e condutor
para a aprendizagem dos alunos.
84) Método das partidas dobradas: cada operação
contábil dá origem a um lançamento duplo: débito e
crédito. Não há, portanto, débito sem crédito.
85) Moral: postura comportamental do indivíduo em uma
sociedade; estudo que tende a nortear o agir humano
de acordo com o dever e com o bem; conjunto de
normas livre e conscientemente aceitas que visam
organizar as relações interpessoais na sociedade.
86) Não Circulante: são os recursos de longo prazo, a
receber ou a pagar.
87) Notas Explicativas: Também conhecidas como “Notas
de Rodapé”, são complementos às Demonstrações
Financeiras, incluindo os critérios na avaliação
(estoques, depreciação), desdobramento de contas

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 25
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

ou grupos (permanente, dívidas, ações), eventos


subsequentes à data do encerramento do exercício
social etc.
88) Obrigações exigíveis: obrigações reclamáveis. No
momento em que a dívida vence, sua liquidação é
exigida.
89) Obrigações sociais: são dívidas que a empresa contrai.
90) Pater famílias: era o chefe da família, isto é, o seu
patriarca. É de referir que também os tutores e outros
guardiães tinham de preparar inventários, ter registros
exatos de todas as propriedades, rendimentos,
investimentos e despesas dos pupilos ou menores a
seu cuidado.
91) Padronização dos registros contábeis: uniformização
dos nomes das contas a serem movimentadas pela
Contabilidade.
92) Parecer de Auditoria: opinião dos auditores externos
ou independentes que examinam as Demonstrações
Financeiras. Normalmente, essa opinião é destacada na
parte inferior, após os destaques das demonstrações.
93) Partidas: lançamento, registro.
94) Partidas de Encerramento: lançamentos das
contas de resultados (Receita/Despesa) para apurar
contabilmente se a empresa teve lucro ou prejuízo no
período.
95) Partidas Simples: processo de lançamento em que
apenas se debita sem que haja crédito correspondente
ou apenas se credita sem que haja débito
correspondente.

26 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

96) Passivo Circulante: compreende obrigações que,


normalmente, serão liquidadas a curto prazo.
Exemplos: contas a pagar, fornecedores, impostos a
recolher, empréstimos.
97) Patrimônio: expressa o conjunto de bens, direitos
a receber e obrigações a pagar pertencentes a uma
pessoa ou a uma empresa.
98) Patrimônio Líquido: parte do patrimônio que
efetivamente sobra para seu proprietário após somar
bens e direitos e subtrair do total as obrigações.
Situação líquida. Riqueza líquida.
99) Prazo Fixo: aplicações financeiras por um período fixo,
também conhecido como depósito a prazo fixo.
100) Pessoa Física: ser natural, indivíduo considerado como
tal a partir do seu nascimento.
101) Pessoa Jurídica: ser abstrato, constituído legalmente
por meio de um contrato, formado por duas ou mais
pessoas.
102) Plano de Contas: elenco das contas que serão
movimentadas pela Contabilidade em virtude das
operações realizadas pela empresa.
103) Processos Eletrônicos: utilizam o computador para a
elaboração da Contabilidade.
104) Processos Mecânicos: utilizam equipamentos
(máquinas) contábeis para a elaboração da
Contabilidade (hoje praticamente extinto).
105) Prejuízos Acumulados: conta subtrativa do Patrimônio
Líquido.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 27
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

106) Razão: livro ou conjunto de fichas em que se registram


valores, conta por conta, permitindo o controle
individual.
107) Razonete: simboliza uma conta. Representação gráfica
em forma de T.
108) Realizável a Longo Prazo: ativos que serão
transformados em dinheiro a longo prazo. Exemplos:
empréstimos concedidos a coligadas ou controladas,
a diretores.
109) Receita: venda de bens ou serviços, ou o resultado
positivo dos investimentos realizados pela empresa. A
receita aumenta o ativo.
110) Regime de Caixa: regime de Contabilidade em que
apenas se considera, para apurar o resultado, a receita
recebida e a despesa paga.
111) Regime de Competência: regime de Contabilidade
recomendado pela teoria contábil e pela legislação
brasileira; nele, para se apurar o resultado do exercício,
consideram-se a receita gerada (ganha) no período
– mesmo que não tenha sido recebida – e a despesa
consumida (utilizada, incorrida) no período – mesmo
que não tenha sido paga.
112) Risco do negócio: perigo de perder o dinheiro aplicado.
113) Reservas de Lucros: conforme a Lei nº 11.638/07, art.
182, § 4º, serão classificadas como reservas de lucros
as contas constituídas pela apropriação de lucros da
empresa ou companhia.
114) Responsabilidade Solidária: indicará que todos os
devedores responderão pelo total da dívida.

28 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

115) Saldos contábeis: diferença entre o total do débito e o


total do crédito, denominada saldo.
116) Saldo credor: se o total do crédito é maior que o total
do débito, o saldo irá figurar no lado do crédito.
117) Saldo devedor: se o total do débito é maior que o total
do crédito, o saldo irá figurar no lado do débito.
118) Sociedade Anônima: empresa que tem o capital
dividido em ações, com a responsabilidade de seus
acionistas limitada proporcionalmente ao valor de
emissão das ações subscritas ou adquiridas.
119) Sociedade Civil: normalmente, é uma empresa
prestadora de serviços ou uma empresa sem fins
lucrativos. Difere das sociedades comerciais que
operam com mercadorias ou produtos.
120) Tangível: bens corpóreos, físicos.
121) Utilitarismo: doutrina que prescreve a ação de acordo
com o bem-estar de todos e estima tal ação conforme
a máxima: “máximo bem para máximo número
de pessoas”. Portanto, o utilitarismo avalia a ação
conforme suas consequências e não por si mesmo,
como no caso do formalismo.
122) Usuários da Contabilidade: pessoas ou entidades
interessadas em conhecer a situação da empresa para
a tomada de decisões. Exemplos: administradores,
gerentes, Governo, bancos, fornecedores. São
chamados, também, de stackeholders.
123) Virtude: perfeição ou excelência da ação humana.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 29
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE


O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos
conceitos mais importantes deste estudo.

Patrimônio

Contabilidade

Regulamentação Padronização
da das
Atividade Informações

Escrituração Demonstrações
Contábeis

Fatos
Administrativos

Usuários Usuários
Internos Externos

Funcionários Proprietários

Acionista Banco Fornecedor Cliente Governo

Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave de Fundamentos da Contabilidade.

30 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, A. C. Contabilidade básica. Curitiba: Juruá, 2005.
Enciclopédia Luso Brasileira de Cultura. Verbo Enciclopédia Luso Brasil, 1972. 16 p. V. 1
IUDÍCIBUS, S. de et al. (Coord.). Contabilidade introdutória: livro de exercícios. 10. ed.
São Paulo: Atlas, 2007.
MARION, J. C. Contabilidade básica: livro texto. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
MARTINS, E. et al. Manual de Contabilidade das sociedades por ações: aplicável às
demais sociedades. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica. São Paulo: Saraiva, 2005.
SÁ, A. L. Planos de contas. São Paulo: Atlas, 1998.
SCHMIDT, P. História do pensamento contábil. São Paulo: Bookman, 2000.
SILVA, C. A. T.; TRISTÃO, G. Contabilidade básica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 31
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

32 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1
CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO
PROFISSÃO REGULAMENTADA

Objetivos
• Compreender e inteirar-se da estrutura da Contabilidade no Brasil.
• Identificar como a Contabilidade é utilizada pelas modernas organizações
quanto ao controle da informação e apoio à decisão.
• Compreender os dispositivos de controle da profissão contábil.
• Conhecer a atuação dos órgãos regulamentadores da profissão.

Conteúdos
• Organizações empresariais: o paradigma mecanicista e a necessidade de
gerir a informação a nível operacional.
• Contabilidade, uma profissão regulamentada.
• Informação contábil a nível internacional.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste material didático, busque outras


informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas
apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que na modalidade
EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu
crescimento intelectual.

33
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

2) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos apresentados no Glossário


e suas relações com o Esquema dos Conceitos-Chave para o estudo de
todas as unidades deste material. Isso poderá facilitar sua aprendizagem
e seu desempenho.

3) Leia as informações práticas para facilitar seu estudo. Lembre-se que sua
participação pode significar a diferença entre ler conteúdo ou transformar
conhecimentos em ferramentas de trabalho importantes para sua vida
profissional.

4) Tenha sempre em mente que nenhuma empresa pode dispensar o uso


da Contabilidade. Desde uma microempresa até grandes corporações
necessitam dela.

5) Não se esqueça de que conhecer Contabilidade significa poder controlar


com eficiência os fluxos operacionais da empresa.

34 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

1. INTRODUÇÃO
Para iniciar nossos estudos, faremos uma breve análise
histórica da Contabilidade.
O estudo desta trajetória possibilitará a você entender
como ela surgiu e o quanto se tornou importante na história das
organizações.
A Contabilidade é um dos conhecimentos mais antigos da
humanidade.
Com o passar do tempo e com o advento do comércio,
o homem, preocupado em elaborar um instrumento que
lhe permitisse conhecer, controlar, medir resultados, obter
informações sobre produtos mais rentáveis, fixar preços e
analisar a evolução de seu patrimônio, passou a criar rudimentos
de escrituração.
Muitas formas de administração e controle do patrimônio
foram elaboradas ao longo dos séculos, até que o Método das
Partidas Dobradas mostrou-se o mais adequado, produzindo
informações úteis e capazes de atender consideravelmente,
usuários interessados em gerir o patrimônio.
Com a formação das grandes corporações, a Contabilidade
passou a interessar a grupos cada vez maiores de usuários,
como por exemplo: acionistas, financiadores, banqueiros,
fornecedores, órgãos públicos, empregados, além da sociedade
como um todo.
A Contabilidade adapta-se ao ambiente no qual opera.
Neste sentido, e sabendo que as nações têm histórias, valores
e sistemas políticos diferentes, necessitam de padrões distintos
quando do seu desenvolvimento econômico.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 35
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Assim, a Contabilidade no Brasil, tem seu foco e segue


características próprias.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a informação financeira
é dirigida a atender às necessidades dos investidores e credores.
Em alguns países, é designada a assegurar que o montante
apropriado ao Imposto de Renda seja efetivamente arrecadado
pelo governo.
É o caso de muitos países sul-americanos, cuja Contabilidade
está carregada de elementos exclusivamente de controle fiscal.
Em países da Europa Continental e Japão, ela é designada
para auxiliar no cumprimento das políticas macroeconômicas.
No Brasil, a Lei nº 6.404/76 – Lei das Sociedades Anônimas
– seguida pela Lei nº 11.638/07, é quem dá as dimensões de
negócios no mercado de capitais e as características de demais
sociedades onde o patrimônio é objeto de estudo.
Genericamente, podemos afirmar que o patrimônio das
empresas é composto por fragmentos denominados “contas”, as
quais apresentam em si, características específicas.
Com o objetivo de obter Lucro, a empresa envolve-se em
diversas atividades mercantis.
Essa diversidade de transações faz, direta ou indiretamente,
que o patrimônio adquira forma.
Para que a Contabilidade seja eficiente em reproduzir as
transações e o resultado obtido pelas empresas, é necessário dar
atenção ao que conhecemos como Ciclo Operacional.

36 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

O Ciclo Operacional tem início com a produção ou venda


de um bem/serviço e estende-se até o efetivo recebimento do
recurso financeiro proveniente dessas operações.
Os Ciclos determinam a duração do exercício social da
empresa, que usualmente é de 12 meses, podendo apresentar
Ciclos Operacionais com duração diferente.
A Contabilidade deve reproduzir efetivamente as
circunstâncias que definem um Ciclo Operacional.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de
forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua
compreensão integral, é necessário um estudo criterioso dos
conteúdos apresentados no Conteúdo Digital Integrador.

2.1. DOUTRINA CONTÁBIL

A Contabilidade é uma ciência milenar cuja tônica é o


estudo do patrimônio que, periodicamente, sofre alterações
provenientes das mudanças dos processos econômicos e sociais.
Dessa forma, dentro das grandes áreas do saber, essa
ciência encontra-se posicionada nas Ciências Sociais Aplicadas,
assim como a Economia e a Administração.
Nascida com os primeiros agrupamentos humanos, a pré-
história da Contabilidade vai de 8.000 a.C. até 1.202 d.C., época
em que o conhecimento empírico dava forma a rudimentos
contábeis, suficientes para que o homem administrasse sua vida.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 37
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Entretanto, até mesmo essas práticas rudimentares eram


cultivadas pelos povos mais desenvolvidos, como ilustram alguns
documentos que tratam de experiências e práticas vividas pelas
civilizações suméria, babilônica, egípcia, chinesa e romana.
Durante a idade Média (1.202 d.C.), destaca-se
particularmente, a obra Leibe Abaci e de Leonardo Fibonacci,
onde se evidenciava o início do período de sistematização dos
registros mercantis.
Já, na idade Moderna (1494), com a publicação da obra
Tratatus Particularis de Computis et Scripturis (Tratado Particular
de Conta e Escrituração) do frei e matemático Luca Paccioli,
observa-se o estudo sobre o Método das Partidas Dobradas, que
se tornou um marco na evolução contábil.
Na idade Contemporânea (século 18), inicia-se o período
científico da Contabilidade. É quando ela deixa de ser mera
“arte” para tornar-se “ciência”.
A partir daí, surgiram várias escolas da Contabilidade, como a
Contista, Controlista, Personalista, Aziendalista, a Patrimonialista
e a Neopatrimonalista, cada uma com sua especificidade.
O saber contábil divide-se em duas vertentes, sendo, o
saber obtido pelo raciocínio investigativo de fatos, e o saber
obtido pela experimentação prática que atesta a aplicabilidade
da teoria.
A doutrina contábil foi desenvolvida pelas escolas acima
citadas, sendo conceituada sob vertentes ideológicas.
Vejamos:
1) Escola Contista: define a Contabilidade como a ciência
das contas, menor fração do Patrimônio.

38 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

2) Escola Controlista: limita a Contabilidade em função


do controle das entidades.
3) Escola Personalista: enfatiza a relação jurídica entre as
pessoas integrantes da sociedade, como objetivo da
Contabilidade.
4) Escola Aziendalista: define a Contabilidade como a
ciência da administração da entidade.
5) Escola Patrimonialista: define a Contabilidade como a
ciência que estuda o patrimônio.
6) Escola Neopatrimonialista: consiste em uma nova
corrente científica que se aplicou no sentido de clas-
sificar e reconhecer especialmente as relações lógicas
que determinam a essência do fenômeno patrimonial,
concentrando-se no estudo da verdadeira influência
dos fatores que produzem a transformação da riqueza,
por ações internas e externas.
A partir do entendimento acerca da doutrina contábil,
veremos como se compartam as diversas escolas que
fundamentaram e embasaram o desenvolvimento da Ciência
Contábil através dos tempos.

2.2. ESCOLA ITALIANA

Deve-se a Fábio Besta a mais significativa revolução no


estudo contábil, tornando-a respeitável como Ciência.
No início do século 20, o grande avanço da teoria da
Contabilidade fez com que os problemas contábeis passassem a
ser tratados como um conjunto de elementos de natureza prática
e teórica, sob uma avaliação notadamente científica, e adotando

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 39
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

o positivismo clássico, Besta conseguiu nivelar a Contabilidade às


outras ciências.
O centro dessa corrente filosófica concentra-se na
importância dos fatos e da experiência para o progresso do
saber, ou seja, o positivismo procura as leis e não as causas dos
fenômenos.
As teorias desenvolvidas por Fábio Besta tiveram sua
origem e desenvolvimento no período que vai do final do século
19 até a II Grande Guerra, sendo perpetuada por Gino Zappa, um
dos mais brilhantes alunos de Besta, que incluiu nos estudos da
Contabilidade o positivismo crítico.
Zappa concluiu que os estudos das atividades econômicas
de uma empresa são independentes e representam uma
combinação sistêmica e complexa de fatores de produção.
Assim, a teoria contábil devia incluir essa ótica de
interpretação da interdependência provocada pela abordagem
sistêmica, relacionando atos e fatos do passado com os do
presente, tentando, de forma determinística, prever o futuro.
Os pontos característicos da abordagem de Zappa são:
• Tentativa de integrar em uma única disciplina todos os
conhecimentos da vida econômica da entidade.
• Desenvolvimento de uma teoria para a Contabilidade
a partir do resultado, sendo que este representa o
produto algébrico dos custos e proveitos (receitas)
resultantes das operações da entidade.
O Brasil, originalmente, recebeu grande influência dessa
escola, justamente pela coincidência da promulgação do
Código Comercial Brasileiro em 1850, e também, pelo início

40 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

do desenvolvimento da Escola Italiana, em razão da criação da


primeira cátedra de Contabilidade na Itália na cidade de Pavia.

2.3. ESCOLA NORTE-AMERICANA: LANÇAMENTOS OU RELA-


TÓRIOS?

O desenvolvimento da Escola Norte-americana de


Contabilidade reporta-se à qualificação da informação contábil
com o objetivo final da tomada de decisão.
Em contrapartida, a Escola Italiana prima pelo estudo
e pela explicação matemática dos fenômenos patrimoniais,
da mensuração de custos, de gestão financeira e controle
orçamentário que são, notadamente, muito mais importantes
para a gestão organizacional, ditando as diretrizes do pensamento
desta escola.
A primeira fase do desenvolvimento do pensamento da
escola norte-americana tem o período de 1887 a 1905, e coincide
com o aumento da demanda por serviços contábeis, ocasionada
pela expansão das empresas do setor financeiro e ferroviário.
Dominada desde o início por associações de classe,
essa escola desenvolveu inúmeros órgãos capacitadores e
regulamentadores, dando origem aos princípios contábeis que
norteiam o trabalho contábil em boa parte do mundo.
A Contabilidade Gerencial e a Controladoria são
expressões máximas do pensamento desta escola, e originaram-
se do crescimento dos negócios ocasionados pelo processo
expansionista das grandes linhas produtivas, particularmente no
pós-guerra, quando os administradores demandavam melhores
níveis de controle de processos financeiros e fabris.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 41
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Um dos grandes nomes que contribuíram para o


pensamento desta escola contábil foi Charles Ezra Sprague.
Sprague defendeu, a proposta de uma nova classificação
para as contas contábeis, que eram divididas em pessoais e
impessoais.
Com sua proposta, as contas passariam a ser divididas em
dois grupos: um que incluiria os ativos e passivos e outro que
incluiria as contas de capital e de lucro ou prejuízo, dando origem
à equação de igualdade, utilizada até hoje:
Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido

2.4. ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS: O PARADIGMA MECANI-


CISTA E A NECESSIDADE DE GERIR A INFORMAÇÃO A NÍVEL
OPERACIONAL

A quebra de um paradigma provoca uma ação destruidora


e profunda no ser humano.
A sociedade moderna sofreu uma revolução quando foi
exposta ao Mercantilismo e, novamente, quando incorporou a
Revolução Industrial e a produção em massa.
Em menos de 200 anos, o homem foi forçado a se adaptar
a inúmeras modificações sociais antes inacessíveis.
Para melhor compreender as principais características das
organizações empresarias ao longo do tempo, dividiremos o seu
desenvolvimento em três fases:
• Fase 1: Sociedade Comercial – capital, terra e trabalho
eram os responsáveis pelo crescimento das organizações
nesta fase.

42 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

• Fase 2: Sociedade Industrial – a capacitação tecnológica


que proporcionou a alavancagem das primeiras
indústrias, o desenvolvimento científico proporcionado
ainda pela utilização do capital, da terra e do
trabalho, foram os responsáveis pelo crescimento das
organizações nesta fase.
• Fase 3: Sociedade do Conhecimento – o capital
intelectual é o grande fator responsável pela
alavancagem das organizações nesta fase. O uso das
máquinas transformou radicalmente a natureza da
atividade produtiva, deixando sua marca nos costumes
sociais através do último século.
A velocidade e intensidade com que algumas situações se
apresentam é de causar espanto.
Quem poderia afirmar com segurança que em tão pouco
tempo o sistema bancário seria totalmente informatizado?
Quem poderia admitir há alguns anos, que um computador
poderia ser levado no bolso?
Vale a pena refletir!

2.5. EMPRESAS BRASILEIRAS E SUAS NECESSIDADES FISCAIS

De maneira bem simples, dizemos que as empresas são


organizadas basicamente sob duas formas.
A empresa individual, sendo aquela que possui um único
proprietário ou as sociedades, que de modo geral possuem dois
ou mais proprietários.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 43
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Nossos estudos estão fundamentados nas normas


atualmente vigentes sendo estas, estabelecidas pelo Código
Comercial e pela Lei das Sociedades Anônimas.

Empresário
É aquele que exerce profissionalmente atividade econômica
organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços.
Não se considera empresário, todavia, quem exerce
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística
ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se
o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
É obrigatório ao empresário inscrever-se no Registro Público
de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua
atividade.
Podem exercer atividades de empresário os que estiverem
em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente
impedidos.

Empresa Individual e Sociedade


De acordo com conceitos gerais acerca do tema, o Código
Civil, Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002, estabelece que:
1) Celebram contrato de sociedade as pessoas que re-
ciprocamente obrigam-se a contribuir, com bens ou
serviços, para o exercício de atividade econômica e a
partilha, entre si, dos resultados, observando-se que a
atividade pode restringir-se à realização de um ou mais
negócios determinados.

44 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

2) Salvas as exceções expressas, considera-se empre-


sária, a sociedade que tem por objeto o exercício de
atividade própria de empresário sujeito a registro; e
simples, as demais.
3) Independentemente de seu objeto, considera-
-se empresária a sociedade por ações; e simples, a
cooperativa.
4) A sociedade empresária deve constituir-se, segun-
do um dos tipos regulados no Código Civil, conforme
apresenta-se a seguir:

Sociedade Limitada
A Sociedade Limitada é constituída por um ou mais sócios
e seu contrato social deve ser registrado na Junta Comercial do
Estado de atuação. Ela é uma das mais comuns no país.
A responsabilidade do sócio é limitada, ou seja, ele só
responde pelo quanto investiu, sendo sua participação limitada
a isso.
Portanto, caso a sociedade contraia dívidas, o patrimônio
dos sócios não deve ser atingido, respondendo apenas pelo
capital social investido.
A administração da sociedade pode ser feita por terceiros,
isto é, por alguma pessoa que não precisa ser sócia da empresa,
mas é escolhida pela maioria dos sócios (ou pode ser feita por um
grupo de pessoas, se previsto dessa forma em contrato social).

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 45
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Sociedade Anônima
Também comum no Brasil, a Sociedade Anônima é
tradicionalmente indicada para empresas maiores e mais
complexas.
Nessa sociedade, o capital não está relacionado aos sócios,
mas sim às ações, devendo esse tipo de sociedade ter no mínimo
7 acionistas.
A responsabilidade do acionista será limitada ao preço de
emissão das ações subscritas ou adquiridas.
O documento básico que regula a Sociedade Anônima é
o estatuto. Nele estão previstos os direitos e obrigações dos
acionistas.
O Capital Social pode ser classificado como aberto, quando
as ações são negociadas na Bolsa de Valores, ou como fechado,
quando não há oferta para negociação.

Sociedade em Nome Coletivo


Na Sociedade em Nome Coletivo, os sócios respondem
de forma igualitária entre si. Porém, é possível limitar essa
responsabilidade quando da elaboração do Contrato Social.
Também não pode haver denominação social, isto é, um
nome empresarial abstrato, pois deve constar o nome dos sócios
ou suas iniciais, seguido pela expressão “& Cia” ou Companhia.
Somente os sócios podem ser os administradores da
empresa.

46 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Sociedade em Comandita Simples


Na Sociedade em Comandita Simples, os sócios são
divididos em duas categorias, os Comanditados (pessoas
físicas responsáveis pelas obrigações fiscais e financeiras) e os
Comanditários (responsáveis e obrigados somente em relação à
sua quota).
É considerada um tipo misto de sociedade, pois parte
dos sócios tem responsabilidade limitada, enquanto o restante
responde integralmente.
Por isso, deve constar a discriminação de cada sócio no
Contrato Social.
Nessa sociedade é necessária a anuência de todos os sócios
para a entrada de um novo sócio.
Sua administração é feita pelos Comanditados, ou conforme
especificado no contrato.

Sociedade em Comandita por Ações


Assim como na Sociedade Anônima, está comandita terá
seu capital dividido em ações. Mas difere porque opera por firma
ou denominação, e não em conjunto com seus acionistas.
Quem exerce os atos deliberativos e responsabilidades
sociais é um diretor nomeado.
Pode-se nomear mais de um diretor, desde que isso seja
feito no ato de constituição da sociedade.
Caso seja necessário destituir um diretor, isso pode ser
feito por votação dos acionistas, com representação mínima de
2/3 do capital da Sociedade em Comandita por Ações.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 47
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

2.6. NECESSIDADE DOS SISTEMAS CONTÁBEIS

Tanto o empresário quanto a sociedade empresária são


obrigados a seguir um sistema de Contabilidade, mecanizado
ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em
correspondência com a documentação respectiva, e a levantar
anualmente o Balanço Patrimonial e a Demonstração de
Resultados.

Escrituração Comercial e Fiscal Obrigatórias


A escrituração contábil de uma empresa é, em primeiro
lugar, uma exigência da legislação comercial, tendo em vista
os interesses societários e creditícios envolvidos na atividade
empresarial.
A Legislação do Imposto de Renda dispõe que a pessoa
jurídica sujeita à tributação com base no Lucro Real, deve manter
escrituração com observância das leis comerciais e fiscais, a qual
deve abranger todas as operações realizadas pela empresa, os
resultados apurados em atividades no território nacional, bem
como os lucros, os rendimentos e os ganhos de capital auferidos
no exterior.

Livros Contábeis obrigatórios

Livro Diário
Ele registra todas as movimentações de valores da empresa,
mesmo as que não geram alterações nas finanças.
O início e o final são marcados por termos de abertura e
encerramento assinados e que devem levar a autenticação da
Junta Comercial.

48 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Neles são colocados os dados empresariais e o período


compreendido pelo livro.
Os registros são elencados em ordem cronológica e de
lançamento, do primeiro ao último dia de cada ano, mostrados
em partidas dobradas, como lançados, com data, valor e breve
histórico escrito.
E é exatamente esta a sua função: documentar toda a
movimentação da escrituração em débito e crédito.

Livro Razão
Apesar de ser um dos livros obrigatórios, não são exigidos
termos para abri-lo e encerrá-lo, nem que seja autenticado na
Junta Comercial.
O Livro Razão controla os saldos de contas registradas
no diário de forma individualizada, resumindo-as e revelando
o fechamento correto, dados em aberto ou contas a pagar ou
receber não honradas.
Mesmo abrangendo também os lançamentos do grupo
de resultados, o foco são as contas que afetam o resultado do
patrimônio.

Livros Fiscais obrigatórios

Registro de Entradas
Livro destinado à escrituração dos documentos ficais
atinentes às entradas de bens, mercadorias e serviços pelas
empresas contribuintes do ICMS.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 49
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Registro de Saídas
Livro destinado à escrituração da saída de mercadorias do
estabelecimento.

Registro de Impressão de Documentos Fiscais


Escrituração para registro de todos os documentos fiscais
impressos pela empresa.

Registro de Inventário
Livro destinado para o registro das mercadorias em estoque
quando da realização do levantamento da empresa.

Registro de Apuração de ICMS


Destinado ao registro dos valores contábeis e fiscais, nas
operações de entrada e saída, relativo ao Imposto de Circulação
de Mercadorias e Serviços.

Registro de Apuração de IPI


Destinado ao registro dos valores contábeis e fiscais, nas
operações de entrada e saída, relativo ao Imposto sobre Produtos
Industrializados.

Livro de Movimentação de Combustíveis


Destinado especificamente aos postos de combustível. É o
livro que registra a entra e saída dos combustíveis comercializados
no posto.

50 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Também é utilizado para o controle de arrecadação do


ICMS.

Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR)


Livro obrigatório para as empresas optantes pelo Lucro
Real, sendo utilizado para registrar o lucro da empresa.

2.7. REGIMES TRIBUTÁRIOS

As empresas brasileiras têm, garantida por lei, a


possibilidade de estruturar suas atividades da maneira que
julgarem mais adequada para reduzir os gastos com impostos.
Entre as medidas legais que podem ser adotadas está
a escolha do Regime Tributário (procedimento que acontece
anualmente e com o qual é possível apurar e recolher impostos
de maneira mais eficiente).

Simples Nacional
O regime do Simples Nacional foi desenvolvido
especialmente para Microempresas e Empresas de Pequeno
Porte.
Portanto, para aderir a essa opção é preciso observar os
limites de faturamento.
Essa limitação é justificável, pois a intenção da legislação foi
facilitar a sobrevivência desses pequenos negócios, fomentando
a sua abertura e funcionamento.
Mas qual a vantagem real desse Regime?

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 51
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

De maneira resumida, quem opta pelo Simples Nacional


faz o recolhimento de vários tributos (IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, IPI,
ICMS, ISS e INSS) por meio de um recolhimento único.
Assim, todos esses tributos são pagos de maneira unificada
e com alíquota diferenciada.
É importante ressaltar que a simplicidade com que esses
tributos são recolhidos e a redução nas alíquotas são grandes
incentivos e facilitam a gestão tributária desses negócios, dando
a eles condições de crescer e disputar mercado com as grandes
empresas.

Lucro Real
É um Regime de Tributação que segue uma lógica bem
diferente do Simples Nacional.
Ele é utilizado em grande parte, por multinacionais e
empresas de grande porte, sendo que a sua tributação é calculada
conforme o Lucro Líquido obtido durante o ano.
Frisa-se que todas as empresas que atuam no mercado
financeiro e possuam lucros e rendimentos no exterior devem
aderir a esse Regime.
Por ter a tributação calculada com base em seu Lucro
Real, esse é o Regime mais complexo dos três e traz inúmeras
responsabilidades aos gestores e administradores das empresas.
É preciso ter um controle muito eficiente das finanças,
já que erros e fraudes podem acarretar multas e juros que
prejudicam o negócio.
Assim, a tributação nesses casos fica em torno de 34% do
lucro obtido pela empresa.

52 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Um detalhe interessante desse modelo é que, caso a


empresa feche o ano com prejuízo, não há tributação nesse
período.
O prejuízo será utilizado como crédito para compensar nos
próximos exercícios.

Lucro Presumido
A tributação não é calculada tendo como referência o
Lucro verdadeiro da empresa, mas um lucro presumido que varia
conforme a atividade desenvolvida ela empresa.
Podem aderir a esse Regime, todas as empresas que não
são obrigadas a contribuir com base no Lucro Real, ou seja,
aquelas cujo faturamento anual tenha sido igual ou inferior ao
mínimo definido por lei.
As alíquotas aplicadas nesse Regime são as mesmas
utilizadas no Regime de Lucro Real.
É essencial que, antes de optar pelo Lucro Presumido, a
empresa avalie, dentre outros aspectos, a sua lucratividade
porque, se o percentual de lucratividade for superior ao do Lucro
Real, talvez essa escolha não seja tão interessante.
Fica a dica!

2.8. CONTABILIDADE COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Apresentaremos nesse item as normas de conduta que


regulamentam a profissão do Contabilista.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 53
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) foi instituído


por um Decreto-Lei e é uma Autarquia Especial de Caráter
Corporativista sem vínculo com a Administração Pública Federal.
Sua estrutura, organização e funcionamento estão
definidos através do mesmo Decreto-Lei e normatizado pela
Resolução CFC nº 960/03 que aprova o Regulamento Geral dos
Conselhos de Contabilidade.
O CFC tem por finalidade, nos termos da legislação em
vigor:
• Orientar, normatizar e fiscalizar o exercício da profissão
contábil por intermédio dos Conselhos Regionais de
Contabilidade, cada um em sua base jurisdicional nos
Estados e no Distrito Federal.
• Representar os CRCs e sob a forma de Conselho Especial
de Tomada de Contas, examinar e julgar as contas do
CFC, organizadas e prestadas por seu Presidente.
O bacharel em Ciências Contábeis tem sua profissão
devidamente regulamentada e suas atribuições definidas por
uma Resolução do Conselho Federal de Contabilidade.
O perfil do profissional contabilista divide-se em duas
vertentes básicas, ou seja, duas categorias profissionais distintas:
• Técnico em Contabilidade: trata-se do profissional
de nível médio, formado com foco centrado na
Contabilidade tecnicista, cuja ênfase é a interpretação
dos atos e fatos administrativos e seu registro em livros
específicos, com posterior elaboração dos respectivos
demonstrativos.

54 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Não é concedido ao técnico em Contabilidade, formado


após 2003, o direito de assinar balanços, ou seja, assumir a
responsabilidade técnica pela Contabilidade de empresas.
Entretanto, esse técnico é de extrema importância no auxílio
direto ao Contador, que demanda os serviços técnicos desse
profissional em praticamente todas as áreas administrativas,
inclusive de administração da produção.
• Contador: trata-se do profissional de nível superior
formado em Ciências Contábeis (Bacharelado) e detentor
de registro no Conselho Regional de Contabilidade.
Esse profissional responsabiliza-se tecnicamente pelos
relatórios contábeis expedidos pelas organizações.
Além disso, está habilitado a prestar serviços de auditoria
e perícia contábil.
Entretanto, esses direitos são concedidos apenas aos
contadores portadores do registro profissional concedido pelo
Conselho Regional de Contabilidade do seu estado.
É importante salientar que a obrigatoriedade em seguir as
etapas no aprendizado da Contabilidade auxilia o aluno quando
da absorção do conhecimento necessário ao bom andamento
dos nossos estudos, uma vez que, sem seguir essas etapas, é
impossível desenvolver a ciência contábil em sua plenitude.

2.9. CÓDIGO DE ÉTICA DO CONTABILISTA

O Código de Ética do Contabilista, como fonte orientadora


da conduta dos profissionais da classe contábil brasileira, tem por
objetivo fixar a forma pela qual se devem conduzir os profissionais

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 55
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

da Contabilidade, sobretudo no exercício das suas atividades e


prerrogativas profissionais estabelecidas na legislação vigente.
O Código de Ética, assim entendido, deve fixar as normas
de conduta que norteiam o exercício profissional do contabilista.
Essas normas de conduta expressam-se em deveres e em
obrigações. Deveres para com os colegas e para com a classe.
O art. 9º do código não deixa dúvida a respeito:
A conduta do contabilista com relação aos colegas deve ser
pautada nos princípios de consideração, respeito, apreço e
solidariedade, em consonância com os postulados de harmonia
da classe.

Temos de ressaltar que o Código de Ética do Contabilista


se configura a partir dos seguintes pressupostos básicos:
responsabilidade social, fidelidade com os clientes e
responsabilidade profissional.
Para tanto, cada profissional da área, além de possuir
capacidades teóricas e práticas necessárias para a execução da
profissão, deve desenvolver uma consciência ética.
O contabilista precisa acreditar em valores, ter vocação
para convivência coletiva e, também, senso crítico e capacidade
de reflexão.
A formação da consciência ética implica diretamente o
comportamento ético manifestado pelas virtudes de honestidade,
zelo, sigilo, competência, prudência, imparcialidade, entre
outras.
Os exercícios de tais virtudes autorregulam a conduta ética
dentro dos limites que o código descreve.

56 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

O surto de fraude e corrupção nas grandes empresas


impõe, diante dos profissionais contábeis, a necessidade de
aprofundar a discussão ética.
Existem muitos casos de fraude e corrupção que não foram
considerados pelo Código de Ética. Tais casos, inevitavelmente,
seguem o mesmo destino, ou seja, fracasso, perda de
credibilidade, nome manchado e outros tipos de prejuízos.
Uma vez fixado o Código de Ética, o profissional em
Contabilidade deve obedecer às suas normas. Caso contrário,
ele fere os princípios da conduta ética no âmbito da profissão,
o que, por sua vez, o torna sujeito à pena pelo órgão instituído
para fiscalizar a conduta profissional.
Seria, portanto, de grande valia que os profissionais
contábeis agissem de acordo com os princípios éticos que regem
a atuação profissional em Contabilidade.
São muitas as razões para a recente promoção da ética no
pensamento empresarial.
Os administradores percebem os altos custos impostos
pelos escândalos nas empresas: multas pesadas, quebra da rotina
normal, aumento da rotatividade, dificuldades de recrutamento,
fraude interna e perda de confiança pública na reputação da
empresa.
Temos de deixar bem claro que o agir de acordo com os
princípios éticos ultrapassa as simples normas de não prejudicar,
não enganar, não roubar etc.
Tais princípios apresentam um arcabouço de valores
fundamentais que regem, na íntegra, a conduta profissional.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 57
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Nesse sentido, o contabilista deve desenvolver na sua


profissão a consciência ética, capaz de nortear a conduta
profissional e atribuir a ela um caráter inquestionável.
Somente assim, o sucesso profissional terá importância de
mérito pessoal, caso contrário, falhamos.

2.10. FUNÇÕES DA CONTABILIDADE E SEUS USUÁRIOS

A Contabilidade traduz em relatórios todas as transações


econômico-financeiras ocorridas na empresa durante um
exercício social, ou seja, em um período de 12 meses que, na
maioria das empresas, vai de janeiro a dezembro de cada ano.
Para tomar uma decisão, os gestores precisam lançar mão
do histórico de transações realizadas em um período.
Tome-se por exemplo, uma empresa que gastou no período
de janeiro a dezembro de 2000 R$ 1.000.000,00 em materiais
produzindo 5.000 peças do produto Y e vendendo-as logo após
por R$ 1.500.000,00.
Caso note-se que no exercício social seguinte, ou seja,
em 2001 haja a possibilidade de ampliação de vendas em 10%,
torna-se possível orçar o valor de gastos do exercício seguinte
conforme informações a seguir, ou seja, R$ 1.000.000,00 + 10%
= R$ 1.100.000,00.
Dessa forma, arquivando os dados históricos, a
Contabilidade, por meio de estratégias quantitativas ou
estatísticas, tenta dar indícios de como será o futuro.
Por outro lado, se a Contabilidade registra vendas efetivas
de 1.000 peças de produto acabado, deve também registrar o
recebimento do valor corresponde à venda dessas 1.000 peças.

58 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Caso o valor recebido referente às vendas, seja diferente


da quantidade de peças efetivamente vendidas, significa que
houve perda, extravio ou furto, de peças ou dinheiro.
Essas duas finalidades da informação contábil
respectivamente, planejamento e controle, são de extrema
importância para os gestores que as utilizam para tomar decisão
e produzir resultados de forma segura.
A segurança na produção de resultados positivos que
chamamos de lucro é o que interessa aos sócios da empresa.
Os sócios são pessoas que introduzem recursos de capital
em uma sociedade mercantil.
Naturalmente, em um país capitalista, as sociedades
mercantis têm como objetivo a acumulação de capital.
Nesse caso, se um sócio encaminha recursos para uma
empresa, é natural que ele deseje que esses recursos contribuam,
a partir das operações da empresa, na geração de lucro.
Um sócio só encaminha recursos ou subscreve capital, se
tiver a certeza de que seus recursos serão bem utilizados.
A Contabilidade tem a função de assegurar a correta
utilização dos recursos de capital subscritos pelos sócios.
Ela organiza os dados de todas as movimentações
(pagamentos, recebimentos, transferências etc.) desses recursos.
Após isso, demonstra como foi obtida a acumulação de
capital, juntamente com uma análise desses resultados, para dar
a certeza de que foram utilizados da melhor forma possível.
E, finalmente, permite aos sócios acompanhar a evolução
de seu investimento por meio de seus registros.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 59
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

As principais funções da Contabilidade são registrar,


organizar, demonstrar, analisar e acompanhar as modificações
do patrimônio em virtude da atividade econômica ou social que
a empresa exerce no contexto econômico.
Veja, a seguir, cada uma dessas funções mais
detalhadamente.
1) Registrar: todos os fatos que ocorrem e podem ser
representados em valor monetário.
2) Organizar: um sistema de controle adequado à
empresa.
3) Demonstrar: com base nos registros periódicos
realizados, por meio de demonstrativos, a situação
econômica, patrimonial e financeira da empresa.
4) Analisar: os demonstrativos com a finalidade de apurar
os resultados obtidos pela empresa.
5) Acompanhar: a execução dos planos econômicos da
empresa, prever os pagamentos a serem realizados e
as quantias a serem recebidas de terceiros, bem como
alertar para eventuais problemas.
No entanto, não é somente dentro da empresa que a
Contabilidade é importante.
A sua utilização por usuários externos (bancos,
fornecedores, clientes etc.) também é fundamental.
Os usuários das informações provenientes da Contabilidade
classificam-se em dois grandes grupos, ou seja, usuários internos
e externos.

60 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Os usuários internos são todas as pessoas ou grupos de


pessoas relacionadas com a empresa e que têm facilidade de
acesso às informações contábeis, tais como:
1) Gerentes: para a tomada de decisões.
2) Funcionários: com interesse em pleitear melhorias.
3) Diretoria: para a execução de planejamentos
organizacionais.
4) Acionistas: para a avaliação da aplicação de seus
investimentos.
O principal usuário interno da informação contábil na
entidade moderna é a alta administração, que pela proximidade
à Contabilidade, pode solicitar a elaboração de relatórios
específicos para auxiliar na gestão do negócio.
Os relatórios específicos podem, além de abranger as
áreas de informações sobre o fluxo financeiro, disponibilidades,
contas a pagar, contas a receber, aplicações financeiras, compra
e vendas no dia ou no período e gastos gerais de funcionamento,
serem elaborados diariamente ou em outros períodos
(semana, quinzena, mês etc.), de acordo com as necessidades
administrativas.
Os usuários externos são todas as pessoas ou grupos de
pessoas sem facilidade de acesso direto às informações, mas que
as recebem através da publicação das Demonstrações Contábeis.
São eles:
1) Bancos: interessados nas demonstrações financeiras a
fim de analisar a concessão de financiamentos e medir
a capacidade de retorno do capital emprestado.
2) Concorrentes: interessados em conhecer a situação da
empresa para poder atuar no mercado.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 61
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

3) Governo: que necessita obter informações sobre


as receitas e as despesas para poder atuar sobre o
resultado operacional no que concerne à sua parcela
de tributação.
4) Fornecedores: interessados em conhecer a situação da
entidade para poder continuar ou não as transações
comerciais com a entidade, além de medir a garantia
de recebimento futuro.
5) Clientes: interessados em medir a integridade da
entidade e a garantia de que seus pedidos serão
atendidos nas suas especificações e no tempo
acordados.
Como a Contabilidade registra todas as transações
mercantis que ocorrem dentro de uma empresa, o Governo
também se interessa pelos seus registros, para verificar se os
impostos estão sendo corretamente recolhidos.
Assim, se a empresa vende 1.000 peças de um produto e
recebe R$ 15.000,00 pelas vendas, e é tributada em 10% sobre
essas vendas, o fisco terá como verificar nos registros contábeis
se o valor de R$ 1.500,00 (10%) referentes os impostos sobre
as vendas foram recolhidos, visto que a Contabilidade deve
armazenar as informações das vendas e do recolhimento dos
tributos.
Os fornecedores e os bancos também se interessam pelos
registros contábeis, em particular, para poderem conceder
crédito.
Se a empresa deseja comprar mercadorias a prazo ou
obter recursos financeiros junto a um banco, precisa comprovar

62 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

resultados positivos de seus negócios, evidenciando que a


empresa poderá honrar com suas dívidas.
Por exemplo, se uma empresa no exercício de 2000 vendeu
R$ 1.000.000,00 e teve gastos globais de R$ 800.000,00, isso
significa que teve R$ 200.000,00 de lucro.
Assim, se a empresa deseja adquirir mercadorias a prazo
no valor de R$ 50.000,00 a serem pagos no transcorrer do
exercício social vigente, o fornecedor poderá interpretar essa
empresa como adimplente, ou seja, com capacidade de pagar
suas dívidas a partir dos resultados positivos que tiver durante o
exercício social.

2.11. CONTABILIDADE APLICADA ÀS DIVERSAS NECESSIDADES


ADMINISTRATIVAS

Enquanto ciência que estuda o patrimônio das empresas,


a Contabilidade é aplicada independentemente do tipo, ramo de
atividade, segmento econômico ou localização geográfica das
empresas.
Isto porque, o campo de atuação da Contabilidade é
bastante amplo e acompanha as necessidades de cada instituição.
A Contabilidade no setor público, privado, ou ainda,
no terceiro setor é virtualmente a mesma, respeitando as
especificidades de cada ramo de atividade e suas peculiaridades.
A Contabilidade divide-se em dois grandes segmentos:
• Contabilidade Pública: ocupa-se com o estudo e o
registro dos fatos administrativos das pessoas de
direito público e com a representação gráfica de seus
patrimônios, visando a três sistemas distintos, que

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 63
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

são o orçamentário, o financeiro e o patrimonial, para


alcançar os seus objetivos. Assim, ramifica-se, conforme
a sua área de abrangência, em federal, estadual,
municipal e autarquias.
• Contabilidade Privada: ocupa-se do estudo e do
registro dos fatos administrativos das pessoas de direito
privado, tanto as físicas quanto as jurídicas, além da
representação gráfica de seus patrimônios, dividindo-se
em civil e comercial.
Além disso, quanto à classificação dos setores, situado
no primeiro deles está o Estado, que por meio de seus órgãos
e entidades, exerce várias atividades, quais sejam, política,
administrativa, econômica e financeira, objetivando cumprir
suas finalidades básicas, desempenhando algumas funções
pertinentes a esse setor.
No segundo setor situam-se as empresas privadas
exercendo suas atividades com a finalidade de obtenção de
lucros a serem distribuídos aos investidores, como remuneração
do seu capital nelas aplicado.
Seguindo esta linha de raciocínio, a existência de um
terceiro setor pode ser entendida como certa.
No entanto, sua classificação e definição são polêmicas.
O terceiro setor é um conceito que vem sendo utilizado no
Brasil e em outros países, principalmente nos Estados Unidos da
América, para designar o conjunto composto de organizações sem
fins lucrativos, cujo papel principal é a participação voluntária,
fora do âmbito governamental, que dão suporte às práticas da
caridade, da filantropia e do mecenato, voltadas para a garantia
do direito de cidadania da sociedade.

