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XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO

Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil


João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

ANÁLISE DA LOGÍSTICA INTERNA E


DE INDICADORES DE DESEMPENHO
DE UMA FÁBRICA PRODUTORA DE
FIOS E CABOS ELÉTRICOS
adryano veras araujo (UFPI )
adryanoveras@yahoo.com.br
fernando passos rocha (UFPI )
passos.rocha@hotmail.com
andre luiz gomes oliveira (UFPI )
andre.luiz.eng.producao@gmail.com

Devido as constantes oscilações na economia provocadas por efeitos


provindos da globalização, as empresas passaram a se adequar as
mudanças com uso de novas estratégias e técnicas, a fim de se
conservar no cenário econômico atual. Por esse fato, a logística vem
crescendo e se apresentando como uma ferramenta indispensável para
alcançar vantagem competitiva e permanência no mercado. Sabendo
disso, o objetivo desse estudo foi de analisar a logística interna de uma
empresa produtora de fios e cabos elétricos, descrevendo a
roteirização da movimentação dos operadores, insumos e materiais na
área de produção. Assim como também, avaliar o rendimento da
empresa ao determinar os indicadores de desempenho. Para ao final,
sugeri melhorias nas áreas detectadas como críticas e de rendimento
insatisfatório.

Palavras-chave: Logística interna. Indicadores de desempenho. Fios e


cabos elétricos.
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1. Introdução
No cenário atual da economia as empresas procuram cada vez mais adquirir competitividade e
desempenhar melhor suas funções, e por esse aspecto a gestão da logística e da cadeia de
suprimentos tem sido uma área que vem se destacando continuamente na melhoria dos
processos produtivos, contribuindo na visão integrada e sistêmica da empresa, facilitando o
fluxo de informações e assumindo o gerenciamento dos insumos e produtos acabados
(BALLOU, 2010).

Tendo em vista ao mercado competitivo contemporâneo, o domínio da logística contribui


fortemente em melhorias dos processos e setores de uma empresa, ao promover a integração
entre eles, gerando um maior processamento de informações no sistema, de uma forma
concisa e reduzindo a possibilidade de erros (NOVAES, 2007).

Com a competência da logística de gerenciar informações, ela consegue planejar da melhor


forma o fluxo de produtos, serviços e informações desde o início da cadeia na etapa que
envolve fornecedores, seguindo pelo processamento até a chegada do consumo do cliente
final, mostrando assim que a área da logística pode se fazer presente em todas as etapas de
uma empresa (BALLOU, 2010).

Diante disso, a cadeia de suprimentos e logística contribui para o crescimento e diferenciação


entre as organizações, sendo assim, as empresas que investem no aperfeiçoamento dessa área
obtêm ganhos com a redução de custos de transportes, na produção, com informações precisas
no momento certo, e um bom relacionamento com os fornecedores e clientes.

Em razão do mencionado, o presente artigo busca analisar o modelo logístico praticado por
uma empresa produtora de cabos e fios elétricos, investigando a situação atual da empresa
com o intuído de explorar o contexto dos desafios logísticos existentes. Focando-se na parte
de logística interna, e na medição de indicadores de desempenho de suas operações, para
assim, projetar possíveis soluções viáveis de acordo com as limitações e recursos disponíveis,
e avaliar o rendimento da empresa. Buscando ao final, explorar os benefícios da aplicação de
uma adequada gestão logística e da cadeia de suprimentos.

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2. Referencial teórico
2.1 Logística
Segundo Oliveira e Cândido (2006) as constantes oscilações na economia são provocadas por
efeitos gerados da globalização, e com isso, ocasiona um aumento constante na
competitividade entre as empresas. Com o efeito dessa realidade global, essas empresas
tendem a se adequar as mudanças com uso de novas estratégias e técnicas, a fim de se
conservar no mercado.

