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FLUIDO DE CORTE

PROCESSOS II
Prof. Helio França, M.Sc., PMP
Fluido de corte é qualquer líquido ou gás
Introdução
aplicado diretamente à operação de usinagem
para melhorar o desempenho do corte.
Destinam-se a resolver dois problemas
principais:
A geração de calor na zona de cisalhamento e
na zona de atrito;
O atrito nas interfaces cavaco-ferramenta e
ferramenta-superfície usinada.
Além de remover calor e reduzir o atrito, os
fluidos de corte proporcionam benefícios
adicionais, tais como a retirada dos cavacos, a
redução da temperatura da peça usinada para
facilitar o manuseio pelo operador, a redução
das forças e potência de corte, a melhoria da
estabilidade dimensional da peça e do
acabamento da superfície.”
Funções de fluido de corte
Existem duas categorias gerais de fluidos de corte correspondentes aos dois principais problemas
que têm por finalidade tratar: refrigerantes e lubrificantes.
a) Refrigerantes: são fluidos de corte destinados a reduzir o efeito da temperatura na operação
de usinagem. Possuem efeito limitado sobre a quantidade de calor gerada, porém auxiliam na
remoção do calor gerado, reduzindo a temperatura ferramenta e da peça, o que leva a uma
prorrogação da vida da ferramenta.
A capacidade do fluido em reduzir a temperatura depende de suas propriedades térmicas.
São mais eficazes em materiais para ferramentas mais suscetíveis às falhas por temperatura,
tais como aços rápidos, além de velocidades de corte mais elevadas.
Funções de fluido de corte
b) Lubrificantes: são geralmente fluidos à base de óleo formulados para reduzir o atrito
nas interfaces cavaco-ferramenta e ferramenta-superfície usinada. O fluido de corte
penetra entre as superfícies em contato através do fenômeno da capilaridade, ajudado
pela vibração entre ferramenta, peça e cavaco.
Se o fluido lubrificante não alcançar a região de corte, não cumprirá seu efeito
lubrificante. Desta forma, a ação fica prejudicada em altas velocidades de corte.
Para que o efeito lubrificante seja eficiente, o fluido deverá ser impulsionado com alta
pressão, o que vai exigir que não vaporize nessas condições.
Assim, para que um fluido seja um bom lubrificante é necessário que ele possua as
seguintes características:
(a) Resistir a pressões e temperaturas elevadas sem vaporizar:
(b) Boas propriedades antifricção e antisoldantes;
(c) Viscosidade adequada (permitir fácil circulação do fluido e suficientemente
alta de modo a permitir uma boa aderência do fluido às superfícies da
ferramenta)
Funções de fluido de corte

Além dessas propriedades necessárias


para refrigeração e lubrificação, outras
propriedades também são exigidas de um
fluido de corte, quais sejam:
• Ausência de odores desagradáveis;
• Não corroer mas, pelo contrário, ter a
capacidade de proteger a peça e a
máquina dos efeitos da corrosão;
• Isenção da tendência o originar
precipitados sólidos que depositam nas
guias da máquina e/ou entopem os tubos
de circulação do fluido de corte;
• Não causar dano à pele humana e
nenhum outro risco à saúde.
Classificação dos fluidos de corte
Os diversos fluidos de corte podem ser classificados da seguinte forma:

• Ar;

• Tipos aquosos:
a) Água
b) Emulsões

• Óleos:
a) Óleos minerais
b) Óleos graxos
c) Óleos compostos
d) Óleos de extrema pressão
Classificação dos fluidos de corte
a) Ar
Em alguns casos o ar seco é utilizado para remoção de cavaco da região de corte
e para fornecer ação refrigerante (embora seu poder refrigerante seja pequeno).
É muito empregado na usinagem de ferro fundido cinzento, pois quando se utiliza
líquido como fluido de corte, os minúsculos cavacos formados são conduzidos
pelo líquido às partes de atrito da máquina-ferramenta, danificando-a. Na
usinagem de materiais que produzem cavacos em forma de pó prejudiciais à
saúde, muitas vezes se promove uma aspiração do cavaco formado.

