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faca o resumo do livro de Cipriano Luckesi. Eloi Barreto Jose Cosma.

Naidison Baptista
(2012). Fazer universidade: uma Proposta Metodológica. 17ª Edição Cortez Editora Parte III
Capitulo1: Leitura como Leitura do Mundo e Capitulo 2: A prática de Leitura no Brasil.

1. A quem era permitido ler?


1.1 o que era dado para ler
1.2 como se lia ?
2. os nossos dias
2.1 A quem era permitido ler?
2.2 O que se lê?
2.3 Como se lê?
2.4 Conclusões e perspectivas.

Parte IV

Capitulo 1: Expressão do conhecimento como expressão do mundo.

Capitulo 2: Expressão escrita: Estrutura da redacção.

1. Escolher um assunto: tema.


2. Definir os objectivos.
3. Levantar ideias e ordenar o esquema.
4. Conclusões.

capitulo 5Trabalhos grupais na apresentação de conhecimento


Capitulo1: Leitura como Leitura do Mundo

Na parte capitulo 1, leitura como leitura do mundo, o autor traz a definição de leitura segundo a
visão de paulo Fri na sua obra

ler significa capacidade a capacidade de compreender o significado das letras unidas formando
palavras, cujo o conteúdo comunicado expressa uma determinada compressão da realidade,
desde que o que importa na leitura , por isso ee adquir um entendimento da realidade. neste
capitulo o autor enfatiza

segundo paulo Freire cunhou a denominação “ leitura como leitura do mundo”. então, no texto
que se segue o autor deseja incentivar os estudantes a compreender a praticar a leitura como
“leitura do mundo”, ou seja como um meio de obter uma compreencao critica e vital que
possibilita a vida ser melhor da realidade . neste capilo quando autor fala de leitura do mundo
quer dizer conhecer o mundo que vivemos. Quando se diz leitura da palavra escrita, estamos nos

“Educação e sociedade: redenção, reprodução e transformação”, o autor aborda as três tendências


predominantes no pensamento pedagógico: a educação como redenção, a educação como
reprodução da sociedade e a educação como transformação da sociedade, e discorre sobre cada
uma delas e seus principais autores.
Capitulo1: Leitura como Leitura do Mundo

Quando escrevemos este capítulo, estávamos tocados pela leitura do livro de Paulo Freire
intitulado A importância do ato de ler, no qual ele define a "leitura" não só de forma literal, mas
também de modo metafórico. Em termos literais, "ler" significa capacidade de compreender o
significado das letras unidas formando palavras, cujo conteúdo comunicado expressa uma
determinada compreensão da realidade, desde que o que importa na leitura, por si, é adquirir um
entendimento da realidade. Por outro lado, ciente de que, antes de aprender a ler a palavra
escrita, passamos em nossa vida por uma longa prática de conhecer a realidade,
independentemente da leitura, Paulo Freire cunhou a denominação "leitura como leitura do
mundo". Então, no texto que se segue, desejamos, seguindo as pegadas de Paulo Freire,
incentivar o estudante a compreender e praticar a leitura como "leitura do mundo", ou seja, como
um meio de obter uma compreensão crítica e vital (que possibilita a vida ser melhor) da
realidade. Desse modo, o leitor deste capítulo deverá ter presente que, quando se fala em "leitura
do mundo", Se diz "conhecer mundo", independentemente de estudo das comunicações
disponíveis que relatam compreensões desse mesmo Mundo. Quanto se diz "leitura da palavra
escrita", estamos nos Referindo à leitura, literalmente, ou seja, assumir uma compreensão da
realidade tendo como recurso a compreensão que outra pese autor pesquisador, estabeleceu da
realidade. Hoje convivemos e necessitamos das duas formas de leitura. Uma não é melhor que a
outra, contudo, ambas necessárias. Em síntese, com este capítulo, temos a intenção de introduzir
o estudante na compreensão e na habilidade de operar dialecticamente com os dois tipos de
metodologia por meio dos quais se entra em contacto com a realidade &cando ciente de que, na
vida universitária, no espaço da sala de aula das disciplinas, haverá mais contacto com a "leitura
escrita" do ocom a "leitura do mundo", sem que isso implique um afastamento da realidade do
mundo. Além do que, esperamos e desejamos que os educandos aprendam a respeitar a todas as
pessoas – escolarizadas e não escolarizadas- em sua sabedoria. Não necessariamente te a escola
produzirá pessoas sábias, o que também não quer dizer que aqueles que não foramà escola
venham a ser sábios. A sabedoria vem da busca pessoal entre escolarizados e não escolarizados
de compreender a vida e o mundo e de agir a favor dela, de forma individual e colectiva.
Com o tema "Leitura como leitura do mundo", iniciamos a Terceira Parte do nosso
trabalho. As colocações seguintes abordam questões relativas à leitura e sua prática efectiva. Por
isso, aqui, pretendemos manifestar uma passagem entre as questões do conhecimento e a leitura.

