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CANOAS-RS
2021
WLADIMIR MACHADO DE SOUZA JÚNIOR
CANOAS-RS
2021
WLADIMIR MACHADO DE SOUZA JÚNIOR
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Orientador Prof. Juliano Gianechini Fernandes
_____________________________________________
Membro da Banca Prof.
_____________________________________________
Membro da Banca Prof.
“Sem a direção e capacitação dada por
Deus, seria impossível concluir esse
trabalho. Toda honra e glória seja dada ao
que é digno. Assim, agradeço e dedico
esta monografia a Ele.”
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Célia Roseli e Wladimir Machado, gratidão eterna. Desde
sempre me motivaram e serviram de base, para que minha preocupação maior, fosse
os estudos. Nunca me deixaram faltar nada e tiverem papel essencial para que eu me
tornasse o homem que sou hoje. E eu sei, que esse momento é de grande alegria
para eles, e dar-lhes essa felicidade, já faz tudo valer a pena.
As minhas irmãs, Juliana e Tatiane, agradeço por torcerem por mim; por
ficarem felizes pelas minhas conquistas e por sempre estarem ali do meu lado, junto
de suas famílias, quando precisei. Elas são grandes responsáveis também por quem
hoje sou, como irmãs mais velhas, serviram de espelho para mim, e me ajudaram a
errar menos.
Esta monografia trata das alterações nas negociações coletivas trazidas pela lei
13.467/2017, conhecida como Reforma Trabalhista, dando ênfase ao artigo 611-A,
que incluiu na Consolidação da Leis do Trabalho a prevalência do acordado sobre o
legislado. O tema se mostra bastante relevante atualmente, pois apesar de parecer
bastante positivo uma maior autonomia das partes nas relações de emprego, ao
pensar nos princípios presentes no ordenamento jurídico trabalhista, essa autonomia
pode ser algo muito perigoso. Primeiro se buscou explicar a importância do direito
coletivo do trabalho, como também, dos sindicatos para as negociações coletivas.
Após, se viu a grande relevância dos princípios constitucionais e específicos no direito
do trabalho, sendo utilizados, para, principalmente, a organização do ordenamento e
proteção ao trabalhador, parte mais frágil da relação. No último capítulo, trouxe a
problemática de fato, utilizando do exposto nos capítulos anteriores e expondo as
violações principiológicas trazidas pela Reforma. No presente trabalho, quanto à
abordagem, foi utilizada a pesquisa qualitativa; quanto à natureza, a metodologia de
pesquisa aplicada, buscando assim uma solução prática para a solução do problema
exposto; já quanto à aos objetivos, a pesquisa exploratória. Os procedimentos
utilizados para a formulação desse trabalho foram as pesquisas bibliográficas e
documentais. Por fim, se concluiu através da pesquisa que a inclusão dos artigos 611-
A trouxe um grande risco à parte hipossuficiente da relação de emprego, o
trabalhador. As negociações coletivas ao prevalecerem o que está expressamente
previsto em lei, viola diversos princípios específicos e constitucionais, o que faz com
que a disparidade entre empregado e empregador se acentue, sendo negligenciada a
proteção ao trabalhador, que é a gênese do direito do trabalho.
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9
1.2.4 Categorias................................................................................................ 21
O tema proposto se mostra cada vez mais presente em nosso meio, pois a
flexibilização das negociações coletivas afeta a sociedade como um todo. Existem
diversas opiniões sobre o tema, muitas divergem, e é isso que faz com que ele se
renove e mesmo após quase quatro anos da Reforma Trabalhista, seja ainda muito
atual.
Os dois capítulos inicias serão de suma importância para o trabalho, pois trarão
definições gerais sobre diversos fatores, que apesar de serem “corriqueiras” no direito
11
1 MARQUES, Fabíola; ABUD, Cláudia José. Direito do trabalho. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2013, p.
175, p. 4.
2 CISNEIROS, Gustavo. Direito do trabalho: Sintetizado. 2. ed. São Paulo: Forense, 2018, p.233.
3 MAZZONI, Giuliano, 1977, p.1206; apud NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do
1589.