b) Água
Foi o primeiro fluido utilizado. Sua ação é unicamente de refrigeração. Suas
vantagens são: grande abundância, baixo preço, não inflamável e baixa
viscosidade.
Como desvantagens tem-se o fato de provocar corrosão de materiais ferrosos e
apresenta baixo poder umectante (molhabilidade) nos metais. Atualmente quase
não é utilizada em produção
Classificação dos fluidos de corte
c) Emulsões
São emulsões de óleo em água. Compõe-se de pequena porcentagem de um
concentrado de óleo emulsionável, usualmente composto por emulsificadores de
óleo mineral e outros ingredientes, dispersos em pequenas gotículas na água.
Os emulsificadores são substâncias que reduzem a tensão superficial da água e,
com isso, facilitam a dispersão do óleo na água e o mantém finamente disperso
como uma emulsão estável. Assim, o nome de óleo solúvel normalmente é dado
para este produto, não é correto.
É indicada para operações de usinagem onde a retirada de material não é muito
grande (avanço e profundidade de usinagem baixas e médias e velocidades de
corte médias e altas), tanto para torneamento, quanto em fresamento, furação,
retificação, serramento, etc. Em operações de baixas velocidades de corte (onde a
tendência de formação de aresta postiça de corte é alta) e altos avanços de
profundidades de corte (onde a geração de calor é alta) a lubrificação é necessária
e, então, o óleo puro é preferível.
Algumas emulsões contém aditivos do tipo EP (extrema pressão) que são
compostos sulfurados e clorados que proporcionam maior resistência em operações
severas de corte.
Classificação dos fluidos de corte
d) Óleos
Utilizado em operações onde o calor gerado por atrito é muito grande. Estes óleos
tem calor específico de cerca da metade do da água e, por isso, tem capacidade
de refrigeração muito menor que as emulsões. Por outro lado, suas qualidades
lubrificantes são bem melhores que as das emulsões, o que resulta em menor
quantidade de calor.
Quanto mais baixa for a sua viscosidade, maior será seu poder de refrigeração.
Os óleos leves são, por isso, indicados para operações de usinagem a altas
velocidades de corte, onde o calor gerado deve ser rapidamente dissipado. Os
óleos viscosos são preferidos em operações onde a velocidade de corte é menor e
o avanço e a profundidade de corte são maiores, o que resulta numa elevada taxa
de remoção de cavaco e alta geração de calor. Neste caso, necessita-se de um
óleo que adira à ferramenta, formando uma película de óxidos que diminui o
coeficiente de atrito e, consequentemente, a geração de calor.
Classificação dos fluidos de corte
Dentre os óleos utilizados como fluidos de corte, destacam-se:

• Óleos minerais puros: São indicados na usinagem de aço baixo carbono,


latão, bronze e ligas leves. São mais baratos e menos sujeitos à oxidação
que os óleos graxos e óleos compostos. Os mais finos podem ser usados em
operações de retificação.

• Óleos graxos: São óleos de origem vegetal e mineral. Possuem boa


capacidade de molhar o material da peça e da ferramenta. Têm boa
capacidade lubrificante, mas suas propriedades anti-soldantes são fracas.
Facilitam a obtenção de peças com bom acabamento e possuem média
capacidade de refrigeração. Em virtude de se tornarem viscosos e de se
deteriorarem com o tempo, além do alto preço, têm sido largamente
substituído pelos óleos compostos e pelos óleos EP.
Classificação dos fluidos de corte
• Óleos compostos: São misturas de óleos minerais e óleos graxos.
Possuem as vantagens dos óleos graxos e tem maior estabilidade química
(não se deterioram ou se tornam mais viscosos com o tempo) e sua
viscosidade pode ser ajustada pelo óleo mineral.
A concentração de óleo graxo varia entre 10 a 30%.
São recomendados para a usinagem de cobre e suas ligas e também pra
fresamento e furação.

• Óleos de extrema pressão: Têm na sua composição elementos que fazem


com que eles suportem elevadas pressões sem vaporizar. Esta característica
é necessária em operações com altas velocidades e profundidade de corte de
materiais que geram elevadas forças de corte. A adição de enxofre e cloro
podem para elevar sua capacidade de pressão, porém podem reagir
quimicamente com os materiais a serem usinados.
Classificação dos fluidos de corte
Seleção do fluido de corte
Os principais fatores de escolha do fluido de corte adequado são o material da peça, a
severidade da operação (condições de usinagem), o material da ferramenta e a
operação de usinagem.

• Material da peça:
- O alumínio, o latão, o bronze e o cobre devem ser usinados a seco ou com
óleos EP inativos (sem enxofre). Não se pode utilizar fluidos com água
devido ao risco de combustão, causada pela liberação do hidrogênio. Na
usinagem do níquel e suas ligas, usa-se em geral emulsões.
- Na usinagem de aços carbono pode-se usar qualquer tipo de óleo.
- Para o aço inoxidável austenítico é recomendado o uso de óleos do tipo EP
para dificultar o empastamento do cavaco na ferramenta.
- O ferro fundido cinzento deve ser usinado a seco ou com ar, para se evitar
danos à máquina-ferramenta.
- No torneamento de aços endurecidos com ferramentas de CBN ou
cerâmicas é preferível que não se utilize fluidos de corte.
Seleção do fluido de corte
• Condições de usinagem:
- Utiliza-se óleo puro quando as condições de usinagem são severas (operações de
desbaste) e as forças de corte são elevadas, necessitando de alta lubrificação na
região do corte;
- A emulsão é preferida quando as condições de usinagem são mais brandas
(operações de acabamento) e necessita-se principalmente de refrigeração.

