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Variáveis Complexas
"Ao longo do tempo muitos homens conseguiram atingir o êxtase da criação. A estes homens
dá-se o nome de MATEMÁTICOS."
1 N ÚMEROS C OMPLEXOS
Os números complexos surgiram naturalmente, ao menos, desde a ocorrência das equações do
segundo grau nas tabuletas de argila da Suméria, cerca de 1700 a.C. Até sua total formalização
em 1833 pelo irlandês W. R. Hamilton (1805-1865) foi um trabalho árduo.
Ao contrário do senso popular, não foram as equações do 2o grau que motivaram a criação
do corpo dos complexos, e sim as equações de 3o grau solucionada pelo matemático Italiano
Niccolò Tartaglia (registrada de forma “inusitada” em 1545 pelo matemático Girolamo Cardano
em seu livro Ars magna). As equações de segundo grau eram vistas como a formulação
matemática de um problema concreto ou geométrico e se no processo de resolução surgia
uma raız quadrada de um número negativo, isto era interpretado como prova de que tal
problema não tinha solução. Iniciou-se em 1673 com o inglês J. Wallis (1616-1703) e continuou
com os franceses A. de Moivre (1667-1754) e J. D’Alembert (1717-1783), o inglês R. Cotes
(1682-1716), o suiço L. Euler (1707-1783), etc. e pode-se dizer que estabelecida pelo norueguês
C. Wessel (1745-1818) em 1799, pelo francês J. R. Argand (1768-1822) em 1806 e o alemão
C. F. Gauss (1777-1855) em 1831, que cunhou a expressão um tanto inapropriada “números
complexos”. A formalização completa deve-se, como já mencionamos a W. Hamilton.
1.1 D EFINIÇÃO :
Um número complexo Z pode ser definido como um par ordenado (a,b) de números reais a e
b. Como notação,
z = a + bi
1
onde i é a unidade imaginário. Na engenharia é utilizado o j como unidade imaginária
(Aprenda a diferenciar). p
i = −1
sendo representado também por z = (a, b), porém será utilizada a notação z = a + bi para
representa-lo por enquanto. O número a será chamado de parte real e o número b de parte
imaginária.
z̄ = a − bi
1.1.2 P OTÊNCIAS DE I
p
i = −1
p p p
i 2 = −1 · −1 = ( −1)2 = −1
p p p p
i 3 = −1 · −1 · −1 = ( −1)2 · i = −1 · i = −i
p p p p p p
i 4 = −1 · −1 · −1 · −1 = ( −1)2 · ( −1)2 = (−1) · (−1) = 1
i5 = i4 ·i = i
Podemos estabelecer para fins de compreensão um paralelo entre o plano cartesiano e o Plano
Argand-Gauss, pois, podemos representar o eixo das abscissas (x) como o eixo real e o eixo
das ordenadas (y) como eixo imaginário.
2
Figura 1.1: Plano Argand-Gauss - z = a + bi
O plano recebe este nome em homenagem aos matemáticos, Jean-Robert Argand (1768 –
1822) e Carl Gauss (1777 – 1855), que associaram os números a e b de um número complexo a
coordenadas de um ponto no plano, criando assim uma representação geométrica para os
números complexos.
1. Adição
z1 + z2 = x1 + y 1 i + x2 + y 2 i
(1.1)
= (x 1 + x 2 ) + (y 1 + y 2 )i
3
2. Subtração
z1 − z2 = x1 + y 1 i − x2 + y 2 i
(1.2)
= (x 1 − x 2 ) + (y 1 − y 2 )i
3. Multiplicação
z 1 · z 2 = (x 1 + y 1 i ) · (x 2 + y 2 i )
= x1 x2 + x1 y 2 i + x2 y 1 i + y 1 y 2 i 2
(1.3)
= x1 x2 + x1 y 2 i + x2 y 1 i − y 1 y 2
= (x 1 x 2 − y 1 y 2 ) + (x 1 y 2 + x 2 y 1 )i
4. Divisão (z 2 6= 0)
z 1 z 1 z̄ 2
= ·
z 2 z 2 z̄ 2
(x 1 + y 1 i ) (x 2 − y 2 i )
= ·
(x 2 + y 2 i ) (x 2 − y 2 i )
(x 1 x 2 + y 1 y 2 ) + (x 2 y 1 − x 1 y 2 )i (1.4)
=
x 22 + y 22
(x 1 x 2 + y 1 y 2 ) (x 2 y 1 − x 1 y 2 )
= + i
x 22 + y 22 x 22 + y 22
4
Figura 1.3: θ = ar g (z) - Forma polar.
