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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS – CCHL


PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA
HISTÓRIA 2018.1

Carlos Vicente Moraes Dos Santos

A UTILIZAÇÃO DE LITERATURA DISTÓPICA NO


ENSINO DE HISTÓRIA: Como propiciar os meios adequados para que
desabroche nos alunos uma criticidade aguçada?

Teresina
2018
CARLOS VICENTE MORAES DOS SANTOS

A UTILIZAÇÃO DE LITERATURA DISTÓPICA NO


ENSINO DE HISTÓRIA: Como propiciar os meios adequados para que
desabroche nos alunos uma criticidade aguçada?

Artigo apresentado ao programa


institucional de bolsas de iniciação à
docência da Universidade Federal do
Piauí.

Orientadora: Prof. Claudia Cristina da


Silva Fontineles

Teresina
2018
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 03
2 QUESTÕES NORTEADORAS....................................................................... 05
OBJETIVOS...................................................................................................... 06
Objetivo geral.................................................................................................... 06
Objetivos específicos.......................................................................................... 06
4 JUSTIFICATIVA.............................................................................................. 07
5 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................ 08
6 METODOLOGIA............................................................................................ 13
7 CRONOGRAMA............................................................................................... 14
8 ROTEIRO TEMÁTICO................................................................................... 15
REFERÊNCIAS................................................................................................ 16

Ao respaldar-se no prisma exposto por Cláudia Fontineles, em sua obra “As


“centelhas da esperança”: o papel da literatura e da música no despertar da consciência
histórica”, publicado pela Revista História Hoje em 2016, da assaz valia existente na
diversificação das linguagens na práxis educativa a fim de agregar tanto o cognitivo
quanto o lúdico no processo de ensino-aprendizagem e consequentemente despertar na
comunidade escolar a compreensão e também a sensibilidade em relação ao vivido. E
zarpando da concepção que ciclicamente a conjectura sociopolítica incitada frenesis
com enredo dignos dos clássicos da literatura distópica, o texto aqui apresentado discute
em que medida o ensino de História pode ser capaz de viabilizar o florescimento de um
senso crítico aguçado, bem como o desenvolvimento de uma consciência histórica nos
indivíduos a partir da utilização de obras clássicas de literatura distópicas.

“[...]em que medida as aulas de História, ao adotar essas


linguagens, podem contribuir para também irradiar entre os estudantes uma
postura reflexiva em relação às suas vidas e às configurações históricas
estudadas e lhes ensinar a articular passado e presente, à proporção que os
habilite a atribuir significados e relevância a esses eventos.” FONTINELES,
2016, p. 132)