Nesse contexto, de acordo com Souza Júnior et al. (2013) e Figueiredo e Arkader (2009) a
logística vem crescendo e se apresentando como uma alternativa para as empresas
permanecerem competitivas e atuantes. Pois, essa área vem comprovando continuamente
através do tempo que é uma poderosa ferramenta de gestão, uma vez que possibilita
agilização de processos, gerenciamento e aquisição de insumos, armazenamento,
movimentação e entrega de produtos acabados e semiacabados, assim com na redução de
custos de processos e de entregas. Justificando assim, segundo Oliveira e Cândido (2006) que
se bem aplicada e monitorada, a logística se torna uma arma indispensável para alcançar
vantagem competitiva, possibilitando aumentar a capacidade operacional.

De acordo com Ballou (2010) o sistema da logística é constituído por um conjunto de macro
atividades que podem ser desmembradas em micro atividades, sendo elas: logística interna;
logística reversa; suprimento físico; e distribuição física. Ainda conforme o autor supracitado,
a definição de logística interna se trata da movimentação de produtos, materiais e pessoas,
estando intimamente dependente da disposição do arranjo físico, ou o layout da empresa.

Bilby, Corrêa e Bahia (2010) e Silva et al. (2009) reiteram essa afirmação ao defender a
necessidade de existência de ajustes nos processos de planta interna das empresas, visto que a
presença de problemas na disposição de arranjo físico pode ocasionar em deseconomias
quando se tratando de tempo consumido nos processos internos. Logo, o fluxo de todo
insumo, material e de operadores para realização das operações, possuem influência direta na
eficiência das atividades de armazenagem, produção e entrega de produtos.

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Segundo Coimbra (2005) a cadeia de valor de uma empresa é diretamente correlacionada com
a logística interna da mesma, em razão das consequências que podem ser geradas nas
atividades que compõe o fluxo interno. Sabendo disso, as organizações passaram a dedicar-se
e dar maior ênfase nesse domínio da logística, almejando alcançar os benefícios gerados ao
possuir controle e eficiência nas operações de fluxo interno, ou logística interna.

2.2 Indicadores de desempenho


Nos dias atuais em que a competitividade faz parte da rotina das empresas, criar uma
avaliação de desempenho é um passo importante para medir o rendimento global da empresa,
pois por intermédio de um monitoramento dos processos é possível identificar o desempenho
dos pontos chave da organização, abrangendo medidas financeiras e não financeiras, sendo
elas qualitativas ou quantitativas, desde que sejam embasadas conforme as suas próprias
métricas (PEDERSEN; SUDZINA, 2012).

A dimensão de controlar a qualidade da manufatura por meio de indicadores cresceu muito


nos últimos anos, o que motivou a outras áreas aderirem a este modelo de avaliação. A
logística foi uma delas que absorveu esse modelo, passando a controlar a qualidade das
atividades que influenciam na performance logística (FLEURY; LAVALLE, 2000,
FAWCETT; CLINTON, 1996)

De acordo com Conceição e Quintão (2004) a competitividade não acontece entre uma
empresa isolada a outra, mas entre as cadeias de suprimentos. Diante a isso, Fleury e Lavalle
(2000) afirmam que uma avalição do desempenho logístico possui grande importância nos
resultados finais da avaliação da cadeia, ao identificar o comportamento dos processos que
medem os desempenhos internos da empresa, e os desempenhos dos serviços prestados por
parceiros, assim como também os fluxos de dados logísticos que trafegam na empresa.

3. Metodologia
Kauark, Manhães e Medeiros (2010) definem que uma pesquisa científica é a aplicação de
sondagens para examinação de resoluções de problemas, pelo qual se procura encontrar
respostas por intermédio da ciência. E a solução de problemas pode ser alcançada por meio de
procedimentos sistemáticos, que são fundamentados em raciocínio lógico.

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As pesquisas servem para solucionar problemas e dúvidas, de acordo com os elementos e


fatores que se desejam explorar e alcançar respostas. Por esse fato, existem diversas formas de
classificação de pesquisas, que são categorizados conforme a sua natureza, objetivo,
abordagem e métodos, que captam dados de onde se deseja apurar respostas (PRODANOV;
FREITAS, 2013).