z̄ = r (cos θ − i sen θ)
1.3.1 P RODUTOS
1. Multiplicação
Como consequência,
ar g (z 1 · z 2 ) = ar g (z 1 ) + ar g (z 2 ) (1.9)
5
A equação acima é chamada de Fórmula de Euler, e verifica-se as seguintes propriedades:
1. e i θ1 · e i θ2 = e i (θ1 +θ2 )
¡ ¢−1
2. e i θ = e −i θ
e i θ1
3. = e i (θ1 −θ2 )
e i θ2
4. e i (θ+2kπ) = e i θ , k = 0, ±1, ±2, ±3, ...
1. z = r e i θ
2. z = r ∠θ
Assim,
z 0n = z
6
Utilizando as relações dadas na secção anterior, onde r 0 e n 0 são incógnitas,
r 0n = r, nθ0 = θ ± 2kπ
θ + 2kπ
θ0 =
n
Portanto existem exatamente n soluções distintas da equação, quando z 6= 0, a saber,
p θ + 2kπ θ + 2kπ
· µ ¶ µ ¶¸
z 0 = n r cos +i
n n
onde k=0,1,2,3,4,...,n-1.
1.5.1 E XERCÍCIOS
3. z 4 + 4 = 0
4. z 2 = −4 − 3i
1.5.2 E XERCÍCIOS
Mostre que
e i θ − e −i θ
1. sen θ =
2i
e i θ + e −i θ
2. cos θ =
2
1.5.3 E XERCÍCIOS
1. cos(z) = 2
7
1.6 L OGARITMOS
Definimos a função logarítmica natural de uma variável complexa z pela equação:
ln z = ln r + i (θ ± 2kπ) (1.14)
ln z = ln r + i θ
Bibliografia
8
Equações Diferenciais
2 E QUAÇÕES D IFERENCIAIS
Uma Equação Diferencial é uma relação que envolve como incógnita uma função e suas
derivadas ou diferenciais ou “EQUAÇÃO DIFERENCIAL É UMA EQUAÇÃO QUE CONTÊM
DERIVADAS”.
1. Quanto ao tipo:
a) Equação Diferencial ordinária – EDO: Contém somente uma variável indepen-
dente.
dy
Exemplo: y 0 = x + 5 ou = x + 5 a variável independente é x.
dx
b) Equação Diferencial Parcial – EDP: Contém mais de uma variável independente.
∂2 u ∂2 u
Exemplo: + = x 2 + y as variáveis independentes são x e y.
∂x 2 ∂y 2
2. Quanto à ordem: É a ordem da derivada mais alta que ela contém.
Exemplos:
∂2 u ∂2 u
a) + = x 2 + y é de segunda ordem;
∂x 2 ∂y 2
dy
b) + 2y = 0 é de primeira ordem
dx
3. Quanto ao grau: É obtido considerando o grau da derivada de mais alta ordem como
sendo o grau da equação, como se faz no caso dos polinômios.
Exemplos:
∂2 u ∂2 u
a) + = x 2 + y é de segundo grau;
∂x 2 ∂y 2
dy 5
µ ¶
b) + 2y 2 = 0 é de primeiro grau
dx
4. Quanto ao tipo de solução:
a) Solução Geral: É a primitiva desta equação.
d3y
Exemplo: y = Ax 2 + B x +C é a solução geral da equação diferencial = 0 , pois,
d x3
d3y
integrando = 0 três vezes, tem-se:
d x3
d3y d d2y
µ 2 ¶ Z µ 2 ¶
d y d y
µ ¶
3
= 0 ⇒ 2
= 0 ⇒ d 2
= 0 ⇒ d =A
dx dx dx dx d x2
9
d2y d dy dy dy
µ ¶ Z µ ¶ Z
2
=A ⇒ =A ⇒ d = Ad x ⇒ = Ax + B
dx dx dx dx dx
dy
Z Z
= Ax + B ⇒ d y = (Ax + B )d x ⇒ d y = (Ax + B )d x
dx
e a solução geral será:y = Ax + B x +C
b) Solução Particular: É a primitiva da Equação Diferencial, mas com valores defini-
dos para as constantes arbitrárias por ela contida.
