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educação, justiça, dentre outros. Os projetos instituições públicas, apoiar órgãos governamentais
e-Desenvolvimento no Brasil e no mundo, subsídios em ações de governo eletrônico, contribuir para
e Programa e-Brasil, são bons exemplos (KNIGHT, a universalização do acesso à Internet, fomentar
2007). Algumas organizações governamentais e o desenvolvimento de projetos comunitários e a
ONGs têm se dedicado, direta ou indiretamente, a formação de redes de conhecimento, incentivar o
mapear as ações de inclusão digital, a exemplo dos uso de software livre, apoiar o desenvolvimento das
esforços do Ministério da Ciência e Tecnologia - comunidades beneficiadas e apoiar comunidades
IBICT (http://inclusao.ibict.br/mid/mid.php) e em estado de vulnerabilidade social (BRASIL,
do Ministério do Planejamento (http://www.onid. 2008a). Como boa prática de um projeto social do
org.br/) brasileiros, que estão construindo um governo, as diretrizes, objetivos e metas do Gesac
mapa e observatório, embora estes levantamentos são abrangentes, tornando-se necessário que elas
não pretendam aprofundar a avaliação do projeto sejam divulgadas e acompanhadas pela sociedade
ou programa de inclusão digital identificado, mas e pelo cidadão.
oferecem dados e subsídios para acompanhar o
crescimento dos programas em curso. Embora a avaliação e as medidas de inclusão digital
já estejam bem estabelecidas em diversos países
Os programas e projetos do governo atuam na (BARZILAI-NAHON, 2006), no Brasil, o processo
inclusão digital como uma ação social mediante a de avaliação está incipiente, tanto no meio acadêmico
formulação de política pública para universalização como nas esferas de governo. Cabe destacar que
da telecomunicação, notadamente, disponibilização as iniciativas que visam a medir o progresso da
da Internet de banda larga; na implementação inclusão digital no Brasil devem ser apoiadas em
e acompanhamento das políticas públicas para face do volume de recursos públicos envolvidos.
permitir às classes mais carentes a aquisição de Segundo Balboni (2007), existem muitos pontos a
computadores; e no aumento de telecentros abertos ser revelados por trás da Inclusão Digital no Brasil,
ao público ou de laboratórios de informática levando vários pesquisadores, neste momento, a
em escolas públicas, em regiões de baixa renda uma reflexão quanto à eficácia, à efetividade e aos
ou remotas. Como pairam dúvidas sobre o resultados alcançados pelo setor público e privado
êxito do processo de inclusão digital, a presente quando disponibilizam TICs, buscando o binômio
pesquisa busca avançar na identificação, análise, acesso às TICs/informação e desenvolvimento
avaliação e medição dos resultados (AUN, 2007; econômico e social. Albagli e Maciel (2007) e Freire
SILVA e JAMBEIRO, 2007; BALBONI, 2007; (2007) entendem que apropriação social está além
CARVALHO, 2009). da inclusão digital e afirmam que o simples uso das
tecnologias e acesso à informação sem um senso
Uma das iniciativas verificadas no Brasil é o Governo crítico não levam à transformação necessária para
Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão, do o cidadão participar da sociedade da informação.
Ministério das Comunicações, hoje denominado
Programa Gesac (Brasil, 2002), que tem por objeto O Gesac, juntamente com os demais projetos e
o atendimento de instituições públicas de ensino, programas do governo, sempre foi um campo de
instituições públicas de saúde, unidades do serviço investigação (WORTHEN, 2004; MENDONÇA,
público localizadas em áreas remotas, de fronteira 2008; CORRÊA, 2007; MARTINS, 2009;
ou de interesse estratégico e outras instituições ROTOHBERG, 2009). Esforços neste sentido já
públicas, bem como entidades da sociedade civil sem produziram livros, revistas, dissertações, teses e
fins lucrativos. Pretende-se, por intermédio delas, artigos, alguns disponibilizados na Biblioteca Digital
promover ou ampliar o processo de inclusão digital do Gesac (www.biblioteca.idbrasil.org.br). No
(BRASIL, 2008a), através de diretrizes estabelecidas entanto, a complexidade da questão e as limitações
para promover a inclusão digital, ampliar o dos estudos têm dificultado maior aprofundamento
provimento de acesso à Internet em banda larga para (MEDEIROS NETO, 2006).
