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Tutelas provisórias no CPC

Noções gerais

 Tutela Definitiva
o Foram estudadas junto com o procedimento comum
o O desfecho do procedimento comum ocorre com o julgamento do
processo, onde se realiza a tutela definitiva por meio de
sentenças, acórdãos ou decisões monocráticas.
o O objetivo de um processo é alcançado quando se realiza a tutela
definitiva
o A tutela definitiva é a que possui a qualidade e virtude de tornar
imutável aquele debate, seja dentro ou fora do processo,
permitindo a coisa julgada e o cumprimento de sentença, ou seja,
é a decisão capaz de gerar consequências sem o risco daquilo
ser desfeito.
o Para alcançar essa tutela definitiva, é necessário seguir um
devido processo legal, que se não for seguido gera vício na tutela
definitiva. Esse devido processo demanda tempo e fases, sendo
por meio dessas ultimas a forma de garantir o devido processo
legal.
o Na tutela definitiva se tem o equilíbrio entre contraditório, ampla
defesa, acesso à justiça, devido processo legal, segurança
jurídica, etc., pois tudo foi estruturado para isso.
o Nem sempre é possível esperar essa tutela definitiva e em alguns
casos ela pode até depender de adoções de certas medidas que
acabam mitigando essas garantias/direitos. Para que ocorra o
devido processo e a tutela definitiva, as vezes é necessário
proferir decisões abrindo mão dessas garantias, sendo essas
decisões que atingem as garantias denominadas tutelas
provisórias.
o As tutelas definitivas percorrem essa normalidade, mas as vezes
é preciso realizar tutelas não definitivas.
o Não se quer dizer com isso que as tutelas provisórias são obtidas
fora do devido processo legal, mas sim que o devido processo
legal perfeito é aquele que viabiliza e realiza a tutela definitiva,
mas nem sempre se consegue depender dessa tutela, precisando
das tutelas provisórias, com a mitigação de garantias
fundamentais.
o Uma característica importante que diferencia a tutela definitiva
das provisórias é a cognição que se realiza no processo.
 A cognição pode ser classifica na perspectiva horizontal e
vertical.
 A cognição horizontal não é relevante nesse momento,
sendo importante para os procedimentos especiais, vez
que se realiza a análise do que pode ser submetido ao juiz.
Na ótica horizontal se verifica se existe uma amplitude na
plenitude de questões que podem ser levadas ao juiz, se
existir essa amplitude se está diante de uma cognição
plena, mas se não existir essa amplitude e existir uma
restrição, se está diante de uma cognição limitada.
 Existem processos aonde existe restrição cognitiva,
não se podendo levar tudo para o juiz decidir,
existindo restrição legal.
 Ex: Ação possessória, que só pode discutir posse e
o réu só pode contrapor discutindo aquela posse.
 Para as tutelas provisórias é necessário verificar a
cognição vertical, que é aquela que analisa o grau de
certeza e convicção do juiz em relação a cada assunto que
é levado para ele.
 Esta cognição é importante, uma vez que a tutela
definitiva é obtida mediante a cognição profunda do
que é posto ao juiz, por isso é chamada de cognição
exauriente.
 Tutela provisória
o Existe um princípio que inspira o regime jurídico das tutelas
provisórias, que é o principio da proporcionalidade, uma vez que
ele é utilizado para o exercício da ponderação entre a
necessidade da realização da tutela provisória e as garantias
fundamentais/prerrogativas. É a possibilidade de mitigar as
garantias pois se está realizando um direito que tem maior peso e
precedência que o contraditório ou a ampla defesa, por exemplo.
 Ex: Impossibilidade de aplicar o princípio da não surpresa
ou contraditório prévio nas tutelas provisórias.
 Ex: Pedido de liminar que pede leito em hospital, para
salvaguardar a integridade física da pessoa, mitigando o
devido processo legal em razão do peso do direito
requerido.
 Obs: O peso para garantir a tutela provisória normalmente
está no perigo.
 Obs: Um dos pontos mais sensíveis no estudo da tutela
provisória é a obtenção das tutelas sem a existência de
perigo, ou seja, sem a precedência da proporcionalidade.
o Essas tutelas são importantes para garantir que o processo, no
final, tenha um desfecho efetivo, para salvaguardar agora algo
que não pode esperar o tempo, viabilizando o acesso a justiça
para certos momentos.
o Na tutela provisória não é necessária a cognição exauriente,
basta que se tenha a cognição sumária.
o Não se está dizendo que para ter tutela provisória é preciso ter
cognição sumária, uma vez que é possível conseguir tutela
provisória com cognição exauriente.
 Ex: Tutela provisória dentro de uma sentença.
o A cognição sumária analisa o juízo de possibilidade/
probabilidade/ plausibilidade/ relevância de argumentação que o
juiz ainda não investigou em profundidade. Quando o juiz realizar
essa análise, se estará diante da cognição exauriente.
o As tutelas provisórias não são, em regra, feitas para se tornar
definitivas, precisando ser confirmadas por uma tutela definitiva,
sendo feitas para durar um certo tempo, em que ainda não veio a
tutela definitiva.
 Obs: Existem exceções nos casos estabilização de tutela e
cautelares satisfativas.
o Nas tutelas provisórias se verifica o sentido de provisoriedade ou
temporariedade que é analisado pela doutrina. O regime jurídico
das tutelas provisórias que se realiza por meio da cognição
sumária acaba viabilizando a concessão de tutelas que são
provisórias, pois ainda não são definitivas ou, pois existem tutelas
obtidas mediante cognição sumária que irão durar somente um
período, sendo esse período aquele que está ligado a um estado
de necessidade e estado das coisas que a justifica; acabado esse
estado das coisas, não é mais necessária a tutela, mesmo que
não ocorra a tutela definitiva.
 Resumo: As tutelas provisórias podem ser provisórias,
quando serão substituídas pelo definitivo, ou temporárias,
quando não precisam ser substituídas pelo definitivo, pois
apenas tem que atender determinada circunstância
juridicamente prevista e protegida.
 Ex: Quando se está pedindo um leito hospitalar e o juiz
profere tutela provisória, ela não pode ficar solta sem ela
ser substituída no futuro por uma tutela definitiva. As
tutelas de natureza satisfativa, também chamadas de
antecipatórias, precisam ser confirmadas por uma tutela
definitiva.
 Exceção: Estabilização de tutela, que não exige a
obtenção da tutela definitiva.
 Ex: Pedido de tutela de natureza protetiva que venha
salvaguardar apenas certa circunstância e que se ela
acabar, acaba o vínculo de necessidade para a tutela e é
necessário retirar essa tutela do mundo jurídico. As
cautelares de arresto, quando alguém deve dinheiro a
outra e começa a se desfazer do patrimônio. Se o juiz der
a tutela provisória, ele estará pautado na ideia de que a
pessoa está praticando atos para frustrar o pagamento
daquela obrigação. Se após o juiz ouvir o réu e verificar
que o réu tem patrimônio vasto e não existe risco de
insolvência capaz de frustrar a obrigação, acabou a base
de sustentação da tutela, logo, pode-se revogar a tutela.
Por elas durarem um período que elas são chamadas de
temporárias, sendo que a tutela definitiva pode ou não
ocorrer.
 Compreensão do termo “liminar”
o 1º - Momento de concessão da tutela
 O sentido de tutela liminar normalmente usado é o da
tutela provisória obtida no início do processo, antes da
oitiva da parte contraria, consubstanciando uma tutela
provisória.
 Obs: Liminar tem o sentido de tutela obtida no início,
não necessariamente provisória, sendo possível ter
sentença liminar, mediante cognição plena e tutela
definitiva, como o caso que o juiz indefere inicial por
prescrição, decadência, ilegitimidade, etc., sendo
essa decisão liminar definitiva, e não provisória.
Outro exemplo é quando a pretensão ofende súmula
vinculante, precedente, etc.
 As tutelas provisórias são vocacionadas para serem
obtidas liminarmente, inaldita altera pars (sem a oitiva da
parte contrária).
 Obs: A obtenção é liminar quando o juiz recebe o processo
e profere a decisão ou marque uma audiência de
justificação, que é a audiência para análise da liminar,
inclusive mediante análise de provas.
 Atenção: Professor recomenda utilizar sempre esse
sentido, pois é mais técnico.
o 2º - É uma tutela satisfativa distinta da tutela antecipada
 Antigamente, a expressão liminar era utilizada para a
obtenção de tutelas provisórias satisfativas.
 Antes do surgimento da tutela antecipada, existiam as
“cautelares” (protetivas) e as “liminares satisfativas
especiais”.
 Liminar era a única forma de obtenção da tutela satisfativa.
 Com o surgimento da tutela antecipada, passou a ser
compreendida como as tutelas especiais (as genéricas
seriam tutelas antecipadas)
o 3º - É uma técnica para obtenção de tutela provisória
 Liminar é toda providência que realiza uma tutela
provisória, seja ela em qualquer momento do processo,
desde que antes do definitivo.
 Ex: Pedir uma liminar na audiência de instrução,
alegações finais, saneamento, réplica, etc.
 É o sentido considerado moderno
 Parte-se do pressuposto que se está postulando uma
providência provisória, pois é necessário satisfazer um
direito ou proteger esse direito ao longo do processo,
dando o nome de liminar apenas para diferenciar dentre as
tutelas provisórias e as definitivas.
 É bastante utilizado, sem a necessidade de ficar
diferenciando os tipos de tutelas provisórias (antecipatória,
cautelar ou de evidência), bastando usar o nome liminar.
o O CPC parece que adotada a primeira compreensão, uma vez
que o art. 300, § 2º diz “A tutela de urgência pode ser concedida
liminarmente ou após justificação prévia”
 Ou seja, liminar é a providência relacionada às tutelas
provisórias obtidas no início do processo ou até a
audiência de justificação.
o No art. 311, parágrafo único, também indica a adoção do 1º
sentido.
 Definição Moderna de tutela provisória
o É uma técnica de tutela diferenciada voltada para a concretude da
efetividade da tutela jurisdicional, seja em razão da urgência, seja
da evidência, que permite precipitar os efeitos da tutela definitiva
ou ao menos proteger o direito desejado, mediante um juízo
decorrente de uma cognição sumária.
o Sua utilização decorre da aplicação do princípio da
proporcionalidade no exame da precedência da efetividade sobre
a segurança e o contraditório.
o A tutela provisória busca redistribuir o ônus do tempo no
processo, seja em relação ao perigo da demora (tutelas de
urgência), seja do dano marginal (tutela de evidência) (são danos
paralelos, além daqueles levados à justiça, sendo reflexo à esses
danos).
o Dentro do ambiente das tutelas provisórias se analisa bastante a
ideia do dano marginal e a redistribuição do ônus do tempo, uma
vez que existe um ônus natural em desfavor do autor, que pede
algo contra alguém que tem a seu favor o tempo, já que existe
demora para o julgamento do processo.
o A principal ferramenta para contribuição para o equilíbrio de
desgaste decorrente do tempo é a tutela provisória, uma vez que,
caso deferida, o tempo começa a contar em desfavor também do
réu, já que teve a subtração de uma parte de um direito que ele
espera ter de volta, enquanto irá continuar a contar em desfavor
do autor, já que ele ainda busca algo definitivo.
o Quando se nega uma tutela provisória, se está indicando que
esse desgaste do tempo não é injusto e deve ser suportado, pois
o réu, a princípio, não está obrigado a fazer nada.
o Essa ideia de reequilíbrio do ônus do tempo está clara na
hipótese da tutela provisória de evidência, obtida depois da
contestação, que tem como fundamento o abuso do direito de
defesa por parte do réu, além da probabilidade de existência do
direito (art. 311, I, CPC).
 Estruturação das tutelas provisórias - CPC 2015
o Tutelas provisórias
 Tutela de urgência (possui perigo)
 Tutela cautelar
 Tutela antecipada
 Tutela de evidência (não possui o perigo)
 Classificação (art. 294, CPC)
o O CPC acaba classificando as tutelas provisórias de 3 maneiras:
o Fundamento (utilizado para obter a tutela)
 Existem tutelas que tem como fundamento o
perigo/urgência e outras que não possuem
 Utilizando o parâmetro “fundamento” pode-se pedir tutelas
provisórias alegando perigo ou sem perigo
 Quando se pede com perigo, se dá o nome de tutela de
urgência
 Quando se pede sem perigo, se dá nome de tutela de
evidência
 Tutela de urgência
 Cautelar
 Antecipada
 Tutela de evidência
o Função/vocação/aptidão (que essas tutelas têm para interferir no
mundo empírico)
 Serve para mostrar que existem tutelas que fazem uma
coisa e outras algo distinto.
 Existem tutelas que não dão as providências nesse sentido
de satisfação, mas buscam apenas proteger o processo ou
o direito, para que no futuro ocorra a satisfação (tutelas
cautelares ou protetivas)
 Existem, de um lado, tutelas que satisfazem o direito
desejado pelo autor, dando ao autor a consequência
jurídica que ele quer (tutelas antecipatórias ou satisfativas)
 Tutela cautelar
 Tutela satisfativa
 Tutela antecipada (urgência)
 Tutela de evidência
o Momento e forma (que se obtém a tutela provisória)
 Atualmente está bem claro que qualquer tutela que tenha
como fundamento o perigo pode ser obtida antes mesmo
do ajuizamento do processo.
 Se fizer o pedido antes do ajuizamento do processo, se
está fazendo pedidos de tutelas antecedentes.
 Se fizer o pedido de tutela já no início de um processo
principal, ou no curso dele, se está diante de tutelas
incidentais.
 Tutela antecedente
 Tutela cautelar
 Tutela antecipada
 Tutela incidental
 Tutela cautelar
 Tutela antecipada
 Tutela de evidência
 Observações sobre as tutelas de urgência
o São as tutelas que tem como fundamento, além do direito, a
existência de um perigo/urgência
o Não houve uma alteração substancial do CPC/73 para o atual
quanto a essa matéria, tem-se atualmente praticamente as
mesmas situações que se podia obter as tutelas de urgência.
o Fala-se que existiu uma tentativa de uniformização do regime
jurídico das tutelas provisórias, tendo como base as
condições/pressupostos para a obtenção das tutelas.
 Ex: Tutelas de urgência (cautelares ou antecipatórias) tem
como pressupostos o fumus boni iuris e o periculum in
mora.
 Obs: A unificação não deu certo para o meio/procedimento
para obtenção de liminares. Quando se pede tutelas
incidentais (dentro de um processo) não existe problema
uma vez que não tem procedimento para a obtenção
dessas tutelas. Porém, existem tutelas que podem ser
obtidas antes do processo principal (tutelas antecedentes)
e, para essas, existem dois procedimentos diferentes, uma
para a tutela antecipada (art. 303) e outro para a cautelar
(art. 305).
 Obs: Professor defende que não existiu a unificação, mas
sim a consolidação de todos os pressupostos em um art.
de lei, mas continuam se diferenciando principalmente no
que diz respeito ao perigo.
o Existe um regramento para tutelas genéricas, que são aplicáveis
para qualquer espécie de tutela. O novo CPC colocou esse
regime das tutelas na parte geral, criando um regime jurídico e
aplicando para qualquer tipo de procedimento da parte especial,
dentro ou fora do código. É um regramento base, para dele extrair
as particularidades do caso concreto e das ações especiais.
 Ex: Possível aplicar o regramento geral em processo de
execução, MS, ação locatícia, embargos de terceiro, etc.
o O CPC/73 diferenciava a tutela genérica geral das chamadas
tutelas específicas, que cuidavam apenas dos direitos envolvendo
os direitos de fazer/não fazer e dar/desdar. O novo CPC
continuou com essa estrutura, tendo na parte geral do CPC, do
art. 294 ao 311 o regime jurídico que vale para todas tutelas,
porém, se tem no art. 497 há menção a tutelas de urgência
antecipadas nas obrigações de fazer/não fazer e dar/desdar.
Dessa forma, quando se estiver analisando os pressupostos nas
tutelas, é preciso fazer uma conjugação entre a parte geral e o
art. 497 do CPC.
o O CPC novo acabou com os procedimentos especiais de tutelas
cautelares, não existindo requisitos próprios para essas medidas.
Não quer dizer que as medidas como arresto, sequestro, busca e
apreensão, etc. não podem ser pedidas, mas sim que não
existirão ritos e pressupostos próprios para isso, devendo se valer
dos mesmos procedimentos para obtenção dessas medidas.
 Obs: Existe um ponto sensível da extinção do processo
cautelar, já que foi extinto esse livro. Porém, ainda existe
um processo cautelar no CPC.
 Ex: Ajuizar pedido antecedente para obtenção de
cautelar, pode acontecer do processo principal
nunca ser ajuizado e esse ritual do pedido
antecedente é diferente do procedimento comum ou
dos procedimentos especiais, de modo que o
professor acha que isso consubstancia um processo
cautelar igual ao antigo processo cautelar.
o Ainda existem procedimentos especiais com liminares, apesar de
alguns terem sido suprimidos e outros surgido no novo CPC,
 Observações sobre tutela antecedente
o No CPC/73, se quisesse pedir uma liminar antes de ajuizar uma
ação principal, podia fazer uso da ação cautelar preparatória e
pedir liminares nessa ação. A principio, essas liminares podiam
ser apenas cautelares, porém, com o passar dos anos percebeu-
se que algumas medidas cautelares se confundem com as tutelas
antecipadas e o mais certo era criar uma espécie de fungibilidade,
passando aceitar liminares antecipativas na ação cautelar
preparatória.
o O novo CPC criou o pedido antecedente em substituição ao
processo cautelar, para a obtenção de liminares. Hoje se entra
com um pedido antecedente e dá início a um processo e quando
se consegue uma tutela, precisa completar com outro processo,
porém, sem ajuizar uma outra ação, completando dentro de uma
própria ação (mesma relação jurídica), que será
aditada/emendada e virará um novo processo, enquanto
antigamente se tinha duas relações processuais.
o O pedido antecedente instaura uma ação? (natureza jurídica)
(divergência doutrinária)
 Há quem diga que, já que existe o processo principal e
depois entra com uma fase de cumprimento, também é
possível ter uma fase antecedente para fins de obtenção
de liminares, existindo uma fase antecedente, processo
principal e cumprimento, sendo uma única ação.
 Há quem diga que se tem um procedimento especial
antecedente, depois um procedimento principal emendado
e um cumprimento de sentença.
 Por fim, existe o argumento de que de início já se tem uma
ação instaurada, sendo depois emendada ou auditada e
segue a mesma ação, assim como é possível que se tenha
uma ação (antecedente) que não gera a emenda e ela
termine ali, sem uma emenda, tendo nome de ação
antecedente.
o O que motiva ou justifica a tutela antecedente?
 Existem situações de extrema urgência, que é necessário
tutelar, porém, não existem condições de se formatar um
pedido pronto, uma ação perfeita, tendo que dar conta com
algo bem precário, utilizando o pedido antecedente por
esse motivo, já que depois se terá um tempo para formular
o pedido completo e corrigir/aperfeiçoar a ação.
 Ex: Mãe com filho doente, mas ainda não internado,
precisando de uma liminar urgente para a
internação, porém, sem documentos hábeis a
comprovar toda a situação, somente com
formulários de entrada em pronto atendimento, além
de impossibilidade de assinar procuração, tendo que
entrar com pedido liminar em nome dele,
representado pela mãe, sem condições ter
procuração, narrando esses fatos e o pedido liminar
para ser atendido. Levando em conta que o caso
acontece na realidade, o juiz defere, se for mentira,
pode-se punir posteriormente que narrou.
 Depois do deferimento, o juiz dará um prazo para
que se preencha todos os requisitos formais para
ajuizar uma ação, formatando a ação perfeita.
 Outro motivo é que existe a possibilidade, no novo CPC,
de solução de litígios de forma mais célere, sendo uma das
ferramentas para isso a estabilização de tutela, produzida
a partir do pedido antecedente.
 Existe casos de urgência em que já se tem a ação
completa e não entrar com a ação principal, mas
com o pedido antecedente para pedir a liminar, na
expectativa dessa liminar consolidar o desejado e
não ocorrer a decisão principal, ocorrendo o
fenômeno da estabilização de tutela, com processo
sendo arquivado.
 O novo código quer incentivar o uso do pedido
antecedente não só quando não se tem todos os
documentos, mas em casos que já se tem a ação
pronta, para não chegar a existir ação principal, com
o pedido dando conta de solucionar o problema.
o Ex: Nos casos de saúde, a liminar basta para
a pessoa, não é necessário um procedimento
completo.
 Um terceiro motivo, em relação às tutelas cautelares, é a
produção de provas, sem precisar usar o sistema de
produção antecipada de provas, mas sim o pedido
antecedente.
 Quer um arresto quanto a uma divida não vencida, mas
que há indícios de quebra do réu, se no dia do vencimento
ele não pagar, já foi resolvido e o processo acabou, até
porque não pode ajuizar ação principal sem o
inadimplemento.
 Observações sobre as tutelas de evidência
o As tutelas de evidência já existiam no código velho e foram
mantidas no CPC atual, com algumas alterações. Existia
antigamente a hipótese de julgamento parcial como tutela de
evidência foi substituída pelas sentenças com julgamento parcial
do mérito
o O CPC manteve a tutela mediante abuso de defesa e protelação.
o Criou-se hipóteses novas em que se tem prova boa e o direito
está em precedentes vinculantes; hipóteses repeicursorias que
envolvam contrato de depósito; situações de prova robusta que o
réu não conseguiu trazer prova que gera dúvida razoável. Ou
seja, existiu uma ampliação das tutelas de evidência, mostrando a
tendência de ser possível mais julgamentos rápidos com base em
precedentes, mesmo sem que exista perigo.
o Inconstitucionalidade das tutelas de evidência:
<https://www.youtube.com/watch?
v=8xoTIyOMqyI&feature=youtu.be>
 Fundamento constitucional
o Não é possível analisar as tutelas provisórias sem
fundamentarmos elas a partir da CF.
o O acesso à justiça, que é um direito fundamental, é utilizado para
garantir outros direitos fundamentais, sendo ele um meio para a
concretude, garantia e proteção desses direitos. Ocorre que, o
acesso à justiça não pode ser entendido como garantido pelo
ajuizamento de um único processo, mas sim com a criação de
técnicas, como as tutelas provisórias, que visam viabilizar esse
direito, já que é a ferramenta que protege e garante a fruição do
direito fundamental, enquanto dura o processo.
o As tutelas provisórias estão dentro do acesso à justiça (art. 5º,
XXXV, CF), mas como técnica e ferramenta enfrenta dificuldade,
já que existe tensão entre direito fundamentais, sendo necessário
resolver essa tensão pelo meio da proporcionalidade, dai a razão
de se analisar a tutela com base na proporcionalidade, para
verificar se um direito pode ser garantido mediante a abstração de
outros direitos fundamentais, como o contraditório, ampla defesa
e devido processo legal.
o São deveres do estado decorrente do direito ao acesso à justiça:
 Criar condições para a realização dos direitos
fundamentais
 Melhorar os meios e as técnicas processuais para garantir
o “direito de ação” (direito fundamental que viabiliza
outros): o “acesso à justiça” busca “garantir” (concretizar) e
não “proclamar” Direito
 Evitar a perda superveniente do interesse, o descrédito do
poder judiciário e a perpetuidade do conflito.
 Evitar a ocorrência de danos conexos ou decorrentes do
direito de ação (dano marginal)
 Obs: Existe a demora fisiológica, que é inerente ao
processo (caráter dialético) e a demora patológica,
que excede os parâmetros fisiológicos. A tutela
provisória combate principalmente a demora
patológica, vez que é nessa demora que surgem os
danos marginais com mais evidência e fica clara a
redistribuição do ônus no tempo.
o Função primordial da tutela provisória:
 Garantir a realização de direitos fundamentais
 No contexto constitucional de garantia do acesso à justiça,
a Tutela provisória ganha muita importância, por ser uma
Técnica capaz de garantir a realização imediata ou futura
de Outros direitos fundamentais