13
objetivo a proteção de seus interesses, pois embora em um âmbito mais restrito, ainda
assim, buscam o interesse de um grupo.5
1.1 Origem
Nesta mesma ideia versa Carlos Henrique Bezerra Leite7 :“O direito coletivo do
trabalho nasce com o reconhecimento do direito de associação dos trabalhadores, o
que efetivamente só se deu após a Revolução Industrial (século XVIII).”
5 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2011,
p. 1263.
6 MARTINEZ, Luciano. Condutas antissindicais, São Paulo: Saraiva, 2012, p. 27.
7 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2021,
p. 371.
8 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2021,
p. 371.
14
9 MÉXICO. Constitucion (1917). Tradução nossa. Constitucion de Mexico. Art. 123, XVIII.
10 10 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: Saraiva,
2021, p. 371.
11 Assembleia Geral da ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Nações Unidas, 217
Corrobora também para tais alegações o artigo 5º, incisos XVII e XVIII15 da
Constituição Federal, que assim dispõem:
Art. 5º (...):
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas
independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu
funcionamento;
13 MARQUES, Fabíola; ABUD, Cláudia José. Direito do trabalho. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2013, p.
175.
14 CISNEIROS, Gustavo. Direito do trabalho: Sintetizado. 2. ed. São Paulo: Forense, 2018, p.233.
15 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
1.2.1 Sindicatos
17 OLIVEIRA, Elizandro Chaves de. REIS, Jaime Estevão dos. O poder nas corporações de ofício.
VII Congresso Internacional de História, 397-404, 2017.
18 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18. ed. São Paulo: LTr, 2019, p.
1619.
19 BARROS, Cássio Mesquita. Reforma da organização sindical: como obter êxito? Seminário
p. 1302.
17
Art. 511. É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos
seus interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como
empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou
profissionais liberais exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou
profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas. (Redação
restabelecida pelo Decreto-lei nº 8.987-A, de 1946).
511.
23 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Uma das principais mudanças trazidas pela Reforma Trabalhista nesse tema,
é a não obrigatoriedade da contribuição sindical. O artigo 578 da CLT diz que as
contribuições devem ser aplicadas, recolhidas e pagas, desde que, prévia e
expressamente autorizadas27. No mesmo sentido, o artigo 579 afirma a necessidade
dessa autorização, assim como, estipula que, a contribuição confederativa, a
mensalidade sindical, e as demais contribuições que vierem a ser incluídas pelo
estatuto ou por negociações, só podem ser exigidas dos empregados filiados ao
sindicato.28
25 RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2020, p. 1121.
26 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Centro Gráfico, 1988. Art. 8º, IV.
27 BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Art.
578.
28 BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Art.
579 e 579-A.
29 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2021,
p. 391.
19
30 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2021,
p. 391.
31 JORGE NETO, Francisco Ferreira; CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa. Direito do
p. 1303.
33 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18. ed. São Paulo: LTr, 2019, p.
1617.
20
Assim, os sindicatos têm sua natureza jurídica nos dias atuais bem definida,
não tendo interferências estatais, agindo de forma autônoma, dentro dos limites legais.
Há sistemas jurídicos nos quais em uma mesma base territorial a lei permite
apenas um sindicato representativo do mesmo grupo, enquanto em outros é
facultada a constituição, no mesmo grupo, de mais de um sindicato
denominando-se o primeiro sistema “unicidade sindical” ou sistema do
“sindicato único”, como no Brasil, e o segundo, “pluralidade” ou “pluralismo
sindical”, como na França.
34 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2011,
p. 1303.
35 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2011,
p. 1278.
36 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
1.2.4 Categorias
37 BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Art.
516.
38 BASILE, César Reinaldo Offa. Coleção sinopses jurídicas 28 - Direito do trabalho:
remuneração, duração do trabalho e direito coletivo. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 202.
39 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros,
2005, p. 304.
40 BRASIL, Supremo Tribunal Federal. Súmula 677. Sessão Plenária de 24/09/2003. Fonte de
41 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18. ed. São Paulo: LTr, 2019, p.
1602.
42 MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p. 966.
43 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
46 RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2020, p. 1127.
47 BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Art.
511, § 2º.
48 RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2020, p. 1126.
49 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. De acordo com a reforma trabalhista. 14. ed. Rio de
Pelo que expõe a CLT, ao falar em estrutura sindical, se pode citar sua divisão
em três entidades sindicais: os sindicatos, as federações e as confederações. Em
caráter ilustrativo, podemos pensar em uma pirâmide, onde os Sindicatos estão na
base, sendo considerados associações sindicais de 1º grau. Nas palavras de Ricardo
Resende51, vimos o:
51 RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2020, p. 1139, grifo do autor.
52 BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Art.
533.