Pelo conhecimento, como temos discutido anteriormente, apreendemos o mundo e o


compreendemos, pela leitura dos textos escritos não podemos nos desligar desta situação, pois
que, ou ela auxilia um melhor entendimento do mundo ou se transforma em instrumento de puro
verbalismo, mecanismo de pura "ilustração da mente" das pessoas, através de palavras. Palavras
que poderão ser reutilizadas em discursos destituídos de sustentação existencial.

Frente a isto, a leitura, para atender o seu pleno sentido e significado, deve,
intencionalmente, referir-se à realidade. Caso contrario, ela será um processo mecânico de
decodificação de símbolos. A leitura se processa sobre o conhecimento expresso por escrito; por
isso mesmo, deve ater-se e a ele e a todo o seu significado.

Assim sendo, neste texto, pretendemos fazer uma introdução ao entendimento da "leitura
como leitura do mundo" e não pura e simplesmente como leitura de palavras, como, na maior
parte das vezes ela tem sido praticada.

Como seres humanos, somos, constantemente, inseridos em três dimensões: o passado, o


presente e o futuro. Somos seres pluridimensionais, superando a unidimensionalidade do tempo e
do espaço.

O que somos hoje depende, em grande parte, daquilo que fomos e tivemos condições de
ser no passado. Boa parte dos valores que, hoje, vivemos e defendemos depende daquilo que nos
legaram os nossos antepassados. Por outro lado, o que seremos amanhã depende não só da
análise crítica que hoje façamos sobre o nosso passado, como, principalmente, do projecto e
compromisso de história que, hoje, queiramos construir e assumir.

Assim, a pluridimensionalidade que nos é característica nos torna capazes de "herdar,


incorporar, modificar". Por isso, nossa vida possibilidade de possuir e usufruir de moradias
melhores e mais é marcada por um constante progresso, em todos os sentidos Temos
confortáveis que aquelas de nossos antepassados. Nossos conhecimentos nos asseguram a
possibilidade de maior esperança de vida que a garantida aos que nos antecederam. Nossas
técnicas nos dão condições mais amplas de locomoção, informação, comunicação e meios de
conforto bem superiores àqueles que tiveram nossos pais e avós.

Todo este cabedal de conhecimento, ciência e técnica, no entanto não foi conquistado
individualmente por nós, nem como pessoas, nem como povo, nem como época. Esse cabedal é
produto da raça humana a que pertencemos e foi produzido em um longo processo de história.
De um lado, é verdade que aquilo que possuímos, hoje, é resultado de nosso esforço; mas, é
igualmente verdadeiro que essa sabedoria é resultado de um esforço muito grande por parte de
pessoas, grupos, povos e nações; esforço que se perde na noite dos tempos e na distância da
história. E, se hoje usufruímos do conhecimento resultante desse processo, é porque cada pessoa,
grupo, povo, se tem preocupado constantemente em transmitir aos pósteros o próprio
conhecimento sobre o homem e o mundo. Conhecimento este nascido concretamente das
experiências de cada um e da reflexão realizada a respeito desta experiência, no dia a dia do
relacionamento histórico e geográfico das pessoas, grupos e povos entre si e com as
circunstâncias do mundo em que vivem.