Características e regime jurídico das tutelas provisórias no CPC

 As características fundamentais do regime jurídico das tutelas


provisórias, sendo denominada também por alguns de princípios
aplicáveis à tutela provisória, serão expostas abaixo
 Cognição sumária (coisa julgada)
o Essa característica repercute na coisa julgada
o Sabe-se que para a obtenção de tutela definitiva, é necessário
resguardar o devido processo legal, vez que é por meio dele que
se garante o exercício de todas as prerrogativas das partes
demandantes e também institucionais.
o É mais natural na tutela definitiva que o juiz só chega até ela
exercendo a cognição exauriente.
o Obs: Existem alguns procedimentos que são mais rápidos e até
chamado de sumários, mas isso não quer dizer que a cognição é
deficiente ou inferior do que o mencionada para a obtenção de
tutela definitiva.
o É importante lembrar que a perspectiva da cognição importante
para as tutelas provisórias é a vertical, variando entre sumária e
exauriente e, respectivamente, possibilitando a tutela provisória e
definitiva.
o Toda e qualquer tutela provisória se submetem ao regime jurídico
da cognição sumária, ou seja, tem como característica de que
para serem analisadas, não é necessário o exame em
profundidade tal que se alcance a cognição exauriente.
 Obs: Quando se alcança a cognição exauriente ainda
poderá enfrentar tutelas provisórias, podendo decidir,
analisar, postular tutelas provisórias diante desse tipo de
cognição, porém, ela não é necessária. É preciso lembrar
que para a obtenção da tutela provisória não basta a
certeza do direito, mas também outros pressupostos, de
modo que a cognição exauriente está afeta ao direito e não
necessariamente aos outros pressupostos.
 Ex: Juiz pode analisar tutela provisória quando ele
for proferir sentença, mesmo tendo a cognição
exauriente
o Essa característica está relacionada com a aptidão daquela tutela
de receber a qualidade da coisa julgada. Como se sabe que é
muito importante que uma decisão, após o devido processo legal,
adquira o caráter da imutabilidade dentro ou fora do processo, é
preciso reconhecer que isso só é possível após o exaurimento,
não podendo se admitir a existência de coisa julgada quando a
decisão foi proferida com base em cognição sumária.
 Obs: É por isso que mesmo com o juiz deferindo uma
liminar e não existindo recurso contra essa liminar, o juiz
poderá caça-la.
 Obs: Existe no máximo a incidência de coisa julgada
formal, dentro do processo, quando não existir mais
recurso contra a tutela provisória, porém, ela não se torna
imutável.
o Regra geral: As tutelas provisórias são obtidas sob cognição
sumária; Exceção: As tutelas provisórias podem ser analisadas
diante de cognição exauriente.
o Sumarização da cognição: consequência natural (precipitação do
tempo)
 Na análise das tutelas aplica-se a proporcionalidade,
ponderando um direito com outro, garantindo em um tempo
adiantado os efeitos que só viriam ao final do processo.
o Provisoriedade: consequência natural da sumarização da
cognição
 Por ser cognição sumária, como já visto, a consequ6encia
é a provisoriedade da tutela, precisando que essa tutela
seja confirmada por uma tutela definitiva.
o Revogabilidade e modificabilidade: consequência natural da
provisoriedade
 A modificabilidade significa que quando concedida a tutela,
se tem como base uma realidade/perspectiva, mas qunado
o tempo passa essas circunstâncias podem se alterar, não
sendo cabível manter algo provisório que se torne
desproporcional à realidade, precisando buscar uma
calibração através da modificação da tutela.
 Deve-se buscar uma adequação/equilíbrio, vez que se
abre mão de garantias em prol de algo desde que seja
proporcional para ter o menor desgaste possível (princípio
da menor onerosidade) e seja a mais efetiva o possível,
fomentando o proposito que a tutela deseja alcançar.
o Contraditório invertido, eventual ou diferido (monitória,
liminares...)
o As vezes o juiz profere uma decisão definitiva diante de uma
cognição sumária, mas ela recebe a qualidade inerente à coisa
julgada material
 Ex: Ajuíza ação pedindo pagamento de algum valor mas o
juiz identificar de cara que existe prescrição e decadência,
tendo essa sentença força de coisa julgada;
 Se as tutelas definitivas pode fazer isso, as tutelas
provisórias também podem ser analisadas mediante
cognição sumária e receber a carga de imutabilidade da
coisa julgada?
 Em regra não, porém, existem situações
particulares, como no caso em que a parte vá pedir
uma cobrança de um valor e antes pede uma tutela
provisória cautelar de arresto, pode ocorrer de
quando o juiz analisar o pedido de tutela provisória
identificar que o direito que busca ser garantido pela
tutela provisória já caducou em razão de prescrição,
não aceitando a tutela provisória, já que ela se
refere a algo que não pode mais ser reconhecido.
Assim, a aplicação da prescrição ou decadência na
análise de um pedido cautelar para nega-lo, vai
formar coisa julgada material, porém, nesses casos
parece que a coisa julgada recai sobre o direito e
não sobre o pedido de tutela provisória.
 Existe outra situação que merece destaque. Quando
a CF diz que todos têm acesso à justiça, se diz que
é possível pleitear esse acesso diante de lesão ou
ameaça de lesão, ou seja, um direito material dentro
do acesso a justiça que não possui conotação
puramente processual. Quando se faz um pedido
antecedente requerendo tutela provisória de arresto
liminarmente, e o juiz analisa nega esse pedido
provisoriamente, posteriormente se tem a
contestação à esse pedido e por fim o julgamento
por sentença. Essa sentença irá dizer em definitivo,
pelo menos pelo propósito, se a pessoa tem direito
constitucional de proteção. Essa sentença será uma
decisão obtida mediante tutela provisória e cognição
sumária, mas com relação a esse tópico do direito
de proteção, não existe mais cognição a ser feita
dentro do processo antes do principal, recebendo os
atributos da coisa julgada material. Nesse caso
existiria coisa julgada material sobre o direito de
tutela provisória.
 Provisoriedade/temporariedade/referibilidade
o A diferença entre provisoriedade e temporariedade está na
existência de uma referibilidade
o Chama-se tutela provisória, pois elas não são definitivas e a
classificação se deu em razão desta comparação.
o Dentro das tutelas provisórias, existem outras espécies de tutelas,
as tutelas de urgência (fundamentadas no perigo) e as tutelas de
evidência, e dentro das de urgência as tutelas cautelares e
antecipadas.
o Entre as tutelas cautelares e as antecipadas, algumas se tornarão
definitivas e outras não, com a doutrina falando que as cautelares
não são provisórias, mas temporárias, enquanto as tutelas
antecipadas são provisórias e precisam ser confirmadas pelas
tutela definitiva, sendo a tutela definitiva a confirmação da tutela
provisória, fazendo com que os efeitos não retroajam até a época
da concessão da tutela provisória, como ocorreria em caso de
desistência. A tutela cautelar não irá se tornar a tutela definitiva,
vez que é apenas algo acessório e protege o objeto da tutela
definitiva, dai surge a expressão referibilidade, pois as cautelares
tem um referibilidade à algo, pois elas Não são o principal, mas
se referem à ele, tendo uma autonomia quanto a ele, não sendo
convertida no principal, podendo ser apenas confirmada, de forma
que não será provisória no sentido de ser substituída pela tutela
definitiva.
o As cautelares, quando comparadas com as tutelas definitivas, são
provisórias, porém, quando comparadas com as tutelas
satisfativas, as cautelares são temporárias.
o Com isso, conclui-se que, sempre que se tiver uma tutela
antecipada é necessário ter uma sentença e toda vez que se tem
uma tutela cautelar não necessariamente precisará ter uma
sentença.
 Autonomia/acessoriedade/instrumentalidade
o Essas características são afetas apenas às tutelas cautelares
o Quando se falava de autonomia dentro do regime jurídico das
tutelas provisórias, se vinculava essa fala à ideia de que para se
conseguir uma tutela provisória era possível se valer de uma
relação jurídica própria, existindo um processo só para a
postulação de tutelas. Antigamente existia isso, com esse
processo cautelar sendo autônomo ao processo principal.
o Atualmente, existe uma tutela obtida sem ter processo próprio,
que na realidade é uma fase anterior que se transforma na fase
definitiva, não existindo mais a ideia de autonomia.
o Pode ocorrer de se ter um processo em que se pede uma tutela
provisória, não estando vinculado e nem transformado em
nenhum outro processo, sendo esse exemplo considerado como
um processo autônomo por alguns autores.
o As tutelas cautelares tem como característica a acessoriedade e
a instrumentalidade, vez que possuem a referibilidade, ou seja,
não são o principal, mas sim um acessório dele, e instrumental,
não tendo um fim em si mesmo, mas servindo para buscar
proteção para um direito, não existindo por si só, mas para
proteger o principal.
 Obs: Essa característica também existe quando o se tem
um processo que consiste apenas em tutela cautelar, pois
ele tinha um proposito acessório para salvaguardar, por
exemplo, um possível inadimplemento.
 Inércia x “Poder geral de tutela de urgência”
o Não é possível que o juiz neste conteúdo decisório pratique atos
de ofício, precisando ser provocado para isso. O pedido é o
pressuposto básico para toda e qualquer análise ou deferimento
de tutelas provisórias.
o A ideia de impulso oficial não se confunde com a ideia de agir de
ofício, seja para a instauração de processos, seja para a tomada
de decisões que não foram postuladas.
o Existe exceção para essa regra? Ela está dentro do poder geral
de tutela/cautela?
 No CPC/73 existia a ideia de que dentro de uma certa
margem, o juiz pode atuar de ofício.
 Os art. 797 e 798 do CPC/73 permitiu extrair a ideia do
poder geral de cautela, que permitia que o juiz, depois de
alguém pedir e ele decidir, ele poderia ajustar tal decisão
de ofício. Na visão antiga, essa atuação era do juiz não era
em prol de ninguém, mas sim em defesa da proteção do
processo e da tutela jurisdicional daquele direito.
 Esses dispositivos também já foram utilizados para
sustentar que o juiz poderia deferir de ofício medidas
cautelares de ofício, mesmo que não tenham sido
postuladas.
 Eram situações que o juiz percebia que se não
protegesse o processo não se teria jurisdição, ou
seja, era o uso do poder geral de cautela para
defesa da jurisdição.
 Existia uma corrente que expandiu para todas as
tutelas, de modo que passou a existir o pode geral
de antecipação para a defesa do direito (e
jurisdição)
 Ex: Professor Cassio Scarpinela defendia que não
podia para toda e qualquer hipótese as tutelas
satisfativas, porém, quando se estivesse diante da
postulação de direitos fundamentais e a pessoa não
postulasse o pedido de tutela provisória, o juiz
poderia realizar de ofício para não frustrar a tutela
definitiva.
 No CPC/15 atual, o art. 297 e 301 trazem a ideia de
execução de liminares e deferir tutelas provisórias de ofício
em casos excepcionais tutelas protetivas e satisfativas.
 Na visão dos deputados que estudaram esse
assunto para aprovação do CPC não previam a
tutela de ofício, mas tinham apenas a ideia de não
precisa ouvir a parte e se tivesse pedido de
deferimento de tutela poderia o juiz executar
segundo uma justa medida.
 Com a análise por parte doutrina a esses
dispositivos, chegou-se à conclusão que o art. 301
equivale ao poder geral de cautela, porem, dentro
do sistema do CPC/15 não se poderia ampliar isso
para incluir a ideia de deferimento de cautelares de
ofício.
 FPPC – Enunciado 31 (art. 301) O poder geral de
cautela está mantido no CPC
 Existe uma corrente onde se encontra Casio
Scarpinela entendeu que o art. 297 do CPC prevê
um poder geral em relação a qualquer espécie de
tutela, inclusive a antecipada; um poder geral de
efetivar e conceder de ofício tutelas de natureza,
inclusive, satisfativa.
o Argumenta-se que, observando a
organização do código, o art. 297 está nas
disposições gerais de qualquer hipótese de
tutela provisória, de modo que ele se aplica a
qualquer tutela provisória.
o Dessa forma, se tem que o art. 297, CPC
permitiu que o juiz efetive e até mesmo defira
de ofício tutelas provisórias.
o Resumo: Existe a inêrcia e ela deve lidar com o poder geral; O
poder geral ainda existe, mas ele respeita a inercia no que diz
respeito ao pedido de tutelas; Existe uma corrente que acha que
pode existir, excepcionalmente, dentro do poder geral de cautela,
o deferimento de cautelares de ofício; Existe quem diga que o art.
297, CPC ampara um pode geral não só de cautela, mas também
de antecipação, para autoriza a efetivação dessa tutela, além de,
excepcionalmente, o deferimento de ofício de tutelas provisórias.
 Precariedade/revogabilidade/modificabilidade
o Já foi mencionado quando foi tratado de cognição. Como se está
tratando de tutelas conseguidas por meio de cognição sumária, é
comum que elas não são imutáveis, podendo essas tutelas
serem, a qualquer momento, revistas/revogadas.
o É em razão dessa possibilidade de alteração superveniente que
se classifica essas tutelas como sendo precárias.
o O fato delas serem precárias não quer dizer que a modificação
pode ser discricionária, sem que o juiz motive ou seja provocado
a fazer.
 Excepcionalmente existe um juízo de livre de retratação ou
revisão, porém, são hipóteses restritas, como quando se
interpõe um agravo contra a decisão e o juiz pode realizar
a retratação.
o Diante da constatação de erro claro, poderá o juiz rever a decisão
ou terá que ficar preso à uma manifestação que ele mesmo fez
anteriormente?
 Alguns autores dizem que sim, mesmo sem que seja
provocado (de ofício).
o A revogação ou modificação depende de condições como: i)
alteração do quadro fático apresentado; ii) quando o juiz
aprofundar a cognição sobre o quadro fático por meio de uma
instrução, mesmo que os fatos permaneçam; iii) postulação da
revogação ou modificação (essa é obrigatória, somada com um
dos itens anteriores)
 Ex do II): juiz nega liminar pois aparentemente os fatos não
ocorreram, porém, após a instrução se tem maiores
indícios que mostra que os fatos realmente aconteceram.
 Obs: Existe corrente que diz que o item III não é
necessário para a revisão, basta que ocorra o item I ou II.
 Obs: Revisar sem a presença de nenhuma das condições
acima só é possível quando a lei autorizar (Ex anterior do
agravo de instrumento)
o No que diz respeito à modificabilidade, impera uma análise de
proporcionalidade entre a menor onerosidade e o objetivo da
tutela provisória.
 É preciso ponderar se a medida concedida continua
necessária em sua dimensão ou se ela precisa ser
alterada.
 Quando a modificabilidade, não existe discordância na
doutrina quanto a possibilidade do juiz realizar isso de
ofício, uma vez que é um poder dever do juiz ao tutelar,
conceder a mesma em sua exata dimensão/necessidade.
 Reversibilidade e perigo inverso
o Tutela antecipada
 Em relação à tutela antecipada a lei exige que para sua
concessão seja necessário que ela seja reversível, ou seja,
se o juiz vai alterar o mundo fático, ele precisa verificar se
é possível restituir o status quo anterior.
 Existem tutelas antecipatórias que são impossíveis de ser
revertidas, devendo ser garantido o resultado prático
equivalente (equiparado) a título de restituição..
 Existem condições especiais que, quando a tutela
antecipatória não for possível de ser revertida, pode-se
mitigar a lei, principalmente em casos de hipossuficiência,
vez que a concessão de tutela precisa ser imediata, não
sendo útil futuramente.
o Obs: A tutela antecipada e a de evidência são espécies de tutela
satisfativa. É possível pegar um pressuposto da tutela antecipada
e aplicar na tutela de evidência, sob o fundamento de que as
duas são iguais quanto ao resultado/aptidão e diferente apenas
quanto ao fundamento para sua concessão?
 Seguindo um entendimento do CPC/73, não existe
necessidade de garantir a reversibilidade às tutelas de
evidência, em razão de um raciocínio de que a importação
desse pressuposto de reversibilidade se estaria negando o
acesso à justiça, no sentido de obtenção de tutelas que
garantem esse direito. Logo, se não está explícito o
pressuposto dentro da tutela de evidências, não se pode
criar um obstáculo aonde não existe.
 Em termos práticos, nas tutelas satisfativas, ou a
reversibilidade é mitigada para todas ou exigida para
todas, sem realizar essa distinção.
o Tutelas cautelares
 Nas tutelas cautelares não é necessário a reversibilidade,
uma vez que, enquanto a tutela antecipada esgota o direito
final (antecipa o recebido no final) e por isso precisa
reverter, nas cautelares se está apenas protegendo e
basta a liberação da proteção para o quadro fático ser
restabelecido.
 Não é necessária a reversibilidade, porém, já que se está
deferindo uma tutela cautelar com base no perigo, é
preciso dimensionar se o perigo do autor não é menor que
o perigo do réu no caso da concessão da tutela cautelar,
ou seja, se o estrago não vai ser desproporcional
 Ex: Paralisar uma empresa, sob o fundamento de
que a empresa está descumprindo uma regra
ambiental e trabalhista. Deve-se verificar se o dano
provocado por desemprego, suspensão de
contratos, perda de receitas, etc. não é maior do
que o dano alegado pelo autor.
 É possível para vedar o perigo inverso, exigir uma caução
do autor, no valor equivalente à esse perigo, para segurar
o perigo do réu. (art. 300, § 1º, CPC)
 O pressuposto o do periculum in mora inverso está dentro
dos pressupostos previstos nas cautelares, em especial
dentro do pressuposto do periculum in mora, que se
entende como perigo na ótica direta e indireta, na ótica do
autor e do réu.
o Tanto a reversibilidade quanto o periculum in mora inverso pode
gerar uma responsabilização objetiva para aquele que pediu uma
tutela provisória e ela foi revertida (deferida de início e revogada
posteriormente), pagando pelos prejuízos causados pela tutela.
 Fungibilidade entre si
o Existem casos em que se acredita que o pedido é de tutela
antecipada, porém, o juiz acredita que é de tutela cautelar. Se
fosse aplicar a regra geral, como se pediu uma coisa, o juiz não
poderia dar outra tutela, vez que estaria fazendo um julgamento
extrapetita. Ocorre que na tutela provisória, é possível o juiz
aplicar a fungibilidade, de modo que se narra o fato e a
providência que se quer, pedindo a qualquer titulo de tutela, com
o juiz realizando a tipificação, decidindo por outra tutela que não a
pedida, bastando observar a medida pedida.
o Existe uma zona cinzenta que a doutrina não consegue chegar ao
consenso sobre o tipo de tutela que deve ser realizada
 Ex: Afastamento do cônjuge do lar, sustação de protesto,
retirar nome do SPC, produção de prova, exibição, etc.
o É desnecessária a demonstração de dúvida objetiva e que não é
erro grosseiro.
o A fungibilidade em questão é entre tutela cautelar e antecipada,
estando prevista no CPC dentro das tutelas de urgência
 Obs: Surge o questionamento se cabe a incluir as tutelas
de evidência à regra da fungibilidade
 É possível, uma vez que não se está restringindo o
acesso à justiça, pelo contrário, se está
concretizando o acesso à justiça.
 Responsabilidade civil
o Toda a tutela provisória se submete ao regime da
responsabilidade civil objetiva, de forma que quem postula uma
tutela provisória se responsabiliza pelos prejuízos que advenham
