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Fisica Basica III I
Fisica Basica III I
A matéria constitui-se de átomos. Estes são formados por um núcleo onde estão os prótons e nêutrons,
circundado por elétrons. Os prótons possuem carga elétrica positiva, enquanto os elétrons possuem carga
elétrica negativa. Os nêutrons não possuem carga elétrica.
A carga elétrica está associada a uma das interações fundamentais da natureza: a interação eletro-
magnética. Em geral, uma porção de matéria pode apresentar carga elétrica lı́quida igual a zero, negativa
ou positiva.
e = 1.6 × 10−19 C
Verifica-se que os corpos que apresentam cargas de mesmo sinal se repelem, já os que possuem cargas
elétricas opostas se atraem.
A lei de Coulomb descreve de forma quantitativa a atração ou repulsão exercida mutuamente entre
os corpos carregados.
Os condutores são materiais em que a carga negativa pode se mover com certa liberdade. Os mate-
riais em que nenhuma carga elétrica consegue se mover livremente são chamados de não-condutores ou
isolantes.
Um corpo com excesso de cargas elétricas é um corpo eletrizado. Caso contrário (número de prótons
e elétrons iguais) ele é um corpo eletricamente neutro. Existem três processos de eletrização: por atrito,
por contato e por indução.
2 Lei de Coulomb
Consideremos duas partı́culas carregadas (cargas pontuais) com cargas q1 e q2 separadas por uma
distância r no vácuo. A força eletrostática de atração ou repulsão entre as duas cargas tem intensidade:
1
1 |q1 ||q2 | |q1 q2 |
F = =k 2
4π0 r2 r
Cada partı́cula exerce uma força com essa intensidade sobre a outra partı́cula. As duas forças formam
um par de forças de acordo com a terceira lei de Newton. A constante 0 é a constante de permissividade
−2
do vácuo e seu valor no S.I. é 0 = 8.85 × 10−12 C2 · N−1 · m .
2
A constante k é dada então por: k = 8.99 × 10 N · m · C−2
9
~r1 − ~r2
r̂12 =
|~r1 − ~r2 |
é o vetor unitário que aponta de q1 para q2 .
X qi X qj
F~i = F~i,j = (~ri − ~rj )
4π0 |~ri − ~rj |3
j6=i j6=i
Por exemplo, se N = 4 e desejamos saber a força eletrostática que age sobre a partı́cula 2:
2
A força F~3,2 é a força exercida pela carga 3 sobre a carga 2. De acordo com a terceira lei de Newton,
verifica-se que F~i,j = −F~j,i .
Exemplo 1 - Considere o arranjo de três cargas fixas conforme mostra a figura abaixo. Determinar
a força sobre a carga q3 . Dados: q1 = 6.0 × 10−6 C, q2 = −q1 = −6.0 × 10−6 C, q3 = 3.0 × 10−6 C, e
a = 2.0 × 10−2 m.
Solução:
Vemos na figura que o vetor unitário r̂13 pode ser escrito como
√
2
r̂13 = cos θı̂ + sin θ̂ = (ı̂ + ̂)
2
Vemos também que r̂23 = ı̂. Portanto, a força total é dada por
√ !
1 q1 q3 2 q1 q3
F~3 = √ (ı̂ + ̂) − 2 ı̂
4π0 ( 2a)2 2 a
ou " √ ! √ #
1 q1 q3 2 2
F~3 = − 1 ı̂ + ̂
4π0 a2 4 4
O módulo da força é
√ √ !2 1/2
!2
1 q 1 q3 2 2
F3 = |F~3 | = −1 +
4π0 a2 4 4
3
dq
λ(~r) =
dl
onde λ tem dimensão de carga/comprimento (C/m, no SI). A carga total é a integral sobre o comprimento:
Z
Q = λ(~r)dl
l
Analogamente, se uma carga está distribuı́da sobre uma superfı́cie S de área A, a densidade superficial
de carga σ é definida por
dq
σ(~r) =
dA
onde σ tem dimensão de carga/área (C/m2 , no SI). A carga total é a integral sobre a superfı́cie:
Z
Q= σ(~r)dA
S
No caso mais geral, consideremos uma carga distribuı́da num volume V . A densidade volumétrica de
carga ρ é dada então por
dq
ρ(~r) =
dV
onde ρ tem dimensão de carga/volume (C/m3 , no SI). A carga total é a integral de ρ sobre o volume:
Z
Q= ρ(~r)dV
V
1 qdq 0 (~r0 )
dF~ (~r) = (~r − ~r0 )
4π0 |~r − ~r0 |3
A força total se obtém integrando os dois lados da equação anterior sobre toda a distribuição, isto é,
(~r − ~r0 ) 0
Z
q
F~ (~r) = dq
4π0 |~r − ~r0 |3
Por exemplo, para uma distribuição volumétrica de cargas, a força é dada por
(~r − ~r0 )
Z
q
F~ (~r) = ρ(~r0 )dV 0
4π0 V |~r − ~r0 |3
Exemplo 2 - Considere a situação mostrada na figura, na qual temos um fio infinito carregado
uniformemente com densidade linear λ. Usando o princı́pio da superposição, determinar a força exercida
pela linha de carga sobre um corpo de carga q0 , localizada a uma distância d do fio.
