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RESTAURAÇÃO DE TUBOS DE TROCADORES DE

CALOR, CONDENSADORES, CHILLERS E CALDEIRAS.

Luiz Henrique V. de Souza


E-mail: luizhenrique_99@yahoo.com
Profissional de manutenção de trocadores, ex-funcionário das duas únicas empresas prestadoras deste serviço no
mundo e introdutor no Brasil da técnica de restauração de tubos que economiza 80% do custo e 90% do tempo de
parada quando comparado a retubagem tradicional, restaurando-os a uma taxa de até 500 tubos/dia.

1. SUMARIO

É da experiência comum que muitos falhas em tubos de condensadores, chillers, caldeiras e


trocadores de calor ocorrem dentro dos primeiros 15 cm (6“) do feixe. No passado, não muito
distante, a solução aceita para reparar estas conhecidas avarias tem sido a retubagem completa,
mesmo sabendo que 95% do comprimento do feixe permanece, na maioria das vezes, perfeito. Com
isto em mente, uma técnica de restauração foi desenvolvida nos meados dos anos 70, ela faz com
que inserts de paredes muito finas, algumas vezes referido como escudos do diâmetro interno dos
tubos, sejam introduzidos e expandidos nas extremidades dos tubos, adicionando anos de serviço a
trocadores condenados a dispendiosa, em custo e tempo, retubagem e a uma fração do custo desta
e com tempo de reparo, infinitamente, menor, este tipo de serviço pode restaurar até 900 tubos, com
uma única equipe treinada, composta de 2 homens, com equipamentos que cabem no porta-malas
de um carro de passeio, num único dia de trabalho, isto é, configuração padrão da maioria dos
trocadores em petroquímica.

2. INTRODUÇÃO

Freqüentemente formas encontradas de tais falhas nas extremidades dos tubos são erosão, trincas
por corrosão e stress, cracking circuferencial na junção tubo/espelho, pitting e corrosão galvânica. As
avarias se manifestam muitas vezes como diminuição de espessura dos tubos e pitting localizado
que levam, geralmente, a falhas dos tubos. Hoje, com a demanda cada vez maior por produção, e
produção a cada vez mais baixo custo, a retubagem é uma solução muito radical e como recurso de
engenharia é muito pobre, a restauração deve ser considerada primeiramente, sempre, pelos
engenheiros das plantas. Historicamente, a mais familiar estratagema para proteger tubos avariados
era o uso de inserts plásticos, estes inserts, ou protetores de tubos, eram somente parte eficaz
porque eles não fixavam sob pressão, portanto, inadequados para restaurar tubos ao serviço,
também, inserts plásticos podem causar uma corrosão conhecida como corrosão do degrau e tende
a deslocar-se com o tempo, especialmente, durante a limpeza e contra-fluxo.
Como objetivo de lidar com esses problemas que foi desenvolvida a técnica de restauração. As
características e capacidades dos inserts metálicos de tubos são descritas abaixo, alem de
rapidamente comentado os métodos outros de restauração que fazem uso de materiais não-
metalicos:
3. MECANISMOS COMUNS DE FALHAS DE TUBOS EM
TROCADORES DE CALOR