64 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Em uma entidade filantrópica, por exemplo, a Contabilidade


será exercida observando toda a legislação específica para esse
tipo de empresa.
Elas se apresentam de forma distinta e movimentam a
economia mundial contribuindo com a evolução da sociedade
como um todo.
Assim, a aplicabilidade da Contabilidade nas entidades
caracterizadas como do terceiro setor se faz necessária no
sentido de evidenciar as suas informações de cunho financeiro.
As entidades, de forma geral, possuem uma das seguintes
finalidades:
• Sociais: possuem a riqueza como meio para atingir seus
fins. Exemplo: associações beneficentes, educacionais,
esportivas, culturais e religiosas.
• Econômicas: têm a riqueza como meio e fim e têm
como objetivo aumentar seu patrimônio, obtendo
lucro. Exemplo: empresas mercantis.
• Socioeconômicas: possuem a riqueza como meio e fim,
porém o aumento do patrimônio que possuem serve
para beneficiar toda a comunidade. Exemplo: instituto
de aposentadorias e pensões e fundações.
Neste contexto, nota-se que a Contabilidade possui
características específicas distribuídas de acordo com o tipo de
entidade:
A Contabilidade Civil que é exercida pelas pessoas que
não têm como objetivo final o lucro, mas, sim, o instituto da
sobrevivência ou bem-estar social:
• A Contabilidade Comercial que é exercida pelas pessoas
que exploram atividades que objetivam o lucro.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 65
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

• A Contabilidade Industrial ou Agroindustrial que é


exercida por pessoas que têm como objetivo social a
produção de bens de capitais ou de consumo, por meio
do beneficiamento ou da transformação de matérias-
primas, do plantio, da criação ou da extração de riquezas.
• A Contabilidade de Serviços que é usada pelas pessoas
que têm como objetivo social a prestação de serviços.
Dentro das entidades, a Contabilidade divide-se pelas
especificidades departamentais:
1) Fiscal: que auxilia na elaboração de informações para
os órgãos fiscalizadores, do qual depende todo o
planejamento tributário da entidade.
2) Gerencial: que auxilia a administração na otimização
dos recursos disponíveis na entidade, mediante um
controle adequado do patrimônio.
3) Financeira: que elabora e consolida as demonstrações
contábeis para disponibilizar informações aos usuários
externos.
4) Industrial: que compreende as atividades fabris, os
sistemas auxiliares de controle de custos de produção,
custos logísticos e de distribuição.
Existem ainda, algumas áreas de atuação dos contadores
que demandam conhecimentos bastante específicos:
1) Análise Econômica e Financeira de Projetos: elaboram
análises, por meio de relatórios contábeis, que de-
vem demonstrar a exata situação patrimonial de uma
entidade.
2) Ambiental: informa o impacto do funcionamento da
entidade no meio ambiente, avaliando os possíveis ris-

66 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

cos que suas atividades podem causar na qualidade de


vida local.
3) Atuarial: especializada na Contabilidade de empresas
de previdência privada e em fundos de pensão.
4) Balanço Social: informa sobre a influência do funcio-
namento da entidade na sociedade, sua contribuição
na agregação de valores e riquezas, além dos custos
sociais.
5) Auditoria: compreende o exame de documentos, li-
vros e registros, inspeções e obtenção de informações,
internas e externas, relacionadas com o controle do
patrimônio, objetivando mensurar a exatidão des-
ses registros e das demonstrações contábeis deles
decorrentes.
6) Perícia Contábil: elabora laudos em processos judiciais
ou extrajudiciais sobre organizações com problemas fi-
nanceiros causados por erros administrativos.

2.12. INFORMAÇÃO CONTÁBIL A NÍVEL INTERNACIONAL

Muitas empresas nacionais têm participação acionária de


empresas europeias, asiáticas ou norte-americanas.
Por esse motivo, o contador necessita estar conectado
a essa realidade para que possa avaliar adequadamente as
Demonstrações Contábeis, ou mesmo para que possa verificar
se a tradução de critérios brasileiros em critérios internacionais
foi realizada de maneira adequada.
Ainda nesse contexto, vemos o Brasil adequando-se a essa
realidade a partir do Comitê de Pronunciamentos Contábeis

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 67
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

(CPC), órgão responsável pela adequação das normas e padrões


internacionais à realidade e aplicabilidade em nosso país, o qual
conheceremos com mais detalhes a seguir.

Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC


Essa entidade foi criada a partir da união de esforços de
vários órgãos representativos da classe contábil e afins, em
função de atender às necessidades de convergência internacional
das normas contábeis vigentes em nosso país.
Com sua criação, também foi possível centralizar a
emissão de normas aplicáveis à Contabilidade brasileira, as quais
denominamos Pronunciamentos Técnicos, representando um
grande avanço na democratização da produção e utilização da
informação contábil por parte dos seus diversos usuários.
Esses usuários podem ser representados pelos auditores,
fornecedores, clientes, governo entre outros.
Criado a partir da Resolução CFC nº 1.055/05, o Comitê
de Pronunciamentos Contábeis tem como objetivo principal
o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos
sobre os procedimentos de Contabilidade.
Além disso, ele promove a divulgação dos pronunciamentos
permitindo sua centralização. Dessa forma, uniformiza a fonte
de informações levando sempre em conta a convergência da
Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais.
Sua característica básica consiste em ser um órgão
totalmente autônomo das entidades por ele representadas.
Essas entidades são:

68 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

1) ABRASCA – Associação Brasileira das Companhias


Abertas.
2) APIMEC NACIONAL – Associação dos Analistas e Profis-
sionais de Investimento do Mercado de Capitais.
3) BOVESPA – Bolsa de Valores de São Paulo.
4) CFC – Conselho Federal de Contabilidade.
5) FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis,
Atuariais e Financeiras.
6) IBRACON – Instituto dos Auditores Independentes do
Brasil.
Também podem compor o CPC de forma colaborativa os
representantes dos seguintes órgãos:
1) BC – Banco Central do Brasil.
2) CVM – Comissão de Valores Mobiliários.
3) SRF – Secretaria da Receita Federal.
4) SUSEP – Superintendência de Seguros Privados.
É importante destacarmos os produtos do CPC:
• Pronunciamentos Técnicos.
• Orientações.
• Interpretações.
Os pronunciamentos publicados até o momento, e
colocados à sua disposição de toda classe são os seguintes:

Pronunciamentos Contábeis––––––––––––––––––––––––––
CPC 00 – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório
Contábil-Financeiro.
CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 69
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

CPC 02 – Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de


demonstrações contábeis.
CPC 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa.
CPC 04 – Ativo Intangível.
CPC 05 – Divulgação sobre Partes Relacionadas.
CPC 06 – Operações de Arrendamento Mercantil.
CPC 07 – Subvenção e Assistência Governamentais.
CPC 08 – Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores
Mobiliários.
CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado (DVA).
CPC 10 – Pagamento Baseado em Ações.
CPC 11 – Contratos de Seguro.
CPC 12 – Ajuste a Valor Presente.
CPC 13 – Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória nº 449/08.
CPC 14 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e
Evidenciação (Fase I) transformado em OCPC 03.
CPC 15 – Combinação de Negócios.
CPC 16 – Estoques.
CPC 17 – Contratos de Construção (revogado a partir de 1º/01/2018).
CPC 18 – Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento
Controlado em Conjunto.
CPC 19 – Negócios em Conjunto.
CPC 20 – Custos de Empréstimos.
CPC 21 – Demonstração Intermediária.
CPC 22 – Informações por Segmento.
CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro.
CPC 24 – Evento Subsequente.
CPC 25 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes.
CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis.
CPC 27 – Ativo Imobilizado.
CPC 28 – Propriedade para Investimento.
CPC 29 – Ativo Biológico e Produto Agrícola.
CPC 30 – Receitas (revogado a partir de 1º/01/2018).
CPC 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada.
CPC 32 – Tributos sobre o Lucro.
CPC 33 – Benefícios a Empregados.

70 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

CPC 34 – Exploração e Avaliação de Recursos Minerais (Não editado).


CPC 35 – Demonstrações Separadas.
CPC 36 – Demonstrações Consolidadas.
CPC 37 – Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade.
CPC 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração (revogado
a partir de 1º/01/2018).
CPC 39 – Instrumentos Financeiros: Apresentação.
CPC 40 – Instrumentos Financeiros: Evidenciação.
CPC 41 – Resultado por Ação.
CPC 42 – Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária
(Não editado).
CPC 43 – Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPCs 15 a 41.
CPC 44 – Demonstrações Combinadas.
CPC 45 – Divulgação de Participações em outras Entidades.
CPC 46 – Mensuração do Valor Justo.
CPC 47 – Receita de Contrato com Cliente.
CPC 48 – Instrumentos Financeiros.
CPC 49 – Contabilização e Relatório Contábil de Planos de Benefícios de
Aposentadoria.
CPC PME – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas com Glossário
de Termos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Vale destacar que o CPC está em constante processo
atualização e publicação dos pronunciamentos, o que torna
necessário consultar constantemente o endereço eletrônico do
órgão.

Institutos Internacionais Normatizadores

International Federation of Accountants – IFAC


É uma organização que congrega profissionais de
Contabilidade, que se dividem em vários segmentos, como
indústria, setor público, educação, entre outras especialidades
contábeis. Tem como objetivo estudar as modificações que

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 71
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

ocorrem nesses setores e estabelecer os critérios contábeis para


tratar essas mudanças.
Atualmente, a IFAC, que possui sócios em vários países
e representa cerca de dois milhões de contadores, esforça-se
para desenvolver a profissão e harmonizar os padrões mundiais,
permitindo aos contadores o desenvolvimento de serviços de
alta qualidade voltados para o bem do interesse público.
A liderança do IFAC, seus comitês e suas forças de tarefa
trabalham com núcleos de sócios para alcançar o objetivo de
desenvolver e promover a alta qualidade técnica do profissional
contábil, por meio de publicações que versam sobre ética e
normas em diversos setores.
Na tentativa de promover mudanças, a IFAC oferece estudos
sobre assuntos emergentes, sobre a necessidade da liberalização
de serviços de Contabilidade, visando à universalização de
assuntos contábeis.
Muito disso é realizado por organizações parceiras, de
interesse mútuo, que buscam a harmonização de normas e
atuam como facilitadores no desenvolvimento da profissão
contábil em nível mundial.
Além disso, a IFAC nutre a ideia da criação de organizações
contábeis internacionais fortes, além de buscar a compreensão
e o atendimento das necessidades regionais, mediante a criação
de agências especiais para o estudo de normas específicas.

International Accounting Standard Board – IASB


É constituído por um grupo de sócios, provindos, a
princípio, de nove países e de várias instituições, que objetiva
estudar as normas contábeis.

72 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Comprometido com o interesse público, o IASB está


fundamentado em uma única estrutura de alta qualidade,
compreensível e utilizável na determinação de padrões de
Contabilidade globais requeridos para informação transparente
e com poder de comparação, com o propósito de tornar
transparentes as demonstrações financeiras, levantadas
internacionalmente.
Além disso, o IASB coopera com estudos de normas para
alcançar convergência em padrões de Contabilidade ao redor do
mundo.

Financial Accounting Standards Board – FASB


A missão da FASB é estabelecer e melhorar padrões de
Contabilidade financeira, promovendo a direção e a educação do
público, inclusive técnicos, auditores e usuários de informação
financeira.
Desde 1973, a FASB é a organização designada, no
setor privado, para estabelecer padrões de informação da
Contabilidade financeira ao redor do mundo.
Esses padrões governam a preparação de relatórios
financeiros em muitas empresas, principalmente nas Américas,
inclusive no Brasil.
Eles são reconhecidos oficialmente como autorizados pelas
Securities and Exchange Comission e pelo Instituto Americano de
Contadores Públicos Certificados (AICPA).
Tais padrões são essenciais para o funcionamento eficiente
da economia, pois investidores, credores, auditores, entre outros,
confiam na transparência das informações geradas a partir dos
critérios FASB.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 73
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Os padrões de Contabilidade são essenciais para o


funcionamento eficiente da economia, pois as decisões sobre
a distribuição de recursos necessitam de uma informação
financeira de qualidade, concisa, transparente e compreensível.
A informação financeira acerca das operações e da posição
financeira de entidades individuais também é usada por diversos
agentes para outros tipos de decisões.
Para realizar sua missão, o FASB busca:
1) Melhorar a utilidade de informações financeiras,
enfocando as características primárias de relevância e
confiabilidade e as qualidades de comparabilidade e
consistência.
2) Manter padrões atuais, refletindo mudanças nos
métodos de negociação no ambiente econômico.
3) Promover a convergência internacional de padrões de
Contabilidade simultâneo, almejando a melhoria da
qualidade da informação financeira.
4) Melhorar o entendimento comum da natureza e dos
propósitos de informação contidos nos relatórios
financeiros.

Internal Auditor Institute – IAI


A mudança para uma economia de guerra ampliou as
responsabilidades das organizações que necessitavam programar
as disponibilidades de materiais e de operários, à luz de
regulamentos governamentais, enfatizando a redução de custos.
Administrativamente, tornava-se impossível para as
empresas analisar tudo visualmente, desde as áreas operacionais,
até as respectivas áreas de responsabilidade, ou mesmo,

74 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

ter contato pessoal suficiente com indivíduos que, direta ou


indiretamente, supririam as informações.
Em busca de modos para lidar com esses novos problemas,
a administração designou pessoas especiais para revisar e
comunicar os fatos que aconteciam.
Essas pessoas ficaram conhecidas como “auditores”
internos. O Internal Auditor Institute é uma corporação que
identifica os propósitos específicos de cultivar, promover e
disseminar o conhecimento e a informação que abrange:
1) Examinar os controles internos.
2) Estabelecer e manter altos padrões de integridade,
honra e caráter entre auditores internos.
3) Fornecer informação sobre métodos para seus sócios e
para outras pessoas interessadas.
4) Promover a publicação de artigos relativos a exames
de controle interno, práticas e métodos.
O IAI é uma organização internacional, que se iniciou
com alguns sócios provenientes dos Estados Unidos. Com seu
crescimento, ela rompeu os limites norte-americanos, estando,
hoje, boa parte de seus sócios localizados fora dos Estados
Unidos, inclusive no Brasil, por meio do Instituto dos Auditores
Independentes do Brasil (Ibracon).

2.13. INSTITUTOS INTERNACIONAIS DE PESQUISA EM CONTA-


BILIDADE

Associação Interamericana de Contabilidade – AIC


A missão da AIC é obter a melhoria da formação
profissional integral dos contadores das Américas, para alcançar

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 75
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

uma posição profissional forte e coerente, que cumpra com sua


responsabilidade ante a sociedade, dentro de uma estrutura de
intercâmbio e fraternidade, pela convivência entre os povos.
Para atingir sua missão, a AIC tem adotado os seguintes
objetivos:
1) Dar impulso à obtenção de uma profissão forte e coe-
rente com o continente americano, que permita pro-
ver serviços da mais alta qualidade à sociedade e aos
usuários.
2) Facilitar o desenvolvimento profissional integral dos
contadores dentro de um marco de fraternidade
interamericana.
3) Estimular a melhoria do ensino acadêmico e da forma-
ção do contador.
4) Elevar constantemente a formação profissional, com
base na qualidade e manter as mais altas normas de
conduta e de conhecimento próprio da profissão.
5) Difundir, ante a sociedade, os princípios e os valores
éticos da profissão, infundindo seus valores às novas
gerações de profissionais, para que sirvam de premis-
sas a todas as ações dentro da vida profissional.
Os objetivos assinalados anteriormente têm uma
múltipla vinculação em deveres e direitos com a sociedade e os
usuários dos serviços contábeis, com os contadores associados
aos organismos patrocinadores e, especificamente, com a
profissão.

76 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

United Nations Conference on Trade and Development


– UNCTAD
Estabelecido em 1964, a UNCTAD aponta para a integração
e o desenvolvimento sustentável de países emergentes no
mundo econômico.
É o órgão mundial, dentro das nações Unidas, destinado
ao tratamento integrado do comércio e desenvolvimento e
dos assuntos relacionados às áreas de finanças, tecnologia,
investimento e desenvolvimento.
Além disso, é um foro para discussões intergovernamentais
e deliberativas, apoiadas em discussões com peritos mundiais,
mediante trocas de experiência, apontadas em consenso.
A UNCTAD empreende pesquisa e análise de política
internacional, mantendo uma grande base de dados para
oferecer subsídios às discussões de peritos e representantes de
governos associados, inclusive o Brasil.
Mantém, também, uma biblioteca digital, com grande
variedade de temas e publicações.
Ela, em cooperação com outras organizações de países
associados às Nações Unidas, oferece ajuda técnica conforme
as necessidades dos países em desenvolvimento, com atenção
especial às necessidades dos países menos desenvolvidos e
países com economia em transição.
Esse sistema busca um trabalho conjunto entre governos
associados, a partir da interação com organizações do sistema
das Nações Unidas e comissões regionais, além de instituições
governamentais, organizações não governamentais, setor
privado, inclusive comércio e associações industriais, institutos
de pesquisa e universidades mundiais.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 77
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar).
Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione:
Fundamentos da Contabilidade – Vídeos Complementares – Complementar
1.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária
e indispensável para você compreender integralmente os
conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. TIPOS DE EMPRESAS


Na hora de abrir uma empresa, seja como empresário
individual ou como uma sociedade, é importante saber qual o
tipo se enquadra melhor ao negócio e ao perfil do empreendedor.
O surgimento acelerado de novas empresas e os diversos
tipos definidos no sistema jurídico brasileiro, é importante saber
escolher aquela que melhor se enquadra ao seu tipo de negócio,
perfil e realidade.
Portanto, é necessário conhecer os tipos de empresas que
podem ser constituídas. Isso será possível lendo e analisando os
textos a seguir.
• MALCHER FILHO, C. C. G. Sociedade Anônima − Conceito
e características. Disponível em: <http://www.direitonet.
com.br/artigos/exibir/886/Sociedade-Anonima-
Conceito-e-caracteristicas>. Acesso em: 5 jun. 2019.

78 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

• GOVERNO DO BRASIL. Diferenças entre tipos de


empresas. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/
economia-e-emprego/2011/11/diferencas-entre-tipos-
de-empresas>. Acesso em: 5 jun. 2019.
• SOUZA, D. M. Os principais benefícios proporcionados
ao trabalhador informal para formalização através do
Microempreendedor Individual. 2010. 95f. Monografia
(Bacharelado em Ciências Contábeis) − Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010. Disponível
em: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/
handle/123456789/127035/Contabeis294059.
pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 5 jun.
2019.

3.2. CONTABILIDADE A NÍVEL INTERNACIONAL

A Contabilidade internacional surge para construir um


ponto comum entre os relatórios financeiros elaborados por
contextos de outros países e definir métodos de adaptação aos
padrões internacionais a partir da Contabilidade local.
Tornou-se importante no Brasil a partir da criação da Bolsa
de Valores e da vinda de capital estrangeiro ao mercado nacional.
Ela está estruturada a partir do estudo das normas contábeis
vigentes em cada país e tem como objetivo a transformação de
relatórios a diferentes regras normativas, conforme os interesses
comerciais relacionados a operações de exportação/importação
ou entre empresa matriz e filial situada no exterior, por exemplo.
O seu estudo tem sido essencial, pois possibilita a integração
de informações econômicas entre o mercado internacional e a

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 79
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

interação de pesquisas e trabalhos acadêmicos com compreensão


lógica mesmo que através de técnicas contábeis distintas.
Muito se tem falado sobre o fim da Contabilidade
internacional, já que as normas brasileiras têm há algum
tempo convergido às normas internacionais, num processo
de harmonização. Porém, a tendência é de que elas sempre
mantenham uma certa divergência.
Portanto, é necessário que os princípios básicos que
norteiam a Contabilidade sejam comuns a fim de facilitar cada
vez mais a troca de informações entre diferentes mercados
globais.
Isso será possível de ser identificado a partir das leituras
indicadas a seguir.
• MALCHER FILHO, C. C. da G. Sociedade Anônima -
Conceito e características. Disponível em: <http://
www.direitonet.com.br/artigos/exibir/886/Sociedade-
Anonima-Conceito-e-caracteristicas>. Acesso em: 26
abr. 2019.
• FERNANDES, E. C. Padrão internacional de Contabilidade
exige preparo das empresas. Disponível em: <http://
www.contabeis.com.br/noticias/35941/padrao-
internacional-de-Contabilidade-exige-preparo-das-
empresas/>. Acesso em: 5 jun. 2019.
• COSTA, E. D. Valorização do profissional de Contabilidade.
Disponível em: <https://www.jornalcontabil.com.br/
valorizacao-do-profissional-de-contabilidade/>. Acesso
em: 5 jun. 2019.

80 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

3.3. ÉTICA NA PROFISSÃO CONTÁBIL


A ética de um profissional refere-se ao seu comportamento
moral no que diz respeito a informações e conduta da empresa.

A ética na profissão contábil é fundamental, pois esse


profissional lida com informações de extrema importância para
a vitalidade da empresa.

Embora algumas pessoas simplesmente tenham um


comportamento ético espontâneo, outras conseguem adquirir
isso com o passar do tempo.

Quando o assunto é profissional, a ética se torna essencial.

Para padronizar a atividade de contadores, foi instaurado


um código de ética na profissão contábil, que visa justamente
ditar comportamentos adequados e atitudes assertivas que
devem ser adotados pelos profissionais. Assim, sugerimos que
realize as seguintes leituras:

• SANT´ANA, F. A ética como missão do profissional


de Contabilidade na agenda 2030. Disponível em:
<https://www.contabeis.com.br/noticias/37047/a-
etica-como-missao-do-profissional-de-contabilidade-na-
agenda-2030/>. Acesso em: 5 jun. 2019.
• CONTÁBEIS. IESBA divulga novo Código de Ética
para Profissionais da Contabilidade. Disponível em:
<http://www.contabeis.com.br/noticias/36928/iesba-
divulga-novo-codigo-de-etica-para-profissionais-da-
Contabilidade/>. Acesso em: 5 jun. 2019.
• MIYAHIRA,C.Grandespoderes,grandesresponsabilidades:
a ética profissional no universo contábil. Disponível em:

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 81
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

<https://administradores.com.br/noticias/grandes-
poderes-grandes-responsabilidades-a-etica-profissional-
no-universo-contabil>. Acesso em: 5 jun. 2019.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) O estorno é uma das maneiras de corrigir erros de escrituração. As
outras formas que completam o rol de retificações na esfera contábil são,
conjuntamente:
a) Reclassificação e cancelamento.
b) Redação e complemento.
c) Cancelamento e redação.
d) Complemento e reclassificação.
e) Complementação e reclassificação.

2) A Contabilidade é utilizada em vários tipos de organizações. Sua ramificação


principal, no contexto das organizações, é em:
a) Pública e Privada.
b) Civil, Doméstica, Social, Comercial e Gerencial.
c) Social e Econômica.
d) Oficial, Gerencial, Geral e Operacional.
e) Econômica.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
auto avaliativas propostas:
1) e.
2) a.

82 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da primeira unidade, na qual você teve
a oportunidade de conhecer um pouco sobre Contabilidade.
Na realidade, pudemos entender, por meio da
contextualização histórica da Ciência Contábil, como ela se faz
presente desde a Antiguidade na vida e no cotidiano das pessoas,
sejam físicas ou jurídicas.
Vimos que como todas as outras áreas, a Contabilidade
tem sua regulamentação, sendo imprescindível agir em
conformidade.
Portanto, deve haver esse comprometimento por parte do
profissional que atua na área.
Com este estudo, foi possível ter não somente uma visão
geral sobre o assunto, mas também apresentar uma ambientação
do cenário no qual atua o profissional que adota a profissão de
contabilista.
Apresentamos alguns conhecimentos acerca das funções e
dos usuários da informação contábil.
Nesse contexto, pudemos observar que a Ciência Contábil,
como um todo, é generalista e contempla informações que
satisfazem às necessidades de muitos interessados.
No entanto, para que ela possa cumprir realmente seu
papel, é necessário haver uma harmonização na produção
dessas informações, no sentido de haver homogeneidade nas
informações e interesses coletivos, independentemente de
quem esteja usufruindo da informação contábil.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 83
UNIDADE 1 – CONTABILIDADE COMO CIÊNCIA E COMO PROFISSÃO REGULAMENTADA

6. E-REFERÊNCIAS
Sites pesquisados
GOULART, A. M. C. O conceito de Ativos na Contabilidade: um fundamento a ser
explorado. Revista Contabilidade & Finanças − USP, São Paulo, n. 28, p. 56-65, jan./abr.
2002. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rcf/article/viewFile/34068/36800>.
Acesso em: 5 jun. 2019.
LARA, E. P. A estrutura do Balanço Patrimonial: um comparativo antes e depois da
adoção do padrão contábil internacional. Disponível em: <http://www.univale.com.br/
portalnovo/images/root/anaisadmix/1.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2019.
MALCHER FILHO, C. C. G. Sociedade Anônima − Conceito e características. Disponível
em: <http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/886/Sociedade-Anonima-Conceito-
e-caracteristicas>. Acesso em: 5 jun. 2019.
REBELLO, B. Diferenças entre tipos de empresas. Disponível em: <http://www.brasil.gov.
br/economia-e-emprego/2011/11/diferencas-entre-tipos-de-empresas>. Acesso em: 5
jun. 2019.
SOUZA, D. M. Os principais benefícios proporcionados ao trabalhador informal
para formalização através do Microempreendedor Individual. 2010. 95f.
Monografia (Bacharelado em Ciências Contábeis) − Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis, 2010. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/
handle/123456789/127035>. Acesso em: 5 jun. 2019.
SZÜSTER, N.; SZÜSTER, F. R.; SZÜSTER, F. R. Contabilidade: atuais desafios e alternativa
para seu melhor desempenho. Revista Contabilidade & Finanças − USP, São Paulo, n.
38, p. 20-30, maio/ago. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rcf/v16n38/
v16n38a03.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2019.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, A. C. Contabilidade básica. Curitiba: Juruá, 2005.
IUDÍCIBUS, S. et al. (Coord.). Contabilidade introdutória: livro de exercícios. 10. ed. São
Paulo: Atlas, 2007.
MARION, J. C. Contabilidade básica: livro texto. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
MARTINS, E. et al. Manual de Contabilidade das sociedades por ações: aplicável às
demais sociedades. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica. São Paulo: Saraiva, 2005.
SÁ, A. L. Planos de contas. São Paulo: Atlas, 1998.
SCHMIDT, P. História do pensamento contábil. São Paulo: Bookman, 2000.
SILVA, C. A. T.; TRISTÃO, G. Contabilidade básica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

84 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 2
INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA
DA CONTABILIDADE

Objetivos
• Interpretar a Contabilidade como instrumento de organização da
informação no ambiente empresarial.
• Distinguir as diferenças de representação dos fenômenos patrimoniais
pela Contabilidade ao redor do mundo.
• Compreender e interpretar a mecânica de lançamentos contábeis.
• Realizar uma incursão exploratória nas modalidades de lançamentos e nos
aspectos informativos e legais que os envolvem.
• Identificar incorreções de escrituração e aplicar métodos adequados para
saná-las.
• Compreender e interpretar a estrutura hierárquica de representação do
patrimônio por meio das contas.
• Identificar as diversas naturezas das contas e associá-las à sua representação.
• Reconhecer e entender a complexidade do patrimônio e a estrutura de
trocas de informação.

Conteúdos
• Funções da Contabilidade e seus usuários.
• Contabilidade aplicada às diversas necessidades administrativas.
• Planificação contábil.
• Características das contas nos grupos do Ativo.
• Ativos quanto à sua capacidade de realização.

85
UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

• Características das contas nos grupos do Passivo.


• Passivos quanto à sua característica de exigibilidade.
• Características das contas nos grupos do Patrimônio Líquido.
• Patrimônio Líquido quanto à sua natureza.
• Contas de Resultado.
• Escrituração ou mecânica contábil.
• Livros contábeis, fiscais e societários.
• Lançamento, fórmulas e razonetes.
• Erros de escrituração: estorno, complementação, reclassificação e redação.
• Exercício econômico.
• Balancetes de Verificação: duas e seis colunas.
• Ética Profissional.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste material didático, busque outras


informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas
apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade
EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu
crescimento intelectual.

2) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos explicitados no Glossário


e suas ligações pelo Esquema dos Conceitos-Chave para o estudo de todas
as unidades deste material. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu
desempenho.

3) Leia as informações práticas para facilitar o estudo desta unidade, tais


como os objetivos que pretendemos atingir ao desenvolvê-la. Lembre-se
ainda que a sua participação pode significar a diferença entre ler conteúdo
ou transformar conhecimentos em ferramentas de trabalho importantes
para sua vida profissional.

4) Para fundamentar seus conhecimentos, é importante que você analise e


compreenda os exemplos, a fim de obter um melhor entendimento do

86 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

texto apresentado. Não deixe dúvidas para trás, afinal, elas o impedirão
de caminhar com sucesso.

5) É importante, também, que você procure ler com atenção os conteúdos


desta unidade, pois eles serão imprescindíveis à sua prática. Ademais, não
deixe de anotar as ideias principais que encontrar.

6) Lembre-se que os balancetes são ótimas ferramentas para sintetizar


movimentações extensas ou mesmo encontrar erros de classificação.
Desse modo, use-os sem economia.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 87
UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

1. INTRODUÇÃO
Na Unidade 1 você pode conhecer a trajetória e o
crescimento da Contabilidade na história das organizações.
Além disso, identificou que a profissão de contador
é regulamentada pelos órgãos competentes e que essa
regulamentação rege às normas e condutas da profissão.
Ao estudar a Unidade 2, você interpretará a Contabilidade
como um instrumento de organização da informação no
ambiente empresarial.
Apresentaremos as características de natureza das contas
contábeis e o seu relacionamento como células que culminam na
formação do patrimônio.
A escrituração é uma técnica contábil que consiste em
registrar, por ordem cronológica, todos os fatos administrativos
que ocorrem no patrimônio das entidades.
Os fatos administrativos são escriturados pela Contabilidade
aplicando-se um conjunto de regras com uniformidade.
O Método das Partidas Dobradas criado por Luca Paccioli,
é a forma mais difundida e universalmente aceita para a
escrituração dos fatos administrativos.
Ele consiste no princípio de que todo débito em uma conta
gera, simultaneamente, um crédito em outra.
Da mesma maneira, em um lançamento, a soma dos
débitos será igual à soma dos créditos ou, ainda, a soma dos
saldos devedores será igual à soma dos saldos credores.
Vale a pena conhecer alguns conceitos acerca do que vem
a ser débito e crédito em Contabilidade.

88 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Pois bem!
Utilizando uma linguagem simples da terminologia contábil,
podemos afirmar que o débito assume conotações distintas.
A mais expressiva e significante é aquela que o define
como representando os elementos positivos dentro do contexto
patrimonial.
Em contrapartida, ou seja, na linguagem comum e não
contábil, a palavra “débito” significa “dívida”, “situação negativa”,
“estar em débito com alguém” ou “dever para alguém”.
Portanto, você sempre deve ter esse conceito em mente,
pois, quando o aluno iniciante no curso de Contabilidade não se
conscientiza disso, dificilmente consegue aceitar que o débito
pode representar os elementos patrimoniais positivos.
Em se tratando do crédito, temos que na linguagem
comum, pode significar uma situação positiva, o que dá direito
às pessoas comprarem a prazo em estabelecimentos comerciais.
Já na terminologia contábil, o termo “crédito” também
pode possuir alguns significados diferentes. Desse modo, as
mesmas observações que fizemos para a palavra “débito” podem
ser aplicadas ao termo “crédito”.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de
forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua
compreensão integral, é necessário um estudo criterioso dos
conteúdos apresentados no Conteúdo Digital Integrador.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 89
UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

2.1. TRANSAÇÕES ECONÔMICO-FINANCEIRAS REPRESENTA-


DAS NA CONTABILIDADE

O conjunto de acontecimentos que constituem a dinâmica


patrimonial é proveniente dos atos e fatos administrativos.
Atos administrativos são ocorrências que não alteram
diretamente o patrimônio, restringindo-se à troca de valores no
âmbito de contas patrimoniais, ou seja, não geram modificação
nas contas de resultado.
Por exemplo: transferência de mercadorias para a produção,
transferência de funcionários entre departamentos etc.
Fatos administrativos são ocorrências que alteram o
patrimônio, trocando (permutando) seus valores ou modificando
o Patrimônio Líquido.
Assim, eles podem ser permutativos e modificativos.
• Fatos permutativos são os que provocam variações
dos elementos do Ativo e do Passivo, sem influenciar
o resultado ou a situação líquida da empresa (lucro ou
prejuízo).
Dessa forma, podemos dizer que esse tipo de fato altera a
qualidade do patrimônio sem alterar sua quantidade.
• Fatos modificativos produzem alterações na situação
líquida do patrimônio, ou seja, geram lucro ou prejuízo
através do uso das contas de resultado.
Podemos afirmar então, que fatos modificativos ocorrem
por meio de contas de resultado, sendo responsáveis pela
apuração da situação líquida do patrimônio (lucro ou prejuízo).
No caso de representarem lucro, serão fatos modificativos
aumentativos do patrimônio.

90 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Por outro lado, se representarem prejuízo, serão fatos


modificativos diminutivos do patrimônio.

Estrutura do Patrimônio e seus componentes


A seguir apresentaremos os principais conceitos da
estrutura contábil.
Patrimônio é uma palavra latina que significa “bens
originários dos pais”.
Na antiguidade, estava associado às posses de uma família,
posses estas que garantiam a manutenção da vida.
Por exemplo, um rebanho, a terra, sementes, entre outros,
eram necessidades que deviam ser registradas e controladas
para que não houvesse fome.
Com o passar dos tempos, a ampliação do comércio, o início
da era industrial e, finalmente, com a ascensão do capitalismo,
o patrimônio passou a ser a denominação do conjunto de Bens,
Direitos e Obrigações pertencentes a uma organização.
Dadas as afinidades entre os termos que compõem o
patrimônio, é interessante conceituá-los para que se possa fazer
perfeita distinção entre eles.
1) Bem: pela ótica econômica, é produto que possui
utilidade, prazer ou satisfação. Pela ótica financeira,
é todo produto suscetível de avaliação em dinheiro e
que satisfaz uma necessidade humana.
2) Bens de capital ou simplesmente Capital: são
utilizados pelas indústrias e fazendas, na produção de
outros bens (máquinas, terra agricultável etc.).

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 91
UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

3) Capital financeiro: representado pelo meio de troca, ou


seja, o papel moeda (dinheiro). Dinheiro não representa
riqueza, especificamente, mas, sim, a capacidade de
uma empresa ou indivíduo de adquirir bens de capital ou
bens de consumo. É apenas uma medida representativa
de riqueza, e não propriamente a riqueza.
4) Bens de consumo: são aqueles resultantes do processo
produtivo, e que se destinam diretamente ao consumo
do homem.
5) Recursos econômicos: são classificados como recursos
de propriedade e recursos humanos. Recursos de
propriedade são os naturais (terra, materiais) ou
os artificiais (máquinas, insumos de produção) que
produzem bens.
6) Poupança: é tudo o que deriva da capacidade de
trabalho, mas não é consumido, e, sim, revertido como
reserva para aproveitamento futuro.
7) Direito: representa a oportunidade futura de obtenção
de recursos. Essa oportunidade, normalmente, tem sua
origem na venda sem o recebimento pecuniário de um
bem ou serviço.
8) Obrigações: representam compromissos futuros de
pagamento. Esse compromisso, geralmente, origina-se
da aquisição de um bem ou serviço, sem o desembolso
da respectiva quantia pecuniária.
9) Patrimônio Líquido: é o nome dado à diferença obtida
entre os fluxos de entrada e de saída de capital na
empresa. É obtido pela seguinte equação: BENS +
DIREITOS – OBRIGAÇÕES = PATRIMÔNIO LÍQUIDO.

92 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

10) Bens e direitos: são representados no Balanço Patrimonial


como ativos. Todas as entradas de capital são registradas,
por convenção, do lado Direito do quadro.
11) Obrigações: são representadas no Balanço Patrimonial
como passivos. Todas as saídas de capital são registradas,
por convenção, do lado esquerdo do quadro.
12) Patrimônio Líquido: pode ser definido como a diferença
entre o valor do Ativo e do Passivo em um determinado
momento de uma entidade. As fontes do Patrimônio
Líquido podem ser provenientes de:
• Investimentos: efetuados pelos proprietários em
troca de ações, quotas ou outras participações.
• Lucros: acumulados na entidade como fonte
(adicional) de financiamento.
A seguir serão apresentadas as possíveis situações líquidas:

Situação 1

O resultado apurado é o lucro


Nessa situação, existem recursos suficientes para
pagamento de todas as obrigações contraídas, ou seja, existe
riqueza própria.

Situação 2

O resultado apurado é o prejuízo


Nessa configuração, há “Passivo a descoberto”, ou seja,
as obrigações contraídas são superiores ao volume de riqueza
própria.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 93
UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Situação 3

A situação é neutra
Essa configuração corresponde a uma situação teórica que
raramente poderia ocorrer na prática, já que, pelos volumes
aleatórios de compra e venda, uma empresa dificilmente teria
igualdade em seus volumes de negócios.

Estados patrimoniais
No Balanço Patrimonial, o Ativo representa os Bens e os
Direitos, enquanto o Passivo representa todas as obrigações.
O Balanço Patrimonial reflete a posição financeira de uma
empresa em um determinado momento.
É constituído por duas colunas: a coluna do lado direito
é denominada Passivo e Patrimônio Líquido, a coluna do lado
esquerdo é denominada Ativo.
O Balanço Patrimonial tem suas contas dinâmicas, ou seja,
elas variam o saldo em relação ao tempo.
Isso quer dizer que, a cada momento, o saldo pode estar
diferente.
O diferencial entre o Ativo e o Passivo sempre será dado
pelo Patrimônio Líquido. Considerando que as somas dos dois
lados do Balanço sempre devam ser iguais.
Resumindo, o patrimônio constitui-se de uma parte
representativa de bens e direitos denominada Ativo, e de uma
parte representativa de obrigações denominada Passivo.
A diferença entre Ativo e Passivo é denominada Patrimônio
Líquido e representa os investimentos dos sócios para a abertura

94 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

da empresa, assim como os resultados obtidos (lucro ou prejuízo)


nas operações.

Ativo
O Ativo representa o conjunto de Bens e Direitos da
entidade, a parte positiva do patrimônio. É tudo aquilo que a
entidade possui ou que tem a receber de terceiros.
São exemplos de direitos a receber de terceiros: duplicatas,
promissórias, aluguéis etc.
Os elementos que compõem o Ativo são revestidos
de algumas características especiais, tais como: apresentar
potencialidade de gerar benefícios econômicos para a entidade,
ser um recurso econômico, ser de propriedade ou estar na posse
de alguma entidade e ser mensurável monetariamente.
Assim, todo o elemento Ativo que não seja mais útil à
entidade e, portanto, tenha perdido sua capacidade de gerar
fluxo de caixa, não deve ser classificado como um elemento
Ativo.
Os bens são divididos em tangíveis (bens materiais com
forma física e palpável) e intangíveis: (têm como principal
característica a virtualidade, ou seja, a inexistência de corpo
físico).
O valor dos bens tangíveis é determinado intrinsecamente
pelo valor de aquisição, ou extrinsecamente pelo valor que
podem alcançar no mercado.
Já o valor dos bens intangíveis está vinculado a uma
capacidade tangível, que pode ser orçada em termos financeiros.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 95
UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Uma patente, por exemplo, é um bem intangível que pode


representar o direito de reproduzir um bem de consumo.
Assim, o que dita o valor da patente é a expectativa de seu
proprietário em obter recursos financeiros a partir da utilização
da tecnologia contida na patente ou de outorgar a um terceiro o
direito de explorar essa tecnologia.
O Código Civil Brasileiro distingue os bens em móveis, dos
bens imóveis. Como bens móveis temos: animais, máquinas,
equipamentos, estoques de mercadoria, entre outros. Bens
imóveis são os vinculados ao solo e que não podem ser retirados
sem destruição ou danos, tais como: edifícios, árvores, entre
outros.

Passivo
O Passivo representa todas as obrigações financeiras que
uma empresa tem com terceiros provenientes de transações
passadas, realizadas a prazo, com data de vencimento e
beneficiário certo e conhecido.
Dessa forma, os valores representados no Passivo
referem-se a capitais de terceiros, que, tendo vendido a prazo,
emprestaram recursos para a empresa, gerando uma obrigação
desta para com eles.
Do lado do Passivo, encontra-se o Patrimônio Líquido,
configurando também uma obrigação da empresa (pessoa
jurídica) com seus sócios (pessoas físicas).
O Passivo, portanto, abrange o capital de terceiros, o capital
próprio e suas variações presentes no Patrimônio Líquido.

96 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Patrimônio e Patrimônio Líquido


Patrimônio é o conjunto de Bens, Direitos e Obrigações
vinculados a uma pessoa física ou jurídica, com finalidade
definida e mensurável economicamente.
O Patrimônio Líquido consiste na diferença entre a soma
dos Bens e dos Direitos, subtraindo-se as Obrigações.
É formado pelo capital próprio da entidade, constituído
pelos valores aportados pelos sócios para a constituição da
empresa, adicionados dos resultados obtidos pelas operações.
A Contabilidade analisa o patrimônio sob o aspecto
qualitativo e quantitativo.
Qualitativamente, o patrimônio é estudado sob os aspectos
da terminologia típica de cada um dos elementos que o compõe,
tais como: bens numerários (caixa e bancos), bens de venda
(mercadorias, produtos acabados e matéria-prima), bens de
renda (veículos e imóveis para alugar) e bens de uso (máquinas e
equipamentos, materiais úteis e ferramentas).
Quantitativamente, os componentes patrimoniais são
estudados pelo valor financeiro que representam.
Esse valor refere-se ao custo histórico de sua aquisição,
quando se trata de bens e obrigações, valor representativo da
venda, quando se trata de mercadorias ou produtos e custo
histórico de aporte de capital, quando se trata do capital.
Graficamente o patrimônio é representado pelo Balanço
Patrimonial, no qual, do lado esquerdo encontra-se o Ativo e do
lado direito encontra-se o Passivo o Patrimônio Líquido.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 97
UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Estruturação e classificação de grupos do Ativo


De acordo com a legislação que regulamenta as Sociedades
por Ações, as contas do Ativo devem ser alocadas em ordem
decrescente do Grau de Liquidez (capacidade de pagamento),
enquanto as contas do Passivo devem ser alocadas de acordo
com o Grau de Exigibilidade.
Podemos visualizar essa obrigação no Balanço Patrimonial,
instrumento contábil que indica a situação financeira, econômica
e patrimonial de uma entidade e no qual as contas são
classificadas nos seguintes grupos:

Ativo Circulante
O Ativo Circulante é composto pelos Bens e Direitos que
irão ser convertidos em dinheiro, no prazo de até 12 meses.
Divide-se nos subgrupos: Disponível ou Disponibilidades,
Realizável a curto prazo ou Direitos, Estoques e Despesas
Antecipadas ou Despesas do Exercício Seguinte. Vejamos cada
um deles.
1) Disponível: composto pelas exigibilidades imediatas,
representadas pelas contas de caixa, bancos conta
movimento, cheques para cobrança e aplicações no
mercado aberto. Exemplos: caixa, bancos e fundo de
aplicação financeira.
2) Realizável a Curto Prazo: alocam os direitos a receber
no prazo de até 12 meses. Exemplos: impostos a
recuperar, duplicatas a receber ou clientes, (-) duplicatas
descontadas, (-) Perdas Estimadas com Créditos
de Liquidação Duvidosa. Estas duas últimas contas
representam contas retificadoras da conta duplicatas a

98 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

receber ou clientes e são classificadas no Ativo, tendo


saldos credores, por isso são demonstradas com o
sinal negativo (-).
3) Estoques: representam os bens destinados à
venda e que variam de acordo com a atividade da
entidade. Exemplos: produtos acabados, produtos em
elaboração, matérias-primas e mercadorias.
4) Despesas Antecipadas: compreende as despesas
pagas antecipadamente que serão consideradas como
custos ou despesas no decorrer do exercício seguinte.
Exemplos: seguros a vencer, aluguéis a vencer e
encargos a apropriar.

Ativo Não Circulante


O Ativo Não Circulante é um grupo composto pelos
seguintes subgrupos: Realizável a Longo Prazo, Investimentos,
Imobilizado e Intangível.
1) Realizável a Longo Prazo: é composto pelos direitos
que serão recebidos após o término do exercício
seguinte, isto é, após 12 meses. Exemplos: duplicatas
a receber (+12 meses), aluguéis a receber e contas
a receber. Independentemente do prazo, ainda são
classificadas nesse grupo, de acordo com a Lei das
S.A., as seguintes contas: adiantamentos a sócios,
adiantamentos a acionistas, empréstimos a coligadas,
empréstimos a controladas etc.
2) Investimento: são todas as aplicações de recursos
que não têm por finalidade o objetivo principal da
entidade. Exemplos: imóveis para aluguel, terrenos
para expansão, ações em outras empresas, participação

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 99
UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

em empresas coligadas, participação em empresas


controladas e obras de arte.
3) Imobilizado: representam as aplicações de recursos
em bens instrumentais que servem de meios para que
a entidade alcance seus objetivos. Os bens materiais
sofrem depreciação, os bens imateriais sofrem
amortização e os terrenos sofrem exaustão. Exemplos:
veículos, máquinas e equipamentos, imóveis,
embarcações, marcas e patentes e direitos autorais.
4) Intangível: representado por bens que possuem a ine-
xistência de corpo físico.

Estruturação e classificação dos grupos do Passivo

Passivo Circulante
O Passivo Circulante é composto por todas as obrigações
com prazo de vencimento em até 12 meses.
Exemplos: fornecedores, duplicatas a pagar, salários a
pagar, provisão para férias, provisão para imposto de renda e
empréstimos bancários.

Passivo Não Circulante


O Passivo Não Circulante representa as obrigações com
prazo de vencimento após 12 meses.
Exemplos: empréstimos bancários e financiamentos.
Nesse grupo, também são classificadas as seguintes
contas: adiantamentos de sócios, adiantamentos de acionistas,
empréstimos de coligadas e empréstimos de controladas.

100 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

São apresentadas também neste grupo as receitas recebidas


antecipadamente, também conhecidas como Resultados de
Exercício Futuro, que, de acordo com o regime de competência,
pertence ao exercício futuro.
Exemplos: receita antecipada e custos atribuídos à receita
antecipada.

Estruturação e classificação do Patrimônio Líquido

Patrimônio Líquido
Representa o capital que pertence aos proprietários.
Exemplos: capital social, reservas de capital, reservas de lucros
(legal, estatutária, contingência) e prejuízos acumulados.
1) Capital Social: discrimina o valor subscrito e o valor
que ainda será realizado pelos sócios ou acionistas.
2) Reservas de Capital: são as contas que registram
doações recebidas, eventualmente, pela entidade. No
caso de sociedades anônimas, o ágio na emissão de
ações, o produto da alienação de partes beneficiárias,
entre outras.
3) Reservas de Lucros: são as contas constituídas pela
apropriação de lucro da empresa.
4) Prejuízos Acumulados: registra o resultado negativo
da entidade, pois o positivo deve ser distribuído.