dela e ela for futuramente revogada ou o pedido julgado
improcedente (e consequentemente revogar a tutela).
o A responsabilidade civil também trás a restrição à ideia do juiz
deferir tutelas de ofício, uma vez que quem acabar arcando
posteriormente, mesmo sem ter pedido, é a parte.
 Obs: Caso o juiz dê a tutela provisória de ofício, é
necessário rever a ideia de responsabilização objetiva.
o Não se aplica a responsabilidade objetiva para o caso de pedir a
tutela provisória e o juiz aceitar, vez que aquilo é juridicamente
correto, porém, na hora de julgar, o juiz muda e opinião ou a
jurisprudência muda, julgando improcedente e revogando a
liminar, inclusive realizando a apuração do dano ocorrido.
 Obs: Esse é o entendimento de uma doutrina que
interpreta o art. 302 do CPC de maneira mais flexível,
dizendo que, apesar desse art. prever a responsabilidade
objetiva, existem dois casos que deve-se mitigar a
responsabilidade objetiva e aplicar a subjetiva (inciso I e
IV)
 Autor: Daniel Mitidiero
 No entendimento dessa doutrina, no caso do inciso I, o juiz
defere a tutela com base em fundamentos que estão em
vigor, mas depois profere sentença desfavorável à parte
que pediu a tutela, podendo a parte provar que não deu
causa a esses danos, assim como não induziu ninguém a
erro, não tendo culpa pelas mudanças.
 No inciso IV, deve-se verificar se o autor sabia e induziu o
juiz a erro, pois já tinha ocorrido a prescrição ou
decadência, tendo, por exemplo, mentido as datas, ou se o
autor não sabia, existindo divergência quanto ao prazo que
deveria ser aplicado.
 O CPC positiva as ideias das tutelas provisórias começando por normas
gerais aplicáveis todas as tutelas provisórias, exceto no que estiver
explícito a não aplicação, após, o CPC regulamenta disposições gerais,
mas apenas com relação às tutelas de urgência, ou seja, exclui as
tutelas de evidência. Depois dessas partes gerais, o CPC disciplina dois
rituais procedimentais, aplicáveis aos pedidos de tutelas antecipadas e
cautelares de forma antecedente. Por fim, o CPC trata da tutela de
evidência.
 Disposições gerais para tutelas provisórias (art. 294 a 299, CPC)
o O art. 294 indica a classificação das tutelas provisórias, pois nele
consegue-se extrair que as tutelas provisórias podem ser
classificadas quanto aos fundamentos, a aptidão para produzir
efeitos e o momento em que ela é requerida.
 Ex: Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em
urgência ou evidência (fundamentação). Parágrafo único. A
tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada
(aptidão), pode ser concedida em caráter antecedente ou
incidental (momento em que são requeridas).
o O art. 295 trata de custas processuais, sendo possível extrair uma
regra para todo o sistema judicial. Esse artigo diz que, se quiser
apenas pedir uma tutela provisória, não se pode ser taxado por
esse pedido, porém, pode ser taxado e pagar custas para fazer o
ajuizamento da ação.
 Obs: O que está previsto nesse artigo diz respeito ao
sistema de justiça federal, uma vez que o CPC é norma
federal e disciplina toda a justiça sobre essa ótica, porém,
no tocante a essa questão, existe competência concorrente
dos estados.
 No ES, em 2012 existiu uma reforma da lei de
custas que estabeleceu que quando se fizesse
pedidos no judiciário, de forma incidental, deveria
pagar custas (inclusive as tutelas provisórias). Essa
legislação foi alterada em 2014, prevendo um
modelo equivalente ao previsto no CPC.
o O art. 296 fala sobre as características da provisoriedade,
temporariedade, precariecade, modificabilidade, acessoriedade.
 Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na
pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser
revogada ou modificada. Parágrafo único. Salvo decisão
judicial em contrário, a tutela provisória conservará a
eficácia durante o período de suspensão do processo.
 A partir desse art. é possível indetificar que existe tutela
provisória, não definitiva, inclusive aquelas consideradas
temporárias, além de que as tutelas provisórias são
precárias, pois podem ser revogadas ou modificadas a
qualquer tempo, devendo existir as condições já
mencionadas.
 É possível identificar também a referibilidade, já que se
consegue destacar o que é provisório do que é temporário,
pois a referibilidade que sustenta a referibilidade.
o O art. 297 trata do poder geral de tutela (ou poder geral de
efetivação). Relembrando, trata-se de que se alguém pedir tutela
provisória, com base no art. 297 ele poderá implementar regras
de ofício para disciplinar como deve ser o cumprimento da tutela,
sem precisar ser provocado, vez que ele está agindo em prol da
efetivação da tutela. É com base nesse art. que também se
defende a possibilidade de modificação das tutelas para a justa
adequação do caso concreto.
 A efetivação da tutela provisória irá observar as normas
relativas ao cumprimento provisório de sentença.
 Obs: Existe também a corrente minoritária que enxerga o
poder dever do juiz de deferir tutelas mesmo sem ser
deferidas. Como se está na parte geral de tutelas
provisórias, isso poderia se aplicar à qualquer tutela.
 Esse dispositivo se diferencia de outro que está na parte
geral das tutelas de urgência, que regulamenta a tutela
cautelar e se extrai o poder geral de cautela (art. 301).
o O art. 298 não é necessário, porém, ele fala da motivação
obrigatória das tutelas provisórias, que é um requisito de
existência (para alguns) ou validade (para outros) da decisão.
 Obs: Na prática a fundamentação é concisa, mas ela
precisa existir.
 Obs: Quando o art. trata da clareza e precisão ele está
tratando dos requisitos de inteligência/compreensão, vez
que as decisões devem ser claras e objetivas, para que
todos possam compreender e controlar a legitimidade,
validade, efetividade, eficiência, etc.
 Obs: Se faltar clareza ou precisão, isso pode ser
complementado por embargo de declaração, mas
não afeta a existência ou validade da norma, por
isso se fala que é um requisito de inteligência.
o O art. 299 trata de regra de competência, que será tratado
quando falar dos procedimentos para obtenção de tutela.
 Se a ação já está tramitando, postula-se a tutela perante o
juízo que está presidindo aquele processo.
 Nas tutelas antecedentes, o art. 299 cria um link entre as
tutelas antecedentes com os pedidos definitivos, devendo
se observar para o pedido antecedente o que se
observaria em relação ao pedido definitivo.
 Disposições gerais para tutelas de urgência (art. 300 a 302, CPC)
o O art. 300 trás os pressupostos para o deferimento das tutelas de
urgência, sendo os pressupostos a probabilidade de direito e
perigo de dano ou inutilidade do processo.
 O § 1º diz que em relação à tutelas de urgência, o
deferimento ou postulação pode ser mediante exigência ou
oferta de caução, real ou fidejussória, podendo ser
dispensado se a parte for hipossuficiente.
 O § 2º diz que as tutelas provisórias são obtidas logo no
início do processo (liminarmente) ou após a audiência de
justificação.
 A definição clássica de liminar é a providência
jurisdicional postulada e deferida no início do
processo, assim entendido até a justificação. Após a
justificação, deixa-se de dar o nome de liminar e se
dá o nome apenas de provisórias.
 A audiência de justificação ocorre quando se ajuíza
uma ação e o juiz pede que justifique o pedido de
liminar formulado em audiência, ou seja, a pessoa
deve comparecer a uma audi6encia para
fundamentar, explicar, provar o que se alega ter
como direito/pressuposto para o deferimento de
uma tutela, inclusive citando a parte contrária
quando possível, para extrair elementos para se
formar uma convicção sobre a liminar.
 Se existir dificuldade trazer provas, a propria parte
também pode postular requerendo o pedido de
tutela com a designação de audiência de justificação
para ele completar as provas e convencer o juiz na
audiência do que ele está dizendo, de suas razões,
fundamentos e requisitos suscitados.
o Obs: É possível que ela formule um pedido
de produção antecipada de provas.
o Obs: Normalmente a parte pede a audiência
de justificação quando vê que a
demonstração é mais simples, vez que
quando é complexa enseja um procedimento
de produção antecipada de provas.
 O § 3º fala que a tutela de urgência de natureza
antecipada (e apenas ela) precisa ter reversibilidade para
ser deferida.
 O art. 301 trata do poder geral de cautela, dizendo que a
tutela cautelar pode ser efetivada mediante diversas
formas para assegurar o direito.
 O art. 302 fala da responsabilidade civil objetiva, de que as
tutelas provisórias correm por conta e risco de quem pede
e essa pessoa responde de forma objetiva pelos danos
que essa tutela causar.
 Obs: É importa lembrar que existe doutrina que
interpreta alguns dos incisos (I e IV) como sendo de
responsabilidade subjetiva.
 O parágrafo único fala que é possível apurar os
danos nos próprios autos, executando ali mesmo.
 A tutela de evidência se submete a essa regra de
responsabilidade objetiva?
o A responsabilidade subjetiva é a regra, a
exceção é a objetiva.
o Dessa forma, se tem regra explicita aplicada
pra tutela de urgência, mas que não existe
nas tutelas de evidência, podendo-se
interpretar de que a responsabilidade civil
para essa ultima seria subjetiva.
 Fundamento da tutela de urgência
o Tem como fundamento o direito para sustentar o pedido (fumus
boni iuris) e o perigo da demora (periculum in mora) de dano ou
utilidade.
o Um pilar faz com que se tenha direito e o outro que se tenha a
necessidade de urgentemente ser tutelado.
 Fundamento da tutela de evidência
o Tem como base o fundamento do direito, sendo afastado o
requisito do perigo.
 Foi adotada uma premissa no projeto do CPC que com relação às
tutelas, existiria uma facilitação para o operador, vez que existia uma
roupagem para ajudar quem precisasse das tutelas, em termo de regime
e disciplina, com uma disciplina única para todas as espécies, ou seja,
regime jurídico único para todas as tutelas.
o Como se viu, dentro do regime jurídico existem características
que se aplicam só a um tipo de tutela, mas existe ali uma
disciplina única, mesmo que no regime existam características
para ou para outra.
o A uniformização desse regime jurídico não foi completa, vez que
principalmente na questão relaciona aos pressupostos existe uma
polêmica, com diversas pessoas dizendo que existe
uniformização e outras dizendo que não há.
o Quanto aos rituais procedimentais (quais são as formalidades que
se tem que cumprir em termos de processo e procedimento para
obter a tutela) não existiu a uniformização. Existem dois rituais,
um para as cautelares e outro para as tutelas antecipadas e não
um procedimento padrão para todos.
 Pressupostos – Tutela antecipada e cautelar
o O art. 300 diz que a tutela de urgência (todas) serão concedidas
quando existir elementos que evidencie a probabilidade do direito
e perigo de dano ou risco à utilidade do processo.
o Segundo esse art. as tutelas de urgência não possuem diferenças
quanto aos seus pressupostos, porém, não é o mesmo, uma vez
que existem 3 pressupostos dentro desse artigo, sendo aplicado o
direito e o dano para um tipo (antecipada) e o direito e risco de
utilidade para outro tipo (cautelar).
o Existe uma separação também quanto ao direito, não dos tipos de
direitos, mas sim o peso do direito, uma vez que para antecipar
algo deve existir um direito mais “forte”, que se tem um direito e
ele está provado, devendo existir uma carga argumentativa e
probatória maior, é por isso que o artigo trata de probabilidade,
não bastando a possibilidade, mas sim que seja provável que
tenha o direito. Para as tutelas cautelares não é necessário toda
essa força, vez que se está apenas protegendo, tendo um peso
menor, de forma que para as cautelares não precisa da
probabilidade, bastando um juízo de possibilidade.
 Obs: Nas cautelares, o pressuposto do perigo é visto em
uma ótica do autor e do réu, existindo o periculum in mora
e o periculum in mora inverso.
o No § 3º existe um pressuposto aplicável apenas à tutela
antecipatória, que é o pressuposto da reversibilidade.
o Antecipada
 Probabilidade
 Juízo de relevância do direito, quanto a
probabilidade da existência do direito
 Ex: Existência de um direito a crédito, com lastro
documental
 Perigo
 De lesão
 “...perigo de dano...”
 Ex: O credor precisa dos recursos para se alimentar,
para reparar seu veículo, para pagar um empréstimo
provocado pelo inadimplemento do requerido, etc.
o Cautelar
 Probabilidade
 Juízo de relevância do direito, quanto a
possibilidade de existência do direito
 Ex: Existência de um direito a crédito, sem lastro
documental
 Perigo
 Ineficácia/inutilidade do processo
 Proteção do direito, para não perecer.
 “...risco ao resultado útil do processo”
 Ex: O devedor está vendendo seus bens ou
transferindo-os para terceiros, etc.
o Diferenças
 Probabilidade
 A distinção está no peso ou grau de convencimento,
enquanto o direito é o mesmo.
 Perigo
 A distinção é em relação à espécie de perigo
(processo/direito x lesão)
o Tutela inibitória
 Existe uma hipótese de tutela antecipada que não se
submete a todos os pressupostos da tutela antecipada
genérica. Essa hipótese dispensa a reversibilidade e a
prova do dano, bastando portando que exista pedido e
probabilidade do direito, sendo ela chamada de tutela
inibitória, prevista no art. 497, p.u., CPC
 No art. 497, existe uma regra específica para essa espécie
de tutela chamada de diferenciada (tutela especial) que
prevê para a concessão da tutela apenas a demonstração
de um ilícito, considerado como um ato ou fato que gera
ofensa ao ordenamento.
 Quando se fala em probabilidade do art. 300 e a
demonstração do ilícito no art. 497, se está falando do
mesmos pressupostos, vez que a probabilidade do direito
está na demonstração do ilícito e está é a comprovação
que há um direito de proteção.
 No art. 497 existem 3 formas de atuação da tutela
antecipada: uma para evitar que o ilícito ocorra (proteção),
outra para remover o ilícito que está ocorrendo
(contenção/reparação) e por fim, uma que impede que o
ilícito seja renovado. Para todas basta a demonstração do
direito, sendo a probabilidade do direito a comprovação de
um ilícito, que é uma ofensa ao ordenamento.
 Quando se está falando de tutelas inibitórias, se está
falando de direito obrigacional, com as obrigações
podendo ser de pagar, dar ou fazer. No contexto
obrigacional, se está referindo às tutelas condenatórias
(condenar a pagar, dar ou fazer), mais especificamente à
tutela inibitória, se tem uma condenação de não fazer.
 Obs: No caso do art. 300, se tem uma amplitude
maior, envolvendo qualquer tipo de direito de outras
naturezas, que não só o direito obrigacional.
o Teoria da gangorra
 Para alguns doutrinadores, é possível justificar a
concessão da tutela antecipada a partir do peso mais forte
de um só de seus pressupostos.
 Os dois pressupostos da tutela antecipada são direito e
perigo. Pela teoria da gangorra, se o direito for muito forte,
o perigo pode ser mais sutil em termos de comprovação,
por outro lado, se um perigo for muito forte, o direito pode
não ser muito bem demonstrado e o exame do direito ser
postergado, para primeiro salvaguardar o direito que está
sendo lesado ou na iminência de ser lesado de forma
muito grave.
o O art. 300 tem uma aplicação para qualquer tipo de direito
(hipótese genérica), enquanto o art. 497 se tem uma tutela
diferenciada. Como é uma hipótese genérica a do art. 300,
também se tem qualquer espécie de prestação de tutela
jurisdicional, ou seja, condenatórias, declaratórias, constitutivas,
mandamentais e executivas lato sensu.
 Obs: Existe certa restrição à concessão da tutela
antecipada em relação a alguns efeitos dessas espécies
de tutelas jurisdicionais.
 Essa restrição se aplica às tutelas constitutivas e
declaratórias
 Imagine uma hipótese de tutela declaratória de
usucapião, é possível pedir uma tutela antecipada,
porém, surge a dúvida de quais efeitos pode-se
antecipar, já que o principal efeito não pode ser
antecipado, que seria a declaração da propriedade
para fins de alteração de registro imobiliário, uma
vez que quando se declara provisoriamente que há
a aquisição da propriedade para fins de alteração no
RGI, não se está atingindo apenas as partes, mas
ampliando a abrangência de aplicação da tutela
para atingir terceiros de boa-fé e, além disso, causa
uma insegurança jurídica dentro de um sistema
(RGI) que é concebido para dar a segurança. Por
isso, as tutelas que interfiram no registro público são
bem restritas. Os pedidos secundários ou conexos
não apresentam problema quanto a concessão de
tutela antecipada, sendo possível em uma ação de
usucapião o pedido de voltar à posse, permitindo a
venda de bens provenientes da propriedade; em
uma ação de paternidade deferir pedido de pagar
alimentos.
o Outros exemplos de impossibilidade de
concessão do pedido principal em
antecipado: Declaração de paternidade;
declaração de inexistência de paternidade.
 Essas restrições também se aplicam à tutelas
jurisdicionais constitutivas, tendo como exemplo o
divórcio litigioso, vez que isso altera os registro
públicos na parte de registro civil.
o Para a concessão da tutela cautelar é preciso ter probabilidade,
em um peso menor, junto com o perigo de inutilidade e exista
quebra de efetividade da tutela jurisdicional.
 Dentro do periculum in mora, se tem o periculum in mora
inverso, que também deve ser pesado no momento da
concessão da medida. Se for pedida a medida com base
em um risco de inutilidade do processo, é preciso verificar
se caso concedida a medida também ocorra o mesmo
risco com relação ao réu, como por exemplo, ele ter que se
submeter à um tipo de constrangimento, gasto ou dano
que, caso depois de desfeita a tutela, não será possível ser
compensado pelo autor, justamente pela falta de garantias.
É por isso que o perigo inverso deve ser considerado, seja
para anular, mitigar ou confirmar o perigo do autor
 Quando existe uma paridade de perigos, é natural que a
tutela seja concedida mediante caução, que também é
uma espécie de tutela cautelar, que serve de proteção para
o cumprimento de outras tutelas cautelares. A caução
funciona como uma contra cautela, uma garantia para o
réu no caso de ser desfeita a tutela e ele poder se
compensar com a caução e usar para reparar o dano.
 Obs: Tudo isso será apurado nos mesmo autos.
 A caução pode ser imposta para qualquer espécie de tutela
de urgência, vez que pode-se perceber que o deferimento
da tutela pode causar danos, com o dimensionamento
desse dano e colocando a caução como sendo uma
condição para a concessão da tutela, para remediar esse
dano.
 A caução pode ser real ou fidejussória, ou seja, fiança,
imóveis, bens e geral.
 Se o juiz tiver dificuldades de fazer esse exame de
dimensionamento, pode-se ter uma audiência de
justificação, que serve para que, quando o juiz
receber os pedidos ele ficar em dúvida quanto a
prova, fatos ou dimensão do que pode ocorrer com
o réu. Devendo o juiz marcar, antes de deferir a
liminar marcar a audiência para ouvir o autor para
completar a prova, esclarecer o fato ou dimensionar
o que pode acontecer com o réu, para deliberar
sobre a liminar até nessa audiência.
 Para a audiência de justificação, em regra, o réu
será chamado para participar. Se o juiz perceber
que se o réu for intimado para participar da
audiência, ele irá frustrar o efeito da liminar que se
pretende, pode não chamar o réu. Essa audiência