Portanto, conforme a estrutura e objetivo pretendido desta pesquisa, baseado na literatura


supracitada, a mesma é classificada por uma abordagem combinada, pois traz em sua estrutura
de análise o modelo qualitativo e quantitativo, uma vez que se faz uso de informações,
interpretações e análises através de dados e elementos numéricos e não numéricos.
Já em relação à natureza, está é classificada como aplicada, pois possui como objetivo
analisar o domínio logístico de uma empresa, e sugerir melhorias por meio dessas análises. E
no que se trata da especificação conforme os objetivos, este artigo se enquadra no tipo de
pesquisa descritiva, por se utilizar técnicas pré-determinadas de levantamento de dados e pela
observação sistemática.

4. Apresentação e discussão das análises


4.1 Caracterização da empresa
Para a realização desse estudo foi tomado como base uma fábrica produtora de fios e cabos
elétricos, cuja mesma se encontra localizada na região Nordeste do Brasil. Esta empresa, por
motivos de segurança e cumprimento de sua própria política, permitiu que fosse realizado o
estudo, desde que preservasse a sua real identidade, ocultando o seu nome e características
que permitissem sua identificação. Para isso, neste artigo a empresa em análise receberá a
nomenclatura de empresa “Alfa”.

Se tratando dos produtos fabricados pela empresa, os mesmos são voltados para redes de alta
tensão e instalações elétricas internas. A estratégia adotada pela Alfa é voltada para o
fornecimento de seus produtos a pessoas jurídicas, tais como fornecedoras de energia e
revendedores de materiais de construção.

A seguir a Figura 1 trás uma representação gráfica do layout da fábrica e como ocorre a
movimentação da empilhadeira e da paleteira no processo de fabricação dos cabos elétricos.

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Figura 1 – Layout do chão de fábrica da empresa Alfa

Fonte: elaboração própria.

A Figura 1 tem por objetivo demonstrar como ocorre o fluxo de operações internas da
empresa Alfa, detalhando a movimentação da empilhadeira e a paleteira, pelos quais, ambas
realizam um deslocamento excessivo, promovendo muitas vezes desgastes dos operadores,
desperdícios de recursos e atrasos na produção.

4.2 Problemas identificados


Dentro da empresa Alfa, após algumas análises realizadas, foi possível identificar alguns
problemas na esfera dos processos de planta, que refletem diretamente nos processos de
distribuição da empresa. Tais problemas identificados podem ser vistos no Quadro 1.
Quadro 1 - Matriz Gravidade Urgência Tendência (G.U.T).

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Fonte: elaborado pelos autores.

Quadro 2 – Legenda para classificação da Matriz G.U.T

Fonte: elaborado pelos autores.

Dentre os problemas identificados, cabe destacar a armazenagem da matéria prima PVC. O


estoque desse material se localiza a uma distância relativamente longa do posto de trabalho
onde será utilizado. Além disso, a forma como ele é armazenado, sobre paletes e dentro de
sacos de 25 kg, também apresentou riscos à saúde dos colaboradores que trabalham
diretamente com esse material. Isso ocorre porque o operador transporta os sacos de PVC nas
costas até o posto de trabalho.

Ao final de cada etapa da produção o material deve ser pesado. Porém, uma vez que a planta
só possui um posto de pesagem, há longas movimentações de materiais pela fábrica. Essa
característica ocasiona atrasos na produção, e caso o transporte não ocorra de maneira
adequada, pode danificar o produto.

A partir das análises diretas, foi observado que os operários não faziam as devidas pesagens
dos materiais. Esse comportamento acontecia devido ao tempo necessário para realização da
pesagem. Dessa forma, foi observado que os operadores faziam uso de estimativas de pesos, o
que provoca distorções na informação gerada pelo chão de fábrica. Por esse fato, é recorrente
que os formulários, responsáveis pela rastreabilidade dos produtos, tenham informações
incorretas e ausência de dados precisos. A rastreabilidade de processos e produtos é de

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fundamental importância para a logística. A falta de informações pode comprometer todo o


trabalho logístico do material.

Na produção, os produtos são armazenados individualmente nos estoque de produtos


acabados. Esse processo requer tempo e mão de obra, pois os produtos são acondicionados
manualmente nas prateleiras. Como consequência, há estoques de produtos acabados elevados
e espalhados de forma desordenada pelo chão de fábrica.
Apesar do rigoroso controle de qualidade em que os produtos são registrados e conferidos ao
final de cada etapa do processo produtivo, há um elevado percentual de produtos com
inconformidades que ocorrem devido a erros de informações nas etiquetas/embalagens dos
produtos acabados, gerando custos com devoluções e situações desconfortáveis com os
clientes da Alfa.

