Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Art. 18, inciso I: “Diz-se o crime: I – doloso quando o agente quis o resultado ou
assumiu o risco de produzi-lo;”
Art. 18, inciso II: “Diz-se o crime: II – culposo, quando o agente deu causa ao
resultado por imprudência, negligência ou imperícia”.
1
No Dicionário Houaiss, o mais completo da língua portuguesa, Dolo e
culpa estão definidos das seguintes formas:
“Dolo em direito penal, é a deliberação de violar a lei, por ação ou omissão, com
pleno conhecimento da criminalidade do que se está fazendo”;
Por sua vez, procede com culpa quem realiza um ato por imperícia,
imprudência ou negligência, ofendendo direito de outrem.
2
Depois, define cada uma das suas modalidades:
“A imprudência é uma culpa positiva in agendo: o agente faz o que não deve
(imprime velocidade ao veículo, incompatível com as condições de tráfego)”.
3
Outro exemplo: um pai acorda durante a madrugada com barulhos
estranhos. Percebe que alguém força a porta de seu quarto. Pega o seu revólver.
Ao ver a porta se abrindo, assusta-se com o vulto de alguém. Ele atira. Em
seguida, percebe haver matado seu próprio filho. Pretendia o pai esse trágico
resultado? Claro que não. O que fica evidenciado é que ele foi imprudente ao ter
atirado. Houve um erro de avaliação das circunstâncias. Logo deverá responder
por homicídio culposo, pois não queria o resultado.
Dolo eventual: no dolo eventual “a vontade do agente não está dirigida para a
obtenção do resultado; o que ele quer é algo diverso, mas prevendo que o evento
possa ocorrer, assume assim mesmo o risco de causá-lo”.
4
b) - Fernando Capez, membro do Ministério Público, in “Curso de Direito
Penal”, Parte Geral, Vol. 1, pág. 187:
***
“Há culpa consciente, também chamada culpa com previsão, quando o agente,
deixando de observar a diligência a que estava obrigado, prevê um resultado,
previsível, mas confia convictamente que ele não ocorra. Quando o agente,
embora prevendo o resultado, espera sinceramente que este não se verifique,
estar-se-á diante de culpa consciente e não de dolo eventual”.
5
“Por fim, a distinção entre dolo eventual e culpa consciente resume-se à
aceitação ou rejeição da possibilidade de produção do resultado. Persistindo
a dúvida entre um e outra, dever-se-á concluir pela solução menos grave:
pela culpa consciente”.
***
***
6
Diferença entre Dolo Eventual e Culpa Consciente: “Há, entre elas, é certo,
um traço comum: a previsão do resultado antijurídico; mas, enquanto no
dolo eventual o agente presta anuência ao advento desse resultado,
preferindo arriscar-se a produzi-lo, ao invés de renunciar à ação, na culpa
consciente, ao contrário, o agente repele, embora inconsideradamente,
a hipótese de superveniência do resultado, e empreende a ação na
esperança ou persuasão de que este não ocorrerá”.
a) “Um motorista, dirigindo o seu carro com grande velocidade, já em atraso para
atender ao compromisso de um encontro amoroso, divisa à sua frente um
transeunte, que, à aproximação do veículo, fica atarantado e, vacilante, sendo
atropelado e morto. Evidentemente, o motorista previu a possibilidade desse
evento; mas, deixando de reduzir ou anular a marcha, teria aceito o risco de matar
o transeunte, ou confiou em que este se desviasse a tempo de não ser alcançado?
Na dúvida, a solução não pode ser outra senão a do reconhecimento de um
homicídio simplesmente culposo (culpa consciente)”.
7
comprovação’. Desse modo, muito certamente o Júri irá, na dúvida, partir para
uma solução menos severa, como, aliás, ponderavam os antigos doutores. Nem
mesmo o chamado ‘racha’ se poderá dizer, só por isso, que teria havido dolo
eventual, o que poderia fazer presumir um anormal comportamento suicida.”
***
“Assim, não basta para que haja dolo eventual que o agente considere sumamente
provável que, mediante seu comportamento, se realize o tipo, nem que atua
consciente da possibilidade concreta de produzir o resultado, e nem mesmo que
torne a sério o perigo de produzir possível conseqüência acessória. Não é
exatamente no nível atingido pelas possibilidades de concretização do resultado
que se poderá decretar o dolo eventual e, sim, numa determinada relação de
vontade entre esse resultado e o agente.”
“Paulo José da Costa Jr. Coloca que o dolo eventual exigiria, de parte do agente,
a aprovação ou consentimento ou, quando ao menos, um comportamento de
absoluta indiferença.”
“Assim, mister que se faça tal distinção entre a conduta do agente, perquirindo-se
a respeito de sua intencionalidade (vontade) no momento da causação do
resultado danoso, visto que não será a embriaguez, o número de vítimas ou
excesso de velocidade, entre outros motivos, que delinearão a imputação ao
acusado, mas tão-somente, o seu consentimento para a produção ou não do
resultado típico.”
8
“A pena aplicada é do delito culposo, devendo ser dosada de acordo com a
culpabilidade do acusado.”