pode ser secreta/sigilosa sem a oitiva da parte
contrária.
o Existe uma polêmica sobre o que pode
acontecer nessa audiência. Historicamente
essa audiência foi concebida em favor do
autor, para ele apresentar os fundamentos do
seu pedido. Tradicionalmente, se
compreendida que só o autor poderia falar na
audi6encia em termos de trazer provas para
convencimento do juiz sobre sua liminar.
Existe uma evolução da compreensão dessa
audiência em prol do contraditório, vez que
se não existe risco do réu participar, ele
também poderia na audi6encia convencer o
juiz do não deferimento da tutela, por meio de
argumentos e interagindo com as provas que
o autor está apresentando (Ex: Réu indagar
testemunha).
o Existe uma corrente doutrinária que o réu
também pode trazer provas e provar o contra
fato ou o erro do pedido que está sendo feito,
adiantando o que ele faria na contestação.
 Obs: Existe uma corrente mais aceita
que o réu pode provar que a prova do
autor e viciada e pode juntar
documentos, enquanto essa visão
moderna acima, o réu pode fazer tudo.
o Historicamente se permite que, se o autor
trouxer provas viciadas/contaminadas, em
relação à esse tópico (licitude da prova) e
não ao mérito, pode o réu apresentar uma
contra prova
 Ex: Trouxe testemunha que é suspeita
ou impedida, o réu pode trazer uma
testemunha para provas a suspeição e
o impedimento.
o Obs: O art. 7º do CPC diz que o juiz pode
sempre flexibilizar as regras procedimentais
em prol do contraditório.
o Obs: O juiz pode advertir o réu sobre a
possibilidade de apresentação de provas
nessa audiência, caso siga essa corrente.
 Pressupostos – Tutela de evidência
o Como a tutela de evidência é satisfativa, tem que existir
probabilidade de direito, vez que a tutela esgota total ou
parcialmente o que se quer obter no processo, pela precipitação
do direito. Essa probabilidade é idêntica à da tutela antecipada.
o Além da probabilidade, é preciso verificar se a lei autoriza pedir
essas tutelas, estando as hipóteses previstas no art. 311, CPC.
o Para o deferimento de tutelas provisórias, deve sem analisar a
proporcionalidade, vez que se está abrindo mão de garantias
processuais que preservam a tutela definitiva para a concessão
de tutelas provisórias que mitigam essas garantias. A justificativa
para essa mitigação nas outras tutelas é o perigo, porém, na
tutela de evidência não existe esse requisito.
o O dimensionamento da proporcionalidade da tutela de evidência
fica mitigado pois essas tutelas, na maioria dos casos, são
concedidas no curso do processo, quando já ocorreu o
contraditório (devido processo e ampla defesa), não existindo
tanto o problema da quebra de garantias para esses casos.
Porém, nas hipóteses que se tem a tutela de evidência no início
do processo, não existe o perigo para justificar a mitigação das
garantias, existindo até alegações de inconstitucionalidade desse
tipo de tutela por alguns doutrinadores em razão disso.
 O professor acredita que é possível colocar um peso que
justifique a concessão dessa medida ligado no acesso à
justiça.
o As tutelas de evidência já existem há muitos anos nos
procedimentos especiais, porém, nunca se levantou
inconstitucionalidade nesses casos em caso de concessão de
liminares. As diferenças desses casos para a hipótese genérica
prevista no art. 311, CPC, segundo a doutrina, é que se tem o
trato de situações especiais que normalmente veiculam cargas
ideológicas e diferenciadas que justificaram, por política
legislativa, o tratamento desigual, coisa que não está na previsão
genérica.
o A doutrina entende que em situações especiais já existe um peso
implícito, a demonstração do direito já tem o peso da carga
ideológica, inerente à política legislativa em prol daquele tipo de
direito.
 Ex Tutela de evidência liminar em prol de criança, idoso,
Lei Maria da Penha, Erário Público: O peso está implícito,
pois existe um grupo diferente dos demais com direitos.
 Ex Possessória (art. 562, CPC): É possível tutela
possessória liminar de reintegração ou manutenção de
posse sem demonstração de perigo, bastando o
ajuizamento da ação dentro de 1 ano e 1 dia da data da
lesão/ilícito/ameaça do ilícito. Isso não é inconstitucional,
pois a posse prestigiar a propriedade, a função social, a
moradia, o trabalho, etc. e tudo isso pesa no momento da
concessão legal.
 Outros ex: alimentos, despejo (art. 59, § 1º, L. 8.245/91),
monitória (é uma exceção ao trabalhado, pois está prevista
nessa ação que se o juiz ao receber a ação se
convencendo dos mesmos pressupostos da tutela de
evidência, autorizar uma ordem judicial contra o autor para
o cumprimento de uma obrigação, porém, existe a
particularidade de que o réu pode se defender paralisando
imediatamente a ordem judicial, sendo uma tutela de
evidência que não causa mal a ninguém se o réu quiser se
defender, é quase uma tutela de evidência intermediaria,
que não é aquela que tutela direito especial, mas também
não é a que mitiga garantias), embargos de terceiro (é uma
válvula de escape por meio de tutela de evidência, para
conter um ato judicial que está causando lesão a terceiros
ou suspender um ato judicial que já atingiu terceiro)
o Hipóteses de cabimento da tutela de evidência (art. 311, CPC)
 I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o
manifesto propósito protelatório da parte;
 É relacionada à conduta do réu
 É possível o deferimento de tutela de evidência
quando se tem direito e o réu de comportar
indevidamente, abusando ou entrando no sistema
de protelação.
 Esse comportamento do réu atrapalha o andamento
do processo e poderá ser punido, uma vez que se a
pessoa abusa do direito ele está descontrolando o
desgaste do tempo no processo, logo, se concede a
tutela para equiparar o desgaste do tempo.
 Existe quem diferente o abuso de defesa da
protelação, colocando o primeiro como algo que
ocorre dentro do processo e o segundo como algo
que ocorre fora do processo.
 ---Slide---
 Hipótese punitiva – quem pratica tais condutas não
possui direito- garante igualdade – ônus - conceitos
indeterminados – casos concretos
 Abuso de defesa: Dentro do processo – incidentes
ou recursos infundados – defesa sem conexão
 Protelação: Fora do processo – retenção do
processo – endereço incompleto – repetir
requerimentos – simulação de doença – ocultação
de testemunha – atrapalhar perícia.
 Ex: Audiência em que se tem rito sumário e tem que
apresentar defesa na audiência, porém, o réu chega
com uma defesa excessivamente grande. O autor
pode requerer que, com o réu abusando da defesa,
ele tem direito à tutela de evidência.
 ---Slide---
 II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas
documentalmente e houver tese firmada em julgamento de
casos repetitivos ou em súmula vinculante;
 É situação especial que não dependem da conduta
do réu
 É uma hipótese de prova documental pré-
constituída, mas que a tese está amparada em
súmula e precedente vinculante.
 Não é necessária apenas a prova robusta pré-
constituída, é preciso ter uma tese firma em súmula
e precedente vinculante.
 A ideia geral é que se já existe um direito sumulado,
deve fornecer logo a liminar sem o perigo, vez que
se não deferir liminar, o réu se favorece de uma
defesa manifestamente infundada, impedindo que
outros acessem a justiça.
 ---Slide---
 Hipótese documentada
 Prova documental – documentada
 Precedente obrigatório – enunciados e súmulas.
 III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova
documental adequada do contrato de depósito, caso em
que será decretada a ordem de entrega do objeto
custodiado, sob cominação de multa;
 É situação especial que não dependem da conduta
do réu
 É fruto de um lobby das instituições que usam essa
hipótese no dia a dia
 A antiga ação de depósito tinha procedimento
especial prevendo a hipótese de concessão de
tutela de evidência, para pegar um bem que tinha
sido depositado, liminarmente e sem a
demonstração de perigo. Se não fosse entregue era
possível decretar prisão civil para o contrato de
deposito. Como isso foi extinto, foi substituída pela
tutela de evidência atual.
 São as chamadas ações reipercussórias fundadas
em contratos de depósito, que se busca pegar
alguma coisa que foi dada em garantia, mas que
não foi paga a prestação garantida, pegando essa
garantia sem a demonstração de perigo.
 É uma hipótese que basta prova o direito alegado,
sem o perigo.
 ---Slide---
 Hipótese documentada (extinção do procedimento
especial, para o comum no CPC)
 Contrato de depósito
 ---Slide---
 IV - a petição inicial for instruída com prova documental
suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que
o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
 É relacionada à conduta do réu
 O autor apresenta a demanda e o réu a
contestação, porém, na contestação não existe
nada em termos de argumentos ou provas capaz de
trazer dúvida razoável, logo, pode-se aplica esse
inciso.
 Tem-se uma demanda documentada, que o réu não
conseguiu causar dúvida sobre a demanda.
 ---Slide---
 Hipótese documentada
 Prova documental
 Ausência de dúvida razoável – fatos constitutivos e
direito – contraprova
 ---Slide---
 Obs: Não é necessária a reversibilidade no caso de tutela
de evidência, uma vez que essa previsão está na parte de
tutelas de urgência, como pressuposto para a tutela
antecipada.
o Prova: Questão de confissão e tutela de evidência (aula gravada
da 4ª semana – parte final da aula)
 Custas
o O art. 295, CPC diz que a tutela provisória requerida em caráter
incidental não precisa pagar custas, a contrário sensu, a em
caráter antecedente precisa.
o A tutela em caráter antecedente pode dar conta do problema e
encerrar o processo, de forma que se não for cobrado custas
nesse momento, posteriormente não será mais possível esse
recolhimento.
o As regras de custas se submetem a legislação de competência
concorrente entre União e Estados, podendo os Estados legislar
acerca do tema. Dessa forma, na justiça federal, do trabalho,
militar e eleitoral se aplica o art. 295 do CPC, porém, para a
justiça estadual, pode-se aplicar lei estadual própria.
 Momento da concessão de tutelas.
o As tutelas provisórias podem ser concedidas em caráter
antecedente, antes do ajuizamento da ação principal, quando a
tutela foi requerida nesse momento, ela não está submetida à
manifestação da parte contrária, inclusive por força do art. 9º
(tutelas de urgência).
o Quando se tem uma tutela incidental, postulada no início de um
processo, não se precisa ouvir o réu. Depois desse momento, é
possível pedir tutela à qualquer momento.
o Depois do início do processo, caso exista o pedido de tutela,
existe parte da doutrina que entende ser necessário ouvir o réu, já
que não se está mais no contexto inicial de deferimento de tutelas
(liminares). Ocorre que o art. 9º trata de hipóteses que não se
precisa ouvir ou réu para tutelas PROVISÓRIAS de urgência, não
existe menção da restrição da aplicação somente para as
liminares. Diante disso, o entendimento dominante é de que a
apreciação de tutelas no curso do processo não está
condicionada à previa manifestação da parte contrária.
o O novo CPC incentiva o pedido de tutelas da concessão de
tutelas em sentença, principalmente das tutelas de evidência,
uma vez que ele parece querer que a decisão de primeira
instância tenha eficácia imediata, independentemente da esfera
recursal. Uma vez que observando as hipóteses do art. 311
consegue abarcar os casos julgados em sentença, aptos à
concessão de tutela de evidência em sentença, bastando que a
parte requeira essa tutela, uma vez que já se tem direito julgado
com cognição plena, não existirá mais dúvida razoável, já existe a
confirmação da aplicação de precedentes, só não existira
necessariamente o caso de abuso ou protelação ou caso de
depósito, porém, como se falou, o inciso II e IV já abarcam quase
90% dos casos.
o Parece que o momento ideal para a concessão de tutela, se não
a liminar, é a dá sentença, apesar de poder ser postulado a
qualquer momento.
o Obs: Quando se tem a tutela provisória em sentença, se afasta o
efeito suspensivo por lei da apelação.
 Caução
o É uma tutela de natureza cautelar que serve para proteger danos
causados por outras tutelas.
o Obs: Está se referindo aqui à tutela típica, vez que existe a
caução chamada de direito próprio que possui outra função.
o Existem cauções que tem fundamento próprio, por exemplo,
quando uma pessoa quer fazer uma obra e ela pode ser impedida
por risco de causar dano ao vizinho. Como maneira de preservar,
a pessoa que fará a obra poderá oferecer uma caução, servindo
ao vizinho, para que ele não consiga embargar a obra. Essa
caução está prevista no direito de vizinhança e é uma caução de
direito próprio, não tem a função de garantir processo futuro ou
direito futuro.
 Legitimidade
o É aplicável a qualquer tipo de tutela, tanto incidental quanto
antecedente
o Quem pode pedir tutela são as partes ou sujeitos do processo,
uma vez que existem pessoas que não são partes, mas podem
atuar pedindo medidas provisórias no curso da lide de forma
justificada (Ex: MP, terceiro fora da condição de parte, peritos,
oficiais de justiça), visando normalmente a proteção do processo.
A parte relacionada à medidas satisfativas fica mais ligada às
partes ou o fiscal da lei.
o Qualquer parte pode pedir a tutela, até mesmo a parte requerida?
 A parte requerida as vezes assume uma postura de parte
autora, quando por exemplo existe reconvenção ou pedido
contraposto, se tornando autor de pretensão em sentido
inverso em que foi proposta pelo autor original.
 Fora da condição do réu também virar autor, antigamente e
atualmente existe a ideia de que o réu só pode fazer
pedidos de tutela quando eles forem focados em uma
contra cautela ou contra medida, ou seja, nas hipóteses
que o réu postulasse tutelas cautelares (Ex: caução) em
prol de salvaguardar eventuais reparações de danos
futuros.
 Porém, desde o surgimento da tutela antecipada, esse
assunto foi debatido, já que assegurar a igualdade entre as
partes é algo importante no processo. Assim, surgiu uma
ideia de que as partes do processo não estão sempre na
condição de polo ativo e passivo, percebendo-se que o
direito de ação também é assegurado ao réu, mesmo que
ele faça isso por meio de uma contestação, não tendo ele
que ficar restrito a proteção do direito de ação de alguém,
mas também exercendo esse status quando tivesse a
necessidade de expor sua pretensão, tendo as mesmas
prerrogativas que o autor.
 Essa visão foi sendo analisada, porém, existia uma
barreira na visão antiga, vez que na previsão da
tutela antecipada estava escrito que “na petição
inicial se formula a tutela antecipada”, prescrevendo
que a tutela era algo concedido ao autor. Com o
NCPC, não existe mais essa previsão, tendo
abrangência maior, sem a taxatividade que não
permitia ao réu se valer das regras de concessão de
tutela.
 Obs: É preciso observar o caso concreto, vez que
em alguns casos o autor pede tutela, que quando
negada o juiz já concede ao réu a proteção que ele
almejaria caso fizesse um pedido de tutela, não
existindo interesse ou necessidade de formular
pedido para confirmar o que já foi negado. Isso fica
nítido nas ações dúplices, porém, em outras, como
nas condenatórias, não fica claro, surgindo um
ambiente propício para o deferimento de pedidos de
tutela para o réu, independente do que for arguido
pelo autor.
o Ex que o réu pode pedir: Réu já teve seu
nome negativado e autor entrou com ação de
cobrança. O réu pode pedir tutela antecipada
para pedir a retirada do nome do cadastro de
inadimplente.
 É possível cogitar outros exemplos, extraídos da
concessão de tutelas antecipadas que não
respeitaram a reversibilidade, com o réu
futuramente conseguindo a reforma ou revogação
da tutela que eles está suportando.
o Ex: Tutela antecipada em favor do autor que
não foi possível aplicar a reversibilidade,
tendo o réu cumprido a tutela. Porém,
futuramente, o réu consegue a revogação da
tutela, mas a situação se torna insustentável,
precisando o réu que seja
compensado/recomposto o que ele teve que
gastar para cumprir a tutela, pedindo o réu
uma tutela antecipada equivalente.
o Os pressupostos que o réu tem que trazer
para o juiz para a concessão da tutela
provisória é o direito, uma vez que isso
ampara a improcedência que o réu poderia
suscitar, dizendo que o autor não tem direito
e que o que foi feito estava equivocado. É
como se fosse uma tutela de evidência em
favor do réu, já que o autor já apresentou
provas e conseguiu a tutela e posteriormente
o réu também apresentou provas,
conseguindo a revogação da tutela, estando
diante da hipótese do art. 311, IV, CPC, em
que se lê no sentido de que o réu trouxe uma
prova que a prova do autor não deixou
dúvidas ao juiz que o resultado seria de
improcedência.
 Obs: Isso pode resultar até em uma
sentença, não sendo assim se o autor
requerer seu direito à produção de
prova.
 Para os casos em que o réu não consegue a
revogação da tutela garantida ao autor, os
pressupostos são o direito e o perigo, dizendo que
ele tem uma necessidade de receber a tutela.
 Cabimento
o Já foi mencionado anteriormente
o Os procedimentos aptos ao pedido de tutela são os condenatórios
e mandamentais executivos, devendo ter cuidado com as ações
declaratórias e constitutivas, vez que nesses casos tem que
observar se a aceitação do pedido de tutela não irá existir reflexo
em uma orbita que transcende as próprias partes ou interesse
das partes, como o caso de atingir interesse público.
 Competência
o Os pedidos de tutelas deve ser postulado, quando existir
processo, perante o juiz da causa. Eventualmente, se está
levando a causa ao tribunal, pode-se levar o pedido de tutela ao
tribunal, estando esse pedido vinculado a toda causa levada à
ele.
o Quando ainda não existir o processo ajuizado, é preciso ajuizar
um pedido antecedente de tutela observando a regra que se
observaria caso já existisse o processo principal (art. 299, CPC).
o Obs: Se for distribuído um pedido de tutela para um juiz
manifestamente incompetente, ele poderá apreciar o pedido ou
terá que remeter para o juiz competente ou extinguir o processo?
 Existe uma compreensão do art. 64, § 4º, CPC de que o
juiz pode até ser incompetente, porém, ele é juiz em um
sistema que não se pode negar acesso à justiça. Em
situações de extrema urgência e complexos, que se o juiz
não proferir uma tutela irá ocorrer o perecimento do direito,
se entende que o juiz pode apreciar a tutela e
posteriormente remeter o processo ao juiz competente.
 Antigamente se invocava o princípio da translatio iudici que
se invocava para fazer a defesa dessa ideia, de que o juiz
incompetente pode apreciar a tutela em casos urgentes.
 A tutela irá vigorar até que o juiz competente aprecie.
o Obs: Algumas espécies de tutelas provisórias não precisam
seguir o que foi falado sobre ordem e local de indicação de
competência. Essas tutelas seriam as conservativas, voltadas
principalmente para a produção de provas, que não causam
constrição ou restrição à esfera da liberdade.
 Ex: Quando ocorreu o colapso do Ed. Grandpark, se fez o
pedido cautelar conservativo para a produção de provas na
forma de produção antecipada de provas, visando proteger
a prova, vez que ela seria removida pela construção da
área de lazer.
 Obs: Sendo a tutela conservativa, não existe a vinculação
do juiz ao processo principal (prevento), podendo as ações
futuras que utilizam as provas sejam distribuídas para
outras varas.