2.2. MECÂNICA CONTÁBIL

A Contabilidade é obtida a partir de lançamentos contábeis.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 101


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Os lançamentos contábeis são realizados com o objetivo


de documentar as transações financeiras das empresas.
Ela se preocupa em guardar toda a história de
movimentações ocorridas durante um Exercício Contábil, que
dura um ano e que, geralmente, acompanha o ano civil, ou seja,
vai de janeiro a dezembro.
Há casos, entretanto, de exercícios contábeis que
consideram outros meses do ano, como por exemplo, de abril a
março.
Como padrão, a Contabilidade considera alguns elementos
básicos que compõem os lançamentos contábeis e que são
julgados como suficientes para que, no futuro, esses lançamentos
sejam corretamente interpretados.

Lançamentos
Consideramos como elementos de um lançamento
contábil:
1) Data da transação.
2) Conta(s) de Débito.
3) Conta(s) de Crédito.
4) Histórico.
5) Valor financeiro da transação.
Um lançamento contábil alimenta uma Conta Contábil,
que é a menor divisão do patrimônio.
Para efeito de controle, ele é dividido em pequenas partes,
cada uma correspondendo respectivamente a um tipo diferente
de bem, direito ou obrigação.

102 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Por exemplo, dizemos que dinheiro é um bem e, como um


bem, faz parte do Ativo.
O Ativo é composto de uma série grande de bens, e cada
um deles corresponde a uma conta. O mesmo ocorre no Passivo
e no Patrimônio Líquido. Isso significa que uma conta armazena
valores da mesma espécie.
Os lançamentos atendem a duas funções: histórica,
consiste na narração do fato em ordem cronológica (dia, mês,
ano e local) e monetária, compreende o registro da expressão
monetária dos fatos e o seu agrupamento conforme a natureza
de cada um.
Eles devem ser escriturados de acordo com algumas
disposições técnicas, tais como: evidenciar o local e a data do
registro, a(s) conta(s) debitada(s), a(s) conta(s) creditada(s), o
histórico da operação e o valor da operação.

Fórmulas de lançamentos
Há quatro fórmulas para registrar os fatos contábeis, de
acordo com o número de contas debitadas e creditadas.

1ª Fórmula: uma conta debitada e outra creditada.


Exemplo: Recebimento de duplicatas no valor de R$
1.000,00 em dinheiro.
D: Caixa..........................................R$ 1.000,00
C: Duplicatas a Receber.................R$ 1.000,00

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 103


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

2ª Fórmula: uma conta debitada e mais de uma conta


creditada.
Exemplo: Recebimento de duplicatas no valor de R$
1.000,00 mais 10% de juros devido ao atraso no pagamento
efetuado pelo cliente em dinheiro.
D: Caixa..........................................R$ 1.100,00
C: Duplicatas a Receber...................R$ 1.000,00
C: Juros Ativos....................................R$ 100,00

3ª Fórmula: mais de uma conta debitada e uma conta


creditada.
Exemplo: Pagamento a fornecedores em dinheiro no valor
de R$ 1.000,00 mais juros de 10% devido ao atraso no pagamento.
D: Fornecedores........................R$ 1.000,00
D: Juros Passivos..........................R$ 100,00
C: Caixa.....................................R$ 1.100,00

4ª Fórmula: mais de uma conta debitada e mais de uma


conta creditada.
Exemplo: Compra de mercadorias no valor de R$ 1.000,00
e de móveis no valor de R$ 1.500,00 com pagamento de 50% à
vista e o restante a prazo.
D: Mercadorias......................R$ 1.000,00
D: Móveis e Utensílios...........R$ 1.500,00
C: Caixa..................................R$ 1.250,00
C: Duplicatas a Pagar.............R$ 1.250,00

104 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

2.3. PLANIFICAÇÃO CONTÁBIL

A escrituração contábil, ou seja, o registro dos fatos


que ocorrem nas empresas e modificam seu patrimônio, são
realizados a partir da utilização das contas contábeis.
Elas são apresentadas no Plano de Contas e servem como
suporte aos profissionais da área contábil.
O Plano de Contas envolve todas as contas previstas como
necessárias aos registros dos fatos contábeis de uma empresa.
Em razão disso, o Plano de Contas assume o papel de
instrumento de consulta para o profissional da área contábil.
Nele, estão determinados os parâmetros a serem seguidos
para decidir qual a origem e qual a aplicação de cada evento
contábil.
O plano ainda oferece a vantagem de uniformização das
contas utilizadas em cada registro, além de orientar a estrutura
das Demonstrações Contábeis.
Desse modo, o objetivo central do plano é estabelecer
normas de conduta para o registro das operações da organização.
Portanto, na sua elaboração, devem ser considerados três
objetivos fundamentais:
• Atender às necessidades de informações da
administração da entidade.
• Observar um formato compatível com os princípios
contábeis e com a norma legal que regula a elaboração
do Balanço Patrimonial e das demais Demonstrações
Contábeis, ou seja, a Lei nº 11.638/07.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 105


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

• Adaptar-se tanto quanto possível às exigências dos


agentes externos à entidade, como, por exemplo, os
fornecedores, os bancos, os órgãos fiscais, a auditoria
externa e, particularmente, as regras da legislação do
Imposto de Renda.
O plano completo deve apresentar os seguintes elementos:
1) Título das contas.
2) Classificação quanto ao grupo e subgrupo.
3) Função.
4) Relação entre os grupos ou mesmo entre as contas.
5) Normatização para registro de novas contas.
6) Critérios de codificação e previsão de derivações das
contas.
O título de cada conta deve expressar o significado
adequado das operações nela registradas, considerando-se que
as Demonstrações Contábeis originárias da escrituração contábil
não serão utilizadas apenas por usuários internos, mas também
por usuários externos, como bancos, e, no caso de Sociedades
Anônimas de capital aberto, por acionistas e investidores.
Dessa forma, quanto mais detalhado for o Plano de
Contas, melhor será sua interpretação pelos diversos usuários
da informação contábil.
A classificação das contas é dada em grupos que permitem
a comparação entre si, evidenciando a proporcionalidade entre
Bens, Direitos e Obrigações.
O Plano de Contas deve atender às necessidades da
empresa e ser elaborado segundo normas técnicas.

106 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Essa normatização está presente na lei que rege as


Sociedades Anônimas e que, por conseguinte, atende, também,
às empresas que são constituídas de formas distintas das
Sociedades Anônimas, mas que devem atender às mesmas
exigências legais com relação à prestação de contas.
Nesse sentido, fica evidente a importância de um Plano de
Contas devidamente estruturado.
No momento da elaboração do Plano de Contas devem ser
determinados os níveis hierárquicos entre elas. Eles têm como
objetivo, estabelecer graus de dependência entre as contas.
Assim, a dependente deve ter sempre classificação inferior
com relação à principal, bem como saldos desdobrados.
Normalmente, são empregados dois graus:
• Conta sintética ou principal (1º grau).
• Conta analítica ou derivada (2º grau).
Por exemplo:
1.1 Ativo Circulante – sintética
1.1.01.01 Caixa Principal – analítica
Cada conta deve ser identificada por um código que poderá
ser numérico ou alfabético ou ainda, utilizar a combinação de
letras e números que a distingue das demais, reproduzindo
sempre os graus de relacionamento hierárquico existentes. Por
exemplo:
1. Ativo
1.1 Ativo Circulante
1.1.1 Caixa Empresa

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 107


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

O plano varia de acordo com a natureza da operação da


entidade e não pode ser inflexível.
Portanto, ele deve permitir não apenas alterações que
tenham como finalidade reproduzir o dinamismo do mercado
em que a empresa atua, como também modificações nas
legislações comercial e fiscal, assim como nas normas e métodos
que regulam a atividade empresarial.
Nesse contexto, faz-se necessária a apresentação de um
Plano de Contas padrão possível de ser utilizado pela maioria das
empresas brasileiras, o qual deve conter as contas mais usuais,
quanto de modelos mais específicos e direcionados a cada tipo
de empresa.
A criação de novas contas, o cancelamento de algumas e
o desdobramento de outras devem ser permissíveis pelo plano,
o que permitirá que os registros acompanhem a evolução dos
fatos e permitam a melhor reprodução da dinâmica de mercado.
Para ilustrar a organização do Plano de Contas, segue uma
estrutura com as contas mais usuais.

Plano de Contas–––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. ATIVO
1.1 Circulante
1.1.01 Disponível
1.1.01.01 Caixa
1.1.01.01.01 Caixa
1.1.01.02 Banco conta Movimento
1.1.01.02.01 Banco do Brasil S/A.

108 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

1.1.01.02.02 Banco Itaú S/A.


1.1.01.02.03 Banco Bradesco S/A.
1.1.01.03 Aplicações Financeiras
1.1.01.03.01 Banco do Brasil S/A.
1.1.01.03.02 Banco Itaú S/A.
1.1.01.03.03 Banco Bradesco S/A.
1.1.02 Clientes
1.1.02.01 Cliente X
1.1.02.02 Cliente Y
1.1.03 Duplicatas a receber
1.1.04 (-) Duplicatas descontadas
(-) Perdas Estimadas com Créditos de Liquidação
1.1.05 Duvidosa
1.1.06 Adiantamento a fornecedores
1.1.06.01 Fornecedor X
1.1.07 Adiantamento a Empregados
1.1.07.01 Adiantamento Salarial
1.1.08 Títulos a receber
1.1.08.01 Nota Promissória a receber
1.1.09 Impostos Diversos a Compensar
1.1.09.01 ICMS a recuperar
1.1.09.02 IPI a recuperar
1.1.09.03 IRRF a recuperar
1.1.09.04 CSLL a recuperar
1.1.09.05 PIS a recuperar
1.1.09.06 INSS a recuperar
1.1.09.07 COFINS a recuperar

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 109


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

1.1.09.08 Outros tributos a recuperar


1.1.10 Estoques
1.1.10.01 Mercadoria para Revenda
1.1.10.02 Produtos em elaboração
1.1.10.03 Matéria Prima
1.1.10.04 Material de Embalagem
1.1.10.05 Materiais de Uso/Consumo.
1.1.10.06 Insumos para a Produção
1.1.11 Títulos e valores mobiliários
1.1.11.01 Depósito P/ incentivo fiscal
1.1.12 Despesas Antecipadas
1.1.12.01 Juros s/empréstimos de capital de giro
1.1.12.02 Juros s/financiamento Imobilizados
1.1.12.03 Despesas Financeiras
1.1.12.04 Seguros
1.1.12.05 Vale Transporte
1.1.12.06 Outras
1.2 Não Circulante
1.2.01 Realizável a Longo Prazo
1.2.01.01 Aplicações em Incentivos Fiscais
1.2.02 Investimentos
1.2.02.01 Participação empresas ações diversas
1.2.02.02 Outros Investimentos
1.2.03 Imobilizado
1.2.03.01 Terrenos
1.2.03.02 Móveis e Utensílios

110 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

1.2.03.03 (-) Depreciação Móveis e Utensílios


1.2.03.04 Instalações
1.2.03.05 (-) Depreciação Instalações
1.2.03.06 Máquinas, equipamentos e ferramentas
(-) Depreciação maquinas, equipamentos e
1.2.03.07 ferramentas
1.2.03.08 Computadores e periféricos
1.2.03.09 (-) Depreciação Computadores
1.2.03.10 Veículos
1.2.03.11 (-) Depreciação de Veículos
1.2.03.12 Imóveis
1.2.03.13 (-) Depreciação de Imóveis
1.2.04 Intangíveis
1.2.04.01 Marcas e Patentes
1.2.04.02 (-) Amortização Marcas e Patentes
1.2.04.03 Pesquisa e desenvolvimento
1.2.04.04 (-) Amortização Pesquisa e Desenvolvimento
1.2.04.05 Direitos Autorais
1.2.04.06 (-) Amortização sobre direitos Autorais

2. PASSIVO
2.1 Circulante
2.1.01 Obrigações Operacionais
2.1.01.01 Salários a Pagar
2.1.01.02 Fornecedores
2.1.01.03 Duplicatas a Pagar
2.1.01.04 Empréstimos e Financiamentos

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 111


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

2.1.01.05 Imposto a pagar / Recolher


2.1.01.06 Títulos a pagar
2.1.01.07 Encargos Sociais a Recolher
2.1.01.08 Outros Títulos a Pagar
2.1.01.09 Aluguéis a Pagar
2.1.01.10 Água e Luz a Pagar
2.1.01.11 Dividendos Propostos a Pagar
2.2 Não Circulante
2.2.01 Exigível a Longo Prazo
2.2.01.01 Promissórias a Pagar de Longo Prazo
2.3 Patrimônio Liquido
2.3.01 Capital Social
2.3.01.01 Capital Subscrito
2.3.01.02 (-) Capital a Integralizar
2.3.02 Reservas de Capital
2.3.02.01 Ágio na emissão de Ações
2.3.02.02 Alienação de partes beneficiárias
2.3.03 Reservas de Reavaliação (saldos de 2007)
2.3.04 Ajustes de Avaliação Patrimonial
2.3.05 Reservas de Lucros
2.3.05.01 Reserva Legal
2.3.05.02 Reserva Estatutária
2.3.05.03 Reserva para Contingências
2.3.05.04 Reservas de Incentivos Fiscais
2.3.05.05 Reserva de Retenção de Lucros
2.3.05.06 Reserva de Lucros a Realizar

112 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Reserva Especial p/ Dividendos Obrigatórios


2.3.05.07 Não Distribuídos
2.3.06 (-) Ações em Tesouraria
2.3.07 (-) Prejuízos Acumulados
2.3.07.01 Lucros do Exercício
2.3.07.02 (-) Prejuízos do Exercício

3. DESPESAS
3.1 Custos diretos da produção e custos das mercadorias
3.1.01 Custos dos produtos vendidos
3.1.01.01 CPV
3.1.02 Custos das Mercadorias Vendidas
3.1.02.01 CMV
3.02 Despesas Operacionais
3.2.01 Despesas Administrativas
3.2.01.01 13º Salário
3.2.01.02 Adicional Noturno
3.2.01.03 Água / Esgoto
3.2.01.04 Alimentação
3.2.01.05 Aluguéis e Arrendamento
3.2.01.06 Assistência médica / social
3.2.01.07 Associação de Classe
3.2.01.08 Contribuição / Donativos
3.2.01.09 Correios
3.2.01.10 Depreciação / Amortização
3.2.01.11 Despesas com manutenção da loja
3.2.01.12 Farmácia

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 113


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

3.2.01.13 Férias
3.2.01.14 FGTS
3.2.01.15 Gás
3.2.01.16 Horas Extras
3.2.01.17 Impostos e Taxas
3.2.01.18 Impressos
3.2.01.19 Indenizações / Aviso Prévio
3.2.01.20 INSS
3.2.01.21 Legais e Judiciais
3.2.01.22 Luz
3.2.01.23 Materiais de Consumo
3.2.01.24 Multas de trânsito
3.2.01.25 Multas Fiscais
3.2.01.26 Pró-Labore Administração
3.2.01.27 Propaganda e Publicidade
3.2.01.28 Reproduções
3.2.01.29 Revistas e Jornais
3.2.01.30 Salários e Ordenados
3.2.01.31 Seguros
3.2.01.32 Serviços Terceiros pessoa Física
3.2.01.33 Serviços Terceiros pessoa Jurídica
3.2.01.34 Telefone
3.2.01.35 Vale Transporte
3.2.01.36 Viagens e representações
3.2.02 Despesas Comerciais
Perdas Estimadas com Créditos de Liquidação
3.2.02.01 Duvidosa

114 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

3.2.02.02 Amostra grátis


3.2.02.03 Combustível
3.2.02.04 Comissões de Venda
3.2.02.05 Embalagens
3.2.02.06 Frete na entrega
3.2.02.07 Imposto s/ veículos
3.2.02.08 Manutenção de veículos
3.2.02.09 Propaganda e Publicidade
3.2.03 Despesas Financeiras
3.2.03.01 Encargos e Juros de Mora
3.2.03.02 Despesas Bancárias
3.2.03.03 CPMF
3.3 Despesas não operacionais
4. RECEITAS
4.1 Receita Bruta S/ vendas e serviços
4.1.01 Receita Bruta de Vendas
4.1.01.01 Revenda de mercadorias
4.1.02 Receita Bruta de Serviços
4.1.02.01 Prestação de Serviços
4.2 Dedução de receita bruta de vendas / serviços
4.2.01 Dedução de receita bruta de vendas
4.2.01.01 Cancelamento de devoluções
4.2.01.02 Abatimento incondicional
4.2.01.03 ICMS
4.2.01.04 COFINS
4.2.01.05 PIS s/vendas e serviços

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 115


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

4.2.02 Dedução de receita bruta s/ serviços


4.2.02.01 ISS
4.3 Receita operacional
4.3.01 Receita Financeira
4.3.01.01 Variação monetária ativa
4.3.01.02 Juros s/aplicações financeiras
4.3.01.03 Descontos obtidos
4.3.01.04 Receita de aplicações pré-fixadas
4.3.01.05 Multas ativas
4.3.01.06 Dividendos
4.3.01.07 Juros s/ duplicatas
4.3.02 Recuperações diversas
4.3.02.01 Reembolsos diversos
4.3.02.02 Venda de sucatas
4.3.03 Receitas Patrimoniais
4.3.03.01 Resultado de venda de bens
4.4 Receita de Participações Societárias
4.4.01 Receita em Participações com Empresas Coligadas
4.4.01.01 Receita de Participações Societárias
4.5 Outras Receitas não operacionais

5. CONTAS TRANSITÓRIAS
5.1 Resultado do Exercício
5.1.01 Apuração de resultado
5.1.01.01 Resultado do exercício
5.1.01.02 Resultado com mercadorias
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

116 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

2.4. CONTAS PATRIMONIAIS


As contas patrimoniais possuem a característica de terem
saldos dinâmicos. Isso significa que no transcorrer do ano
contábil, elas terão saldos flutuantes com números que podem
aumentar ou diminuir.
Os saldos das contas patrimoniais são transferidos de um
ano para outro e procuram representar a evolução econômica e
financeira através das transações comerciais desenvolvidas pela
empresa.
Podemos identificar alguns exemplos de contas contábeis
classificadas nesse grupo com base na análise de um Plano de
Contas devidamente estruturado.
Nesse sentido, citamos a seguir algumas contas que servem
de exemplos de contas patrimoniais e a sua caracterização dentro
do grupo ao qual pertence.
No grupo do Ativo Circulante, por exemplo, temos a conta
contábil que representa o dinheiro que a empresa tem em seu
caixa, expresso na conta contábil Caixa.
O dinheiro disponível em contas bancárias nas quais a
empresa possui uma conta corrente é representado na conta
contábil denominada Bancos Conta Movimento.
Vale observar que essas contas são, normalmente,
discriminadas pelo nome da instituição bancária propriamente
dita, especificando assim, a conta que deve ser movimentada
quando da escrituração de um fato contábil que a utilize.
Outros exemplos de contas patrimoniais do grupo do
Ativo Circulante são aquelas que representam os tributos que a

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 117


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

empresa tem o direito de recuperar, ou seja, de reaver quando


da escrituração fiscal.
Geralmente os saldos dessas contas são gerados com base
na não cumulatividade de alguns tributos, ou seja, no benefício
gerado por conta dessa modalidade de apuração do tributo.
Nesse grupo de contas encontramos, por exemplo, o ICMS
a Recuperar, o IPI a Recuperar, o PIS a Recuperar, a COFINS a
Recuperar entre outras.
Esse é um grupo de contas que merece atenção quando
do seu estudo, especialmente na contabilização das operações
mercantis de compra e venda, nas quais os tributos são incidentes
e geram movimentação.

Estoques
Esse é outro grupo de contas patrimoniais de muita
representatividade.
Nele, são apresentados os saldos contábeis de todos os
estoques que a empresa possui independentemente da sua
categoria.
Seu controle é feito por intermédio da Contabilidade, em
registros contábeis de entrada e saída, e, fisicamente, por meio
do almoxarifado, que deve manter um controle em conformidade
com as políticas da empresa, confrontando com periodicidade o
saldo físico com o contábil.
Como exemplos temos:
1) Estoque de Mercadoria para Revenda.
2) Produtos em Elaboração.
3) Matéria-prima.

118 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

4) Material de Embalagem.
5) Materiais de Uso e Consumo.
Já o grupo do Ativo Não Circulante contempla um conjunto
de contas patrimoniais de especial relevância nos estudos da
Contabilidade.
Nele encontramos registrado todo o imobilizado da
empresa, lembrando que o imobilizado é composto por bens
utilizados na sua operação.
Como exemplos temos:
1) Móveis e Utensílios.
2) Máquinas, Equipamentos e Ferramentas.
3) Computadores e Periféricos.
4) Veículos.
Uma observação em relação a esse grupo de contas é
que todo componente patrimonial nele registrado sofre um
processo de desvalorização por conta da sua utilização. A isso,
denominamos depreciação.
Essa depreciação é acumulada e representa uma despesa
para a empresa.
Sendo assim, a Contabilidade deve registrar essa
depreciação, apresentando seu valor sempre abaixo do valor do
componente (imobilizado) depreciado.
Temos, portanto, a depreciação dos Móveis e Utensílios,
das Máquinas, Equipamentos e Ferramentas, dos Computadores
e Periféricos, dos Veículos e assim por diante.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 119


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Nas contas do Passivo também observamos particularidades,


sendo elas apresentadas distintamente nos grupos Circulante e
Não Circulante.
Como o Passivo representa as obrigações da empresa, é
claro que nesse grupo de contas encontramos as obrigações
operacionais expressas por meio das contas contábeis como:
1) Salários a Pagar.
1) Fornecedores.
2) Duplicatas a Pagar.
3) Empréstimos e Financiamentos.
4) Imposto a Recolher etc.
Uma observação a ser feita diz respeito à nomenclatura
da conta Impostos a Recolher. Na verdade, a empresa apura e
repassa o valor dos impostos aos cofres públicos Municipais,
Estaduais ou Federais.
Nesse sentido, a expressão “a Recolher” é mais coerente,
pois as empresas estão recolhendo e não pagando o tributo.
Afinal, esses tributos são repassados e não propriamente
devidos pelas empresas.
Alguns impostos que configuram essa explicação são:
1) ICMS (Imposto sobre Operações Relativas à Circulação
de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços
de Transporte Interestadual e intermunicipal e de
Comunicação e Energia Elétrica).
2) IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
3) ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza).
4) IE (Imposto de Exportação).

120 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

No Passivo Não Circulante temos as contas que representam


obrigações da empresa a longo prazo, daí a expressão “Não
Circulante”.
São obrigações exigíveis em um longo período de tempo,
ou seja, mais de um exercício social.
Um exemplo seria a conta contábil Promissórias a Pagar de
Longo Prazo.
O Patrimônio Líquido é o último grande grupo de contas
patrimoniais. Nele podemos identificar algumas contas como a
que representa o Capital Social que a empresa foi constituída.
As reservas e o resultado das atividades da empresa
também são apresentados nesse grupo de contas.
Como exemplos destacamos as reservas constituídas a
partir do lucro:
1) Reserva Legal.
2) Reserva Estatutária.
3) Reserva para Contingências.
4) Reservas de Incentivos Fiscais.
A Lei nº 11.638/07 que regulamenta as Sociedades
por Ações (S.A.) estabelece que as contas do Ativo devem ser
alocadas em ordem decrescente de acordo com seu Grau de
Liquidez, ou seja, sua capacidade de pagamento, ao passo que
as contas do Passivo devem ser alocadas de acordo com o Grau
de Exigibilidade, ou seja, necessidade de desembolso.
O Balanço Patrimonial precisa representar essa
obrigatoriedade e desse modo, sempre será organizado de tal
forma que as contas do Ativo estejam posicionadas da mais
líquida para a menos líquida.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 121


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Da mesma forma, as contas do Passivo relacionadas aos


prazos de vencimento, devem estar posicionadas da mais urgente
para a menos urgente.
As contas patrimoniais estão, portanto, organizadas em
grupos obedecendo sua liquidez e sua exigibilidade.

Características das contas nos grupos do Ativo


Os componentes do Ativo representam os Bens e os
Direitos da empresa e possuem como característica os saldos
evolutivos e não apenas acumulativos. Isso significa que os saldos
dessas contas são dinâmicos e podem aumentar e diminuir,
considerando as transações que ocorrerem.

Ativos quanto à sua capacidade de realização


A realização de um Ativo significa a sua conversão em
dinheiro, considerado o bem mais líquido. Isso significa que
quanto mais rápido converter um bem em dinheiro, maior será
o Grua de Liquidez.
Em Contabilidade classifica-se como de Curto Prazo ou
Circulante, toda transação liquidada no período de 12 meses,
enquanto que os ativos que serão liquidados após 12 meses, são
classificados como de Longo Prazo ou Não Circulante.
Como você pode imaginar, se um ativo for conversível em
dinheiro em longo prazo, ele será menos líquido que o ativo
conversível em curto prazo.
Ativos pertencentes ao grupo do Imobilizado não são
conversíveis em dinheiro, uma vez que são bens de capital e são
utilizados na atividade-fim, ou seja, nas operações da empresa. Se

122 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

esses ativos fossem vendidos, a empresa ficaria impossibilitada


de operar ou teria sua capacidade de operação reduzida.
Entretanto, em determinadas circunstâncias, ativos
pertencentes ao grupo do Imobilizado são vendidos.
Isso acontece nos casos em que o bem não serve mais para
a operação a que se destina em virtude de sua obsolescência
ou de sua depreciação. Um bem totalmente depreciado não é
necessariamente obsoleto.
Nesse caso, o bem totalmente depreciado pode ser vendido
para uma empresa que não demande um bem novo.

Características das contas nos grupos do Passivo


A totalidade dos valores que irão compor o Passivo deve
estar atualizada até a data do balanço, acrescida de todos os
juros devidos e não pagos até aquela data.
São características do Passivo:
1) Requerer um dispêndio de dinheiro futuro.
2) Ser resultado de uma transação do passado.
3) Ser passível de mensuração ou de aproximação razoável.
4) Ter contrapartida no Ativo, nas Despesas ou no próprio
Passivo/Patrimônio Líquido.

Passivos quanto à sua característica de exigibilidade


Todo passivo possui uma característica que determina sua
necessidade de pagamento. Por essa razão, é considerado um
desembolso ou um exigível.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 123


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

A liquidação desses valores que constam no Passivo


normalmente ocorre em favor do Governo, na forma dos
tributos, em favor de fornecedores pelos produtos ou Bens de
Capital que forneceram e em favor de instituições financeiras
quando representam tomada de capital financeiro.
Essas pessoas detêm a posse do capital que se encontra na
empresa.
Logo, podemos afirmar que o Passivo representa as
dívidas da empresa para com terceiros, as quais também são
denominadas de Capital de Terceiros.
Os exigíveis são classificados pela sua necessidade de
desembolso. Essa característica é determinada pelo tempo para
pagamento.
Conforme a definição que já expusemos, os exigíveis que
devem ser amortizados ou quitados dentro de 12 meses são
classificados Curto Prazo ou Circulante.
Acima de 12 meses os exigíveis são classificados Longo
Prazo ou Não Circulante.

Características das contas nos grupos do Patrimônio Líquido


O Patrimônio Líquido pode ser encontrado por meio da
diferença entre o Ativo e o Passivo.
Usualmente, ele é interpretado como uma obrigação
da empresa para com os seus proprietários. Embora não haja
a obrigação do reembolso de sua aplicação, esses sócios terão
direito aos lucros auferidos pelas atividades empresariais.
Desse modo temos no lado da origem ou fontes dos
recursos, dois tipos de obrigações:

124 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

• Obrigações Exigíveis: capital de terceiros.


• Obrigações Não Exigíveis: capital próprio.

Patrimônio Líquido quanto à sua natureza


O Patrimônio Líquido demonstra o total de recursos
aplicados na empresa pelos proprietários.
As aplicações dos proprietários normalmente são
compostas pelo Capital Social e pelos lucros retidos, ou seja,
pela parte do lucro não distribuída aos donos, mas reinvestida
na empresa.
Conforme a legislação brasileira, o Patrimônio Líquido é
dividido, além do Capital Social, em Reservas (destinos específicos
para o lucro não distribuído) e outros itens.
Entretanto, para simplificação contábil, o ideal é ver o
Patrimônio Líquido como investimentos dos donos da empresa,
ou seja, o quanto os proprietários aplicaram nela.
A seguir, estudaremos outro tipo de conta: as Contas de
Resultado.

2.5. CONTAS DE RESULTADO

As Contas de Resultado, diferentemente das Contas


Patrimoniais não têm seu saldo dinâmico, mas sim cumulativo.
Isso significa que os saldos dessas contas apenas crescem
com o passar do exercício financeiro, o que se deve ao fato de
elas servirem ao propósito de medir o montante gerado em
despesas e receitas.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 125


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Esses montantes podem ser observados através das contas


de Receitas, que representam entrada de capital, e Despesas,
que geram saída de capital.
Ao final do exercício, confrontando-se o montante de
receitas com o montante de despesas, obtém-se o Resultado do
Exercício, que pode ser lucro (se o total das receitas for superior
ao total das despesas) ou prejuízo (se ocorrer o contrário).
Dessa forma, realiza-se a documentação dessa
movimentação puramente contábil transferindo-se os saldos das
contas de Despesas e de Receitas para uma conta transitória,
denominada de Resultado do Exercício.
As contas de Despesa sempre possuirão saldos devedores,
logo, receberão débitos de forma cumulativa até o final do
exercício, quando serão zeradas.
Da mesma forma, as contas de Receita sempre possuirão
saldos credores, logo, receberão créditos de forma cumulativa
até o final do exercício, quando serão zeradas.
Assim, as contas de resultado não transferem saldos para o
ano subsequente, diferentemente das contas patrimoniais, que
transferem seus saldos de um ano para outro.
Quando é efetuado o controle de estoques, a empresa
apura, conjuntamente a ele, o custo das mercadorias, dos
produtos ou dos serviços. Esse custo é expresso na conta CMV
– Custo das Mercadorias Vendidas, sendo ela um exemplo de
conta de resultado.
Se a empresa não for uma indústria, ou seja, se não
produzir efetivamente um bem, ela poderá ser classificada como
comércio ou prestadora de serviços.

126 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

O que diferencia uma da outra é, basicamente, o objeto


de trabalho da empresa, a finalidade com que foi constituída:
indústria, comércio ou prestação de serviços.
Encontramos outras despesas que compõem o elenco de
contas dessa natureza.
Como exemplo, podemos observar grupos específicos de
despesas, como as Despesas Financeiras, as Despesas Comerciais
e as Despesas Administrativas.
Alguns exemplos são:
1) 13º Salário, Adicional noturno.
2) Água e Esgoto.
3) Alimentação.
4) Correios.
5) Depreciação/Amortização/Exaustão.
6) Farmácia.
7) Impressos.
8) Energia Elétrica.
9) Revistas e Jornais.
10) Telefone.
11) Combustível etc.
Com relação às receitas, dizemos que estas podem ser
geradas a partir de algumas operações distintas, sendo obtidas,
basicamente, pela venda de produtos ou de mercadorias, bem
como pela prestação de serviços.
No entanto, as receitas não se limitam a essas fontes.
Identificamos, também, outras formas de obtenção de renda
para a empresa gerando receitas, as quais são perfeitamente

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 127


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

perceptíveis ao se obter um rendimento sobre aplicações


bancárias ou ao se vender outros bens da empresa, como o
imobilizado em desuso ou a venda de sucatas.
Como exemplos temos as seguintes contas:
1) Venda de Mercadorias.
2) Prestação de Serviços.
3) Variação Monetária Ativa.
4) Juros sem Aplicações Financeiras.
5) Venda de Sucatas etc.

2.6. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL OU MECÂNICA CONTÁBIL

De acordo com o art. 1.179 do Código Civil Brasileiro,


todas as empresas estão obrigadas a seguir um sistema de
Contabilidade com base na escrituração uniforme dos seus livros,
em correspondência com a documentação que as identifique.
Existem diversos processos para registrar os fatos
administrativos na Contabilidade tais como: manual (escrituração
manuscrita), mecanizada (efetuada em máquinas datilográficas
comuns) e eletrônica (com a utilização de softwares aplicativos).
Mas, independentemente da forma de escrituração, os
livros sempre serão constituídos a partir delas.
No processo eletrônico, atualmente o mais difundido, os
lançamentos são introduzidos por digitação e processados por
um programa de computador que poderá, a qualquer momento,
fornecer as informações contábeis.
Essas informações podem ser, por exemplo, guias para
o pagamento de tributos, folha de pagamento, relatórios de

128 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


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contas a receber e a pagar, relatórios gerenciais, sínteses de


movimentações, demonstrativos de Fluxo de Caixa etc.
Você consegue perceber a abrangência que a escrituração
exerce nas empresas?
Sem ela, não é possível fazer o acompanhamento da
evolução patrimonial ocorrida durante um exercício social.
Quando falamos de Contabilidade, não podemos nos
esquecer de que ela pode ser considerada um grande sistema
de informação.
Nesse contexto, a maneira ideal de divulgar as informações
é por meio de relatórios, também conhecidos como livros.

2.7. LIVROS CONTÁBEIS, FISCAIS E SOCIETÁRIOS

Para registrar os fatos administrativos que alteram o


patrimônio e atender às obrigações das legislações comercial,
tributária, trabalhista e previdenciária, as empresas,
independentemente de sua natureza jurídica, utilizam-se dos
diversos livros contábeis de escrituração.
Alguns dos livros não são obrigatórios, mas normalmente
são escriturados pelas empresas no sentido de representar
um esforço de melhor administrar, e por isso também são
escriturados.

2.8. LANÇAMENTO

O lançamento é o registro dos fatos contábeis realizados


por meio do Método das Partidas Dobradas.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 129


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Aqui, a partida devedora é representada pela aplicação


do recurso, e a partida credora é representada pela origem do
recurso.
Ao elaborar um lançamento contábil, este deve atender
a duas funções específicas: a função histórica que narra o fato
em ordem cronológica, e a função monetária que expressa
monetariamente o fato em evidência.
Além disso, os lançamentos devem ser registrados
seguindo algumas disposições técnicas, representadas por cinco
componentes básicos, a saber: data, conta devedora, conta
credora, histórico e valor da operação.
Por exemplo: compra de mercadorias à vista de
“Nepomuceno e Filhos Ltda.” no dia 10 de agosto de 20XX,
conforme nota Fiscal 578 no valor de R$ 42.000,00.

Fórmulas de lançamentos
Dispomos de quatro maneiras distintas para registrar
os acontecimentos contábeis em função do número de contas
debitadas e creditadas utilizadas no lançamento, as quais são
denominadas de fórmulas.

1ª Fórmula: uma conta debitada e outra creditada


Recebimento de duplicatas em dinheiro no valor total de
R$ 5.000,00.
D: Caixa
C: Duplicatas a Receber.....................................R$ 5.000,00

130 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

2ª Fórmula: uma conta debitada e mais de uma conta creditada


Recebimento de duplicatas em dinheiro no valor de
R$ 5.000,00 somando-se 10% de juros em razão do atraso no
pagamento por parte do cliente.
D: Caixa...........................................R$ 5.500,00
C: Duplicatas a Receber..................R$ 5.000,00
C: Juros Ativos....................................R$500,00
Observe o desdobramento dos créditos. Os R$ 500,00
representam os juros cobrados de pessoas que adquiriram
produtos da empresa, mas pagaram em atraso a duplicata.
Esse valor não faz parte da duplicata em si, mas representa
encargos financeiros.
Por essa razão deve ser representado na Contabilidade em
separado.
Veja que, embora os valores dos créditos estejam
desdobrados, sua soma é igual ao valor do débito.

3ª Fórmula: mais de uma conta debitada e uma conta creditada


Pagamento a fornecedores no valor de R$ 6.000,00 em
dinheiro, mais juros de 5% devido ao atraso no pagamento.
D: Fornecedores...............................R$ 6.000,00
D: Juros Passivos.................................R$ 300,00
C: Caixa............................................R$ 6.300,00
Observe o desdobramento dos débitos. Ao contrário do
exemplo da 2ª Fórmula, nesse caso pagam-se juros em vez de
receber.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 131


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Da mesma forma, os juros não integram o valor da fatura.


Por essa razão, devem ser representados em separado.
Note que mesmo com o desdobramento, a soma dos
débitos é igual ao crédito.

4ª Fórmula: mais de uma conta debitada e mais de uma conta


creditada
Compra de mercadorias no valor de R$ 1.000,00 e de
móveis no valor de R$ 2.000,00 com pagamento de 50% à vista e
o restante a prazo.
D: Mercadorias ...............................R$ 1.000,00
D: Móveis e Utensílios.....................R$ 2.000,00
C: Caixa............................................R$ 1.500,00
C: Duplicatas a Pagar.......................R$ 1.500,00
Observe o desdobramento dos débitos. Uma única compra
refere-se a duas qualidades distintas de ativos: Mercadorias
que vão para os Estoques e Móveis que é imobilizado e por isso
devem ser registrados em separado.
Pelo lado do crédito, o Caixa representa a parcela paga à
vista, isto é, um desembolso imediato. Já a conta Duplicatas a
Receber vai figurar como uma obrigação no Passivo até o efetivo
pagamento.
Assim, como nos outros casos, observe que, embora os
valores dos débitos e dos créditos estejam desdobrados, a soma
dos créditos é igual à soma dos débitos.
Não podemos nos esquecer de que todo esse processo
de escrituração está embasado em alguns passos que devem

132 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


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ser rigorosamente seguidos, caso contrário o lançamento não


atingirá seu objetivo.
• 1º passo: verificar o local e a data da ocorrência do fato.
• 2º passo: verificar o documento emitido para comprovar
a operação.
• 3º passo: identificar, no fato, os elementos patrimoniais
envolvidos.
• 4º passo: verificar, no Plano de Contas, quais contas
serão utilizadas para registrar cada um dos elementos
patrimoniais identificados no passo anterior.
• 5º passo: preparar o histórico do evento.
• 6º passo: identificar a conta a ser debitada e a conta a
ser creditada.
• 7º passo: efetuar o lançamento contábil.
Para uma melhor visualização dessa dinâmica,
apresentamos a você uma sequência de fatos gerados pela
escrituração contábil por meio dos lançamentos.

Lançamento – exemplos
10/01 – Três amigos resolveram organizar uma empresa à qual
denominaram “Comercial Três Amigos Ltda.” com um capital
integralizado no ato em moeda corrente do país no valor de R$
35.000,00.
As primeiras operações (fatos) dessa empresa foram as
seguintes:
D: Caixa..............................................................R$ 35.000,00
C: Capital Social..................................................R$ 35.000,00

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 133


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

12/01 – Compra de um imóvel no valor de R$ 30.000,00 pagos


da seguinte maneira: R$ 3.000,00 em dinheiro e o restante
mediante uma nota Promissória com vencimento para 90 dias.
D: Imóveis..........................................................R$ 30.000,00
C: Caixa................................................................R$ 3.000,00
C: Promissórias a Pagar......................................R$ 27.000,00

14/01 – Compra à vista dos móveis necessários à instalação da


empresa no valor de R$ 3.000,00.
D: Móveis e Utensílios.......................................R$ 3.000,00
C: Caixa..............................................................R$ 3.000,00

16/01 – Foram comprados da “Cia. 123 S.A.” por R$ 8.500,00 a


prazo, alguns equipamentos necessários ao bom funcionamento
da empresa.
D: Máquinas e Equipamentos............................R$ 8.500,00
C: Fornecedores.................................................R$ 8.500,00

18/01 – Abertura de uma conta corrente em um estabelecimento


bancário com um depósito inicial de R$ 1.000,00.
D: Bancos Conta Movimento..................................R$ 1.000,00
C: Caixa....................................................................R$ 1.000,00

24/01 – Pagamento em dinheiro de parte da dívida contraída na


compra dos equipamentos no valor de R$ 5.000,00.

134 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

D: Fornecedores......................................................R$ 5.000,00
C: Caixa....................................................................R$ 5.000,00

26/01 – Os sócios resolveram aumentar o capital da empresa em


R$ 100.000,00 integralizado em dinheiro.
D: Caixa...................................................................R$ 100.000,00
C: Capital Social......................................................R$ 100.000,00

28/01 – Compra de peças para manutenção que abastecerão o


estoque no valor de R$ 17.000,00 à vista com pagamento em
dinheiro.
D: Estoques...............................................................R$ 17.000,00
C: Caixa.....................................................................R$ 17.000,00

01/02 – Compra de um terreno no valor de R$ 20.000,00


onde futuramente será construído um barracão que servirá de
depósito da empresa com pagamento à vista.
D: Terrenos................................................................R$ 20.000,00
C: Caixa......................................................................R$ 20.000,00

05/02 – Aquisição de um veículo que será utilizado pelo setor


comercial no valor de R$ 18.000,00 sendo pagos R$ 6.000,00
à vista em dinheiro e o restante em duas parcelas iguais de R$
6.000,00 cada uma mediante a emissão de duplicatas.
D: Veículos................................................................R$ 18.000,00

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 135


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

C: Caixa........................................................................R$ 6.000,00
C: Duplicatas a Pagar.................................................R$ 12.000,00

09/02 – Obtenção de empréstimo bancário no valor de R$


15.000,00.
D: Bancos Conta Movimento...................................R$ 15.000,00
C: Empréstimo Bancário a Pagar..............................R$ 15.000,00

11/02 – Compra de mesas, cadeiras e estantes para o escritório


no valor de R$ 7.000,00 pagos em cheque.
D: Móveis e Utensílios.............................................R$ 7.000,00
C: Bancos Conta Movimento...................................R$ 7.000,00

14/02 – Depósito bancário no valor de R$ 10.000,00


D: Bancos Conta Movimento................................R$ 10.000,00
C: Caixa.................................................................R$ 10.000,00

Razonetes
Também denominados de “contas T”, os razonetes servem
para representar a razão contábil de forma simplificada.
O Livro Razão serve para controlar separadamente, de
forma individualizada, o movimento do saldo das contas.
O controle individualizado das contas é importante para se
conhecer a estrutura e a composição do seu saldo em diversos

136 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


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momentos, possibilitando o rastreamento de lançamentos, a


apuração de resultados e a elaboração de relatórios contábeis.
Uma das vantagens do razonete é sua simplicidade
gráfica, que auxilia a visualização da dinâmica do lançamento e,
consequentemente, o aprendizado da Contabilidade.
Os razonetes funcionam como “contas correntes”, ou seja,
seus saldos sempre são atualizados com base nos lançamentos
realizados durante o período.
Nas Contas Patrimoniais eles recebem os saldos anteriores.
Já, nas Contas de Resultado eles são abertos no início de cada
exercício social com saldos zerados.
Lembrando que, cada conta tem seu razonete específico!
Nesse momento, como não haverá mais lançamento, é
necessário apurar o saldo contábil de cada conta movimentada,
apresentando, assim, a situação patrimonial da empresa após
alguns meses de operação.
Além disso, é preciso estar atento ao equilíbrio contábil,
ou seja, o total dos saldos das contas com saldos devedores deve
ser igual ao total das contas com saldos credores.

2.9. ERROS DE ESCRITURAÇÃO

Os erros de escrituração devem ser corrigidos mediante


a retificação do lançamento por meio do estorno, da
complementação e da reclassificação.
O estorno é utilizado quando ocorre um erro de lançamento
que obriga o contador a excluí-lo.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 137


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Assim, há a necessidade de inutilizar esse lançamento,


realizando outro ao contrário.
Por exemplo: considerando uma aquisição à vista de
móveis e utensílios que, de fato, não se concretizou, temos:
Lançamento incorreto
D: Móveis e Utensílios
C: Caixa.......................................R$ 3.500,00
Histórico: Nota Fiscal 930 de “Irmãos Gouvêa Ltda.”.
Estorno para correção
D: Caixa
C: Móveis e Utensílios...................R$ 3.500,00
Histórico: Estorno do lançamento referente a Nota Fiscal
930 de “Irmãos Gouvêa Ltda.” processado em 00/00/0000
lançado indevidamente.
A complementação é efetuada para corrigir o valor
registrado anteriormente, aumentando-o ou reduzindo-o.
Por exemplo: se o lançamento for processado
incorretamente com um valor menor, deverá ser feita uma
complementação.
Retomando o exemplo de aquisição de móveis e utensílios,
temos:
Lançamento incorreto
D: Móveis e Utensílios
C: Caixa......................................R$ 3.000,00
Histórico: Nota Fiscal 930 de “Irmãos Gouvêa Ltda.”.

138 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Correção
D: Móveis e Utensílios
C: Caixa.......................................R$ 500,00
Histórico: Valor complementar referente à Nota Fiscal 930
de “Irmãos Gouvêa Ltda.” lançada a menor em 00/00/0000.

Reclassificação
A reclassificação regulariza o lançamento da conta debitada
ou creditada indevidamente por meio da transposição do valor
para a conta adequada.
Por exemplo, caso haja a classificação incorreta de uma
conta em um lançamento de aquisição à vista de um item de
Móveis e Utensílios classificado incorretamente em Veículos, o
lançamento será apresentado da seguinte maneira:
Lançamento Incorreto
D: Veículos
C: Caixa.......................................R$ 3.500,00
Histórico: Nota Fiscal 930 de “Irmãos Gouvêa Ltda.”.
Correção
D: Móveis e Utensílios
C: Veículos...................................R$ 3.500,00
Histórico: Valor referente à Nota Fiscal 930 de “Irmãos
Gouvêa Ltda.” classificada incorretamente e lançada em
00/00/0000.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 139


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

2.10. EXERCÍCIO ECONÔMICO

A atividade de gestão administrativa das entidades é


contínua, mas é necessário estabelecer períodos de geralmente
um ano, coincidindo com o ano civil, para obter informações
sobre as situações patrimonial, econômica e financeira em
determinados períodos.
Ao final desse exercício, apura-se o valor do patrimônio e
oferece-se essa informação à fiscalização.
É de acordo com ela que os impostos sobre a atividade
econômica são calculados e recolhidos após a declaração de
ajuste.
A Lei nº 11.638/07, que regulamenta as entidades
constituídas em forma de Sociedades por Ações (S.A.), estabelece
que seus balanços devem ter periodicidade de um ano, sem
fixar a época em que devem iniciar e terminar os períodos
administrativos.
Os meses mais comuns de apuração do balanço são
dezembro ou abril.
A legislação do Imposto de Renda estabelece que os
balanços apresentados com base no pagamento do imposto,
incidente sobre a atividade econômica, devem compreender o
período de 12 meses e encerrar-se no dia 31 de dezembro de
cada ano.
No entanto, esse período pode ser inferior a 12 meses caso
a entidade tenha sido constituída no decorrer do ano calendário,
ou seja, caso a empresa tenha iniciado suas atividades em junho,
optando pela apuração do balanço em dezembro, a primeira
apuração será realizada com seis meses de operação.