4.3 Logística interna da empresa Alfa


No âmbito interno, o setor de PCP, é o setor responsável pelo gerenciamento dos estoques de
produtos em processo. O que se observa na empresa é a presença de uma falha na informação
que vem do chão de fábrica para a gerência. Desse modo, o PCP da Alfa é empenhado em
desenvolver controles cada vez mais acurados para melhorar a qualidade da informação e
diminuir o impacto negativo que se pode trazer para os resultados.

A empresa possui uma produção em lotes. Entretanto, devido a limitações dos equipamentos e
a ausência de um sistema poderoso de gerenciamento da produção, ocorrem elevados estoques
de matéria prima, assim como também de produtos em processos. Logo após os produtos
serem finalizados e embalados, os mesmos são levados ao estoque onde ficam dispostos em
prateleiras até que sejam liberadas as ordens de distribuição aos clientes.

4.4 Indicadores de desempenho


Diante da relevância de apontar o desempenho atual da cadeia de suprimentos, foram
elaborados seis indicadores de desempenho logístico ou LPI (Logistics Performance
Indicators) da empresa Alfa, com o intuito de realizar um parecer da situação da organização
e posteriormente identificar possibilidades de melhorias nas áreas da avaliação desses
indicadores.

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O Quadro 3 a seguir mostra os indicadores selecionados no mês de outubro e novembro de


2015 para medir o desempenho e performance da empresa.

Quadro 3 - Classificação dos indicadores

Fonte: elaborado pelos autores.

4.4.1 Porcentagem de estoque indisponível para venda


Corresponde ao estoque de produtos acabados não disponíveis para venda devido a danos
decorrentes de movimentação, armazenagem e logística reversa. Quanto menor esse índice,
melhor para a empresa, significando que maior parte do estoque está disponível para venda.
Na empresa analisada, o índice calculado foi de 0,94%. Apesar de a meta da empresa ser 0%,
o índice atingido foi satisfatório.

4.4.2 Entregas no prazo (On Time Delivery – OTD)


A meta da empresa é chegar aos 100% de entregas de acordo com o prazo negociado com os
clientes, logo esse índice, quando atingido, possibilitará uma alta confiabilidade perante os
consumidores de seus produtos. Atualmente a Alfa está com índice de 90,6%, onde foi
calculado pela quantidade de entregas que a empresa realizou no prazo, dividido pela

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quantidade de entregas do mês de outubro, dando assim um índice elevado e bem próximo da
meta da organização.

4.4.3 Indisponibilidade de materiais


Os atrasos das matérias-primas que chegam para serem processadas causam grandes percas,
pois ocorre um atraso na produção diminuindo assim a produtividade ou até mesmo
interrompendo um dia inteiro de trabalho. A empresa trabalha para que esse índice seja igual a
zero, ou seja, não ocorram paradas não planejadas por falta de insumos, no entanto o índice
atual é de aproximadamente 25,5%, cujo se traduz em uma porcentagem um pouco levada
tendo em vista que cada indisponibilidade ocasionará diversos problemas, desde o aumento do
custo na produção, até desgastes dos funcionários devido a necessidade de horas extras para
compensar o atraso.

4.4.4 Número de pedidos perfeitos (Perfect Orders – PO)


Os pedidos perfeitos são compostos desde a entrega no prazo até produtos com poucas ou
nenhumas falhas em sua estrutura, ou seja, não haverá retorno do produto por conta de
defeitos. A organização tem como meta atingir o 100% de pedidos perfeitos, possibilitando
uma vantagem competitiva e satisfazendo seus clientes, logo atualmente a empresa possui o
índice de aproximadamente 90,4%, mantendo-se próximo da meta estabelecida.