Assim como Fontineles postula que o escopo de sua obra é averiguar em que
medida o emprego de linguagens lúdicas na práxis do ensino de História pode propiciar
uma postura reflexiva nos educandos e embasar uma relação entre as configurações
históricas e as suas vidas dando as ferramentas para articular passado e presente.
Procuramos refletir no texto aqui exposto quais as implicações decorrentes da utilização
de obras clássicas da literatura distópica nas aulas de História e em que medida o uso de
tais recursos facultaria o surgimento do cenário adequado para que desabrolhe no
educando uma consciência histórica e uma criticidade aguçada.
Para tal, evocaremos obras clássicas de literatura distópica com o propósito de
analisá-las e relacioná-las ao contexto do ensino de História: “1984”, de George Orwell;
“Fahrenheit 451”, de Ray Douglas Bradbury; “Laranja Mecânica”, de John Anthony
Burgess Wilson; e “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Leonard Huxley. Buscaremos
entendê-las, relacioná-las entre si, traçar um paralelo entre elas e as horripilantes
conjunturas sociopolíticas que se instauram de tempos em tempos na nossa sociedade,
reger esforços no sentido de compreender a relevância de sua aplicação no ensino de
História e sua eficácia na afinação da criticidade dos indivíduos e no tocante a constitui-
se uma barreira para perpetuação de cíclicos frenesis tenebrosos.
A conjuntura sociopolítica que tem se instaurado no cenário mundial nos
últimos anos é extremamente preocupante e pode ser classificada como sombria até
mesmo nas projeções mais otimistas. Essa onda que te ameaçado devastar a democracia
ocidental está provocando grande inquietude no meio acadêmico dado a sua
complexidade e aos estorvos que constituem uma objeção a uma análise concisa e
concreta do quadro.
Como foi postulado por Theodor W. Adorno e Max Horkheimer no livro
“Dialética do Esclarecimento” há muito tempo as elites vêm somando esforços para
manipular as massa e assim manter sua dominação, porém esses esforços ganharam uma
roupagem mais devassada nos últimos anos. “2016 foi o ano que lançou a era da ‘pós-
verdade’ de forma definitiva” (D'ANCONA, 2018, p. 19) a “pós-verdade” se configura
como um hodierno e nocivo componente das estratégias de manipulação, e esse novo
fator tem propiciado o surgimento de discursos que deslegitimam a produção
acadêmica, ampla disseminação de notícias falsas e tendenciosas, fortalecimento de
discursos retrógrados de ódio contra as minorias, cassação de direitos pétreos, latente
arbítrio do judiciário e uma grotesca ascensão de governos com discursos autoritários ao
poder e o mais alarmante é o apoio das massas entorpecidas e alienadas pelas táticas de
manipulação e pela “pós-verdade”.
Anualmente o departamento da Universidade de Oxford responsável pela
elaboração de dicionários elege a palavra do ano, a de 2016 é “pós-verdade”, a
instituição define o termo como um substantivo “que se relaciona ou denota
circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião
pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”. É justamente nesse contexto de
crescente relativização da verdade e consequentemente, alienação coletiva, que se
estabelece a umbrosa conjuntura sociopolítica atual.
Essa tenebrosa onda que tem submergido não só culturas politicas tenras, mas
também culturas políticas, que salve algumas críticas, estão há muito tempo enraizadas
no solo da democracia, como exemplo Os Estados Unidos da América, está construindo
um cenário se assemelha demasiadamente ao enredo das clássicas obras de literatura
distópica. Decerto é assaz aterrador o paralelo que se pode traçar entre nossa atual
condição e as projeções mais pessimistas presentes nos clássicos da literatura distópica,
desse modo o limiar que separa nossa conjunção de uma obra distópica é tênue e
seriamente frágil.
Essa intima relação que obtemos ao aferir nosso atual quadro politico com
obras literárias distópicas colossalmente negativas e indubitavelmente rebento de
massivos esforços no sentido de criação de mecanismos de manipulação que se
intensificaram nos últimos anos a fim alienar de forma efetiva as massas, e isso se torna
agudamente descomplicado uma vez que há um déficit nos indivíduos no tocante a uma
consciência histórica e uma criticidade aguçada.
Para a ascensão de discursos autoritários faz-se necessário a aniquilação da
verdade absoluta através do relativismo, para isso, as massas, vendadas pela falta de
consciência histórica e criticidade, são manipuladas.

“A reforma educacional de 1971 complementa a configuração do


quadro da educação brasileira sendo que as mudanças nas diretrizes de ensino
e currículo afetam diretamente o campo das Ciências Humanas,
especialmente História e Geografia.” (GUIMARÃES, 1993, p.13)

A pavorosa ditadura que assolou o Brasil entre 1964 e 1985 não destonou do
terrífico enredo distópico dos governos autoritários, não regeu escrúpulos no sentido de
gerar um desmantelamento do ensino das Ciências Humanas, especialmente História e
Geografia, e em decorrência disso larapiar a consciência histórica e arquitetar uma
barreira para o aguçamento crítico dos indivíduos.