Efectivamente, cada um de nós sempre busca conhecer com maior ou menor


profundidade o mundo que nos cerca, e normalmente relatamos de forma oral os nossos
conhecimentos e experiências; contudo, muitas vezes, o fazemos por escrito ou por meio dos
mais variados sinais e códigos que temos à nossa disposição.

De uma maneira ou de outra, para que possamos tomar conhecimento e usufruir da


riqueza histórica construída e transmitida pelos homens de todos os tempos, em termos de
conhecimento, é fundamental e imprescindível a prática da leitura.

O que se entende por leitura?

Não a entendemos como o costume de devorar, acriticamente, conteúdos e mais


conteúdos, por mais interessantes que sejam por mais preparados e famosos que sejam seus
autores.

Não a entendemos como um simples acto de decodificação de signos, num processo


mecanicista comandado por estimulas e respostas. Processo que não leva à leitura mas, apenas,
ao soletrar enfadonho de silabas e palavras, sem ligação alguma com a realidade.
Não a entendemos como a sonorização mecânica de sílabas, palavras e frases, c
desconexas, e fora do contexto real onde elas têm origem. Ao contrário, a leitura é um ato
simples, inteligente, reflexivo e característico do ser humano, porque ela nada mais é que um ato
de compreensão do mundo, da realidade que nos cerca e em meio à qual vivemos.

Leitura éo exercício constante, reflexivo e crítico da capacidade Que nos é inerente de


ouvir e entender o que nos diz a realidade que nos cerca e da qual também somos parte
integrante. É o exercício da captação, através dos mais variados símbolos, sinais e manifestações,
da informação, conteúdo e mensagem que os outros nos transmitem sobre a realidade, tanto
nossa quanto deles. E o exercício do intercâmbio entre as informações recebidas. E o exercício
da capacidade de formar nossa própria visão e explicação sobre os problemas que enfrentamos e
que se constituem, para nós, em constante provocação no sentido de lhes oferecer respostas e
soluções adequadas.

Nesta perspectiva, todo e qualquer ser humano é capaz de ler, sabe ler, pode ler e
efectivamente lê.?

Lê a professora que analisa, com sinceridade e verdade, as causas pelas quais seus alunos
não aprendem; lê o médico que, através dos Sintomas e exames, descobre as causas da
enfermidade que atormenta seu paciente e se torna, assim, capaz de enfrentá-las e debelá-las; lê o
diecanico que, pelo simples roncar do motor, descobre os defeitos que.

faca o resumo do livro de Cipriano Luckesi. Eloi Barreto Jose Cosma. Naidison
Baptista (2012). Fazer universidade: uma Proposta Metodológica. 17ª Edição Cortez Editora
Parte III Capitulo1: Leitura como Leitura do Mundo e as repectivas citações
Capitulo 2: A prática de Leitura no Brasil

Para que os estudantes possam proceder a uma "leitura" da prática de leitura no país,
escrevemos este Capítulo 2 da Terceira Parte do livro. Ainda que o leitor já tenha conhecimento
da época em que este livro fora escrito e publicado, importa, mais uma vez, sinalizar que é
preciso ler o capítulo ciente de que os autores estavam situados há trinta anos passados, quando a
realidade do país era diferente, assim como o seu clima cultural e político. O conteúdo do texto
que se segue está embebido nas compreensões e abordagens socioculturais e políticas daquele
momento. Transpondo a leitura do capítulo para os dias de hoje, há que se verificar o que, em
nossa realidade, ganhou novas expressões, que certamente são menos sombrias que as que
vivíamos naquele momento, mas também sem assumir que tenhamos feito mudanças radicais. O
capítulo, como está escrito ainda que o leitor possa considerar que a realidade sofrera
modificações, de quando o livro fora publicado pela primeira vez até o momento presente, e aqui
não registradas oferece ao leitor um modo de olhar a realidade, uma metodologia através da qual
se pode reler a prática da leitura no país. A metodologia, como pode ser facilmente desprendida
da leitura do texto, leva em conta situara prática da leitura no contexto histórico em que ela
ocorre. A leitura, como qualquer outro objecto de investigação e sociopolítico do momento ou
dos diversos momentos históricos, investigação, não se dá num vazio epistemológico nem
sociopolítico.