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4.4.5 Unidades por transação (Units per Transaction – UT)


O número de unidades por transação representa uma tendência de compra dos clientes, bem
como a eficácia da equipe de vendas relacionada à rotatividade dos produtos. O índice mede o
número de unidades vendidas em cada transação ao longo de um período de tempo. Cada
empresa tem suas próprias normas, que se adequem a suas peculiaridades, para medir esse
índice, por isso, é importante comparar seus valores com médias históricas.

Na empresa Alfa, esse índice é medido em relação ao peso do cobre contido na mercadoria.
Dessa forma, para o grupo do principal produto, o número de unidades (quilos de cobre) por
transação durante o mês de outubro de 2015 foi de aproximadamente 171kg de cobre por
transação.

4.4.6 Taxa de pedidos devolvidos (Back Order Rate – BOR)


Produtos com qualidade, seguindo de acordo com as especificações pré-estabelecidas são
importantes para as empresas, pois assim evitam as devoluções como também o retrabalho.
Com isso, aumenta a confiança por parte dos clientes e diminui as despesas da empresa com
os produtos que são devolvidos. O índice calculado da empresa no mês de outubro foi
bastante satisfatório, pois a mesma atingiu sua meta de não haver devoluções de seus
produtos, obtendo o índice foi 0%, representando um excelente resultado.

5. Resultados e estratégias de melhorias

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A partir das observações e análises feitas na empresa, foram identificados pontos que podem
ser sugeridos melhorias, os quais serão apresentados neste tópico.

Os principais pontos de melhoria observados estão relacionados à logística interna da


empresa, nos fluxos da planta. A primeira melhoria a ser sugerida foi em relação ao transporte
do PVC até a estação de trabalho, realizado pelo próprio operador. Nessa alteração, o estoque
da matéria prima, seria transferido para um local mais próximo do setor de extrusão. Dessa
forma, o tempo de setup do processo de extrusão é reduzido e consequentemente os custos de
produção, melhorando também a eficiência geral da empresa para atender seus pedidos.

Ainda focando na redução do tempo de setup do processo de extrusão, outra medida possível,
seria a instalação de alimentadores (dosadores) de PVC nas máquinas extrusoras. A instalação
de tais equipamentos visa à minimização das chances de atrasos decorrentes de erros na
produção e inconformidades no material, bem como o aumento da eficiência dos processos
logísticos da empresa, criando vantagem competitiva.

Já em relação aos longos transportes de materiais dentro da planta, demonstrando ineficiência


da logística interna da empresa, ocorriam porque ao final de cada processo de fabricação, o
material deve ser pesado, porém a empresa só dispõe de uma balança, a qual fica localizada
no setor de medição. Dessa forma, o processo de pesagem demanda muito tempo, devido às
longas movimentações, gerando ociosidade em alguns equipamentos, seja esperando pelo
material a ser pesado, ou esperando que o operador volte a seu posto de trabalho. Portanto,
para melhorar esse ponto, a sugestão é que seja instalada uma nova balança em outro ponto da
fábrica para reduzir as distâncias das movimentações de materiais para pesagem.

Nos estoques de produtos acabados, percebeu-se uma ineficiência que pode influenciar
diretamente no desempenho logístico da empresa. A forma como as peças são armazenadas
demandam muito tempo e esforço dos colaboradores para dispor todas as peças no estoque,
bem como para separá-las e serem distribuídas aos clientes. Isso diminui a eficiência do
processo logístico da empresa. Como possível solução, tem-se a instalação de prateleiras porta
paletes. Dessa forma, as peças, ao finalizar a produção, seriam dispostas em paletes, os quais
seriam estocados com o uso de empilhadeira. Isso aplica o conceito logístico da unitização.

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As melhorias propostas que envolvem mudança na configuração do layout da empresa estão


ilustradas no Anexo A.

Em resumo, o Quadro 4 traz uma recapitulação dos problemas identificados, assim como suas
causas e as sugestões de melhorias baseadas na área da logística.

Quadro 4 – Problemas, causas e sugestões de melhorias

Fonte: elaborado pelos autores.