c) Solução Singular: É uma solução da equação diferencial que não pode ser obtida
por combinação das constantes arbitrárias, isto é, a partir da primitiva desta.
d) Solução explícita: É a solução na forma , isto é, a variável dependente (função)
pode ser isolada e igualada a uma expressão, a qual é função apenas da variável
independente (não ambígua).
y 0 = f (x, y) (2.1)
ou
dy
= f (x, y) (2.2)
dx
Uma Equação Diferencial de 1a Ordem permite ser resolvida por separação de variáveis,
quando M (x, y)d x + N (x, y)d y = 0, onde y = y(x) puder ser escrita na forma:
1
para reduzirmos a uma forma mais simples multipliquemos a equação por
f 2 (x)g 2 (y)
¡ ¢ 1 1
f 1 (x)g 2 (y)d x + f 2 (x)g 1 (y)d y · = 0·
f 2 (x)g 2 (y) f 2 (x)g 2 (y)
reduzindo-se à forma:
f 1 (x) g 1 (y)
dx + dy =0
f 2 (x) g 2 (y)
onde por integração em ambos os membros encontramos a primitiva,
g 1 (y) f 1 (x)
Z Z
dy =− d x ⇒ G(y) = F (x) + K
g 2 (y) f 2 (x)
10
2.1.2 E QUAÇÕES NÃO - SEPARÁVEIS - FATOR INTEGRADOR
t y 0 + 2y = 4t 2
2 2
A EDO acima pode ser escrita como y 0 + y = 4t . Nesse caso p(t ) = está definida e é contínua
t t
para todo t em ℜ∗ e q(t ) está definida e é contínua para todo t em ℜ.
A solução geral é dada por
R ·Z R ¸
y(t ) = e − p(t )d t q(t ) · e p(t )d t +C
·Z ¸
2 2
R R
dt dt
y(t ) = e − t 4t · e t d t +C
Ou seja
K
· ¸
1 4 2
y(t ) = 2 [t + K ] = t + 2
t t
As condições suficientes para a existência de uma solução única de uma equação diferencial
de primeira ordem são definidas pelo teorema de Picard:
dy
Teorema de Picard: Considere o problema de valor inicial = f (x, y) para y(x 0 ) = y 0 . Se
dx
a função f e a derivada parcial de f em função de y são contínuas numa vizinhança do ponto
(x 0 , y 0 ), existe uma solução única y = g (x) em certa vizinhança do ponto (x 0 , y 0 ) que verifica a
condição inicial g (x 0 ) = y 0 .
O intervalo onde existe a solução única pode ser maior ou menor que o intervalo onde
∂f
a função f e a sua derivada parcial são contínuas (o teorema não permite determinar o
∂y
tamanho do intervalo). As condições do teorema de Picard são condições suficientes, mas
∂f
não necessárias para a existência de solução única. Quando f ou a sua derivada parcial
∂y
não sejam contínuas, o teorema não nos permite concluir nada: provavelmente existe solução
11
única a pesar das duas condições não se verificarem.
x2 + y 2 − c2 x
= 0 =⇒ 2x + 2y y 0 = 0 =⇒ y 0 = −
dx y
x
e, portanto, a relação dada é solução implícita da equação diferencial. A função f (x, y) = −
y
∂f x
e a sua derivada parcial = 2 são contínuas em quaisquer pontos fora do eixo dos x. A
∂y y
solução implícita dada conduz a duas soluções explícitas:
1
y 1 = [c 2 − x 2 ] 2
e
1
y 1 = −[c 2 − x 2 ] 2
no intervalo −c < x < c. O teorema de Picard nada permite concluir no ponto y = 0, mas
segundo o resultado obtido acima vemos que em cada ponto y = 0 existem duas soluções,y 1 e
y2.
