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CONCEITO DE DIREITO DO TRABALHO

1. Definição
Para Maurício Godinho Delgado é “complexo de princípios, regras e institutos
jurídicos que regulam a relação empregatícia de trabalho e outras relações normativamente
especificadas, englobando, também, os institutos, regras e princípios jurídicos concernentes às
relações coletivas entre trabalhadores e tomadores de serviços, em especial através de suas
associações coletivas”.

1.1 – Autonomia
É pacífico na doutrina pátria o entendimento da autonomia do direito do trabalho,
partindo do princípio da “a existência de princípios próprios e institutos peculiares”. Um
exemplo, segundo Godinho é que “as teorias justrabalhistas de nulidades e de hierarquia das
normas jurídicas, que são claramente diferentes das adotadas pelo direito civil”.

1.2 – Características
É um direito que visa à correção das desigualdades sociais e econômicas entre as
forças do capital e do trabalho e à efetivação dos valores, princípios e regras que têm por
objeto a dignificação da pessoa humana na relação empregatícia, no plano individual e
coletivo, com tendência expansionista para alcançar outras relações de trabalho

2. Natureza jurídica
Apesar de haver uma certa divergência acerca deste tema, hoje, a maioria da doutrina
consagra o direito do trabalho como integrante do direito privado.

3. Função
Para ramo do direito do trabalho constitucionalista, a função primordial da referida
disciplina é a proteção e garantia ao princípio da dignidade da pessoa humana.

4. Formação Histórica
Assim como a questão da natureza jurídica, existem também visões opostas a respeito
do surgimento do direito do trabalho, sendo, contudo, mais aceita a tese de que este se
originou no contexto da revolução industrial do século XVIII.
5. Dano Moral no Direito do Trabalho
Em um primeiro momento, é válido citar a definição de dano moral como a lesão que
emerge da violação de determinados interesses não materiais, porém também são bens
jurídicos protegidos inerentes à personalidade do ser humano, podendo também alcançar
os valores extrapatrimoniais reconhecidos à pessoa jurídica ou mesmo a uma
coletividade, classe, grupo ou categoria de pessoas (danos morais coletivos).
Nesta seara, esse instituto se encontra na CF/88 em seu artigo 5º, V e X e na CLT nos
art. 480, 428, alínea “k” e o 483 alínea “e”, havendo ainda previsão de proibição do trabalho
prejudicial a moral do adolescente nos arts. 405 a 407. Além disso, a reforma trabalhista
trouxe na CLT o Título II-A (DO DANO EXTRAPATRIMONIAL).
Por fim, cabe destacar que todo ato de discriminação praticado pelo empregador
implica, via de regra, lesão de direitos da personalidade do empregado que pode empolgar
ação de indenização por danos morais.

5.1. Hipóteses de Dano Moral Trabalhista


O dano moral pode ocorrer antes, durante e após a extinção do contrato de trabalho.

5.1.1. Na fase Pré-Contratual


Ocorre durante o processo de seleção, entrevista e treinamento, com coação por
assédio sexual, exames físicos degradantes ou vexatórios, publicidade maliciosa ao candidato
homossexual ou portador do vírus HIV ou ainda a discriminação para contratar trabalhadores
por motivo de sexo, religião, raça, situação familiar etc.

5.1.2 Durante o Contrato de Trabalho


Decorre de atos lesivos ao nome, à honra e à imagem do empregado, assédio sexual,
assédio moral, revistas íntimas ou trabalho em condição de escravidão. Também por
discriminação (Lei 9.029/95) praticados pelo empregador por motivo de raça, cor, sexo, idade,
estado civil, religião, gravidez etc.
Outrossim, também é previsto para os casos de acidentes e doenças adquiridas no
curso do contrato de trabalho, desde que tenham nexo de causalidade com a atividade
desenvolvida pelo empregado, também podem implicar responsabilidade do empregador
pelos danos morais por lesões à integridade física ou psíquica do empregado.
5.1.3. Na fase Pós-Contratual
Pode ocorrer quando o empregador fornece informações desabonatórias e inverídicas
de seu ex-empregado à pessoa física ou jurídica que pretende contratá-lo ou quando o
empregador realiza discriminação do empregado inserindo o seu nome nas chamadas “listas
negras”, “listas discriminatórias” ou “listas sujas”, prejudicando o trabalhador na busca por
nova colocação no mercado de trabalho.

