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Trabalho ME623

Victor Vinicius Gomes (RA245150) Miguel da Silva Araújo (RA242073)


Laura Thereza Zaia Ferro (RA239037)
Maio de 2021

Contents
1 Prefácio 2

2 Introdução 2

3 Delineando o Experimento 3
3.1 Unidade Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
3.2 Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
3.3 Bloco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
3.4 Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

4 Procedimento 4

5 Aplicação 4
5.1 Primeiro Passo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
5.2 Segundo Passo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
5.3 Terceiro Passo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
5.4 Quarto Passo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
5.5 Quinto Passo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

6 Resultados 7
6.1 Primeiro Olhar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
6.2 Análise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

7 Conclusões 12

1
1 Prefácio
Este trabalho consiste em uma breve aplicação das habilidades trabalhadas durante as aulas da disciplina
ME623. Mais especificamente, o alvo do estudo será a conservação de alimentos ao serem submetidos a um
determinado tratamento.

2 Introdução
A salada é um elemento comum da alimentação de boa parte das famílias brasileiras. Geralmente composta
por um misto de verduras, legumes e até mesmo frutas - como manga e tomate - a salada exerce um papel
importante de complementação da dieta daquele que a consome; sendo fonte de vitaminas - como A, B, B6,
B9, C e K - e de mineirais, essenciais para que o organismo exerça suas funções naturais de maneira correta.
A alface americana é uma das mais populares componentes da salada do brasileiro. Fonte das vitaminas
A e C, bem como de ferro, cálcio e magnésio, a verdura de sabor sutil integra diversos tipos de salada e, para
alguns, alface é a primeira imagem que vem à mente quando ouvem a palavra ‘salada’. Contudo, a popular
verdura tem uma fragilidade: a conservação.
Sendo considerada uma folha sensível, a alface é conhecida por murchar e, até mesmo, apodrecer dentro de
pouco tempo quando não armazenada de forma correta. É daí que surge o objetivo deste estudo: compreender
como a adição de determinados temperos afeta a validade da alface americana.

2
3 Delineando o Experimento
3.1 Unidade Experimental
Por definição, a unidade experimental é o menor nível a que se pode aplicar um tratamento. Para este
experimento, foi definido que a unidade experimental será uma única folha de alface, com 18cm de compri-
mento, armazenada em um pequeno saco plástico - semelhante aos que podem ser encontrados na seção de
hortaliças de um mercado.

3.2 Modelo
Discutindo o experimento em grupo, foi apontada a necessidade de replicações para que a análise fossa a
mais representativa possível da realidade. Por esse motivo, o GCBD (Generalized Complete Block Design,
ou, em português, Delineamento Aleatorizado com Blocos Completos Generalizados), que permite que haja
replicações de níveis do tratamento dentro de um mesmo nível do bloco, foi escolhido.

3.3 Bloco
É muito difícil controlar fontes de variação como temperatura e umidade da geladeira, tempo desde que
a alface foi colhida e, até mesmo variações que podem existir entre uma e outra cabeças de alface. Por
isso, foi definido o bloco pessoa-máquina - com níveis L (Laura), V (Victor) e M (Miguel) - que garante o
controle dessas fontes de variação que não interessam ao experimento. I.e, cada pessoa armazenará todas as
suas unidades experimentais na mesma geladeira e cada pessoa usará folhas de alface vindas de uma mesma
cabeça, de modo que as U.E.'s de uma mesma pessoa estejam todas sob condições praticamente idênticas,
com excessão do tratamento a que foram submetidas. Além disso, a aleatorização das amostras será feita
para reduzir a variação causada por melhora ou piora no desempenho ao fabricá-las. Sendo assim, será
evitada a fabricação de duas ou mais amostras de um mesmo nível sequencialmente.

3.4 Tratamento
A curiosidade motivadora deste estudo foi a influência de diferentes tipos e diferentes dosagens de vinagre no
tempo de conservação das folhas de alface. De modo que os seguintes níveis do tratamento foram definidos:

• Nível 0: sem adição de vinagre;

• Nível 1: adição de 5ml de vinagre de maçã;


• Nível 2: adição de 10ml de vinagre de maçã;
• Nível 3: adição de 5ml de vinagre de limão;

• Nível 4: adição de 10ml de vinagre de limão.

Vale notar que, para controlar uma possível variação existente entre diferentes fabricantes de vinagre,
foi definido que todos os integrantes do grupo utilizassem o produto de uma mesma marca. Além disso, foi
definido que cada nível do tratamento contaria com 3 replicações, totalizando 15 observações por pessoa.