“A prioridade do ensino de 2ª grau passa a ser a formação


específica capaz de capacitar mão-de-obra para o trabalho, em detrimento de
uma educação integral com ênfase na formação geral do educando. Essa
formação profissionalizante, de acordo com a lei, no ensino de 2ª grau
deveria ser realizado pelas escolas, em cooperação com as empresas e tendo
em vista as necessidades do mercado de trabalho local e regional.”
(GUIMARÃES, 1993, p.22)

A nossa infeliz ditadura, bem como todo projeto autoritário, aparelhou o ensino
para servir apenas aos seus próprios interesses, que era a ascensão e a perpetuação do
seu discurso anedoticamente grotesco, para isso, retirou o a formação crítica fornecida
pelas Ciências Humanas, transformando a práxis educativa numa mera transmissão de
um aglomerado de conteúdos desconexos e vazios de significados concretos, tornando o
gracioso ato de ensinar em uma mera formação de indivíduos supérfluos para atender
uma vil demanda mercadológica. Ao afanar o viés humanitário do ensino de base,
retira-se também a capacidade cognitiva de refletir criticamente e a consciência humana
e histórica, gerando assim em larga escala indivíduos facilmente alienáveis, que são
fundidos a grande massa deforme e sem expressão sem grandes dificuldades, dessa
forma, o palco propício para a ascensão e perpetuação de discursos autoritários que
beiram o jocoso entrecho de obras literárias de distopia.

“Procuramos refletir em que medida as aulas de História, ao adotar


essas linguagens, podem contribuir para também irradiar entre os estudantes
uma postura reflexiva em relação às suas vidas e às configurações históricas
estudadas e lhes ensinar a articular passado e presente, à proporção que os
habilite a atribuir significados e relevância a esses eventos, por meio do
entendimento de um passado saturado de “agoras” e da crença na
possibilidade da existência de um futuro, que, se possível, seja capaz de
instalar as transformações desejadas.” (FONTINELES, 2016, p. 132)

A fim de evitar a perpetuação anedótica desse cíclico frenesi de autoritarismo


faz-se necessário uma formação que some esforços para florescer no educando uma
consciência histórica e uma criticidade aguçada, para tanto, é preciso um ensino básico
fundamentado nas humanidades, principalmente na história, pois aqueles que não
podem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo (SANTAYANA, 1905, p.92),
para além de uma indispensável base histórica, a utilização de artifícios lúdicos na
práxis educativa constitui-se como um poderosíssimo agente no processo de
desenvolvimento crítico no individuo.
De modo que a conjuntura grotesca propiciada pelo discurso autoritário
comicamente muito se assemelha a uma trama distópica, nada mais conveniente que a
utilização de literatura distópica para auxiliar o ensino de história e propiciar nos
indivíduos uma criticidade baseada na mais pessimista das projeções, que hilariamente
de tempos em tempos se torna mais factual do que muitas obras realistas. Desse modo o
magnifico ato de ensinar tomaria o papel que é seu por direito, libertar as mentes da
obscuridade. E ao propiciar no individuo o florescimento de uma criticidade cheia de
historicidade, desmantela-se o mecanismo de manipulação das massas utilizado para
perpetuar uma tenebrosa conjuntura sociopolítica, pois indivíduos com senso critico
aguçado dificilmente são alienáveis.
Dessa forma, entende-se que dado a semelhança existente entre alguns cenários
sociopolíticos cíclicos e projeções pessimistas concebidas em clássicos da literatura
distópica, a utilização dessas mesmas obras no ensino de História firma-se como um
elogiável recurso, uma vez que facilita o desabrochar da criticidade do indivíduo,
criticidade essa forjada pelo mais aguçado pessimismo, porém essa visão negativa não é
demasiada, haja a vista que ciclicamente esse enredo diatópico se torna factual, e o
limiar que o separa da realidade se torna tênue. Como consequência se formará
indivíduos críticos e inalienáveis.
Da mesma maneira que Fontineles, reconhecemos a magnitude existente na
diversificação das linguagens e a ampla utilização de no ensino de História

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