53 BASILE, César Reinaldo Offa. Coleção sinopses jurídicas 28 - Direito do trabalho:
remuneração, duração do trabalho e direito coletivo. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 208.
25
Ainda, no mais alto nível das relações do trabalho existem as centrais sindicais,
reconhecidas formalmente com a promulgação da Lei 11.648/2008, explicando em
seu art. 1º, que são entidades de representação geral dos trabalhadores no âmbito
nacional. 56
54 BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Art.
535.
55 BASILE, César Reinaldo Offa. Coleção sinopses jurídicas 28 - Direito do trabalho:
remuneração, duração do trabalho e direito coletivo. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 210.
56 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2021,
p. 392.
57 RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2020, p. 1147.
58 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2011,
p. 384.
26
59 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18. ed. São Paulo: LTr, 2019, p.
1640.
60 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2011,
p. 1381.
61 SÜSSEKIND, Arnaldo. Convenções e recomendações da OIT. Revista Academia Brasileira de
A convenção 154 da OIT, em seu artigo 2º, fixa negociação coletiva como66:
Ainda, a Constituição Federal, como magna carta, obriga em seu art. 8º, inciso
VI, a participação dos sindicatos nas negociações coletivas, também, o artigo 616, da
CLT, proíbe a recusa da participação do sindicato na negociação coletiva quando
provocados.
Negociação Coletiva.
65 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2011,
p. 1294.
66 GUNTHER, Luiz Eduardo. A negociação coletiva do trabalho como direito fundamental:
Polo exposto, resta claro que o ACT possui um âmbito de atuação limitado. Os
sujeitos desses acordos são, de um lado, o sindicato representativo da categoria
profissional e, do outro, uma ou mais empresas da categoria econômica equivalente,
assim se restringindo apenas a estes, e não a toda a classe.
68 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2021,
p. 406.
69 BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Art.
611, § 1º.
70 BASILE, César Reinaldo Offa. Coleção sinopses jurídicas 28 - Direito do trabalho:
remuneração, duração do trabalho e direito coletivo. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2018, p. 233.
29
71RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2020, p. 1148.
72BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Art.
620.
2 PRINCÍPIOS PRESENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO TRABALHISTA
Ou seja, são normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida
possível, dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes.77 Portanto, evidencia-
se a importância dos princípios no ordenamento jurídico trabalhista.
73 CISNEIROS, Gustavo. Direito do trabalho: Sintetizado. 2. ed. São Paulo: Forense, 2018, p. 7.
74 RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2020, p. 20.
75 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2021,
p. 52.
76 ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Tradução de Virgílio Afonso da Silva. 2. ed.
Por fim, existem diversos princípios que norteiam o direito do trabalho e por
divergências doutrinarias seria quase impossível numerá-los. Portanto, no presente
tópico, os princípios serão divididos em constitucionais e específicos ao direito do
trabalho, sendo assim, para corroborar a uma melhor compreensão do tema proposto,
é necessário abordar alguns deles, que constam a seguir.
A Constituição Federal é a Lei que tem maior força dentro de uma sociedade
politicamente organizada, dela se forma, organiza e estabelece uma sociedade.82 Ela
traz organização ao ordenamento jurídico, tendo como incumbência, além de instituir
órgãos supremos e definir suas competências, estabelecer princípios83, que serão
observados, auxiliando a interpretação nas mais diversas áreas do direito.
80 MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. Manual esquemático de direito e processo do trabalho.
27. ed. São Paulo: Saraiva, 2019, p. 51.
81 RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2020, p. 19.
82FILHO, Francisco de Salles Almeida Mafra. Constituição: Conceito. Princípios Fundamentais do
Os direitos socias são direitos fundamentais do homem que têm por finalidade
melhorar a condição de vida dos hipossuficientes, buscando materializar a igualdade
social, sendo fundamentos do Estado Democrático84, pelo art. 1º, IV, da CF, que assim
estipula:
84 MORAIS, Alexandre de. Direito constitucional. 37. ed. São Paulo: Atlas, 2021. p. 261.
85 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Centro Gráfico, 1988, art. 1º.