Erosão no passe de entrada é um problema comum com tubos de liga de cobre de condensadores,
causados pela força cinética da água de refrigeração, particularmente, se esta contem sólidos
abrasivos, mudanças na direção do fluxo, redemoinho e bolhas de ar combinam para criar altamente
turbulenta condições nestes passes, resultando em deterioração dos filmes passivos sobre a
superfície interna dos tubos, aproximadamente, dentro de 15 cm (6”) a turbulência do fluxo cessa,
tornando-se laminar e a habilidade de erosão é profundamente reduzida. Outros fatores que podem
contribuir para manutenção do fluxo turbulento são configurações de projeto, da caixa d’água e
tubulação de admissão, desfavoráveis. Com fluidos contendo componentes corrosivos o desgaste
dos tubos pode ser de sobremaneira exarcebada, esta, assim chamada, erosão-corrosão é uma
fenômeno sinergetico onde a ação combinada da erosão e ataque químico são maiores do que estes
agindo isoladamente. Fluidos de processos corrosivos mais comumente causam erosão/corrosão,
entretanto, isto pode ocorrer com águas de refrigeração, por exemplo, bronze exposto a sulfetos e/ou
água de refrigeração tratada com amônia. Cracking (rachadura) de Corrosão por Stress (CCS) é
uma outra familiar falha em trocadores, é causada pela ação, novamente, combinada da tensão
(principalmente vibração), stress de compressão e corrosão, CCS freqüentemente ocorre nas áreas
de expansão, imediatamente após o espelho, especialmente, quando ocorre superexpansão e é
especifico do ambiente metálico, bem conhecidas formas são CCS por amônia de tubos de ligas de
cobre, CCS por cloreto em aço inox austenitico e CCS por alcalinidade de ligas de aço carbono,
estes mecanismo de falhas podem ocorrer em ambas as extremidades, de entrada ou saída. Outros
tipos de corrosão encontradas nas extremidades dos tubos e em junções tubo/espelho são ataques
de pitting e corrosão galvânica, esta última é uma forma virulenta de penetração profunda local,
experimentada mais freqüentemente com aço inox austenisticos (Cr-Ni) exposto a cloretos. Ambos,
CCS e corrosão galvânica são altamente aceleradas em elevadas temperaturas. Falhas nesta
localização critica dos espelhos e tubos de admissão podem, também, serem causadas por fatores
mecânicos (ex. imprópria expansão dos tubos) e soldas mal executadas entre tubos e espelho.
4. INSERTS

Inserts metálicos de parede fina foram introduzidos em 1976, este processo de reparo protege,
restaura e sela quaisquer vazamentos em avariadas extremidades. Os inserts são fabricados para
especificas dimensões enquanto retendo a ductibilidade requerida para expansão.
Uma fabricação em paredes muito finas, chanfro interno no extremo oposto ao espelho e expansão
metal/metal reduzem em definitivo a chance de criar a erosão do degrau, falada anteriormente,
ocorrência comum em outros tipos de inserts. Como no caso dos feixes de trocadores, a seleção da
liga de fabricação própria para o insert é critica, os materiais podem ser selecionados de várias
diferentes ligas, depende do material tubo que será “hospedeiro” do insert e do mecanismo da falha.
Escolhas que vão desde ligas de cobre, aço inox convencional, super-austenisticos aço inox e ligas
de níquel, esta variedade permite ao pessoal da planta selecionar combater uma especifica falha tal
como pitting por cloreto, CCS, grooving por amônia, etc.
O processo de instalação é desempenhado no local, sem remoção equipamento (uma das razões de
baratear o custo e diminuir o tempo de parada), começando com uma limpeza por escovas rotativas
de aço da área interna do tubo, na extremidade do passe de entrada, para proporcionar, não
somente, a medição do desgaste da parede do tubo crucial para determinar as dimensões do insert
e o fator de expansão, como também, uma adesão perfeita deste no tubo. Logo após os tubos são
soprados com ar comprimido, uma vez concluído estes procedimentos padrão, os inserts são
posicionados dentro dos tubos, mandrilhados com cuidado especifico, pois as paredes são muito
finas (outra razão de baratear custo e otimizar o tempo, por terem paredes finas o mandrilhamento é
muito mais rápido).
As dimensões dos inserts já foram padronizadas, otimizando o tempo de fabricação e eliminando a
importação que era anteriormente feita.
Este tipo de reparo não é “Band-Aid” ou temporário, mas, uma verdadeira restauração que adiciona
anos de vida útil aos tubos.
Uma planta nos Estados Unidos afirmou que “no primeiro condensador que foi restaurado, pretendia-
se tê-lo ainda em serviço pelos próximos 5 anos”. Já se passaram 20 anos deste serviço e eles
ainda estão em plena operação. Inserts também são instalados em trocadores submetidos a alta
pressão (29 Mpa / 4200 psi) e a altas temperaturas (650°C / 1200°F). Em alguns casos, evidente não
típicos, os inserts funcionaram como ponte para alguns tubos que estavam tão corroídos para
alcançarem e continuar fixos no espelho.
Restauração de tubos por meio de inserts metálicos é um método de reparo de baixo custo ofertando
favoráveis características e capacidades:

• Restaura e protege os tubos avariados nas extremidades.