Tutelas de urgência em caráter antecedente


 O legislador queria muito criar um regime único para as tutelas, seja no
que diz respeito as requisitos e rituais necessários para a postulação de
tutelas provisórias. Porém, no transcorrer do processo legislativo
entenderam por separar os rituais para as espécies de tutela requeridas
em caráter antecedente, existindo uniformização quanto aos requisitos,
que estão presentes no art. 300, repetidos no art. 303 e 305.
 Essa situação foi objeto de crítica, vez que não precisava diferenciar
muito as tutelas, fazendo algo parecido com o regime dos juizados
especiais, onde o juiz tem o poder de qualificar a tutela e verificar os
pressupostos para a tutela, sendo o pedido feito de forma genérica e o
procedimento sendo igual.
 No CPC/73 havia a possibilidade de formalizar pedidos incidentais e
antecedentes de tutelas. Os pedidos antecedentes eram veiculados pela
ação cautelar preparatória, em que havia a possibilidade de, antes
mesmo do ajuizamento da ação, ser formulado pedido para a obtenção
de tutela previa, que garantia no futuro o ajuizamento da ação principal
ou para garantir que o direito ficasse preservado para o futuro. Esse
ritual da ação cautelar preparatória foi usado para diversos fins, inclusive
para pedir tutelas não cautelares, sendo reconhecido que a fungibilidade
dentre as tutelas podiam ser reconhecida dentro de uma ação cautelar
preparatória. Quando se entrava com a ação cautelar preparatória e
fazia o pedido de tutela cautelar, a consequência era que o processo se
desenvolvia seguindo o ritual típico das ações cautelares preparatória,
que tinha que citar para contestar, réplica, instrução e sentença para a
ação cautelar preparatória, enquanto se fosse formulado um pedido de
tutela antecipada na ação cautelar preparatória, o processo se
desenvolvia com o juiz pedindo para que tudo fosse ratificado quando do
ajuizamento da ação principal, deixando a parte ajuizar fora outra ação
principal ratificando o que foi feito na ação cautelar preparatória ou
emendar a inicial para transformar o pedido preparatório em ação
definitiva, sem exigir dentro do pedido preparatório a citação, réplica,
instrução e sentença, já que a tutela antecipatória exigia a confirmação
em uma tutela definitiva em uma ação futura.
o Obs: No novo CPC se tem algo muito parecido a isso, de forma
que a ação cautelar preparatória foi transformada no pedido
antecedente de tutelas provisória.
 O professor não vê problema em chamar isso de ação,
pois para ele é uma ação, pois dá ensejo a prestação
jurisdicional, provoca jurisdição e se forma uma relação
jurídica processual, podendo o processo ser finalizado ali
mesmo em caso de estabilização de tutela, ou podendo o
processo evoluir sem a ação principal no caso de cautelar
indeferida. Existem autores que entendem que não é ação,
mas uma fase de uma ação. Existem outros que acham
que é um procedimento especial preparatório. Existem
autores que acham que não é nada disso, mas só um
pedido que depois será ratificado e formalizado com o
ajuizamento da ação principal.
 Hoje não existe dúvida de que o direito a tutela de urgência
é distinto do direito protegido, extraído esse direito de
proteção diretamente da CF do art. 5º, XXXV, tanto é, que
hoje se aceita coisa julgada sobre o pedido cautelar.
 Procedimento do pedido antecedente de tutela antecipada (art. 303,
CPC)
o Caput
 O caput do art. 303 trata do que deve se alegar ao formular
o pedido antecedente de tutela antecipada, sendo
basicamente os requisitos da inicial, sendo o mais
importante para o pedido a demonstração dos
pressupostos necessários para a obtenção de uma tutela
antecipada.
 É no momento que se formula o pedido de liminar que tem
que provar para o juiz que se tem probabilidade do direito e
risco de dano, e nos casos que se exigir reversibilidade,
mostrar que a tutela é reversível, e quando não for, mostrar
que assim mesmo se precisa da tutela.
 O caput trás exigências formais para mostrar para o juiz
que se está fazendo um pedido antecedente e que irá
completar o pedido mais a frente.
 Essa regra também será aplicada para o pedido
antecedente cautelar
 Obs: Existe um entendimento de que o pedido antecedente
só pode ser para tutelas antecipadas e cautelares, não
sendo possível a obtenção de tutelas de evidência, uma
vez que o art. 294 diz que as tutelas de urgência podem
ser antecedentes ou incidentais, sendo confirmado no art.
303, quando se fala que nos casos de urgência pode se
pedir as antecipadas. Muitos entendem que essas regras
são impeditivas da tutela de evidência.
 Posição contrária (não aceita atualmente): Existe
uma corrente contrária, dizendo que as tutelas de
evidência podem usar o previsto no art. 303, CPC,
sob o argumento de que o fato da lei escrever que é
cabível em caso de urgência não quer dizer que é
proibido no caso de evidência.
 Obs: Outro argumento contrario à aceitação das tutelas de
evidência no formato antecedente é porque, quando se
ajuíza uma tutela em caráter antecedente, é porque a
pessoa está correndo perigo, e na tutela de evidência não
existe o perigo, podendo formular uma inicial completa,
sem necessidade de pedido anterior.
 Posição contrária (não aceita atualmente): O
argumento de ausência de perigo é afastado
dizendo que, na maioria dos casos que se ajuíza um
pedido antecedente se quer resolver um problema
de perigo, porém, existem algumas situações que
existe o perigo, mas se pode esperar o ajuizamento
da ação principal, então existiriam hipóteses que se
usaria pelo perigo e outras que não precisaria usar
mesmo tendo urgência. Nos dois casos citados, o
pedido é amparado em cognição sumária, gerando
certa insegurança, pois se está diante de tutela
provisória que precisa ser confirmada, nesses
casos, a técnica da proporcionalidade soluciona o
empasse, pois se usa o perigo para aceitar o
deferimento de uma tutela mesmo que ela não seja
segura, mas as tutelas de evidência teriam uma
força maior, pelas hipóteses de cabimento, nos
casos de concessão liminar (art. 311, II e III, CPC),
tendo garantia maior caso fosse aceito o pedido
antecedente, já que ele pode ser formulado de
forma inicial (liminar) no processo. Por fim, essa
posição destaca que o CPC prevê o pedido
antecedente para situações de perigo, mas também
prevê ele para conceder a estabilização de tutela,
que seria mais garantida quando se trata de tutela
de evidência. Assim, poderia se usar o art. 303 do
CPC também para a tutela de evidência, quando ela
estiver baseada no art. 311, II e III, do CPC e
quando existir o pedido explícito de estabilização de
tutela (professor concorda).
o Os parágrafos tratam de duas situações
 § 5º
 É necessário explicar ao juiz que se está entrando
com um pedido antecedente, indicando na inicial
que se está valendo da técnica prevista no art. 303,
CPC.
 A primeira situação, a pessoa pede em caráter
antecedente e o juiz defere a medida (§ 1, 2, 3 e 4).
 Nesse caso, a pessoa terá um prazo de 15 dias ou
mais para fazer o aditamento da inicial e completar
a inicial, colocando o pedido final e a ação completa.
 § 1º
o I - O autor deverá aditar a petição inicial, com
a complementação de sua argumentação, a
juntada de novos documentos e a
confirmação do pedido de tutela final.
o II e III – O réu será citado, não para contestar
o deferimento, mas para seguir o previsto no
art. 334 e 335, CPC, ou seja, comparecer a
uma audiência após o aditamento, para que
seja feita a conciliação, que se não der certo,
será aberto prazo para o réu responder a
petição já aditada.
 § 2º
o Se não realizar o aditamento do previsto no
§ 1º, inciso I, o processo será extinto sem
resolução do mérito
 § 3º e 4º
o Diz que o aditamento será feito nos mesmos
autos, sem a incidência de novas custas
processuais, já que quando se ajuíza pedido
antecedente se paga custas.
o Para se pagar as custas e não precisar pagar
novamente, é preciso fazer pedido
antecedente indicando o valor da causa,
dimensionando qual será o pedido principal,
por isso que o caput pede que se apresente o
pedido principal.
 A segunda situação, a pessoa pede em caráter
antecedente e o juiz indefere a medida (§ 6º).
 Se o juiz negar, a pessoa terá um prazo de 5 dias
para ajuizar a ação principal.
 Obs: Nos dois casos, se não for ajuizada a ação principal,
o processo será arquivado e a liminar revogada.
 Procedimento do pedido antecedente de tutela cautelar (art. 305, CPC)
o Tem-se um ritual para uma espécie de tutela que pode provocar
um fenômeno diferente do fenômeno da tutela antecipada.
o Nessa parte é possível verificar a diferença entre provisoriedade e
temporariedade. A provisoriedade é a obtenção de uma tutela
provisória, pois se exige a confirmação por tutela definitiva
(possível ver no regime do art. 303). As cautelares que são
temporárias não precisam da confirmação.
o Art. 305
 Esse art. começa dizendo a mesma coisa do caput, art.
303, que fala dos requisitos da inicial, que se precisa
mostrar para o juiz os pressuposto e formalizar os
aspectos formais indicativos do que pode acontecer no
futuro (referibilidade).
 A tutela cautelar possui referibilidade, ou seja, se refere ao
direito acautelado ou ao processo, devendo na inicial
mostrar essa referibilidade.
 Deve indicar a lide e seu fundamento, a exposição sumária
do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou
o risco ao resultado útil do processo.
 Par. Único
 Se for ajuizado o pedido e o juiz entender que é
tutela antecipada, o procedimento será do art. 303.
 Obs: Segundo o professor, não se tem como, em razão da
necessidade e adequação e proporcionalidade em sentido
estrito, aceitar o deferimento de uma tutela cautelar
protetiva que irá pegar o direito e protege-lo, se for
invocado que precisa do direito imediatamente. O perigo
de um dano significa receber o direito, não existindo
necessidade de bloqueio das coisas, vez que não existe
adequação e necessidade, já que se pretere direitos
quando a medida é necessária e adequada, causando o
menor desgaste possível ao direito preterido.
o Art. 306
 Enquanto no art. 303, § 1º e 6º, CPC fala que o juiz deve
deferir ou indeferir a inicial, aqui, o art. 306 mandará citar o
réu, não importando se o juiz vai deferir ou não a tutela. O
réu será citado para contestar a pretensão cautelar, pois
ela em si é um direito que precisa ser contestado / é um
pedido que justifica uma demanda que tem que ser
questionada.
 A contestação que deve ser feita no prazo de 5 dias não é
voltada ao direito acautelado, mas sim à necessidade ou
não da cautela.
 Obs: É possível ate se defender falando que o autor
não possui o direito, mas esse não será o foco de
atenção da contestação, pois ela não irá terminar o
assunto que será eventual tratado futuramente, pois
essa contestação não fará coisa julgada, em regra,
sobre o pedido principal, já que tudo está sendo
analisado mediante cognição sumária e focada no
direito de proteção.
 Obs: Existem duas situações que ao contestar o
direito se pode afetar o tudo, que é o caso da
contestação narrando prescrição e decadência
sobre o direito que se busca acautelar.
o Art. 307
 Se não existir contestação, o juiz pode aplicar os efeitos de
revelia, sobre a alegação cautelar e não sobre o
direito/pedido principal eventualmente ajuizado.
 Se existir a contestação, seguirá o procedimento comum,
com réplica, instrução e sentença.
o Art. 308
 Trata do caso de deferimento da medida, não
mencionando nada sobre não deferir a medida em termos
procedimentais.
 Se for ajuizado o pedido antecedente e o juiz decide:
 Se for deferida a tutela, se aplica o art. 308;
 Se for indeferida, não existe obrigação adicional,
com o processo seguindo o fluxo do procedimento
comum, para analisar o pedido de proteção.
o Com isso, mostra-se que se tem pedido,
relação jurídica processual, resposta e depois
uma sentença, ou seja, uma ação que terá
tramitado e chegado ao fim. Se não existir o
ajuizamento do processo principal, o
processo será arquivado.
 Se o juiz deferir a tutela, existirá um procedimento parecido
com o da tutela antecipada em caráter antecedente, com o
juiz dando um prazo de 30 dias para o autor ajuizar a ação
principal. Depois do ajuizamento se tem a audiência do art.
334, CPC, e uma nova contestação com base no art. 335,
contra o pedido principal, já existindo uma contestação
contra o pedido cautelar. (§ 3º)
 Se o juiz deferir a medida é obrigado a realizar o pedido
principal.
 Existe uma exceção das cautelares conservativas,
não é necessário o ajuizamento da ação principal
em caso de deferimento dessa tutela cautelar
antecedente.
 Quando se tem cautelares constritivas, também
pode ocorrer esse caso de não precisar ajuizar a
ação principal, que é no caso em que ainda não se
tem o direito, que está sujeito a condição ou termo,
ou seja, não se tem interesse de agir.
 § 1º
 O pedido principal pode ser feito juntamente com o
pedido cautelar, se por acaso quiser fazer o pedido
principal no pedido antecedente cautelar.
 § 2º
 Como se está falando de uma pretensão cautelar
antecedente amparada em uma causa de pedir,
posteriormente é possível acrescentar à causa de
pedir.
o Art. 309
 A eficácia da cautelar antecedente cessará quando:
 I - Não ajuizar o pedido principal no prazo de 30
dias, caducando, com o juiz tende que extinguir a
ação.
o Tanto é um direito, que é necessária ajuíza a
ação em 30 dias, sob pena de caducar
(decadência) o direito por não completar uma
exigência prevista em lei.
 II – É o caso de não executar a liminar em 30 dias.
 III - É o caso de ter um pedido antecedente deferido
e depois na sentença do pedido principal o juiz
negar o pedido principal, não existindo o direito
principal que amparou o pedido antecedente
 Par. Único (coisa julgada material sobre esse tipo de
pedido antecedente)
 Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela
cautelar pedida em caráter antecedente, não se
pode repropor esse mesmo pedido, pois transitou
em julgado.
o Art. 310
 O indeferimento de uma tutela cautelar não impede que se
ajuíze um pedido principal. Foi dito que se for negado na
liminar ou na sentença, não é obrigado o autor a ajuizar a
ação principal, mas também não fica ele proibido.
 Se a pessoa ficou adstrita à questão cautelar, ele está livre
para propor o pedido principal
 Exceção:
 Se a negativa for por prescrição ou decadência do
direito ou do processo principal.
 Diferenças entre TA x TC em caráter antecedente
o

o Se utilizar o art. 303 para tutela antecedente antecipatório, deve-


se avisar para o juiz (art. 303, § 5º, CPC) que se está usando o
rito previsto no art. 303, além de, segundo Scarpinela, que se
está valendo do benefício do pedido antecedente por conta da
urgência ou pelo desejo da estabilização da tutela.
o Quando se ajuíza essa ação, podem acontecer intercorrências,
com o juiz mandando emendar para sanar vício formal que toda
petição pode ter.
o Outra intercorrência é o juiz entender que não possui prova
robusta pré-constituída, marcando uma audiência de justificação
para provar os requisitos da liminar.
o Após o juiz fazer isso, ele irá deliberar sobre a tutela (deferir ou
indeferir a liminar)
 Se o juiz indeferir a liminar, ele dará 5 dias para o autor
emendar a inicial (art. 303, § 6º, CPC). Se o autor
emendar, o juiz citará o réu para a audiência de conciliação
do art. 334 e contestar com base no 335, ambos do CPC.
 Se o juiz deferir a liminar, o autor deverá ser intimado para
aditar a inicial em 15 dias ou mais e comparecer à
audiência do art. 334.
 O juiz deverá citar/intimar o réu para cumprir a liminar, e,
se o autor pediu estabilização de tutela, o juiz deverá citar
o réu para exercer o que é necessário para impedir (por
meio de agravo) ou aceitar a estabilização, gerando como
consequência a extinção do processo se ele aceitar. Além
disso, o réu será citado para audiência de conciliação do
art. 334, CPC, que ocorrerá depois que o autor aditar a
inicial.
o