86 EMMANOEL, Pereira. Direitos sociais trabalhistas: Responsabilidade, flexibilização,
A ideia desse princípio é uma das mais antigas, pois suas raízes advêm dos
pensamentos clássicos e ideário cristão. Embora não pareça correto atribuir a religião
cristã a origem da percepção da necessidade da dignidade humana, se tem o fato de
que ambos os testamentos da Bíblia Sagrada trazem versículos que expressam a
criação do homem à imagem e semelhança de Deus. Textos esses aos quais se
derivaram a ideia de que todos os seres humanos possuem um valor intrínseco, assim,
merecendo dignidade, não podendo ser usado como simples instrumento, ou então,
visto como simples objeto.90
ocupada e o grau em que era reconhecida a pessoa pela sociedade, existindo assim,
as pessoas mais dignas ou menos dignas.91
fundamentais e a construção do novo modelo. 9ed. São Paulo: ed. Saraiva, 2020, p. 244.
94 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13ed. São Paulo: ed. Saraiva,
2021, p. 53.
95 RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho. 8ed. São Paulo: Ed. Método, 2020, p. 21. (grifo do autor)
35
2018.
99 CANOTILHO, José Joaquim. Direito Constitucional. 6. ed. Coimbra: Almedina, 1993, p. 468.
36
100 GARCIA, Sérgio Renato Tejada. O princípio da vedação de retrocesso na jurisprudência pátria -
análise de precedentes do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Regionais Federais e da Turma
Nacional de Uniformização. Revista de Doutrina da 4ª Região, Porto Alegre, n. 36, jun. 2010.
101 BRASIL. Constituição (1824) Constituição Política do Império do Brazil. Rio de
princípio tratado, serve para limitar o poder soberano do Estado e assegurar uma
maior autonomia do povo.102
Mas não se limita somente a isto, pois nos dias de hoje, o Estado presta
serviços e cria alternativas que buscam o bem de todos, assim, o princípio da
legalidade também, regula esses serviços e atribui deveres à comunidade humana,
formando uma unidade política.103
102 ALMEIDA, Guilherme Assis de. Capítulo I – Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos. Art. 5º,
II. In: FORENSE, Equipe editora (org.). Constituição Federal Comentada. São Paulo: Editora
Forense, 2018, p. 52.
103 MACHADO, Costa; FERRAZ, Anna Candida da Cunha. Constituição Federal interpretada:
artigo por artigo, parágrafo por parágrafo, 12a ed. 2021. Santana de Parnaíba/SP: Editora Manole,
2021, p. 16.
104 Flavio Quinaud Pedron. Rafael Alves Nunes. Princípio da legalidade limita poder estatal e protege
II. In: FORENSE, Equipe editora (org.). Constituição Federal Comentada. São Paulo: Editora
Forense, 2018, p. 52..
106 SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia do Direito Fundamental à Segurança Jurídica: Dignidade da
Por fim, além das obrigações acima expostas, este princípio também, traz uma
maior segurança jurídica a todos os inseridos no ordenamento jurídico brasileiro.
107 Flavio Quinaud Pedron. Rafael Alves Nunes. Princípio da legalidade limita poder estatal e protege
os cidadãos. Revista Consultor Jurídico, 21 de fevereiro de 2020, 7h02
108 CISNEIROS, Gustavo. Direito do trabalho: Sintetizado. 2ed. São Paulo: ed. Forense, 2018, p. 8.
109 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13ed. São Paulo: ed. Saraiva,
2021, p. 57.
39
110 RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. 3. ed. São Paulo: Ltr, 2000, p. 83.
111 SANDES, Fagner; RENZETTI, Rogério. Direito e Processo do Trabalho. 2ed. São Paulo: ed.
Saraiva, 2020, p. 25.
112 Tradução Livre: Em caso de dúvida, deve-se beneficiar o empregado”
113 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 24ed. São Paulo: ed. Saraiva,
2009, p. 455.
114 RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. 3. ed. São Paulo: Ltr, 2000, p.
107.
