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Universidade Federal de Ouro Preto - Escola de Minas

Departamento de Engenharia Civil


CIV620-Construções de Concreto Armado
Curso: Arquitetura e Urbanismo

CAPÍTULO 3: FLEXÃO SIMPLES

Rovadávia Aline Jesus Ribas

Ouro Preto, 2015/2


Plano de aula

1. Hipóteses básicas

2. Comportamento à flexão

3. Dimensionamento de seções retangulares e vigas de seção

retangular

4. Exercícios
Concreto armado: elementos estruturais básicos

 Vigas
 Lajes maciças
 Pilares
 Fundações
Concreto armado: elementos estruturais básicos

Sequência de cálculo: lajes, vigas, pilares (superestrutura) e fundações (infra-


estrutura) – Sequência inversa da construção.
Uso de computadores e programas avançados de cálculo: estudo global da
estrutura.

Discretização da estrutura
Esquema estrutural (Modelo estrutural)
Hipóteses básicas

Designam-se por solicitações normais os esforços solicitantes que


produzem tensões normais (perpendiculares) nas seções transversais das
peças estruturais (momento fletor e força normal).

Tipos de solicitação:
Solicitações normais: momento fletor e força normal
Solicitações tangenciais: força cortante e momento torsor.

Tipos de flexão:
PURA: momento fletor. Caso particular de flexão, em que não há esforço
cortante atuante (V=0); nas regiões de vigas em que isso ocorre, o momento
fletor é constante.
SIMPLES: momento fletor + força cortante. Ocorre quando não há esforço
normal.
COMPOSTA: momento fletor + força normal. Ocorre em pilares.
Hipóteses básicas

Vigas: São elementos de barras (L > 3h), normalmente retas e horizontais, que
recebem cargas de lajes, outras vigas, paredes e pilares, dentre outros, e têm
como função vencer vãos e transmitir ações para seus apoios (pilares).

Flexão pura na região central da viga simplesmente apoiada


Hipóteses básicas

ESTÁDIOS DE DEFORMAÇÃO

Experimentalmente, submetendo uma viga de concreto armado a um


carregamento crescente, é possível medir as deformações que
ocorrem em sua zona central, ao longo de sua altura.
A seção transversal central da viga de concreto armado, retangular,
submetida a um momento fletor (M) crescente, passa por três níveis
de deformação, denominados ESTÁDIOS, os quais determinam o
comportamento da viga até sua ruína.

Distinguem-se basicamente três fases distintas: estádio I, estádio II-a


e estádio II-b.
Hipóteses básicas

Estádio I

Rcc = Resultante de compressão no concreto


Rct = Resultante de tração no concreto

Sob a ação de um momento fletor MI de pequena intensidade, a tensão de


tração no concreto (ct) não ultrapassa sua resistência à tração (fct):
- Diagrama de tensão normal ao longo da seção é linear (Lei de Hooke)
- As tensões nas fibras mais comprimidas são proporcionais às deformações
- Não há fissuras visíveis
Hipóteses básicas

Estádio II-a

Rs = Resultante de tração na armadura

Aumentando o valor do momento fletor para MII:


- O concreto não mais resiste à tração (considera-se que apenas o aço passa a
resistir aos esforços de tração) e a seção começa a fissurar na região de tração
- A contribuição do concreto tracionado é desprezada
- No estádio II-a, é considerado que a parte comprimida ainda mantém um
diagrama de tensões aproximadamente linear de tensões, permanecendo válida a
lei de Hooke
Hipóteses básicas

Estádio II-b

Aumentando o valor do momento fletor até um valor próximo da ruína, MIII:


- A zona comprimida plastifica-se e o concreto dessa região está na iminência da
ruptura
- Admite-se que o diagrama de tensões seja da forma parabólico-retangular,
também conhecido como diagrama parábola-retângulo
- Nesse estádio, o dimensionamento é feito considerando-se o Estado Limite
Último (cálculo na ruptura), quando o principal objetivo é projetar estruturas que
resistam aos esforços de forma econômica, sem chegar ao colapso
Hipóteses básicas

Diagrama retangular equivalente do Estádio II-b

Rcc

Rst

A NBR 6118 permite, para efeito de cálculo, que se trabalhe com um diagrama
retangular simplificado equivalente ao diagrama parábola-retângulo.