140 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Dessa forma, denomina-se exercício econômico o


período de gestão em que são registrados os fatos de natureza
econômica utilizados para informar o resultado do desempenho
administrativo, evidenciando lucro ou prejuízo.
As entidades sem fins lucrativos, nas quais predominam
registros contábeis de pagamentos e de recebimentos, como, por
exemplo, a União, os Estados, os Municípios e o Terceiro Setor,
trabalham com o período administrativo de gestão denominado
de exercício financeiro.
As organizações sem fins lucrativos, as filantrópicas e as de
cunho social, como as Organizações não Governamentais (ONGs),
são chamadas de Terceiro Setor por não estarem compreendidas
ao cunho econômico (Segundo Setor) ou governamental
(Primeiro Setor). Um exemplo desse tipo de organização é a Ação
Educacional Claretiana, mantenedora deste curso.

2.11. BALANCETES DE VERIFICAÇÃO

Todas as empresas têm, mensalmente, dezenas de


transações, as quais são registradas na Contabilidade pelo
método das partidas dobradas, em que, para cada lançamento
de débito efetuado, deve haver um lançamento de crédito
correspondente, de forma que o valor total de débitos deve ser
sempre igual ao valor total dos créditos em cada lançamento.
Consequentemente, a qualquer momento, a soma dos
saldos devedores da Contabilidade de uma organização deve ser
exatamente igual à soma dos saldos credores.
Para que seja possível verificar se os fatos administrativos
foram lançados corretamente dentro do esperado pelo sistema

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 141


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

de partidas dobradas, produz-se um demonstrativo contábil


chamado de Balancete de Verificação.
Preparar um balancete consiste em relacionar todas as
contas da Contabilidade de uma organização que tenham saldo
diferente de zero, colocando, em colunas apropriadas, o valor do
saldo de cada uma delas.
A estrutura dos Balancetes de Verificação varia em função
da necessidade e da acuracidade com que os dados devem ser
evidenciados. Em termos gerais, os balancetes mais usuais são
os construídos com duas ou seis colunas.
O balancete de duas colunas é o mais simples. Ele
representa apenas os saldos das contas contábeis em um
determinado período.
O balancete de seis colunas mostra a evolução do saldo
das contas do mês anterior para o mês corrente.
Os Balancetes de Verificação podem ser extraídos a
qualquer tempo.
Entretanto, o procedimento mais usual é o de preparar
balancetes mensais acerca da posição financeira da companhia
para conhecimento e informação da administração.
Algumas empresas preferem preparar balancetes apenas
trimestralmente e outras, semestralmente.
Com o modelo de Balancete de Verificação de seis colunas
não é diferente, afinal, mantém-se a igualdade patrimonial
existente tanto na movimentação do período quanto nos saldos
finais após a movimentação mensal em análise.

142 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

2.12. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

As demonstrações e os relatórios constituem a fase de saída


do sistema de informações contábeis e compreendem todas as
demonstrações contábeis exigidas pela legislação vigente em
nosso país.
Essa legislação compreende os dispositivos legais da Lei
nº 6.404, de 15/12/1976, e alterações pela Lei nº 11.638, de
28/12/2007 e pela Lei nº 11.941, de 27/05/2009.
Tal legislação faz as seguintes referências à publicação das
Demonstrações Contábeis:
• As demonstrações de cada exercício serão publicadas
com a indicação dos valores correspondentes das
demonstrações do exercício anterior.
• As demonstrações serão complementadas por Notas
explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações
contábeis necessárias para esclarecimento da situação
patrimonial e dos resultados do exercício.
Em função da globalização dos mercados com o advento
do Mercosul e do interesse por parte de novos investidores
internacionais orientados por analistas de mercado, dois novos
demonstrativos entraram em vigor desde a publicação da Lei
11.638/2007.
Agora, obrigatórios, eles vêm sendo divulgados pelas
empresas e já foram institucionalizados.
São eles: a Demonstração de Fluxo de Caixa – DFC, que veio
substituir a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
(DOAR) e a Demonstração do Valor Adicionado (DVA), por ser

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 143


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

de natureza mais econômica e recomendada pela ONU, por


influência da comunidade europeia que já adota esse relatório.
Vale destacar que temos as demonstrações mencionadas
anteriormente.

Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil destinada
a evidenciar, quantitativa e qualitativamente, a posição
patrimonial e financeira da entidade em determinada data.
Ele representa o patrimônio da empresa de forma
estática e discrimina, ordenadamente, os valores observados no
encerramento do exercício social, em forma crescente de liquidez
no Ativo e em forma crescente de exigibilidades no Passivo.
Essa demonstração deve, ao ser elaborada, obedecer
alguns aspectos legais e técnicos, os quais apresentamos a seguir:
• Dentre outras determinações pertinentes à espécie,
as legislações comercial e tributária obrigam sua
elaboração pelo menos uma vez por ano de atividade,
ou seja, ao encerrar um exercício social.
• Tecnicamente, não é conveniente que a data do
levantamento seja concomitante com a época de maior
movimento comercial ou produtivo.
De acordo com a representação gráfica do Patrimônio
apresentada a seguir, identifica-se como é elaborado e
apresentado um Balanço Patrimonial, balanço este publicado
por conta do encerramento de um exercício social.

144 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Por meio dele é possível identificar a presença dos vários


componentes patrimoniais expressos nas suas respectivas
contas.

Demonstração do Resultado do Exercício – DRE


A elaboração da Demonstração do Resultado do Exercício
está embasada na Lei nº 6.404/76, de 15/12/1976, e nas
alterações posteriores, inclusive as determinadas pela Lei nº
11.638, de 28/12/2007 e pela Lei nº 11.941, de 27/05/2009.
A Demonstração de Resultado do Exercício é um relatório
que demonstra o resultado da empresa em seu encerramento
de exercício, discriminando as principais Receitas, Custos e
Despesas.
Diferentemente do Balanço Patrimonial, que é estático,
essa demonstração é considerada dinâmica, por retratar atos e
fatos contábeis que ocorreram durante todo o exercício social da
empresa.
Além disso, essa demonstração não compara somas
de dois segmentos como o balanço, mas é apresentada na
forma dedutiva, ou seja, tem início demonstrando o valor da
Receita Operacional Bruta, que é o valor obtido pela venda dos
produtos, mercadorias e serviços, excluindo valores de despesas
e adicionando valores de receitas, até chegar ao lucro líquido do
exercício.
Ao final de cada exercício, apura-se o resultado do período,
isto é, o lucro ou o prejuízo. Este resultado é obtido mediante a
confrontação, segundo o princípio contábil da competência, de
todas as receitas com todas as despesas do mesmo período.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 145


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Desse modo, a cada final de período, todas as despesas e


receitas serão transferidas para a Demonstração do Resultado
do Exercício e, no próximo exercício, elas começarão do zero, ou
seja, não acumulam saldos do período antecedente com os do
período subsequente.
Os lucros que se encontram na Demonstração do Resultado
do Exercício estão caracterizados de acordo com o seu tipo.
Vamos acompanhar suas características a seguir.

Lucro Operacional Bruto ou Lucro Bruto


O Lucro Bruto define-se como a diferença obtida entre a
receita da venda de mercadorias e o custo de aquisição.
O Lucro Bruto, após cobrir o custo de fabricação do produto,
ou o custo da mercadoria vendida, ou, ainda, o custo do serviço
prestado, será reduzido das despesas de vendas, administrativas
e financeiras, bem como oferecido ao Governo (impostos) e
aos proprietários da empresa, considerando que representa os
valores a distribuir para esses atores sociais.

Lucro Operacional Líquido ou Lucro Operacional


O Lucro Operacional resulta das operações da empresa.
O objetivo social da empresa, ou seja, a atividade operacional,
deverá ser definida no contrato ou estatuto social de modo
preciso e completo.
O Lucro Operacional é obtido por meio da diferença entre
o Lucro Bruto e as Despesas.

146 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Lucro Antes dos Tributos (Imposto de Renda – IR e Contribuição


Social – CS)
O Lucro antes dos Tributos é obtido deduzindo as despesas
não operacionais do Lucro Operacional, acrescendo-se as receitas
não operacionais a esse valor.
Por exemplo, para se obter o Lucro depois dos Tributos,
necessita-se deduzir do Lucro antes do IR a parcela referente ao
imposto de renda.

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados – DLPA


A Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados
destina-se a evidenciar as mutações ocorridas nos resultados
acumulados em um determinado período, o qual denominados
de exercício social.
Em conformidade com o artigo 186 da Lei nº 6.404/76,
a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados deverá
discriminar:
I. o saldo do início do período, os ajustes de exercícios
anteriores.
II. as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício.
III. as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos
lucros incorporada ao capital e o saldo no final do período.

Essa demonstração evidencia o lucro do período, sua


distribuição e a movimentação ocorrida nos saldos das contas de
Lucros Acumulados ou Prejuízos Acumulados.
Dessa forma, fica claro o destino do lucro, a sua canalização,
bem como a sua distribuição no exercício.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 147


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

O saldo do exercício anterior compõe o saldo inicial


vigente (atual), portanto, as origens das parcelas da DLPA são
provenientes de:
1) Saldo do início do período.
2) Ajustes de exercícios anteriores.
3) Reversões e Transferências de Reservas.
4) Incorporações ao Capital Social.
5) Lucro ou Prejuízo Líquido do exercício.
6) Destinações propostas à Assembleia Geral Ordinária.

Demonstração dos Fluxos de Caixa – DFC


De um modo geral, a Demonstração dos Fluxos de
Caixa (DFC) indica a origem de todos os recursos monetários
que entraram no Caixa, bem como todos os recursos que
foram aplicados, ou seja, aqueles que saíram do Caixa em um
determinado período.
O objetivo desse demonstrativo é disponibilizar informações
sobre as entradas e as saídas de numerário no período.
As informações contidas na Demonstração dos Fluxos de
Caixa, utilizadas em conjunto com os demais demonstrativos
contábeis, podem auxiliar os seus usuários (empresários,
administradores, investidores, credores etc.) a:
1) Avaliar a geração futura de caixa para o pagamento de
obrigações, despesas correntes e lucros ou dividendos
aos sócios.
2) Identificar as futuras necessidades de financiamento.

148 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

3) Compreender as razões de possíveis diferenças entre o


resultado e o fluxo de caixa líquido originado das ativi-
dades operacionais.
4) Evidenciar o efeito das operações e das transações de
investimentos e financiamentos sobre a posição finan-
ceira da empresa.
Os Fluxos de Caixa devem ser, portanto, segregados em
atividades operacionais de investimentos e de financiamentos,
as quais veremos a seguir.

Atividades Operacionais
As atividades operacionais correspondem às entradas
e às saídas de caixa provenientes das atividades diretamente
relacionadas com as operações principais ou acessórias da
empresa, tais como:
1) Recebimento de vendas.
2) Pagamento de compras.
3) Pagamento de despesas (salários, aluguéis etc.).
4) Recebimento de outras receitas (aluguéis, juros etc.).
Como a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
evidencia todas as receitas e despesas efetivadas pela empresa
no período, os dados básicos para a montagem do fluxo das
atividades operacionais, tais como vendas, compras, despesas
etc., são extraídos desse demonstrativo, com os ajustes
determinados pelos itens operacionais do Ativo e do Passivo
circulantes, como, por exemplo, estoques, clientes, fornecedores,
despesas a pagar etc.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 149


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

As atividades operacionais, conforme mencionamos


anteriormente, podem ser de investimentos e de financiamentos.
Vejamos!

Atividades de Investimentos
As atividades de investimentos correspondem às entradas
e às saídas de caixa provenientes de:
1) Aquisição (-) ou venda + de ativos financeiros.
2) Aquisição (-) ou venda + de participações em outras
sociedades.
3) Aquisição (-) ou venda + de bens de uso.
4) Aquisição (-) ou venda + de bens destinados à renda.
5) Gastos com despesas classificáveis no Ativo diferido.
Como o Ativo do Balanço Patrimonial discrimina todas
as aplicações feitas pela empresa, é lógico que todos os itens
componentes do fluxo desse tipo de atividade devem ser
extraídos basicamente da movimentação dos valores ativos.
Assim, todo aumento de Ativo corresponde a um novo Ativo
ou a um reforço de um investimento, provocando saída de caixa,
enquanto um decréscimo de Ativo corresponde, normalmente, a
uma venda, provocando entrada de recursos no caixa.

Atividades de Financiamentos
As atividades de financiamentos correspondem às
operações de captação de recursos próprios e alheios, bem como
à sua amortização e remuneração, tais como:
1) Entrada + ou pagamento (-) de empréstimos.

150 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

2) Aumento do capital social em dinheiro.


3) Entrada de reservas de capital.
4) Juros e outros encargos sobre investimentos.
5) Juros e dividendos relacionados ao capital próprio.
Considerando que no Passivo estão discriminadas todas
essas informações, é importante considerar, também, que todos
os itens componentes do fluxo desse tipo de atividade devam
ser originados basicamente da movimentação dos valores do
Passivo.
Dessa forma, todo aumento de Passivo corresponderia a
um novo financiamento, e todo decréscimo, a um pagamento
parcial ou total de um financiamento.
Logo, uma empresa poderá usar o formato direto ou
indireto na montagem da Demonstração dos Fluxos de Caixa,
de forma que o formato direto está embasado no Regime de
Caixa, ou seja, procura registrar todos os recebimentos e todos
os pagamentos.
Já no formato indireto, é realizada uma reconciliação do
rendimento líquido para o caixa líquido, e as mudanças, bem
como o aumento ou a diminuição, são medidos nas contas de
Capital de Giro como Contas a Receber, Estoques etc., os quais
serão ajustados para rendimentos líquidos e mensuração de
caixa.
Portanto, a diferença básica está no processo de cálculo
do fluxo de caixa operacional. Embora o resultado líquido final
seja igual, o caminho percorrido em cada um dos dois métodos
é diferente.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 151


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

A semelhança acontece no cálculo dos fluxos de


investimentos e de financiamentos; no resumo final, os valores
são exatamente os mesmos.

Demonstração do Valor Adicionado – DVA


A Demonstração do Valor Adicionado apresenta o montante
da riqueza gerada diretamente pelas atividades da companhia e
a sua distribuição entre os que contribuíram para a sua geração,
como os empregados, os acionistas, os financiadores (bancos,
fornecedores etc.) e outros, bem como a parcela destinada ao
governo por conta do recolhimento dos tributos e contribuições
sociais obrigatórias e, ainda, o montante não distribuído, caso
isso ocorra.

Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido – DMPL


A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
(DMPL) é um documento que a Contabilidade das empresas faz
para evidenciar as alterações do Patrimônio Líquido.
Esta demonstração não é obrigatória por lei, mas é exigido
pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que empresas de
capital aberto elaborem e a publiquem.
A principal utilidade deste documento está na apresentação
mais detalhada das variações de reservas das empresas.

Demonstração do Resultado Abrangente – DRA


É uma importante ferramenta de análise gerencial. Não está
prevista na Lei nº 6.404/1976, contudo, tem sua obrigatoriedade
determinada pela Resolução CFC nº 1.185/2009 e pelo CPC 26.

152 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

O conceito de Resultado Abrangente começou a ser


discutido no Brasil em setembro de 2009, quando o Comitê
de Pronunciamentos Contábeis aprovou o Pronunciamento
Técnico 26, que regulamenta, dentre outras demonstrações, a
Demonstração do Resultado Abrangente.
Resultado Abrangente é uma alteração no patrimônio
líquido de uma sociedade durante um período, decorrente de
transações e outros eventos e circunstâncias não originadas dos
sócios.
Isso inclui todas as mudanças no patrimônio durante o
período, exceto aquelas resultantes de investimentos dos sócios
(aporte de capital e reservas de capital) e distribuições aos sócios,
como dividendos e juros sobre capital próprio.
Ela tem característica de ser gerencial, pois apresenta
informações que atualizam o capital próprio, por meio do ajuste
no patrimônio líquido das receitas e despesas já incorridas que
possuem uma realização financeira incerta e ainda não afetaram
o resultado do exercício, uma vez que decorrem de investimentos
de longo prazo, sem data prevista de resgate ou outra forma de
alienação.
É uma demonstração que presta informações de caráter
societário. Assim, atende os anseios de investidores.
Na sua essência, o resultado abrangente é aquele que
inclui (abrange) as variações futuras de receitas e despesas
que já estão registradas no ativo ou no passivo, mas ainda não
afetaram o resultado do exercício, devido ao respeito ao regime
da competência.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 153


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

Por exemplo: um investimento em derivativo é registrado


pelo seu valor justo, com contrapartida no patrimônio líquido, na
conta ajuste da avaliação patrimonial.
Esse ajuste é resultado de uma avaliação que no futuro
poderá ser reconhecida como receita ou despesa, dependendo
do ajuste.
Na apuração do resultado abrangente, esse ajuste será
reconhecido como parte integrante do resultado.
Na prática, o resultado abrangente visa apresentar os
ajustes efetuados no patrimônio líquido como se fossem lucro
da empresa.
Por exemplo: a conta ajuste da avaliação patrimonial
registra as modificações de ativos e passivos a valor justo que,
pelo princípio da competência, não entram na DRE.
No entanto, no lucro abrangente, essas variações serão
computadas, a fim de apresentar o lucro o mais próximo da
realidade econômica da empresa.
Outro exemplo que afeta o PL e não entra na DRE é o do
ajuste de exercícios anteriores, feito diretamente na conta lucros
ou prejuízos acumulados.
Contudo, esses ajustes entrarão na apuração do Lucro
Abrangente.
Assim, todas as mutações patrimoniais, que não sejam as
transações de capital com os sócios, integram a demonstração
do resultado abrangente.
Dessa forma, podemos dizer que a mutação do patrimônio
líquido é formada por apenas dois conjuntos de valores:
transações de capital com os sócios (na sua qualidade de
proprietários) e resultado abrangente total.

154 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

A DRA pode ser apresentada junto com a DRE (Demonstração


do Resultado do Exercício), pode ser apresentada de forma
isolada a partir do lucro líquido do exercício ou até mesmo ser
incluída na DMPL (Demonstração das Mutações do Patrimônio
Líquido).
Quando for apresentada conjuntamente com a DRE,
as demonstrações devem apresentar, além das seções da
demonstração do resultado e de outros resultados abrangentes,
as seguintes informações:
• Resultado do período atribuível a: participação de não
controladores e sócios da controladora.
• Resultado abrangente atribuível a: participação de não
controladores e sócios da controladora.
Se a entidade apresentar a demonstração do resultado
separada da demonstração do resultado abrangente, ela não
deve apresentar a DRE incluída na demonstração do resultado
abrangente.
Nesse caso, deverá elaborar as duas demonstrações de
forma separada.
O resultado abrangente será calculado a partir do lucro
líquido apurado na DRE.
Assim, a demonstração do resultado abrangente deve, no
mínimo, incluir as seguintes rubricas:
1) Resultado líquido do período.
2) Cada item dos outros resultados abrangentes classifi-
cados conforme sua natureza (outras receitas e outras
despesas abrangentes).

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 155


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

3) Parcela dos outros resultados abrangentes de empre-


sas investidas reconhecida por meio do método de
equivalência patrimonial.
4) Resultado abrangente do período.

Notas Explicativas
Forma de evidenciação que tem como objetivo destacar
informação que não pode ser apresentada no corpo das
Demonstrações Contábeis.
A lei das Sociedades por Ações, ao tratar as Notas
Explicativas, determina que as empresas deverão indicar pelo
menos:
a) Os principais critérios de avaliação dos elementos
patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de
depreciação, amortização e exaustão, de constituição
de provisões para encargos ou riscos e dos ajustes para
atender às perdas prováveis na realização de elementos
ativos.
b) Investimentos em outras sociedades, quando estes
forem relevantes.
c) O aumento de valor de elementos do ativo resultantes
de novas avaliações.
d) Os ônus reais constituídos sobre elementos do
ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras
responsabilidades eventuais ou contingentes.

156 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

e) A taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias


das obrigações.
f) As opções de compras de ações outorgadas e exercidas
no exercício.
g) O número, as espécies e as classes das ações de Capital
Social.
h) Os ajustes de exercícios anteriores.
i) Eventos subsequentes à data de encerramento do
exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito
relevante sobre a situação financeira e sobre os
resultados futuros da empresa.

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar).
Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione:
Fundamentos da Contabilidade – Vídeos Complementares – Complementar
2.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária
e indispensável para você compreender integralmente os
conteúdos apresentados nesta unidade.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 157


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

3.1. PATRIMÔNIO

A Contabilidade é um patrimônio da humanidade. Sua


atuação é fundamental para o desenvolvimento e para a própria
sobrevivência da sociedade.
Por meio das informações contábeis são desenvolvidas
as relações entre os diversos agentes econômicos, com grande
influência na determinação do custo de capital impactando, de
forma direta, na riqueza do acionista.
A complexidade do mundo atual tem propiciado o
surgimento de problemas de difícil solução para a Contabilidade.
Como consequência, tem sido criticada por não apresentar
informações em quantidade e qualidade desejadas por seus
diversos usuários, em especial no que se refere a uma avaliação
mais adequada do valor do patrimônio das empresas.
Nesse sentido, as leituras a seguir apresentam de certa
forma, a importância do patrimônio e sua evolução dentro de
uma entidade formalmente organizada.
• SZÜSTER, N.; SZÜSTER, F. R.; SZÜSTER, F. R.
Contabilidade: atuais desafios e alternativa para seu
melhor desempenho. Revista Contabilidade & Finanças
− USP, São Paulo, n. 38, p. 20-30, maio/ago. 2005.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rcf/v16n38/
v16n38a03.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2019.
• GOULART, A. M. C. O conceito de Ativos na Contabilidade:
um Fundamento a ser explorado. Revista Contabilidade
& Finanças − USP, São Paulo, n. 28, p. 56-65, jan./abr.
2002. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rcf/
article/viewFile/34068/36800>. Acesso em: 6 jun. 2019.

158 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

• LARA, E. P. A estrutura do Balanço Patrimonial: um


comparativo antes e depois da adoção do padrão
contábil internacional. Disponível em: <http://www.
univale.com.br/portalnovo/images/root/anaisadmix/1.
pdf>. Acesso em: 6 jun. 2019.

3.2. MECÂNICA CONTÁBIL

A Contabilidade é um sistema de conhecimentos que


estuda nas suas várias dimensões, os fenômenos patrimoniais.
Não se faz Contabilidade sem escrituração contábil.
A escrituração é o registro cronológico e específico da
natureza de todos os fatos que ocorrem na empresa.
Uma empresa sem Contabilidade é uma entidade sem
memória, sem identidade e sem as mínimas condições de
sobreviver ou de planejar seu crescimento.
Qualquer tipo de empresa, independentemente de seu
porte ou natureza jurídica, necessita manter escrituração
contábil completa, para controlar o seu patrimônio e gerenciar
adequadamente os seus negócios. Vejamos o que nos apresenta
acerca do assunto os artigos relacionados a seguir.
• FIC, F. S. A evolução da escrituração contábil
no Brasil. 2010. 20f. Trabalho de Conclusão de
Curso (Bacharelado em Ciências Contábeis) −
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2010. Disponível em: <https://lume.ufrgs.
br/bitstream/handle/10183/25721/000751316.
pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 6 jun.
2019.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 159


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

• IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; CARVALHO, L. N.


Contabilidade: aspectos relevantes da epopeia de sua
evolução. Revista Contabilidade & Finanças − USP, São
Paulo, n. 38, p. 7-19, maio/ago. 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rcf/v16n38/v16n38a02.
pdf>. Acesso em: 6 jun. 2019.
• FERRARI, B. A. Contabilidade Financeira VS Gerencial:
um estudo da evolução histórica da Contabilidade e
a formação dos contadores. 2003. 57f. Monografia
(Bacharelado em Ciências Contábeis) − Centro Sócio
Econômico, Departamento de Ciências Contábeis,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2003. Disponível em: <http://tcc.bu.ufsc.br/
Contabeis300550.PDF>. Acesso em: 6 jun. 2019.

3.3. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Conhecidas como Demonstrações Financeiras ou


Demonstrações Contábeis, além de uma obrigação legal para
algumas empresas, são de fundamental importância para a
saúde dos negócios.
Por meio delas é possível organizar o orçamento, controlar
os gastos, acompanhar a evolução patrimonial, além de auxiliar
a tomada de decisões.
As Demonstrações Contábeis se dividem em cinco
variações:
1) Demonstrações Contábeis Individuais.
2) Demonstrações Contábeis Separadas.
3) Demonstrações Contábeis Consolidadas.

160 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

4) Demonstrações Contábeis Combinadas.


5) Demonstrações Contábeis Intermediárias.
Por se tratar de um documento com dados contábeis
completos, as informações contidas nas Demonstrações
Contábeis Individuais também possibilitam avaliar se os gastos
e custos estão condizentes com o ritmo da empresa, e se os
investimentos estão sendo realizados de forma correta.
Os dados são compilados por meio de registros auxiliares,
livros e documentos relacionados ao sistema contábil da
empresa.
De modo que possuem grande valor também na aquisição
de financiamentos e empréstimos bancários, já que essas
informações possibilitam avaliar se a empresa tem ou não
condição de comprimir ou assumir novas dívidas.
Mas o que compõe as Demonstrações Contábeis
Individuais?
Conforme o artigo 176 da Lei nº 6.404/76, o relatório
das Demonstrações Contábeis Individuais deve possuir
obrigatoriamente:

Balanço Patrimonial
1) DRE – Demonstração do Resultado do Exercício.
2) DLPA – Demonstração de Lucros ou Prejuízos
Acumulados.
3) DMPL – Demonstrações das Mutações do Patrimônio
Líquido.
4) DFC – Demonstrações dos Fluxos de Caixa.
5) DVA – Demonstração do Valor Adicionado.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 161


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

6) DRA – Demonstração do Resultado Abrangente.


7) Notas Explicativas.
Assim, para aprofundar ainda mais seus conhecimentos a
respeito desse assunto, sugerimos as seguintes leituras:
• OLIVEIRA, C. Demonstração de Fluxo de Caixa − DFC.
Disponível em: <https://www.bemparana.com.br/
noticia/demonstracao-de-fluxo-de-caixa-dfc>. Acesso
em: 6 jun. 2019.
• SOUSA, W. A. X. Controle Patrimonial − maior
credibilidade as Demonstrações Financeiras. Disponível
em: <http://www.administradores.com.br/artigos/
negocios/controle-patrimonial-maior-credibilidade-
as-demonstracoes-financeiras/111231/>. Acesso em:
6 jun. 2019.
• SOUSA, W. A. X. Empresas SEM Resultados!!!.
Disponível em: <http://www.contabeis.com.br/
artigos/4792/empresas-sem-resultados/>. Acesso
em: 6 jun. 2019.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) A indústria “Y” possui máquinas que são utilizadas no seu processo de
produção. Devido à ampliação da sua planta produtiva, foi necessária a
aquisição de novas máquinas. A instituição comprou, então, por meio
de um financiamento em 12 meses, os equipamentos necessários. Esse
evento transformou o patrimônio da instituição da seguinte forma:

162 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

a) A instituição reduziu seus Bens e contraiu Obrigações.


b) A instituição ampliou seus Bens e contraiu Obrigações de curto prazo.
c) A instituição adquiriu Direitos e ampliou seus Bens.
d) A instituição apenas contraiu Obrigações.
e) Nada ocorreu com o patrimônio da instituição.

2) A instituição “K” possui dinheiro em caixa e transferiu parte dele para


uma conta corrente que mantém aberta numa instituição financeira. Esse
evento transformou o patrimônio da instituição da seguinte forma:
a) A instituição reduziu seus Bens e contraiu Obrigações.
b) A instituição reduziu seus Bens e reduziu Obrigações.
c) A instituição adquiriu Direitos e ampliou seus Bens.
d) A instituição apenas contraiu Obrigações.
e) A instituição não contraiu bens nem obrigações.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
auto avaliativas propostas:
1) b.
2) e.

5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da segunda unidade, onde você pôde
conhecer com detalhes a composição das contas contábeis, bem
como a sua estruturação.
Esses conhecimentos serão fundamentais daqui em diante,
pois eles irão habilitá-lo no desenvolvimento das próximas
unidades.
Isso quer dizer que, com o estudo desta unidade, você
conseguiu obter não apenas uma visão geral do assunto, mas

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 163


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

também condições para dar prosseguimento aos estudos da


Contabilidade no sentido de estar apto a elaborar e a interpretar
a forma de se escriturarem os fatos contábeis.
Vimos também um pouco sobre a mecânica dos lançamentos
contábeis, uma incursão exploratória das modalidades de
lançamentos, bem como os aspectos informativos e legais que
os envolvem.
Finalmente, reconheceremos as incorreções de
escrituração e os métodos adequados para saná-las.

6. E-REFERÊNCIAS

Sites pesquisados
GOULART, A. M. C. O conceito de Ativos na Contabilidade: um fundamento a ser
explorado. Revista Contabilidade & Finanças − USP, São Paulo, n. 28, p. 56-65, jan./abr.
2002. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rcf/article/viewFile/34068/36800>.
Acesso em: 6 jun. 2019.
LARA, E. P. A estrutura do Balanço Patrimonial: um comparativo antes e depois da
adoção do padrão contábil internacional. Disponível em: <http://www.univale.com.
br/portalnovo/images/root/anaisadmix/1.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2019.
MALCHER FILHO, C. C. G. Sociedade Anônima − Conceito e características. Disponível
em: <http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/886/Sociedade-Anonima-
Conceito-e-caracteristicas>. Acesso em: 6 jun. 2019.
REBELLO, B. Diferenças entre tipos de empresas. Disponível em: <http://www.brasil.
gov.br/economia-e-emprego/2011/11/diferencas-entre-tipos-de-empresas>. Acesso
em: 6 jun. 2019.
SOUZA, D. M. Os principais benefícios proporcionados ao trabalhador informal
para formalização através do Microempreendedor Individual. 2010. 95f.
Monografia (Bacharelado em Ciências Contábeis) − Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis, 2010. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/
handle/123456789/127035>. Acesso em: 6 jun. 2019.

164 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE

SZÜSTER, N.; SZÜSTER, F. R.; SZÜSTER, F. R. Contabilidade: atuais desafios e alternativa


para seu melhor desempenho. Revista Contabilidade & Finanças − USP, São Paulo, n.
38, p. 20-30, maio/ago. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rcf/v16n38/
v16n38a03.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2019.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, A. C. Contabilidade básica. Curitiba: Juruá, 2005.
IUDÍCIBUS, S. et al. (Coord.). Contabilidade introdutória: livro de exercícios. 10. ed. São
Paulo: Atlas, 2007.
MARION, J. C. Contabilidade básica: livro texto. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
MARTINS, E. et al. Manual de Contabilidade das sociedades por ações: aplicável às
demais sociedades. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica. São Paulo: Saraiva, 2005.
SÁ, A. L. Planos de contas. São Paulo: Atlas, 1998.
SCHMIDT, P. História do pensamento contábil. São Paulo: Bookman, 2000.
SILVA, C. A. T.; TRISTÃO, G. Contabilidade básica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 165


© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 3
TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES
APLICADOS

Objetivos
• Reconhecer as estruturas das transações de compra e venda.
• Compreender e interpretar a sistemática de operação dos lançamentos e
apuração de lucro nas transações.
• Vivenciar a prática de sequências de lançamentos, objetivando a
experimentação prática e o desenvolvimento de habilidades específicas de
atenção e lógica.

Conteúdos
• Operações com mercadorias: Custo das Mercadorias Vendidas, Resultado
das Operações com Mercadorias (RCM) e Apuração do ICMS a Pagar.
• Perdas Estimadas com Créditos de Liquidação Duvidosa.
• Controle financeiro dos estoques de mercadorias.
• Depreciação.
• Amortização.
• Exaustão.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste material didático, busque outras


informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas

167
UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade


EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu
crescimento intelectual.

2) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos explicitados no Glossário


e suas ligações pelo Esquema dos Conceitos-Chave para o estudo de todas
as unidades deste material. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu
desempenho.

3) Leia as informações práticas para facilitar o estudo desta unidade, tais


como os objetivos que pretendemos atingir ao desenvolvê-la. Lembre-se
ainda que a sua participação pode significar a diferença entre ler conteúdo
ou transformar conhecimentos em ferramentas de trabalho importantes
para sua vida profissional.

168 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

1. INTRODUÇÃO
Para que você entenda a atuação da Contabilidade
como ferramenta de controle da informação patrimonial,
apresentaremos a seguir alguns controles contábeis básicos,
porém muito significativos.
As empresas comerciais têm por finalidade a aquisição de
mercadorias para revenda, e neste sentido, servem como agentes
intermediários nas operações de trocas entre fornecedores e
clientes.
O controle da evolução do patrimônio dessas empresas
é realizado através da Contabilidade, que registra por meio de
lançamentos, todas as operações referentes à compra e venda
de mercadorias, contemplando possíveis despesas acessórias,
descontos, abatimentos incondicionais, bem como às devoluções
e incidência de impostos, como por exemplo, Imposto sobre
Circulação de Mercadorias (ICMS).

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de
forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua
compreensão integral, é necessário um estudo criterioso dos
conteúdos apresentados no Conteúdo Digital Integrador.

2.1. OPERAÇÕES COM MERCADORIAS

Uma organização empresarial, na nossa realidade


capitalista trabalha com a necessidade de acumulação de capital.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 169


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Isso significa que toda mercadoria adquirida com o objetivo


de revenda deverá ter certa margem de lucro acrescida ao seu
custo.
Toda transação mercantil implica no recolhimento do
tributo conhecido como ICMS (Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços), sendo este um imposto de competência
dos estados.
Essa transação é reconhecida fiscal e contabilmente pela
emissão de um documento fiscal (Nota Fiscal, Cupom Fiscal
entre outros).
Isso quer dizer que, o fato gerador do evento contábil e
do recolhimento do referido imposto é a emissão do documento
fiscal competente.
Antes de estudarmos especificamente as operações com
mercadorias, vamos entender um pouco melhor a aplicação do
ICMS.
Evidentemente que o assunto será estudado de maneira
mais abrangente em outras disciplinas mais específicas.
No entanto, uma breve apresentação desse tributo e seu
funcionamento junto ao Sistema Tributário Nacional é pertinente.
Dessa forma, veremos que sobre as operações de compra
e venda de mercadorias, incidirão tributos que estão ou não
embutidos no valor das mercadorias.
Podemos considerar como tributos incidentes sobre
as vendas, os impostos, as taxas e as contribuições que,
proporcionalmente ao preço da venda efetuada ou do serviço
prestado, constituem o montante tributo que integra a base de
cálculo.

170 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Os impostos incidentes sobre as vendas são os seguintes:


1) ICMS – Imposto sobre Operações Relativas à Circulação
de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços
de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação e Energia Elétrica.
2) IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados.
3) ISS – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza.
4) IE – Imposto de Exportação.
Também podemos incluir no elenco de tributos incidentes
sobre as vendas:
• PASEP – Programa de Formação do Patrimônio do
Servidor Público.
• PIS – Programa de Integração Social.
• COFINS – Contribuição para Financiamento da
Seguridade Social.
Mas como administrar todos esses tributos?
Na verdade, o Brasil dispõe do Sistema Tributário Nacional.
É por meio dele que se administram a totalidade dos tributos
arrecadados no país e todo o conjunto de regras jurídicas que
amplia o exercício do poder impositivo dos diversos órgãos
públicos aos quais a Constituição Federal atribui a competência
de serem cobrados.
Os artigos 145 a 156 da Constituição Federal, apresentam
os mecanismos que orientam a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios quanto à instituição e à administração
de alguns tributos.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 171


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

A essa informação, destaca-se a necessidade de se consultar


constantemente a legislação, pois as atualizações acontecem e
podem modificar a redação inicial.

ICMS
O ICMS é o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação
de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação e Energia
Elétrica.
Seu fato gerador é a ocorrência das situações anteriormente
mencionadas.
A instituição do ICMS, segundo a Constituição Federal
promulgada em 1988, é de competência dos Estados e do Distrito
Federal.
Portanto, cada unidade da Federação institui o referido
imposto.
Nem todas as mercadorias estão sujeitas a esse imposto.
Há mercadorias que não sofrem sua tributação por força da
própria Constituição Federal (Imunidade, Não Incidência).
Há aquelas que, mesmo sofrendo a incidência desse
imposto, tendo em vista os benefícios fiscais, poderão estar
isentas por determinado período.
Há, ainda, as que estão sujeitas à incidência de outros
impostos.
O ICMS é o imposto mais comum entre as operações
realizadas pelas empresas comerciais.

172 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Assim, na maioria das compras e das vendas de mercadorias,


as empresas comerciais registram a sua ocorrência.
O valor do ICMS a ser recolhido ao Governo do Estado deve
ser apurado periodicamente pelas empresas.
Normalmente, esse período corresponde a um mês.
Assim, no final de cada mês, as empresas devem verificar o
valor do ICMS devido pelas vendas efetuadas no referido mês e
subtrair desse valor o valor do ICMS pago aos fornecedores nas
compras realizadas dentro do mesmo mês.
Dessa forma, se o valor do ICMS incidente nas vendas
superar o incidente nas compras, a diferença deverá ser recolhida
ao Governo do Estado no mês seguinte.
Se, em contrapartida, o ICMS incidente nas compras for
superior ao incidente nas vendas, a diferença permanecerá
contabilizada na conta ICMS a Recuperar para ser compensada
no movimento do mês seguinte.
O ICMS é considerado um imposto por dentro, o que
equivale a mencionar que seu valor está incluso no valor das
mercadorias.
A característica desse imposto é ser não cumulativo.
Isso significa que o valor pago em uma operação de
compra poderá ser compensado ou abatido do valor a pagar nas
operações de vendas.
A base de cálculo do ICMS é o valor sobre o qual se aplica
a alíquota (%) do imposto.
É o valor que se toma como base para o cálculo do imposto
devido.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 173


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Normalmente, é o valor da operação.


Outra situação que evidencia a aplicação do ICMS é a que
trata da Substituição Tributária, instituída a partir da Emenda
Constitucional nº 3/93, que incluiu na Constituição Federal a
possibilidade da cobrança antecipada de tributos, criando, assim,
a figura do substituto tributário.
O substituto tributário é aquele componente da rede ou
da cadeia de comércio que é eleito para recolher os tributos
antecipadamente em nome dos outros componentes da mesma
cadeia (o comerciante varejista).
A forma mais correta de dizer seria Regime de Substituição
Tributária, em que o verdadeiro devedor de determinado tributo
é substituído, por força de lei, por outro.
Para exemplificar de forma bastante simples a aplicação
desse Regime de Tributação, apresentamos as considerações a
seguir.
Dentro da cadeia de comercialização dos derivados de
petróleo, destacamos o ICMS, então:
1) Em torno da obrigatoriedade de se pagar o ICMS,
denominada, simplesmente, de obrigação tributária,
temos, de um lado, a figura do sujeito ativo, que é a
pessoa de direito público – no caso, a Secretaria da
Fazenda – titular da competência para exigir o seu
cumprimento, e, de outro lado, o sujeito passivo, que,
por imposição legal, é obrigado ao pagamento do
tributo.
2) Dessa forma, temos o sujeito ativo da obrigação
tributária e o sujeito passivo da mesma obrigação.

174 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

3) Nesse exemplo, os sujeitos passivos da obrigação


tributária (ICMS) são, respectivamente, a refinaria de
petróleo, a distribuidora de combustíveis e os postos
de combustível.
4) As Secretarias de Fazenda de todas as unidades
federadas brasileiras concluíram que, se a refinaria
retivesse os tributos devidos pelas distribuidoras e
pelos postos, poderia ser reduzido sensivelmente o
custo de fiscalização e, ainda, minimizada a sonegação
tributária.
5) Dessa maneira, em 17 de março de 1993, instituiu-se,
no Brasil, o Regime da Substituição Tributária.
Na Substituição Tributária do ICMS, a refinaria retém
as parcelas devidas pelo distribuidor/revendedor (sem as
ocorrências dos respectivos fatos geradores), embora o único
fato gerador que ocorra é sobre a parcela devida pela refinaria.
Nesse contexto, o ICMS é entendido como um tributo
plurifásico, em que o total arrecadado, ou seja, a parcela da
refinaria mais a parcela do distribuidor, somando-se à parcela do
revendedor, deve ser igual ao ICMS incidente sobre o preço total.

Custo das Mercadorias Vendidas − CMV


Para evidenciar na Contabilidade a ocorrência do lucro
na transação de compra e venda, utilizamos um procedimento
chamado de Apuração dos Custos das Mercadorias Vendidas
(CMV).
O CMV é apurado pela seguinte equação:
CMV = EI + C – EF

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 175


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

onde,
• EI (Estoque Inicial): obtido no início do exercício a partir
dos saldos iniciais da conta Estoques.
• C (Compras): representado pelo saldo da conta Compras
de Mercadorias na data de apuração do CMV.
• EF (Estoque Final): valor obtido por contagem física, na
realização do inventário, na data de apuração do CMV.
Portanto, o fato administrativo resultante da aplicação
dessa estratégia, ainda considerando o desenvolvimento do
exemplo, estaria dividido em três movimentos, a saber:

1º movimento: transferência do saldo inicial de estoques


Fato administrativo: o valor inicial do estoque das
mercadorias, de acordo com o Razão Contábil da conta Estoques
de Mercadorias em 02/01/20XX é de R$ 300,00.
Lançamento
D: CMV............................................R$ 300,00
C: Estoques.....................................R$ 300,00
Histórico: valor do saldo inicial que se transfere para o
cálculo do CMV.

2º movimento: transferência das compras


Fato administrativo: saldo da conta Compra de Mercadorias
na data de apuração do CMV igual a R$ 820,00
Lançamento
D: CMV..............................................R$ 820,00
C: Compra de Mercadorias..............R$ 820,00

176 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Histórico: valor do saldo inicial que se transfere para o


cálculo do CMV

3º movimento: lançamento do estoque final


Fato administrativo: valor do estoque final das mercadorias
contado em 31/12/20XX é de R$ 310,25 representado pelas
unidades remanescentes do produto no final do período.
Lançamento
D: Estoques...........................................R$ 310,25
C: CMV...................................................R$ 310,25
Histórico: valor apurado no Inventário de 31/12/XX
conforme Livro próprio.

Resultado das Operações com Mercadorias − RCM


Para que seja possível registrar o resultado positivo das
vendas de mercadorias na Contabilidade tornando evidente o
resultado das operações, é necessário deduzir o valor das vendas
e o valor dos custos das mercadorias.
O valor restante é exatamente o Lucro Bruto obtido pelas
vendas ou pelo RCM cuja fórmula de apuração é a seguinte:
RCM = V – CMV
onde,
• RCM: Resultado com Mercadorias.
• V: Valor das vendas apurado no mesmo período de
apuração do CMV.
• CMV: Custo das Mercadorias Vendidas.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 177


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Há ainda o movimento de apuração do RCM, que é o


seguinte:

4º movimento: transferência das vendas e do CMV para o RCM


Fato administrativo: valor relativo às vendas de mercadorias
deduzidas dos seus custos, ambos apurados no mesmo período
com o objetivo de revelar o resultado das operações de vendas.
Lançamento (Parte A)
D: Vendas de Mercadorias...................R$ 890,72
C: RCM.................................................R$ 890,72
Histórico: valor que se transfere para apuração de resultado.
Lançamento (Parte B)
D: RCM................................................R$ 809,75
C: CMV..................................................R$809,75
Histórico: valor que se transfere para apuração de resultado.

Apuração do ICMS a Pagar


Uma empresa mercantil deve recolher os valores referentes
ao ICMS relativo às transações financeiras ocorridas em um
período.
Em cada operação de compra, a empresa recolhe o ICMS
sobre a mercadoria comprada e fica com esse valor em haver
para quando for revendê-la.
Quando a empresa vende a mercadoria, a venda ocorre
por um valor mais alto do que o valor da compra.

178 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Isso gera um ICMS maior, que é pago pelo cliente adquirente


dessa mercadoria.
Dessa forma, resta à empresa o recolhimento da diferença
do tributo existente entre o valor pago na entrada da mercadoria
e o valor da venda, assim representado:
ICMS a Recolher = ICMS sobre Vendas – ICMS sobre Compras

2.2. PERDAS ESTIMADAS COM CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO


DUVIDOSA

É uma conta redutora do Ativo que contempla a expectativa


(provisão) de valores referentes à inadimplência dos clientes.
Ela é realizada antes do início de cada Exercício Social para
que a empresa fique protegida quanto às perdas financeiras
decorrentes de vendas não recebidas.
É um esforço que demanda a participação do setor
Comercial e do setor de Cobrança, pois o cálculo depende de
análises, no qual a presença dos colaboradores que estão em
contato direto com os clientes pode colaborar muito com a
análise.
O valor dessa provisão deve ser calculado com base
na análise individual do saldo devedor de cada cliente, e em
conjunto com os responsáveis pelos setores de Vendas e Crédito
e Cobrança, objetivando exercer um julgamento adequado por
conta dos saldos incobráveis.
Portanto, na elaboração do seu cálculo é necessário haver
um bom controle dos direitos da empresa, principalmente os
classificados como Duplicatas a Receber e/ou Clientes.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 179


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Os aspectos contábeis relativos à PDD sofreram uma


grande mudança nos últimos anos.
Desde 1997, conforme disposto nos artigos 9º a 14 da Lei nº
9.430/96, a sistemática de provisão constituída com base em um
percentual aplicável sobre o total dos créditos a receber como
praticada até então foi substituída pelo Regime de Dedução
Direta de perdas ocorridas no recebimento dos créditos.
Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996
Das Perdas no Recebimento de Créditos na Determinação do
Lucro Real e da Base de Cálculo da Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido
Art. 8º A Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a
vigorar com as seguintes alterações:
§ 7º Para os contratos inadimplidos a partir da data de
publicação da Medida Provisória no 656, de 7 de outubro de
2014, poderão ser registrados como perda os créditos:
I – em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência
do devedor, em sentença emanada do Poder Judiciário;
II – sem garantia de valor:
a) até R$ 15.000,00 (quinze mil reais), por operação, vencidos
há mais de seis meses, independentemente de iniciados os
procedimentos judiciais para o seu recebimento;
b) acima de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) até R$ 100.000,00
(cem mil reais), por operação, vencidos há mais de um ano,
independentemente de iniciados os procedimentos judiciais
para o seu recebimento, mantida a cobrança administrativa; e
c) superior a R$ 100.000,00 (cem mil reais), vencidos há mais
de um ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos
judiciais para o seu recebimento;

180 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

III – com garantia de valor vencidos há mais de dois anos:


a) até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), independentemente
de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento
ou o arresto das garantias; e
b) superior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), desde que
iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu
recebimento ou o arresto das garantias; e
IV – contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica em
concordata ou recuperação judicial, relativamente à parcela
que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar,
observado o disposto no § 5º.