• Restaura a junção tubo/espelho.
• Proporciona estanqueidade sob pressão.
• Retorna tubo bujonados e vazantes ao serviço.
• Permite os tubos de manterem a capacidade original de limpeza.
• Minimiza a possibilidade de ocorrência da erosão do degrau.
• Instalações durante condições de baixa carga.
• Não interfere na capacidade de troca térmica original.
• Reduz o tempo de parada do equipamento.
• Aumenta a vida útil do feixe tubular.

Como possui paredes muito finas, a redução de fluxo é desprezível diferentemente do que ocorre
com inserts plásticos de paredes muito grossas.

5. INSERTS PLASTICOS – PORQUE NÃO USAR

Inserts plásticos ou protetores de tubos foram originalmente desenvolvidos para o especifico


propósito de aliviar a erosão da extremidade do passe de entrada. Estes são tipicamente de 10,6 (4”)
a 15,24 cm (6”) de comprimento e fornecidos numa escala de termoplásticos e fluoroplasticos
convencionais. A instalação é feita por pressão leve ou cimentação com algum adesivo, inserts
plásticos são feitos de diâmetros pré-estabelecidos baseados nas dimensões dos tubos novos,
fazendo deles um bem barato, entretanto, eles não prevêem perda de parede ou desgaste irregular
do diâmetro interno dos tubos, a erosão do degrau começa imediatamente após o insert dentro dos
tubos “hospedeiros” por causa da parede grossa que funciona como um verdadeiro degrau para o
fluxo, turbilhonado-o onde este já seria laminar. Também podem restringir o fluxo em até 30%.
6. EXEMPLO DE APLICAÇÃO

A Port Washington Station é uma planta de energia de 320 MW, alimentada por carvão, localizada
na cidade do mesmo nome em WI, USA. Ela possui 4 unidades de 80 MW cada. A unidade 1 foi
posta em serviço em 1935, a Unidade 2 em 1940, Unidade 3 em 1945 e a Unidade 4 em 1948. Cada
uma utiliza um condensador horizontal, multi-passe e singelo passe de água de refrigeração, o
espelho é feito de metal Muntz, tem 9020 tubos de latão almirantado de 22 mm (7/8”) dia. externo x
18 BWG e 7,9 metros (26 ft) de comprimento. Em 1957, inserts plásticos de 152 mm (6”) foram
instalados no lado da admissão de cada condensador da Unidade 1, nos tubos que ainda não tinham
sidos bujonados, isto foi feito devido a paradas forçadas causadas por erosão na admissão,
enquanto, inicialmente, cessou as paradas, vazamentos começaram a aparecer imediatamente nos
tubos com inserts plásticos devido a erosão do degrau, forçando as unidades a novas paradas de
manutenção. A erosão na admissão foi, simplesmente, transferida para dentro dos tubos.
Em 1988, a unidade 1 parou para retubagem do condensador, usaram 90/10 CuNi e aço inox 304
(para áreas de ataque mais severo), esta parada de quatro semanas tinha um projeto de custo, já
pensado muito tempo ante, imaginem se fosse uma emergência, de US$392,000. Ao final da
retubagem a unidade tinha somente uns poucos vazamentos devido a tubos defeituosos. Com o
atual projeto para a planta com parâmetros para 2010, as seguintes opções foram consideradas para
manter a confiabilidade e minimizar custos para os 3 condensadores restantes:

1) Retubar os condensadores ao custo de aproximadamente US$ 475.000 cada.


2) Reparar com inserts plásticos ao custo US$ 75.000 cada.
3) Fazer nada e continuar bujonando os tubos vazantes.

