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Teresina
2018
CARLOS VICENTE MORAES DOS SANTOS
Teresina
2018
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 03
2 QUESTÕES NORTEADORAS....................................................................... 05
OBJETIVOS...................................................................................................... 06
Objetivo geral.................................................................................................... 06
Objetivos específicos.......................................................................................... 06
4 JUSTIFICATIVA.............................................................................................. 07
5 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................ 08
6 METODOLOGIA............................................................................................ 13
7 CRONOGRAMA............................................................................................... 14
8 ROTEIRO TEMÁTICO................................................................................... 15
REFERÊNCIAS................................................................................................ 16
Assim como Fontineles postula que o escopo de sua obra é averiguar em que
medida o emprego de linguagens lúdicas na práxis do ensino de História pode propiciar
uma postura reflexiva nos educandos e embasar uma relação entre as configurações
históricas e as suas vidas dando as ferramentas para articular passado e presente.
Procuramos refletir no texto aqui exposto quais as implicações decorrentes da utilização
de obras clássicas da literatura distópica nas aulas de História e em que medida o uso de
tais recursos facultaria o surgimento do cenário adequado para que desabrolhe no
educando uma consciência histórica e uma criticidade aguçada.
Para tal, evocaremos obras clássicas de literatura distópica com o propósito de
analisá-las e relacioná-las ao contexto do ensino de História: “1984”, de George Orwell;
“Fahrenheit 451”, de Ray Douglas Bradbury; “Laranja Mecânica”, de John Anthony
Burgess Wilson; e “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Leonard Huxley. Buscaremos
entendê-las, relacioná-las entre si, traçar um paralelo entre elas e as horripilantes
conjunturas sociopolíticas que se instauram de tempos em tempos na nossa sociedade,
reger esforços no sentido de compreender a relevância de sua aplicação no ensino de
História e sua eficácia na afinação da criticidade dos indivíduos e no tocante a constitui-
se uma barreira para perpetuação de cíclicos frenesis tenebrosos.
A conjuntura sociopolítica que tem se instaurado no cenário mundial nos
últimos anos é extremamente preocupante e pode ser classificada como sombria até
mesmo nas projeções mais otimistas. Essa onda que te ameaçado devastar a democracia
ocidental está provocando grande inquietude no meio acadêmico dado a sua
complexidade e aos estorvos que constituem uma objeção a uma análise concisa e
concreta do quadro.
Como foi postulado por Theodor W. Adorno e Max Horkheimer no livro
“Dialética do Esclarecimento” há muito tempo as elites vêm somando esforços para
manipular as massa e assim manter sua dominação, porém esses esforços ganharam uma
roupagem mais devassada nos últimos anos. “2016 foi o ano que lançou a era da ‘pós-
verdade’ de forma definitiva” (D'ANCONA, 2018, p. 19) a “pós-verdade” se configura
como um hodierno e nocivo componente das estratégias de manipulação, e esse novo
fator tem propiciado o surgimento de discursos que deslegitimam a produção
acadêmica, ampla disseminação de notícias falsas e tendenciosas, fortalecimento de
discursos retrógrados de ódio contra as minorias, cassação de direitos pétreos, latente
arbítrio do judiciário e uma grotesca ascensão de governos com discursos autoritários ao
poder e o mais alarmante é o apoio das massas entorpecidas e alienadas pelas táticas de
manipulação e pela “pós-verdade”.
Anualmente o departamento da Universidade de Oxford responsável pela
elaboração de dicionários elege a palavra do ano, a de 2016 é “pós-verdade”, a
instituição define o termo como um substantivo “que se relaciona ou denota
circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião
pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”. É justamente nesse contexto de
crescente relativização da verdade e consequentemente, alienação coletiva, que se
estabelece a umbrosa conjuntura sociopolítica atual.
Essa tenebrosa onda que tem submergido não só culturas politicas tenras, mas
também culturas políticas, que salve algumas críticas, estão há muito tempo enraizadas
no solo da democracia, como exemplo Os Estados Unidos da América, está construindo
um cenário se assemelha demasiadamente ao enredo das clássicas obras de literatura
distópica. Decerto é assaz aterrador o paralelo que se pode traçar entre nossa atual
condição e as projeções mais pessimistas presentes nos clássicos da literatura distópica,
desse modo o limiar que separa nossa conjunção de uma obra distópica é tênue e
seriamente frágil.
Essa intima relação que obtemos ao aferir nosso atual quadro politico com
obras literárias distópicas colossalmente negativas e indubitavelmente rebento de
massivos esforços no sentido de criação de mecanismos de manipulação que se
intensificaram nos últimos anos a fim alienar de forma efetiva as massas, e isso se torna
agudamente descomplicado uma vez que há um déficit nos indivíduos no tocante a uma
consciência histórica e uma criticidade aguçada.
Para a ascensão de discursos autoritários faz-se necessário a aniquilação da
verdade absoluta através do relativismo, para isso, as massas, vendadas pela falta de
consciência histórica e criticidade, são manipuladas.
A pavorosa ditadura que assolou o Brasil entre 1964 e 1985 não destonou do
terrífico enredo distópico dos governos autoritários, não regeu escrúpulos no sentido de
gerar um desmantelamento do ensino das Ciências Humanas, especialmente História e
Geografia, e em decorrência disso larapiar a consciência histórica e arquitetar uma
barreira para o aguçamento crítico dos indivíduos.
A nossa infeliz ditadura, bem como todo projeto autoritário, aparelhou o ensino
para servir apenas aos seus próprios interesses, que era a ascensão e a perpetuação do
seu discurso anedoticamente grotesco, para isso, retirou o a formação crítica fornecida
pelas Ciências Humanas, transformando a práxis educativa numa mera transmissão de
um aglomerado de conteúdos desconexos e vazios de significados concretos, tornando o
gracioso ato de ensinar em uma mera formação de indivíduos supérfluos para atender
uma vil demanda mercadológica. Ao afanar o viés humanitário do ensino de base,
retira-se também a capacidade cognitiva de refletir criticamente e a consciência humana
e histórica, gerando assim em larga escala indivíduos facilmente alienáveis, que são
fundidos a grande massa deforme e sem expressão sem grandes dificuldades, dessa
forma, o palco propício para a ascensão e perpetuação de discursos autoritários que
beiram o jocoso entrecho de obras literárias de distopia.