o No pedido de tutela cautelar antecedente se tem a petição inicial


com base no art. 305, existindo a fungibilidade que possibilita o
enquadramento da petição no art. 303.
o Da mesma forma, podem ocorrer intercorrências que façam com
que o autor emende a inicial ou que seja realizada a audiência de
justificação.
o Após essa etapa, o juiz irá analisar a tutela
 No caso de indeferimento da tutela, aplica-se o art. 306 e
310 do CPC, com o juiz citando o réu para contestar,
existindo a contestação, réplica, saneamento, instrução e
sentença.
 Obs: a petição inicial pode ou não ser emendada
para o pedido principal.
 Obs: O indeferimento não obriga o autor a ajuizar a
ação principal.
 Obs: Daniel Assunção diz que, após proferida a
sentença que defere a cautelar (de início avia sido
indeferido). Nesse caso, o autor terá 30 dias para
ajuizar a ação principal.
 Deferida a liminar (art. 308) o autor tem que ajuizar a ação
principal em 30 dias (art. 308) e o réu será citado para
contestar, pois independentemente da ação principal ser
ajuíza o réu tem que contestar o pedido de tutela cautelar.
 Ajuizada a ação principal, serão ambos intimados para a
audiência de conciliação do art. 334.
o Obs: Se a parte autora fizer dois pedidos dentro da mesma
petição inicial antecedente, um de natureza cautelar e outro de
natureza antecipatória, com o pedido de estabilização neste
último, como proceder, já que existem dois ritos?
 Diante dessa possibilidade, o juiz deve seguir os dois
fluxos ao mesmo tempo, tentando concilia-los.
 Se existir estabilização da tutela quanto ao pedido
antecipado, é possível arquivar uma parte da demanda,
como se fosse uma decisão interlocutória de mérito.
 Estabilização de tutela (art. 304, CPC)
o É uma técnica que foi criada pelo CPC seguindo um modelo
semelhante a de outros países da Europa e da América do Sul.
o Professor vai usar como parâmetro para apresentar o tema o
procedimento monitório, da chamada ação monitória.
o Se tem no sistema a ação monitória, que trouxe uma evolução em
termos formais por se ter um procedimento mais eficiente e
efetivo, já que ele atua em algo entre o processo de
conhecimento e a execução.
 No processo de execução, pode-se realizar um pedido de
satisfação do direito, a partir da certeza proveniente de um
titulo executivo indicado pela lei, já que ela dá um atributo
de certeza para certos títulos, podendo seguir, a partir da
certeza, partir para o cumprimento, para resolver a crise de
adimplemento. Porém, é possível na execução, enfrentar a
cognição, por meio dos embargos do devedor.
 Enquanto do outro lado se tem o processo de
conhecimento, que em regras não deveria conter
execuções, devendo existir apenas conhecimento, em que
se pretende chegar à decisão do juiz dizendo se a pessoa
tem ou não razão (certeza sobre um título).
o Tem-se situações que exigem o processo de conhecimento, já
que não se tem certeza; existem outra que se tem o suficiente
para conseguir liminares; evoluindo mais, se tem situações que o
direito é muito evidente, mas que não tem força executiva e para
esse direito intermediário, com maior força em termos de
evidência e prova pré-constituída, direito claro e objetivo, usar o
processo de conhecimento não seria muito justo e não seria
possível usar o processo de execução, pois não existe força
executiva exigida em lei. Para essas situações ultimas foi criado o
procedimento monitório para que, com ele, o juiz receba o pedido
lastreado em prova pré-constituída e direito forte e evidente, e
apenas com base no direito defira uma ordem parecida com a
execução de cumprir, mas também parecido com as tutelas
provisórias, mas amparada apenas nesse direito demonstrado por
prova pré-constituída, sem o perigo.
 O juiz começava o processo monitório com o comando
equivalente a uma tutela, com potencial de executar, mas
ele é equivalente à tutela vez que seu caráter é provisório.
 Se o juiz deferir a ordem de cumprimento do pedido
monitório, que é a expedição de um mandado monitório,
podem acontecer 3 coisas: 1) o réu pode cumprir, com o
processo sendo extinto; 2) pode o réu ficar quieto, se isso
ocorrer, o que era incerto e não tinha força executiva
judicial ou extrajudicial, adquire força executiva judicial, é
um fenômeno de transformação do mandado monitório em
mandado de cumprimento de sentença, ou seja, a primeira
ordem que era de tutela de evidência, pois amparada no
direito, se transforma em sentença e dá início a fase de
cumprimento de sentença, não sendo possível embargos
do devedor e apenas as matérias de cumprimento de
sentença; 3) o réu se defender por meio de uma
contestação, que recebe nome de embargos monitórios,
com a vantagem de que o réu só apresenta defesa para o
mandado monitório, para ele não seguir. Depois que o
pedido julga o pedido monitório embargado, analisando se
os embargos procedem ou não; se rejeitar os embargos,
ele reestabelece a força do mandado monitório para virar
cumprimento de sentença.
o Esse procedimento da ação monitória não é idêntico à
estabilização, mas existem algumas semelhanças.
 Ex de diferença: Na ação monitória, se o réu fica quieto,
acontece coisa julgada material, vez que foi transformado
em sentença; o deferimento é só com base no direito; Na
estabilização de tutela, como são aplicadas às tutelas de
urgência, deve-se pedir com base em direito e perigo; se o
juiz deferir e o réu aceitar, não tem o poder de fazer coisa
julgada material.
o A estabilização de tutela serve para os casos em que as partes
fiquem satisfeitas apenas com uma liminar, uma vez que é
possível executar, mesmo não existindo tutela definitiva. Pode ser
que as partes queiram que se tenha a realização do direito e não
a declaração do direito em termos de tutela definitiva. Foi criada
então a possibilidade da parte pedir a tutela, como se fosse
processo de conhecimento, executar a tutela como se fosse
processo de execução e o processo não avançar mais, por uma
convenção entre as partes e não por uma imposição, uma vez
que o réu, vendo que o autor entrou no sistema de estabilização e
que seja barato cumprir só aquilo que o juiz deu e não ter
sentença contra ele, o réu aceita tacitamente, não fazendo nada,
que é suficiente para a estabilização acontecer.
o A estabilização vai fazer às vezes da ação monitória, apesar da
decisão não se transformar em sentença, em termos práticos
resolve como se fosse, já que a estabilização é reconhecida com
a inercia do réu e o processo é arquivado.
 No mundo empírico a liminar foi cumprida e executada,
tendo a força almejada, sem julgamento definitivo, com o
processo sendo encerrado.
o Existem situações em que pode-se aplicar a estabilização, que é
o caso em que as partes dimensionam os riscos, benefícios e
desgastes de um processo.
 Ex: Juiz dá liminar para retirar nome do SPC; liberar um
bem; para tutela inibitória, que não trouxe problema para o
réu, que também não terá sentença contra ele, resolvendo
o problema.
o Requisitos para a estabilização de tutela
 É necessária a formatação de um pedido antecedente no
ritual do art. 303.
 O art. 303 é usado pelo art. 304 para se alcançar a
estabilização de tutela.
 Obs: Não é possível aplicar ao art. 305 a estabilização de
tutela, já que é tutela cautelar e existe contestação.
 Obs: A estabilização de tutela só existe para as tutelas
satisfativas, focadas nas tutelas antecipatórias, porém, o
professor não vê problema à aplicação nas tutelas de
evidência, quando elas forem veiculadas com base no art.
303, apesar da doutrina majoritária entender que não é
possível usar as tutelas de evidência de forma
antecedente, pelos fundamentos já expostos.
o Art. 304
 Caput
 Torna-se estável quando o réu aceitar, não
apresentando recurso, que no caso das decisões
interlocutórias e tutelas é o agravo de instrumento.
 Existem duas correntes
o Uma que entende que se o réu ficar quieto e
não apresentar recurso, essa única atitude é
capaz de gerar a estabilização. Para essa
corrente, só é possível impedir a
estabilização por meio do recurso de agravo
de instrumento.
 Obs: É por isso que alguns autores
entendem que aqui existe uma
negociação tácita, já que o autor pediu
de forma clara, o juiz deferiu
ratificando a existência de boa-fé e o
réu aceita.
 § 1º
 Se acontecer a estabilização, o processo é
arquivado, sendo exigida uma sentença de extinção
do processo.
 Existe divergência se essa sentença é com mérito
ou sem mérito. Segundo o professor, parece mais
fácil aceitar que é sem mérito (art. 485, CPC), mas
reconhecendo a estabilização.
 § 2º
 A estabilização pode ser revista, reformada ou
invalidade, por qualquer das partes
 § 3º
 A tutela antecipada vai conservar seus efeitos,
enquanto não existir ação do § 2º julgada por
decisão de mérito.
 § 4º
 O procedimento do § 2º pode ser feito por qualquer
umas das partes, por meio de requerimento do
desarquivamento dos autos em que ocorreu a
estabilização, para instruir esse processo com
petição inicial de ação de revisão, reforma ou
invalidação da tutela estabilizada.
 § 5º
 O prazo para realizar o previsto no § 2º é de 2 anos,
contados a partir da sentença que extingue o
processo reconhecendo a estabilização. Depois
disso, não é mais possível a alteração no mundo
prático em termos de execução da liminar
 Os aspectos jurídicos podem ser debatidos em outro
processo, mas a liminar não pode ser desfeita.
 § 6º
 O que acontece na estabilização não é coisa
julgada, mas depois de se concretizar a
estabilização não é possível mais acontecer as
alterações do § 2º.
o Obs: Algumas pessoas acham que a estabilização faz as vezes
da sentença positiva prima facie. Existe uma sentença negativa
prima facie (art. 332, CPC) e aqui na monitória e na estabilização,
existiria alguma coisa parecida, com o juiz dizendo que está certo
o que se está pedindo e o juiz já profere sentença, com o réu
aceitando, com isso virando a única tutela prestada no processo.
o Obs: A estabilização coloca em teste coisas estudadas em termos
de características do regime jurídico das tutelas provisórias, que
são feitas, em regra, mediante cognição sumária, não geram
coisa julgada, podem ser revistas, se ela é antecipatória tem que
ser confirmada etc.
 “Medidas” cautelares nominadas
o O CPC novo menciona essas cautelares no art. 301, porém, é
apenas um referência exemplificativa à algumas medidas, não
explica quais são, porque e o que são essas medidas, deixando
esse papel para a doutrina e para a jurisprudência ou ao CPC/73.
o Isso causa preocupação, pois não se pode usar um código
revogado ou só a doutrina para entender algo previsto na lei.
o Atualmente essas medidas estudadas ainda são usadas, vez que
se tem processos antigos ainda em tramitação e o CPC novo
escolheu respeitar essas ações antigas. Elas também são
utilizadas para vincular uma carga cognitiva a certos pedidos, ou
seja, quando se invoca um arresto, sequestro, busca e
apreensão, etc. automaticamente vincula a essa pretensão a
compreensão do antigo regime jurídico, fazendo com que as
partes trabalhem em um ambiente já conhecido e trabalhado.
o Antigamente se tinha ações cautelares, que davam ensejo a
processos cautelar, aonde se conseguia medidas cautelares. A
doutrina tem dito que atualmente não existem ação e processo
cautelar, tendo no máximo uma ação e processo antecedente,
para veiculação de tutelas provisórias.
o Antigamente, essa diferença era muito usada, existindo inclusive
rituais próprios (procedimento especiais) considerados especiais
para as cautelares nominadas, enquanto as cautelares
inominadas faziam uso de um procedimento comum. O
procedimento comum para as cautelares é hoje o pedido
antecedente, que segue o rito do art. 305 a 310.
o Com o tempo se percebeu que desde o surgimento da tutela
antecipada genérica, implementação da fungibilidade, evolução
da compreensão das cautelares específicas dizendo que não
podiam ser mais taxativas, os procedimentos especiais e as
cautelares típicas/nominadas caíram em desuso, pois o
procedimento comum servia mais ao propósito e passou a fazer
as vezes dos procedimentos especiais, fazendo com que o
legislador entendesse que não fazia sentido de existir
procedimento especiais para as tutelas cautelares e processo
cautelar.
 Obs: Muitos acham que o que aconteceu com os
procedimentos especiais das cautelares, também vai
acontecer com os procedimentos especiais do processo de
conhecimento. Autores como Didier e Leonardo da Cunha
acham que o destino dos procedimentos especiais sejam
transformados em técnicas e incorporados ao
procedimento comum, sendo usado como opções e não
como hipóteses taxativas, com exceção de alguns poucos
como juizados especiais, falência e concordata e
inventário.
o Classificação das medidas cautelares típicas ou nominadas
 Abaixo se tem as medidas cautelares nominadas / típicas /
específicas e que possuíam procedimentos especiais.
 Ex: Arresto, sequestro, busca e apreensão,
arrolamento de bens, caução, exibição, produção
antecipada de provas, justificação, protestos /
notificações / interpelações, homologação do penhor
legal, posse em nome do nascituro, alimentos
provisionais, atentado, protesto / apreensão de
títulos.
 O art. 301, CPC trás referências à algumas dessas
medidas abaixo, como arresto, sequestro, protesto,
caução; o NCPC prevê a produção antecipada de provas
para realizar ação de exibição de documentos, justificação,
protesto, posse em nome do nascituro.
 Quando não se tem um rito próprio, pode-se valer do
pedido antecedente para veicular essas medidas? Quando
fizer isso é necessário seguir o fluxo do ajuizamento do
pedido principal?
 Ex: Entrar com uma ação de exibição de
documento, fazendo pedido antecedente de
exibição de documento, que será deferida, já que a
exibição de documento e produção de provas pode
ter o proposito de facilitar a composição, não
estando vinculada a ideia de risco e perigo. Mas, se
a pessoa quer exibir o documento com o proposito
de facilitar a composição, porque ajuizar a ação
depois? Mesmo deferindo a medida, a pessoa não
tem que ajuizar a ação principal.
 Isso mostra que essas medidas ainda podem ser
veiculadas pelo pedido antecedente, sem ter como
consequência o ajuizamento da ação principal.
o Ex: Pedido de arresto contra dívida não
vencida, com juiz deferindo o mesmo, mas o
autor não ajuizando a ação principal.
 Para fins didáticos, o professor agrupou as cautelas por
afinidade.
 Medidas cautelares constritivas: Arresto, sequestro,
busca e apreensão e arrolamento de bens;
 Medidas cautelares que servem de cautela ou
contracautela: Caução
 Medidas cautelares que buscam preservar ou
produção de provas: Exibição, produção antecipada
de provas, justificação, protestos / notificações /
interpelações, homologação do penhor legal, posse
em nome do nascituro.
 Medidas cautelares não vinculadas entre si, mas
com previsão: Alimentos provisionais, atentado,
protesto/apreensão de títulos (esse ultimo pode ser
classificado com as constritivas)
 Arresto
 Medida cautelar que busca, por meio da constrição
de bens, garantir / proteger o cumprimento de uma
obrigação de pagar, por meio a constrição de bens,
tantos quantos bastarem para a garantia do
cumprimento dessa obrigação.
 O conceito de arresto evoluiu, existindo uma
mudança na compreensão, passando a se entender
como “a medida cautelar para proteger obrigações
de pagar ou outras obrigações convertidas em
obrigação de pagar”.
 Sequestro
 É parecido com o arresto, mas tutela obrigações de
dar coisa certa;
 Se existir risco para o direito ou não existir o
cumprimento de uma obrigação de dar coisa certa,
pode-se pedir o sequestro dessa coisa.
 É uma medida protetiva, para por meio da
constrição da coisa, garantir que no final a coisa
seja entregue ou dividida para fins de execução de
uma pretensão de entrega de coisas.
 Arrolamento de bens
 Busca proteger o cumprimento de entrega de
coisas, igual o sequestro, mas que não se sabe
previamente à medida as coisas que se quer
proteger.
 Se está pretendendo a proteção de entrega de
coisas que ainda não se conhece, se pede para o
juiz arrolar / criar um rol dessas coisas e de imediato
proteja essa coisa por medida dentro do
arrolamento equivalente ao sequestro.
 Ex: Divórcio de cônjuge que não sabe os bens que
pertencem ao casal, devendo arrolar os bens e
seguindo a medida natural dentro do arrolamento,
que equivale ao sequestro.
 Busca e apreensão
 É a única que pode recair sobre pessoas, com o
proposito cautelar, pois existe risco à sua
integridade e ao estado dessa pessoa. Enquanto for
discutir no processo futuro, deve-se buscas e
apreender essa pessoa
o Ex: Pessoas idosas, doentes, menores,
incapazes.
 A busca e apreensão tem um fundamento residual,
ou seja, se não for caso típico de arresto, sequestro
ou arrolamento, cabe a busca e apreensão se ela
tiver o proposito de constrição.
 Cabe a busca e apreensão para a obtenção de uma
constrição fundada em qualquer tipo de direito não
acobertado pelo arresto, sequestro e arrolamento.
o Ex: Busca e apreensão de um bem que está
com uma pessoa, no caso de posse desse
bem por outra pessoa, que nada deve.
 Diferente das outras, a busca e apreensão tem
natureza hibrida, podendo ser cautelar / protetiva ou
satisfativa.
o Ex: Busca e apreensão de menor e depois
será discutida a guarda do menor.
 Caução
 Se é necessário em razão de risco das partes
afetadas por essas medidas sofrerem lesões e essa
mediadas serem futuramente desfeitas, cabe a
caução, como uma medida de contra cautela.
 A caução serviria como garantia para o réu, que se
depois ganhar o processo e a tutela provisória
causar danos, a caução serve de garantia para o
réu ser compensado no futuro.
 A caução serve também como garantia para o autor
ter a tutela provisória.
o Ex: Ação de despejo.
 Resumo: A caução serve como cautela em prol de
cautelas ou de tutelas antecipadas.
 Existe caução de direito próprio, que não possui
função cautelar
 A caução também não é genuína, tendo natureza
hibrida de tutela satisfativa ou protetiva.
o Ex: caução do direito de vizinhança. Para
fazer um prédio, pode-se ofertar caução para
garantir a eventual reparação de danos, mas
que não tem vinculação a outros processos.
Nesse caso, a caução é um direito em si,
sendo um efeito e consequência do direito de
vizinhança, sendo uma medida própria para
salvaguardar as partes.
 Existe um grupo de cautelares que serve para preservar ou
produzir provas. Existe o sistema de provas que abarca o
sistema processual (garantir instrução processual) ou o
direito de produção de uma prova com relação à existência
ou realização de um ato jurídico. Este ultimo transcende a
ideia de processo para ser identificado a partir do direito
material. Alguns atos jurídicos possuem elementos
materiais e para esses elementos se aperfeiçoarem exige-
se a realização de certas formas as vezes (Ex: Escritura
pública, para provar ato de compra e venda), porém,
alguns atos não possuem a forma prescrita em lei, mas a
parte deseja fazer essa prova para propósitos futuros ou
preservação de direitos, sendo isso feito por meio do
fundamento do direito de produção de uma prova com
relação à existência ou realização de um ato jurídico.
 Tem-se uma medida para cada tipo de prova, servindo
para as duas finalidades (servir de instrução para o
processo e para resolver o direito à prova de atos ou fatos
jurídicos)
 Exibição
 A pessoa pretende apenas ver o documento ou
coisa e fotografar/diligenciar, sem pegar para ela
(sem constrição) se pede exibição da coisa ou
documento.
 Ex: Exibir uma ata de uma empresa, condomínio,
documento, equipamento, semoventes, coisas
móveis.
 Produção antecipada de provas
 Se a pessoa pretende realizar perícia, prova técnica,
interrogatório, inspeções judiciais, etc. deve-se
requerer a produção antecipada de provas, que
abarca os meios de produção de provas e provas
específicas.
 Justificação judicial, protesto, notificação ou interpelação
 Quando não se tratar de produção antecipada de
provas ou exibição, se tem cautelares que buscam
transformar algo que não é documental em
documentado.
 Existem provas que já surgem como documentais,
porém, existem provas que tem outra natureza, mas
se quer documentar essas provas, podendo pedir a
justificação judicial, protesto, notificação ou
interpelação, não deixando de ser a documentação
de algo que essencialmente / naturalmente não é
documento.
o Ex: Pessoa pretende ouvir testemunha, mas
não quer que a prova tenha a natureza para
depois ser levada para instrução do
processo, bastando pegar o testemunho de
alguém e documentar esse testemunho em
ata na frente de um juiz, sendo feito por meio
de justificação cautelar.
o Ex: Provar documentalmente união estável;
prática de certo trabalho; exercício de posse
com animus domini;
o Obs: Com a documentação, posteriormente
pode-se instruir uma ação monitoria, instruir
ação futura ou só guardar as informações.
 Quando a pessoa quer manifestar sua vontade e
documentar essa manifestação, ele deve usar o
protesto, notificações e interpelações.
o Se a pessoa pretende apenas manifestar a
vontade, ela usa a notificação.
o Se a pessoa pretende manifestar a vontade e
pedir que se faça algo, ela usa a
interpelação.
o Se a pessoa pretende manifestar sua
vontade contra algo, ela usa o protesto.
 Homologação do penhor legal
 É o caso que a pessoa tem o direito de praticar
autotutela (penhor legal) e se pretende documentar
esse direito.
 Existe penhor (garantia real sobre coisas móveis)
previsto em lei, que a lei diz que pode acontecer e
permite a autotutela.
o Ex: Pessoa vai a restaurante e não paga a
conta, os bens dela podem ser penhorados
como garantia para pagar essa conta;
Pessoa vai ao hotel e não paga a conta, pode
ter sua bagagem retida e penhora.
 Obs: Diferente da autotutela prevista
em relação à posse, nesse caso a
pessoa precisa homologar /
documentar, fazendo isso por meio de
uma prova de homologação de penhor
legal.
 Obs: Antigamente isso era cautelar, porém,
atualmente existe um procedimento para isso.
 Posse em nome do nascituro
 Quando se pretende fazer uma prova documentada
de um estado de gravidez
 Antigamente era usada para fazer uma perícia
médica em pessoa gravida e identificar se ela
estava gravida e com base nisso, se usava essa
prova para tomar posse dos direitos do nascituro.
 (encerrado medidas cautelares para produzir prova)
 Alimentos provisionais
 Se a pessoa já tivesse prova da paternidade e da
necessidade do alimentando, podia se pedir com
essa prova os alimentos PROVISÓRIOS.
o O nome desses alimentos é provisório, pois
estão pautados dentro de uma garantia e
certeza do vínculo.
 Se a pessoa não tem certeza da paternidade, mas
precisa de alimentos básicos e eles são postulados
com base em tutela cautelar (prover enquanto a
pessoa prova o vinculo que sustenta os alimentos),
se usa os alimentos PROVISIONAIS.
 Os provisórios são pautados na certeza e os
provisionais com base na cautela e no juízo de
possibilidade.
 Os provisórios garantem tudo que a pessoa tem de
direito, além da condição básica, e os provisionais
garantem o prover básico. Por conta de ser para
prover enquanto algo acontece que os provisionais
são de natureza cautelar, enquanto os provisórios
são de natureza satisfativa.
 Atentado
 Era uma medida em que se buscava remediar
condutas incorretas feitas no curso do processo por
uma das partes.
 Em muitos processos se consegue tutelas
provisórias que mantem estabilizadas / conservadas
/ intactas as coisas (Ex: Obra embargada, muro
embargado, um estado fático com relação a
produção de madeira ou outro fruto), ou seja, se tem
uma ordem judicial dentro do processo mantendo
aquela situação protegida, mas uma das partes vem
e desrespeita isso mudando o status atual da coisa.
 Nesse caso, deve-se denunciar por meio da medida
cautelar de atentado, que atual é prevista com o
nome de hipótese de alteração fática ou conduta de
parte.
 O juiz pode, com base nessa medida do atentado,
proibir que a pessoa fale nos autos, praticar
medidas para remedir ou desfazer o que foi feito.
 Protesto/apreensão de títulos
 O protesto não existe mais. Era o caso em que se
exigia, por meio do processo cautelar, um pedido de
fazer o protesto judicial de títulos de créditos. Isso
foi substituído pelo Cartório de Protestos.
 A apreensão de títulos serve para que alguns títulos
de créditos que circulam para aceite ou providencias
exigidas em lei, e muitas vezes esses títulos que
circulam são retidos por algum interessado (devedor
ou algo do tipo), cabendo a quem é favorecido pelo
título formular um pedido de apreensão de título.
o Parece mais uma busca e apreensão ou
sequestro.
o Apesar de parecer com outras medidas
cautelares, existia uma denominação,
tipificação, pressuposto e um ritual próprio no
CPC/73.
o Obs: Todas essas medidas tratadas, ainda podem ser usadas
atualmente para a veiculação de pedidos de tutelas e quando elas
são usadas, tudo que foi falado às acompanha, como inerente ao
regime jurídico delas, no qual existiam diferenças, como
pressupostos e condições (particularidades).