2.1.4 E XERCÍCIOS
12
2.1.5 E QUAÇÕES E XATAS
As equações exatas são equações que podem ser escritas na forma M (x, y)d x + N (x, y)d y = 0,
que pode ser escrito como,
dy
M (x, y) + N (x, y) =0 (2.3)
dx
em que as funções M (x, y) e N (x, y) satisfazem
∂M (x, y) ∂N (x, y)
= (2.4)
∂y ∂x
Uma Equação Diferencial Homogênea de 1a Ordem do tipo M (x, y)d x + N (x, y)d y = 0 é dita
exata se somente se, a diferencial da função u(x, y) for nula, isto é,
∂u(x, y) ∂u(x, y)
µ ¶ µ ¶
du = dx + dy =0 (2.6)
∂x ∂y
1. è dita equação diferencial exata se for proveniente de uma função do tipo u(x, y) = C .
Assim,
∂u(x, y)
M (x, y) = (2.7)
∂x
∂u(x, y)
N (x, y) = (2.8)
∂y
Logo assumindo a Equação (2.4),
∂2 u(x, y) ∂2 u(x, y)
= (2.9)
∂x∂y ∂y∂x
Sendo as derivadas mistas de 2a ordem iguais, isto significa que as derivadas provém da
mesma função u(x, y) = C . Assim, a solução da equação diferencial será,
Z
u(x, y) = M (x, y)d x + h(y) (2.10)
onde h(y) é uma constante em relação a x, e para encontrar h(y) temos que derivar 2.10 em
relação a y.
∂u d d d d
Z Z
= M (x, y)d x + h(y) =⇒ N = M (x, y)d x + h(y)
∂x d y dy dy dy
Assim,
d
Z µ Z ¶
h(y) = N (x, y) − M (x, y)d x d y (2.11)
dy
13
2.1.7 FATOR I NTEGRADOR - EDO E XATAS
Podemos utilizar uma estratégia para resolução de EDO não exatas, convertendo-as para
exatas, Sendo a EDO não exata,
Isto é,
∂M (x, y) ∂N (x, y)
6=
∂y ∂x
Podemos transformar a equação em exata multiplicando por um Fator Integrador que a
transforme,
assim
∂µ(x, y) ∂µ(x, y) ∂M (x, y) ∂N (x, y)
µ ¶
N (x, y) − M (x, y) = − µ(x, y)
∂x ∂y ∂y ∂x
Para depender somente de x
∂µ(x, y) d µ(x, y)
=
∂x dx
e
∂µ(x, y)
=0
∂y
e podemos encontrar o fator
14
Obtendo o fator integrador
R Ã M y − Nx !
dx
µ(x) = e N (2.12)
∂N (x,y) ∂M (x,y)
onde ∂x = Nx e ∂y = My
2.1.8 E XERCÍCIOS
Dessa forma, dada uma Equação Diferencial Linear ela pode ser uma Equação Diferencial
Linear Homogênea de Coeficientes Constantes, Equação Diferencial Linear Não Homogênea
de Coeficientes Variáveis e Termo Constante, Equação Diferencial Linear Não Homogênea
de Coeficientes Constantes e Termo Variável, etc. Note que não faz sentido se referir a uma
EDL Homogênea de termo constante ou variável, dado que, por ser zero este termo ele já é
constante.
15
Equações Diferenciais não lineares de 1a ordem
redutíveis a lineares
As equações diferenciais não lineares são muito difícil de se obter soluções, mas existem
algumas delas que mesmo sendo não lineares, podem ser transformadas em equações lineares.
Os principais tipos de tais equações são:
y 1−n = t
dy dt
(1 − n)y −n = (2.14)
dx dx
Substituindo (Eq. 2.13), que é:
dy dy
+ p(x)y = q(x)y n ⇒ = q(x)y n − p(x)y
dx dx
Substituindo na (Eq. 2.14 ) temos,
¢ dt
(1 − n)y −n q(x)y n − p(x)y =
¡
⇒
dx
¢ dt
⇒ (1 − n) q(x) − p(x)y 1−n =
¡
dx
16
Sabendo que y 1−n = t obtemos,
¡ ¢ dt
(1 − n) q(x) − p(x)t =
dx
A Equação se transformou em uma equação linear resolvida anteriormente,
dt ¡ ¢
+ (1 − n)p(x) t = (1 − n)q(x) (2.15)
dx
2.3.1 E XERCÍCIOS
d y 2y
1. − = 3x y 2
dx x
dy
2. + x y = x3 y 3
dx
dy
3. 2x y − y2 + x = 0
dx
d y0
= p(x)y 02 + q(x)y 0 + r (x) (2.18)
dx
Por outro lado, derivando (Eq. 2.17) tem-se:
d y d y0 d z
= + (2.19)
dx dx dx
17
d y d y0 d z
= + (2.20)
dx dx dx
Substituindo (Eq. 2.17) e (Eq. 2.20) na equação (Eq. 2.16):
d y0 d z
+ = p(x)(y 0 + z)2 + q(x)(y 0 + z) + r (x) (2.21)
dx dx
d y0 d z
= p(x)z 2 + 2p(x)y 0 + q(x) z + p(x)y 02 + q(x)y 0 + r (x)
¡ ¢
+ (2.22)
dx dx
Substituindo (Eq. 2.17) em (Eq. 2.22) e reagrupando, resulta em:
dz ¡
− 2p(x)y 0 + q(x) z = +p(x)z 2
¢
(2.23)
dx
que é uma equação de Bernoulli na variável z, cuja solução já foi desenvolvida.