preenchimento do questionário na Web, também freqüentam o ponto por dia. Como medida de
como forma de avaliar a inclusão dos usuários; variabilidade (S), utilizou-se a faixa etária desses
d) programa de viagens para aplicação presencial, usuários. O número mínimo de usuários a preencher
coletas qualitativas e disseminação da avaliação o questionário é dado por:
(demonstração e treinamento); e) concentração dos
esforços na formação de parcerias com secretarias
estaduais de Educação; (f) uso de métodos
estatísticos para reduzir o tamanho da amostra;
g) esforço para manter a confiabilidade dos
resultados apurados (RIBEIRO JÚNIOR, 2004). Os responsáveis pela pesquisa nos estados
A proposta de amostragem agrupou os pontos de levantavam junto aos aplicadores dos Pontos Gesac
presença em estratos homogêneos para melhorar incluídos na amostra as seguintes informações:
a precisão das estimativas e diminuir o custo da faixa etária (de 14 a 21 anos) e freqüência diária (70
pesquisa. O cálculo da amostra considerou as pessoas) e aplicava-as à terceira fase. O aplicador,
condições da pesquisa e o universo de PID em todos professor, monitor ou administrador do ponto,
os estados, em duas fases. Na primeira fase, houve deveria convidar, entre os usuários freqüentadores
uma estratificação geográfica que dividiu o país considerados alfabetizados digitalmente, no
em cinco estratos “naturais”. Região Centro, com mínimo “n” pessoas para responder ao questionário
113 pontos amostra de um total de 256 pontos de em papel ou na Web.
inclusão. Na Região Nordeste, respectivamente 174 O levantamento dos dados foi baseado na
e 1280. Na Região Norte, 147 em um total de 542 aplicação de questionários, tendo como suporte
pontos de inclusão. E ainda, 167 pontos amostrais Internet (via Web) e no uso do Portal do Gesac, e
na Região Sudeste de um total de 963 e, na Região sua administração foi também on-line como forma
Sul, respectivamente, 141 dentre 466, num total de de fundamentar e complementar esta modalidade
742 pontos amostrais de um total de 3.570 pontos (CRESWELL, 2007). Apenas 10% dos formulários
de inclusão (21%). Dentro de cada estrato aplicou- foram em papel. Foram disponibilizados o Portal do
se o método de amostragem aleatória simples sem Gesac, lista de discussão e ligações telefônicas com
reposição. O número de participantes em cada objetivo de facilitar as informações e orientações
ponto foi calculado com base na faixa etária e na sobre a pesquisa para os responsáveis, aplicadores,
frequência diária de usuários. Dessa forma, para esta alunos e usuários.
pesquisa, adotou-se um erro máximo (B) de dois
anos de idade com 95% de confiança. O questionário utilizado para coletar os dados,
elaborado especificamente para a pesquisa, foi
Como informação da variabilidade da população, previamente testado numa amostra de 100 pontos
usou-se a faixa etária dos usuários dos PIDs de (Minas Gerais e Goiás). Foi autoadministrado,
todo o Brasil, nos levantamentos feitos no Vale coletando observações tanto quantitativas quanto
do Jequitinhonha, Minas Gerais. Para tanto, a faixa qualitativas sobre o acesso, localização, uso,
etária ficou entre 7 (sete) e 65 (sessenta e cinco) anos. conhecimento, leitura, interpretação da informação
Na segunda fase de seleção, o sorteio dos indivíduos em meio digital e domínio das TICs. No mesmo
com mais de 10 anos de idade foi feito dentro de questionário é feita investigação sobre o acesso,
cada PID contido na amostra da primeira fase por localização, uso, leitura e interpretação da informação
amostragem aleatória simples. Para a terceira fase, em meio digital. Ao final da análise dos dados, a
valeu o cálculo da quantidade de participantes a confiabilidade dos resultados apurados foi validada
responder o questionário, presencial ou via Web, por Joseane Padilha da Silva, Msc. em Estatística e
e utilizou-se o número médio de usuários (N) que Experimentação Agronômica-USP/ESALQ.
