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Academia COC 2016 - Walter Puccini

Curso:
Didática e Metodologia do Ensino de Língua
Portuguesa
Módulo II:
O Ensino de Língua Portuguesa na Educação
Básica

Tópico II:
O Ensino da Língua Portuguesa em Escolas
Privadas

Na educação básica, não existe praticamente diferenças no ensino do Português


entre as escolas públicas e as privadas. Como os PCNs têm caráter de norteamento, e
não de regra, sendo, portanto, flexíveis, as escolas têm certa liberdade para adequar um
currículo básico às suas preferências ou interesses.
Nas escolas privadas, isso se dá, principalmente, pela necessidade de atender às
expectativas da clientela ou por convicção do corpo docente, embora este último fator
não seja determinante nem ocorra de forma igual em todas as instituições. No Ensino
Médio, por exemplo, a grande maioria das escolas particulares tem como meta o
sucesso de seus alunos nos exames vestibulares, o que as torna reféns da programação
estipulada pelas faculdades mais concorridas.
Em sua maioria, os docentes de Língua Portuguesa não abrem mão do
tradicional hábito de ensinar gramática normativa. Acreditam que, do conhecimento das
normas gramaticais e da nomenclatura, advirá “o bem escrever e o bem falar”. Não se
dão conta de que apreciar tão somente a norma culta da língua é um ato de exclusão da
maioria e tentativa de desqualificar outras culturas e línguas que convivem por todo o
país, além de ser inútil, a médio e longo prazos, já que a língua é um organismo vivo,
mutável e pertencente ao povo.
Quanto aos resultados, curioso é que, embora parametrizadas, as instituições
públicas e as privadas não logram obter o mesmo aproveitamento por parte de seus
alunos. Issoé o que mostra um exame comparativo dos resultados obtidos no SAEB e na
Prova Brasil. Em 2001, os concluintes do 1º ciclo do Ensino Fundamental das escolas
públicas obtiveram, em média, 162,50 pontos no SAEB, enquanto os das escolas
particulares alcançaram 209,40 pontos; diferença de 46,90 pontos a favor da escola
particular. Em 2009, oito anos depois, a pontuação foi, respectivamente, 181,36 e
220,21, diferença de 38,85 pontos. Destaque-se que a distância entre uma e outra caiu
8,05 pontos, por conta de crescimento maior da escola pública, 18,86 pontos, contra
10,81 da escola particular.
No 2º ciclo, os números não são mais alentadores. Em 2001, os alunos das
escolas públicas obtiveram média de 228,60 pontos, e os das escolas particulares,
282,00. A diferença foi de 53,40 pontos. Em 2009, os números foram 239,73 e 278,56.
A diferença caiu de 53,40 para 38,83 (14,57 pontos de redução): a escola pública subiu
11,13 pontos e a particular caiu 3,44.
A distância entre instituições públicas e privadas tem diminuído em virtude de
melhoria mais consistente das primeiras. Mas os resultados ainda estão demasiado
distantes dos 275 pontos que se tinha como meta para este momento.

Bibliografia

ALAVARSE, Ocimar Munhoz - Projetos de pesquisa in: Bons resultados no Ideb:


estudo exploratório de fatores explicativos, disponível em
revistaeducacao.uol.com.br/textos/160/artigo234819-1.asp, 14 de junho de 2014.
CASTILHO, A. T. Variação lingüística, norma culta e ensino da língua materna. In: São
Paulo (Estado). Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas
Pedagógicas. Subsídios à Proposta Curricular de Língua Portuguesa para o 1° e 2°
graus. Coletânea de textos. São Paulo: SE/CENP, 1988, p. 53-59.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos; ARAÚJO, Maria Helena S.; PINTO, Maria Teonila de F.
Alvim. Metodologia e prática deensino da línguaportuguesa. Porto Alegre: Mercado
Aberto, 1984.

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