Caso o leitor considere que os dados entre os anos 1980 e o momento presente estejam
grandemente diferenciados. o que justificaria não valer a pena focar atenção no seu conteúdo,
cremos que, ainda, vale a pena aprender a metodologia de abordagem de um fenómeno
socialmente situado, como é o caso da prática da leitura. Um objecto de estudo necessita de ser
visto Da partir r de suas múltiplas determinações socioculturais, que foi o que fizemos na época
acreditamos, pode e deve ser feito, se novamente fossem reescrever sobre essa mesma realidade.
Desse modo, o leitor poderá aproveitar do capítulo para, de um lado, compreender como se de so
processo da prática de leitura no pais, como ela se apresentava até os anos 1980 e, por outro,
aproximar-se do modo metodológico segundo qual fora realizada a "leitura contextualizada" da
prática da leitura em nossos pais.
A prática da leitura, em nosso país, tem negado o entendimento que vimos estabelecendo
sobre a mesma em discussões anteriores. Um rápido retrospecto histórico, a esse respeito, bastará
para nos mostrar sua insuficiência e inautenticidade.

Nesse particular, é evidente que nunca poderemos esquecer a nossa origem colonial, com
as implantações, imposições e castrações que lhe foram inerentes e cujos reflexos, ainda hoje, se
fazem sentir em todos os aspectos de nossa vida.

Neste capítulo nos propomos a analisar o nosso passado e o nosso presente, em termos do
processo de leitura, seu conteúdo e perspectivas políticas, ao mesmo tempo em que buscaremos
descobrir, nos esforços de modificação hoje existentes no país, os sinais de presença de uma
realidade nova pela qual lutamos.

O nosso passado

1. A quem era permitido ler?

A alguns poucos era permitido o exercício do ato de ler, tanto no sentido de leitura da
própria realidade, quanto no sentido de informar-se sobre os conhecimentos transmitidos por
outros sobre esta mesma realidade. Isso era permitido aos portugueses que aqui aportaram; aos
senhores de engenho; aos filhos destes; às pessoas mais ligadas a administração da colónia; aos
jesuítas e ao clero. Em uma palavra, era reconhecido o direito de ler àqueles que, de per si, não
causavam problemas à metrópole, por estarem intimamente ligados aos seus propósitos e
objectivos. Aos outros, que já habitavam este mesmo solo ou que a ele foram trazidos na
condição de escravos, não era reconhecido este direito. Não se lhes reconhecia o direito de ler a
própria realidade e seus valores, pois suas culturas eram exorcizadas, subvalorizadas e
marginalizadas, a cada instante, pela palavra e pela força. A cultura oficial, reconhecida pela
metrópole e imposta aos que aqui vinham e habitavam, não era a dos índios e negros. Não se lhes
reconhecia tampouco o direito de ler as informações e técnicas que advinham da metrópole
portuguesa, pois que a eles não era assegurada a transmissão do "dom das letras".