Programa Gesac do Ministério das Comunicações, O artigo presente avança na análise da inclusão digital,
que, juntamente com seus parceiros e conveniados, ao considerar os esforços do município, do estado
oferece gratuitamente acesso às TICs, destacando ou do governo federal quando promove ações de
a conectividade para outros programas e projetos, inclusão digital, e a transferência de informação
e, ainda, recursos digitais e capacitação para e serviços em ações de governo eletrônico. Vale
multiplicadores (monitores, professores e agentes ressaltar ações que pretendem facilitar a aquisição
de inclusão digital) em todo o país (BRASIL, de computadores, mediante políticas para reduzir
2002 e 2008a). Mesmo assim, alguns indicadores o preço do acesso à Internet, considerado um dos
apresentaram valores relativamente baixos. mais elevados, e, mais recentemente, a formação
de agentes de inclusão digital, distribuindo bolsas
A tecnologia satelital é a principal facilidade com
para estudantes atuarem como facilitadores, e
penetração nas áreas de pouco interesse para
preparação dos mediadores e multiplicadores
exploradores do mercado de telecomunicações,
dentro das comunidades (MIRANDA, 2006a;
tais como as periferias das regiões metropolitanas,
MENDONÇA, 2008).
pequenos municípios e fronteiras com baixo
índice populacional. O acesso a computadores e Procurou-se identificar os possíveis ganhos dos
uso da Internet da população brasileira constitui cidadãos ao usarem computadores e o acesso à
preocupação do Comitê Gestor da Internet – CGI informação pela internet ao final de um processo
(BRASIL, 2008b e 2009). O Comitê criou um de capacitação formal ou por mediação dos
centro responsável pela construção de indicadores multiplicadores. Assim, o estudo visava aprofundar
e elaboração de estatísticas através do qual, de aspectos da efetividade ou resultados e impactos
certa forma, monitora-se o problema de acesso alcançados pelo Gesac e seus parceiros junto aos
desigual às TICs em todas as classes sociais. Nos usuários.
domicílios situados nestas áreas moram as classes
menos favorecidas, onde a posse de computadores O Portal do Gesac foi o ponto focal de distribuição
apresenta índices inferiores ao do Chile e da das informações e orientações para responsáveis
Argentina (BRINGUÉ, 2009). nos estados, aplicadores do questionário e
participantes da amostra. Desta forma, a própria
O Programa Gesac e seus parceiros oferecem pesquisa serviu de instrumento de avaliação da
espaço com computadores, acesso à Internet e alfabetização digital dos usuários. A presença de
capacitações com conteúdos tecnológicos e de professores, monitores e administradores dos
cidadania para multiplicadores escolhidos pelas telecentros faz com que o participante responda com
comunidades escolares e da sociedade civil, e seriedade, evitando o problema da contaminação
tenta reverter este quadro. A iniciativa de realizar e artificialismo (CRESWELL, 2007). Além disso,
a Pesquisa Nacional de Avaliação demonstra a este sistema permitiu ao aplicador consultar, via
preocupação com o impacto dessa iniciativa. Logo, Internet, os questionários respondidos e aumentar
faz-se necessária a construção de indicadores de a sua aprendizagem em termos de pesquisa na
inclusão digital para o aprofundamento da análise Web. O mais provável é que nestes pontos esteja
dos dados Pesquisa Nacional de Avaliação. As ocorrendo uma apropriação dos usuários devido
pesquisas do CGI (BRASIL, 2009) têm apontado ao uso da tecnologia e/ou acesso à informação,
o crescimento de usuários nos telecentros públicos com a mediação de multiplicadores, em muitos
pagos, as conhecidas lan houses, mas isto não casos.