Mais recentemente, a Lei nº 13097/2015 que dispõe sobre


a Legislação Tributária Federal, orienta sobre a possibilidade
de deduzir a PDD como despesas na apuração do Lucro Real,
registrando como perdas no recebimento de créditos decorrentes
das atividades da Pessoa Jurídica.
Vale lembrar que, quando o Brasil adotou as Normas
Internacionais de Contabilidade por meio das Leis nº 11.638/2007
e nº 11.941/2009, a PDD passou por uma mudança relevante em
sua ótica contábil.
Se as convenções internacionais forem obedecidas
rigorosamente, o CPC 38 nos dirá que os valores a serem
reconhecidos como PCLD devem ser efetivamente incorridos.
Contudo, a prática no Brasil ainda abrange o critério das
perdas esperadas, herança dos tempos da PDD.
Sendo assim, verificamos a existência de dois critérios
possíveis quando do cálculo das perdas, um que considera as
perdas estimadas e o outro que considera as perdas efetivas.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 181


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Critério das perdas estimadas


Considere uma empresa de comércio de equipamentos
eletrônicos. Ao final de 2015, os contadores da empresa, junto
com os sócios e colaboradores do setor Comercial e de Cobrança,
reuniram-se a fim de diminuir os impactos da inadimplência na
empresa.
Foi estimado que venderão o equivalente a R$ 100.000,00,
mas considerando uma média no comportamento dos clientes
nos últimos 3 anos, haverá uma perda de 5 mil reais em 2016.
Dessa forma, a conta de clientes no Balanço Patrimonial
será composta da seguinte maneira:
Clientes ..............................R$ 100.000,00
(-) PECLD ............................R$ (5.000,00)
Ao final do exercício, a depender do que realmente
ocorreu em 2016, esse valor será reajustado para que o Balanço
Patrimonial represente a situação mais fidedigna possível da
empresa.
Caso sua empresa seja optante do Lucro Real, vale ressaltar
que as despesas de PCLD, quando calculadas nesse critério, não
são dedutíveis para fins fiscais, ou seja, não influem no IRPJ ou
CSLL.

Critério das perdas efetivas


Esse método é mais objetivo e considera o que realmente
será perdido em créditos de clientes.
É o tratamento recomendado pelo CPC 38, tendo base
também no art. 340 do RIR/99 (Regulamento do Imposto

182 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

de Renda de 1999), que indica as situações que poderão ser


consideradas como créditos perdidos.
A composição dos lançamentos contábeis será a mesma
do critério das perdas estimadas, com a diferença de que agora
a empresa deverá se basear em situações reais, em vez de
previsões.
O interessante de utilizar esse critério é que, tomando
como base o que diz o art. 340 do RIR/99, as despesas de PCLD,
nesse caso, poderão ser dedutíveis do Lucro Base para IRPJ e
CSLL.

2.3. CONTROLE FINANCEIRO DOS ESTOQUES DE MERCADO-


RIAS

No Brasil, em virtude da legislação do Imposto de Renda,


o controle de estoques deve ser realizado financeiramente
utilizando-se o critério do Custo Médio.
Isso dá-se por meio da moderação que essa técnica confere
aos valores de estoque, impedindo que custos de mercado
(UEPS) ou custos muito baixos (PEPS) sejam utilizados.
Se a Contabilidade opta pela utilização de custos a valor de
mercado (UEPS), amplia o valor do estoque, causando um impacto
positivo nas demonstrações financeiras, gerando resultados
positivos demasiadamente altos e, consequentemente, impostos
elevados.
Contudo, se a empresa opta por utilizar o valor mais antigo
para custear seus estoques (PEPS), promove uma sub valorização
deles, diminuindo o volume de seus ativos e, consequentemente,

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 183


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

o resultado positivo, influenciando, assim, o recolhimento do


imposto na declaração de ajuste.
É prudente o conhecimento dos três métodos, pois desse
modo será possível visualizar e comparar a aplicação de cada um
distintamente.
No Sistema de Inventário Permanente, em que são
apresentados os três métodos de controle financeiro de estoques,
tal controle pode ser simplificado com o uso de uma ficha de
controle, cujo modelo varia de acordo com as necessidades de
cada empresa.

Primeiro que Entra, Primeiro que Sai − PEPS


Com base nesse critério, daremos baixa no custo da
seguinte maneira: o Primeiro que Entra é o Primeiro que Sai.
Como já mencionamos anteriormente, esse método
também é conhecido como FIFO, cuja origem é a expressão em
inglês “First In First Out”.
Assim, à medida que as vendas ocorrem, daremos baixa a
partir das primeiras compras, o que equivaleria ao raciocínio de
que vendemos primeiro as primeiras unidades compradas.

Último que Entra, Primeiro que Sai − UEPS


Podemos também fazer o contrário do sistema anterior,
dando como custo o valor da última mercadoria a entrar.
Esse método também é conhecido como LIFO, da expressão
em inglês “Last In First Out”.

184 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Média Ponderada Móvel


Para evitar o controle de preços por lotes, como nos métodos
anteriores e para fugir dos extremos, existe a possibilidade de se
dar como custo o valor médio das compras.
Esse valor médio é bastante coerente, pois pode ser a
média das compras de um determinado período, do último mês
etc.
Entretanto, o mais utilizado e, também, o mais lógico é o
valor médio do custo do estoque existente.
Esse método é chamado de Média Ponderada Móvel
porque o valor médio de cada unidade em estoque se altera pela
compra de outras unidades por um preço diferente.
Assim, ele será calculado dividindo-se o custo total do
estoque pelas unidades existentes.

2.4. DEPRECIAÇÃO

A depreciação é o processo contábil pelo qual se calcula


o valor do desgaste de um bem em razão de sua utilização nas
atividades empresariais.
É usual depreciar um bem, pois, quando a empresa o
compra para sua utilização, efetua um gasto.
Esse gasto é considerado um investimento e não pode ser
contabilizado como despesa no momento em que a compra é
efetuada.
Entretanto, esse bem, sendo utilizado nas operações da
empresa, desgasta-se e perde valor.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 185


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Dessa forma, a depreciação deve ser contabilizada para se


demonstrar a perda de valor do bem, reduzindo o valor do Ativo
Imobilizado com o passar do tempo de sua utilização.
Para que se possa determinar a depreciação de um bem
do Ativo Imobilizado, ele precisa ter uma vida útil finita. Não é o
caso, por exemplo, de terrenos, que não possuem vida útil finita
e, por isso, não são depreciados.

Métodos de Depreciação
De acordo com a preferência ou necessidade de cada
empresa, são utilizados os métodos de depreciação.
Vários são esses métodos, contudo poucos são os
realmente usados.
A explicação de tais métodos será feita com base no
seguinte exemplo:
1) Custo do bem: R$ 5.500,00.
2) Valor residual: R$ 500,00.
3) Total da depreciação, considerada despesa durante a
vida útil do bem: R$ 5.000,00.
4) Vida útil estimada: 5 anos ou 60 meses.

Método das Quotas Constantes


O Método das Quotas Constantes distribui o custo do bem
em função, exclusivamente, do tempo.
É um método usado universalmente por causa da sua
grande simplicidade de cálculo e de funcionamento.

186 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

O resultado do Método das Quotas Constantes é


encontrado por meio da seguinte fórmula:
D = Co – Vr / N
onde,
• D = Depreciação.
• Co = Custo original do bem.
• Vr = Valor residual do bem.
• N = Período de vida útil.

Método da Soma dos Dígitos dos Anos


De acordo com o Método da Soma dos Dígitos dos Anos, as
quotas de depreciação são calculadas da seguinte forma: somam-
se os algarismos, que vão desde a unidade até o algarismo que
representa o número de anos de vida útil do bem.
Pelo exemplo citado, temos: 1+2+3+4+5=15.
A quota de depreciação do primeiro ano será calculada
pela multiplicação de uma fração, cujo denominador é 15 e cujo
numerado é o último número da série anterior.
Assim, mediante esses cálculos, obtém-se uma tabela de
depreciação.

Método das Unidades Produzidas


No caso da aplicação do Método das Unidades Produzidas,
será utilizada como taxa de depreciação a divisão do número
de unidades produzidas em determinado período pelo total
de unidades a serem produzidas durante a vida do bem a ser
depreciado.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 187


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Assim temos:
Qd = nn / N
onde,
• Qd = Quota de depreciação.
• nn = Número de unidades produzidas no ano “n”.
• N = Número de unidades a serem produzidas no
decorrer da vida útil.

Método das Horas Trabalhadas


O Método das Horas Trabalhadas assemelha-se ao método
apresentado anteriormente, porém, nesse caso, utilizaremos as
horas trabalhadas pelo bem a ser depreciado em vez da unidade
produzida.
Desse modo temos:
Qd = nn / H
onde,
• Qd = Quota de depreciação.
• nn = Número de unidades produzidas no ano “n”.
• H = Número de horas a serem trabalhadas no decorrer
da vida útil.
O lançamento da depreciação é feito mensalmente e segue
este procedimento:
Lançamento
D: Depreciação (Despesa)
C: Depreciação Acumulada (Ativo)...............................R$

188 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Histórico: quota da depreciação do mês XX, conforme


cálculos.
Observe que a conta Depreciação Acumulada é uma conta
redutora do Ativo, diminuindo a respectiva conta do bem que
está sendo depreciado.
Assim, a conta Depreciação Acumulada figurará abaixo da
conta do respectivo Ativo reduzindo seu saldo.

2.5. AMORTIZAÇÃO

Os Ativos Intangíveis compreendem o leque de bens


incorpóreos (sem existência física) destinados à manutenção da
companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo
de comércio adquirido.
Trata-se de um desmembramento do Ativo Imobilizado
que, a partir da vigência da Lei nº 11.638/2007, ou seja, a partir
de 01/01/2008, passa a contar apenas com bens corpóreos de
uso permanente.
Como exemplos de intangíveis temos:
1) Marcas.
2) Títulos de periódicos.
3) Softwares.
4) Licenças e Franquias.
5) Direitos autorais, patentes e outros direitos de pro-
priedade industrial, serviços e operacionais.
6) Receitas, fórmulas, modelos, projetos e protótipos
7) Ativos intangíveis em desenvolvimento.
Mensalmente deve ser contabilizada a amortização desses
bens, em conta redutora específica.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 189


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Transferência
Os valores intangíveis que em 01.01.2008 estavam
contabilizados no Imobilizado, deveriam ser transferidos, naquela
data, para o subgrupo de contas denominado “Ativo Intangível”.

Condições
Para ser registrado no Intangível é necessário que o ativo,
além de incorpóreo:
• For separável, ou seja, puder ser separado da entidade
e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado,
individualmente ou junto com um contrato, ativo ou
passivo relacionado, independente da intenção de uso
pela entidade.
• Resultar de direitos contratuais ou outros direitos legais,
independentemente de tais direitos serem transferíveis
ou separáveis da entidade ou de outros direitos e
obrigações.

Reconhecimento Contábil
Um Ativo Intangível deve ser reconhecido apenas se:
• For provável que os benefícios econômicos futuros
esperados atribuíveis ao ativo serão gerados em favor
da entidade.
• O custo do ativo possa ser mensurado com confiabilidade.

Avaliação
Um Ativo Intangível deve ser reconhecido inicialmente ao
custo.

190 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Após o seu reconhecimento inicial, um Ativo Intangível


deve ser apresentado ao custo, menos a eventual amortização
acumulada e a perda acumulada.
A contabilização de Ativo Intangível baseia-se na sua vida
útil.
Um Ativo Intangível com vida útil definida deve ser
amortizado, enquanto a de um Ativo Intangível com vida útil
indefinida não deve ser amortizado.

2.6. EXAUSTÃO
É a redução do valor de investimentos necessários à
exploração de recursos minerais ou florestais.

De acordo com o art. 328 do RIR/99 poderá ser computada,


como custo ou encargo, em cada período, a importância
correspondente à diminuição do valor de recursos florestais,
resultante de sua exploração.

Depreciação, Amortização ou Exaustão?


Em se tratando de florestas ou mesmo de vegetais de
menor porte, a empresa pode utilizar quotas de depreciação,
amortização ou quota de exaustão.

A quota de depreciação é utilizada quando a floresta é


destinada à exploração dos respectivos frutos. Neste caso, o
custo de aquisição ou formação da floresta é depreciado em
tantos anos quantos forem os de produção de frutos.

A amortização, por sua vez, é utilizada para os casos de


aquisição de floresta de propriedade de terceiros, apropriando-

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 191


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

se o custo ou encargo ao longo do período determinado,


contratado para a exploração.

Por fim, na hipótese de floresta própria, o custo de sua


aquisição ou formação será objeto de quotas de exaustão, à
medida e na proporção em que seus recursos forem sendo
exauridos.

Da mesma forma, serão lançadas quotas de exaustão


quando a floresta pertencer a terceiro e for explorada em função
de contrato por prazo indeterminado.

Determinação da Quota de Exaustão


Para o cálculo da quota de exaustão de recursos florestais,
deverão ser observados os seguintes critérios:

• Apurar-se-á, inicialmente, o percentual que o volume


dos recursos florestais utilizados ou a quantidade de
árvores extraídas durante o período representa em
relação ao volume ou à quantidade de árvores que no
início do período compunham a floresta.
• O percentual encontrado será aplicado sobre o valor
da floresta, registrado no ativo, e o resultado será
considerado como custo dos recursos florestais
extraídos.

Floresta Natural
Tratando-se de floresta natural, a quota de exaustão será
determinada mediante relação percentual entre os recursos
florestais extraídos no período e o volume dos recursos florestais
existentes no início do mesmo período.

192 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Floresta Natural = x * 100 / y = %

onde,

• x = área explorada no período.


• y = área total dos recursos no início do período.

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––––


Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar).
Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione:
Fundamentos da Contabilidade – Vídeos Complementares – Complementar
3.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária
e indispensável para você compreender integralmente os
conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. PERDAS ESTIMADAS COM CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DU-


VIDOSA

Desde o ano de 2010 as empresas brasileiras passaram a


preparar as Demonstrações Contábeis em conformidade com as
Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS).

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 193


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

A adoção de um novo modelo contábil alterou os critérios


de reconhecimento e mensuração dos itens patrimoniais, sendo
um destes a Provisão para Devedores Duvidosos.
A partir de então, a conta passou a ser chamada de Perdas
Estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa, sendo mensurada
por meio das perdas efetivamente incorridas, conforme CPC 38.
Essa nova forma de contabilização difere da anterior
porque, até então, as perdas eram calculadas com base em
estimativas e/ou probabilidades de sua ocorrência.
A PECLD é uma conta patrimonial representativa, por ser
considerada uma fonte de proteção contra o risco de crédito,
fator inerente às atividades de financiamento.
A respeito desse tema, sugerimos as seguintes leituras:
• DAGOSTIM, S. “Perdas estimadas” ou “Provisão para
créditos de liquidação duvidosa”?. Disponível em:
<http://www.acritica.net/mais/opiniao-dos-leitores/
perdas-estimadas-ou-provisao-para-creditos-de-
liquidacao/150211/>. Acesso em: 6 jun. 2019.
• REVISTA CONTABILIDADE & FINANÇAS. Contabilidade:
atuais desafios e alternativa para seu melhor
desempenho. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S1519-70772005000200003>. Acesso em: 18 abr.
2019. YVAN, R. PDV incentivado infla o lucro da BR
Distribuidora. Disponível em: <https://www.valor.com.
br/empresas/5384367/pdv-incentivado-infla-o-lucro-
da-br-distribuidora>. Acesso em: 6 jun. 2019.

194 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

3.2. CONTROLE FINANCEIRO DOS ESTOQUES DE MERCADO-


RIAS

Ainda que você acredite ter um razoável controle de


estoque e financeiro da empresa, há questões específicas em
cada área que exigem uma atenção individual.
E isso começa pelo básico: de um lado, há mercadorias
armazenadas em caixas. De outro, cifras, números e contas (a
pagar e a receber).
É por essa razão que, embora uma empresa saudável
dependa de uma gestão qualificada nessas duas áreas, você
precisa diferenciá-las, entender o que cabe a cada uma e buscar
as melhores práticas para cada caso.
Aprofunde mais seu conhecimento sobre o assunto
realizando as seguintes leituras:
• SAMPAIO, M. Gestão de estoque e controle financeiro
em uma multinacional. Disponível em: <http://
www.administradores.com.br/artigos/academico/
gestao-de-estoque-e-controle-financeiro-em-uma-
multinacional/109881/>. Acesso em: 6 jun. 2019.
• IDALGO, R. 4 dicas para melhorar a gestão da sua
empresa. Disponível em: <http://www.administradores.
com.br/noticias/negocios/4-dicas-para-melhorar-a-
gestao-da-sua-empresa/125461/>. Acesso em: 6 jun.
2019.
• ANDRADE, R. Sistemas de automação comercial
possibilitam controle de estoque adequado para o seu
empreendimento. Disponível em: <https://redepiaui.
com/noticias/sistemas-de-automacao-comercial-

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 195


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

possibilitam-controle-de-estoque-adequado-para-o-
seu-empreendimento/>. Acesso em: 6 jun. 2019.

3.3. DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO

Basicamente a diferença entre Exaustão, Depreciação


e Amortização está nos tipos patrimoniais que receberão a
redução.
Os tipos são: Intangível, Tangível e Recursos Naturais
esgotáveis.
A amortização é a redução do valor dos bens Intangíveis,
enquanto que a depreciação diz respeito aos bens tangíveis e a
exaustão é a redução dos bens referentes aos recursos naturais
esgotáveis.
A respeito desse assunto, sugerimos realize as leituras a
seguir:
• MONTEIRO, J. C. B. Ativo Imobilizado − conheça o seu
conceito e veja como funciona a sua contabilização.
Disponível em: <http://www.administradores.com.
br/artigos/economia-e-financas/ativo-imobilizado-
conheca-o-seu-conceito-e-veja-como-funciona-a-sua-
contabilizacao/94547/>. Acesso em: 6 jun. 2019.
• MELO, A. Johnson & Johnson amarga perdas de quase
US$ 11 bilhões no 4º tri. Disponível em: <https://www.
valor.com.br/empresas/5276219/johnson-johnson-
amarga-perdas-de-quase-us-11-bilhoes-no-4-tri>.
Acesso em: 6 jun. 2019.
• ROSE, R. E. Notas sobre o desenvolvimento da questão
ambiental, pequena história do desenvolvimento

196 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

da questão ambiental. Disponível em: <http://


www.administradores.com.br/artigos/cotidiano/
n o ta s - s o b re - o - d e s e nvo l v i m e nto - d a - q u e sta o -
ambiental/111224/>. Acesso em: 6 jun. 2019.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) No Balanço Patrimonial, as contas serão agrupadas para que se facilitem o
conhecimento e a análise ______ da companhia.
a) da situação financeira.
b) do Patrimônio Líquido.
c) da gestão financeira.
d) do capital nominal.
e) das origens e aplicações dos recursos.

2) A depreciação é aplicada nos itens:


a) do Passivo.
b) do Patrimônio Líquido.
c) do Ativo imobilizado.
d) do Circulante.
e) nenhuma das alternativas.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
auto avaliativas propostas:
1) a.
2) c.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 197


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final desta unidade, onde foi possível
perceber que o estudo da Contabilidade só se completa com a
prática constante de todos os métodos aprendidos, sendo esses
direcionados a exemplos facilmente identificados no cotidiano.
Para isso, objetivamos mostrar como os processos contábeis
auxiliam os agentes tomadores de decisão nas empresas na
elaboração e na realização de planejamentos de curto e longo
prazos, para que se atinjam os efeitos necessários à manutenção
da vida da organização.
Esperamos, assim, ter contribuído para a sua compreensão
desse importante instrumento gerencial.

6. E-REFERÊNCIAS

Sites pesquisados
GOULART, A. M. C. O conceito de Ativos na Contabilidade: Um Fundamento a ser
Explorado. Revista Contabilidade & Finanças − USP, São Paulo, n. 28, p. 56-65, jan./abr.
2002 Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rcf/article/viewFile/34068/36800>.
Acesso em: 6 jun. 2019.
LARA, E. P. A estrutura do Balanço Patrimonial: Um comparativo antes e depois da
adoção do padrão contábil internacional. Disponível em: <http://www.univale.com.
br/portalnovo/images/root/anaisadmix/1.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2019.
MALCHER FILHO, C. C. G. Sociedade Anônima − Conceito e características. Disponível
em: <http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/886/Sociedade-Anonima-
Conceito-e-caracteristicas>. Acesso em: 5 jun. 2019.
REBELLO, B. Diferenças entre tipos de empresas. Disponível em: <http://www.brasil.
gov.br/economia-e-emprego/2011/11/diferencas-entre-tipos-de-empresas>. Acesso
em: 6 jun. 2019.
SOUZA, D. M. Os principais benefícios proporcionados ao trabalhador informal
para formalização através do Microempreendedor Individual. 2010. 95f.

198 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 3 – TRANSAÇÕES MERCANTIS E CONTROLES APLICADOS

Monografia (Bacharelado em Ciências Contábeis) − Universidade Federal de


Santa Catarina, Florianópolis, 2010. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/
handle/123456789/127035>. Acesso em: 6 jun. 2019.
SZÜSTER, N.; SZÜSTER, F. R.; SZÜSTER, F. R. Contabilidade: atuais desafios e alternativa
para seu melhor desempenho. Revista Contabilidade & Finanças − USP, São Paulo, n.
38, p. 20-30, maio/ago. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rcf/v16n38/
v16n38a03.pdf>. Acesso em: 5 jun. 2019.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, A. C. Contabilidade básica. Curitiba: Juruá, 2005.
IUDÍCIBUS, S. et al. (Coord.). Contabilidade iIntrodutória: livro de exercícios. 10. ed.
São Paulo: Atlas, 2007.
MARION, J. C. Contabilidade básica: livro texto. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
MARTINS, E. et al. Manual de Contabilidade das sociedades por ações: aplicável às
demais sociedades. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica. São Paulo: Saraiva, 2005.
SÁ, A. L. Planos de contas. São Paulo: Atlas, 1998.
SCHMIDT, P. História do pensamento contábil. São Paulo: Bookman, 2000.
SILVA, C. A. T.; TRISTÃO, G. Contabilidade básica. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 199


© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE
UNIDADE 4
ÉTICA PROFISSIONAL

Objetivos
• Conhecer os principais conceitos básicos e as correntes filosóficas da ética
geral.
• Identificar e compreender a importância da ética para a constituição das
relações pessoais no âmbito social.
• Classificar as diferentes correntes éticas.
• Conhecer as peculiaridades e as especificidades da Ética Profissional.
• Identificar e compreender a importância das virtudes básicas profissionais
e as virtudes específicas que vigoram nos códigos de ética.
• Esclarecer a importância dos códigos de ética para o exercício profissional.
• Refletir sobre dilemas práticos da Ética Profissional.
• Conhecer o âmbito peculiar do exercício profissional da Contabilidade na
sua relação com colegas, clientes e sociedade.
• Identificar e compreender a natureza das manobras e dos desvios ilegais
em Contabilidade, a partir de análise de casos específicos, originados da
falta de Ética Profissional e suas inevitáveis consequências para a profissão
e a sociedade.
• Analisar e classificar os aspectos básicos e peculiares do código de ética em
Contabilidade.

Conteúdos
• Histórico da ética.
• Conceitos da ética.
• Ética empírica.

201
UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

• Ética anarquista.
• Ética utilitarista.
• Ética dos fins.
• Ética socrática.
• Ética platônica.
• Ética de Aristóteles.
• Ética epicurista.
• Ética estoica.
• Ética formal de Kant.
• Ética contemporânea.
• Ética de Sartre.
• Teorias atuantes no universo dos valores.
• Origens da Ética Profissional.
• Ética Profissional como ética aplicada.
• Utilitarismo e formalismo na Ética Profissional.
• Virtudes universais da Ética Profissional.
• Principais vícios no âmbito profissional.
• Códigos de Ética.
• Principais aspectos da profissão contábil.
• A crise moral em Contabilidade.
• Apresentação de estudos de casos.
• Prestação de serviço: importância, orçamento de custos, honorários profis-
sionais e carta-proposta.
• Infrações e penalidades do código da ética.
• Responsabilidades social, criminal e fiscal.
• A concorrência e a Ética Profissional.

Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

202 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

1) Não se limite ao conteúdo deste material didático, busque outras


informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas
apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade
EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu
crescimento intelectual.

2) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos explicitados no Glossário


e suas ligações pelo Esquema dos Conceitos-Chave para o estudo de todas
as unidades deste material. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu
desempenho.

3) Leia as informações práticas para facilitar o estudo desta unidade, tais


como os objetivos que pretendemos atingir ao desenvolvê-la. Lembre-se
ainda que a sua participação pode significar a diferença entre ler conteúdo
ou transformar conhecimentos em ferramentas de trabalho importantes
para sua vida profissional.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 203


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

1. INTRODUÇÃO
Os problemas que envolvem a ética e a moral são dos mais
discutidos no mundo contemporâneo.
A crise de valores que domina por completo o cenário
mundial em todos os seus aspectos impõe, cada vez mais, uma
revisão e também uma ampla discussão sobre esses temas.
Evidentemente, em um mundo globalizado, no qual os
critérios comportamentais se dissolvem na diversidade social
e política, torna-se extremamente difícil a possibilidade de
encontrar soluções adequadas, capazes de harmonizar essa
diversidade de raças, culturas, religiões e modos de conduta.
No campo profissional também existe essa crise axiológica.
Todavia, por ser um campo limitado, unido por um objetivo
comum, é possível, com mais eficiência, solucionar problemas
axiológicos que dizem respeito à cultura comportamental no
âmbito profissional.
Essas normas e, respectivamente, os códigos que as
expressam não tomam como referência o que o ser humano é
fora do seu trabalho.
Portanto, são válidas apenas no âmbito profissional
espacial.
Em outras palavras, não se trata de ensinar ao homem
uma cultura comportamental fora do âmbito profissional, mas
apenas dentro dele, onde existem objetivos comuns e fins que a
instituição à qual pertence persegue.
Nesse sentido, podemos dizer que a Ética Profissional visa,
antes de tudo, a um acordo entre os membros da instituição,

204 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

sem se importar com o modo como o indivíduo age fora de seu


âmbito profissional.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA


O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de
forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua
compreensão integral, é necessário um estudo criterioso dos
conteúdos apresentados no Conteúdo Digital Integrador.

2.1. O QUE É ÉTICA?

A palavra ética origina-se da palavra grega “ethos”, que


significa, literalmente, “caráter, fisionomia da alma”.
Não se trata de caráter nato que determina as ações
humanas, mas de caráter moldado por meio de práticas
comportamentais, isto é, é um ensino sobre como o ser humano
deve interagir com os outros para que haja uma convivência não
conflituosa.
Fica claro, portanto, que a ética só é possível quando estão
envolvidas as relações interpessoais.
A definição de ética é objeto de variados estudos e
dicionários.
Vale observar que a ética não é apenas o estudo dos
critérios de avaliação de bem e mal, como esse dicionário aponta,
mas, também, uma ciência que trata de formar a ação humana
de acordo com a convivência entre as pessoas em determinadas
sociedades e comunidades.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 205


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Isso quer dizer que, dependendo dos fundamentos


culturais das sociedades, os critérios de bem e de mal podem
mudar e ter diferentes interpretações.
Essa definição inspira a ideia de que a ética, como ciência
comportamental, tem como objetivo não apenas avaliar a
conduta humana conforme o critério de bem e de mal, mas
também educar o ser humano para tal conduta, de forma que
essa seja conduzida de acordo com a especificidade de cada
situação.

Ética Geral
Nalini (2008) apresenta uma definição semelhante à de
Vasquez (1999), segundo a qual a ética é uma ciência que enfoca
o comportamento moral das pessoas em uma sociedade. A
compreensão do caráter científico da ética implica o estudo da
moral.
Essa definição, que faz uma clara distinção entre ética e
moral, é uma das mais difundidas na contemporaneidade.
A palavra moral, por sua vez, origina-se do termo latino
“mores”, que significa, literalmente, “costumes”.
Nesse sentido, podemos dizer que ética e moral se
relacionam do seguinte modo: ética é a ciência que estuda o
comportamento humano, dentro da sociedade; portanto, tem
por objeto a moral.
Essa concepção é parecida com a da ética formal de
Kant, que enfoca a natureza humana como intrinsecamente
determinada e como uma das mais significantes manifestações
do homem na sociedade.

206 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Todavia, diferentemente de Kant, Senge admite a hipótese


de que a ética não é um fenômeno essencialmente humano.
O comportamento ético cabe, portanto, a qualquer tipo de
sociedade, seja humana ou animal.
A razão de negar a ética como um fenômeno essencialmente
humano parte da visão de que se existe uma sociedade ela deve
pressupor, como condição absolutamente necessária, as regras
morais que permitem a convivência.
Nesse sentido, se há convivência existe uma ética.
Nesse ponto, discordamos desse autor e assumimos uma
postura kantiana. Segundo Kant, apenas o homem pode ser
moralmente determinado, pois somente ele possui a liberdade,
que é fundamental para a determinação do comportamento
moral.
De acordo com o filósofo alemão, todos os seres vivos,
exceto o homem, obedecem à causalidade da natureza, isto é,
às leis naturais.
Apenas o homem pode romper essa legislação natural, e o
faz por meio da liberdade.
É justamente a liberdade que define o homem como
essencialmente moral.
Adiante, falaremos mais sobre Kant e a sua ética, quando
você terá a oportunidade de conhecer sua concepção formal de
ética em detalhes.
Cada homem é único e, portanto, diferente dos outros. Sem
a consciência dessa diferença, nenhuma ética pode ser aplicada.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 207


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Além disso, a ética consiste no reconhecimento e no


respeito às diferenças entre as pessoas: sem isso não haverá
nem ética, nem moral.

2.2. BREVE HISTÓRICO DA ÉTICA

De acordo com o apresentado, a ética adquire sentido e


significado somente por meio das relações interpessoais que
tornam possível a convivência social.
Portanto, caso estejamos falando sobre ética e moral,
estaremos tratando diretamente dessa convivência que,
certamente, origina a problemática moral. Para uma melhor
compreensão da formação dessa consciência ética, analisaremos,
brevemente, a convivência pré-estatal e a relação entre os
indivíduos antes da constituição da sociedade organizada.
Entre os filósofos, existe quase um consenso de que a
convivência pré-estatal se dá como guerra de todos contra todos,
expressa em termos de relação de força.
Essa relação vai mudando à medida que o homem percebe
que o conflito é prejudicial para ele.
Ele começa, então, a criar laços e pactos com os outros para
se conservar contra os ataques de inimigos, animais selvagens e
desastres naturais. Percebeu que, ao se unir a outros, teria mais
chances de sobreviver e desenvolver suas capacidades.
Assim se criou a primeira forma do contrato, que, ao longo
do tempo, foi amadurecendo, mediante os desafios que surgiam
dentro do grupo organizado.

208 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Esse grupo precisava de atitudes determinadas para


preservar a união e conservar o status vigente, visto que a
convivência social sempre suscita conflitos.
Essas atitudes determinadas podem se caracterizar como
uma pré-moral, ou simplesmente moralidade dos costumes.
Os costumes mantinham uma convivência não conflituosa
graças ao temor da punição que as divindades ou os antepassados
inspiravam, caso as regras fossem transgredidas.
Funcionavam como espécie de lei, que inspirava uma
obrigação externa e uma submissão inquestionável.
Nessa fase, o homem não possuía uma consciência
autônoma e questionadora, não se sentia como um indivíduo
autônomo, mas como parte do grupo, como peça de um
mecanismo.
À medida que o homem amadurece e começa a questionar
o mundo, a natureza e os fenômenos naturais, isto é, começa
a filosofar, desperta sua consciência autônoma: era ele quem
perguntava ou duvidava e não o grupo.
Assim, são justamente a dúvida e a curiosidade as armas
poderosas do filósofo mediante as quais se torna capaz de, por
um lado, emancipar uma consciência autônoma do resto do
grupo e, por outro, romper as até então intocáveis regras dos
costumes.
Esse processo de emancipação do indivíduo por meio
da filosofia, porém, não ocorreu de imediato, exigindo um
amadurecimento gradativo.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 209


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

A partir do momento em que o homem se torna livre e


desenvolve uma consciência pessoal, a ética torna-se uma
questão de extrema importância para a existência humana.

Conceito de Ética
Em geral, podemos definir a ética como ciência da conduta,
das virtudes e do bem.
Aristóteles foi o primeiro a conceber a ética como ciência
prática, que trata de educar os seres humanos em virtudes e boa
conduta.
Esse filósofo transformou o termo grego “ethos” (costumes)
em adjetivo “eticon” para assinalar o caráter, a fisionomia da
alma.
Mais tarde, o filósofo romano Cícero traduziu o termo
grego “eticon” para o latino “moralis”, que originou o termo
moral que utilizamos hoje.
Atualmente, há uma clara distinção entre ética e moral. A
ética seria o meio de chegar a um acordo entre diferentes morais
existentes na sociedade pós-moderna e globalizada, morais
essas que variam conforme os interesses das classes, dos grupos
e das comunidades.
Dessa forma, a moral seria a tentativa de um grupo ou uma
comunidade de se conservar, fechando-se em si e mantendo-se
intacta, o que, por sua vez, pode causar conflitos com outras
morais.
A ética, portanto, deve procurar realizar a intercomunicação
entre as morais para que essas possam conviver em harmonia.

210 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Ela configura-se, cada vez mais, como uma ciência


independente, com seu próprio objeto, métodos e finalidade.
Seu enfoque principal resume-se à reflexão e à teorização
da ação ou da conduta humana, em sua dimensão social, ou seja,
enquanto inserida em um âmbito interpessoal.
Portanto, a ética pode ser entendida como estudo teórico
sobre a moral ou a moralidade e, como tal, revela-se como
ciência positiva cujo objetivo consiste em fixar regras e normas
de conduta que possibilitam a realização do bem comum.
Vale observar que a ética e a moral não são uma e mesma
coisa: enquanto a ética se mostra como uma ciência teórica
sobre os costumes, a moral desponta como objeto dessa ciência.
Apesar da proximidade etimológica entre ética (“ethos”,
“costumes”) e moral (“more”, "hábito"), elas não devem, em
hipótese alguma, ser associadas.
Elas se relacionam, antes, como teoria e prática: a ética
deve nortear a ação humana, isto é, a moral.
A norma não tem caráter obrigatório, assim como tem, por
exemplo, a lei.
Ela pode ser cumprida ou não e é justamente isso que
atribui à ação humana um juízo de valor, bem ou mal.
O fato de cumprir ou violar a norma só pode ocorrer pela
escolha livre do indivíduo humano.
A liberdade mostra-se como condição imprescindível e
necessária para qualquer avaliação moral.
Isso foi perfeitamente explicitado pelo filósofo alemão
Emanuel Kant, pela comparação entre o reino animal, submetido

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 211


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

à necessidade natural e agindo segundo essa legislação natural,


por um lado, e o reino da liberdade cujo único soberano é o
homem, por outro.
Kant exemplifica comparando um animal faminto e um
homem na mesma condição, diante de um mercado de alimentos
em que não há ninguém para impedir sua entrada: o animal,
submetido à necessidade natural, entra e consome alimentos;
o homem, apesar de não ter impedimento para entrar e levar
alimentos, não o faria.
Tal exemplo procura demonstrar que o animal é obrigado
a cumprir aquilo que a lei natural manda, ou seja, satisfazer a
fome.
O homem, porém, rompe essa necessidade, ou lei natural,
utilizando sua liberdade de escolha: entrar e levar comida, isto é,
roubar, ou cumprir a norma da dignidade humana que dita seu
dever interno.
Esse exemplo mostra, inequivocamente, que a ética é um
fenômeno essencialmente humano e que seus princípios não se
fundam em necessidade ou condicionamento, mas na liberdade
humana compreendida em termos de uma obrigação interna de
cumprir ou violar as normas que a própria razão dita.
O fato de a norma não ser cumprida não significa a perda
de sua validez; pelo contrário, a confirma, na medida em que é
da natureza da norma admitir que possa ou não ser cumprida, o
que, por sua vez, origina a estimativa moral.
Não haveria norma moral se o homem cumprisse somente
os desígnios do bem. Nesse caso, estaria preso ao bem e,
portanto, não estaria livre para escolher uma determinada ação,
mas obrigado a cumpri-la.

212 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Todavia, a ética depara-se com problemas de extrema


complexidade no ato de enunciar seus preceitos morais.
A complexidade reside no fato de se saber se elas são
universalmente válidas, isto é, válidas para todos os indivíduos,
configurando-se conforme o tempo e o espaço.
Dessa forma, a questão seria: o bem e o mal são
valores imutáveis, historicamente independentes da época e
geograficamente independentes do lugar?
Ainda não há uma resposta clara e definitiva para essa
questão.
Existem, todavia, duas posições antagônicas que se
encarregam de respondê-la e que podemos designar como
solução racionalista e solução empirista.
A solução racionalista afirma o caráter absoluto dos
valores, isto é, que eles não mudam conforme o tempo e o lugar,
mas residem, como princípios inatos, na consciência estimativa
moral de cada indivíduo humano.
Bastaria, para este somente consulta-los para saber o que
é certo e o que é errado.
A solução empirista, por sua vez, rejeita quaisquer
princípios inatos que norteiem a conduta humana; todos os
valores são produtos de mero convencionalismo que visam à
convivência não conflituosa no âmbito social.
Essas duas posições fundamentais configuram, de modo
geral, entre o absoluto e o relativo, várias versões éticas, entre
as quais estão: a ética empirista, a ética dos fins e a ética formal.
A seguir, faremos uma breve exposição de cada uma delas.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 213


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Ética empirista
Para o empirismo, os princípios éticos da conduta humana
originam-se da experiência e da observação dos fatos, isto é,
da realidade concreta das relações interpessoais, dentro da
sociedade organizada.
Segundo um dos protagonistas do empirismo, John Locke,
não existem quaisquer princípios teóricos nem práticos na mente
humana.
Eis alguns de seus argumentos: “Nenhum princípio moral é
tão claro e geralmente recebido como as máximas especulativas
anteriormente mencionadas”.
Esse argumento em prol da inexistência de princípios
práticos inatos é muito forte, uma vez que a existência de
princípios morais, como a fé e a justiça, pode ser observada
entre ladrões e criminosos e, portanto, segundo Locke, não pode
ser considerada em sua universalidade máxima.
Eles são relativos e variam de acordo com o modo de ser
de uma espécie de viventes.
Podemos continuar com as provas de Locke contra a
inexistência dos princípios morais práticos, todavia, ambos os
exemplos descritos são suficientes para demonstrar a dificuldade
de se pensar princípios que sejam absolutamente válidos para
todas as pessoas, o que, por sua vez, implica um entendimento
relativista sobre a questão, visto que o comportamento humano,
dependendo do tempo e do lugar, varia em sua manifestação.
Assim, como bem notou José Renato Nalini (2008, p. 42,
grifos do autor):
O empirismo deságua no relativismo. Como varia a conduta
humana de acordo com a variação de época e latitude, torna-

214 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

se temerário para o empirista defender a existência de uma


moral universal ou encontrar critérios axiológicos absolutos.
Atinge-se, assim, o subjetivismo, uma das principais vertentes
da ética empírica. A origem da tese subjetivista talvez se deva
procurar no pensamento do célebre sofista Protágoras, que
afirmava "O homem é medida de todas as coisas". Levando-se
essa afirmativa em consideração, é de se esperar que cada um
tenha a sua própria medida/verdade como critério de ação.
Com essa ideia, configura-se o subjetivismo individual. Há
também o subjetivismo social, que apresenta uma conotação
mais objetiva, na medida em que valores determinados são
adotados por um determinado número de pessoas ou estão
vigorando dentro de um grupo ou comunidade.

Todavia, Nalini (2008) observa que a objetividade não é


critério estatístico. Uma estimação é objetiva quando afirma como
valioso o que realmente vale. Não importa se o reconhecimento
é de um, de poucos, de muitos ou de todos.
Deve-se observar, no entanto, que o autor, ao fazer essa
objeção ao subjetivismo social, assume uma posição absolutista,
que, como afirmamos anteriormente, não é passível de
demonstração rigorosa. Nalini (2008, p. 48-49), todavia, chega
a conclusões bastante pertinentes, a saber: “[...] o subjetivismo
– tanto na versão individual, como também, na social – faz
redundar em relativismo absoluto” e que “[...] esse relativismo
absoluto não pode presidir as relações humanas, seja na esfera
moral, seja na esfera jurídica”.
Resumindo, a relatividade absoluta que se configura a partir
do subjetivismo inviabiliza a possibilidade de compartilhamento
de valores, o que, por sua vez, impossibilitaria o projeto social.
Além da versão subjetivista, a ética empírica configura-se
também, em outras ramificações, entre as quais vale ressaltar a
ética anarquista e a ética utilitarista.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 215


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Ética anarquista
O anarquismo nega qualquer imposição externa e enfatiza
a liberdade absoluta.
A ordem jurídica, como organização social do tipo coercível,
se opõe a liberdade e representa, por isso, um mal que deve ser
combatido.
Deve-se entender o anarquismo, sobretudo, como teoria
ética que enfatiza a liberdade plena do indivíduo e o direito
de escolher seu próprio modo de ser, independentemente de
qualquer poder coercitivo.
O anarquismo, todavia, como teoria política e social, não
passa de mera utopia, não porque apresenta incoerência nos
seus pressupostos, mas porque não pode realizar o casamento
perfeito entre a liberdade absoluta e a responsabilidade
absoluta, casamento que, por si só, já é capaz de substituir o
poder coercitivo imposto pelo Estado.
O princípio de autonomia que subjaz essa ética é a base
fundamental do anarquismo.
Como sabemos, a liberdade é a condição indispensável de
qualquer ação que se queira avaliar moralmente.
A ideia de apoio mútuo fortalece o sentido de liberdade
que o anarquismo enfatiza, pois a disputa e a concorrência
visam, em última instância, ao domínio de um indivíduo sobre
outro, o que, certamente, impediria que o princípio da liberdade
se estabelecesse.
A autogestão, por sua vez, trata de ressaltar a abolição de
quaisquer instituições hierárquicas que ameacem a liberdade.

216 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Significa, também, que o indivíduo, como ser livre, deve


ser autor do seu ser.
Mas devemos lembrar o caráter elevado da ética anarquista:
se cada ser humano é livre por natureza, então ele é autor dos
seus atos.
E se é autor dos seus atos, é absolutamente responsável
por eles.
Esse princípio estabelece que o indivíduo deve ser
respeitado pelo seu caráter único e irrepetível.
Não se trata, portanto, de enfatizar o egoísmo, como pode
parecer erroneamente, mas de sublinhar a existência autêntica
de cada um.
Em todos esses princípios citados aqui, o que aparece
como polo unificador da ética anarquista é o conceito liberdade.
Não se trata de libertinagem, mas da liberdade consciente
que se identifica com a responsabilidade, reconhecendo que a
liberdade do outro é o limite da minha própria e que a ação livre,
sendo sempre intencionada para os outros, deve ser guiada pela
responsabilidade para com os outros.

Ética utilitarista
A ética utilitarista eleva como princípio norteador do seu
sistema valorativo a utilidade.
Ela introduz, à base da moral e do direito, a tendência
humana de buscar a felicidade e evitar a infelicidade.
O utilitarismo nega que a moral e a lei possam se fundar
sobre ideias inatas.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 217


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Somente a experiência, e não sistemas filosóficos, podem


oferecer o suporte necessário para a ação humana.
Assim, cada organização, pública ou privada, deve encontrar
seus motivos, pela utilidade, onde cada indivíduo concreto possa
se beneficiar, potencializando maximamente a sua felicidade.
No entanto, cabe notar que o utilitarismo não conduz,
como pode parecer, ao aumento de um dos mais terríveis vícios
humanos, a cobiça.
Aumento da suma da felicidade para o indivíduo, não
significa, na visão utilitarista, estimular a cobiça.
Cada ato imoral é, para os utilitaristas, uma aritmética
confundida do interesse pessoal, pois, cedo ou tarde, este
indivíduo infrator terá de pagar.
O prazer, nesse caso, seria negação da sua essência, ao
passar para seu oposto, isto é, a dor.
A utilidade, por indução, engendra a moral e o direito.
A ética utilitarista critica todas as outras éticas, que
separam as duas realidades.
A teoria da maximação que o utilitarismo prega é,
na realidade, a teoria do máximo útil, com efeito, máxima
quantidade de felicidade para máximo número de pessoas.
Fica evidente, portanto, que a doutrina utilitarista enfatiza
que a finalidade da vida humana é a felicidade e que só ela pode
ser fim em si mesma.
Concluindo, podemos dizer que os princípios éticos da
concepção utilitarista vão desempenhar um dos principais papéis
da ética profissional.

218 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Portanto, mais adiante retornaremos a falar sobre


utilitarismo e seus princípios.

Ética dos fins


Diferentemente da ética empirista, que revela uma face
essencialmente relativista, a ética dos fins ou finalista, postula
a existência de uma finalidade última, ou bem supremo, que
norteia a ação humana na direção da sua realização.
Esse fim resume todo o sentido e o significado da atividade
humana.
A ação humana determinada pela ética finalista configura-
se, teologicamente, como passagem da potência ao ato.
Trata-se de um processo de formação que, por meio de
atos virtuosos, auxilia a alcançar o bem supremo.
O ser humano persegue em sua vida uma série de fins;
diante de um deles, porém, os outros se reduzem em meios.
Assim, podemos entender que os fins perseguidos só
adquirem sentido e significado pela busca do fim maior, que é o
bem supremo.
Um exemplo de bem supremo é alcançar a felicidade.
Como vimos no utilitarismo, o norteador da conduta
humana é a noção de utilidade, que introduz, à base da moral e
do direito, a tendência humana de buscar a felicidade e evitar a
infelicidade.
De acordo com essa concepção, cada organização social
deve encontrar em seus motivos a noção de útil, pela qual
cada indivíduo concreto possa se beneficiar, potencializando ao
máximo sua felicidade.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 219


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

A teoria da maximação que o utilitarismo prega é, na


realidade, uma teoria do máximo útil, segundo a qual se deve
atingir uma máxima quantidade de felicidade para um máximo
número de pessoas.
A doutrina utilitarista enfatiza que a felicidade é a finalidade
da vida humana.
A primeira e mais difundida versão da ética dos fins é o
eudemonismo.
Esse termo, de origem grega, denota que o fim supremo da
vida humana é a busca da felicidade.
As doutrinas eudemonistas vão ainda mais longe ao afirmar
que tal tendência é inata à natureza humana.
Para compreendermos melhor essa vertente ética, faremos
uma breve explanação a seguir das teorias dos mais significantes
representantes desta versão: Sócrates, Platão, Aristóteles,
Epicuro e os estoicos.