As tarefas de índios e pretos, conforme já analisado em outras partes desta publicação,


eram simplesmente a de obedecer, sem questionamento e crítica, aos planos que os senhores lhes
preparavam.
Em síntese, podemos afirmar que a prática inicial de leitura, no Brasil, foi profundamente
discriminatória. Discriminatória, inicialmente, quanto àqueles a quem era reconhecido o direito
de ler. Discriminatória, em segundo lugar, em relação aos conteúdos e conhecimentos que se
"permitia" ler: simplesmente aqueles de interesse das metrópoles a que o Brasil servia.
Discriminatória, internamente, porque os grupos maioritários da população mas pequenos em
poder económico e político eram massacrados quando tentavam fazer a própria leitura da
realidade. Discriminatória, enfim, quanto à metodologia especificamente utilizada para a leitura
da escrita, que levava apenas à repetição de conhecimentos e informações trazidas por outros,
sem se criar a oportunidade de confronto destas informações com as experiências e vivências
daqueles que estavam exercitando o seu direito de ler.

A metrópole, com efeito, tinha exacta consciência do poder da leitura, tanto, enquanto
leitura da realidade directamente, quanto na dimensão de leitura escrita. Por isso que os
movimentos por parte dos explorados sempre eram, sistematicamente, erradicados pelo poder da
metrópole. Por esta mesma razão é que, até a implantação da corte entre nós, proibiu-se
violentamente a existência de gráficas, Veiculação de impressos elaborados na colónia, fosse de
que tipo fosse. E a imprensa implantada, quando da mudança da família real Para o Brasil, não
foi uma imprensa brasileira e sim uma imprensa real. Afinal, tanto pelos grupos organizados para
descoberta da realidade, quanto pela veiculação de informações e conteúdos através da palavra
escrita, poder-se-ia colocar em questão o próprio sistema aqui implantado.

2. Os nossos dias

Uma análise de nossa realidade actual de leitura nos mostrará a presença, ainda hoje, do
mesmo processo discriminatório acima analisado, embora revestido de outras roupagens.

2.1 A quem é permitido ler?

As discriminações continuam em relação aos sujeitos aos quais é reconhecido, na prática


e não apenas nas leis, o direito de ler. Por ocasião do Segundo Congresso de Leitura do Brasil,
em 1979, sob os auspícios da Universidade Estadual de Campinas/SP, o professor Ezequiel
Theodoro, em seu discurso de abertura, assim se expressava, criticando a actual situação de
leitura no país: "Somente a elite dirigente deve ler. O povo deve ser mantido fora e longe dos
livros. Os livros estimulam a criticidade e a transformação modelo de desenvolvimento proposto
pelo governo"

Realmente, ainda somos um país de analfabetos e com altíssima taxa de evasão escolar,
taxa esta que vai crescendo à medida que o processo escolar vai chegando ao seu termo. Muitas
crianças são eliminadas cedo do sistema escolar. E a maioria delas provém de famílias de
camponeses e operários. Uma previsão do MEC para 1980 dava conta de que das inúmeras
crianças em idade escolar, 40,5% não se matriculavam e apenas 12,2% conseguiam chegar à
terceira série do segundo grau. De mil que começam a estudar, 63 terminam a universidade. A
uns poucos, por conseguinte, é assegurado o direito real de estudar e ler a palavra escrita, embora
a Lei n. 5.692/71 Assegure a todos, indistintamente, este direito. Não assegura, contudo,
trabalho, moradia, material escolar e outras condições para que a família possa manter seus filhos
na escola.

A educação, nos seus oito anos seriados, assemelha-se a um trenzinho a subir a ladeira.
Muitos passageiros, de longe, nem conseguem tomar um lugar no trem. Muitos outros o
Conseguem e o trem parte lotado da estação inicial. Geralmente, contudo, ao subir o monte, mui
tas "classes-vagões" vão sendo desligadas da máquina e caindo nos despenhadeiros e penhascos.
Ao pico da montanha, chega apenas um vagão, com alguns poucos privilegiados.

Há, contudo, alguns trens para os atrasados e os que ficam pela estrada saindo do trem
quando este já está em movimento. Há o Pipmo, Senai, Mobral, Supletivo..?

Ao lado deste fato, temos que constatar, igualmente, que a leitura que o povo faz de sua
situação, de seus interesses e de seus problemas não é reconhecida e incentivada ou, quando
começa a incomodar os donos do poder, é simplesmente reprimida pela força. Exemplo disso é a
repressão feita, constantemente, às leituras da realidade quando realizadas por grupos e
movimentos populares, por sindicatos independentes, por associações de classe, pelas
comunidades de base etc.