A resultante de compressão e o braço em relação à linha neutra devem ser


aproximadamente os mesmos para os dois diagramas.
Hipóteses básicas

Distribuição de tensões de compressão segundo o diagrama


parábola-retângulo e retangular simplificado

O diagrama retangular simplificado conduz a equações mais simples e com


resultados muito próximos aos obtidos com o diagrama parábola-retângulo.
Hipóteses básicas

Para o cálculo, são feitas as considerações

a) que há uma perfeita aderência entre o aço e o concreto (solidariedade entre os


materiais)
b) que seções planas permanecem planas durante sua deformação
c) que a deformação limite (encurtamento máximo) permitida para o concreto seja
de 3,5‰ para seção parcialmente comprimida, e entre 3,5 ‰ a 2,0 ‰ para seção
totalmente comprimida, sendo o limite de 2,0 ‰ estabelecido para seções sob
compressão centrada
d) que a deformação limite (alongamento máximo) permitida para as armaduras
de aço sob tração seja de 10 ‰
e) que para a distribuição de tensão no concreto ao longo da altura da seção
transversal do elemento sejam considerados os estádios já definidos
Hipóteses básicas

Domínios de deformação na seção transversal


Os diferentes tipos de solicitação definem diferentes formas de ruína do elemento
de concreto que são verificadas pelas deformações limites.
Essas formas de ruínas podem ser verificadas quando a deformação na seção de
concreto intercepta um dos pontos A, B ou C dos domínios de deformação.

1% = 10‰.

0,2% = 2‰.
0,35% = 3,5‰.
Hipóteses básicas

Pontos A, B, C

Para a reta a e domínios 1 e 2: o diagrama gira em torno do ponto A

Para os domínios 3, 4 e 4a: o diagrama gira em torno do ponto B com cu = 0,35%
(3,5‰)

Para o domínio 5 e reta b: o diagrama gira em torno do ponto C, correspondente a


deformação de 0,2% (2‰) e distante 3/7h da borda mais comprimida
Hipóteses básicas

Nomenclatura
e definições

h: altura total da seção transversal de uma peça


d: altura útil ou distância entre o centro de gravidade da armadura longitudinal
tracionada até a fibra mais comprimida do concreto
d’: distância entre o centro de gravidade da armadura transversal comprimida e a
fibra mais comprimida do concreto
yd: deformação especifica correspondente ao inicio do escoamento do aço
Hipóteses básicas

Reta a

Reta a: linha correspondente ao alongamento constante e igual a 1%.


Hipóteses básicas

Domínio 1

Início: na reta a, onde s = 1% e c = 1%

Término: s = 1% e c = 0
A seção resistente é composta por aço, não havendo participação do concreto, que
se encontra totalmente tracionado.
Hipóteses básicas

Domínio 2

Início: s = 1% e c = 0 Término: s = 1% e c = 0,35%


O estado limite último é caracterizado pela deformação s = 1% .
O concreto não alcança a ruptura: c < 0,35% .

A seção resistente é composta por aço tracionado e concreto comprimido.


Hipóteses básicas

Domínio 3

Início: s = 1% e c = 0,35%
Término: s = yd (deformação espec. de escoamento do aço) e c = 0,35%
A seção resistente é composta por aço tracionado e concreto comprimido

A ruptura do concreto ocorre simultaneamente ao escoamento da armadura:


situação ideal, pois os dois materiais atingem sua capacidade resistente máxima .
Hipóteses básicas

... Ainda no
Domínio 3

A ruína ocorre com aviso (RUPTURA DÚCTIL) e grandes deformações.

As peças que chegam ao estado-limite último no domínio 3 são denominadas


“SUBARMADAS” .

Na fronteira entre os domínios 3 e 4, as peças são denominadas NORMALMENTE


ARMADAS.
Hipóteses básicas

Domínio 4

Início: s = yd e c = 0,35% Término: s = 0 e c = 0,35%


A seção resistente é composta por aço tracionado e concreto comprimido.
O concreto encontra-se na ruptura, mas o aço tracionado não atinge o escoamento.
Portanto, ele é mal aproveitado. Neste caso, a seção é denominada
SUPERARMADA. A ruína ocorre sem aviso, pois os deslocamentos são pequenos
e há pouca fissuração. O dimensionamento deve ser evitado no domínio 4.
.
Hipóteses básicas

Domínio 4a

Início: s = 0 e c = 0,35% Término: s < 0 e c = 0,35%


A seção resistente é composta por aço e concreto comprimidos.