***
“Pondera, com acerto, Edmundo José de Bastos Jr.: ‘Quando a atitude psíquica
do agente não se revelar inequívoca, ou se há inafastável dúvida se houve, ou
não, aceitação do risco do resultado, a solução deve ser baseada no princípio in
dubio pro reo, vale dizer, pelo reconhecimento da culpa consciente’. E continua:
‘Nos delitos de trânsito, há um decisivo elemento de referência para o deslinde da
dúvida entre dolo eventual e culpa consciente: o risco para o próprio agente. Com
efeito, é difícil aceitar que um condutor de veículo, na plenitude de sua sanidade
mental, seja indiferente à perda de sua própria vida – e, eventualmente, de
pessoas que lhe são caras - em desastre que prevê como possível conseqüência
de manobra arriscada que leva a efeito, como, por exemplo, uma ultrapassagem
forçada ou sem visibilidade’ (Código Penal em Exemplos Práticos, Florianópolis,
Terceiro Milênio e OAB/SC Editora, 1998, p. 58)”.
***
“No dolo eventual, de feito, a doutrina imprimiu sempre esta nota conspícua: não
basta a caracterizá-lo tenha o agente assumido o risco de produzir o resultado
lesivo; necessita que nele haja consentido. Vindo ao nosso ponto: motorista, de
quem se afirmasse que obrara com dolo eventual, cumpria que, além de ter
assumido o risco de causar a morte da vítima, com isso mesmo houvera
concordado, o que repugna ao bom senso e afronta a lição da experiência
vulgar”.
9
“O dolo eventual não é um ‘dolo de borracha’. A elasticidade do conceito é
tamanha que chegamos ao ponto de tentar caracterizar o dolo eventual em
acidentes de trânsito, onde, num raciocínio lógico, seria impossível admitir-se a
presença do elemento volitivo.
Hungria já evidenciava essa perigosa elasticidade do conceito e chega a comentar
um caso de tentativa de caracterização de dolo eventual em acidente de trânsito
com choque frontal entre veículos: ‘principalmente na justiça de primeira
instância, há uma tendência para dar elasticidade ao conceito de dolo eventual.
Dentre alguns casos, a cujo respeito fomos chamados a opinar, pode ser citado o
seguinte: três rapazes apostaram e empreenderam uma corrida de automóveis
pela estrada que liga as cidades gaúchas de Rio Grande e Pelotas. A certa altura,
um dos competidores não pode evitar que o seu carro abalroasse violentamente
com outro que vinha em sentido contrário, resultando a morte do casal que nele
viajava, enquanto o automobilista era levado, em estado gravíssimo, para um
hospital, onde só várias semanas depois conseguiu recuperar-se. Denunciados os
três rapazes, vieram a ser pronunciados como co-autores de homicídio doloso,
pois teriam assumido ex ante o risco das mortes ocorridas. Evidente excesso de
rigor: se estes houvessem previamente anuído a tal evento, teriam
necessariamente, consentido de antemão na eventual eliminação de suas
próprias vidas, o que é inadmissível. Admita-se que tivessem previsto a
possibilidade do acidente, mas, evidentemente, confiaram em sua boa fortuna
(sorte), afastando de todo a hipótese de que ocorresse efetivamente. De outro
modo, estariam competindo, in mente, estupidamente, para o próprio suicídio’”.
“Ora, se em casos de colisão frontal entre veículos, em que agentes e vítima são
encaminhados ao hospital com ferimentos graves (por exemplo), na análise deste
sinuoso e complexo processo psicológico, houvesse o agente particularmente, em
foro íntimo, previsto o acidente, teria ele consentido no resultado?”
10
“Destaque-se, por fim, que não só na ‘verdade fática’ deve o julgador, em caso
de dúvida, escolher a tese que mais favoreça ao réu, mas sim também na ‘verdade
jurídica’. Diante de toda esta complexa discussão e da dificuldade probatória, a
solução não pode ser outra senão a do reconhecimento de um homicídio culposo.
O contrário seria ferretear para todo o sempre o constitucional princípio da
presunção de inocência: in dubio pro réu.”
Decisões:
11
5-“Caracteriza imprudência a ultrapassagem de veículo sem as condições que a
permitam, de modo a levar um terceiro veículo, vindo em sentido contrário, a
manobra que normalmente não estaria obrigado, ocasionando a colisão do que
ultrapassa com o terceiro, apesar daquelas manobras”. (Ac. unan., 4ª C. Do
TACrim, na Apel. nº 62.885, da Comarca de Bragança Paulista, Rel. Juiz
AZEVEDO JUNIOR – Julgados do TAC, Vol.3/59).
12
V - Conclusão:
13
Outro não tem sido, à evidência, o caminho trilhado por nossos
Tribunais, ao deixarem estabelecido, de maneira incontroversa, que
14
Na hipótese de desclassificação para homicídio culposo,
nos termos do artigo 302, da Lei 9.503/97 (Código Nacional de Trânsito), a pena
será de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, com suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&rls=com.microsoft:en-
US&q=culpa+direito+penal&revid=2141538929&sa=X&ei=ZtikTfT8BPSO0QHrjoSACQ&ved=0CIsBE
NUCKAI
http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:oL5GT-
m3oFAJ:www.doutrina.linear.nom.br/cientifico/Direito/DOLO%2520E%2520CULPA%2520PROF.
%2520RALPH.doc+culpa+direito+penal&hl=pt-
BR&gl=br&pid=bl&srcid=ADGEESg8AKPUkwZwSw2mtY6u2O2dD_rg4VJGBc8155gdnRK3_WwHX
zx3ltDzSb5oDP9JhK5-
DZwGPHtPXn0teGiGzKPVkV3tsAUZojD8t8M7pa4RdGQVXoapXpYFfrX3s7zEmU7VAbwX&sig=A
HIEtbRCO6VfR32RMsS-CsGnlkBwkYp88g
15