40
Portanto, majoritariamente, este princípio não deve ser aplicado no que diz
respeito à instrução probatória, uma vez que existe uma metodologia própria na esfera
processual. Metodologia esta que se refere ao ônus da prova, permitindo sua inversão
pelo juiz, nos termos do artigo supracitado.115
Outro ponto de discussão, trazido por Maurício Godinho Delgado, é sobre sua
redundância, uma vez que: ele abrange dimensão temática já acobertada por outro
princípio justrabalhista específico (o da norma mais favorável)116.
115 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13ed. São Paulo: ed. Saraiva,
2021, p. 58
116 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18. ed. São Paulo: LTr, 2019, p.
249.
117 Tissembaum; Devealli, apud RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. 3.
118.
41
Este princípio, se difere do anterior, pois antes, havia apenas uma norma
aplicável ao mesmo caso concreto, e em dúvida de interpretação, se utilizaria a mais
favorável ao empregado, já neste, há mais de uma norma aplicável ao mesmo caso.
Ao utilizar-se das regras de hierarquia das normas, seria fácil resolver este
impasse. Caso o conflito fosse entre normas de graus diferentes, se utilizaria a de
grau superior, e caso fossem de mesmo grau, prevaleceria a que entrou em vigor mais
recentemente119.
É nesse ponto que torna peculiar o direito do trabalho. Com o princípio ora
versado, não se vale a hierarquia das aplicações das normas dentro do direito do
trabalho, ou seja, não necessariamente a Constituição estará no topo da pirâmide.
Assim, existindo duas ou mais normas que podem ser aplicadas dentro de um mesmo
caso concreto, deve-se aplicar a mais favorável ao empregado, independentemente
de sua posição hierárquica.120
A CLT expressa em seu art. 620 uma exceção para essa regra, onde assim
expõe: “As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre
prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho. (Redação dada
pela Lei nº 13.467, de 2017)”. Se percebe então, que no tocante a negociações
coletivas o acordo prevalece a convenção, aqui a hierarquia se mantém, contrariando
o princípio e priorizando o acordo, mesmo que seja menos favorável. 121
Acontece que esse princípio trouxe algumas dificuldades práticas quando a sua
aplicação ao se deparar com algumas cláusulas previstas em acordos ou convenções
coletivas. Portanto, dele se derivam três teorias que buscam justificar a aplicação do
princípio diante desse conflito: a teoria da acumulação, a teoria do conglobamento e
a teoria da incindibilidade dos institutos.122
119 RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. 3. ed. São Paulo: Ltr, 2000, p.
123.
120 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13ed. São Paulo: ed. Saraiva,
2021, p. 58.
121 SANDES, Fagner; RENZETTI, Rogério. Direito e Processo do Trabalho. 2ed. São Paulo: ed.
Por fim, a teoria da incindibilidade dos institutos não leva em consideração cada
dispositivo ou norma do conjunto, mas sim, os institutos do direito do trabalho.125 Tem-
se por instituto, nas palavras de Luciano Martinez126:
Por fim, por esse terceiro princípio, derivado do princípio protetor, entende-se,
como o próprio nome já diz, que se deve priorizar a condição mais benéfica ao
empregado. Explica Américo Plá Rodriguez127: “a regra da condição mais benéfica
pressupõe a existência de uma situação concreta, anteriormente reconhecida, e
determina que ela deve ser respeitada, na medida em que seja mais favorável ao
trabalhador que a nova norma aplicável”.
123 MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho. 11ed. São Paulo: ed. Saraiva, 2020, p. 107.
124 MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho. 11ed. São Paulo: ed. Saraiva, 2020, p. 107.
125 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13ed. São Paulo: ed. Saraiva,
2021, p. 59.
126 MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho. 11ed. São Paulo: ed. Saraiva, 2020, p. 107.
127RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. 3. ed. São Paulo: Ltr, 2000, p.
131.
43
Ainda, vejamos o exposto no art. 5º, XXXVI, da CF129: “a lei não prejudicará o
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
Tal dispositivo trouxe a ideia de direito adquirido para o TST que utilizou do
princípio da condição mais benéfica para sumular que cláusulas que revoguem ou
alterem vantagens já concedidas, só atingirão empregados contratados após essas
alterações ou revogações.132 Sumulou também que, só serão permitidas alterações
129 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Centro Gráfico, 1988, art. 5º, XXXVI.