Ética socrática
Sócrates, diferentemente dos sofistas que acentuavam o
relativismo humano, permanentemente se interrogava sobre
a natureza humana procurando a essência comum entre os
homens.
Com sua célebre frase “Conhece-te a ti mesmo”, afirmou
que o indivíduo deve procurar em si essa essência, que é, na
verdade, a moral, a baseada não na lei inexorável dos costumes,
mas na obrigação interna, em um dever, que a própria consciência
dita.

220 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

De acordo com essa concepção, é sua consciência que o


indivíduo deve consultar para entender os motivos do seu agir.
Assim, Sócrates tornou-se pai da filosofia moral com base
racionalista.
Nesse sentido, podemos entender sua frase “O
conhecimento é virtude”, pois a falta de virtude deve-se à falta
de saber.
Dessa forma, pode-se entender que a formação moral,
que pressupõe aquisição do conhecimento, seria imprescindível
para o alcance da vida virtuosa e esta, por sua vez, conduziria o
homem à felicidade.
Sócrates considerava quatro virtudes principais a serem
alcançadas por meio do conhecimento: a moderação, a coragem,
a justiça e a sabedoria.
A seguir, procuramos comentar como, então, alcançar
essas virtudes:
1) A virtude da moderação consiste em harmonia entre
querer e poder, o indivíduo pode pensar: “eu sou
moderado quando meu querer é limitado pelo meu
poder de fazer o que eu quero. Caso queira mais
do que posso alcançar, ficaria infeliz por não poder
conseguir aquilo que quero”. Em outras palavras: é
saber equilibrar o querer e o poder.
2) Um exemplo para a virtude da coragem seria um
aluno diante de um exame escolar: ele sentirá medo
se lhe faltarem conhecimentos para responder às
questões do exame; mas, terá coragem se possuir os
conhecimentos necessários para respondê-las. Dessa

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 221


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

forma, a virtude da coragem depende exclusivamente


do conhecimento.
3) Para realizar a justiça, é essencial ter conhecimento,
pois não o ter implica prejulgar, isto é, julgar sem
conhecimento e, portanto, praticar, injustiça. Podemos
imaginar, em um exemplo, que o juiz que atua diante
de um caso precisa conhecê-lo o mais profundamente
possível ou poderá cometer uma injustiça e transgredir
esse princípio basilar por falta de conhecimento.
4) Quanto à virtude de sabedoria, não é preciso dizer
muito, pois é ela mesma a raiz de todo saber. Essas
quatro virtudes são a base fundamental da vida
virtuosa que, em última instância, torna o homem feliz.
O método de instrução da alma humana, em que esta
ascende e se torna apta para ingressar no caminho das virtudes,
Sócrates chamou de maiêutica, aludindo à arte de parteira:
assim como esta ajuda a mãe dar à luz o filho, o mestre ajuda
seus alunos darem à luz verdades que habitam suas almas.
Nesse sentido, ele mesmo foi um parteiro intelectual que
ajudava os jovens a descobrirem, por si mesmos, as verdadeiras
virtudes, por meio de perguntas e respostas.

Ética platônica
Se Sócrates introduziu a moral como um novo paradigma,
Platão foi aquele que, utilizando-se do método dialético, criou
uma base sistemática da moral.
Diferente de seu mestre, que entendia o alcance da
felicidade individual, por meio da moral, reservada a poucos,
os sábios, Platão destacou o caráter plural dessa felicidade, que

222 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

deve ser alcançada dentro de um Estado perfeito, construído


segundo as regras da razão.
Seu modelo político, embora acentuadamente utópico,
não deixa de ser bastante avançado e, ao longo dos séculos,
serviu de inspiração para a reflexão filosófica.
A educação vem assumir um dos mais importantes papeis
na formação moral e social do indivíduo.
Com a Alegoria da caverna, contida no Livro VII da obra
A República, Platão defende a educação como elemento
fundamental da formação virtuosa do sujeito.
Essa alegoria leva-nos a imaginar prisioneiros acorrentados
em uma caverna, dispostos de forma que só pudessem ver as
sombras, produzidas por uma fogueira externa, do que se passa
próximo a eles.
Esses prisioneiros acreditam que as imagens projetadas
são verdadeiras.
Um dos prisioneiros, o mais curioso, liberta-se das correntes
e começa a escalar as paredes.
Em um primeiro momento, sua visão é ofuscada pela luz
que a verdadeira realidade produz.
Por fim, alcança a verdadeira realidade e, com ela, a
felicidade por estar contemplando o mundo verdadeiro.
Até esse momento, a fábula descreve o processo da
formação moral do indivíduo que o leva à felicidade.
Um prisioneiro sozinho rompe as correntes, sozinho escala
as paredes e sozinho chega ao mundo verdadeiro, que é também
o mundo da felicidade.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 223


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Os preconceitos e as falsas crenças (as correntes) são


rompidos pela dialética que o conduz do ilusório para o
verdadeiro.
O prisioneiro curioso é o sábio, que, ao possuir
conhecimento, alcança a vida virtuosa que o leva à felicidade.
Até aqui, Platão acompanha a versão socrática da educação
moral, segundo a qual a felicidade, o fim último da vida humana,
só pode ser alcançada pelo saber e, portanto, concluímos que o
sábio é feliz.
No entanto, enfatiza um pouco mais a importância da
formação, da qual devem participar razões políticas e sociais.
Para Sócrates, o importante é a bem-aventurança individual,
sendo a felicidade inacessível aos ignorantes; portanto seu ideal
se mantém no nível subjetivo.
Partindo dessa formação subjetiva, descrita pelo caminho
ascendente do prisioneiro curioso, Platão tenta mostrar que o
sábio pode desempenhar um papel extraordinário na sociedade.
Ele nos conta que o prisioneiro, apesar de estar no mundo
ensolarado das ideias, sentindo seu ser envolvido em plena
felicidade, resolve retornar à caverna para revelar, aos outros
prisioneiros, que há outra realidade, a verdadeira.
Ou seja, nesse momento, é a responsabilidade social do
sábio que prevalece, correndo o risco, porém, de ser morto ao
tentar salvar aqueles que permanecem na ignorância.
Todavia, só a ele cabe o papel de instruir os outros e mostrar
que é possível uma sociedade perfeita, a partir da formação.

224 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Ética aristotélica
A concepção moral de Aristóteles está de acordo com os
princípios que fundamentam a sua filosofia.
Segundo Aristóteles, a ética e a política ocupam um lugar
privilegiado na hierarquia entre as ciências que dedicam atenção
ao homem e à sua atividade prática.
Definiu o homem como um animal político, por isso
considerava que cabia a tais ciências protagonizar a formação
social e moral desse animal para que houvesse paz e convivência
harmoniosa.
O indivíduo humano está inserido no contexto social de
um sistema político chamado Estado.
A política de Aristóteles, no interior do Estado, distingue
dois tipos de comunidades: família e comunidade humana.
A família é concebida por Aristóteles como comunidade
que supre as necessidades humanas no cotidiano.
Justamente por isso, ela e as outras comunidades locais
são objetos de estudo, assim, denominada ética.
Cabe dizer que o termo ética foi utilizado pela primeira
vez por Aristóteles para designar a ciência prática que estuda e
avalia as relações humanas.
Segundo esse filósofo, a ética e a política complementam-
se, pois ambas são ciências que estudam o Estado e, mais
exatamente, as relações sociais dos indivíduos dentro dele.
Aristóteles, em sua Ética a Nicômaco, observa que toda
atividade humana pode ser resumida na busca de um fim.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 225


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Todavia, visto que os objetivos dos indivíduos são


diferentes, pode se presumir que haja um fim supremo ou bem
supremo que norteie todos os outros fins.
Esse fim último da vida humana é a felicidade. Ainda que
todos almejem esse bem supremo, há uma diferença notável
entre o entendimento dos indivíduos sobre o que é felicidade.
Aristóteles em Ética a Nicômaco apresenta uma definição
geral: o bem supremo está na atividade da alma segundo as
regras da razão.
Fica implícito nesta definição que só o homem pode ser
virtuoso, que a virtude, é algo próprio da racionalidade que, por
sua vez, o levará à felicidade.
Segundo Aristóteles, enquanto o vício consiste no exagero
ou na falta, a virtude moral está no meio termo de como atuar
para uma situação específica, isto é, em escolher um meio termo
entre o exagero e a falta.
O meio termo nada mais é do que a medida certa, um
limite, cujo acerto se alcança dificilmente.
Existem muitas vias para a prática do vício, mas somente
uma para a perfeição.
É o hábito que dá suporte e ajuda a formação das virtudes.
A virtude não se forma de outro modo, senão a partir de
exercício das virtudes.
Todavia, a virtude não pode ser apenas um mero resultado
do hábito – este é o ponto da partida da prática, mas ainda não
é virtude.

226 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

A virtude requer uma escolha racional, complementada


com uma tendência voluntária.
Com isso, Aristóteles retoma a tendência racionalista
inaugurada por Sócrates, segundo a qual a sabedoria pode levar
o homem à felicidade.
Apresenta, assim, a estrutura do mundo moral do indivíduo
por meio das categorias éticas, como bem, mal, felicidade,
dignidade, grandeza, moderação, coragem, justiça entre outras.
Como parte do seu sistema, a ética apresenta-se como
um aspecto das concepções ontológicas referentes ao universo
moral do homem.
Os principais conceitos de sua metafísica, matéria e forma,
preservam seu significado, porém, nesse caso, referidos à ética
(teleologismo).
Dessa forma, a meta suprema da vida humana define-se
pelos logos que determina a sua cultura comportamental.
Nessa cultura, um papel fundamental desempenha a
noção de virtude.
Essa noção denota a realização perfeita da ação humana,
seus logos, que, em última instância, visa ao alcance da felicidade.
Esse bem supremo não é algo que se encontra num mundo
transcendente, mas que é imanente à natureza humana e que se
alcança por meio de formação e aprendizagem.
Visto por um prisma psicológico, Aristóteles considera duas
espécies de virtudes:
• Virtudes dianoéticas: baseadas exclusivamente nas
faculdades intelectuais do indivíduo. São virtudes da

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 227


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

razão teórica. Sob esse ponto de vista, a virtude superior


é a sabedoria.
• Virtudes éticas: virtudes próprias da vida sensível
e afetiva do homem, como moderação, coragem,
bondade e sinceridade. As virtudes sociais também se
associam às virtudes éticas.
A concepção moral eudemonista de Aristóteles é
expressamente racionalista, uma vez que o agir humano se avalia
pela verdade, que se descobre na ocupação teórica, isto é, por
meio do conhecimento racional.
Tem, dessa forma, semelhança com a concepção moral de
Sócrates, todavia, a grande diferença entre ambas consiste no
fato de que Aristóteles não identifica totalmente virtude e saber,
e considera outros aspectos determinantes:
• As necessidades biológicas do indivíduo.
• O conhecimento.
• As leis.
A união desses três aspectos expressa a natureza completa
do homem.

Ética epicurista
Segundo Epicuro, a filosofia pura sem a reflexão sobre a
vida prática é totalmente inútil: a sabedoria prática é o que deve
acompanhar o indivíduo na sua existência.
De acordo com o eudemonismo reinante no pensamento
grego, para Epicuro, a felicidade configura o bem supremo da
vida humana, porém só é possível alcançá-la a partir do prazer, o
primeiro bem que nos oferece a própria natureza.

228 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Assim, segundo essa concepção, o homem tende ao prazer


e evita a dor.
Para compreender essa concepção, é necessário
contextualizá-la historicamente.
Na época de Epicuro, ocorreram grandes acontecimentos
históricos.
O principal deles foi o início da consolidação do grande
império de Alexandre Magno, que dissolveu a cultura da pólis.
Isso implicou uma profunda crise moral, pois, com o fim da
pólis e a constituição da cultura imperial, pessoas com diferentes
religiões, crença e costumes foram obrigadas a conviver no
mesmo âmbito. Justamente por isso, o período helenístico foi
profundamente marcado pela reflexão moral, uma busca de
ética que poderia responder às necessidades dos homens.
Naquela época, medo e terror dominavam a vida dos
homens e culpavam os deuses por sua condição miserável,
considerando-os os responsáveis imediatos pela sua desgraça.
Justamente nesse contexto a ética do Epicuro ganha força e
destaque.
Epicuro fundamenta sua concepção moral sobre a
compreensão própria da natureza.
Se o homem segue em pormenores o que a natureza dita,
ele seria feliz.
Mas a descoberta desses desígnios naturais cabe ao sábio
e sábio pode ser qualquer indivíduo que vive de acordo com as
necessidades naturais.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 229


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Portanto, o postulado da ética epicurista parte da unidade


entre o homem e a natureza (ambos são uma só unidade
determinada por leis gerais).
Sob esse ponto de vista, o homem não pode ser infeliz caso
construísse a sua vida de acordo com a natureza.
Traço peculiar da ética epicurista é seu vínculo estreito
com a física.
Na física, Epicuro, ao considerar o movimento dos átomos,
chega à ideia do desvio espontâneo.
Esse desvio permite ao indivíduo romper com a
determinação do destino e, com isso, libertar-se das contradições
da existência.
Nesse sentido, o desvio espontâneo inspira a ideia da
liberdade individual.
Em linhas gerais, podemos definir a ética de Epicuro como
um sistema teórico de normas e condutas práticas que deve
conduzir à felicidade.
Essas normas podem ser resumidas em quatro pontos:
1) Os deuses não são fontes de medo.
2) Indiferença diante da morte.
3) Possibilidade de alcance da felicidade.
4) Coragem e resistência interna do espírito para enfren-
tar os golpes do destino.
Segundo essa concepção, esses quatro pontos exercem
efeitos terapêuticos: são preceitos espirituais que curam o
espírito.

230 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Epicuro edifica sua ética em torno dos principais estados


da alma que ele encontra no prazer e na dor.
A busca do prazer constitui a tendência fundamental da
vida humana.
O prazer, na concepção epicurista, deve ser compreendido
de acordo com os seguintes aspectos:
1) Ausência de dor física e espiritual.
2) Justiça e moderação.
3) Imperturbabilidade do espírito.
4) Amizade.
Na raiz dos prazeres, estão as necessidades. Referente a
estas, Epicuro elabora uma escala das que estão intimamente
ligadas ao alcance da felicidade:
• As necessidades naturais e necessárias (comida, bebida
etc.).
• As necessidades naturais, mas não necessárias (comidas
e bebidas especiais, por exemplo), que desviam o
homem da verdadeira virtude e tornam o caminho para
a felicidade menos acessível.
• As necessidades que prejudicam a vida humana e
desencaminham totalmente o homem da virtude
(luxúria, ambição, orgulho, entre outras), que não são
naturais e devem ser evitadas.
Todavia, para o alcance da vida feliz, devem ser superados
ainda dois obstáculos: o medo da morte, que deixa o homem
angustiado, e o medo dos deuses.
Segundo Epicuro, a morte não deve ser um problema para
o homem vivo, pois, enquanto vivo, ele não a experimenta, e,

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 231


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

enquanto morto, ele não a sente. Referente ao medo dos deuses,


afirma que este pode ser superado mediante uma compreensão
certa sobre a natureza dos deuses: eles são imortais, felizes e
bons, pois são perfeitos.
Atemorizar os homens seria uma contradição do caráter
perfeito da sua natureza, portanto, não interferem na vida
humana, mas vivem na sua felicidade, imperturbáveis.
Vale notar que o conceito de prazer para Epicuro é bem
diferente do que foi postulado pelos hedonistas, que enfatizavam
o prazer sensual, derivante da dinâmica do corpo.
Para Epicuro, o prazer encontra-se na paz, numa disposição
harmoniosa entre o corpo e o espírito.
Essa integridade completa entre o espírito e o corpo,
chama-se ataraxia – imperturbabilidade da alma.
A dor, por sua vez, deve ser compreendida à luz do prazer.
De acordo com essa posição, o sofrimento não é obstáculo
para o alcance da felicidade.
A esperança da interrupção da dor pela qual um indivíduo
vai passar por si só é capaz de fornecer harmonia a ele.
Vale dizer, também, que não tanto os prazeres, mas a
ausência da dor dá sentido pleno à existência humana.
Os prazeres justificam-se quando, após a superação da dor,
conduzem ao ideal moral.
Essa é outra diferença com o hedonismo: enquanto para
este o prazer é fim, para o epicurismo o prazer é meio.
As principais virtudes da ética epicurista são moderação e
ataraxia.

232 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

A moderação expressa a harmonia das ações e é uma


espécie de ritmo do logos da consciência moral.
Nesse sentido, a moderação deve ser entendida como
correspondência harmoniosa entre desejos e poderes.
O ponto extremo da moderação é a ataraxia, isto é, a
ausência completa de sofrimentos.
A ataraxia epicurista não é algo como renúncia do eu, a
partir da qual o indivíduo ingressa no estado de nirvana, por
exemplo, como pode parecer.
Pelo contrário, essa ataraxia justamente garante esse eu
do indivíduo, dando a ele autonomia diante das coisas que o
possam perturbar.
Temos de observar que o eudemonismo epicurista é
construído com base racional.
Segundo Epicuro, uma vida sem muitos prazeres sensíveis,
mas vivida racionalmente, possui um valor infinitamente superior
do que uma existência marcada por irracionalidade.

Ética estoica
A ética estoica deve ser considerada em vista da utilização
prática da razão, isto é, da aplicação prática do conhecimento
teórico na vida e nas ações humanas.
Segundo a visão estoica, no Universo atua uma necessidade
implacável, à qual o ser humano encontra-se submetido.
Contudo, isso pode expressar-se na posse e no uso da
razão.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 233


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Graças à força da razão, ele é capaz de descobrir a lei e a


essência dessa necessidade.
Por definição, essa lei não pode ser irracional.
Portanto, a necessidade que reina no mundo, nada mais é
do que uma das formas da natureza racional.
Todavia, existe uma maneira de o homem tornar-se livre:
quando ele aprende a submeter-se às leis da natureza.
Sob esse aspecto, enuncia-se o princípio da ética estoica
de que somente o homem moral pode ser livre.
Porém, o homem só pode ser livre quando estiver de
acordo com os princípios da natureza.
O orgulho humano consiste, segundo os estoicos, na
submissão à razão, pois, a razão humana é parte da natureza
racional.
O homem que obedece à razão é o homem virtuoso.
A virtude e a felicidade, segundo os postulados desta ética,
não se encontram nos prazeres, mas em uma vida vivida de
acordo com as medidas e as leis da natureza.
Portanto, a vida racional é a receita e o fim da ética estoica.
A finalidade da vida humana consiste na liberdade interna,
entendida como independência do mundo externo, como
indiferença diante do prazer e do sofrimento, ou seja, a apatia é
o grande objetivo do estoico.
A apatia consiste em uma disposição moral e psicológica
do indivíduo, manifestando-se na plena ausência de tensão.
Diferencia-se da ataraxia epicurista pelo seu rigorismo:
enquanto a ataraxia expressa a imperturbabilidade do espírito,

234 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

a apatia estoica expressa a mais total e absoluta indiferença do


espírito.
A apatia é uma disposição vital alcançada a partir de um
ascetismo físico e espiritual, por meio de exercícios físicos e
espirituais.
Na escala das virtudes estoicas, a sabedoria, a coragem, a
modéstia e a justiça ocupam o lugar mais elevado.
Seus opostos, por sua vez, são o desejo, o medo, o prazer
e a tristeza.
As virtudes são, para os estoicos, modos de conduta.
Cabe dizer que a ética estoica se revela como ética do
dever.
Nesse sentido, o sábio estoico nada faz que o possa desviar
do dever, este entendido como agir de acordo com a natureza.
Apenas o sábio é capaz de viver de acordo com a natureza,
pois somente ele lê os desígnios naturais.
Portanto, somente o sábio é capaz de alcançar a verdadeira
felicidade que é, ao mesmo tempo, o bem supremo.
Com a ética estoica, concluímos a exposição das diferentes
versões de ética dos fins, que consiste, como vimos, em enfatizar
ações, práticas ou modos de conduta que perseguem um fim
determinado, mais frequentemente entendido como bem
supremo ou felicidade.
Existe, porém, outra versão ética que não visa tanto o fim,
mas a forma da ação.
Tal ética, da qual passamos a tratar a seguir, foi postulada
pelo filósofo alemão Emanuel Kant.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 235


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Ética formal de Kant


De acordo com Kant, quando se toma como ponto de
partida o eudemonismo (princípio da felicidade) em vez da
eleuteronomia (do grego, “eleuteria”, “liberdade”, e “nomos”,
princípio – princípio da liberdade da legislação interna), então o
resultado é a eutanásia (a morte silenciosa) de toda moral.
Com essas palavras, Kant enuncia um novo entendimento
moral, pensado a partir dos princípios formais da ação humana.
No núcleo da preocupação teórica com a moral, Kant coloca
as investigações das condições que tornam possível pensar a
liberdade como legislação interna.
Segundo o filósofo alemão, no fundo da moral humana
opera o cumprimento do dever.
Em suas obras Fundamentos da metafísica dos costumes,
Metafísica dos costumes e Crítica da razão prática, encontramos
várias definições da categoria “dever”, entre as quais destacamos
as seguintes: dever como a necessidade de um comportamento
pelo respeito da lei; ou, ainda, dever como obrigação conforme
um fim necessariamente escolhido.
De acordo com o entendimento kantiano, todo dever
implica a noção de obrigação por parte de uma lei.
O traço específico do dever moral, porém, consiste no
fato de que ele pressupõe tal obrigação, possível apenas como
legislação interna.
Daí a conclusão de que uma ação de dever tem seu valor
moral não no fim que ela persegue, mas no princípio da intenção,
segundo o qual a ação é realizada.

236 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Esse postulado deriva daquela lei suprema da moral que


Kant denomina imperativo categórico.
Justamente esse imperativo deve determinar o conteúdo
do dever, como o devido do dever.
Assim, o devido que deve ser realizado em cada ação que
pode ser moralmente avaliada é um imperativo que atribui a toda
ação um caráter necessário, não do ponto de vista de alguma
finalidade, mas do ponto de vista da própria ação, na sua forma
pura.
O imperativo categórico não é vinculado ao resultado que
a ação pode ter e esse é seu caráter específico, diferenciando-
se do imperativo hipotético, que visa ao alcance de um fim
determinado, ou seja, é vinculado a um resultado que uma ação
determinada persegue.
O imperativo categórico diz respeito somente ao princípio
e à forma da ação, mas não ao que dela possa derivar como
resultado.
Ele possui uma validade universal e tem a força de uma lei
universal.
Essa última máxima, que deve preencher o conteúdo de
cada ação, necessariamente deriva da mais profunda essência
que Kant encontra na natureza humana – sua racionalidade.
E é por isso que o sentido do devido e da moral residem na
submissão das inclinações sensíveis do homem aos postulados
da razão prática da legislação moral.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 237


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Ética contemporânea: sujeito ético contemporâneo


A ética contemporânea surge como uma decorrência
necessária da gênese social e da situação real no mundo
contemporâneo, cuja tendência para globalização determina o
rumo.
Em virtude da mudança acelerada do cenário político,
econômico e social, engendram-se novos problemas em que,
inevitavelmente, estão envolvidas questões éticas e morais.
Sendo assim, não se pode falar, atualmente, de uma ética
cristalizada que deve enunciar leis morais imutáveis, desde
sempre existentes.
A sociedade muda e com ela mudam as normas morais.
Ainda mais com o processo de globalização, que tende a
universalizar as diferentes culturas, religiões, tradições etc.
Dessa forma, requer da ética assumir um caráter universal
capaz de dar suporte a todas as diferenças.
Os problemas éticos que o homem contemporâneo
enfrenta têm inúmeras faces, disfarçados sob inúmeras formas
e modos de vida.
Justamente por isso, hoje em dia é muito difícil distinguir o
bem do mal: muitas vezes o mal apresenta-se revestido de bem,
e vice-versa.
A questão fundamental que está colocada diante das
concepções contemporâneas de ética é determinar a conduta
que possa ser chamada de "conduta certa" ou eticamente
correta.
Essa questão, por sua vez, coloca em foco outra: qual a
validade geral das noções morais?

238 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Isto é, as noções morais podem ter uma validade universal


para todos os homens?
Para os antigos mentores morais, essas questões,
tipicamente contemporâneas, não se colocavam em pauta,
justamente porque não existiam.
Hoje, porém, possuem uma importância extraordinária
para a existência do homem contemporâneo. Em busca de
modelos aptos para satisfazer as diferenças, surgem, aos poucos,
diversas ramificações éticas, cada uma enfatizando sua validade
e descrevendo seus propósitos.
Em meio a essas ramificações, aparece, como tentativa de
solucionar e regulamentar os problemas concernentes ao âmbito
profissional, uma ciência nova denominada Ética Profissional.
Mas, antes de passar para as peculiaridades dessa
ciência, faremos uma breve exposição da ética de Jean-Paul
Sartre, notável pensador do século 20, que enfatizou, de modo
absolutamente consistente, dois aspectos indispensáveis para o
harmonioso funcionamento de qualquer sociedade, instituição
ou empresa privada: a liberdade e a responsabilidade.

Ética de Sartre
A filosofia de Sartre é célebre por seu apelo existencial
de liberdade, não apelo enquanto desejo, mas apelo enquanto
condição ontológica do homem.
Segundo Sartre, o homem é condenado à liberdade e essa
é a sua carga ontológica.
Em sua concepção, liberdade refere-se à liberdade de
escolha e, nesse sentido, o homem não tem outra alternativa a

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 239


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

não ser escolher, pois até mesmo quando ele não quer escolher,
tem a liberdade de não escolher.
Nesse sentido, podemos dizer que mesmo negando sua
liberdade, ele não pode negar sua condição de ser livre. O
homem é liberdade.
Como ateu, negou quaisquer valores preexistentes,
promovidos por um princípio superior, seja Deus, seja Destino
etc.
A própria liberdade humana à qual o homem é condenado
engendra tais valores.
Com esse ponto de vista, o homem é criador dos seus
valores e a ele cabe a plena responsabilidade da sua realização.
Sua concepção assim entendida engendra inúmeras
dificuldades para os estudiosos dos problemas morais, pois, se
o sujeito é criador dos seus valores subjetivos, como é possível
falar de uma ética em termos de ciência?
A tendência universalista dos moralistas, que requer
normas universalmente válidas, reconhece, todavia, que a
sociedade contemporânea, mais do que em qualquer outra
época, não pode encontrar nessa variedade de costumes crenças
e religiões, um fio condutor que prepare a possibilidade de uma
ética universalmente válida.
Assim, segundo ele, as regras e os imperativos morais não
reconhecem a peculiaridade da singularidade humana.
Além disso, como modelos de conduta, eximem o sujeito
da responsabilidade que ele deve assumir pelos seus atos,
pois, se existem modelos de conduta universalmente aceitos, a
responsabilidade não é do agente, mas de tais modelos.

240 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Outra questão importante que se esboça da reflexão


sartriana é que cada ação não diz respeito apenas ao sujeito que
age, mas ao mundo todo.
Essa consciência é fundamental para a plena compreensão
da responsabilidade: qualquer decisão tomada por um indivíduo
reconfiguraria todo o campo intersubjetivo.
Logo, suas escolhas comprometem toda a humanidade
e ele se torna, com isso, não somente responsável por si, mas
também responsável pela humanidade inteira.
A ética sartriana mostra-nos uma moral altamente elevada.
Se o homem é absolutamente livre para escolher a sua
ação, se, por isso mesmo, é absolutamente responsável por
essa ação, se qualquer ação e decisão afeta a humanidade toda,
então, certamente, ele não pode se ocultar por trás de normas
universalmente aceitas, instâncias suprassensíveis ou quaisquer
outros mecanismos de disfarce.
O homem é responsável por tudo aquilo que faz e, como
tal, é injustificável – nisso consiste o caráter sublime da ética
sartriana.

2.3. AS TEORIAS ATUANTES NO UNIVERSO DOS VALORES

As concepções filosóficas sobre os problemas da ética até


agora abordados podem-se resumir nas seguintes teorias:
1) Teoria fundamentalista.
2) Teoria utilitarista.
3) Teoria formalista.
4) Teoria contratualista.

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UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

5) Teoria relativista.
Faremos, a seguir, uma breve explanação de cada uma
dessas teorias atuantes no universo dos valores éticos.

Teoria fundamentalista
A teoria fundamentalista nega a possibilidade de o homem
ser avaliador dos valores morais, principalmente do bem e do
mal.
Esse é o traço comum entre o fundamentalismo e a religião.
A principal exigência que uma teoria fundamentalista
estabelece é a universalidade da autoridade que dita as normas
morais.
Nenhum homem tem o direito de as questionar, deve
apenas as cumprir.
Essa teoria contradiz a principal característica da ética,
a liberdade de escolha, e afirma, com devoção fanática, o
determinismo.
Nesse sentido, é discutível se ela pode ser pensada como
uma teoria essencialmente ética.

Teoria utilitarista
De acordo com o princípio elaborado por Jeremy Bentham,
afirma a tendência de uma felicidade maior para um maior
número de pessoas.
Nesse sentido, a ação é avaliada de acordo com o maior
bem que ela produz para a sociedade.

242 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

A teoria utilitarista tem, porém, uma falha principal: não


leva em consideração os anseios individuais e, dessa forma,
recrimina a individualidade em prol da maioria.

Teoria formalista
Cunhada por Emanuel Kant, a teoria formalista afirma
a exigência de cada um seguir princípios universais que são
aplicáveis a todos.
Uma das peculiaridades dessa teoria é que não está
vinculada a um propósito ou benefício.
Em outras palavras, se o homem age bem, não é para
alcançar um bem, mas porque é da natureza humana agir bem.
O alcance dessa moral formal depende de duas regras:
• Os princípios aceitos devem valer para todos que estão
inseridos em um âmbito comum.
• Exigência de equidade entre os direitos e os deveres
entre os membros da comunidade, isto é, o que se exige
do outro deve ser fornecido por aquele que exige. Esse
princípio é bastante aplicável na Ética Profissional.
A principal falha dessa teoria é que nem sempre é possível
detectar o caráter universal das situações.

Teoria contratualista
Segundo a teoria contratualista, cada indivíduo deve se
comportar de acordo com as regras morais estabelecidas entre
os membros da sociedade à qual pertence.
O principal objetivo dessa teoria é a convivência pacífica e
harmoniosa na sociedade organizada.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 243


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Teoria relativista
A teoria relativista estabelece que cada indivíduo deve
decidir sobre os valores morais, respeitando, portanto, a
individualidade e a singularidade de cada um.
Evidentemente, as pessoas não são iguais e, portanto, não
devem existir, segundo o entendimento dos relativistas, normas
universalmente válidas.
A principal falha dessa teoria é que pode ser utilizada para
justificar comportamentos inaceitáveis com a justificativa de que
são derivados da singularidade do sujeito.
Tendo isso em vista, essa teoria não pode funcionar no
âmbito profissional, onde se reúnem pessoas com objetivos
comuns.

2.4. ORIGENS DA ÉTICA PROFISSIONAL

A Ética Profissional é uma nova, mas já bastante difundida,


disciplina acadêmico-científica. Seus problemas são antigos e, de
certo modo, eternos.
A história da humanidade revela, desde a mais remota
antiguidade, normas, regras e até mesmo proibições que limitam
a atividade comercial, a produção e a divulgação de determinados
produtos, ou seja, tudo aquilo que hoje chamamos de negócio.
Nas Sagradas Escrituras, por exemplo, encontramos várias
formas que regulam a vida econômica, como a medição de
determinadas mercadorias e a definição dos limites do comércio.

244 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


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Já em oráculos egípcios, foram encontradas 92 questões


sobre a conduta que o homem deve seguir na sua relação
profissional com os outros.
Entre elas, as mais difundidas são:
1) Devo aceitar gorjeta?
2) Posso me aproveitar do meu parceiro para proveito
pessoal?
3) É permitido fazer pacto com outra pessoa?
4) Em qual caso posso receber dinheiro de outra pessoa?
As questões éticas no trabalho e na vida econômica
tornaram-se alvo de uma atenção especial para cientistas e
filósofos durante século 20.
Nos anos 1930, simultaneamente com a grande depressão
econômica que abalou os Estados Unidos, apareceram os
primeiros estudos dedicados aos problemas da Ética Profissional,
com Knight (1936) e Sharp e Fox (1937).
Todavia, os primeiros estudos que delimitaram a
especificidade de tal problemática foram esboçados durante os
anos 1960, com Wirtenberger (1962).
Em 1974, a Ética Profissional chegou ao status de
estudo científica independente, com sua própria área teórica
configurada, com propósito de servir como suporte à atividade
profissional, regulamentando as relações interpessoais no
trabalho.
Isso se deu quando um grupo de cientistas e filósofos
entusiastas realizaram a primeira conferência sobre os problemas
éticos no trabalho.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 245


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Logo em seguida, a Universidade de Kansas começou a


preparar cursos universitários de Ética Profissional.
Em 1980, foi criado o Comitê da Educação de Ética
Profissional que anunciou definitivamente o surgimento dessa
nova ciência.
No mesmo período, os estudos teóricos começaram a ser
aplicados na prática em grandes empresas norte-americanas.

Ética Profissional como ética aplicada


A Ética Profissional constitui-se e afirma-se como ciência
e estudo universitário em um ambiente de mudanças profundas
no conteúdo e na essência do conhecimento humano, embasado
pela filosofia, especialmente a filosofia aplicada.
À primeira vista, pode parecer contraditório o caráter
aplicável da filosofia, pois a filosofia tradicional, desde sua
origem, é, antes de tudo, conhecimento sobre objetos que vão
além de qualquer experiência possível.
O filósofo alemão Emanuel Kant, porém, explica a essência
da filosofia como conhecimento que vai além de qualquer
experiência possível, isto é, como conhecimento de coisas
transcendentes, como Deus, Alma, imortalidade, liberdade etc.
Esse sentido clássico da filosofia lhe nega qualquer caráter
de aplicabilidade à vida prática.
Por outro lado, a filosofia aplicada atesta sua ambição
de levar até o nível da experiência real determinadas ideias e
concepções, isto é, aplicá-las na prática.
O objeto e a especificidade da filosofia aplicada podem
ser definidos da seguinte forma: a filosofia aplicativa inclui as

246 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

teorias e os métodos da filosofia para explicação e solução de


problemas cotidianos, e utilizando-se de métodos críticos, tenta
resolver problemas axiológicos na prática.
Dessa forma, fica ao encargo de especialistas de filosofia
aplicada a resolução de problemas axiológicos, conflitos morais e
outras contradições que surgem nas relações interpessoais, que
não podem ou não devem ser resolvidos por inspeção ou ação
jurídica.
Tais problemas surgem mais frequentemente nas
importantes áreas sociais, ligadas à saúde humana, à
comunicação, aos negócios etc.
A principal área da filosofia aplicada configura a Ética
Aplicativa.
Em seu âmbito, surgem várias ramificações e áreas da sua
aplicabilidade, entre as quais a Ética Profissional.
Esta última visa, antes de tudo, à solução de problemas
práticos vinculados às questões axiológicas, conflitos éticos e
morais que surgem, principalmente no âmbito profissional.

Limites da ética aplicada


Cada atividade prática pode ser analisada a partir de dois
métodos: instrumental e humanitário.
O método instrumental avalia a atividade prática do ponto
de vista da realização dos seus fins, por exemplo: “Esse negócio
é bom se trouxer lucro".
O método humanitário, por sua vez, avalia tal atividade a
partir de uma perspectiva mais ampla, e a realização dos fins é
inseparável dos valores culturais.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 247


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

De acordo com essa perspectiva, a avaliação humanitária


é mais complicada, por exemplo: “Este negócio é bom, pois traz
lucro para os proprietários e para os acionistas e porque oferece
produtos e serviços para a sociedade”.
Porém, se ele estiver de acordo com as regras da
concorrência, será que corresponde aos valores culturais da
sociedade, aos valores daquelas pessoas que nunca o poderão
comprar?
O método humanitário procura, antes de tudo,
correspondência entre uma atividade determinada e suas
consequências a longo prazo.

2.5. CONCEITOS PRINCIPAIS: MORAL, ÉTICA E COSTUMES

A discussão sobre Ética Profissional deve começar a partir


do esclarecimento de alguns dos principais conceitos e princípios
éticos.
Só assim será possível a análise da aplicabilidade dos
princípios éticos na esfera profissional.
Antes de tudo, pensemos na principal questão que a ética
procura responder: “O que posso e o que devo fazer?”. Podemos
começar definindo as noções sobre ética, moral e costumes.
Como já dizemos anteriormente, a palavra ética vem do
grego “ethos”, que significa "hábito", "costume".
“Ethicos”, por sua vez, diz respeito aos costumes
determinados de uma sociedade.

248 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Aristóteles (384−322 a.C.), como mencionado


anteriormente, introduziu a noção ética para designar a ciência
prática cujo enfoque estivesse concentrado na ação humana.
Sua finalidade, segundo ele, é a formação de cidadãos
virtuosos; por isso a situou entre a psicologia e a política, entre o
estudo da alma e o estudo do Estado.
Mais tarde, Cícero (106−43 a.C.) introduziu a palavra latina
“moralis” – de “mores”, que significa “costumes” – para traduzir
do grego a palavra “ethicos”.
Nessa época, o significado etimológico entre ambos os
termos é bastante semelhante, designando, praticamente a
mesma coisa.
Hoje, porém, existe uma clara distinção entre ética e moral.
A primeira tem uma conotação acentuadamente teórica
e reflexiva; e a segunda uma conotação mais prática que diz
respeito à conduta concreta das pessoas.
A Ética Profissional utiliza-se, sobretudo, das noções de
ética e moral (e não costumes).
Além da concepção tradicional da distinção entre ética
e moral, existe outro entendimento de ética como “meio de
chegar a um acordo", ou seja, o ético é o momento de acordo
entre diferentes tipos de morais ou tipos de condutas.
A questão fundamental que está colocada diante das
concepções contemporâneas de ética é determinar a conduta
que pode ser chamada de conduta eticamente correta.
Essa conduta que a ética contemporânea enfatiza não se
ocupa com a moral, uma vez que, em um mundo globalizado, a
moral é uma questão pessoal.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 249


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Assim, a moral varia de acordo com os indivíduos, porém,


por meio de diálogo e consenso, as sociedades contemporâneas
estabelecem paradigmas comuns que devem nortear a vida de
todos.
A conduta correta, chamada de ética discursiva, é uma
questão de acordo entre diferentes pessoas, entre diferentes
interesses e, enfim, entre diferentes morais.
É da ética discursiva que se origina a Ética Profissional.
A Ética Profissional deve enfocar diversos aspectos da
conduta humana a fim de instaurar um ambiente saudável e
confortável no exercício profissional e nas relações interpessoais
profissionais.
Revela-se como um conjunto de normas que visa, antes de
tudo, às suas aplicações práticas em qualquer profissão.
Porém, de acordo com a especificidade de cada uma, sua
manifestação é variável.
O valor positivo de conduta do profissional dentro da sua
profissão é chamado virtude.
As virtudes básicas são aquelas que estão presentes em
todos os códigos, porém, as virtudes específicas variam conforme
a profissão.
As virtudes de zelo, prudência e competência, por
exemplo, são virtudes básicas, absolutamente indispensáveis
para qualquer profissão.
Por outro lado, a virtude do sigilo, por exemplo, cabe às
profissões que trabalham com informações confidenciais.

250 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Um advogado, um contabilista ou um investigador policial


necessariamente devem agir conforme tal virtude.
Nesse sentido, podemos falar de conceitos gerais da Ética
Profissional enfatizando as virtudes básicas e absolutamente
necessárias para o exercício de qualquer profissão, e conceitos
específicos, enfatizando determinadas virtudes e condutas
correspondentes a uma determinada profissão.

2.6. PRINCÍPIOS ÉTICOS NO ÂMBITO PROFISSIONAL

Como se explica a conduta ética?


A ética articula-se em uma sociedade por meio de seus
valores, da conduta de cada membro que a integra e dos
princípios adotados.
Os valores são fixados por sua cultura e tradições, das quais
se forma determinada cultura cooperativa.
A conduta ética depende da formação moral de cada
indivíduo, sua motivação e caráter.
Os princípios, por sua vez, são formulados a partir das mais
diversas teorias da ética.
Esses três fatores sempre se manifestam no contexto de
uma situação.
A Ética Profissional frequentemente se refere a exemplos
clássicos de experiência psicológica que demonstram a
importância da situação para determinar a conduta ética.
Vejamos dois desses exemplos:

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 251


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

1) Exemplo 1
• 40 alunos de um seminário, já em fase de conclusão
do curso, participaram de um experimento sem terem
conhecimento disso.
• Esse grupo foi dividido em dois e a ambos foi pedido que
escrevessem um ensaio sobre o homem compassivo.
A um grupo foi dado o tempo de duas horas para a
execução do trabalho; enquanto, ao outro, não foi
indicado tempo.
• Durante a execução do trabalho, entrou na sala de aula
um homem, que, na verdade, era um ator, pedindo
ajuda. Dos 40 alunos, 16 interromperam o trabalho
para ajudá-lo, sendo que 15 pertenciam ao grupo ao
qual não foi indicado tempo para a execução da tarefa.
• Se os futuros sacerdotes podem, em sua maioria, se
negar a uma conduta moralmente responsável em
uma determinada situação, o que se pode dizer dos
homens de negócio, para os quais, em geral, “tempo
é dinheiro”? Como poderia agir um contador, por
exemplo, em uma situação parecida, visto que,
geralmente, está subjugado pelo fator tempo?
• Todavia, se houver ausência de conduta de ética
(no exemplo, deixar de ajudar alguém por “falta de
tempo”), nem sempre se pode condenar o indivíduo.
Em uma instituição, é necessário fazer uma previsão
das possíveis situações que podem surgir e planejar a
distribuição das competências e das responsabilidades.
Nesse sentido, devem evitar, sempre que possível, ser
uma estrutura fechada que limite a autonomia dos
indivíduos.

252 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

2) Exemplo 2
• Para realizar uma experiência, a parte subterrânea
da Universidade de Stanford foi transformada em
penitenciária. Após um teste psicológico, foram
aceitos 24 voluntários para representar prisioneiros e
guardas nessa “penitenciária” durante duas semanas.
• Uniformizados, desempenharam seus papéis de
acordo com suas funções. A experiência, porém, foi
interrompida no quinto dia, pois os "prisioneiros"
começaram a desenvolver estresse, enquanto os
"guardas" passaram a abusar do poder que lhes foi
conferido. A situação levou os participantes a agirem
realisticamente.
• A conclusão que se pode tirar dessa experiência é que
cada instituição deve criar as melhores condições para
o bem-estar de seus funcionários.

A necessidade de princípios éticos


Para o mundo dos negócios, os princípios são a linguagem
mais importante.
Os profissionais dessa área devem criar uma política para
a instituição e gerenciá-la do ponto de vista de regras gerais,
sempre explicando, determinando, defendendo determinadas
decisões.
As realizações dessas ações podem se fundamentar a partir
de determinados princípios.
Esses profissionais não podem exercer sua tarefa sem
justificar suas ações e essas razões advêm dos princípios éticos,

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 253


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

por isso o fator mais importante para o mundo dos negócios são
os princípios.
Os princípios fornecem um âmbito homogêneo para as
instituições.
As diferenças culturais e religiosas são dificilmente
niveláveis, os princípios éticos funcionam para nivelar essas
diferenças.
Dessa forma, podemos afirmar que os princípios éticos são
o componente principal para a consciência coorporativa.
A compreensão e o cumprimento desses princípios é
condição absolutamente indispensável para a formação de
relações éticas no âmbito profissional.
A seguir, apresentaremos algumas concepções que
procuram definir como aplicar os princípios éticos.

O princípio do utilitarismo
Os primeiros mentores do liberalismo foram John Locke
(1632−1704) e J. S. Mill (1806−1873), porém J. Bentham
(1748−1832) é considerado o “pai do utilitarismo”.
A ideia do princípio do utilitarismo é simples e
universalmente aceitável, mas leva a grandes complicações em
sua aplicação prática.
Seu pressuposto defende que o ser humano tem condição
de medir e calcular a utilidade de uma ação.
Dessa forma, a realização da ação e sua avaliação devem
contemplar os seguintes aspectos:

254 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

• Determinação de outras ações alternativas em uma


determinada situação.
• Para cada ação alternativa, deve-se calcular os ganhos e
as perdas que a ação envolve.
• A alternativa que conduz à soma maior de efeitos
positivos deve ser a moralmente mais perfeita.
Em vários aspectos, o utilitarismo é uma teoria ética
bastante atrativa e aceita em vários setores, como o econômico,
e tornou-se a base das estratégias de investimentos.
Por outro lado, envolve as seguintes dificuldades:
1) Como seria possível calcular os efeitos positivos de
diferentes ações sobre diferentes pessoas, como o
princípio utilitarista prega?
2) É possível determinar quantitativamente todos os
ganhos e as perdas?
3) Como seria possível medir os valores da vida e da
saúde humana? Em uma indústria química, por
exemplo, existe a possibilidade de instalação de uma
máquina que reduz os efeitos nocivos dos elementos
químicos, devolvendo aos funcionários cinco anos de
vida que esses efeitos nocivos lhes retirariam. Como
seria possível, nesse caso, mensurar os cinco anos a
mais de vida humana com os milhões que a máquina
custaria?
4) É possível prever todas as consequências de uma
determinada ação? Caso seja impossível sempre medir
os efeitos positivos e nocivos de uma determinada
ação, como é possível funcionar o princípio utilitarista?

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 255


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

5) Como podemos determinar o que significa efeito útil,


uma vez que, dependendo da sociedade e dos valores
culturais úteis, para um não significa o mesmo que
para o outro?