A ruptura é frágil, sem aviso, pois o concreto se rompe com o encurtamento da


armadura (não há fissuração nem deformação que sirvam de advertência).
Hipóteses básicas

Domínio 5

Início: s < 0 e c = 0,35% Término: s = 0,2% e c = 0,2%

Seção totalmente comprimida (x>h).


εc constante e igual a 0,2% na linha distante 3/7 h da borda mais comprimida.
O domínio 5 só é possível na compressão excêntrica.
Hipóteses básicas

Reta b

Na reta b tem-se deformação uniforme de compressão, com encurtamento igual a


0,2% (compressão simples).
Hipóteses básicas

Conclusão

Nos domínios 2, 3 e 4 correspondem a flexão simples ou compostas.


No início do domínio 2 tem-se c=0, e no final do domínio 4, s=0, que são as
piores situações que podem ocorrer (um dos dois materiais não contribui na
resistência). O melhor é que a peça trabalhe no domínio 3; o domínio 2 é aceitável;
e o domínio 4 deve ser evitado.
Comportamento à flexão

Equação de compatiblidade de deformações


εcd

Md x
d h LN
As εsd
d’’

 cd

 sd x
  sd 
1 x 
  cd
 x 
x dx d x
Comportamento à flexão

Domínio 2
 sd 
1 x 

 sd  1% 0   cd  0,35%
x
cd

 cd  cd
x   x 
 cd   sd  cd  1%

 cd x
0 0
0,35% 0,259
Comportamento à flexão

Domínio 3
1%   sd   yd  cd  0,35%

 cd 0,35%
x   x 
 cd   sd 0,35%   sd

 sd x
aço  yd 0 00  x lim
1% 0,259
 yd  x lim CA-25 1,035 0,772
CA-50 2,070 0,628
f yd f yk / 1,15 CA-60 2,484 0,585
 yd  
Es Es
Comportamento à flexão

Domínio 4
0   sd   yd  cd  0,35%

 cd 0,35%
x   x 
 cd   sd 0,35%   sd

 sd x
0 1
 yd  x lim
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular
Para o dimensionamento
Domínio 2 Domínio 3 Domínio 4
x
0 0,259  x lim 1

=
0,628 (aço CA - 50)

Por meio de x = x/d, é possível saber em qual domínio a peça está


trabalhando.
O melhor é que a peça trabalhe no domínio 3; o domínio 2 é aceitável; e
o domínio 4 deve ser evitado. Para isso basta aumentar a altura útil da
viga ou utilizar uma armadura de compressão (viga com armadura
dupla).
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular
Equações de equilíbrio

Rcc Rcc  Rst


M d  Rcc  z  Rst  z
Rst

Rcc – Resultante de Compressão no Concreto


Rst – Resultante de tração nas armaduras
y – altura do diagrama retangular (y = 0,8x)
z – distância entre as resultantes Rcc e Rst
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular

Rcc

Rst

x , mas y  0,8  x  y  0,8    d


x  x
d
z  d  0,5  y  z  d  0,5  0,8   x  d 
 z  d  0,4   x  d
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular

Rcc

Rst

Rcc
 cd   Rcc   cd  Acc Rcc  0,85  f cd  bw  y
Acc
mas y  0,8  x Rcc  0,85  f cd  bw  0,8  x

mas x   x  d  Rcc  0,68  f cd  bw   x  d


Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular

Para o equilíbrio
à translação: Rcc

Rst

Rcc  Rst como Rcc  0,68  f cd  bw   x  d

Rst
 sd  0,68  f cd  bw   x  d  As   sd
As
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular
Para o equilíbrio à rotação:

M d  Rcc  z  Rst  z Rcc

como Rcc  0,68  f cd  bw   x  d


z  d  0,4   x  d Rst

 M d  0,68  f cd  bw   x  d 2 1  0,4   x 
bw  d 2 1 bw  d 2
 , fazendo k c
Md 0,68   x 1  0,4   x   f cd Md
1
kc 
0,68   x 1  0,4   x   f cd
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular

