Você está na página 1de 5

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DO FORO DA

COMARCA DE _________

PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA – ARTIGO 300 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Nome e prenome da consignante, nacionalidade, estado civil (a


existência de união estável), profissão, portador do RG/SP n. __________, inscrita no CPF/MF
sob nº __________, endereço eletrônico, residente e domiciliado na Rua ___________ n. ___,
bairro __________, CEP__________, nesta Capital, por intermédio de seu advogado que esta
subscreve (instrumento de mandato incluso), vem, mui respeitosamente, perante Vossa
Excelência propor AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO cumulado com PEDIDO DE
TUTELA DE URGÊNCIA com base nos artigos 300 e 302, 539 a 549 do Código de Processo Civil,
combinados com o artigo 335, inciso III, do Código Civil em face de Nome e prenome do
consignado, nacionalidade, estado civil (a existência de união estável), profissão, portador do
RG/SP n. __________, inscrita no CPF/MF sob nº __________, endereço eletrônico, residente
e domiciliado na Rua ___________ n. ___, bairro __________, CEP__________, nesta Capital,
pelos motivos de fato e de direito abaixo articulados:

I – DOS FATOS

1. O consignante celebrou contrato de compra e venda com o


consignado cujo objeto contratual incidiu sobre uma máquina de cortar grama, ajustando-se o
valor de R$ 1.000,00 (mil reais). Para formalização do negócio, ficou ainda acordado entre os
contraentes que a forma de pagamento dar-se-ia por meio da emissão do cheque de n. 007, da
Agência n. 507, do Banco X, emitido pelo consignante para pagamento da dívida. Esse cheque
era pós-datado para ser depositado em 30 (trinta) dias.

2. No entanto, o consignante ficou desempregado e, decorrido o prazo


convencionado, o consignado efetuou a apresentação do cheque o qual foi devolvido por
insuficiências de fundo. Mesmo após reapresentá-lo, o cheque não foi compensado pelo
mesmo motivo, ou seja, insuficiência de fundo, acarretando o nome do consignante nos
cadastros de inadimplentes.

3. Depois de dez meses, o consignante conseguiu um novo emprego e


deseja quitar o débito, mas o consignado permanece inerte e, mesmo com a posse do cheque,
não demonstra interesse em cobrar a dívida. O consignante não logrou êxito em localizar o
paradeiro do consignado, e esse fato inviabilizou não somente o contato pela via postal, mas
também a quitação do débito. Considerados todos esses obstáculos que impedem o
consignante de saldar sua dívida, ele deseja cumprir com sua obrigação e, por isso, quer
consignar a referida quantia, devidamente atualizada, em juízo.

4. Uma vez que o consignante não sabe o paradeiro do consignado,


não depositou o valor devido em banco oficial, conforme preleciona o art. 539, § 1º, do CPC.
Caso realizasse o depósito e enviasse carta com aviso de recebimento, esta iria retornar sem a
localização do consignado, obrigando o consignante a propor esta demanda. Assim, para evitar
morosidade no cumprimento da obrigação e aumento dos encargos, optou-se por propor
diretamente a demanda o que não é vedado por lei.

II- DO DIREITO

5. A ação de consignação é meio idôneo para quitar o débito do


consignante, porque tem previsão legal quando o credor estiver em lugar incerto, conforme
dispõe o art. 335, inc. III, do CC. Além disso, a doutrina também explicita que esse instituto
jurídico é meio hábil para permitir ao devedor desonerar-se da obrigação assumida,
desvencilhando-se do credor. Sabe-se por fim que a jurisprudência também caminha no
sentido de permitir ao devedor exonerar-se da obrigação, consignando o valor devido em
juízo.

6. Dispõe o art. 335, inciso III, do Código Civil que: “A consignação tem
lugar: III – se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir
em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil.” Note-se, Excelência, que o artigo
supraindicado demonstra de forma cristalina que o consignante pode exonerar-se da
obrigação em dinheiro, se o credor residir em lugar incerto. Conforme demonstram os
documentos em anexo, o consignante não obteve êxito em localizar o consignado. Impõe-se,
portanto, o ajuizamento de presente ação.

7. Os juristas Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamploma Filho explicam


de forma cristalina que:
“Trata-se a consignação em pagamento, portanto, do instituto
jurídico colocado à disposição do devedor para que, ante o
obstáculo ao recebimento criado pelo credor ou quaisquer
outras circunstâncias impeditivas do pagamento, exerça, por
depósito da coisa devida, o direito de adimplir a prestação,
liberando-se do liame obrigacional.” (Novo curso de direito
civil. 12. ed. São Paulo : Saraiva, p. 171, 2011, v. II).

8. A lição ministrada pelos ilustres professores sobre o cabimento da


ação de consignação em pagamento é de clareza meridiana. Observe-se que esta ação é o
instrumento jurídico adequado para que o consignante, “ante o obstáculo ao recebimento
criado pelo credor ou quaisquer outras circunstâncias impeditivas”, possa adimplir sua
obrigação. Logo, repisese, a ação de consignação é cabível para o caso sub judice.

