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No desenvolvimento do direito constitucional surgiram várias definições do que viria a


ser uma constituição. Na doutrina usual, constituição seria a lei fundamental de um Estado, o
conjunto de normas que regularam os elementos constitutivos de uma nação 1. Mas existem
sérias divergências entre autores sobre qual a melhor e mais correta definição.

Ferdinand Lassalle com sua concepção sociológica, afirma que Constituição


representa as “somas dos fatores reais de poder” vigentes em uma sociedade, pois somente
assim descreveria de fato a realidade política de um país. Uma definição de cunho elitista,
pois como ficariam as minorias nesse caso? Pois em uma sociedade que até mesmo a
constituição seria a representação dos mais poderosos; há uma forte tendência a segregação.

Paralelamente à teoria de Lassalle, o alemão Konrad Hesse, cientista da jurisprudência


e juiz na corte constitucional alemã, desenvolve o conceito de ”constituição aberta”, segundo
o qual, a constituição de um Estado, como garantidora de direitos, e defensora da divisão dos
poderes, deve primar por suprir e erradicar as necessidades sociais.

Inspirado pelo estudo idealista de Hesse, outro alemão, Peter Haberle escreve o
postulado de “abertura da interpretação constitucional” em que ele desenvolve o conceito de
abertura constitucional, como uma necessidade de novos desenvolvimentos, superação justa
de problemas sociais e o entendimento da constituição como um “processo aberto”. Haberle
afirma ainda que, o processo de abertura constitucional consiste no conhecimento e na
participação popular nas ações constitucionais, isso é possibilitado através da admissibilidade
de votos divergentes nos processos judiciais, segundo o modelo dos Estados Unidos da
América, do Tribunal Europeu de Direitos Humanos, do STF no Brasil e do Tribunal
Constitucional Federal na Alemanha. Há exemplos convincentes de que uma minoria judicial
constitucional de hoje será maioria judicial constitucional amanhã. Tribunais constitucionais,
por sua vez, também podem contribuir para a abertura da constituição e de sua interpretação,
por meio de um ativismo judicial. O mesmo vale para a Democracia participativa.2

Em suma, acolhendo-se o pensamento de Peter Haberlle, participação social em


pareceres judiciais tem suma importância, vez que a população tem direito a integrar-se às
situações que irão assentar alguns aspectos da nação. É inescusável, portanto, participação
popular junto aos autos, através das ferramentas disponíveis, tais como referendos e
plebiscitos, que transluzam a vontade e o poder do povo em território nacional; para que seja
garantida a justiça e os direitos estabelecidos no texto constitucional.

1
José Afonso da Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo, ed. 40, p. 40.

2
Puc – SP capitalismo humanista, artigo.

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