130 RIZZARDO, Arnaldo. Introdução ao Direito e Parte Geral do Código Civil. 8ed. Rio de Janeiro:
Por fim, diante todo o exposto até então no presente trabalho, já se evidencia
o empregado como parte hipossuficiente das relações laborais, e como os outros dois
princípios acima, o princípio da condição mais benéfica serve para proteger essa parte
mais frágil, garantindo que seus direitos já adquiridos, não sejam suprimidos. Mas
também, estipula que caso surja um direito novo, mais benéfico que o anterior, o
empregado possa dele usufruir.
Para que essa proteção ocorra, os fatos serão considerados mais relevantes
do que a formalidade, ou seja, o que realmente acontece na prática tem prevalência
sobre o que o contrato estabelece como regra. Corrobora para tal afirmação Ricardo
Resende136:
133 BRASIL, Tribunal Superior do Trabalho. Súmula 288. Complementação dos proventos da
aposentadoria. Fonte de publicação: DJ de 18, 19 e 20.04.2016.
134 RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho. 8ed. São Paulo: Ed. Método, 2020. p. 29.
135 MARTINS FILHO, Ives Gandra da Silva. Manual esquemático de Direito e Processo do
Dá forças também a este princípio, o caput do art. 456 da CLT, ao versar assim:
“Art. 456. A prova do contrato individual do trabalho será feita pelas anotações
constantes da carteira profissional ou por instrumento escrito e suprida por todos os
meios permitidos em direito”139. Tal força vem da possibilidade de comprovar o
contrato de trabalho por meio de qualquer prova em direito admitido.140
137 BRASIL, Tribunal Superior do Trabalho. Súmula 12. Carteira profissional. DJ de 19, 20 e
21.11.2003.
138 SANDES, Fagner; RENZETTI, Rogério. Direito e Processo do Trabalho. 2ed. São Paulo: ed.
17.
141 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18. ed. São Paulo: LTr, 2019, p.
238.
46
Por fim, resta claro que no direito do trabalho, o maior valor se dá a realidade
fática. Mesmo que o contrato seja omisso a respeito de alguma situação, como no
exemplo do salário acima citado, prevalecera a real condição em que o empregado
está inserido.
É importante salientar que, se deve cuidar para não confundir renúncia com
transação. A renúncia é um ato unilateral, onde somente um dos lados abdica de
direitos, sem uma contraprestação da parte que se beneficiou da renúncia. Já a
transação, é ato bilateral, e ambos os lados abrem mão de direitos.144
142 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13ed. São Paulo: ed. Saraiva,
2021, p. 60.
143 MARQUES, Fabíola; ABUD, Cláudia José. Direito do trabalho. 8ed. São Paulo: ed. Atlas, 2013,
p. 8.
144 RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2020, p. 37.
145 MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho. 11ed. São Paulo: ed. Saraiva, 2020, p. 112.
47
do empregador, faria com que o primeiro, ao ser mais vulnerável, abrisse mão de
direitos que em situação de paridade, não abdicaria.146
Consagrou-o também a CLT, ao assim versar em seu artigo 9º: “Serão nulos
de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a
aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação”.149
146 JORGE NETO, Francisco Ferreira; CAVALCANTE, Jouberto de Quadros Pessoa. Direito do
Trabalho, 9ed. São Paulo: ed. Atlas, 2018, p. 123.
147 RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho. 8. ed. São Paulo: Método, 2020, p. 36.
148 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13ed. São Paulo: ed. Saraiva,
2021, p. 60.
149 BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do
No mesmo sentido, explica Clóvis Beviláqua153: “as Leis de ordem pública são
aquelas que, em um Estado, estabelece os princípios, cuja manutenção se considera
indispensável á organização da vida social, segundo os preceitos do direito”.
152 RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. 3. ed. São Paulo: Ltr, 2000, p.
152.
153 Clóvis Bevilaquá, apud RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. 3. ed. São
A Lei 13.467/2017, conhecida como Reforma Trabalhista, teve seu início com
o Projeto de Lei nº 6.787, de 22 de dezembro de 2016. O projeto foi encaminhado
para à Câmara dos Deputados pelo então Presidente da República Michel Temer, e
modificava apenas sete artigos da CLT, sendo eles: art. 47, 47-A, 58-A, 523-A, 611-
A, 634 e 775. Porém, de maneira substancial e antidemocrática, foi ampliado o PL
pelo relator Deputado Rogério Marinho, alterando não só 97 artigos da CLT, como
também, alguns artigos de outras leis que se relacionam com o direito do trabalho,
com o argumento de que as relações trabalhistas precisavam de uma
modernização.155
154 BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho.
155 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13ed. São Paulo: Saraiva, 2021,
p. 19.