• Operações de usinagem
- A escolha do fluido baseado na operação de usinagem está muito ligado às
condições de usinagem desta operação;
- Operações de retificação, onde a velocidade de corte é altíssima, a emulsão é
preferida;
- Em operações mais lentas e mais pesadas, como o corte de dentes de engrenagens
e o mandrilamento, óleos ativos e viscosos, que tem a propriedade de aderir à
ferramenta são preferíveis;
- Em furação exige-se lubrificação, porém baixa viscosidade para que o cavaco seja
removido. Neste caso recomenda-se óleo mineral composto ou óleos sulfurados ou
mesmo óleos puros;
- No brochamento são utilizadas emulsões, óleos sulfurados ou óleos puros,
dependendo do material a ser usinado.
Seleção do fluido de corte
• Material da ferramenta:
- Ferramentas de aço rápido têm problemas com a exposição à água devido a
corrosão. Emulsões utilizadas em operações com esta ferramenta devem possuir
aditivos antiferruginosos.
- O metal duro suporta qualquer tipo de óleo de corte e a escolha deve ser baseada
em outros critérios;
- Ferramentas cerâmicas a base de óxido deve ser usadas sem fluidos de corte;
- Da mesma forma, cermets, CBN e diamantes policristalinos não recomenda-se o
uso de fluidos de corte;
Seleção do fluido de corte
Manuseio de fluidos de corte
Os fluidos de corte exigem algumas providências e cuidados de manuseio que garantem
seu melhor desempenho nas operações de usinagem:
1. Armazenamento – os fluidos devem ser armazenados em local adequado,
sem muitas variações de temperatura. Além disso, eles devem ser mantidos
limpos e livres de contaminações.
2. Alimentação – o fluido de corte deve ser aplicado diretamente à ponta da
ferramenta com alimentação individual de cada ponta. A alimentação do fluido
deve ser iniciada antes que a ferramenta penetre na peça a fim de eliminar o
choque térmico e a distorção. As ilustrações a seguir mostram a maneira
adequada de aplicar o fluido em diversas operações de usinagem.
Manuseio de fluidos de corte
3. Purificação e recuperação – os fluidos de corte podem ficar contaminados por
limalha, partículas de ferrugem, sujeiras diversas. Nesse caso, eles podem ser
limpos por meio de técnicas de decantação e filtragem.

4. Controle de odor – os fluidos de corte em forma de emulsão, por conterem água,


estão sujeitos à ação de bactérias presentes no ar, na água, na poeira e que
produzem maus odores. Esse problema pode ser diminuído por meio da constante
da limpeza da oficina, pelo arejamento e pelo tratamento bactericida da emulsão.
Problemas do uso de fluidos de corte
O uso do fluido de corte pode trazer alguns incovenientes:

• Corrosão de peças e/ou da máquina: A presença de água nas soluções e


emulsões pode acelerar um processo de corrosão
• Infectação por bactérias: Causa odores ofensivos, manchas nas peças e
máquinas, problemas com filtros e clarificadores e redução da vida do fluido de
corte
• Sujeiras e impurezas: Impurezas podem tanto prejudicar as peças, ferramentas e
máquinas quanto reduzir a vida do fluido de corte.
• Risco de incêndio: Fluidos integrais podem entrar em combustão
• Ataque à saúde: Névoas de óleo podem irritar a pele e as vias respiratórias
• Poluição do Meio-Ambiente: Um litro de óleo pode tornar impróprio para o uso
um milhão de litros de água potável
Mínima quantidade de fluido
A MQF ( Mínima Quantidade de Fluido) seria
uma solução intermediária e a curto prazo,
entre a usinagem a seco e a usinagem com
fluido cortante.
Consiste na minimização da quantidade de
fluido, sendo este aplicado em gotas ou
pulverizado com o ar e direcionado contra
áreas de atrito.
Apresenta como desvantagens: custos
adicionais para pressurizar o ar e suportes
tecnológicos, além da fumaça de óleo
gerados ( apesar de ser menor do que no
fluido cortante).
Usinagem a seco

A usinagem a seco configura-se como uma


alternativa para resolver os problemas
causados pelos fluidos de corte, porém exige
uma adaptação compatível de todos os
fatores influentes neste processo.
Neste caso, faz-se uso de uma pistola
automática que produz um jato constante de
ar sobre a ferramenta de corte que afasta os
cavacos durante a usinagem a seco.
Pode utilizar também vapores de gelo seco
com o objetivo de expulsar o cavaco além de
refrigerar a região de contato peça-
ferramenta.
Apresenta como desvantagens: a redução da
vida útil da ferramenta, alteração de
parâmetros de corte o que leva a uma queda
na produtividade.

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