As unidades 2, 3, 4, reparadas nos anos seguintes, foram usados inserts metálicos, ao custo de
US$ 84.959, o alto custo deveu-se ao serviço de retirada dos inserts plásticos e seus adesivos , de
US$ 73.000 e US$ 72600 respectivamente. Todos os inserts foram fabricados de CuNi 90/10, 254
mm (10”) de comprimento, resultando numa economia de, aproximadamente, US$ 1,2 milhões a
empresa. Em 1992 eles estavam experimentando uma média de, mais ou menos, 0,5% de tubos
bujonados anualmente e esperam no futuro terem 0,1% de média, ou seja, uma redução de 80%.

7. INFORMAÇÕES DE APLICAÇÃO NO BRASIL

Veja o que uma dissertação de mestrado disse sobre custos de parada não-programada na planta
da PETROBRAS/SIX no período de 1996 e 1999.

“A PETROBRAS/SIX possui cerca de 30 trocadores de calor com tubos em aço carbono no sistema
de água de resfriamento. O custo médio de intervenção (retubulação dos feixes) é da ordem de US$
12.000 para trocadores com números de tubos entre 100 1 200. Considerando as sobreespessuras
para corrosão de tubos de troca térmica, o aumento da taxa de corrosão de ~0,03 mm/ano para
~0,12 mm/ano, reduz em quatro vezes a vida útil do equipamento e eleva os custos de manutenção
da planta em aproximadamente US$ 360.000,00. Aspecto não considerando nessa analise
simplificada, porem extremamente relevante é o custo de cessação ou redução de produção em
sistemas críticos, influindo no fator operacional da planta ...”

Pelo exposto vemos que o problema é grave e não encontrou solução favorável economicamente até
agora, continuam optando, por desconhecimento ou comodismo pela dispendiosa retubagem.
No sistema PETROBRAS alguns engenheiros conhecem e já contrataram este serviço de
restauração, particularmente nas unidades da RLAN, REGAP, TRANSPETRO (antiga Fronape),
FAFEN/Sergipe entre outras.

A lista de usuários internacionais é extensa. Vamos ver alguns:

ABB/Combustion Engineering*
AES*
Agrium*
American Electric Power*
American President Lines*
Amoco*
Ampol* (Australia)
Andros Maritime*
Anglo Eastern*
Arabian Petrochemical*
Aramco – Shell*
Aramco – Mobil*
Arco*
Arizona Public Service*
Bahrain Petroleum*
Baltimore Gas & Electric*
Bechtel
Bergensen D.Y.*
BHP Steel* (Australia)
BOC Gases*
BP Shipping*
CSX Lines*
Caltex*(Australia)
Ceres Hellenic Shipping Enterprises*
Chevron*
Chevron Phillips Chemical*
Chevron – Texaco*
Chilgener* (Chile)
Citgo Petroleum*
CMS Oil + Gas*
Coastal Technology*
Commonwealth Edison*
Consolidated Edison*
Continental Maritime*
Crowley Marine*
Detroit Edison
Detyens Shipyard*
DIOKI Chemical (Croacia)
Dow Chemical* (inclusive Brasil)
Duke Power*
E.I. duPont*
Electrabel (Belgica)
Enel* (Italia)
Enelven* (Venezuela)
Entergy*
Entergy Nuclear*
Equistar*
Esso*
Exelon*
Exxon – Mobil*
Florida Power Corporation*
Florida Power & Light*
Fluor Daniel*
Freeport Power* (Bahamas)
Fronape
Frutarom*
General Electric*
Georgia Power*
Golar Management*
GPU*
Gulf Petrochemical Industries
Hellespont*
Hill Petroleum
Hoffman LaRoche*
Hopewell Power Ltd.* (China)
HOVENSA*
Hyundai Oil Refinery (Corea)
ICI* (Inglaterra.)
Keyspan Energy*
Kristen Navigation, Inc.*
Louisville Gas & Electric*
Maersk Lines*

(*) Usuários mais freqüentes.


8. OUTRAS IMAGENS

Não há necessidade de remoção do feixe para executar a restauração

Inserts sendo instalados

Este trabalho foi resumido para o propósito de apresentação da


restauração. Maiores detalhes podem ser obtidos enviando e-mail para:
luizhenrique_99@yahoo.com

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