Fato ainda comprovativo da discriminação dos sujeitos de leitura é igualmente o preço


proibitivo dos livros, nunca acessíveis, por conseguinte, às classes populares. O alto preço do
material escolar, inclusive, é uma das causas do alto grau de desistência escolar.
Além disso, alguns poucos se acham possuidores de cultura e sabedoria. Por isso,
consideram a cultura e sabedoria do povo como "folclore". Os poucos que frequentam as escolas
e a universidade têm O Saber"... o povo lhes deve obedecer. Estes mesmos classificam de
Cultura apenas a cultura erudita e clássica, pois, para eles, as manifestações populares de vida,
costumes e valores não possuem valor cultural, servindo, quando muito, de objecto de
curiosidade turística e de fonte de exploração económica. As próprias universidades, ao
promover semanas de cultura no campo das letras e artes, dificilmente abrem um espaço, em
suas programações, para a presença do elemento popular, para sua poesia, sua filosofia, sua visão
de vida. Até grupos políticos, que se pretendem portadores de mensagens libertadoras, relegam
as leituras populares e impõem as suas próprias leituras da realidade, muitas das vezes
embasadas em teorias e princípios advindos de outras terras, outras realidades e experiências. Por
que tudo isso? Porque uns e outros não reconhecem aos grupos populares, ao povo, aos iletrados
por isso mesmo, tachados de ignorantes a capacidade de ler sua realidade e de detectar as
soluções que ela exige. E, se não lhes reconhecem a capacidade, como irão reconhecer-lhes o
direito de ler?

Em poucas palavras, perpetua-se, hoje, embora revestida de outras circunstâncias, a


realidade da "leitura" do Brasil colónia. Uns poucos lêem e têm reconhecido efectivamente seu
direito de ler. Aos outros é usurpado este mesmo direito, tanto no atinente à leitura directa da
própria realidade, quanto no que se refere ao direito de se informar sobre a leitura por outros feita
sobre o mundo e os homens.

2.2. O que se lê?

Em outras partes desta publicação, referimo-nos ao conteúdo de conhecimento que é


veiculado especificamente nas escolas e publicações oficiais destinadas ao mundo escolar, desde
o início do primeiro grau até o término da universidade. Referimo-nos, então, à distorção que é
feita da realidade, quando esta é apresentada de forma ideal, sem o seu contexto social,
económico e político e sem o devido enraizamento no tempo e no espaço, em que ela acontece.
Referimo-nos, igualmente, à distorção ideológica da história, quando esta é apresentada como
uma história sem violências, feita por heróis e pessoas isoladas e sem nenhuma presença efectiva
do povo, caracterizando uma história de doações e concessões feitas pelos grandes aos pequenos.
Concluímos, então, que o conteúdo de nossas leituras é alienante, situado propositalmente
por fora da realidade, com o objectivo implícito de servir de instrumento de manipulação dos que
o recebem e aceitam, a serviço dos que o impõem.

O próprio sistema facilita e incentiva a veiculação, inclusive extra-escola, de conteúdos


altamente alienantes. Não é necessária a realização de pesquisas sofisticadas para se constatar
isto. Uma visita rápida às bancas de revistas e jornais nos fará ver isso. Lá se encontram os
conteúdos importados, tipo Tio Patinhas e outros, inoculando os conteúdos e ideologias dos
grupos e países que lhes deram origem. Lá está a enorme quantidade de literatura pornográfica, a
suscitar em nós uma falsa sensação de liberdade e, principalmente, a nos ensinar a manipulação
das pessoas, do sexo, do amor a serviço do interesse e do lucro de determinados grupos. Lá se
encontram as revistas carregadas de horóscopos, com sua visão determinística e mágica da
realidade com sua proposta de que a história não é fruto da opção e do trabalho dos homens. Os
homens é que são resultado, segundo eles, das predeterminações já existentes e levadas a efeito
por seres poderosos, que escapam ao nosso controle. Lá se encontram, em grande quantidade, as
fotonovelas, a nos dar a entender que a vida se resume em briguinhas de ciúme e de competição
pela conquista deste ou daquele homem, desta ou daquela mulher e que, ao final, tudo dá certo!
Ganham sempre os heróis, os mais importantes. Lá estão, de igual forma, as revistinhas dos
heróis imaginários e da disseminação da violência. Lá estão as revistas de consultórios
sentimentais, a ditar receitas e fórmulas prontas e acabadas para solução de problemas
sentimentais e amorosos.