5.2. Dano Moral Coletivo


Segundo Xisto Tiago Medeiros Neto que o dano moral coletivo corresponde a uma
“lesão injusta e intolerável a interesses ou direitos titularizados pela coletividade
(considerada em seu todo ou em qualquer de suas expressões – grupo, classes ou categorias de
pessoas), os quais possuem natureza extrapatrimonial, refletindo valores e bens fundamentais
para a sociedade”.
A CF/88 confere legitimidade ao Ministério Público do Trabalho para o
ajuizamento da ação civil pública para a defesa dos direitos metaindividuais e
responsabilizar o réu por danos patrimoniais e morais.
Na hipótese de condição de trabalho análoga à de escravo, além da responsabilidade
penal do empregador (CP, art. 149), pode ele ser condenado a indenizar por danos morais
coletivos causados tanto ao grupo de empregados lesados (direitos coletivos) quanto aos
potenciais trabalhadores (direitos difusos) que seriam contratados em condições degradantes
idênticas.
Finalmente, quanto a destinação dos recursos o artigo 13 da lei 7.347/85 disciplina a
matéria, ditando que o dinheiro advindo da condenação deverá ser revertido a um fundo
gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão
necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos
destinados à reconstituição dos bens lesados. Também diz que enquanto tal fundo não for
criado, o valor ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com
correção monetária.

6. Fontes do Direito do Trabalho


O art. 8º da CLT trata diretamente das fontes subsidiárias do direito do trabalho:

Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de


disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por
analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do
direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas
sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse
público.
.
§ 1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho.
§ 2º Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do
Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente
previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei.
§ 3º No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho
analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico,
respeitado o disposto no art. 104 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e
balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva.”
(NR)

6.1 – Fontes Materiais do Direito do Trabalho


Fontes materiais são os fatos políticos, econômicos e sociais trabalhistas. Logo, pode-
se inferir que antecedem a criação das normas trabalhistas. Um exemplo claro seriam as
greves realizadas pelos trabalhadores.

6.2 – Fontes Formais do Direto do Trabalho


As fontes formais, contrastando as anteriores, são as normas em si. Desse modo, se
subdividem em heterônomas e autônomas.

6.2.1 – Fontes Heterônomas


São as provenientes de terceiro estranho a relação de emprego (normalmente o
ESTADO). Desse modo, podemos citar:
Constituição Federal 1988; leis infraconstitucionais; tratados internacionais que
disponham sobre direitos sociais trabalhistas e ratificados no Brasil; CLT*; atos normativos
do Poder Público (decreto, portaria, instrução normativa, os provimentos etc); sentença
normativa; sentença arbitral (pode ser estatal ou privada); regulamento da empresa (estatal ou
exclusivamente elaborado pelo empregador); súmula vinculante; jurisprudência.

*DEFINIÇÃO DE CLT - conjunto consolidado de princípios, regras, valores e institutos que


formam um sistema normativo especial de regulação das relações jurídicas trabalhistas e de
proteção dos sujeitos mais vulneráveis de tais relações: os trabalhadores.
6.2.2. Fontes Autônomas
São provenientes dos próprios interlocutores sociais, sem que haja a intervenção do
Estado ou de terceiros. Portanto, estas são:
Costumes (quando fruto do comportamento dos trabalhadores e empregador no âmbito
da empresa); acordos coletivos e convenções coletivas; mediação e a conciliação inclusive a
firmada perante a comissão de conciliação prévia (ccp).

6.2.2.1. Termo de Conciliação Firmado Perante a Comissão de Conciliação Prévia


A conciliação poderá ser: a) judicial, quando decorre de acordo celebrado em juízo ou
extrajudicialmente; ou b) extrajudicial, quando firmada perante comissão de conciliação
prévia.

7. Princípios do Direito do Trabalho


As fontes materiais estão situadas em um momento pré-jurídico, ou seja, antes das
fontes formais, por isso, é correto afirmar que toda fonte formal já foi uma fonte
material. São fontes materiais os acontecimentos econômicos, políticos, sociais que
envolvem o direito do trabalho. O direito laboral é fruto da escravidão, da servidão,
das Corporações de Ofício, do trabalho assalariado que pregava a liberdade um dos
ideais do Iluminismo, da Revolução Francesa, e ainda, da Revolução Industrial.

Fonte formal significa norma positiva. [...] essa norma significa aquela que tem força
coercitiva sobre seus destinatários e não precisa estar necessariamente escrita. As
fontes formais se subdividem em autônomas e heterônomas.

Fontes formais autônomas: Também são chamadas de diretas, não estatais ou


primárias. Essas são elaboradas pela participação dos próprios destinatários, sem a
intervenção do Estado. São elas: convenção coletiva do trabalho (CCT), acordo coletivo
do trabalho (ACT), regulamentos de empresa e o costume. 

Fontes formais heterônomas: São chamadas de imperativas ou estatais e são aquelas


que em que o Estado participa ou interfere. São elas: a Constituição Federal, leis (em
geral), decretos expedidos pelo Poder Executivo, sentença normativa, súmulas
vinculantes.

Fonte: http://carlamaria.com.br/content/uploads/2014/02/Fontes-do-Direito-do-
Trabalho.pdf

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