3
4 Procedimento
O procedimento começa com a higienização das mãos do indivíduo com álcool. Em seguida, são separados
e higienizados os 15 sacos plásticos necessários. Posteriormente, a cabeça da alface é separada, devidamente
medida, cortada (se necessário para caber na sacola plástica) e lavada em água corrente.
Aloca-se cada folha aleatoriamente a um dos sacos plásticos e, quando todas já estão embaladas, são
adicionados os volumes de vinagre adequado; utilizando um medidor para garantir máxima precisão.As
sacolas são então devidamente identificadas (com uma etiqueta que descreve o nível do tratamento).
Em seguida, os sacos são fechados e levados à geladeira, onde são armazenados numa mesma prateleira
sem serem empilhados, para evitar qualquer variação advinda de um possível efeito entre posição na geladeira
e o tempo de conservação.
O passo seguinte é observar as folhas com atenção para os seguintes sinais de apodrecimento:

• Mudança notável para coloração amarelada;


• Surgimento de manchas na folha;
• Mudança no aspecto da folha (perde a rigidez característica e murcha).

Quando uma folha passa a apresentar os sinais acima, é caracterizada como podre e o momento de seu
descarte é registrado.
As inspeções foram feitas em turnos de 12 horas, de modo que uma folha que foi levada à geladeira na
noite do dia 06/06 e foi classificada como podre no início do dia 12/06 esteve conservada por 132 horas.

5 Aplicação
5.1 Primeiro Passo
O primeiro passo da aplicação é simplesmente comprar a alface, separá-la em folhas e higienizá-la devida-
mente.

4
5.2 Segundo Passo
Com as alfaces devidamente preparadas, o passo seguinte é preparar os saquinhos - identificando o tratamento
a ser admnistrado à alface que será colocada em cada um dos sacos plásticos.

Figura 1: Sacos Plásticos Identificados

5.3 Terceiro Passo


Como dito anteriormente, uma vez que os sacos plásticos foram devidamente identificados, é hora de alocar
uma folha de alface a cada saco aleatoriamente.

Figura 2: Alfaces Alocadas aos Sacos

5
5.4 Quarto Passo
Agora que as alfaces foram alocadas ao sacos plásticos, é o momento de admnistrar o tratamento: adicionando
- ou não - o vinagre segundo a especificação na etiqueta do saco.

Figura 3: Vinagre

5.5 Quinto Passo


Com as alfaces devidamente alocadas e tratadas, resta levá-las à geladeira e monitorá-las.

Figura 4: Alfaces na Geladeira

6
6 Resultados
6.1 Primeiro Olhar
Os resultados da aplicação do experimento estão visíveis na Tabela 1.

Tabela 1: Resultados

Pessoa 0ml 5ml - maçã 10ml - maçã 5ml - limão 10ml - limão

Victor 264 132 132 168 132


Victor 276 156 144 156 156
Victor 276 156 132 168 144
Miguel 288 144 120 120 108
Miguel 276 156 132 132 120
Miguel 276 144 156 156 120
Laura 264 120 132 156 132
Laura 264 156 132 144 144
Laura 276 144 120 168 108

Mesmo sem efetuar nenhum cálculo, é perceptível que as alfaces alocadas ao Nível 0 do tratamento
levaram mais tempo para estragar do que as alocadas a quaisquer outros níveis do tratamento. E isso
independentemente do nível do bloco pessoa. Claramente, pela preservação do rigor estatístico do trabalho,
uma análise será apresentada na subseção seguinte, mas já há algum indício de que o resultado final será
que a não adição de vinagre ao recipiente é extremamente positiva para que seja prolongado o tempo de
conservação da alface.

6.2 Análise
Com o objetivo de determinar se o tratamento tem um efeito estatísticamente significativo sobre o tempo de
conservação da alface, e se não há diferença expressiva entre as observações de cada bloco, foi proposto um
modelo de Análise de Variância GCBD. Antes de aplicar o modelo, verificou-se que os níveis do tratamento
são homocedásticos utilizando o teste de Bartlett (Snedecor and Cochran, 1983), com p-valor resultante
de 0.25 e que os erros experimentais são aproximadamente Normais. O Gráfico 1 demonstra que existem
possíveis diferenças entre tanto níveis de tratamento quanto entre blocos.

Tabela 2: Tabela ANOVA

Df Sum Sq Mean Sq F value Pr(>F)

TRATAMENTO 4 130976.0 32744.0 222.445652 0.0000000


BLOCO 2 659.2 329.6 2.239130 0.1240619
TRATAMENTO:BLOCO 8 2252.8 281.6 1.913043 0.0948953
Residuals 30 4416.0 147.2 NA NA

Os resídos resultantes da análise de variância podem ser observados no gráfico a seguir:

7
Gráfico dos resíduos
20
10
Resíduos

0
−10
−20

0 10 20 30 40

Índice

Fica claro que os resíduos seguem o critério de aleatoriedade, as observações não parecem ter algum tipo
de influência uma na outra. A média observada dos resíduos foi de 0com arredondamento para a quinta casa
após a vírgula, ou seja, extremamente próxima de 0.
Outro gráfico interessante é o Q-Q Plot, ou gráfico quantil-quantil, já que mostra como a distribuição
dos resíduos se comporta em comparação à distribuição normal padrão, olhando para os quantis teóricos da
mesma.