Princípio do formalismo
O princípio do formalismo, às vezes chamado universalismo,
enfatiza a dimensão deontológica, isto é, a dimensão daquilo
que deve ser feito.
O formalismo é o princípio que rege os direitos humanos
na sociedade pelo direito.
A noção de direito, neste caso, significa o sistema de
normas que regulamentam a convivência humana, garantindo
ao homem a sua liberdade.
O direito não é apenas uma noção jurídica.
Em uma sociedade em que o direito se vincula com as leis,
os fóruns e as cadeias, não há, ainda, a compreensão do homem
como indivíduo autônomo.
Ou seja, o homem ainda não adquiriu a consciência ética.
Existem direitos morais determinados com base em normas
e princípios éticos que não coincidem com os direitos jurídicos.
O direito de trabalho, por exemplo, é considerado direito
moral em países cujo sistema jurídico não o inclui como direito
constitucional.
Os direitos morais são universais e válidos para todos os
seres humanos, independentemente das diferenças étnicas,
culturais e religiosas.

256 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


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Sua base de avaliação valorativa é bem diferente da do


utilitarismo, pois expressa exigências morais do ponto de vista
do indivíduo, ao passo que o utilitarismo faz isso do ponto de
vista da sociedade.
O formalismo enfatiza diferentes tipos de direitos:
• Direitos negativos: referem-se aos direitos de não
interferência.
• Direitos positivos: referem-se aos direitos de
participação ativa.
• Direitos contratuais: referem-se aos direitos e aos
deveres que derivam de um acordo contratual entre
diferentes indivíduos.
Tais direitos e deveres são subordinados às normas éticas,
que representam condição prévia, pois, embora o acordo seja
um ato voluntário e não coercitivo, as partes contratantes devem
ser plenamente informadas a respeito dos termos do contrato.

Fundamentos dos direitos: imperativo categórico


Porque as pessoas têm direitos?
Em geral, as pessoas têm direitos quando vivem em um
Estado constitucional de direito.
Para entendermos a origem dos direitos, precisamos
analisar a natureza humana.
Uma explicação mais fundamentada nos fornece o filósofo
alemão, Emanuel Kant (1724−1804).
Para Kant as pessoas têm direitos independente da
utilidade ou do prejuízo prático.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 257


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

A base de sua teoria é o imperativo categórico.


Kant introduz esse conceito distinguindo-o dos imperativos
hipotéticos, que são, pela sua natureza, prescrições e não leis,
que determinam a vontade humana de acordo com uma ação
desejada, por exemplo: “Você deve trabalhar para ganhar
dinheiro".
O imperativo categórico é lei que determina a vontade
antes da ação.
É categórico porque não depende de determinadas
condições, e é imperativo porque não é descritivo, mas
prescritivo.
Esse princípio kantiano requer que cada pessoa garanta e
respeite a liberdade e a igualdade alheia.
Kant apresenta dois postulados a respeito do imperativo
categórico.
O primeiro diz o seguinte: “Todos devem agir com base
em uma máxima que também possa ter validade como uma lei
universal”.
Para esclarecer esse postulado, observemos a seguinte
situação: “Quero demitir um funcionário porque não gosto da
sua origem étnica”.
Segundo o princípio kantiano, eu deveria me perguntar se
teria aceitado o comportamento de um diretor que me demitisse
por causa da minha origem étnica.
O imperativo categórico é a forma teórica da máxima: "Não
faça aos outros aquilo que não queres que os outros façam ti”.

258 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Ou ainda: “Faça aos outros aquilo queres que façam para


ti".
Kant ressalta que nem sempre é possível se colocar no
lugar do outro, por isso o mais importante é imaginar se você
quer que alguém aja de determinada maneira.
Aqui é fundamental definir qual é a vontade no momento
da execução de uma ação.
Admitamos, por exemplo, que estamos transgredindo um
acordo, porque o acordo nos força a fazer algo que não queremos.
Nesse caso, segundo Kant, deveríamos nos perguntar se
gostaríamos que existissem pessoas que transgredissem acordos
porque não os querem mais cumprir, e se gostaríamos de fazer
acordos com essas supostas pessoas.
O segundo postulado, Kant enuncia o seguinte: “Age de tal
modo que uses a humanidade, ao mesmo tempo na tua pessoa e
na pessoa de todos os outros, sempre e ao mesmo tempo como
um fim, e nunca apenas como um meio”.
Esse postulado destaca a conclusão puramente prática
de que o respeito a si mesmo é a condição sine qua non para a
moral, isto é, sem a qual a moral é impossível.
Justamente nisso consiste o lado positivo da regra kantiana.
O homem sente-se digno de respeito e, por isso mesmo,
respeita os outros.
Tratar o outro como fim, segundo Kant, significa tratá-lo
como ser livre e racional.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 259


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

E tratar o outro como meio significa utilizá-lo como


ferramenta para execução dos seus interesses, sem respeitar a
escolha livre desse outro, nem seu direito à autonomia.
Em outras palavras, esse segundo postulado diz que a ação
de um indivíduo é moralmente justificada se, na sua execução,
outros indivíduos não forem utilizados como meio para o sucesso
dessa ação, mas como parceiros livres e autônomos.
No primeiro postulado do imperativo categórico, a ênfase
recai sobre a igualdade.
No segundo, a ênfase recai sobre a liberdade.
O significado geral desses postulados resume-se no fato de
que as pessoas devem se comportar como livres e iguais em seus
direitos de perseguir seus interesses.
Todavia, o imperativo kantiano envolve alguns problemas,
apesar de não serem tão evidentes como no caso do utilitarismo.
São eles:
• O imperativo kantiano nada diz sobre a má vontade
livre. Por exemplo: "Se eu fosse assassino, teria querido
me nortear pela norma moral de que cada assassino
merece uma punição pesada?”.
• Maiores são os problemas ligados aos limites dos
direitos: como determinar os diversos direitos humanos
e como achar equilíbrio entre tais direitos, caso entrem
em contradição?
• Seria difícil determinar quando uma pessoa é utilizada
como meio. A concessão de direito de escolha a uma
pessoa nem sempre significa respeito do valor desse
homem.

260 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Nesse caso, habitualmente na argumentação moral, se


utiliza outro princípio ético – o princípio da justiça.

O princípio da justiça
Podemos definir a ideia de justiça como exigência de
equidade entre a ação e sua consequência, entre direitos e
obrigações etc.
Algumas concepções sobre a essência da justiça são:
1) Justiça como igualdade: o principal fator desse tipo
de justiça é o princípio distributivo, segundo o qual
se requer uma distribuição igualitária entre todos
os homens, uma vez que eles são iguais conforme a
natureza humana.
2) Justiça segundo o mérito: a participação na distribuição
de bens segue o princípio de efetividade, isto é, quanto
mais mérito tem um homem, mais bens ele recebe.
3) Justiça segundo as necessidades de cada um: essa
concepção é bastante preconizada na ideologia
socialista.
4) A justiça como liberdade (liberalismo): essa concepção
segue a máxima: "A cada um segundo a sua escolha, a
cada um segundo o escolhido por ele".
Vale observar que a concepção mais consistente de justiça
entre as teorias éticas pertence a John Rawls.
Observando que em cada sociedade se reproduz a
desigualdade, ele defende que cabe à sociedade garantir a
liberdade.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 261


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Utilizando as posições de Aristóteles sobre os três tipos de


justiça (igualitária, distributiva e punitiva), introduz os seguintes
princípios fundamentais de justiça:
• Princípio da liberdade igualitária: a liberdade de cada
indivíduo deve ser defendida de outros indivíduos,
embora a liberdade de todos deva ser igual.
• Princípio da igualdade das possibilidades: toda sociedade
econômica deve garantir possibilidades mínimas iguais
de participação de todos.
• Princípio da diferenciação: uma vez que cada sociedade
econômica reproduz desigualdade, então deve-se
melhorar a condição dos necessitados, pois isso é de
interesse de toda a sociedade.
A concepção de Rawls mostra-se refinada e capaz de dar
solução aos mais difíceis problemas da sociedade organizada.
Garantir as mínimas possibilidades de todos na participação
da distribuição dos bens garante, por sua vez, o funcionamento
mais efetivo da sociedade.

Aplicação dos princípios éticos


Três princípios éticos constituem os fundamentos da
argumentação moral.
Cada um deles toma como referência diferentes aspectos
da conduta humana, porém nenhum deles pode abranger,
universalmente, todos os lados, aspectos e consequências dessa
conduta.
O utilitarismo compreende a comparação e a medição das
diferentes alternativas da conduta, do ponto de vista dos seus
resultados, sejam positivos ou negativos.

262 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

O universalismo, por sua vez, enfoca na sua reflexão as


questões ligadas aos direitos e às liberdades dos indivíduos,
enfatizando os problemas dos acordos, a vontade livre de
participação em uma determinada atividade, o direito de
escolha e da auto compreensão do papel específico que cada
um desempenha na sociedade.
O julgamento moral a partir da posição do princípio da
justiça concentra-se nas questões da distribuição de bens,
prejuízos e penas entre os membros da sociedade.
Podemos, portanto, resumir as três expressões éticas da
seguinte forma:
• Utilitarismo: enfatiza o bem comum, mas ignora as
necessidades individuais.
• Universalismo: enfatiza as necessidades individuais,
mas ignora o bem comum.
• Justiça: enfatiza a distribuição dos bens, mas ignora as
necessidades individuais e o bem comum.
O caráter incompleto desses princípios mostra que a ética
os deve considerar do ponto de vista da complementaridade,
isto é, que eles devem ser considerados como complementares
e não separadamente.
Existem problemas morais que requerem a aplicação de
cada um desses princípios.
Assim, a boa escolha e a conduta ética devem contemplar
esses três princípios.
Na argumentação moral, os princípios éticos são utilizados
como meios de análise da conduta nas instituições e suas
políticas.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 263


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Com base nisso, formula-se o ajuizamento moral da


legitimidade ou da ilegitimidade de determinadas ações.
O ajuizamento moral, apoiado por argumentos, constitui
um elemento absolutamente indispensável para a conduta
moral. Sem este ajuizamento, as ações humanas tendem a
mergulhar em um caos incontrolável.
Alguns pesquisadores da Ética Profissional atestam que,
na realidade, os princípios fundamentais são apenas dois: o
utilitarismo e o formalismo.
Mas por que não consideram também o princípio da justiça
como fundamental e determinante da conduta ética?
Como já foi dito, os princípios são regras fundamentais e
quanto menor for o número deles, mais fidedignos serão.
Os princípios devem garantir uma explicação total de todos
os fenômenos em uma determinada esfera.
O princípio da justiça é o princípio de distribuição de bens
e penas.
O bem e o mal são considerados como soma das aquisições
para a qual se procura uma maneira justa de distribuição.
Por isso, o aspecto ético, nesse caso, se perde.
No caso do utilitarismo, trata-se de avaliação de resultados
e comparação de alternativas, mas sem análise de uma
determinada ação e suas consequências.
Aceitando, portanto, a ideia de dois princípios éticos, resta
agora responder qual deles deve ser escolhido.
Existe uma regra geral segundo a qual o princípio dos
direitos possui um valor mais elevado.

264 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

O formalismo determina a esfera na qual os outros não têm


o direito moral de interferir, mesmo quando poderão ter algum
proveito disso, pois um indivíduo, segundo a fórmula kantiana,
não pode ser compreendido como meio.
Todavia, nem sempre o universalismo tem boas soluções.

2.7. O UTILITARISMO E O FORMALISMO NA ÉTICA PROFISSIO-


NAL

Antes de verificar como o formalismo e o utilitarismo


aplicam-se no âmbito empresarial, vamos analisar como estes
estão fundamentados filosoficamente.
Podemos afirmar que tanto o formalismo quanto o
utilitarismo nos dão razões que atendem a todas as alternativas
da esfera da moral e que estão fundados, na lógica, segundo a
regra do terceiro excluído, ou seja, são fundados racionalmente.
O princípio do terceiro excluído estabelece que ou x é y ou
não é y e não existe uma terceira hipótese. Por exemplo:
• Ou uma ação (x) é justa (y) ou não é justa (y).
• Ou um comportamento (x) é ético (y) ou não é ético (y).
Apesar de ambas as concepções (formalismo e utilitarismo)
atenderem a uma regra racional, da lógica, cada uma delas visam
fins, aplicam-se na prática e fundam-se em epistemologias e
ontologias diferentes.
Vamos analisar agora a aplicação desses princípios éticos
no âmbito profissional.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 265


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Primeiramente, temos de avaliar em quais situações se


aplicam o princípio utilitarista e em quais se aplicam o princípio
formalista.
O princípio utilitarista aplica-se às seguintes situações:
1) Em situações cuja solução exija a participação de todos
ou a participação da maioria.
2) Na análise de efeitos nocivos sobre ecologia na
produção de um novo produto.
3) Quando se deve pautar a política empresarial na
legislação fiscal.
4) Na análise do comportamento do consumidor no
mercado livre e na comparação com a informação do
consumidor de diferentes produtos.
O princípio formalista, por sua vez, aplica-se aos seguintes
casos:
1) Definição de regras que unifiquem a conduta e o
comportamento dos funcionários, como uso de
uniforme, por exemplo.
2) Avaliação da estratégia empresarial do ponto de vista
dos valores humanos.
3) Repúdio à participação em comércio que envolva
bebês ou embriões humanos.
4) Respeito aos direitos constitucionais (positivos ou
negativos) quando eles entram em contradição com os
direitos contratuais.

266 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Aplicação do utilitarismo
Vale ressaltar que existem diferentes tipos de utilitarismo,
que assim são resumimos:
• Utilitarismo da iniciativa privada: aplica-se quando o
empreendedor se pergunta: “Por que devo empreender
algo?”, "Como devo fazer isso?". Essas perguntas surgem
quando se procura a melhor maneira de execução
de uma ação. Nesse caso, são requeridas qualidades
individuais, como criatividade e imaginação.
• Utilitarismo tecnocrata: aplica-se quando é necessário
distinguir as consequências de determinadas ações a
curto e a longo prazo. Quando se procura responder à
pergunta "quanto?”, o utilitarismo tecnocrata é o mais
aplicável.
• Utilitarismo empresarial: diz respeito aos argumentos
de determinadas ações. As questões aqui mais relevantes
são do tipo: "Devo? A quem?”. Exemplos: “Devo fazer a
divulgação de um produto que sei que é prejudicial e
nocivo para crianças?”, “Devo informar que meu colega
está falhando no trabalho se ele é meu amigo?” e “A
qual candidato devo oferecer o trabalho?”.
Uma das principais questões ligadas ao princípio clássico
do utilitarismo refere-se a como ele pode funcionar na prática.
A dificuldade dessa questão consiste no fato de que nem
sempre se pode calcular os efeitos da sua utilização na prática.
Por isso, o utilitarismo como teoria possui caráter descritivo.
Outra questão ligada ao utilitarismo clássico refere-se
à impressão de que ele inspira uma posição duvidosa, pois,
segundo ele, nenhuma ação tomada por si mesma tem caráter

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 267


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

moral, apenas as consequências de determinada ação podem


ser avaliadas como boas ou más.
Para lidar com essas questões, a Ética Profissional
recomenda que toda escolha de estratégias alternativas necessita
de fatores dominantes, segundo os quais se toma a decisão.
Entre tais fatores, deve-se destacar os que não se podem
compensar por outros.
Se tais fatores se encontram em uma ação, eles são a
resposta mais adequada para essa ação.
O fator não compensado se torna decisivo para a escolha
de determinada afirmação.
O próximo passo é determinar o fator dos valores
intuitivamente aceitos que resultem na escolha da estratégia
comportamental mais adequada e satisfatória.
Exemplos de valores intuitivamente aceitos na Ética
Profissional são: relação de acordo com os outros, cumprimento
das promessas, lealdade, cooperação e fidelidade.
De tudo o que foi apresentado até aqui, fica claro que a
aplicação prática do utilitarismo na Ética Profissional se apoia no
pressuposto de que os fatores e os argumentos podem até não
ser plenos e exatos, mas, com certeza, devem ser suficientes e
adequados.
Esse entendimento de tomada de decisão, segundo o
princípio utilitarista, baseia-se nas concepções contemporâneas
da estrutura das ações humanas.
Do ponto de vista da Psicologia, a concepção de que os
fins de determinada ação dependem de que os meios para a sua
realização sejam previamente planejados parece ultrapassada.

268 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

A escolha da conduta é um processo simultâneo de


descoberta de fins e meios para a sua realização.
E o homem é responsável pela escolha desses fins e meios.

Aplicação do formalismo
A concepção formalista habitualmente aplica-se às
questões que dizem respeito à essência e ao conteúdo, e não ao
grau e à quantidade, como é no caso do utilitarismo.
Para solucioná-las, o formalismo utiliza-se da natureza, da
espécie e do caráter de uma ação.
A argumentação moral da posição do formalismo requer
a faculdade de distinção entre diferentes casos, por exemplo,
entre:
• Suborno e gratidão.
• Mentira e blefe.
• Liberdade de expressão dentro de uma empresa e
lealdade a ela.
O princípio formalista de Kant aplica-se com sucesso se, e
somente se, em cada caso concreto a gerência procurar respostas
fundamentadas às questões típicas, tomando como referência
algumas regras.
Observe, a seguir, a correlação entre essas regras e as
questões que a gerência deve procurar responder:
1) Regra do caso particular: “Existem alguns casos exclu-
sivos da regra geral segundo os quais eu quero agir?”.
2) Regra de analogias: “Que outras situações análogas eu
conheço?”.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 269


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

3) Regra da moderação: “A ação que escolhi é radical ou


existem outras ações não tão radicais?”.
4) Regra da inversão: “Será que alguém como eu iria que-
rer que essa ação fosse realizada contra ele?”.
5) Regra da omissão da regra: “Quais são os problemas
que podem suceder se eu mudar a regra geral no meu
caso concreto?”.
De tudo isso, podemos concluir que a aplicação prática do
formalismo requer a consideração de casos radicais, apontamento
de contraexemplos, busca de analogias e até metáforas para
revelar a natureza do caso.
Por isso, a conceituação do comportamento, do ponto de
vista do formalismo, exige maior imaginação, emoção e vasta
cultura.
Do ponto de vista prático, eleger a melhor abordagem
entre esses dois princípios éticos (utilitarismo e formalismo)
para definir uma ação comportamental é uma questão de
perceber qual dos dois melhor instrumentará para a obtenção
de resultados mais adequados e satisfatórios.
As preferências pessoais de empresários quanto à aplicação
desses princípios são relativamente estáveis.
Neste sentido, a preferência entre o utilitarismo e o
formalismo numa empresa depende das qualidades pessoais e
profissionais dos indivíduos e do tipo de negócio que a empresa
desenvolve.
O conhecimento de regras concretas e formas da aplicação
dos princípios éticos na prática profissional ajuda na erradicação
de um fenômeno frequentemente observado, chamado o “mito”
na Ética Profissional.

270 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Sua essência consiste em uma opinião habitual, mas não


verdadeira, de que o empresário é permanentemente colocado
diante da escolha entre o certo e o errado, entre o bem e mal.
Apesar de o dilema ético parecer ser uma escolha entre
certo e errado, esse dilema, na prática, não é um fenômeno
frequentemente constatado.
Os raciocínios em torno dessa dicotomia podem se tornar
confusos e raramente levam às ações efetivas.
As decisões, na maioria das vezes, não devem ser radicais.
As alternativas de comportamento ético não podem
ser previamente estudadas: a ética e, em particular, a Ética
Profissional não dispõem de alternativas e soluções prontas.
As decisões frequentemente devem ser tomadas tendo
como referência alternativas estabelecidas entre o bem ou o mal.
Cabe ao gestor escolher aquela que for mais adequada e
satisfatória ao seu problema, à sua situação.

2.8. VIRTUDES UNIVERSAIS DA ÉTICA PROFISSIONAL

Virtudes básicas e específicas


A relação entre os indivíduos no âmbito profissional requer,
de cada integrante, uma conduta compatível com os outros e
com os objetivos da profissão e/ou da instituição.
A conduta do indivíduo no âmbito profissional é um
conjunto de ações que visam a um fim determinado.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 271


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Esse fim, no entanto, não deve atender aos interesses


particulares, conforme os quais o homem naturalmente age,
mas proporcionar o bem comum, coletivo.
Quando as ações estão de acordo com tal bem comum, são
chamadas virtudes.
Lopes Sá (2000, p. 151) conceitua tais virtudes da
seguinte forma: “[...] virtudes básicas profissionais são aquelas
indispensáveis, sem as quais não se consegue a realização de um
exercício ético competente, seja qual for a natureza do serviço
prestado”. Vale ressaltar que essas virtudes não dizem respeito
ao indivíduo e seus interesses, mas, sobretudo, às relações
interpessoais.
Entre essas virtudes básicas, Nalini (2008) dedica atenção
especial às seguintes: zelo, honestidade, sigilo, competência,
prudência, compreensão, justiça e moderação.
A seguir, apresentaremos as principais características de
cada uma.

Zelo
Zelo é uma virtude válida para toda e qualquer profissão,
embora o tipo de zelo varie de acordo com cada uma.
Diz respeito à qualidade com que se produz um determinado
objeto ou se presta um determinado serviço.
A qualidade da execução de uma determinada tarefa é
uma das principais virtudes que devem nortear o indivíduo no
exercício profissional.

272 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

A falta dessa virtude, implica na perda da confiança do


indivíduo consumidor que acredita ter adquirido um bom
produto ou serviço.
Segundo Nalini (2008, p. 177), o zelo é “[...] o grau máximo
de responsabilidade pessoal do sujeito, com a abrangência total
do objeto de trabalho".
É bem verdade que cada profissão exige um determinado
tipo de zelo, mas o zelo como virtude básica é aplicável a qualquer
profissão.
O que muda é apenas o conteúdo.
A obrigatoriedade de zelar pela tarefa aceita não varia,
mesmo que variem a qualidade do serviço e a formalização do
contrato.
O profissional não deve distinguir qualidade de tarefa ou
qualidade de cliente, mas, sim, manter o objetivo de cumprir o
trabalho de forma eficaz. “Deixar de cumprir com afinco uma
tarefa cuja responsabilidade se assumiu trata-se de falta de zelo,
sem falar que se constitui numa transgressão ética” (CFC, 2003,
p. 26).
Um dos males que desgastam as empresas é justamente o
descompromisso com essa virtude, com a responsabilidade com
que cada profissional deve agir.

Honestidade
A honestidade pode ser definida como o cuidado que uma
pessoa deve ter com os bens alheios.
Essa virtude, fundamental para qualquer exercício
profissional, transgredir-se quando pessoas agem por interesses

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 273


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

próprios e egoísmo e toma aquilo que pertence ao outro para


benefício próprio sem o consentimento daquele que possui o
bem.
A honestidade não se trata apenas de um costume, de um
comportamento, mas de uma conduta que obriga ao respeito
e à lealdade para com o bem de terceiros. “Ser honesto,
integralmente, é um dever ético de qualquer profissional; não
existe meia confiança, como não existe meia honestidade” (CFC,
2003, p. 25).
Nos dias atuais, em que reina o materialismo, em que
os seres humanos estão preocupados em ter em vez de ser,
a desonestidade tem sido detectada com grande frequência
no comportamento humano e tem se tornado a principal
responsável pela perda de confiança e credibilidade.
Sem a honestidade, qualquer profissional é condenado
a sofrer danos irreparáveis, como perda de confiança e
credibilidade.

Sigilo
A virtude do sigilo não é apenas uma das principais virtudes
básicas, ela compõe, também, em determinadas profissões, o
quadro das virtudes específicas.
Como Nalini (2008, p. 190) define: “Revelar o que se sabe,
quando a respeito do conhecido, quem o confiou pediu reserva,
é quebra de sigilo”.
Essa quebra desvirtua o ambiente profissional e o torna
cheio de desconfiança e suspeita, o que, por sua vez, prejudica o
funcionamento e a execução do trabalho.

274 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Essas são as consequências básicas da quebra do sigilo.


Essa virtude cabe às profissões que trabalham com
informações confidenciais, como advocacia, contabilidade,
medicina, polícia, entre outras.
Porém, não cabe a algumas profissões, como a do
bibliotecário, que deve fornecer informações de domínio público.
Guardar sigilo e não revelar informações exigidas pelos
clientes, nesse caso, seria falta de virtude.
Existem áreas que, como foi ressaltado anteriormente,
dependem exclusivamente da virtude do sigilo, áreas em que o
sigilo é uma virtude específica profissional.
Imaginemos que efeito poderia decorrer da quebra do sigilo
de um advogado referente ao seu cliente, ou de um contabilista,
ou de um policial numa ação sigilosa.
As consequências de tal quebra de sigilo podem ser
desastrosas, não só para as pessoas envolvidas nas ações, mas
também para a sociedade.

Competência
A competência diz respeito ao caráter técnico do exercício
de qualquer profissional.
Nalini (2008, p. 192) a define como: “[...] conhecimento
acumulado por um indivíduo, suficiente para o desempenho
eficaz de uma tarefa”.
Na falta de competência, o trabalho executado não apenas
perde seu valor utilitário, mas, também, a credibilidade no
profissional que o executa.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 275


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Às vezes, na falta de conhecimentos e habilidades na


execução de um serviço, a postura ética exige que o trabalho seja
recusado.
O produto ou o serviço prestado tem um destino certo – de
satisfazer uma necessidade.
Os danos causados por falta de competência registram uma
coisa só – a falta de postura ética com os outros, tanto colegas,
como consumidores.
Às vezes, na falta de conhecimentos e habilidades para
execução de um serviço, a postura ética exige que o trabalho
seja recusado. Imaginemos as consequências que podem
se desencadear, quando, por exemplo, um contador sem
competência presta serviço contábil a uma empresa.
Os resultados podem ser realmente desastrosos para a
empresa podendo levá-la à falência e levar seus funcionários ao
desemprego.
Imagine, também, o que a falta de competência de um
médico pode causa? A falta de competência de um médico pode
causar até mesmo a perda da vida do paciente.
Exemplos como os que você acabou de acompanhar
podem ser multiplicados e estendidos a todas as profissões.
Os resultados serão os mesmos: perdas e danos, às vezes
irreparáveis e fatais.

Prudência
A prudência é outra virtude básica em toda profissão.
Com ela, o profissional se mantém concentrado no seu
exercício para que não ocorram erros e falhas.

276 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

A aplicação mais importante dessa virtude presta-se nas


áreas profissionais que exigem muita segurança, e erros podem
causar danos fatais.
Por falta de prudência, um competente contador pode
levar uma empresa à falência.
Um competente enfermeiro, por falta de prudência, pode
arriscar a vida de um paciente.
Um engenheiro civil competente, por falta de prudência,
pode colocar em risco a vida de muitos moradores.
Um competente motorista de ônibus pode, por falta de
prudência, causar um acidente terrível.
Vemos, portanto, que, embora o profissional deva exercer
sua função com competência, ele também deve agir com
prudência.

Compreensão
Virtude imprescindível para a construção de um ambiente
profissional saudável, que deve vigorar tanto na relação entre
colegas de departamentos, para o bom funcionamento de
toda empresa, como também na relação com os clientes e a
comunidade.
A falta dessa virtude implicará em sérios problemas nas
relações interpessoais.

Moderação
A moderação expressa-se na qualidade do profissional de
encontrar o meio termo entre excesso e insuficiência.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 277


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Saber equilibrar os desejos e os poderes engendra


ambiente saudável e harmonioso no âmbito profissional. Virtude
que respeita a divisão do trabalho: a justiça
A lista das virtudes profissionais pode ser ampliada, porém
não o faremos neste estudo, cujo objetivo não é enumerar,
mas mostrar a importância teórica e prática das virtudes,
como aspectos indissociáveis da conduta ética, absolutamente
necessários para o bem comum tanto da empresa como da
comunidade.
Tendo em vista que o homem é um ser de relação, ressalta-
se que as virtudes profissionais se voltam para as inter-relações
humanas, enfatizando uma conduta de excelência, não consigo
mesmo, mas sempre para com os outros.
Por isso, o individualismo e o egoísmo não têm espaço
na Ética Profissional, cujo objetivo principal é desinstalar as
manifestações dessas inclinações naturais, mas nocivas, e abrir
a visão humana para a alteridade.
Não se trata, nesse caso, de um mero altruísmo, como pode
parecer, mas de destacar a vida social no âmbito profissional.
Agindo de bem com os outros, o profissional, além de
gerar bens comuns, beneficia a si mesmo, pois a vida social
parte do pressuposto de que da união entre os homens surgem
as condições do desenvolvimento e a conservação da natureza
humana, tanto no aspecto físico, como no aspecto moral e
espiritual.
Essa é a razão pela qual os homens se unem, constituindo
comunidades, para, com a ajuda de cada um, construir o bem
comum.

278 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

No âmbito profissional, não é diferente: com a ajuda de


todos, cada um colhe os frutos que juntos semearam e a colheita
só é boa se cada um dos trabalhadores fizer sua parte.
Uma importante ressalva pode ser feita no que diz
respeito à divisão do trabalho, tanto no âmbito social, enquanto
construção da sociedade, como no âmbito profissional.
Essa divisão ocorre desde os tempos mais remotos quando
a sociedade organizada se constituiu.
A diferenciação das classes ocorre de forma natural,
conforme as capacidades e as habilidades específicas de cada
um, formando uma união de classes.
Esse sistema social, porém, exige uma virtude comum a
todos, a justiça, que garante tal divisão social.
A justiça, desse ponto de vista, postula que cada um deve
fazer aquilo que é capaz de fazer e nada além disso.
Certamente, esse modelo político, mostra-se inatual
hoje, todavia, ele enuncia uma ideia importante, de que, no
âmbito social em que estamos inseridos, independentemente
se é na empresa, no hospital ou no escritório, existem níveis
hierarquicamente organizados que devem ser respeitados em
nome do bom funcionamento do sistema e do bem comum.
A virtude da justiça requer do profissional, em qualquer
área de atuação, rigoroso cumprimento da contribuição
recíproca.
Ser justo significa respeitar os direitos e os deveres que a
convivência social estabelece, com senso de imparcialidade nos
julgamentos morais, promovendo liberdade e equidade.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 279


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

2.9. PRINCIPAIS VÍCIOS NO ÂMBITO PROFISSIONAL

Ao lado das virtudes já expostas, faremos, a seguir, uma


breve análise daqueles sentimentos e ações que estragam a
convivência profissional e são, portanto, considerados vícios.

Orgulho
O orgulho é uma falha frequente no âmbito profissional e
que afeta profundamente o ambiente coletivo e suas relações
interpessoais.
O orgulho divide o ambiente e a cooperação que se espera
dos profissionais.
O ambiente de trabalho tem de ser marcado por respeito
mútuo, pois é pela união de todos que o trabalho apresenta bons
resultados.

Inveja
A inveja é um vício que se manifesta em todos os âmbitos,
sua redução é uma das tarefas primordiais da Ética Profissional.
O invejoso sente tristeza pelo sucesso dos outros e procura
meios para diminuí-lo e tentar destacar seu próprio valor.
Podemos dizer que a inveja é a manifestação mais
corrompida da ignorância.

Preguiça
Sem dúvida, a preguiça é o vício que não deve ter lugar no
âmbito profissional.

280 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Caracteriza-se como recuo diante do trabalho, falta de


iniciativa e energia para executar as tarefas.
Combater a preguiça no ambiente profissional só é possível
por meio de conscientização dos deveres profissionais que a
Ética Profissional deve enfatizar.

2.10. OS CÓDIGOS DE ÉTICA

As virtudes das quais tratamos anteriormente compõem o


conteúdo próprio dos códigos de ética.
Mas o que, propriamente dito, é o código de ética? Disso
trataremos a seguir.

Normas éticas positivas e negativas


Os valores éticos possuem caráter pluralista.
Existe muitas normas e, sem dúvida, esse número
continuará crescendo diante do aumento da diversidade de
características da contemporaneidade.
A conduta ética enfatiza os lados de um acordo contratual,
de aceitação e cumprimento mútuo de normas e regras.
Esse tipo de consenso moral explicita-se pelas normas
éticas, que representam modos de conduta adequados ou
desejados.
As normas éticas não têm caráter obrigatório, mas
expressam um acordo entre as pessoas, segundo os princípios
da racionalidade.
Podem ser caracterizadas como expressões de um acordo
intersubjetivo, anunciando-se afirmativa ou negativamente.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 281


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

A essência das normas negativas consiste na ideia de não


causar danos aos outros no decorrer do exercício profissional.
A norma do tipo “não prejudique” é justificável e
intimamente ligada aos princípios éticos kantianos.
Para Kant, a exigência moral é cada exigência imperativa,
que se aplica universalmente a cada um, de um e mesmo modo.
Portanto, o conteúdo da norma ética negativa anuncia que
o homem não deva causar dano aos outros nem prejudicar a si
mesmo.
As normas positivas, por sua vez, podem se resumir na
seguinte formulação: “Não limite a autonomia do outro".
Portanto, as regras éticas positivas visam, sobretudo, à
conservação do caráter autônomo do ser humano.
A ideia de autonomia pode ser compreendida dentro
da especificidade pessoal de cada indivíduo, dentro da sua
autenticidade.
Essas regras são largamente utilizadas nos códigos de ética,
onde a autonomia se concretiza em dois aspectos: o direito do
consumidor de escolher de modo autônomo o tipo de serviço a
ser prestado; e o direito de ser informado sobre eventuais efeitos
nocivos do produto ou do serviço.

O sentido dos Códigos de Ética


Além das normas éticas, a esfera moral enfatiza, também,
os ideais morais.
Esses, diferentemente das normas, não se destacam com
caráter imperativo e expressam princípios, que cada indivíduo
espera que ele e os demais sigam.

282 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Por exemplo, queremos que cada pessoa trate a outra


como a ela mesma, mas não temos o direito de exigir de ninguém
esse ideal.
Os códigos da Ética Profissional tentam incorporar em um
sistema moral as virtudes válidas para todos no âmbito de uma
organização profissional.
Essas virtudes incluem elementos tanto das normas morais
como dos ideais morais.
A necessidade de códigos de ética deriva do fato de a
sociedade não possuir uma instituição independente a partir da
qual a moral possa funcionar.
Não havia instâncias que se ocupassem especificamente
da elaboração de modelos éticos e vigiassem tal cumprimento,
pois a moral não possui caráter universal.
Para tais fins, utilizam-se outras instituições (direito,
religião etc.).
Por isso, a prática de elaboração de códigos de ética vigora
apenas em determinadas áreas.
Os códigos podem ser entendidos como um conjunto
de normas e modos de conduta sistematizados, que possuem
caráter de preceitos, isto é, que recomenda determinadas
atitudes e rejeita outras.
Eles não devem ser entendidos como um fenômeno
essencialmente contemporâneo, pois já eram pensados por
Hipócrates.
Um traço específico dos códigos de ética do passado é seu
caráter secreto e confidencial vinculado ao funcionamento de
organizações secretas.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 283


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Hoje em dia, no âmbito de uma sociedade democrática,


com valores democráticos, não se pode exigir um código de ética
que abranja todos os modos de vida.
Por isso, o código de ética só pode funcionar em
organizações pequenas, limitadas e fechadas, compostas por
determinado número de pessoas, envolvidas com uma finalidade
comum.
Os códigos fixam as normas específicas do exercício de uma
profissão e os modos de conduta dos indivíduos que exercem
essa profissão.
Eles incluem normas testadas pela prática e normas
frequentemente transgredidas, porém, moralmente devidas,
como ideais de uma conduta possível.
Na composição dos códigos de ética se notam algumas
dificuldades objetivas: as contradições entre as normas morais
"não escritas” pelas quais agimos na nossa vida cotidiana, e a
forma "escrita" do código de ética.
A forma escrita por si só transforma em institucionais as
normas que não possuem caráter obrigatório, mesmo porque
as exigências morais em uma determinada profissão têm uma
gênese diversificada e diferentes graus de significabilidade.
Um bom código de ética deve cumprir as seguintes
exigências:
1) Estar de acordo com a realidade e a aplicabilidade da
profissão. Em outras palavras, as normas morais que
enfatiza devem ser abstraídas da experiência real da
profissão.
2) Servir como suporte de solução de contradições entre
os interesses particulares no âmbito profissional.

284 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

3) Conter princípios gerais e não regras concretas ou


exemplos concretos de conduta.
4) Produzir margem para escolhas em situações
profissionais diante de dilemas morais.
Os códigos que não atendam essas exigências gerais na
realidade são inúteis e incapazes de cumprir o seu papel.
Além disso, devem incorporar os seguintes aspectos:
valores, princípios de ações, normas e modos de conduta e
responsabilidade, formulados e fixados pela prática de cada
profissão.
O código bem elaborado não é simplesmente um resumo
de todas as exigências morais da profissão.
Ele deve conter uma análise determinada dos mecanismos
morais e expressar, simultaneamente, as normas contratuais
aceitas conscientemente.
É por isso que mais cabe ao código ser chamado ético do
que moral.
Quando bem elaborado, um código de ética tem o poder de
unir e consolidar os indivíduos em sua profissão e na organização.
Além dos aspectos éticos, os códigos de ética enfatizam,
também, aspectos utilitários, vinculados à estratégia profissional
expressos em determinados valores utilitários.
Esses valores se expressam frequentemente como:
satisfação ou orgulho do profissional por seu trabalho ou serviço
prestado; maior valorização dos clientes; boa imagem diante da
sociedade etc.
Vale ressaltar que cada código de ética deve ser composto
por normas básicas de conduta, chamadas aqui de virtudes

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 285


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

básicas profissionais, e normas específicas, peculiares a


determinada profissão, chamadas virtudes específicas.
As virtudes básicas estão presentes em todos os códigos,
e as virtudes específicas variam conforme a profissão, de acordo
com o que já apresentamos anteriormente.

2.11. ASPECTOS PRINCIPAIS DA PROFISSÃO CONTÁBIL

O trabalho é, simultaneamente, um dever e um direito.


Cada ser humano tem o direito de exercer um trabalho
ou uma profissão, todavia ele precisa possuir saberes teóricos,
técnicos e legais para o exercício da profissão, ou seja, ele precisa
apreender a especificidade do exercício profissional em todos os
seus aspectos.
No entanto, apesar de a escolha da profissão ser livre, o
ser humano precisa obedecer a certas restrições que cada área
específica estabelece, ou seja, a delimitação própria de cada
profissão.
A Contabilidade como uma área definida da atividade
humana não é exceção desta regra e, portanto, deve ser exercida
por aqueles que possuem a base legal, teórica e técnica.
Ela representa um sistema de informação e avaliação de
artefatos econômicos e financeiros em nome das pessoas físicas
ou jurídicas.
O seu estudo é centralizado nos bens e patrimônios físicos
e econômicos e na avaliação e no desenvolvimento destes.
A contabilidade está estruturada por meio de órgãos fiscais
e mecanismos de controle, como Banco Central, Comissão de

286 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Valores Mobiliários, Receita Federal, entre outros, que são órgãos


que delimitam a área legítima de exercício do contabilista, na
qual o exercício contábil ganha força e legalidade.
E é neste ambiente que nasce a necessidade de uma
abordagem ética em Contabilidade.
A Ética Profissional em Contabilidade tem como objetivo
nortear os contabilistas na sua profissão para atuar dentro dos
limites legais, fornecendo informações e previsões que dão
suporte às decisões de caráter econômico e financeiro.
As principais metas das análises contábeis podem ser
resumidas em: utilidade, clareza e relevância das informações e
das demonstrações obtidas pelo contabilista.
Em 2008, quando iniciou o processo de Convergência
das Normas Contábeis Brasileiras aos padrões internacionais
(International Financial Reporting Standards – IFRS), para o setor
privado e (International Public Sector Accounting Standards –
IPSAS) para a área pública, a Resolução nº 750/1993 que trata
dos Princípios Fundamentais de Contabilidade, teve que ser
revista em razão da aprovação do "Pronunciamento Conceitual
Básico – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação
das Demonstrações Contábeis" pelo Comitê de Pronunciamentos
Contábeis.
Esse Pronunciamento foi referendado pelo Conselho
Federal de Contabilidade e deu origem à NBC T 1 – Estrutura
Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações
Contábeis (Resolução nº 1.121/2008).
Naquele ano, com a publicação da NBC T 1, houve reflexões
sobre a oportunidade de revogação da Resolução nº 750/1993,

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 287


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

considerando-se que passariam a coexistir duas orientações


sobre as características da informação contábil do setor privado.
Decidiu-se, na época, que a resolução não seria
revogada porque seria realizada, futuramente, uma revisão
em seu conteúdo para adequação à NBC T 1 e, também, para a
manutenção dos princípios para as entidades do setor público.
Em 2011, a NBC T 1 foi revogada pela Resolução nº 1.374,
que lhe deu nova redação, passando a ser intitulada NBC TG
Estrutura Conceitual – Estrutura Conceitual para Elaboração e
Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro.
No processo de revisão da Resolução nº 750/1993,
surgiram questões como, por exemplo, a preponderância
de alguns princípios da contabilidade sobre outros, ou seja,
alguns princípios não apresentados na Resolução nº 750/1993
poderiam ser interpretados como de menor relevância, ou não
"fundamentais", gerando dúvidas para os profissionais.
Outro ponto considerado no processo de revisão da
resolução foi a mudança do contexto socioeconômico do Brasil,
que levou à necessidade de alguns ajustes, como a avaliação da
aplicabilidade do princípio da atualização monetária no contexto
da estabilidade financeira.
Desse processo de revisão surgiu a Resolução nº
1.282/2010, alterando a Resolução nº 750/1993.
A convergência da contabilidade das empresas privadas ao
padrão internacional (IFRS) avançou rapidamente.
Enquanto isso, a Contabilidade Aplicada ao Setor Público
(CASP) iniciava a busca por padrões internacionais e carecia de
uma Estrutura Conceitual que pudesse ampliar os princípios da
contabilidade sob a perspectiva do setor público.

288 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

As primeiras NBC TSP (NBC T 16.1 a 16.10), editadas em


2008, buscaram compatibilizar as diretrizes dos princípios
de contabilidade com a informação contábil do setor público
alinhada aos padrões internacionais.
Em 2015, em razão da necessidade de se aprimorar a CASP,
o Conselho Federal de Contabilidade criou uma comissão para
avançar no processo de convergência das NBC TSP às IPSAS.
Adotou-se a estratégia de convergência integral às IPSAS,
ou seja, as normas internacionais passariam a ser traduzidas e
adaptadas, sempre que necessário, à realidade brasileira.
Da mesma forma como ocorreu no processo de
convergência da contabilidade do setor privado, a primeira
norma da área pública convergida foi a NBC TSP Estrutura
Conceitual – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Divulgação
de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do
Setor Público, publicada no DOU do dia 4 de outubro de 2016.
Com isso, os Princípios de Contabilidade, sob o ponto de
vista das Estruturas Conceituais dos setores privado e público,
passaram a ser comportados dentro das normas específicas,
respectivamente, a NBC TG Estrutura Conceitual (Resolução nº
1.374/2011) e NBC TSP EC.
Diante desses fatos, tornou-se necessária e natural a
revogação da Resolução nº 750/1993, para evitar eventual
conflito de referência conceitual.
Com a revogação da Resolução nº 750/1993, que ditam os
Princípios da Contabilidade, a partir de 2017 passou a valer a
Resolução 1.374/2011 – NBC TG Conceitual para Elaboração de
Relatório Contábil e Financeiro.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 289


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Toda ciência é baseada em seus princípios que a norteiam, e


a Ciência Contábil, também está sedimentada em seus princípios
próprios que valida a tão nobre ciência humana que se utiliza de
ciência exata, que é a matemática na sua estrutura.
Porém, mesmo com a revogação da Resolução nº 750/1993
os princípios de contabilidade não deixaram de existir.
Na verdade, não foram eliminados e sim diluídos nos
diversos CPCs.
Conforme publicação pelo próprio Conselho Federal de
Contabilidade em novembro de 2016, vemos:
Revogar a Resolução nº 750/1993, porém, não significa que os
Princípios de Contabilidade estejam extintos. A revogação das
resoluções visa à unicidade conceitual, indispensável para evitar
divergências na concepção doutrinária e teórica, que poderiam
comprometer aspectos formais das Normas Brasileiras de
Contabilidade (NBCs).

Com isso, os Princípios de Contabilidade, sob o ponto de


vista das Estruturas Conceituais dos setores privado e público,
passaram a ser comportados dentro das normas específicas,
respectivamente, a NBC TG Estrutura Conceitual (Resolução nº
1.374/2011) e NBCTSP EC.
Os Princípios Fundamentais de Contabilidade aprovados
e editados pela Resolução nº 750/1993 foram de significativa
importância para a melhoria do arcabouço teórico-normativo da
Contabilidade no Brasil e suas contribuições são de incontestável
relevância para a qualidade da informação produzida pelas
práticas contábeis.
Contudo, a dinâmica da economia e a gestão dos negócios,
em âmbito global, exigem unicidade de regras e procedimentos
para obtenção de informação justa que, para ser entendida como

290 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

tal, deve propugnar a ausência de dualidade e a redução de viés,


para ser compreendida com singularidade pelos usuários.
Neste contexto, a coexistência dos princípios editados pela
Resolução nº 750/1993 com a estrutura conceitual vigente, em
função da adoção do padrão IFRS, contribui para inquietação de
operadores e usuários na escolha da referência conceitual.
Assim, como ente instituído para velar pelo regramento
contabilístico aplicado no Brasil, o CFC age com prudência e
acerto, eliminando a possibilidade de conflito normativo, ao
revogar a Resolução nº 750/1993, considerando a inserção do
Brasil no padrão internacional.
Assim, entende-se que a Resolução nº 750/1993, que
tratava de forma compilada os princípios contábeis, numa só
resolução, a partir de 2017, os mesmos serão tratados em CPCs
específicos, ou seja, foram diluídas em diversos CPCs.
Caso o contabilista não siga suas diretrizes básicas,
seus clientes serão prejudicados, pois da transgressão de tais
diretrizes, geralmente, originam-se fraudes e abusos.
Atualmente, a desenfreada busca pelo sucesso material
coloca em xeque tais pilares fundamentais.
Isso ocorre devido ao fato de que o mundo contemporâneo
é justamente uma época de crise ética.
Portanto, as questões éticas e morais devem ser reiteradas
e recolocadas para garantirem o pleno sucesso profissional.
O trabalho do contabilista pode resumir-se em prestação
de serviço de natureza física, financeira e econômica que visa
ao fornecimento de informações e avaliações para pessoas
físicas ou jurídicas sobre a situação econômica dos seus bens,

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 291


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

patrimônios e finanças a fim de ajudá-las na tomada de decisões


bem-sucedidas para o futuro dos seus negócios.
Fundamentados nesta definição, podemos notar a
dimensão social que seu exercício profissional abarca.
Vejamos como Fortes (2002, p. 108) descreve a
especificidade dessa profissão:
Os contabilistas, como classe profissional, caracterizam-se
pela natureza e homogeneidade do trabalho executado, pelo
tipo e características do conhecimento, habilidades técnicas
e habilitação legal exigidos para o seu exercício da atividade
contábil.
Portanto, os profissionais da contabilidade representam um
grupo específico com especialização no conhecimento da sua
área, sendo uma força viva na sociedade, vinculada a uma
grande responsabilidade econômica e social, sobretudo na
mensuração, controle e gestão do patrimônio das pessoas e
entidades.