Procedimentos especiais

 Os procedimentos especiais hoje tem uma função diferente do que eles


têm no passado. Antigamente, se dizia que o cabimento do
procedimento especial afastava o cabimento do procedimento comum. O
procedimento especial absorve a demanda, diante da especialidade
para prever o não cabimento do procedimento comum. Com o passar do
tempo passou-se a entender que um não afasta o outro e eles são na
verdade, alternativas, podendo inclusive mesclar os procedimento, no
sentido de encaixar o procedimento especial dentro do comum ou o
contrário, existindo essa possibilidade de transito de procedimentos (ou
pelo menos das técnicas previstas nos procedimentos).
o Ex: Com a dificuldade de citar pessoas em manifestações,
aplicou-se uma técnica prevista no procedimento especial da
ação possessória, de citar os presentes no local.
o Obs: Nessa visão mais moderna se muda a compreensão que os
procedimentos se afastam, para se admitir que um complemente
o outro, desde que compatível e mantendo a dignidade dos
procedimentos especiais e a pertinência deles no sistema.

Teoria básica – procedimentos especiais

 Premissa para definição do procedimento especial


o 1ª - Análise a parte da “regra da especialidade” (normalmente
ligada ao direito material)
 A razão mais antiga para a classificação de um
procedimento em comum e outro em especial está ligada à
ideia de especialidade do direito material, tipo de demanda,
bem da vida ou objeto que um procedimento trata.
 Se existe um procedimento que comporta qualquer tipo de
direito, se está diante de um procedimento comum, sendo
os procedimentos especiais os que veiculam apenas um
tipo de direito material, é uma
 Ex: Ação possessória
 O procedimento comum é o procedimento padrão
(generalidade de casos) aplicável a todas as hipóteses que
não fossem tratadas separadamente. Procedimento
perfeito, completo, idealizado, com cognição plena e
exauriente.
 O procedimento especial é o fora do padrão (casos
específicos). Procedimento diferente, imperfeito, não
completo, com cognição que pode ser mitigada.
o 2ª – Consideração recíproca/relacional
 A segunda premissa se pauta de forma mais pragmática,
sem importar o direito veiculado.
 Essa premissa faz uma analise recíproca e comparativa
entre procedimentos. Existem procedimentos que, em
relação ao outro, é especial, por ser diferente do outro.
 Ex: Existe um procedimento chamado comum no CPC, se
existir outro ditado pelo CPC, que possui regras especiais,
diferentes, ele seria especial com relação ao primeiro.
 O procedimento comum é o padrão/modelo, os
procedimentos especiais são aqueles distintos do padrão.
 Ex:
 Nessa visão relacional, se tem que os juizados
especiais é especial em relação ao procedimento
comum, porém, se fosse adotada a premissa
anterior, ele seria comum, pois atende uma
generalidade de situações.
 A ACP também é especial em relação ao
procedimento comum. Quando comparada com a
improbidade, meio ambiente, consumidor, etc. será
procedimento comum, pois atende uma
generalidade de situações.
 A ação de família é especial em relação ao
procedimento comum. Se comparada com as
diversas espécies, será procedimento comum, pois
atende uma generalidade de situações.
 Obs: Com base nessa premissa, a ação trabalhista
seria um procedimento especial em comparação
com o procedimento comum, não pela especialidade
do direito, mas por ser diferente.
o Obs: Pelo estudo feito na matéria, se irá usar mais a segunda
premissa.
 Quais as razões que justificam a criação e a existência de
procedimentos especiais?
o Enxergando as razões para criação e existência, é possível
entender qual é o destino, como tratar e como aplicar os
procedimentos especiais.
o Sempre se trabalha com a ideia de existir dois tipos de
procedimentos (comuns e especiais) em qualquer espécie de
processo (conhecimento, execução e “cautelar”).
o A explicação para a existência desses modelos procedimentais
dentro de cada espécie de processo é dividida normalmente em
quatro razões:
o Razões históricas (tradição)
 Ex: Possessórias, usucapião (não é mais especial).
o Direito material (ou à pessoa litigante)
 São as especialidades do direito material que justificam a
existência dos procedimentos especiais
 Ex: Demandas de pequeno valor – JEC, interesse público
– desapropriação, direito à vida – alimentos, qualidade das
partes – prazos diferenciados, execução contra a fazenda,
estatutos do idoso, crianças, consumidor.
o Singularidade (incompatibilidade com o procedimento comum –
irredutíveis – não permitem cumulação)
 São procedimentos com singularidade que são
incompatíveis com qualquer outro tipo de procedimento.
Essas singularidades criam um tipo procedimental único.
 Ex: Recuperação judicial e falência, inventário.
 A doutrina que prega a extinção dos procedimentos
especiais, diz que se alguns subsistirem, serão em razão
das suas singularidades e, caso não existam as
singularidades, serão extintos.
o Técnicas especiais (compatibilidade com procedimento comum –
redutíveis – permite cumulação)
 Existem de técnicas especiais, diferentes das técnicas
existentes no procedimento comum. As técnicas são
diferentes, mas não são singulares.
 São técnicas de citação, audiência, liminares, etc. e por
serem diferentes já dão conta da especialidade ou
classificam um procedimento como especial.
 Ex: Necessidade de tutelas de urgência, possessórias,
usucapião, anulação de títulos ao portador, nunciação de
obra nova.
 Apesar de essas técnicas estarem previstas nos
procedimentos especiais, não se quer dizer que elas não
poderiam estar no procedimento comum. É inclusive por
essa razão que dizem que existe a possibilidade de
circulação dessas técnicas.
 Esses procedimentos especiais que tem apenas técnicas
especiais são redutíveis, podendo ser reduzidos ao
procedimento comum, conforme o art. 327, § 2º, CPC.
Quando existir dois tipos de demandas, cada uma com seu
procedimento distinto, não existe problema de se cumular
essas demandas dentro de uma só, desde que siga pelo
procedimento comum, porém, não existe problema de se
pegar a técnica especial do procedimento especial e
aplicar no comum, sendo isso o “livre transito de técnicas”
para as técnicas especiais e não singulares.
o Obs: Essas são as razões tradicionais, não significa que todas
ainda subsistem, mas se quer ainda justificar a existência de um
procedimento especial se vai a uma ou mais razões e justifica.
 Características dos procedimentos especiais – paradigma da legalidade
estrita
o No passado, se utilizava essas características para estudar e
definir os procedimentos especiais.
o Legalidade
 Se tinha um paradigma da legalidade estrita, em que se
fosse feita uma mudança da ordem das coisas ditadas no
ritual, existiria uma nulidade absoluta automática, pois
vigorava até então a ideia que a legalidade tinha que ser
observada para garantir a liberdade, igualdade, adequação
e formalismos (todos garantidos sob a legalidade estrita,
sem mitigação) sob o viés do processo como norma
cogente e de ordem pública.
o Taxatividade
 Era uma característica que mostrava que os
procedimentos especiais eram só aqueles indicados pela
lei, seja em um rol ou espalhados pela lei, mas sempre de
forma taxativa.
 Essa taxatividade seguia o fluxo da legalidade, não
permitindo a liberdade de formas, escolha e criação de
procedimentos.
 Atualmente, no CPC e com base no paradigma da
liberdade das formas, existe a possibilidade, por negócio
jurídico processual, de adequar o procedimento às
particularidades do caso concreto e até mesmo criar
procedimentos especiais para uma demanda concreta.
o Excepcionalidade
 Toda demanda em princípio deveria se submeter ao
procedimento comum, pois ele é o mais adequado às
garantias do devido processo legal, contraditório e ampla
defesa, sendo ele a regra.
 O especial era para situações excepcionais, ou seja,
escolhidos com base na excepcionalidade.
o Indisponibilidade
 A visão que se tinha no passado era de que, quando o
ordenamento criava um procedimento especial para um
tipo de demanda ou direito, não existia disponibilidade para
abrir mão dele e usar o procedimento comum.
 Existia uma adequação perfeita da excepcionalidade / do
procedimento especial a certas situações, capaz de afastar
o interesse de agir no manuseio do procedimento comum.
Isso também era aplicado dentro do procedimento comum,
quando existia divisão entre procedimento comum sumário
e ordinário.
 O entendimento mais recente é que existia possibilidade
de dispor, indo do procedimento especial para o comum.
o Inflexibilidade
 O procedimento não era flexível, sujeito a adaptações ou
modificações, seja negociada ou judicial. Somente em
caráter excepcional que existia a flexibilização
procedimental
 Atualmente isso mudou radicalmente, a flexibilização
negociada é aceita sempre.
o Infungibilidade
 Não existia fungibilidade, se a pessoa escolhe-se errado o
procedimento, não era possível corrigir.
 Existia uma fungibilidade interna, por exemplo, dentro das
possessórias em sentido estrito, trocando manutenção por
reintegração ou interdito proibitório, mas nunca pegando
uma ação possessória e receber como um embargo de
terceiros, etc.
o Exclusividade (técnicas especiais apenas nos procedimentos
especiais)
 Tinha-se a exclusividade no sentido que só nos
procedimentos especiais existiam técnicas especiais,
sejam as singulares ou não singulares.
o Essas características acabavam prescrevendo o seguinte:
 Submissão do juiz aos procedimentos rígidos previstos em
lei (não pode criar etc)
 Legalidade
 Os procedimentos especiais são os descritos em lei (não
pode usar analogia)
 Taxatividade
 Preservação e supervalorização da segurança jurídica e do
devido processo legal na prestação jurisdicional formal, em
que se tem como adequado aquilo que está na
especialidade, sem poder flexibilizar, existindo uma
adequação formal.
 Rigidez como regra do procedimento comum (prazos,
ordem de provas etc)
 A flexibilização é excepcional (foro de eleição, providências
preliminares)
 Inflexível
 O procedimento comum afastado do direito material
 O procedimento comum estava mais focado no
processo (forma) do que no direito material
(substância)
 Um procedimento especial não pode ser usado no lugar de
outro (possessórias)
 Indisponibilidade
 Procedimentos especiais para atender tutelas
diferenciadas (leis esparsas)
 Técnicas especiais devem ser aplicadas nos limites dos
procedimentos especiais (liminar)
 A tutela condenatória exigir a segurança do processo
subsequente de execução (as exceções são as descritas
nos procedimentos especiais do MS, despejo,
possessórias, etc.)
 Evolução – mudança de paradigma a partir das reformas
o A situação foi substancialmente alterada a partir da década de 90,
pois percebeu-se que o processo não tinha técnica apurada para
alcançar finalidades mais atuais e serviam mais para cometer
abusos. Diante dessa constatação foram iniciadas reformas da
década de 90, fazendo uma transição entre a legalidade das
formas para a liberdade das formas.
o Primeiro momento
 Queria mudar a compreensão sobre os procedimentos
especiais (releitura)
o Segundo momento
 Percebeu-se que a solução não seria a anterior
 Passaram a realizar uma melhoria, não perante a criação
de procedimentos especiais, mas sim fazendo algo novo,
criando um NCPC e um procedimento comum que desce
conta de mais circunstancias.
 CPC 2015 – novo paradigma – liberdade das formas
o Nesse paradigma, se vê nitidamente a possibilidade de ter a
eficiência (princípio da eficiência) como um norte, além da justa
medida para melhor atender a solução da demanda, sendo
possível a justa medida através da adaptação (princípio da
adaptabilidade).
o Até então, a adequação perfeita era criar procedimentos
adequados para cada tipo de demanda, porém isso era uma
utopia, passando a melhorar um procedimento comum, para ele
ser mais eficiente e deu a ele a prerrogativa de se adaptar às
situações concretas, atingindo a adequação.
o A principal ferramenta para se realizar a adaptação e alcançar a
adequação seria por meio da flexibilização.
o Técnicas destinadas à adaptação procedimental
 Essa adaptação pode ser feita pelo juiz, porém, se espera
que ela seja criada pelas próprias partes, por meio de
negócio jurídico processual.
o Procedimento comum melhorado – NCPC
 Extinção dos ritos sumário e ordinário
 Reestruturação do procedimento comum (aproveitando o
que havia de melhor nos dois ritos)
 Inicial e contestação instruídas com rol de testemunhas
 Ampliação das hipóteses de improcedência liminar do
pedido
 Ampliação das hipóteses de tutela de evidência
 Estabilização da tutela antecipada
 Audiência de conciliação/mediação (compulsória)
 Negociação processual
 Importação de técnicas em caso de cumulação (até
mesmo sem cumulação)
 Fim da distinção entre as formas de suscitar incompetência
relativa e absoluta, facilitação da impugnação ao valor da
causa, assistência gratuita, etc.
 “Reconvenção” dentro da contestação
 Correção do polo passivo (antiga nomeação à autorida)
 Coisa julgada sobre questões prejudiciais
 Redução do prazo da fazenda
 Comparecimento de testemunhas
 Julgamento parcial de mérito
 Saneamento compartilhado e fim da adui6encia preliminar
 Facilitação da obtenção de tutelas provisórias (“extenição”
das cautelares)
 Extinção de procedimentos espeicais (anulação títulos ao
portador, usucapião)
o Destaques importantes: generalização de institutos que antes só
existiam em procedimentos especiais
 É a incorporação de algumas técnicas e particularidades
dos procedimentos especiais pelo procedimento comum
 O procedimento comum admite qualquer tutela obtida
mediante cognição sumária (cautelar, antecipatória,
urgência, evidência, antecedente ou incidental)
 Poderes de adaptação pelo juiz: art. 7º (mudar o
procedimento quando o contraditório estiver em risco), 139,
VI (inverter provas e dilatar prazos), 373, § 1º (poder
genérico de distribuição dinâmica do ônus da prova)
 Poder de adaptação pelas partes (art. 190)
 Foram incorporadas algumas técnicas especiais que
existiam nos procedimentos especiais: art. 356 (julgamento
parcial de mérito), monitória (estabilização e tutelas de
evidência)
 O procedimento comum permite “rituais” alternativos
(julgamento prima facie, julgamento antecipado,
julgamento após instrução, estabilização de tutela)
 Produção antecipada de provas (sem perigo)
 Livre trânsito de técnicas diferenciadas existentes em
procedimentos especiais (art. 327, § 2º, e 1.049) (entre
procedimento comum e especial ou entre procedimentos
especiais)
o O procedimento comum no NCPC expõe “rituais” alternativos –
não são adaptações (flexibilização)
 Julgamento “prima facie” (procedimento sumário de
julgamento de mérito de improcedência)
 Julgamento antecipado
 Julgamento fatiado
 Julgamento após instrução
 Estabilização de tutela antecipada (técnica monitória)
 Negócio jurídico processual (técnica que pode criar rito de
julgamento)
o Flexibilização procedimental legal (genérica)
 O art. 723, CPC e art. 6º do L. 9099, autorizam o juiz, de
forma livre, a flexibilizar o procedimento da forma que ele
achar mais justa
 Essa flexibilização legal genérica é excepcional, sendo
aplicada somente nos procedimentos de jurisdição
voluntária
o Flexibilização judicial em prol do contraditório (mudança do
procedimento quando o contraditório estiver em risco)
 Está prevista no art. 7º do CPC
 O juiz deve zelar pelo contraditório, logo, deve flexibilizar o
procedimento para satisfazer o contraditório quando este
estiver em risco.
o Inversão de provas e dilatação de prazos
 Art. 139, VI, CPC
 É o caso de inverter provas e dilatar prazo, como por
exemplo, fazer perícia antes do momento adequado, ouvir
testemunhas antes da perícia, aumentar prazos
processuais, etc.
o Poder genérico de distribuição dinâmica do ônus da prova
 O art. 373, § 1º, CPC, é uma hipótese não genérica, sendo
específica para a distribuição do ônus da prova.
o Flexibilização negocial (voluntária)
 É o poder de adaptação pelas partes
 O art. 190, CPC diz que as partes podem regular qual será
o formato do procedimento para o caso deles.
 O art. 191, CPC prevê a possibilidade de estabelecimento
de um calendário processual.
 Persistem as razões que justificaram a criação de procedimentos
especiais? Destino dos procedimentos especiais (Didier, Cunha e
Cabral)
o Existem procedimentos especiais que possuem técnicas
singulares e irredutíveis (falência/recuperação, inventário/partilha,
juizados especiais (estrutura)), sendo difíceis de modificar.
o Inversão da técnica legislativa
 Criação de “técnicas” para o procedimento comum no lugar
da criação de procedimentos especiais
 Existirá uma mudança na compreensão do legislador para,
ao invés de criar procedimentos ou rituais, criar técnicas
que possam servir a propósitos.
o Haverá cada vez mais flexibilidade procedimental
 Cada vez mais existirão poderes de adaptação e
flexibilização.
 Atualmente o STF está discutindo os poderes do juiz no
âmbito da execução, sendo essa discussão a base para a
discussão de o juiz possuir poderes de flexibilização de
procedimentos em geral.
o Os procedimentos especiais escolhidos pelas partes em negócio
jurídico processual poderão ser utilizados
 Os procedimentos serão objeto não só de adaptação
negociada, mas de escolha do procedimento que se
pretende utilizar.
 Se as partes podem criar procedimentos, porque elas não
poderiam escolher?
 Ex: Fazer um contrato com alguém, prevendo que os
problemas serão resolvidos na forma de um procedimento
previsto em lei.
o Criação de procedimento especial em negócio jurídico processual
o Espaço para surgimento de processos “multipolares”
 Vários interesses sendo julgados no mesmo processo
(falência, inventário, etc)
o Desjudicialização dos processos
 Jurisdição voluntária (protesto, notificação, interpelação)
o Alguns procedimentos ficarão obsoletos
 Ex: Divisória, demarcatória, etc.
o Se os tribunais liberarem o poder previsto no art. 139, IV, CPC,
haverá a extinção de procedimentos especiais executivos
 Como dito anteriormente, é o caso do juiz possuir poderes
de flexibilização de procedimentos em geral.
 Relação entre procedimentos comum e especial
o Diálogo das fontes (complementariedade e compatibilidade)
 Existe uma estrutura montada de procedimentos especiais,
que pode-se usar se quiser, porém, se não quiser, pode
usar as técnicas previstas nos procedimentos, trazendo
elas para o procedimento comum. (art. 37, CF e art. 8 e 15
do CPC)
 Isso tudo deve estar pautado na eficiência e visão da
aplicação dos procedimentos especiais de forma supletiva,
subsidiaria, complementar e compatível
o Livre trânsito de técnicas
 Art. 15, 318, 1.049 e 327, § 2º, CPC
 Obs: O procedimento comum é sempre aplicado de forma
subsidiaria para os procedimentos especiais (art. 318,
CPC)
 Técnicas diferenciadas previstas em procedimentos especiais
o Técnicas de citação, tutela e mediação das possessórias
 Ação de rescisão de contrato (extinção do procedimento
comum de força velha – não faz mais sentido, pois a
diferença estava na liminar), ações petitórias, ações de
conhecimento.
o Técnica de tutela de evidência e embargos de terceiro
 Ação de desconstituição da adjudicação ajuizada após o
prazo
o Técnica da coisa julgada sobre a usucapião especial (urbana ou
rural)
 A usucapião arguida em resposta pode ser levada registro
(a questão prejudicial faz coisa julgada no ncpc)
o Técnica monitória
 Hipóteses de tutela de evidência e estabilização de tutela