Se  x   x lim  kc  kc lim  M d  M d lim

M d  M d lim  domínio 2 ou 3
Se 
M d  M d lim  domínio 4 (armadura dupla )

bw  d 2
tenho que k c
Md

bw  d min
2
M d k c lim Md
 M d lim   d min
2
  d min  k c lim
k c lim bw bw

dmin = altura útil mínima para que a seção resista com armadura simples
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular

Voltando à equação de kc :

1
kc 
0,68   x 1  0,4   x   f cd

Rearranjando:

 2,355 

 x  1,25  1  1  
kc  f cd 
 

kc  f  x , f cd , onde f cd 
f ck
c
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular
Definindo o coeficiente ks :

M d  0,68  f cd  bw   x  d 2 1  0,4   x 
0,68  f cd  bw   x  d  As   sd

Rearranjando: M d  As   sd  d  1  0,4   x 

As  d 1 As  d
 fazendo  ks
Md  sd  1  0,4   x  Md

1 Md
ks  As  k s
 sd  1  0,4   x 
ks é tabelado e:
d

ks  f  x ,  sd ; nos domínios 3 e 4, tem  se que  sd  f yd


Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular
Conclusões:
Domínio 2 Domínio 3 Domínio 4
x
0 0,259  x lim 1

=
0,628 (aço CA  50)
Relembrando: É melhor que a peça trabalhe no domínio 3; o domínio 2 é
aceitável; e o domínio 4 deve ser evitado. Para isso basta aumentar a altura útil da
viga ou utilizar uma armadura de compressão (viga com armadura dupla).

No domínio 4 pode-se obter o maior momento resistente para a seção da peça, no


entanto, o aço não vai trabalhar com toda a sua resistência, pois s< yd
acarretando consumo excessivo de aço e perigo de ruptura brusca.
Comportamento à flexão

Na flexão simples, o limite entre os domínios 3 e 4 (que corresponde a x = 0,628,


para aço CA-50) conduz ao maior momento resistente para uma seção retangular,
com melhor aproveitamento dos materiais.

No cálculo, se a altura útil (d) for definida, verifica-se que:


• Se x < xlim (Md < Mdlim ), o cálculo incide nos domínios 2 ou 3.
• Se x > xlim (Md > Mdlim ), o cálculo incide no domínio 4: deve-se aumentar a altura
útil da viga ou adotar armadura dupla. Caso haja liberdade na escolha de d e
mantidos os demais valores fixos, adota-se o valor dmín, tal que o cálculo reincida
nos domínio 2, 3 ou limite dos domínios 3 e 4 e não seja necessário utilizar
armadura dupla.

Md
 d min  k c lim
bw
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular

Resumindo:

 
• Se d > dmin  x < xlim  s > yd  domínio 2 ou 3  seção
subarmada (altura maior da viga com área de aço menor)

• Se d < dmin  x > xlim   <


s yd  domínio 4  seção superarmada

 
• Se d = dmin  x = xlim  s = yd  limite dos domínios 3 e 4  seção
normalmente armada (altura menor da viga com área de aço maior)
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular
Detalhamento: Arranjo das armaduras
Valores limites para armaduras longitudinais de vigas
a) Armadura mínima de tração (As,min)
A armadura mínima deve ser colocada para evitar rupturas bruscas na seção.

As ,min
 min 
Ac

As ,min   min  Ac
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular

b) Armadura máxima de tração e compressão


A especificação de valores máximos decorre da necessidade de assegurar
condições de ductilidade e de respeitar o campo de validade dos ensaios que
deram origem às prescrições de funcionamento do conjunto aço-concreto.

As  As'  4%  Ac

Espaçamento entre as barras


O arranjo das armaduras deve propiciar que ela cumpra sua função estrutural
(aderência, manutenção da altura útil etc) e proporcionar condições adequadas de
execução, principalmente em relação ao lançamento e adensamento do concreto.
Os espaços entre as barras longitudinais devem ser projetados de modo a
possibilitar a introdução de vibradores, evitando que ocorram vazios e segregação
dos agregados.
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular
O espaçamento mínimo livre entre as faces das barras, medido horizontalmente
(ah,mín) e verticalmente (av,mín) no plano da seção transversal, deve ser, em cada
direção, o maior dos três valores:

20mm

ah ,mín  l , feixe (n   n )
 d
1,2  d máx,agregado h
20mm CG

av ,mín  l , feixe (n   n ) av 
d’’
0,5  d cnom
 máx, agregado

cnom = cobrimento nominal ah


No caso de barras de diâmetros diferentes vale o diâmetro da barra mais grossa.
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular

Largura mínima (bw,min) bw,min  2  cnom  2  t  n l  (n  1)  ah


n = número de barras

Número de camadas d
h
bw,min  bw  mais de1camada CG
se 
bw,min  bw 1camada av 
d’’
cnom

ah
Os esforços nas armaduras podem ser considerados concentrados no centro de
gravidade correspondente, se a distância () desse centro ao ponto da seção de
armadura mais afastada da linha neutra, medida normalmente a essa, for menor
que 10%h. Ou seja,   10%h.
EXERCÍCIO
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular
Flexão simples na ruína para armadura dupla
Há situações em que, por imposições de projeto, arquitetônicas etc, é necessário
utilizar para a viga uma altura menor que a altura mínima exigida pelo momento
fletor atuante de cálculo Md. Nesse caso, a seção com essa altura menor só irá
resistir (trabalhando no domínio 3 ou no limite entre os domínios 3 e 4) a uma
parcela desse momento.

No domínio 4, é possível aplicar uma altura menor que a mínima (pois é onde se
consegue o maior momento resistente), mas esse domínio deve ser evitado.

Uma solução possível, sem utilizar o domínio 4, é complementar a peça com uma
armadura de compressão. Determina-se o momento em que a seção consegue
resistir com a sua altura real e a armadura apenas tracionada, trabalhando no
limite entre os domínios 3 e 4 (M1). A diferença entre o momento atuante Md e o
momento M1, chamada de M2, será resistida por uma armadura de compressão.
A viga terá uma armadura inferior tracionada e uma superior comprimida
(armadura dupla).

M 2  M d  M1
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular
Tem-se então:
• M1: momento obtido impondo que a seção trabalha no limite entre os domínios 3
e 4, é resistido pelo concreto comprimido e por uma armadura tracionada As1
• M2: momento resistido por uma armadura comprimida A’s e, para que haja
equilíbrio, por uma armadura tracionada As2.

R’
C’css
Rcc
C

Md M1 M2

RTst1
1 T2st2
R
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular

Dimensionamento de M1
Segue as mesmas premissas do dimensionamento para armadura simples:

M1  M d ,lim

bw  d 2 1
M1  
0,68   x ,lim 1  0,4   x ,lim  f cd
e kc ,lim
kc ,lim

M1 1
As1  k s ,lim  
f yd  1  0,4   x ,lim 
e k s ,lim
d
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular
Dimensionamento de M2
Equação de equilíbrio: M 2  Rst 2  (d  d ' )  Rcs'  (d  d ' )
Rst 2 Rcs'
mas  sd   Rst 2  As 2   sd e  sd'  '  Rcs'  As'   sd'
As 2 As

R’
C’css
R
Ccc

Md M1 M2

Rst1 Rst2
Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular

M 2  As 2   sd  (d  d ' )  As'   sd
'
 (d  d ' ) mas  sd  f yd

M 2  As 2  f yd  (d  d ' ) e M 2  As'   sd'  (d  d ' )

M2 M2
 As 2  e A  '
'

 sd  (d  d ' )
s
f yd  (d  d ' )

sabemos que : M 2  M d  M1

M d  M1 M d  M1
As 2  A  '
'

f yd  (d  d ' )  sd  (d  d ' )
s

Armadura total de tração (As): As  As1  As 2


Dimensionamento de seções retangulares e
vigas com seção retangular
M  M1
Armadura de compressão, A’s: As'  ' d ,  '
 f ( '
sd )
 sd  (d  d )
' sd

Equação de compatibilidade
No limite entre os domínios 3 e 4:  sd   yd  cd  0,35%
εcd
 sd'  cd xlim  d '
  sd'   0,35% d’ ε'sd
xlim  d '
xlim xlim Xlim
'
d
  d
d  0,35%
dividindo por d :  sd
x , lim
'

 x ,lim
d’’
εsd
Se    yd ( yd  0,207%)  
'
sd
'
sd  f yd
Ou seja, a tensão na armadura comprimida é
igual a tensão de escoamento do aço.
Assim As'  As 2
Área e massa linear de
fios e barras de aço
(NBR 7480:1996)
Tabela de kc e ks para
os aços CA-25, CA-50
e CA-60
Área de aço e largura
bw mínima
EXERCÍCIO

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