No mundo globalizado e economicamente interligado,


percebe-se que essa profissão tem cada vez mais relevância.
Ela não se resume apenas a fornecimento de informações
sobre a vida fiscal e econômica da empresa, ela desempenha um
papel infinitamente mais rico e importante como conselheira
e guia para o futuro e o sucesso dos negócios da entidade
empresarial.
Ao exercer esse papel, o contador promove uma função
social, tendo em vista que o sucesso da empresa é condição de
manutenção e de geração de empregos.
Todavia, nem todos os profissionais em Contabilidade
desempenham seu papel com dignidade.

292 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Muitos, seduzidos pelo benefício próprio, invertem esse


papel, levando tanto a empresa quanto a sociedade a prejuízos.
Para corrigir essa falha comportamental, vem à tona, como
remédio absolutamente necessário, a Ética Profissional, com
suas normas de conduta fixadas em um código.

A crise moral em Contabilidade


Sem dúvida alguma, hoje, mais do que em qualquer outra
época, a crise moral devasta qualquer âmbito das relações
interpessoais.
O consumismo desenfreado e a ansiedade para adquirir
bens materiais corroem a consciência valorativa dos seres
humanos, substituindo os valores morais pelos valores materiais.
Nesse quadro, essencialmente contemporâneo, a grande
protagonista é a vida econômica, responsável pelo maior número
de fraudes e corrupções.
Não se trata de a denunciar como a grande vilã da
humanidade, mas de corrigir a condição de miopia na qual a
ansiedade materialista a coloca.
Justamente aqui se desenha a problemática da ética,
servindo como meio de correção de tais males, em nome do
bem comum.
Um dos grandes desafios é fazer com que o profissional
contábil exerça a sua profissão com o necessário zelo,
comprometimento e responsabilidade diante da empresa e da
sociedade.
No mundo contemporâneo, com suas expressões
multifacetais, cada qual buscando o sucesso econômico e

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 293


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

financeiro, inevitavelmente surgem conflitos morais que, no


entanto, necessitam de soluções, as quais enfatizam a convivência
harmoniosa e não conflituosa no âmbito social.
Com esse propósito, vem a Ética Profissional estudando e
criando modos de conduta que norteiam, aperfeiçoam e tornam
benéfico o trabalho profissional.
Tendo em vista a relação íntima do contabilista com a
sociedade, torna-se claro que ele deve obedecer às normas que
possibilitam a realização de tais objetivos.
Somente a partir de uma conduta que esteja de acordo
com as normas éticas o profissional em Contabilidade pode
realizar com perfeição seu trabalho.
A crise moral que atualmente invade todas as áreas da
atividade humana requer uma postura ética para a sua superação.
A corrupção e os crimes fiscais na Contabilidade não são
fenômenos recentes.
Os contabilistas do século passado, com o intuito de
beneficiar os donos das empresas que atendiam, cometiam
fraudes, disfarçando os resultados financeiros.
No entanto, à medida que as relações econômicas se
intensificavam, aumentavam as fraudes e as corrupções,
chegando hoje ao seu ponto extremo.
Nesse sentido, podemos considerar a Ética Profissional em
Contabilidade como o principal e mais eficaz remédio contra tal
doença contagiosa.
Remédio que consiste nos comprimidos de zelo,
honestidade e fidelidade.

294 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Tais virtudes constam do Código de Ética em Contabilidade


que, em seu art. 1º, postula que "[...] este Código de Ética
Profissional tem por objetivo fixar a forma pela qual se devem
conduzir os contabilistas, quando no exercício profissional".
Logo em seguida, no inciso I do art. 2º, afirma: “Exercer
a profissão com zelo, diligência e honestidade, observada a
legislação vigente e resguardados os interesses de seus clientes
e/ou empregadores, sem prejuízo da dignidade e independência
profissionais”.

O Código de Ética do Contabilista


Segundo Fortes (2002, p. 117):
O código de ética profissional do Contabilista, como fonte
orientadora da conduta dos profissionais da classe contábil
brasileira, tem por objetivo fixar a forma pela qual se devem
conduzir os profissionais da contabilidade, sobretudo no
exercício das suas atividades e prerrogativas profissionais
estabelecidas na legislação vigente.

O código de ética, assim entendido, deve fixar as normas


de conduta que norteiam o exercício profissional do contabilista.
Essas normas de conduta expressam-se em deveres e em
obrigações.
Deveres para com os colegas e para com a classe.
O art. 9º do código não deixa dúvida a respeito: “A conduta
do Contabilista com relação aos colegas deve ser pautada nos
princípios de consideração, respeito, apreço e solidariedade, em
consonância com os postulados de harmonia da classe”.
Temos de ressaltar que o Código de Ética do Contabilista
se configura a partir dos seguintes pressupostos básicos:

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 295


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

responsabilidade social, fidelidade com os clientes e


responsabilidade profissional.
Para tanto, cada profissional da área, além de possuir
capacidades teóricas e práticas necessárias para a execução da
profissão, deve desenvolver uma consciência ética.
O contabilista precisa acreditar em valores, ter vocação
para convivência coletiva e, também, senso crítico e capacidade
de reflexão.
A formação da consciência ética implica diretamente o
comportamento ético manifestado pelas virtudes de honestidade,
zelo, sigilo, competência, prudência, imparcialidade, entre
outras.
Os exercícios de tais virtudes autorregulam a conduta ética
dentro dos limites que o código descreve.
O surto de fraude e corrupção nas grandes empresas
impõe, diante dos profissionais contábeis, a necessidade de
aprofundar a discussão ética.
Existem muitos casos de fraude e corrupção que não foram
considerados pelo código de ética.
Tais casos, inevitavelmente, seguem o mesmo destino, ou
seja, fracasso, perda de credibilidade, nome manchado e outros
tipos de prejuízos.
Hoje em dia, no mundo globalizado em que vivemos,
as relações econômicas assumem papel de protagonista, e o
contabilista revela-se promotor, norteador e mantenedor dessas
relações.
Justamente por isso ele deve incorporar, em sua esfera
profissional, impecável conduta ética, contrariando, totalmente,

296 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

a dos casos supracitados, nos quais a Contabilidade, movida


pelo anseio de lucro e prosperidade material e financeira,
esqueceu que, além dos valores materiais, existem outros mais
importantes, quais sejam, dignidade pessoal e bem comum de
todos.
Atualmente, no âmbito de uma incessante competição
econômica que envolve todas as formas e os modos de vida,
mais do que em qualquer outra época, torna-se presente a
importância da discussão ética.
Certamente, para o exercício legal da Contabilidade, deve-
se contemplar o código de ética que contém os aspectos básicos
da conduta profissional.
A ideia fundamental que está subentendida no código é
combater os possíveis desvios que a profissão, por sua natureza,
pode oferecer.
Como o trabalho contábil está ligado a informações e a
previsões de natureza material e financeira, é evidente que os
aspectos básicos do código de ética devem considerar aqueles
atos possíveis amorais que podem derivar da natureza de
determinada profissão: no caso da Contabilidade, de manobras
e abusos financeiros.
Portanto, cumprir as normas éticas que o código de ética
enuncia será o modo mais eficaz de prevenção contra tais males.
Uma vez fixado o código de ética, o profissional em
Contabilidade deve obedecer às suas normas, caso contrário, ele
fere os princípios da conduta ética no âmbito da profissão, o que,
por sua vez, o torna sujeito à pena pelo órgão instituído para
fiscalizar a conduta profissional.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 297


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Seria, portanto, de grande valia que os profissionais


contábeis agissem de acordo com os princípios éticos que regem
a atuação profissional em Contabilidade.
Conforme entende Nash (1993, p. 4), a falta de ética no
âmbito profissional, implica inúmeros prejuízos para a empresa.
O autor diz ainda que: “[...] são muitas as razões para a recente
promoção da ética no pensamento empresarial”.
Os administradores percebem os altos custos impostos
pelos escândalos nas empresas: multas pesadas, quebra da
rotina normal, baixo moral dos empregados, aumento da
rotatividade, dificuldades de recrutamento, fraude interna e
perda de confiança pública na reputação da empresa.
Temos de deixar bem claro que o agir de acordo com os
princípios éticos ultrapassa as simples normas de não prejudicar,
não enganar, não roubar etc.; tais princípios apresentam um
arcabouço de valores fundamentais que regem, na íntegra, a
conduta profissional.
Nesse sentido, o contabilista deve desenvolver na sua
profissão a consciência ética, capaz de nortear a conduta
profissional e atribuir a ela um caráter inquestionável. Somente
assim o sucesso profissional terá importância de mérito pessoal,
caso contrário, falhamos.

2.12. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO

Ao falarmos sobre a prestação de serviço e as suas


peculiaridades, antes de tudo, temos de responder à pergunta: o
que é prestação de serviço?

298 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

A prestação de serviço é um trabalho específico cuja


execução não é feita por aquele que precisa do serviço, mas, sim
por especialistas para o tipo de serviço desejado.
Em outras palavras, trata-se de um serviço executado por
terceiros.
Vale observar que, neste caso, o resultado desse serviço,
seja um produto ou qualquer tipo de artefato produzido, não
pertence àquele que o produziu.
O prestador de serviço apenas recebe benefícios pelo seu
trabalho ou serviço prestado.
Para exemplificar a relação de cooperação entre o
empregador de prestação de serviço e o prestador desse serviço,
vejamos a empresa Microsoft.
Para o desenvolvimento de seus sistemas operacionais, a
empresa contrata vários especialistas em desenvolvimento de
programas.
O trabalho desenvolvido desses especialistas é de
propriedade e autoria da empresa.
Podemos citar muitos exemplos em que grandes empresas
contratam terceiros para vender seus produtos ou oferecer seus
serviços, os quais trabalham em nome da empresa e recebem
pelos seus serviços os benefícios correspondentes.
Não é diferente o caso dos contabilistas, principalmente
quando são autônomos.
Eles são contratados por terceiros para executar serviços
de cunho econômico, vinculados à vida fiscal da pessoa física ou
jurídica.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 299


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

O contabilista, nesse caso, executa o serviço contratado e


recebe o benefício correspondente ao acordo fixado previamente
por contrato de prestação de serviço.
Uma vez que a prestação de serviço deve se legalizar em
forma de contrato de prestação de serviço que estabeleça os
pontos em que o empregador e o empregado devem concordar,
isto é, regulamentar o serviço que deve ser executado e o
benefício que é produzido por ambas as partes, faremos, a seguir,
um breve estudo sobre os principais pontos desse contrato.
Vale observar que o contrato de prestação de serviço
contábil é um documento mediante o qual o profissional contábil
se obriga a realizar serviços contábeis à empresa mediante
honorários.
Tal contrato é de extrema importância e caráter obrigatório
e sua finalidade é auxiliar as empresas na sua vida fiscal e
econômica.
Um dos principais aspectos desse contrato é a total
independência e a insubordinação do profissional contábil a
quaisquer escalas hierárquicas da empresa onde foi contratado.

A importância do contrato escrito


É fundamental o contrato de prestação de serviço, pois ele
tem como função regular as relações contratuais entre as partes.
As garantias que o contrato estabelece e a obrigação de
cumprimento que dele requer são os pontos basilares entre as
partes contratantes.

300 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

O contrato, por assim dizer, coloca em equidade as


duas partes, fixando, conforme as normas vigentes, as
responsabilidades, os deveres e as obrigações de cada uma.
A falta de um contrato escrito, em alguns casos, pode levar
uma das partes a sérios prejuízos com graves implicações legais.
Por exemplo, quando o cliente é fiscalizado e multado por
não ter pagado uma taxa ou imposto e joga a culpa no contabilista.
Caso haja um contrato escrito, o contabilista poderá provar
a sua inocência perante os órgãos legais.
Portanto, amparado por um contrato escrito e seguindo as
suas cláusulas, o profissional contábil terá toda a garantia contra
as más intenções e as ações de clientes.
Não são raros os casos em que os clientes se recusam a
pagar os honorários decorrentes da prestação de serviço.
Nesse caso um contrato verbal não fará jus ao contabilista.
Ao contrário, o contrato escrito garantirá que a obrigação
do cliente em relação aos honorários do contabilista será
cumprida, até mesmo por via judicial.
Uma das principais missões dos contabilistas para com as
empresas e a sociedade é fornecer informação confiável e exata
para a vida econômica e fiscal, tanto para as pessoas jurídicas
quanto para as pessoas físicas.
Ressaltamos a necessidade de:
1) Informar os clientes sobre os prejuízos de não
pagamento de impostos.
2) Facilitar a vida econômica e a tomada de crédito por
parte da empresa.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 301


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

3) Diminuir os impostos com distribuição planejada de


lucros.
4) Instituir mais fiscalização na vida econômica da
empresa.
5) Encarregar-se das questões trabalhistas.
6) Evitar que as empresas em falência sejam acusadas de
fraude e os empresários levados a penalidades.
É importante destacar que o profissional contábil, por um
lado, deve ser amparado pela legislação vigente e, por outro,
inspirar credibilidade nos seus clientes.
Esse meio-termo que o contabilista deve seguir o fará, com
certeza, um profissional exemplar.

Orçamento de custos
Em linhas gerais, os honorários dos profissionais contábeis
dependem, exclusivamente, das horas gastas com o serviço
prestado, seja diária, mensal ou anualmente.
Mas não é somente o tempo que define os honorários.
Existem aspectos que devem ser analisados separadamente,
como a natureza do serviço prestado, a peculiaridade do
trabalho, os eventuais gastos que a empresa contábil terá com
determinado serviço, entre os outros.
Salientamos que, quando se trata de serviços de auditoria,
devem ser contempladas as NBC, as quais fornecem parâmetros
para o cálculo dos serviços prestados.

302 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Honorários profissionais
O valor dos honorários, em geral, deve ser elaborado
conforme os custos totais por cliente, calculando-se, também,
eventuais oscilações que podem surgir na execução do serviço.
No cálculo dos honorários, é recomendável, também, que
se observe o grau de responsabilidade que o profissional contábil
assume na prestação do serviço dos clientes.
O levantamento dos honorários necessita de planilha
elaborada em quatro módulos: custos, detalhamento de cada
item, lucro esperado e preço final.
Vale citar aqui um método interessante e justo no cálculo
de honorários proposto por Irineu Thomé (2001, p. 105):
Depois de determinado o custo e de ter sido ele devidamente
atribuído a cada um dos clientes, estipular o valor dos
honorários mensais depende apenas da escolha da margem de
lucro apropriada.
É evidente que essa margem não pode ser aleatória. Convém
examinar, se possível, o preço praticado pelo mercado e a
qualidade do serviço que sua empresa está oferecendo. Para
alguns clientes pode ser praticada uma margem diferenciada,
menor ou maior − cada caso deve ser estudado separadamente.
Alguns fatores podem determinar essa variação na margem
de lucro. Para uma empresa que está no primeiro ano de
atividade ou em dificuldades financeiras pode-se reduzir a
margem. Para uma empresa cuja atividade exija maior atenção
e responsabilidade dos sócios e colaboradores, a margem pode
crescer.
Duas grandes razões indicam a recomendação de adoção de
um mecanismo de registro e controle de custo, mesmo que não
seja sofisticado. Primeira: nunca cobraremos, sem saber, menos
do que vale o serviço executado. Segunda: esse controle dará
argumentos para convencer o cliente, sempre que necessário,

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 303


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

que o valor dos honorários é justo perante o volume de serviços


executados.

Carta-proposta e a sua importância


A carta-proposta é um aspecto basilar na prática de
prestação de serviço do profissional contábil.
Ela visa a proposta detalhada do serviço oferecido, sua
natureza, alcance e limitações.
Normalmente, a carta é endereçada às empresas que
manifestam interesse em solucionar seus problemas fiscais e
econômicos e exigem uma solução efetiva e rápida.
A carta-proposta deve incluir alguns itens importantes:
1) Quais são os métodos a serem utilizados para a solução
dos problemas?
2) Qual será o custo do serviço prestado?
3) Quais serão os resultados positivos para a empresa?
4) Qual o prazo de execução do serviço?
5) Que tipo de cooperação a empresa deve oferecer para
auxiliar a execução do trabalho proposto?
6) Quais serão os profissionais encarregados da execução
do serviço?
Tal contrato deve ser elaborado com todos os amparos
jurídicos, a fim de se ter o poder de obrigar as partes a cumprirem
com as suas obrigações.
Novamente aqui se deve lembrar os direitos e os deveres
de cada parte e os objetivos visados no acordo.

304 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Recomenda-se, também, que conste uma cláusula na


qual sejam calculados os possíveis danos e perdas pelo não
cumprimento do contrato por qualquer das partes.
É fundamental que o contrato seja elaborado conforme
os princípios da justiça e não privilegie nenhuma das partes.
Veremos, a seguir, os principais itens que um contrato de
prestação de serviço deve conter:
1) Partes contratantes: o contrato deve começar com a
descrição completa dos dados de ambas as partes do
contrato.
2) Objeto do contrato: devem constar os objetivos e a
finalidade do contrato, isto é, descrição detalhada do
serviço que será prestado, seja da área fiscal, trabalhis-
ta ou previdenciária.
3) Preço: devem constar o valor da prestação de serviço,
a forma de pagamento, as possíveis multas no atraso
do pagamento etc.
4) Prazo para a realização do serviço contratado: esse
item se refere ao prazo e à duração do serviço, cons-
tando o cálculo de possíveis prejuízos que podem sur-
gir pela demora.
5) Forma de entrega dos resultados: especificar quais
serão os resultados ou os produtos desse serviço
prestado.
6) Rescisão do contrato: devem constar as condições
que tornam possível a rescisão do contrato, as multas
e os prejuízos que podem decorrer do rompimento do
contrato.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 305


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

7) Prazo de duração do contrato: aqui é importante fi-


xar o prazo da duração do contrato (determinado ou
indeterminado).

2.13. HONORÁRIOS PROFISSIONAIS

Neste item, falaremos mais especificamente sobre os


honorários do profissional contábil, sua base e os amparos legais.
A questão dos honorários é uma questão comercial,
todavia, ela engloba alguns aspectos da Ética Profissional que o
profissional contábil deve contemplar.
1) Estabelecer honorários profissionais de auditoria
independente de demonstrações contábeis é
geralmente uma questão de cunho comercial e não de
Ética Profissional. Existem, entretanto, aspectos éticos
a serem observados pelo auditor independente ao
estabelecer seus honorários.
2) Ao estabelecer honorários para a realização dos
trabalhos, o auditor independente deve considerar
diversos fatores, dentre os quais destacam-se os
mencionados a seguir:
• A relevância, o vulto, a complexidade do serviço e o
custo do serviço a executar.
• O número de horas estimadas para a realização dos
serviços.
• A peculiaridade de tratar-se de cliente eventual,
habitual ou permanente.
• A qualificação técnica dos profissionais requeridos
para participar da execução dos serviços.

306 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

• O lugar em que os serviços serão prestados, fixando,


se for o caso, como serão cobrados os custos com
viagens e estadas.
Cabe aqui perguntarmos: “Onde estão as questões éticas
desses dois primeiros itens das Disposições Gerais?”.
Destacamos que o item 2 enumera várias condições que
entram na definição de honorários, que podem ser alteradas
pelos respectivos profissionais contábeis, de tal modo que sejam
prejudiciais para os clientes em benefício dos contadores.
A falta de Ética Profissional nesse aspecto é gravíssima, pois
o prejuízo se dará tanto para o cliente quanto para o profissional
contábil, uma vez que tal atitude implicaria diretamente a
confiança depositada na profissão contábil, em conflitos de
interesses e, às vezes, perda de dependência.

2.14. INFRAÇÕES E PENALIDADES

Vimos, até agora, que a Ética Profissional em Contabilidade


se encarrega de regular as ações no âmbito profissional da
profissão contábil.
Toda transgressão ou erro cometido em qualquer profissão
é sujeito a penalidades.
Não é diferente na profissão contábil.
A Ética Profissional, como vimos, tem como propósito
evitar que o profissional cometa erros.
Todavia, os erros fazem parte da vida humana, eles são,
digamos, inevitáveis, são casos e acasos que perturbam a vida
profissional das pessoas.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 307


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

As penalidades previstas para as ações transgressoras são


diversas e variam conforme a natureza e a gravidade da infração.
Portanto, embora o código de ética seja um guia precioso
para o profissional contábil, ele também é um meio corretivo
que visa reeducar e conscientizar o profissional.
De acordo com o art. 12 do código da ética, as penalidades
aplicam-se àqueles profissionais que negligenciam os ditados do
código.
Eis algumas que podem ocorrer por ocasião da
inobservância do código:
• Advertência reservada: é aplicada ao contabilista com
registro ativo no Conselho Regional de Contabilidade
(CRC) e ficará constando em seu cadastro pelo prazo de
cinco anos como antecedente processual.
• Censura reservada: é aplicada ao contabilista com
registro ativo no CRC e ficará constando em seu cadastro
pelo prazo de cinco anos como antecedente processual.
• Censura pública: é aplicada ao contabilista com o
registro ativo no CRC e ficará constando em seu cadastro
pelo prazo de cinco anos como antecedente processual.
Essa penalidade é aplicada mediante a publicação de edital
de aplicação de penalidade em Diário Oficial ou jornal de maior
circulação.
Um caso mais sério ocorre quando o contabilista exercita a
profissão contábil sem ter legítimo direito para isso.
As penalidades que se seguem dessa prática ilegal são
previstas pelo Decreto-lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946,
juntamente com a Resolução CFC nº 1.058, de 296 de dezembro

308 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

de 2005 e estabelecem multas aplicadas a pessoas físicas e


contabilistas.
Quando aplicada ao contabilista, este será intimado por
meio de ofício juntamente com a guia para efetuar o pagamento
da multa imposta.
No caso de não haver o pagamento da multa, o processo
será encaminhado ao CFC para homologação da penalidade de
suspensão do exercício profissional pelo prazo de 90 dias.
A não entrega da Carteira de Trabalho e Previdência Social
acarretará ao contabilista a conversão da penalidade de 90 dias
para tempo indeterminado até que ele a entregue.
O valor das multas por infração à legislação contábil poderá
ser de uma a dez anuidade.
Quando aplicada à organização contábil, esta será intimada
por meio de ofício juntamente com a multa imposta.
No caso do não pagamento, será o sócio gestor da
organização notificado a efetuar o pagamento.
Se persistir, será aplicada a penalidade de suspensão do
exercício profissional pelo prazo de 90 dias ao sócio gestor.
A não entrega da Carteira de Trabalho e Previdência Social
acarretará ao contabilista a conversão da penalidade de 90 dias
para tempo indeterminado até que ele a entregue.
O valor das multas por infração à legislação contábil poderá
ser de duas a vinte anuidades.
Suspensão do exercício profissional de seis meses a um
ano, quando aplicada ao contabilista, este é intimado, mediante
ofício, no prazo de cinco dias, a proceder à entrega da Carteira

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 309


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

de Trabalho e Previdência Social, para, a partir daí, iniciar a


contagem do prazo da penalidade de suspensão.
Após a entrega da Carteira de Trabalho e Previdência
Social, será publicada no jornal de maior circulação a aplicação
da penalidade, devendo-se observar a comunicação a todos
os Conselhos Regionais, Junta Comercial, Serasa, agências da
Receita Federal e Delegacia da Receita Federal, a fim de impedir
que o contabilista execute serviços contábeis no período do
cumprimento da penalidade de suspensão.
O cancelamento do registro profissional, quando aplicado
terá validade a partir da publicação do edital.
Para uma profissão como a do contador, tão importante
para o país, com amplo poder de interferir na tomada de
decisões e na economia do país, faz-se necessário um órgão
fiscalizador das atividades dos contabilistas, pois o crescimento
e o reconhecimento social dessa profissão são conquistas
essenciais do CRC.
Para qualquer conselho de profissão regulamentada, a
fiscalização é, sem dúvida, a função mais importante.
É por meio da atividade fiscalizadora que o dinamismo dos
conselhos se faz presente.
É a atividade que assegura a reserva de mercado e a
proteção do exercício profissional.
A fiscalização do CFC para com os contabilistas e a
comunidade visa, primordialmente, à melhoria da imagem
da profissão perante o mercado de trabalho e, em especial,
ao impedimento da atuação de leigos e maus profissionais,
estorvando que estes tomem os lugares dos profissionais
habilitados.

310 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

A missão primeira do sistema CFC/CRCs é a fiscalização do


exercício profissional.
A fiscalização do exercício profissional é uma das principais
razões da existência do CRC, sempre buscando a garantia
da qualidade dos serviços prestados pelos contabilistas à
comunidade.
A fiscalização visa unicamente que as resoluções ditadas
pelo CFC sejam cumpridas, além de retirar do mercado de trabalho
os leigos que exercem atividades privativas de Contabilistas sem
possuir a devida formação e habilitação profissional perante o
Conselho Regional de Contabilidade.
Diante dessas situações lamentáveis, que podem surgir
da prática ilegal no exercício da profissão, fica claro que a
observância e o cumprimento dos ditames da Ética Profissional
em Contabilidade são os únicos mecanismos e o remédio
eficiente contra os males da infração.
Nisso consiste a grande importância da Ética Profissional
em Contabilidade e o apelo de profunda conscientização com os
postulados dessa ética.

Responsabilidade Social
O papel do profissional contábil é indispensável nas
empresas e nas instituições.
Basicamente, toda vida fiscal das empresas está nas suas
mãos.
Desse papel importante deriva a grande responsabilidade
do contabilista.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 311


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Como qualquer homem, o profissional contábil está sujeito


a falhas e erros.
Quer voluntária, quer involuntariamente, o contabilista
pode assumir riscos que podem levar terceiros a prejuízos e
perdas irreparáveis.
Alguns atos ilícitos cometidos por profissionais contábeis
são sujeitos a penas que podem chegar até a restrição à liberdade.

Responsabilidade Criminal
Até agora, analisamos uma parte das responsabilidades
do profissional contábil regidos pelo Código Civil e as penas
referentes aos erros e delitos voluntários ou involuntários.
Resta verificar a outra espécie de responsabilidade regida
pelo Código Penal.
Fundamentalmente, o Código Penal trata sobre alguns
tipos de crimes, como falsidade ideológica, uso de documento
falso e supressão de documentos.
Consoante o art. 18, inciso I, do Código Penal, quando
constatado esse tipo de crime, ele é configurado como crime
doloso.
Portanto, o crime doloso ocorre “[...] quando o agente quis
o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”.
Por sua vez, o crime culposo, nesse caso, seria produzido
por negligência, por incompetência ou por imprudência,
conforme a definição do inciso II do art. 18: “[...] culposo, quando
o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência
ou imperícia".

312 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Responsabilidade Fiscal
Além desses tipos de crime a que o profissional contábil é
sujeito, ele pode ser penalizado por crimes cometidos contra a
ordem tributária.
O contador poderá responder pela reparação de danos ou
por assinar demonstrativos contábeis simulados que, em alguns
casos, são elaborados sem a real existência da escrituração
contábil ou em desacordo com o que está efetivamente registrado
contabilmente.
O empresário e a sociedade empresária são obrigados a
conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e
mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer
prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados.
Esta obrigatoriedade se estende também aos livros
contábeis e fiscais da sociedade.
O melhor remédio contra todos esses crimes, seja da
ordem civil ou da ordem penal, é assegurar as normas que a Ética
Profissional do contabilista estabelece.
Essa ética assume um papel de protagonista e guardiã dos
princípios fundamentais da profissão contábil.
Diante de tantos problemas a que a prática contábil
está sujeita, espera-se do profissional contábil que ele tenha
capacidades e qualidades profissionais e técnicas para a
realização perfeita do seu trabalho e um comportamento
eticamente impecável, embasado em princípios das virtudes
profissionais que atribuem à profissão dignidade e honra.
As questões éticas e morais que envolvem o exercício
profissional não devem ser entendidas apenas como regras

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 313


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

gerais que funcionam como freio de conflitos profissionais


entre colegas e clientes, mas, sim como princípios éticos
profundamente enraizados na própria natureza humana e que,
por meio de um processo de conscientização, alcançam a sua
plena concretização e realização.
A concepção do homem como ser de relação está
intimamente vinculada à natureza moral do homem.
Cabe aqui ressaltar que o comportamento ético do
profissional contábil determina também as suas competências,
a confidencialidade, a integridade e a objetividade.
Essas qualidades interferem diretamente nos serviços
prestados pelo profissional contábil.
Por exemplo, uma das virtudes básicas da Ética Profissional
é a competência.
Portanto, a falta de competência fere diretamente a relação
profissional com os clientes.
A Ética Profissional para com os clientes e a sociedade
requer um cumprimento impecável dos fundamentos legais,
análises profundas e provas transparentes perante os clientes e
a sociedade.
Tudo isso faz parte da virtude de competência. No que diz
respeito às informações confidenciais, vale observar que deve
ser trabalhado o sigilo.
Durante sua experiência profissional, o contabilista toma
ciência de muitas informações confidenciais que pode utilizar
em seu proveito próprio.

314 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Resistir à obtenção de proveito por meio de vazamento de


informação confidencial é uma das virtudes principais da Ética
Profissional em Contabilidade.
Muitas vezes, o profissional contábil é convidado a aceitar
quaisquer tipos de benefícios, presentes etc.– coisas que podem
influenciar na decisão do contabilista.
Manter integridade diante desses desafios é um dever que
só a Ética Profissional pode instituir.
A objetividade também é uma das qualidades principais do
contabilista.
Fornecer informações claras e objetivas, tomar decisões
imparciais, sem a interferência de qualquer aspecto subjetivo é
primordial e de extrema importância para o exercício profissional
do contabilista.
Do exposto até aqui, podemos tirar várias conclusões,
entre as quais, talvez a mais importante seja esta: sem a Ética
Profissional a área contábil está condenada ao fracasso.
Dentre todas as profissões, a de contador talvez seja uma
das que mais exija do profissional, a todo instante, uma postura
crítica e ética, pois é a atividade contábil aquela que, através de
seus relatórios, registros, demonstrativos e principalmente pela
assinatura da responsabilidade técnica pelo serviço prestado,
que expõe aos dependentes e usuários da contabilidade tais
informações.
Portanto, deposita-se grande confiança no contabilista e
qualquer negligência ou incompetência para com suas obrigações
profissionais pode resultar em grande perda, prejuízo, demissão
de funcionários etc., enfim, problemas que envolvem toda a
sociedade.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 315


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Aqui vale lembrarmos a ética sartriana, segundo a qual


nenhuma ação humana passa em branco, com efeito, toda ação
humana afeta o universo das relações interpessoais.
Um erro de conta do contabilista pode custar a vida e a
sobrevivência de dezenas ou centenas de funcionários.
O código de ética elaborado para o contabilista certamente
constitui um guia precioso comportamental.
Ele auxilia o profissional contábil nos serviços e nas decisões
de sua responsabilidade.
Todavia, ele não é capaz de contemplar e de dar resposta a
todos os casos que podem surgir no exercício profissional. Nesse
caso, o único juiz e executor da decisão é o contabilista.
Em casos não contemplados ou incomuns, ele deve buscar
razões, na sua natureza racional, utilizando-se tanto do princípio
formalista quanto do princípio utilitarista.
Justamente por isso é importante que ele tenha
conhecimento dos mecanismos que determinam o valor do que
se perde e do que se ganha mediante determinada decisão.
Em outras palavras, em casos de dúvidas e na falta de uma
indicação clara, o contabilista deve contar com a sua profunda
reflexão ética.

2.15. CONCORRÊNCIA E ÉTICA PROFISSIONAL

A concorrência faz parte de nossa vida.


Ela é uma espécie de motor para o desenvolvimento e o
progresso da humanidade.

316 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Entretanto, em alguns casos, ela mostra lados negativos e


nocivos.
O conhecimento desses aspectos nocivos da concorrência
é imprescindível para o funcionamento harmonioso da profissão
contábil.
Em muitos casos, para se ganhar vantagens e benefícios,
alguns gestores adotam a concorrência desleal, causando uma
série de danos, tanto para a profissão quanto para a sociedade.
Essa concorrência pode ser tão prejudicial a ponto de
derrubar mercados.
A deslealdade da concorrência, por exemplo, dos
comerciantes que traficam produtos do Paraguai implica uma
série de prejuízos na economia do país, afetando as empresas e
diminuindo os empregos.
No âmbito contábil, também existe concorrência desleal e
cabe à Ética Profissional conscientizar dos seus aspectos nocivos
e desastrosos.
Vamos conhecer agora as manifestações mais frequentes
da concorrência desleal.
Segundo o art. 195 do Código de Propriedade Industrial, da
Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996, um crime de concorrência
desleal, configura-se quando:
I. publica, por qualquer meio, falsa afirmação, em detrimento
de concorrente, com o fim de obter vantagem.
II. presta ou divulga, acerca de concorrente, falsa informação,
com o fim de obter vantagem.
III. emprega meio fraudulento, para desviar, em proveito
próprio ou alheio, clientela de outrem.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 317


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

IV. usa expressão ou sinal de propaganda alheios, ou os


imita, de modo a criar confusão entre os produtos ou
estabelecimentos.
V. usa, indevidamente, nome comercial, título de
estabelecimento ou insígnia alheios ou vende, expõe ou
oferece à venda ou tem em estoque produto com essas
referências.
VI. substitui, pelo seu próprio nome ou razão social, em
produto de outrem, o nome ou razão social deste, sem o
seu consentimento.
VII. atribui-se, como meio de propaganda, recompensa ou
distinção que não obteve.
VIII. vende ou expõe ou oferece à venda, em recipiente ou
invólucro de outrem, produto adulterado ou falsificado,
ou dele se utiliza para negociar com produto da mesma
espécie, embora não adulterado ou falsificado, se o fato não
constitui crime mais grave
IX. dá ou promete dinheiro ou outra utilidade a empregado de
concorrente, para que o empregado, faltando ao dever do
emprego, lhe proporcione vantagem.
X. recebe dinheiro ou outra utilidade, ou aceita promessa de
paga ou recompensa, para, faltando ao dever de empregado,
proporcionar vantagem a concorrente do empregador.
XI. divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de
conhecimentos, informações ou dados confidenciais,
utilizáveis na indústria, comércio ou prestação de serviços,
excluídos aqueles que sejam de conhecimento público ou
que sejam evidentes para um técnico no assunto, a que
teve acesso mediante relação contratual ou empregatícia,
mesmo após o término do contrato.
XII. divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de
conhecimentos ou informações a que se refere o inciso
anterior, obtidos por meios ilícitos ou a que teve acesso
mediante fraude.

318 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

XIII. vende, expõe ou oferece à venda produto, declarando ser


objeto de patente depositada, ou concedida, ou de desenho
industrial registrado, que não o seja, ou menciona-o,
em anúncio ou papel comercial, como depositado ou
patenteado, ou registrado, sem o ser.
XIV. divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de
resultados de testes ou outros dados não divulgados, cuja
elaboração envolva esforço considerável e que tenham sido
apresentados a entidades governamentais como condição
para aprovar a comercialização de produtos.

Observando o exposto, é recomendável aos maus


concorrentes mudanças de procedimentos e uma reorientação
visando a disputa leal e ética no mercado.
Assim, poderá crescer e se desenvolver, sem, contudo,
eliminar o semelhante, que poderá se utilizar dos remédios
judiciais para reaver seu prejuízo.
A partir desse estudo sobre a concorrência desleal e seus
efeitos nocivos para a economia, podemos concluir que esse
fenômeno negativo, no que tange à profissão contábil, não se
manifesta como vinculado a qualquer tipo de mercadoria, mas
na qualidade de prestação de serviço.
Portanto, não em bens tangíveis, mas em qualidades
intangíveis.
Para que a profissão de contabilista não se torne
desordenada e caótica, o contabilista deve seguir as normas da
Ética Profissional, ou seja, o profissional contábil, para ganhar
clientes, não deve adotar a política de aviltamento de honorários,
isto é, não deve baixar honorários para ganhar clientela.
Essas infrações lesam profundamente a profissão contábil,
desvalorizando-a.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 319


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Vídeo complementar–––––––––––––––––––––––––––––––––
Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar.
• Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,
localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso
(Graduação), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar).
Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione:
Fundamentos da Contabilidade – Vídeos Complementares – Complementar
4.
......................................................................................................

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR


O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária
e indispensável para você compreender integralmente os
conteúdos apresentados nesta unidade.

3.1. MORAL, ÉTICA E COSTUME

Ética é uma palavra de origem grega com, provavelmente,


duas origens.
A primeira é a palavra “éthos”, com "e" curto, que pode ser
traduzida por costume; a segunda, com "e" longo, que significa
propriedade do caráter.
A primeira é a que serviu de base para a tradução latina
"moral" enquanto que a segunda é a que, de alguma forma,
orienta a utilização atual que damos a palavra Ética.

320 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

Enfim, é o nome geralmente dado ao ramo da filosofia


dedicado aos assuntos morais e do costume.
Não deve ser confundida com lei, embora a lei tenha como
base princípios éticos e como fonte os costumes. Realize as
leituras indicadas a seguir:
• HENCSEY, A. C. Compreender o perfil ético dos
profissionais é mitigar riscos. Disponível em: <http://
www.administradores.com.br/noticias/negocios/
compreender-o-perfil-etico-dos-profissionais-e-
mitigar-riscos/125649/>. Acesso em: 7 jun. 2019.
• JCNET.COM.BR. Aprendizado requer disciplina e vida
pede ética, afirmam os educadores. Disponível em:
<https://www.jcnet.com.br/Nacional/2018/06/
aprendizado-requer-disciplina-e-vida-pede-etica-
afirmam-os-educadores.html>. Acesso em: 7 jun. 2019.
• MERLIN JÚNIOR, C. R. Cola, ética e escola. Disponível
em: <http://www.capitalnews.com.br/opiniao/cola-
etica-e-escola/318356 >. Acesso em: 7 jun. 2019.

3.2. ÉTICA PROFISSIONAL

A ética é um ramo da filosofia que se debruça sobre o bem


e o mal, aquilo que é considerado certo e errado pela sociedade.
Chama-se de ética profissional o conjunto de normas morais que
os indivíduos devem seguir ao exercer qualquer atividade.
O objetivo da ética é garantir a convivência pacífica dentro
das comunidades. Essa ideia pode ser aplicada também às
relações dentro das empresas e entre essa empresa e a sociedade
em que atua.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 321


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

É a ética que define os códigos de conduta aceitáveis para


que se alcance o bem comum, incluindo no ambiente corporativo.
A respeito desse tema, sugerimos as seguintes leituras:
• SUTTO, G. 4 lições práticas para se tornar um
profissional influente no trabalho. Disponível em:
<https://www.infomoney.com.br/carreira/gestao-e-
lideranca/noticia/7514639/licoes-praticas-para-tornar-
profissional-influente-trabalho>. Acesso em: 7 jun.
2019.
• WAKKA, W. IBM começa a treinar inteligência artificial
sobre questões éticas. Disponível em: <https://canaltech.
com.br/inteligencia-artificial/ibm-testa-treinar-
inteligencia-artificial-sobre-questoes-eticas-118248/>.
Acesso em: 7 jun. 2019.
• ISOMURA, E. O poder de perceber o sutil e criar espaços
de vulnerabilidade. Disponível em: <https://exame.
abril.com.br/blog/gestao-fora-da-caixa/o-poder-de-
perceber-o-sutil-e-criar-espacos-de-vulnerabilidade/>.
Acesso em: 7 jun. 2019.

3.3. ÉTICA NA PROFISSÃO CONTÁBIL

A ética tem por finalidade analisar e compreender a


natureza do comportamento humano, é fundamental ser um
profissional que tenha capacidade de estar sempre melhorando
e assumindo a responsabilidade ligada a consciência ética.
O contabilista irá vivenciar situações em que o interesse
aparecerá fortemente e é nesta hora que ele deve exercer seus
dilemas éticos sobre o determinado problema, diferenciando

322 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

o certo do errado e agindo a favor do bem-estar da sociedade


proporcionando assim a justiça.
Para aprofundar ainda mais seus conhecimentos sobre
esse assunto, sugerimos as leituras a seguir:
• FAMELI, R. Conheça as regras do Código de Ética para
marketing contábil. Disponível em: <http://www.
contabeis.com.br/artigos/4832/conheca-as-regras-do-
codigo-de-etica-para-marketing-contabil/>. Acesso em:
7 jun. 2019.
• SANTOS, R. M. O. A ética na profissão contábil. Disponível
em: <http://www.contabeis.com.br/artigos/2870/a-
etica-na-profissao-contabil/>. Acesso em: 7 jun. 2019.
• LECHETA, L. Carreira contábil: a importância da formação
continuada. Disponível em: <https://paranashop.
com.br/2018/07/carreira-contabil-a-importancia-da-
formacao-continuada/>. Acesso em: 7 jun. 2019.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Alguns exemplos significativos de falta de Ética Profissional no exercício
contábil, apresentados por grandes empresas com referenciais mundiais,
como _____, que aprofundaram a atenção sobre as questões éticas
no âmbito contábil. Por meio de manobras especulativas, fraudes e
corrupções, foram manipuladas as informações dessas empresas, levando-
as a falência, acusação de crimes fiscais e perda de credibilidade. Entre os
casos, incluem:
a) Caso JP Morgan.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 323


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

b) Caso BP Petróleo.
c) Caso Enron.
d) Caso KMPG.
e) Caso Santander.

2) José (nome fictício) é um profissional da informática, que sempre se pautou


pela ética nas relações de trabalho. Todavia, ao ser contratado por uma
revista de variedades, tomou conhecimento de várias correspondências
eletrônicas de fontes jornalísticas da revista. Caso venha a revelar e/ou a
utilizar para si e para outros estas informações, José poderá violar quais
questões? Assinale a alternativa que melhor corresponda ao conteúdo
mencionado:
a) José, caso venha a desrespeitar a confidencialidade de suas relações
profissionais, infringirá a ética, a privacidade e a intimidade, sendo
passível inclusive de detenção.
b) José somente tomou conhecimento do conteúdo. Assim, poderá
disseminar o conteúdo que tomou conhecimento, desde que não venha
ser comprovado que ele quem distribuiu ou forneceu as informações.
c) Somente haverá violação da privacidade e intimidade, bem como
da ética, se a empresa propor ação na justiça de danos morais, para
proteger as pessoas ou contatos que foram violados.
d) Em razão da antiga Lei da Imprensa, a liberdade de informação não
possui limites, tendo em vista que as pessoas devem saber o que se
passa na realidade.
e) José, ao desrespeitar a confidencialidade de suas relações profissionais,
não deixou a ética de sua conduta profissional, somente agiu contra a
privacidade e a intimidade, o que somente poderá ser comprovado na
justiça.

Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
auto avaliativas propostas:
1) c.

2) a.

324 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

5. CONSIDERAÇÕES
Nesta última unidade, estudamos sobre a Ética Profissional
em Contabilidade, conhecendo a sua especificidade, examinando
os casos em que a falta de ética leva a grandes danos e prejuízos,
tanto para as empresas quanto para a sociedade.
Conhecemos os Códigos Civil e Penal e suas respectivas
restrições.
Analisamos o Código de Ética Profissional em Contabilidade
e a sua relevância para com o exército profissional do contabilista.
Vimos, também, que sem um profundo conhecimento dos
problemas éticos no âmbito profissional, nenhuma capacidade
técnica e profissional pode socorrer o contabilista nas horas de
decisões valorativas.
Em conclusão, depois deste estudo introdutório, podemos
enunciar, sem nenhuma dúvida, que a Ética Profissional em
Contabilidade é um meio e guia precioso inseparável da prática
profissional do contabilista.
O verdadeiro contabilista deve ser um profundo conhecedor
e cumpridor dos postulados da Ética Profissional.

6. E-REFERÊNCIAS

Sites pesquisados
BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990.
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12 set. 1990 (Edição extra). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm>. Acesso em: 7 jun. 2019.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 325


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

______. Código Penal. Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal.


Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 31 dez. 1940. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm>. Acesso em: 7
jun. 2019.
______. Decreto-lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946. Cria o Conselho Federal de
Contabilidade, define as atribuições do contador e do guarda-livros, e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 28 maio
1946. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del9295.
htm>. Acesso em: 7 jun. 2019.
______. Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Define crimes contra a ordem
tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 28 dez. 1990. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8137.htm>. Acesso em: 7 jun. 2019.
______. Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações relativos
à propriedade industrial. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,
DF, 15 maio 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9279.
htm>. Acesso em: 7 jun. 2019.
______. Resolução CFC nº 750, de 29 de dezembro de 1993. Dispõe sobre os Princípios
Fundamentais de Contabilidade. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 31 dez. 1993. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/
nbc/res750.htm>. Acesso em: 7 jun. 2019.
______. Resolução CFC nº 803, de 10 de outubro de 1996. Aprova o Código de Ética
Profissional do Contabilista – CEPC. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF, 20 nov. 1996. Disponível em: <http://www.crcsp.org.br/portal_novo/
legislacao_contabil/leg/index.htm>. Acesso em: 19 abr. 2019.
______. Resolução CFC nº 987, de 11 de dezembro de 2003. Regulamenta a
obrigatoriedade do contrato de prestação de serviços contábeis e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 15 dez.
2003. Disponível em: <http://www.crcsp.org.br/portal_novo/legislacao_contabil/leg/
index.htm>. Acesso em: 19 abr. 2019.
CFC − CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Abordagens éticas da profissão
contábil. Brasília: Conselho Federal de Contabilidade, 2003. Disponível em: <http://
www.cfc.org.br/uparq/livro_abord_etica-pdf.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2019.

326 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE


UNIDADE 4 – ÉTICA PROFISSIONAL

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FORTES, J. C. Ética e responsabilidade profissional do contabilista. Fortaleza: Fortes,
2002.
IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R. Manual de Contabilidade das Sociedades
por ações: aplicável às demais sociedades. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994.
NALINI, J. R. Ética geral e profissional. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.
NASH, L. L. Ética nas empresas. São Paulo: Makron Books, 1993.
SÁ, A. L. Ética profissional. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2000.
SILVA, T. M.; GRÄBNER, S.; BANDEIRA, A. M. Perspectiva atual para a formação do
contador. Revista Eletrônica de Contabilidade Curso de Ciências Contábeis UFSM, Santa
Maria, v. 1., n. 1, set./nov. 2004.
THOMÉ, I. Empresa de serviços contábeis: estrutura e funcionamento. São Paulo: Atlas,
2001.

© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE 327

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