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Resumo: Na tentativa de buscar uma compreensão sobre a fundamentação dos valores morais no
ambiente escolar, temos a necessidade de entender como se desenvolvem os pensamentos e ações
relacionados ao comportamento moral do aluno na sala de aula. No estudo em questão, podemos
constatar que Lawrence Kohlberg5 entendia que o processo de desenvolvimento da moralidade do
aluno tinha início desde a primeira infância, através de etapas distintas que não se repetiam e se
dividiam em seis estágios de desenvolvimento moral. A metodologia de estudo utilizada por Kolhberg
empregava o uso de dilemas morais como forma de levar o aluno a um raciocínio lógico a respeito da
ação realizada. Esta forma de prática pedagógica pode contribuir para melhorar o processo-ensino e
aprendizagem na sala de aula e orientar o professor no acompanhamento e desempenho do aluno no
desenvolvimento das suas potencialidades cognitivas, utilizando estratégias de ensino referentes ao
conteúdo sobre ética nas aulas de filosofia.
Palavras-chave: Valores morais, filosofia,ensino-aprendizagem
Abstract: In an attempt to seek an understanding of the foundation of moral values in the school environment, we
need to understand how thoughts and actions related to the student's moral behavior in the classroom develop.
In the study in question, we can see that Lawrence Kohlberg5 understood that the process of developing the
student's morality started from early childhood, through distinct stages that were not repeated and were divided
into six stages of moral development. The study methodology used by Kolhberg employed the use of moral
dilemmas as a way to lead the student to a logical reasoning about the action taken. This form of pedagogical
practice can contribute to improve the teaching-learning process in the classroom and guide the teacher in the
monitoring and performance of the student in the development of their cognitive potential, using teaching
strategies related to the content on ethics in philosophy classes.
Keyword: Moral values, philosophy, teaching-learning
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Lawrence Kohlberg, psicólogo norte-americano, nascido em 1927 e falecido em 1987, doutorou-se em
Psicologia na Universidade de Chicago com uma tese sobre o raciocínio moral nas crianças e
adolescentes. Depois de ter sido assistente na universidade onde se doutorou, foi para Harvard onde
desenvolveu um programa de formação no domínio do desenvolvimento humano. Kohlberg especializou-se
na investigação sobre educação e argumentação moral, sendo mais conhecido pela sua teoria dos níveis
de desenvolvimento moral. Muito influenciado pela teoria do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget, o
estrutura social da qual ele faz parte. Esse estudo tem influenciado a capacidade
deste indivíduo emitir juízos de valores e assumir, como seu, o papel de outro no
momento do julgamento da ação praticada.
trabalho de Kohlberg refletiu e desenvolveu as ideias de seu predecessor, ao mesmo tempo criando um
novo campo na psicologia: "desenvolvimento moral" (BIAGGIO, 2002, p.12).
dimensões intelectuais e afetivas apresenta o plano moral, observando que existe
em todas as pessoas um sentimento de obrigatoriedade, que é a expressão da
moralidade humana. Vejamos como o autor estabelece a diferença entre moral e
ética:
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Kohlberg (1992) parte dos estudos de Jean Piaget, segundo os quais o desenvolvimento moral se
constrói em estágios. É importante destacar que o critério último do desenvolvimento moral de ambos é
concordando com Kant (1986) a autonomia moral. A criança se livra, aos poucos, da coação adulta e
passa a aceitar os deveres morais como seus em função de sua relevância e importância (CÂMARA, 2011,
p.61).
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Na perspectiva teórica de Jean Piaget (em seguida ampliada por Kohlberg), que julgo ser a melhor para
dar conta da dimensão intelectual da moralidade. Como é sabido, Piaget fala em “duas morais”, da criança
e do adolescente. A primeira chamada de heterônoma, que começa por volta dos 4 anos, se caracteriza
pela referência a figuras de autoridade, fonte, para a criança, dos critérios do que é moralmente certo e do
que e moralmente errado. A segunda, chamada de autônoma, que começa a ser construída por volta dos 9
anos, não se caracteriza mais pela referência a figuras de autoridade para legitimar regras e princípios,
mas sim pela busca do equilíbrio nas relações sociais, equilíbrio esse somente possível se as regras
morais forem livremente acordadas entre pessoas que se consideram iguais de direitos (LA TAILLE, 2009,
p.236).
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“Na Europa, uma mulher estava quase à morte, com um tipo específico de câncer. Havia um remédio que
os médicos achavam que poderia salvá-la. Era uma forma de radium pela qual um farmacêutico estava
cobrando dez vezes mais do que o preço de fabricação da droga. O marido da mulher doente, Heinz, foi a
todo mundo que ele conhecia para pedir dinheiro emprestado, mas só conseguiu juntar mais ou menos a
metade do que o farmacêutico estava cobrando. Ele disse ao farmacêutico que sua mulher estava
morrendo e pediu-lhe para vender o remédio mais barato ou deixasse pagar depois. Mas o farmacêutico
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disse: “Não, eu descobri a droga e vou fazer dinheiro isso”. Então Heinz ficou desesperado e assaltou aloja
para roubar o remédio para sua mulher. ” O marido deveria ter feito isso? Por quê? (BIAGGIO, 2002,
p.29).
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O nível 1, chamado de pré-moral ou moralidade pré-convencional está
associado aos estágios 1 e 2. No estágio 1 predomina a obediência e a punição,
nesse caso, as consequências das ações determinam o certo e o errado. No
estágio 2 aparece o hedonismo instrumental ingênuo. Aqui, o individualismo e a
transação passam a serem considerados. Na pesquisa, Kohlberg observou que no
caso de Heinz, as crianças davam opções que reconheciam os interesses e
necessidades diversos. Neste nível se encontram a maioria das crianças menores
de nove anos, muitos adolescentes e adultos que cometem crimes ou
contravenções. O indivíduo não compreende as normas e convenções sociais, bem
como sua importância para o convívio em sociedade e as vêem como algo externo a
eles (KOHLBERG, 1963).
No nível dois, chamado de nível convencional, que veremos a seguir,
Kohlberg compreende o comportamento humano a partir da necessidade da
subordinação do individuo às necessidades do grupo que o representa, sendo dessa
forma dependente da lei, já que a aprovação do grupo é o que importa.
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Carol Gilligan, nascida em1936, doutorou-se em psicologia social pela Universidade de Harvard em
1964. Tornou-se assistente de pesquisa de Kohlberg em 1970. Em 1982 publica o livro: In A Different
Voice: Psychological Theory and Women`s Development, na qual apresenta suas críticas à teoria
kohlbergiana. Gilligan é militante da causa feminina e professora da Universidade de Nova York, e
professora visitante na Universidade de Cambridge (CAMARA, 2011, p.81).
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REFERÊNCIAS