9. Igualmente a jurisprudência caminha no mesmo sentido, ou seja, de


que a ação de consignação pode ser proposta pelo devedor, a fim de se desvencilhar da
obrigação que assumiu com o credor. Observe-se a jurisprudência abaixo colacionada do
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro:

DECISÃO MONOCRÁTICA - 0070441-79.2015.8.19.0000 -


AGRAVO DE INSTRUMENTO – Ementa – FERNANDO
CERQUEIRA CHAGAS - DÉCIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL -
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM
PAGAMENTO. CHEQUE DEVOLVIDO POR INSUFICIÊNCIA DE
FUNDOS. DESCONHECIMENTO DO PARADEIRO DO CREDOR,
ORA AGRAVADO. PEDIDO DE EXCLUSÃO DO CADASTRO
RESTRITIVO INTERNO DO BANCO EMISSOR DA CÁRTULA.
DECISÃO QUE NEGOU A PROVIDÊNCIA SOB O FUNDAMENTO
DE INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. 1. Tratando-se de cheque
devolvido por insuficiência de fundos, não sendo conhecido o
paradeiro do credor e desejando o devedor realizar o
pagamento a fim de se liberar da obrigação e excluir seu nome
de cadastros restritivos de crédito, poderá este último lançar
mão da presente ação, com efeito de pagamento, consoante
previsão dos arts. 890 do CPC [art. 539 do NCPC] e 335 do CC.
2. Há precedentes neste E. TJERJ garantindo a providência
reclamada pelo Consignante, ora Agravante, desde que o valor
consignado seja corrigido monetariamente desde a emissão da
cártula até o efetivo depósito judicial. 3. Todavia, verifica-se
que o valor consignado em 08/09/2014 corresponde ao
quantum devido corrigido monetariamente somente até
28/05/2014, sendo certo ainda que ao valor depositado não
foram acrescidos juros de mora nos termos do art. 406 do CC,
revelando-se a insuficiência do depósito que conduz à
improcedência da exclusão da negativação pretendida pelo
Consignante, ora Recorrente. NEGADO SEGUIMENTO AO
RECURSO, NA FORMA DO ART. 557, CAPUT, DO CPC.

10. Tanto a doutrina quanto a jurisprudência são uníssonas em admitir


a consignação em pagamento como instrumento jurídico hábil para exonerar o consignante da
obrigação que lhe foi imposta. Ademais, a consignação também é considerada meio hábil para
retirar o nome do devedor do rol de inadimplentes dos órgãos de restrição de crédito. Uma
vez que o consignante irá depositar o débito devidamente corrigido a dívida extinguiu-se não
havendo motivo para a permanência de seu nome dos órgãos restritivos de crédito. Assim,
para confirmar sua boa-fé, atualizou o débito, atribuindo os encargos, juros e correção
monetária, conforme anexo I, chegando ao valor de R$ 3.000,00 (três mil reais).

III – DO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

11. O art. 300 do CPC dispõe que: “A tutela de urgência será concedida
quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o
risco ao resultado útil do processo.” Esse artigo aplica-se ao caso do consignante, porque ele
depositará a quantia devida com juros e correção monetária não havendo motivo para que seu
nome permaneça com restrição. Sabe-se, portanto, que a demora da sentença, mesmo julgado
procedente o pedido do consignante, não impedirá que ele continue sofrendo os reflexos da
restrição, pois não terá crédito no mercado.

12. Por esse motivo, o consignante pleiteia a retirada de seu nome dos
cadastros de restrição de crédito como medida legítima, visto que não haverá mais débito,
evidenciando o seu direito e indicando o perigo de dano caso não seja concedida a tutela.

IV – DO PEDIDO

Ex positis, requer o depósito da quantia devida, no prazo de 05 (cinco)


dias contados do deferimento, nos termos do art. 542, inc. I, do CPC, pleiteando também a
antecipação dos efeitos da tutela de urgência, inaudita altera parte, a fim de retirar o nome do
consignante do rol de inadimplentes dos cadastros de inadimplentes, segundo dispõe o art.
300 do CPC.

O consignante requer a Vossa Excelência que se digne de citar o


consignado por meio de edital, nos termos do art. 256, inciso II, do CPC, para que o consignado
levante a quantia depositada em juízo ou ofereça resposta, para, ao final, julgar procedente a
demanda, confirmando a tutela concedida e declarando extinta a obrigação pelo pagamento,
além da condenação do consignado em custas e os honorários advocatícios.

O consignante, nos termos do art. 319, inc. VII, informa Vossa


Excelência que não tem interesse na audiência de conciliação ou mediação.

Protesta provar o alegado por todos os meios admitidos em direito,


inclusive pela oitiva da parte contrária, oitiva de testemunhas, juntadas de documentos,
elaboração de perícias e tudo o mais que se fizer necessário para o deslinde da causa.

Dá-se à causa o valor de R$ 3.000,00 (mil reais) para efeitos de alçada.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Local e data.

Assinatura, nome do(a) advogado(a) e OAB.

Você também pode gostar