Possessória em sentido amplo e estrito

 O agrupamento que forma as ações possessórias em sentido amplo,


sendo elas ligadas pelo direito material, de forma que todas essas ações
visam proteger a posse, propriedade e outros direitos, sempre pautadas
em causa de pedir chamada de jus possidendi, comportando dentro dela
propriedade, usucapião, direito real, direito contratual, sendo usada em
contraposição a outra causa de pedir chamada de jus possessionis, que
é mais restrita, possuindo fundamento apenas na posse preexistente.
 Logo, esse agrupamento de ações é feito pela afinidade de proteger os
direitos do direito das coisas e possuem uma causa de pedir mais
ampla.
 Existem um rol de ações nesse agrupamento que abarcam diversas
outras ações, porém, só iremos estudar as que estão dentro do CPC
o Possessórias em sentido estrito (manutenção, reintegração e
interdito proibitório)
o Embargos de terceiro
o Oposição
o Divisória e Demarcatória
o Monitória para entrega de coisa
o Observações sobre a usucapião
 Obs: Usa-se em contraponto às possessórias em sentido amplo as
possessórias em sentido estrito, porém, as em sentido amplo abarcam
todas as possessórias, inclusive as de sentido estrito. O professor faz
uma distinção entre elas, justificado pelo fato de que as possessórias em
sentido estrito gozam, por conta do direito material, de um regramento /
características muito peculiares, que acabam repercutindo no âmbito do
procedimento não só quando se adota um procedimento especial, mas
também no procedimento comum. Em outras palavras, essas
características são inerentes a qualquer procedimento, desde que eles
veiculem uma ação possessória em sentido estrito (mesmo no
procedimento comum). Por ter esse regime jurídico estabelecido a partir
dessas particularidades, é preciso distinguir das demais ações que
também tutem posse, mas que não usam desse regime jurídico. Logo,
entender as possessórias em sentido estrito e em sentido amplo serve
para entender quando ou não se aplica o regime jurídico que é
predefinido em lei que é inerente às possessórias em sentido estrito
o Obs: As possessórias em sentido estrito não são vinculadas ao
procedimento especial, podendo ser usada no procedimento
comum ou no especial.
 Ações possessórias em sentido estrito
o Causa de pedir
 Jus possessionis
o Fundamento:
 Principal efeito da posse (único que decorre apenas da
posse) – art. 1.210, CC. É o que define o denominado
caráter da posse.
o Procedimento
 Há uma dupla perspectiva / opção em termo de
procedimento quando a posse é nova (1 ano e 1 dia da
lesão), podendo ser o comum ou o especial, já prevista em
lei. Se a posse for velha, o procedimento será
exclusivamente comum.
o Técnica geral:
 Justificação, conciliação, mediação, citação, fungibilidade,
duplicidade, cumulatividade, restrição cognitiva horizontal,
etc.
o Técnica especial:
 Tutela de evidência
o Ex de ação em sentido estrito
 Reintegração de posse
 Manutenção de posse
 Interdito proibitório
 Obs: O CPC/1939 colocava a ação de imissão em posse
nesse rol, porém ela não tinha como causa de pedir a
posse pré-existente, de modo que ela passou a ser em
sentido amplo.
 Ações possessórias em sentido amplo
o Causa de pedir
 Jus possidendi
o Fundamento
 Devido processo legal, limites subjetivos do processo,
responsabilidade patrimonial, boa-fé, propriedade, locação,
etc.
o Procedimento
 Não há uma dupla opção como regra. Será o comum ou o
especial na maioria das ações.
 As possessórias em sentido amplo podem, tendo
procedimento especial, usar o procedimento comum, mas
não com essa técnica prevista em lei, e sim outra técnica,
como a prevista no art. 327, CPC, que permite que quando
duas ações puderem ser cumuladas elas podem utilizar o
procedimento comum.
o Técnicas especiais e gerais
o Ex de ação em sentido amplo:
 Embargos de terceiro
 Oposição
 Monitória
 Divisão e demarcação
 Reivindicatória
 Imissão de posse
 Usucapião
 Nunciação de obra nova
 Obs: Só vamos estudar as grifadas.

Ações possessórias em “sentido estrito”

 Justificativa para a existência de procedimentos especiais para as ações


possessórias em sentido estrito (especialidade do direito material)
o O que justifica a existência de procedimentos especiais para as
ações possessórias em sentido estrito é a especialidade do direito
material, ou seja, é a especialidade do direito material que
justifica a especialidade do procedimento.
 Previsão de técnica geral e especial - redutível
o Antigamente existiam mais técnicas especiais, como por exemplo,
a audiência de justificação, que se tornou comum.
o Existem técnicas que podem ser consideradas especiais nas
possessórias em sentido estrito.
o Nas possessórias em sentido estrito ainda existem técnicas
próximas às antigas que se tornaram comuns, mas algumas
dessas técnicas, que também são identificadas como
características, também podem ser movidas pelo procedimento
comum. Assim, elas em si não seriam suficientes para sustentar
um procedimento especial, por exemplo, as técnicas de
conciliação em demandas coletivas, citação em litisconsórcios
multitudinários, que apesar de serem técnicas especiais dentro
das possessórias em sentido estrito, não são inerentes ao
procedimento especial, podendo ser usadas em outros
procedimentos. São redutíveis
o A técnica especial que identifica o procedimento especial da ação
possessória em sentido estrito é a técnica da tutela de evidência
especial prevista para essas ações.
 Essa técnica é especial, diferente das previstas no art. 311,
CPC.
 Obs: Essa técnica especial não é singular, podendo ser
reduzida ao procedimento comum. Por isso, muitos autores
dizem que as possessórias em sentido estrito poderiam
estar dentro do procedimento comum, já que a única
especialidade é a liminar de evidência, que poderia ser
inserida no art. 311, CPC.
 Obs: Acaba que as disposições das possessórias em sentido estrito no
CPC acabam regulando características que são inerentes às
possessórias em sentido estrito, que estão mal alocadas.
 Resumo: É um procedimento que pode ser reduzido ao comum, mas
tem sido mantida como procedimento especial para dar destaque e criar
seu regime jurídico.
 Livre transito de técnicas? (especialidade do direito processual)
o A especialidade do direito material irá repercutir na especialidade
do direito processual
o Como já estudado, uma técnica que é especial pode transitar,
porém, existem direitos materiais que possuem um núcleo que
atraem uma série de outras normas de outra natureza, inclusive
um procedimento especial e uma técnica especial. Quanto mais
se tem um direito especial (mais forte for o direito especial) mais
ele atrai como um ima a técnica processual e dificulta o transito
dela. (Entendimento do professor Mazzei)
o Segundo o professor Mazzei, uma técnica especial (mesmo que
não singular) que está muito próxima do direito material mais
difícil fica o transito dela em outros procedimentos (livre transito
de técnicas)
o Como se está estudando aqui ações possessórias em sentido
amplo que possuem afinidade de procedimentos e tutelam o
mesmo direito material (posse), se torna mais fácil a circulação
dessas técnicas. O professor entende que, excepcionalmente,
também pode-se aplicar essa técnica no procedimento comum
quando a demanda estiver sendo veiculada por esse rito.
 Especificidade da causa de pedir (jus possessionis)
o A causa de pedir é o direito de possuir, como se pode ver no
direito material (art. 1.210 a 1.222, CC) que trata dos efeitos da
posse.
o No momento, interessa falar sobre os direitos aos interditos
possessórios, vez que o direito material prevê como principal
efeito da posse o direito à proteção da posse, aos chamados
interditos possessórios. Os interditos são ordens interditais /
mandamentais que suspendem, repõem, evitam a lesão
possessória e protegem a posse.
 Obs: É o principal efeito da posse porque não existem
condicionantes dentro dos art. 1.210 a 1.212, CC para que
esses efeitos sejam realizados além do fato de existir
posse. Para se aplicar as regras citadas basta que exista
posse (tenho posse logo tenho direito aos interditos)
o Essa proteção transcende o direito matéria e chega ao direito
processual.
o Existe proteção material, pois existe um resquício de autotutela
na medida em que o art. 1.210 prevê a possibilidade de legitima
defesa da posse e esforço imediato.
o Art. 1.210
 O art. 1.210, quando fala que só existem essas três ações
(manutenção, reintegração e interdito) ele acaba por
identificar o que seria o caráter possessória / característica
que faz uma ação ser possessória, que acaba definindo o
procedimento possessório.
 Para ter caráter possessório deve-se ser uma ação
pautada exclusivamente no direito possessório do art.
1.210. Se ela for pautada com causa de pedir do art. 1.210,
de pedido de posse com base / efeito em posse (direito
material de interditos), se estará diante de uma ação que
tem caráter possessório.
 Ex de quando não tem caráter possessório: Pessoa
pede posse porque fez um contrato de obrigação de
compra e venda e não recebeu o bem.
 Nesse art. se tem duas perspectivas da proteção, uma que
transcende o direito material e chega ao processo, que são
os comandos para manter, reintegrar e assegurar o
possuidor, que podem ser emitidos pelo judiciário, e outra
no § 1º que diz que pode ser praticada a autotutela para
manter ou restituir a posse, contanto que faça logo.
 Por mais que o CC tenha passado por uma filtragem
quanto a normas de direito processual, o art. 1.210 trás
comandos para o poder judiciário e uma autorização legal
impondo a todos a autotutela.
 Quando se tiver discutindo o efeito da posse (direito aos
interditos) a outra parte pode até alegar a propriedade,
mas isso não ser suficiente para impedir a proteção
possessória.
 Obs: Algumas pessoas interpretam esse dispositivo
como sendo uma proibição à alegação de domínio
(exceção de domínio / usucapião). Os civilistas
dizem que a ideia original era de que, como a regra
era de que o possuidor era proprietário, não existe
porque discutir propriedade na ação possessória,
não existia autonomia entre essas duas coisas. Com
o passar dos anos, isso se adaptou à realidade de
que esses institutos são autônomos e as vezes
antagônicos, buscando se resolver primeiro o
problema possessório (fático) para depois ir para o
campo da propriedade (jurídico)
 Obs: Alguns dizem que o § 2º é uma regra
processual que proíbe, em resposta do réu, alegar
propriedade.
 O art. 1.210 trata do caráter possessório e da causa de
pedir (jus possessionis); o § 1º trata da autotutela e uma
tutela provisória diferenciada; o § 2º trata da exceção de
domínio / usucapião e da cumulação de pedidos
o Art. 1.211
 Segundo esse art., na dúvida deve-se manter quem está
com a posse, vez que quem está com a posse goza da
presunção de ter razão.
 Essa presunção fala de tutela provisória, no sentido de
que, na dúvida, as tutelas provisórias devem favorecer
quem está com a coisa.
 Obs: Não parece ser uma regra de direito material,
mas sim de direito processual
 O art. 1.211 trata de uma tutela provisória diferenciada
o Art. 1.212
 Esse art. trata da possibilidade de ajuizar ação possessória
contra terceiro com a coisa, caso demonstrado que a
pessoa não está de boa-fé (ignorância da existência de
vício ou obstáculo que impede a aquisição da coisa),
sendo o ônus da prova de quem propõe a ação.
 Obs: Nesse caso é a boa-fé da regra de
classificação possessória.
 A leitura que se faz desse art. é que, se nele existe uma
regra para mover a pretensão perante terceiros, na
verdade se está tratando de uma questão afeta à
legitimação passiva. Tanto é que aprovaram um enunciado
na jornada de direito civil que diz que o terceiro de boa-fé
(o terceiro que não fica provado que ele tinha ciência de
vício ou obstáculo que impedia a aquisição da coisa) é
parte ilegítima para figurar no polo passivo de uma ação
possessória, cabendo contra ele uma ação petitória ou
outro tipo de ação.
 Obs: O terceiro de boa-fé, que possui posse de forma
autônoma, não será atingido pela ação possessória, vez
que quem agrediu ou esbulhou que deverá arcar com as
perdas e danos e a demanda não poderá ser proposta
contra ele (ilegitimidade).
 Obs: Esse terceiro poderá ser atingido por ação de
responsabilidade civil ou ação de domínio, já que
ele é proprietário e a outra pessoa possui
injustamente (sem conotação do código civil de que
a injustiça é marcada pela violência, clandestinidade
ou precariedade), no sentido de que a injustiça é
uma pessoa ser proprietária e não ter posse, de
forma que a boa-fé não isentará o terceiro de
responder.
o Obs: Do 1.210 ao 1.212 se tem uma série de regras matérias que
transcendem para influenciar no processo e é por isso que daqui
consegue-se extrair o fundamento das possessórias em sentido
estrito.
 Essa especialidade do direito material repercute no procedimento
especial
 Como se poderá ver a seguir, o procedimento possessório é especial
simplesmente em razão da tutela de evidência especial.
 Dentro das regras do CPC para essas ações se tem uma parte de
disposições gerais que diz respeito apenas às características das ações
possessórias em sentido estrito, sejam elas pelo procedimento comum
ou pelo procedimento especial (art. 554 a 559), inexistindo relação
exclusiva com o procedimento especial.
 Do art. 560 ao 566 se tem a parte do procedimento especial das ações
possessórias em sentido estrito (que serve para manutenção,
reintegração e interdito proibitório), vez que o art. 560 fala da ação
(repete o art. 1.210, CC); o art. 561 fala do ônus de apresentar alguns
elementos na petição inicial e documentos (requisitos da liminar); o art.
562 fala do deferimento da tutela de evidência, para a qual se pode pedir
uma audiência de justificação para o deferimento, que contra a fazenda
pública é obrigatória; o art. 564 trata da citação; o art. 565 trata do
litisconsórcio multitudinário, que é uma técnica para análise de liminar
contra um considerável número de pessoas, que não é inerente ao
procedimento especial; o art. 566 diz que, após essa fase, tudo volta ao
procedimento comum
o Como se viu, a única particularidade dessa ação é a tutela de
evidência.
o Obs: É possível obter as tutelas de evidência gerais aqui nesse
procedimento
 O art. 567 e 568 tratam do interdito proibitório, mas é aplicado o mesmo
que no procedimento especial
 Por que essa liminar fica “grudada” ao direito material e torna esse
procedimento especial?
o Quando uma pessoa tem posse e é lesada (turbação ou esbulho),
ela tem direito a autotutela, desde que faça logo (regra de direito
material). Se a pessoa não quer praticar a autotutela e ir para a
justiça, não seria justo com ela se ela não fosse conseguir a
mesma coisa que conseguiria caso tivesse praticado a autotutela,
vez que ela teria mais poderes de reação caso praticasse
autotutela do que a justiça teria quando da apreciação do pedido.
Quando a pessoa pratica autotutela ela não precisa invocar que
tem perigo, basta que ela tenha posse e está sendo agredida ou
está protegendo para agir contra a pessoa, sem a necessidade de
levar isso à homologação judicial.
o Assim, se ela tem isso a titulo de direito material (especialidade
do direito material), faz sentido ela possui essa especialidade no
direito processual, podendo pedir ao juiz a retomada da posse
naquele momento, como se fosse na autotutela, bastando que a
pessoa tenha posse e estar sendo lesado.
o Quando isso é levado ao judiciário, a expressão “desde que se
faça logo” é 1 ano e 1 dia, tornando um dado objetivo. Passado
esse prazo, perde-se a autotutela, a liminar especial e o
procedimento especial, só podendo fazer uso só da ação
possessória pelo rito comum.
 Obs: O art. 558, p.u., CPC diz que não perde o caráter
possessório passado o prazo de 1 ano e 1 dia, logo, pode-
se aplicar tudo que está previsto no art. 554 ao 559, CPC
o Resumo: Os requisitos para essa tutela são a prova da posse, a
prova da lesão e a prova do lapso temporal.

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