156 BRASIL, LEI Nº 13.467, DE 13 DE JULHO DE 2017. Brasília, DF.
50
157 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13ed. São Paulo: Saraiva, 2021,
p. 185.
158 BRAGHINI, Marcelo. Reforma Trabalhista: Flexibilização das Normas Sociais do Trabalho.
Por fim, percebe-se claro que a ideia de flexibilização é de grande valia para o
direito do trabalho e foi de grande relevância para o contexto da Reforma Trabalhista.
Especificamente nas negociações coletivas, infelizmente, outras ideias tão
importantes quanto foram esquecidas. Diante disso, analisar os artigos 611-A e 611-
B, que trazem o princípio da prevalência do negociado sobre o legislado, sobre outra
ótica, é de grande valia.
161 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18ed. São Paulo: LTr, 2019, pág.
72.
162 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. De acordo com a reforma trabalhista. 14ed. Rio de
um mesmo caso concreto, como por exemplo uma lei e uma cláusula de acordo
coletivo, prevalecia a mais favorável ao obreiro, o que, não é mais assim.163
Acompanham o referido artigo quinze incisos, que buscam expor temas em que
essa prevalência deve ocorrer, in verbis165:
163 CISNEIROS, Gustavo. Direito do trabalho: Sintetizado. 2ed. São Paulo: ed. Forense, 2018, p.
237.
164 BRASIL. Lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017. Consolidação das Leis do Trabalho. CAPUT, Art.
Nota-se, que os temas não se limitam a estes quinze incisos, uma vez que o
CAPUT traz a expressão “entre outros”, sendo assim, trata-se de um rol
exemplificativo.
Para comprovar o alegado, seguem alguns dispositivos legais: art. 7º, inciso VI
da CF, permite que o salário seja reduzido mediante negociação coletiva; o art. 476-
A da CLT, que permite a suspensão de contrato, desde que isso conste em
negociação coletiva, para o funcionário participar de cursos ou qualificações
profissionais; a Lei 9.601/1998, que possibilita contrato por tempo determinado, sem
que haja implicação das restrições celetistas, desde que esteja previsto em
negociação coletiva. Essa breve lista já elucida que as hipóteses previstas nos quinze
incisos supramencionados não esgotam as possibilidades, portanto, não se tratando
de um rol taxativo.166
Essa prevalência não tem caráter absoluto, pois a Lei não pode autorizar que,
direitos garantidos pela Constituição ou por outras normas de ordem pública, sejam
flexibilizados. Assim a própria reforma busca limita-la.167
166 CISNEIROS, Gustavo. Direito do trabalho: Sintetizado. 2ed. São Paulo: ed. Forense, 2018, p.
238.
167 RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho. 8ed. São Paulo: Ed. Método, 2020, p. 1120.
168 BRASIL. Lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017. Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 611-B,
2021, p. 405.
54
Por mais que o legislador tenha imposto o rol do artigo 611-B como taxativo, na
prática, não é bem assim, pois existem outros direitos indisponíveis que não foram
elencados. Tal fato faz surgir certa insegurança jurídica, que somente correções
futuras na legislação, ou então, desenvolvimento de jurisprudências, pode dirimir. 170
Por fim, é nítido que a inclusão do art. 611-A pela reforma, deu força as
negociações coletivas, porém, por outro lado, diminuiu a força da lei. Apesar do art.
611-B tentar amenizar os impactos, não é o suficiente. Portanto, abaixo será
analisado, os impactos causados pela prevalência do acordado sobre o legislado, a
luz dos princípios constitucionais e específicos do ordenamento jurídico trabalhista,
que foram violados pelos artigos mencionados.
170
RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho. 8ed. São Paulo: Ed. Método, 2020, p. 1164.
171
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13ed. São Paulo: ed. Saraiva,
2021, p. 404.
55
172 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF. Art.
7º, caput.
173 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13ed. São Paulo: ed. Saraiva,
2021, p. 404.
174 LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 13ed. São Paulo: ed. Saraiva,
2021, p. 404.