2.4.1 E XERCÍCIOS
d y y y2
1. Verificar se y = x é solução particular da equação + + = 3. Em caso afirmativo,
d x x x2
calcular a solução geral.
dy
2. Dar a solução geral da equação + y 2 + 3y + 2 = 0 sabendo que y = −1 é solução
dx
particular.
dy
3. Sabendo que y = 1 é solução particular da equação + (2x − 1)y − x y 2 = x − 1 calcular
dx
a sua solução geral.
dP dP
∝ P ou = aP
dt dt
Se a taxa de aumento da população (a) for constante a equação diferencial anterior será uma
equação de variáveis separáveis,
dP
Z Z
= ad t +C ⇒ P (t ) = P 0 e at
P
Onde P 0 é a população em t = 0. Este modelo pode ser uma boa aproximação em certo
intervalo, mas tem o inconveniente que a população cresce sem limite.
18
2.5.2 E XERCÍCIOS
Aplicações
dT dT
∝ (T − Tm ) ou = k(T − Tm )
dt dt
2.5.4 E XERCÍCIOS
Aplicações
2. Joãozinho colocou uma forma que está a 20o C em um forno à 220o C e, após 15 minutos
a forma está a 120o C . Seja T temperatura do forno no instante t. Determine:
• A equação da temperatura (T)?
• A temperatura (T) após 30 e 45 minutos?
• A velocidade com que a temperatura (T) aumenta após 30 e após 45 minutos?
19
4. Um indivíduo é encontrado morto em seu escritório pela secretária que liga imediata-
mente para a polícia. Quando a polícia chega, 2 horas depois da chamada, examina o
cadáver. Uma hora depois o detetive prende a secretária. Por quê?
Dados adicionais:
• Temperatura do ambiente: 20o C ;
• Temperatura do corpo na hora que a polícia chega: 35o C ;
• Temperatura do corpo uma hora depois: 34, 2o C .
20
Equações Diferenciais
ay0 + by = 0
Cuja solução foi encontrada utilizando o método de separação de variáveis ou com o auxilio
de um fator de integração.
Utilizando uma nova abordagem de resolução, centrada na solução da equação, verifica-se
que a solução será uma função com a característica y = e λx , assim,
y = e λx ⇒ y 0 = λe λx
Substituindo na equação a y 0 + b y = 0,
aλe λx + be λx = 0 ⇒ e λx (aλ + b) = 0
Como e λx 6= 0 e a 6= 0 então
b
aλ + b = 0 ⇒ λ = −
a
A solução da EDO,
b
à !
− x
y =e a
d2y dy
P (x) 2
+Q(x) + R(x)y = G(x) (3.1)
dx dx
onde P, Q, R e G são funções contínuas. Neste caso G(x) = 0 para todo x. Tais equações são
chamadas equações lineares homogêneas.
A equação diferencial,
1. a y 00 + b y 0 + c y = 0 (Notação de Lagrange)
21
d2y dy
2. a 2
+b + c y = 0 (Notação de Leibniz)
dx dx
onde a (a 6= 0), b e c são constantes é chamada de EDO de 2o ordem linear com coeficientes
constantes.