compromete a construção dos indicadores com
base em pontos e ações de inclusão digital do Na pesquisa de campo foram entrevistados
governo. usuários dos PIDs, ou melhor, alunos das escolas
públicas e cidadãos de baixa renda das grandes
cidades e interior do país. Nas entrevistas em
campo, usaram-se a aplicação presencial e a Verificou-se que os alunos das escolas públicas
Internet no preenchimento do questionário, tinham o laboratório de informática como única
para construir uma amostra significativa deste opção para o aprendizado, comunicação virtual
universo, com grande dispersão geográfica, e o lazer. Este quadro pode levar ao aumento do
características marcantes e as peculiaridades das contingente de pessoas digitalmente excluídas, no
comunidades que vivem em áreas de risco social Brasil, uma vez que a alfabetização digital passa a
ou em regiões distantes. O método garantiu que ser fortemente uma demanda de jovens e adultos
o usuário, independentemente da sua condição na nova sociedade e necessidade de mais tempo no
social e localização geográfica, participasse da uso das tecnologias e capacitação assistidas ou não.
amostra, preenchendo o questionário no PID sob Notou-se que mais da metade dos participantes
a supervisão do aplicador, normalmente alguém da da amostra tem renda familiar menor ou igual
comunidade. Na maioria das vezes, esta parcela da a 2 (dois) salários mínimos, confirmando que
população tem acesso limitado à educação formal o Programa Gesac atende basicamente a uma
de qualidade ou está apartada da educação popular população de baixa renda. Como a maioria dos
ou informal. Logo, esforços de todos em transferir participantes foi de jovens, logo se conclui que
informações e procedimentos e uso das TICs na faltam computadores e acesso à Internet nos seus
pesquisa superam estas barreiras em levantamento domicílios, já que a renda é um dos três fatores
via Web (WORTHEN, 2004). determinantes da inclusão digital, juntamente
com a educação e acesso às TICs (BRASIL, 2009;
O estudo buscou avaliar os resultados da inclusão e a BALBONI, 2007).
construção de indicadores que melhor representam
a apropriação dos usuários após processo de Na construção e análise dos indicadores de
inclusão digital (SCHWARZELMULLER, 2005; uso da tecnologia, constata-se que acesso às
ECHEVERRÍA, 2008). Entretanto, a pesquisa ferramentas, apropriação por faixas etárias e níveis
aponta que os usuários consideravam a velocidade de escolaridade mantêm forte correlação. Como
de acesso à Internet muito lenta ou lenta. destaca Caridad (2007), a brecha digital é, antes de
tudo, uma questão de idade e de nível de formação.
O uso da tecnologia no Brasil está fortemente
concentrado nas empresas, em áreas urbanas com Na análise do número de usuários dos computadores
maior poder aquisitivo, e nas camadas sociais de dos pontos de inclusão, verificou-se, por exemplo,
maior nível de escolaridade (BRASIL, 2009). Ao que os percentuais de utilização do Windows e o
passo que, nas áreas rurais, periferias das metrópoles do Word têm comportamento equivalente aos que
e regiões afastadas, as populações são mal atendidas usam a Internet. No entanto, entre o Windows e o
pelas operadoras de telecomunicação, exatamente Linux não existe a mesma equivalência, mostrando
pelo seu baixo potencial de exploração econômica, que os indicadores do uso dos softwares proprietários
e os serviços públicos são deficientes, como notam são preponderantes, mesmo a despeito de todos
alguns autores (SORJ, 2007). Parte desta população os incentivos das políticas públicas e das oficinas
de excluídos é até crescente, e recebe a atenção do realizadas nos anos 2006 a 2008, nos PIDs, com
Gesac e seus parceiros e conveniados. Nessas áreas, base em software livres.
a maioria dos domicílios não tinha computadores.
Da mesma forma, o custo do acesso a serviços Os indicadores de uso da tecnologia, quando
de telecomunicações permite o acesso à Internet observados em uma ferramenta isolada, são mais
a uma minoria, forçando a maioria a procurar elevados à medida que cresce o nível de escolaridade.
telecentros públicos, gratuitos ou pagos. Esta apropriação deve-se às capacitações dos agentes
de inclusão, ao esforço próprio e à maturidade e
conhecimento cognitivo desenvolvido. Com os de
60 anos ou mais, percebe-se queda nos indicadores.
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