8
Q−Q Plot Normal
20
10
Quantis amostrais

0
−10
−20

−2 −1 0 1 2

Quantis teóricos

O gráfico revela que os resíduos seguem um comportamento aproximadamente normal, com alguns pontos
mais afastados da reta (em vermelho). Para garantir a normalidade dos dados, foi performado o teste de
Shapiro, que resultou em um p-valor de 0.228214720258566, como não rejeitamos a hipótese nula, os dados
são normalmente distribuídos e têm média 0, como estabelecido acima.

9
TRATAMENTO
250
Média das observações

T0
L5
M5
L10
200

M10
150

L M V

BLOCO

Segundo os resultados da análise inicial utilizando a ANOVA mostrados na Tabela 2, os níveis do bloco
do experimento e a interação entre bloco e tratamento não têm um efeito significativo sobre a variância global
dos dados. Isso implica que, se o experimento foi corretamente planejado, os resultados se generalizam bem e
não ficam restritos aos níveis dos blocos. E também, podemos determinar que existe uma diferença relevante
entre as médias dos níveis do tratamento. Assim sendo, rejeitamos a hipótese de que não há distinção entre
os tratamentos.
Em vista disso, podemos então investigar as relações específicas entre os níveis T0, L5, M5, L10 e M10
do tratamento. Primeiramente, a fim de verificar as relações entre cada um dos níveis, foi utilizado o método
de comparações pareadas de Tukey (Tukey’s Honest Significance Test). Como o experimento é balanceado,
o procedimento produz intervalos com nível de significância conjunta de exatamente 95%. Observando o
Gráfico 2, percebe-se claramente que um conjunto de quatro pares têm intervalos de confiança para o
valor médio entre níveis bastante afastados de zero, o que indica que existe uma diferença estatísticamente
significante na diferença média entre os grupos. Isso é consistente com o fato de que todos o valores-de-
p dos testes de hipótese são menores que 0,05. Esses pares são T0-L10, T0-L5, T0-M10 e T0-M5. Com
isso podemos concluir que o tempo médio de decomposição das alfaces com o tratamento “Sem Vinagre” é
substancialmente maior que de todos os outros tratamentos.

10
Nível de confiança conjunta de 95%
L5−L10
T0−L10
T0−L5
T0−M5

0 50 100 150

Diferença nas médias dos níveis de TRATAMENTO

Outras interações que se revelaram significativas foram entre L5-L10 e M10-L5. A primeira revela um
valor positivo na diferença média, enquanto a segunda tem um valor negativo. Isso indica que as alfaces sob
o tratamento L5 (vinagre de limão, quantidade de 5ml) levaram mais tempo para estragar que as sob ambos
os tratamentos L10 e M10.
Por último, desejamos saber se existe distinção entre utilizar 5ml ou 10ml de vinagre ao temperar a alface
no seu tempo médio de decaimento e se há alguma alteração nesse tempo ao utilizar vinagre de Maçã ao
invés de Limão. Para tanto, foram criados dois contrastes que testam as hipóteses de que:

• a soma das médias dos tratamentos L5 e M5 é equivalente à soma das médias dos tratamentos L10 e
M10;

• a soma das médias dos tratamentos L5 e L10 é equivalente à soma das médias dos tratamentos M5 e
M10.

Os dois contrastes são ortogonais, pois o produto interno entre os dois é igual a zero. Neste caso, como os
dados são aproximadamente normais (por grupo), as estatísticas do teste que forem calculados utilizando-os
serão independentes. Para evitar a ocorrência de falsas descobertas, ao testar as hipóteses dos dois contrastes
simultaneamente, foi utilizada a Correção de Bonferroni, para compensar o aumento da chance da ocorrência
de um erro do Tipo I (rejeitar incorretamente a hipótese nula).
Fazendo os testes, obtemos que o primeiro contraste tem um p-valor significativamente pequeno, em
torno de 10−4 , e que o segundo contraste tem um p-valor de 0.74. Consequentemente, temos evidências para
rejeitar a hipótese de que temperar a alface com 5ml ou 10ml de qualquer vinagre resultam no mesmo tempo
de conservação desse elemento da salada. Porém, não podemos rejeitar a suposição de que não há diferença
entre usar vinagre de maçã e de limão (além do paladar).

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7 Conclusões
Em síntese, a partir dos dados coletados e das análises estatísticas feitas sobre esses mesmos dados, foi
possível fazer uma série de descobertas sobre a conservação da alface americana temperada e não temperada.
A alface temperada tende a estragar mais rápido que a sem tempero por uma grande margem, e maiores
quantidades de tempero aparentam resultar em um tempo médio de decaimento menor. Por outro lado, não
a evidências para afirmar que o tipo de vinagre interfira de qualquer forma sobre a conservação da alface.
Assim sendo, a fim manter a alface, e, consequentemente, a salada do brasileiro, fresca e crocante por mais
tempo e diminuir o disperdício desta hortalíça no dia-a-dia dos indivíduos, os dados apontam que armazenar
a alface sem tempero (na geladeira) é a melhor forma de conservá-la por um maior período de tempo. E,
para quem prefere o paladar da salada temperada, é melhor temperar no prato.

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