O procedimento para encontrar as soluções (neste método) é através da equação característica,
isto é, se tentarmos encontrar uma solução da forma y = e λx (diferente de zero para qualquer
x) e substituí-la na equação a y 00 + b y 0 + c y = 0, obtêm-se:
y(x) = Ae λ1 x + B e λ2 x
Substituindo, µ p ¶ µ p ¶
−b b 2 −4ac −b b 2 −4ac
2a
+ 2a
x 2a
− 2a
x
y(x) = Ae +Be (3.3)
Onde A e B são constantes arbitrárias determinadas pelas condições iniciais do sistema.
Analisando as raízes (eq.3.2) da equação característica nota-se que a equação 3.3 fornecem
3 formas de solução geral,
• b 2 − 4ac > 0 → λ1 e λ2 reais e distintas.
y(x) = Ae λ1 x + B e λ2 x
Exemplo: y 00 − 16 = 0
Equação Característica,
22
A solução Geral,
y(x) = Ae 4x + B e −4x
y(x) = Ae λ1 x + B xe λ2 x
pois,
y 1 (x) = Ae λ1 x
e
e λ1 x
Z Z
λ1 x λ1 x
y 2 (x) = e dx = e d x = xe λ1 x
e λ1 x
Exemplo: y 00 + 4y 0 + 4 = 0
Equação Característica,
p
2 −4 ± 16 − 16
λ + 4λ + 4 = 0 ⇒ λ1,2 = ⇒ λ = {−2, −2}
2
A solução Geral,
y(x) = Ae −2x + B xe −2x
São soluções linearmente independentes, que pode ser verificado pelo Wronskiano das fun-
ções.
Assim, obtemos,
23
y(x) = e αx (C 1 +C 2 ) cos βx + i (C 1 −C 2 ) sin βx
¡ ¢
Onde A e B, C 1 e C 2 são constantes arbitrárias. Isso nos dá todas as soluções (reais ou com-
plexas) da equação diferencial. As soluções serão reais quando as constantes A e B forem
reais.
Exemplo: Resolva a equação y” – 6y’ + 13y = 0.
Equação Característica,
p
2 6 ± 36 − 52
λ − 6λ + 13 = 0 ⇒ λ1,2 = ⇒ λ = {3 + 2i , 3 − 2i }
2
A solução Geral,
y(x) = e 3α (A cos 2x + B sin 2x)
3.5 A PLICAÇÃO
Um sistema com amortecimento, sofrendo ação restauradora da força da mola (−kx), livre
de forças externas, aplicando a lei de Newton obtêm-se,
Força do Amortecimento
F = −c ẋ
Força da Elasticidade
F = −kx
Equação do Movimento,
m ẍ = −kx − c ẋ
Reescrevendo a equação,
m ẍ + c ẋ + kx = 0 (3.4)
Sendo uma equação diferencial ordinária (ordem 2) com coeficientes constantes (m, k e c),
escrevendo a equação característica,
mλ2 + cλ + k = 0
¡ ¢
(3.5)
24
Cuja raízes são
p p s
−c ± c 2 − 4mk −c c 2 − 4mk −c ³ c ´2 k
λ1,2 = = ± = ± − (3.6)
2m 2m 2m 2m 2m m
x(t ) = C 1 e λ1 t +C 2 e λ2 t
Onde, v v
t c
¶2 k
t c
−c u
uµ −c u
uµ ¶2 k
+ − − −
2m 2m m 2m 2m m
t t
x(t ) = C 1 e +C 2 e (3.7)
Onde C 1 e C 2 são constantes arbitrárias determinadas pelas condições iniciais do sistema.
3.5.1 E XERCÍCIOS :
d2y d y
1. + − 2y = 0 R.: y = C 1 e x +C 2 e −2x
d x2 d x
d2y dy
2. 2
−4 + 4y = 0 R.: y = (C 1 +C 2 x)e 2x
dx dx
d2y dy
3. +2 +10y = 0 R.: y = e −x [A cos(3x) + B sen(3x)]
d x2 dx
3.5.2 E XERCÍCIOS :
d2y dy dy 9 5
1. +4 − 5y = 0 para y(0) = 1 e (0) = 0 R.: y(x) = e −5x − e x
d x2 dx dx 4 4
d2y dy dy
2. 2
−2 +y =0 para y(0) = 0 e (0) = 3 R.: y(x) = xe x
dx dx dx
d2y dy dy
3. +4 + 5y = 0 para y(0) = 1 e (0) = −3 R.: y = e −2x [cos(x) − 4 sen(x)]
d x2 dx dx
25
4 E QUAÇÃO D IFERENCIAL O RDINÁRIA L INEAR DE 2a A C OEFICIENTES
C ONSTANTE N ÃO -H OMOGÊNEA
Seja y p uma solução particular e seja y h (solução homogênea) da equação L(y) = 0.