175 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
2021, p. 405.
177 SOUSA, José Franklin de. Direito à saúde. Direito Sanitário. Joinville: ed. Clube de Autores, 2018,
p. 157.
178 BRASIL. Lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017. Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 611-A,
O artigo 611-B, como já citado, foi uma forma de amenizar os impactos trazidos
pelo artigo 611-A. Acontece, que mesmo ele, que era para amenizar impactos, trouxe
uma afronta à princípio constitucional. Vejamos o que expressa em seu parágrafo
único: “regras sobre duração do trabalho e intervalos não são consideradas como
normas de saúde, higiene e segurança do trabalho para os fins do disposto neste
artigo”.182
179 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. De acordo com a reforma trabalhista. 14ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2017, p. 809.
180 BRASIL. Lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017. Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 611-A,
reforma trabalhista. Revista eletrônica [do] Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, Curitiba,
PR, v. 7, n. 63, p. 64-88, nov. 2017.
182 BRASIL. Lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017. Consolidação das Leis do Trabalho. Art. 611-B,
parágrafo único do art. 611-B da CLT, gera somente a precarização do direito à saúde,
ofendendo o princípio constitucional do não retrocesso.183
183 Lima, G. G., & Marra da Costa, M. O. (2019). A reforma trabalhista e o princípio da vedação ao
retrocesso social: impactos do parágrafo único do artigo 611-B da CLT sobre os
trabalhadores. Revista Dos Estudantes De Direito Da Universidade De Brasília, n15, 285–294p. 289.
184 ASSIS, Rebeca Luise Bensabath Dantas. A valorização do negociado sobre o legislado na reforma
trabalhista. Revista eletrônica do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia, Salvador, BA, Ano V,
n. 9, p. 212-222, Out. de 2017, p. 220.;
58
Por fim, diante todo o exposto, resta clara a inconstitucionalidade, mesmo que
parcial, dos dispositivos 611-A e 611-B da CLT, ambos introduzidos pela lei
13.467/2017.
O artigo 611-A da CLT, incluído pela Lei 13.467/2017, a traz clara afronta ao
direito do trabalho, além do mais, viola diversos princípios específicos a esta área do
direito.
impactos nas mais variadas áreas das relações de trabalho, desde o acesso
à justiça, formas de contratação e rescisão, organização sindical, negociação
coletiva, jornada de trabalho, inserção de pessoas com deficiência e
aprendizes no mercado de trabalho e tantos outros temas, que, segundo
anunciado, modificam mais de 100 pontos da CLT.
Um dos maiores impactos na esfera trabalhista, gerados pelo art. 611-A, foi no
princípio da proteção. Esse princípio, é considerado um dos pilares do ordenamento
jurídico trabalhista, e como já dito no capítulo dois do presente trabalho, busca
proteger o trabalhador, considerado a parte mais frágil da relação empregado x
empregador.
185 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Centro Gráfico, 1988, art. 127.
186 BRASIL, Ministério Público do Trabalho. Nota técnica nº 05, de 17 de abril de 2017, da secretaria
O art. 611 estipula que as negociações prevalecerão sobre a lei. Em nada fala
de norma mais favorável, ou seja, mesmo sendo mais danosa ao trabalhar, a
negociação mesmo assim prevalecerá.
187 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. De acordo com a reforma trabalhista. 14ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2017, p. 1229.
188 OLIVEIRA, Rafael Niebuhr Maiade de. DUTRA, Debora. Análise de constitucionalidade do primado
do “negociado sobre o legislado” no âmbito da reforma trabalhista. Revista Ponto de Vista Jurídico,
Caçador, v.9, nº 1, p. 122 – 141, jan./jun. 2020.
189 SOUZA, Rodrigo Trindade de. REFORMA TRABALHISTA: RISCOS E INSEGURANÇAS DE
APLICAÇÃO. Revista do Tribunal Regional da 3ª Região, Belo Horizonte, edição especial, p. 471-
478, nov. 2007
60
______, Supremo Tribunal Federal. Súmula 677. Até que lei venha a dispor a
respeito, incumbe ao Ministério do Trabalho proceder ao registro das entidades
65
Flavio Quinaud Pedron. Rafael Alves Nunes. Princípio da legalidade limita poder
estatal e protege os cidadãos. Revista Consultor Jurídico. 21 de fevereiro de 2020,
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