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A Negação de Pedro
A Negação de Pedro
Nem seria preciso fazer longas verificaçõ es; bastaria folhear a clá ssica
reconstruçã o de Jerusalém, nos tempos de Jesus, feita pelo
conhecidíssimo exegeta Joachim Jeremias, um dos poucos biblistas
cristã os que viveram por muitos anos na pró pria Cidade Santa.
Jeremias, pois, lembra aos esquecidos ou aos ignorantes que em
Jerusalém havia sem dú vida pelo menos algum galo.
A Mishná (coleçã o da tradiçã o rabínica oral, fixada em grande parte no
segundo século depois de Cristo, mas tendo por base informaçõ es
anteriores à destruiçã o de Jerusalém no ano 70), descrevendo o
Templo antes da catá strofe e os ritos que ali se realizavam, escreve:
“Ao canto do galo soavam as trombetas”.
A mesma Mishná traz um pequeno fato de crô nica que parece ser
mesmo dos tempos de Jesus:
“Em Jerusalém foi lapidado um galo que tinha matado um menino”
(quem sabe, uma criança de colo, cujo crâ nio ainda nã o consolidado
teria sido perfurado pelo bico do animal).
Há , sim, sinais de uma proibiçà o contra galos e galinhas porque se
temia que, ciscando, trouxessem à luz coisas impuras, principalmente
vermes; a proibiçã o porém, cessava se as aves eram alimentadas com
grã os.
Por outros autores sabemos que a pró pria proibiçã o já nã o valia se os
galiná ceos fossem mantidos presos num horto e nã o andassem pelas
ruas.
Portanto, nã o é de modo algum verdade que fosse impossível ouvir o
canto de um galo nas noites de Jerusalém.
(Outro exegeta, o Pe. dominicano Marie-Joseph Lagrange, que como
Jeremias passou boa parte da vida em Jerusalém, muitas vezes ficou
acordado no mês de abril, o da Paixã o de Jesus, para anotar as horas
em que os galos cantavam na cidade; nessa época o primeiro canto é
em torno das duas e meia. O que, aliá s, combina com a sequência dos
acontecimentos segundo os evangelistas.)
A negação