y = y p + yh (4.1)
L(y) = 3e 5x [x 2 + 7x + 3] y(x) = e 5x Ax 2 + B x +C
£ ¤
26
5 T RANSFORMADA DE L APLACE
A Transformada de Laplace1 transforma equações diferenciais e integrais do espaço real, em
equações algébricas no plano complexo, onde elas podem ser resolvidas algebricamente, para
depois retonar o resultado ao plano real através da Transformada de Laplace inversa.
A transformação de Laplace consiste em três etapas:
5.1.1 E XERCÍCIOS
27
5.2 C ONDIÇÃO SUFICIENTE DE E XISTÊNCIA
Se f(t) é contínua por partes no intervalo [0, ∞) e de ordem exponencial c, então L { f (t )} existe
para s > c.
O comportamento de F (s) quando s → ∞:
Teorema: Teorema da Linearidade
A transformada de Laplace é uma operação linear, isto é, para quaisquer funções f (t ) e g (t )
cujas transformadas de Laplace existam e quaisquer constantes a e b tem-se
L {a f (t ) + bg (t )} = a L { f (t )} + b L {g (t )} (5.3)
d n f (t ) n
½ ¾
L n
s n−k f k−1 (0)
X
= s F (s) − (5.4)
dtn k=1
d n f (t )
½ ¾
L = s n F (s) − s n−1 f (0) − s n−2 f 0 (0) − ... − f n−1 (0) (5.5)
dtn
d f (t )
½ ¾
L = sF (s) − f (0) (5.6)
dt
½ 2
d f (t )
¾
L = s 2 F (s) − s f (0) − f 0 (0) (5.7)
dt2
28
f (t ) L { f (t )}
1
1 s
1
e at s−a
1
t s2
2
t2 s3
6
t3 s4
24
t4 s5
a
sin(at ) a 2 +s 2
s
cos(at ) a 2 +s 2
a
sinh(at ) s 2 −a 2
s
cosh(at ) s 2 −a 2
b
e at sin(bt ) b 2 +(a−s)2
s−a
e at cos(bt ) b 2 +(a−s)2
1
e at t (a−s)2
2
e at t 2 − (a−s) 3
δ(t ) 1
y 0 (t ) sY (s) − y(0)
y 00 (t ) s 2 Y (s) − y(0)s − y 0 (0)
5.3.1 E XERCÍCIOS
k
d) L {sen(kt )} = 2 , s >0
s + k2
2. Determine as transformadas de Laplace das funções definidas pelas seguintes expres-
sões analíticas:
s −3
a) f (t ) = e 3t cos(2t ) R : F (s) =
(s − 3)2 + 4
29
6
b) f (t ) = t 3 e −t R : F (s) =
(s + 1)4
6s 2 − 2
c) f (t ) = t 2 sen(t ) R : F (s) =
(s 2 + 1)3
k
d) L {sen(kt )} = , s >0
s2 + k2
Exemplo 1. 2 x 2 y 00 + 3 x y 0 + 2 x 2 − 1 y = 0
¡ ¢
Substituímos
∞
a n x n+r ,
X
y=
n=0
onde a 0 6= 0
Note que na derivada,
∞ ¡
y0 = n + r a n x n+r −1 ,
X ¢
n=0
30
Se quisermos obter uma série de potências, dividimos por x r . Portanto valem as mesmas
observações feitas no método de séries de potências e, então, o coeficiente de cada x n+r deve
se anular. Como a 0 6= 0 , temos
(i) r (2 r + 1) − 1 = 0 , chamada de equação indicial
³ ´
(ii) (r + 1) (2 r + 3) − 1 a 1 = 0
³ ´
(iii) (n + r )(2 n + 2 r + 1) − 1 a n + 2 a n−2 = 0 , para n = 2, 3, 4, . . .
Esta última é a fórmula de recorrência.
A equação indicial (i) é uma equação algébrica de grau 2. As suas raízes dão os possíveis
valores para r . No exemplo que estamos considerando a equação indicial é
2r 2 +r −1 = 0
cujas raízes são: r 1 = 12 e r 2 = −1.