Se tratando dos indicadores de desempenho calculados, por intermédio das análises


realizadas, conclui-se, que o acompanhamento do processo é imprescindível para o eficiente
gerenciamento da empresa, pois, só se conhece o que se mede. Diante disso, os resultados
encontrados na empresa em estudo foram de modo geral satisfatório, dado que os indicadores
existentes demostraram uma proximidade dos resultados estipulados como meta, como por
exemplo, o indicador de estoque indisponível para venda, onde a meta é zero, e o resultado
encontrado foi de 2,34%.

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No entanto, o rendimento do indicador de indisponibilidade de materiais para a produção


ficou distante da meta estipulada pela organização, tornando-se assim um ponto a ser
otimizado, um fator crítico. A indisponibilidade de material tem relação direta com o
planejamento e controle da produção e da logística interna, pois a inexistência de matéria
prima ocasiona uma interrupção não programada do sistema produtivo, provocando um
aumento nos custos da empresa, como também pode comprometer os prazos estipulados para
a entrega dos produtos. Dessa forma, esse é o principal fator que leva a atrasos no
atendimento dos pedidos.

Logo, conforme os problemas descritos anteriormente, a sugestão de melhoria passar a ser a


aprimorar a comunicação logística por parte dos setores de compras, estoque e produção para
evitar a faltar de insumos de produção, objetivando melhorar a logística interna da empresa.

6. Considerações finais
De acordo com as estratégias de melhorias propostas no tópico anterior, se torna possível
contribuir na movimentação dos fluxos de insumos, assim como produtos acabados e em
processamento, reduzindo de maneira perceptível o tempo da execução de tarefas, e os custos
de movimentação, proporcionando maior agilidade no cumprimento dos prazos de entregas
dos produtos.

A partir do levantamento de conceitos referentes à logística e cadeia de suprimentos, e das


informações logísticas da empresa Alfa, pode-se afirmar que a análise realizada contribuiu
para o esclarecimento dos fluxos dos processos logísticos, de tal modo que possibilitou a
identificação de pontos negativos que influenciavam no desempenho geral da empresa.

Dessa forma, com a investigação das atividades que tangem aos fluxos de materiais e
insumos, foi proposto melhorias na área do processo da logística interna, uma vez que esta foi
o setor onde se diagnosticou maiores problemas que influenciavam na execução dos prazos de
entrega, principalmente quando as encomendas se tratavam de grandes pedidos, e onde se
evidenciava maior uso de tempo e o comprometimento do desempenho das atividades de
entrega.

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REFERÊNCIAS

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Bookman, 2010.

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organização social com atividade produtiva vertical: um estudo de caso. In: XXX Encontro Nacional De
Engenharia De Produção – ENEGEP. São Carlos, 12 de outubro de 2010. Anais... São Carlos, 2010.

COIMBRA, Cleberson dos Santos. O custo da ineficiência na logística interna. Disponível em:
http://www.techoje.com.br/bolttools_techoje/files/arquivos/CUSTOS_LOGISTICOS.pdf>. Acesso em: 17 abr.
2016.

CONCEIÇÃO, S. V.; QUINTÃO, R. T. Avaliação do desempenho logístico da cadeia brasileira de


suprimentos de refrigerantes. Gestão e Produção, São Carlos, v.11, n.3, Dezembro, 2004.

FAWCETT, S. E.; CLINTON, S. R. Enhancing Logistics Performance to Improve the Competitiveness of


Manufacturing Organization. Production and Inventory Management Journal, v. 37, nº. 1, pp. 40-46, 1996.

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FLEURY, P. F; LAVALLE da SILVA, C. R. Avaliação da Organização Logística em Empresas da Cadeia de


Suprimento de Alimentos - indústria e comércio, In: FLEURY, F.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K.F. Logística
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NOVAES, Antônio Galvão. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição. Editora Campus. Rio de
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OLIVEIRA, V. M.; CÂNDIDO, G. A. Gerenciamento logístico: o caso de uma indústria de alimentos. In: XXVI
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PEDERSEN, E. R. G.;SUDZINA, F. Which firms use measures?: Internal and external factors shaping the
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PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e
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Anexo A – Layout de melhorias

M2

M2

M1

M3
LEGENDAS
M1: Novo estoque de PVC
M2: Alimentadores automáticos
extrusoras
M3: Área para prateleiras porta-paletes
M4: Nova balança

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