Todas estas publicações, com seus conteúdos, o que fazem? Nada miais que inocular em
nós que o mundo é dos fortes e poderosos. Que as receitas para a felicidade já estão prontas e que
a nós não cabe senão aplicá-las. Nunca, porém, discuti-las, questioná-las, verificar se, de tato,
elas respondem aos problemas e questões que enfrentamos. O cinema e a televisão, com seus
enlatados, importados na maioria dos países que nos dominam, veiculam o conteúdo de leitra de
realidade" que a eles interessa para nos manipular e instrumentalizar, sub-repticiamente, a cada
dia que passa. Gradativamente, pois, os nossos valores e necessidades passam a ser as
necessidades, e valores daqueles que nos manipulam e que, para tanto, nos impõem, na escola e
fora dela, os conteúdos de leitura que a eles interessa.
2.3. Como se lê?

No mundo das escolas, a leitura ainda continua, com honrosas excepções, na linha do
verbalismo, da repetição, da memorização e retenção de conteúdos, sem que os mesmos
sejam submetidos a um processo crítico de avaliação, quer pelo confronto do que se leu com
a realidade e informações vividas e possuídas pelos leitores, quer pela detecção do valor e da
actualidade da própria mensagem transmitida.

Este método se aplica na alfabetização que nada mais desenvolve nos alfabetizados
que a capacidade de sonorização de palavras desligadas e desenraizadas de suas vivências.
Este mesmo método está presente nos vários níveis escolares, onde os livros já vêm pré-
fabricados, com respostas prontas para professores e alunos excluindo-se a possibilidade de
uma avaliação das mesmas. A tarefa do professor, então, é fazer o aluno repetir as respostas
oferecidas pelos livros, preenchendo os espaços em branco que cada livro traz para ser
preenchido. O método é, pois, aquele que visa a morte da capacidade crítica e da criatividade
de professores e alunos, para que estes se tornem, mais facilmente, instrumentos úteis e
hábeis nas teias do sistema.

Como no mundo da colonização, também hoje, a adopção desta metodologia é algo


propositalmente querido e incentivado, dado que com ela se consegue um duplo efeito, do
mais alto interesse das classes dominadoras. De um lado, se consegue que os conteúdos
sejam incorporados tal e qual foram transmitidos, sem modificações e avaliações. Isto é uma
garantia da manutenção da ordem Vigente ou, como dizem muitos, da desordem
institucionalizada. De outro lado, se incapacitam as pessoas para O exercício da avaliação
crítica, o que é mais um sub-obusntáculo da não modificação do "status quo'".

A metodologia utilizada é, então, um excelente instrumento para que uns poucos


continuem sendo "sujeitos" da leitura e todos os outros objectos"; instrumento, igualmente,
para que uns poucos ditem os conteúdos a serem transmitidos e recebidos pela leitura;
finalmente, um instrumento com que uns poucos continuem mandatários da situação em
detrimento da grande maioria, cada vez mais marginaliza da de todos os processos da vida.
faca o resumo desse capitulo do livros Cipriano Luckesi. Eloi Barreto Jose Cosma.
Naidison Baptista (2012). Fazer universidade: uma Proposta Metodológica. 17ª Edição
Cortez Editora Parte III capitulo 2

Parte 3

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