Por razões que vão ser importantes mais tarde, nos casos mais complicados, é conveniente
trabalhar primeiro com a maior das raízes da equação indicial. Por esta razão indicamos por
r 1 e r 2 , respectivamente, a maior e a menor das raízes da equação indicial.
1
1 a Solução. Com r 1 = A equação (ii) fica 5 a 1 = 0 . Então a 0 pode ser escolhido arbi-
2
trariamente, com a única restrição que seja diferente de 0. Mas necessariamente a 1 = 0 .
Escolhemos a 0 = 1 .
A fórmula de recorrência fica
³¡ ¢¡ ¢ ´
2 n + 1 n + 1 − 1 a n + 2 a n−2 = 0 ,
para n = 2, 3, 4, . . . , ou seja,
¡ 2 ¢
2 n + 3 n a n + 2 a n−2 = 0 .
Segue que
2 a n−2
an = − ¡ ¢
n 2n +3
para n = 2, 3, 4, . . . .
Concluímos que
0 = a1 = a3 = a5 = · · ·
2 22 23
a 0 = 1 =⇒ a 2 = − =⇒ a 4 = =⇒ a 6 = −
2·7 2 · 4 · 7 · 11 2 · 4 · 6 · 7 · 11 · 15
Simplificando, obtemos
1 1 1
a 0 = 1 =⇒ a 2 = − =⇒ a 4 = =⇒ a 6 = −
1·7 1 · 2 · 7 · 11 1 · 2 · 3 · 7 · 11 · 15
Em geral,
(−1)n
a 2n = ¡ ¢, n≥1.
n! 7 · 11 · 15 · · · (4n + 3)
31
Obtemos então a solução
∞ (−1)n
µ ¶
1
2n
X
y 1 (x) = x 2 1+ x .
n=1 n! (7 · 11 · 15 · · · (4n + 3))
Note que esta solução pode ser reescrita na forma de um único somatório
1
∞ 3
(−1)n x 2n
X
y 1 (x) = x 2
n=0 n! (3 · 7 · 11 · · · (4n + 3))
2a Solução.
Com r 2 = −1 A equação (ii) fica
−a 1 = 0
Ainda podemos escolher a 0 arbitrariamente, com a única restrição que seja diferente de 0.
Mas necessariamente a 1 = 0 . Escolhemos a 0 = 1 .
A fórmula de recorrência fica
³¡ ¢¡ ¢ ´
2 n + 1 n + 1 − 1 a n + 2 a n−2 = 0 ,
para n = 2, 3, 4, . . . , ou seja,
¡ 2 ¢
2 n − 3 n a n + 2 a n−2 = 0
Segue que
2 a n−2
an = − ¡ ´,
n 2n −3
para n = 2, 3, 4, . . . .
Concluímos que
0 = a1 = a3 = a5 = · · ·
2 22 23
a 0 = 1 =⇒ a 2 = − =⇒ a 4 = =⇒ a 6 = − .
2·1 2·4·1·5 2·4·6·1·5·9
Simplificando, obtemos
1 1 1
a0 = 1 , a2 = − , a4 = , a6 = − .
1·1 1·2·1·5 1·2·3·1·5·9
Em geral,
(−1)n
a 2n = ¡ ¢, n≥1.
n! 1 · 5 · 9 · · · (4 n − 3)
Obtemos então a solução
∞ (−1)n
µ ¶
−1
x 2n
X
y 2 (x) = x 1+
n=1 n! (1 · 5 · 9 · · · (4 n − 3))
Encontramos assim duas soluções linearmente independentes para nossa equação diferencial
32
linear homogênea. É imediato que y 1 e y 1 são linearmente independentes. Uma delas não é
1
múltiplo da outra, pois num caso a potência de x de menor expoente que aparece é x 2 e no
outro caso é x −1 .
Veremos que existem 3 casos diferentes no Método de Frobenius. O exemplo dado acima
é do caso mais simples, em que a equação indicial em duas raízes distintas r 1 e r 2 , mas cuja
diferença r 1 − r 2 não é um inteiro. Existe ainda um segundo caso, de raiz dupla r 1 = r 2 , e um
terceiro caso, de raízes distintas r 1 6= r 2 tais que r 1 − r 2 = inteiro.
33