Você está na página 1de 6

Matéria: GEOGRAFIA

Professor(es): Alline Pavlak, Irineu Nunes, Everton Silva, Madalete Gomes.


Códigos das Habilidades Objetos de conhecimentos
(EM13CHS204) Comparar e avaliar os processos de ocupação do
espaço e a formação de territórios, territorialidades e fronteiras,
identificando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e - Poder, Estado e instituições
culturais, impérios, Estados Nacionais e organismos internacionais)
e considerando os conflitos populacionais (internos e externos), a
diversidade étnico-cultural e as características socioeconômicas,
políticas e tecnológicas.
(EF09GE05) Analisar fatos e situações para compreender a
integração mundial (econômica, política e cultural), comparando as
diferentes interpretações: globalização e mundialização.

Políticas de ocupação do território mato-grossense durante o governo militar


Com o Golpe Militar de 1964, o espaço geográfico mato-grossense nos anos seguintes e principalmente na
década de 1970, passou por significativas mudanças, devido às políticas públicas de desenvolvimento e
ocupação do território amazônico. A Região Norte do Estado passou a ser vista como um verdadeiro vazio
demográfico, repleto de florestas e que, precisava ser incorporada a economia de mercado.
Regido pelos slogans do Governo Federal de “integrar para não entregar” e da “terra sem homens para
homens sem-terra”, no início dos anos de 1970, o Governo Federal estabelece a criação do Programa de
Integração Nacional (PIN), destinado a promover a ocupação do território da Amazônia Legal, através da
construção de eixos viários, como a Rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém) entre outras, como também
viabilizar a organização de fluxos migratórios vindos de outras regiões do país.
O objetivo da ação governamental quanto a colonização da Amazônia Mato- grossense e que estava
presente no PIN, tinha como estratégia aliviar conflitos sociais, que ocorriam nas Regiões Nordeste e Sul
do país. Assim a perspectiva era a de assentar famílias camponesas oriundas das regiões de conflitos e, de
certa forma, aliviar os conflitos agrários e expandir a Fronteira Agrícola do país.
Com a implantação da malha viária, o Governo Federal pretendia desenvolver a colonização oficial nas
margens das rodovias. Sobre o pretexto de realizar assentamentos nestas áreas o Governo Federal confiscou
100 quilômetros de terras às margens das rodovias federais para a realização de reforma agrária.
O que realmente ficou caracterizado, principalmente nas margens das rodovias federais no Estado de Mato
Grosso, foi a implantação de grandes projetos agropecuários e de colonização privada, uma vez que as
rodovias recém-construídas favoreceram o investimento de grandes empreendimentos nacionais e
estrangeiros, abrindo-se as portas da Amazônia Legal, para a entrada de grandes grupos capitalistas.
Dentre a diversidade de estratégias governamentais de desenvolvimento para a Amazônia Legal, o Estado
de Mato Grosso recebeu incentivos das agências federais, que possuíam a responsabilidade de planejar o
desenvolvimento da região e do Estado, sendo estas as: Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia (SUDAM) e a Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (SUDECO). Há ainda o
Banco da Amazônia (BASA) como órgão financiador das ações dos grupos capitalistas, que pretendiam
investir na região.
Em 1970, foi criado o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que tinha por
responsabilidade administrar a distribuição de terras. O que pode ser observado nos programas de
desenvolvimento regionais com foco na Região da Amazônia durante a década de 1970, foi a presença do
Governo Federal em conceder incentivos fiscais e créditos por meio de subsídios, para grupos capitalistas
desenvolverem seus projetos agropecuários ou agroindustriais na região.
Com a política de atração de investidores capitalistas através de empresários, colonizadoras privadas e
pecuaristas para o norte de Mato Grosso, as terras do Estado passaram a ter maior valor de mercado.
A pecuária, por ser a atividade econômica que necessitava de menores investimentos para a