Solução:
4
Os elemento de carga dq = λdl, simétricamente situados entre si, e localizados a uma distância r da
carga q0 , geram a forças infinitesimais de módulo
q0 dq q0
dF = k = k 2 λdl
r2 r
As componentes das duas forças paralelas ao fio se cancelam mutuamente, enquanto as componentes
ortogonais somam-se. Pela simetria do problema, vemos que a força resultante é :
q0
dFx = 2dF cos θ = 2k λ cos θdl
r2
Vemos que
d d
cos θ = =√
r d + l2
2
Portanto,
d
dFx = 2kλq0 3/2
dl
(d2 + l2 )
Integrando o lado direito entre zero e infinito, obtemos
Z ∞
1
Fx = 2kλq0 d 3/2
dl
0 (d2 + l2 )
A integral do lado direito é calculada da seguinte maneira:
Z ∞ Z a
1 1
3/2
dl = lim dl
0 (d2 + l2 ) a→∞ 0 (d2 + l2 )3/2
Solução:
Consideremos o elemento ds do anel. Sua carga infinitesimal é dq, que gera uma força infinitesimal
dada por
5
q0 dq
dF = k
r2
A componente paralela ao eixo de simetria é dada por
q0 dq
dFz = k cos θ
r2
Dada a simetria da distribuição relativa ao eixo, apenas essa componente contribui para a força lı́quida
agindo sobre a carga q0 .
Observe ainda que
p
r = z 2 + R2
e que cos θ = z/r. Vemos então que
q0 dq z
dFz = k √
z 2 + R2 z 2 + R2
ou
q0 dqz
dFz = k 3/2
(z 2 + R2 )
Integrando os dois lados, obtemos
Z Z
q0 z q0 z
Fz = k 3/2
dq = k 3/2
dq
(z 2 + R2 ) (z 2 + R2 )
Obtemos
q0 qz
Fz = k 3/2
(z 2 + R2 )
A expressão acima pode ser escrita na forma alternativa
1 q0 q
Fz =
4πε0 z 2 (1 + R2 /z 2 )3/2
Notemos que no limite R/z → 0 (z R) obtemos
1 q0 q
Fz =
4πε0 z 2
Exemplo 4 - Considere uma carga q distribuı́da uniformemente em um diso de raio R. Calcular a
força exercida sobre uma carga q0 localizada no ponto P do eixo de simetria do anel, a uma distância x
em relação ao centro do disco.
Solução:
Consideremos o disco composto de anéis de cargas infinitesimais dq, raio r e espessura dr. Cada anel
contribui para a força com o termo
q0 dq
dF = k 3/2
(x2 + r2 )
onde dq = σdA = σ(2πrdr). Portanto,
6
q0 σx
dF = 2πk 3/2
rdr
(x2 + r2 )
Integrando de r = 0 a r = R:
Z R
r
F = 2πkq0 σx 3/2
dr
0 (x2 + r2 )
obtemos
1 1
F = 2πkq0 σx −√
x R + x2
2
Finalmente,
q0 σ x
F~ = 1− √ ı̂
2ε0 R 2 + x2
Propriedades:
(
R x2 1, se x1 < a < x2
x1
δ(x − a)dx =
0, em qualquer caso diferente
δ(x)
Exemplo 5: Mostre que, para α 6= 0, tem-se que δ(αx) = |α| . A partir desse resultado mostre que
R∞ 1
−∞
δ(αx)dx = |α| .
7
Solução:
2
e−(αx/a)
δ(αx) = lim √
a→0 |a| π
Logo
δ(x)
δ(αx) =
|α|
Então, Z ∞ Z ∞ Z ∞
δ(x) 1 1
δ(αx)dx = dx = δ(x)dx =
−∞ −∞ |α| |α| −∞ |α|
pois, por definição, Z ∞
δ(x)dx = 1
−∞
Cargas pontuais podem ser tratadas como distribuições através da função delta de Dirac:
N
X
ρ(~r) = qi δ(~r − ~ri )
i=1
(~r − ~r0 )
Z
~ q0
F (~r) = ρ(~r0 ) dV 0
4π0 V 0 |~r − ~r0 |3
8
Permutando o somatório e a integral, a última equação pode ser escrita como
N Z
q0 X (~r − ~r0 )
F~ (~r) = qi δ(~r − ~ri )dV 0
4π0 i=1 V 0 |~r − ~r0 |3
Temos que
Portanto,
N
q0 X (~r − ~ri )
F~ (~r) = qi
4π0 i=1 |~r − ~ri |3