implementação foi quem recebeu a grande maioria dos investimentos concedidos pela SUDAM. Diante
deste contexto, no Estado de Mato Grosso, grandes áreas de matas foram transformadas em pastagens,
fortalecendo a concentração fundiária no Estado, com a implementação de projetos agropecuários, e
expropriação das terras de comunidades indígenas, posseiros, dentre outros. Esse quadro provocou em
Mato Grosso o aumento da tensão e da violência no campo.
Apesar da existência de movimentos de colonização espontânea, em que as famílias camponesas
ocupavam as terras às margens das rodovias, sem a coordenação governamental ou de empresa privada,
observa-se no Estado de Mato Grosso a partir da década de 1970, que os modelos de colonização privada
e particular foram predominantes no território mato-grossense.
Durante as décadas de 1970-1980 foram implantados no Estado 268 projetos de colonização particular
(empresarial) sendo 84,9% voltados para a atividade agropecuária. Entretanto, a grande maioria destes
projetos acabou por desenvolver a pecuária extensiva e atividades extrativistas de modo que, as terras que
pertenciam ao Estado foram privatizadas a baixo preço.
As ações fundiárias do Governo Federal no Estado, referentes à regularização, compra e venda de terras e
a implementação de projetos de colonização oficial e dirigida, ficaram assim sobre a responsabilidade do
INCRA.
Retomando o assunto referente aos processos de colonização, é importante destacar que a partir da década
de 1970, no Estado de Mato Grosso passaram a coexistir dois modelos de colonização: o oficial e o
particular, sendo que este último foi uma opção feita em comum acordo entre os órgãos governamentais e
estaduais. CODEMAT e INCRA se encarregaram de repassar as terras da Amazônia mato- grossense a
possíveis empresas, que se interessassem pelos projetos propostos, pelos órgãos públicos de colonização e
reforma agrária.
Com a intenção de promover o desenvolvimento e povoar grandes áreas que, até então, eram consideradas
verdadeiros “vazios demográficos” em Mato Grosso, o Governo Estadual juntamente com o Governo
Federal, em meados da década de 1970 e início da década de 1980, viabilizaram em seus projetos de
colonização vários benefícios, para atrair empresas, que se interessassem por grandes extensões de terras
a serem colonizadas, na parte Norte e Meio-Norte do Estado.
Dentre os benefícios de atração cedidos às empresas, podemos destacar a facilidade de acesso à terra e as
vantagens financeiras. Desse modo, empresas vindas das Regiões Sudeste e Sul adquiriram grandes
porções de terras e desenvolveram nas mesmas projetos agropecuários e de colonização.
Nas terras compradas da União em que as empresas desenvolveram assentamentos, estas tinham uma série
de compromissos. Segundo MENDES (2012,
p. 206) “[...] recebiam do Estado a concessão para a venda dos lotes, ficando obrigadas a montar a
infraestrutura básica para o assentamento dos colonos, sendo para isso favorecidas por fundos públicos.
Segundo Piaia (2003) os projetos de colonização particular que obtiveram melhores resultados no Estado
de Mato Grosso, foram: Porto dos Gaúchos, Canarana, Água Boa, Nova Xavantina, Vila Rica, Nova
Mutum, Sorriso, Sinop e Vera, Marcelândia, Matupá, Alta Floresta, Paranaíta e Apiacás, Nova
Bandeirantes, Colíder, Terra Nova, Copercol, Juara e Novo Horizonte do Norte, Tapurah e Eldorado, São
José do Rio Claro, Brasnorte, Juruena e Cotriguaçu.
A colonização particular provocou grandes transformações no cenário rural do Estado, nas regiões
localizados ao Norte e Meio-Norte. Tais transformações foram percebidas nos órgãos públicos
responsáveis por registrar e regulamentar as terras no Estado. De acordo com Moreno (2005):
[...] durante este período, foram registradas no INCRA-MT,
33 empresas privadas que implantaram no Estado 88
projetos de colonização particular. Estes abrangeram 3,25
milhões de hectares, cujas áreas foram ocupadas por cerca
de 19.550 famílias de colonos, a grande maioria procedente
da Região Sul do país. (MORENO, 2005, p. 67).
É necessário frisar que na Região Norte e Meio-Norte do Estado de Mato Grosso surgiram várias
cidades em virtude da existência das empresas colonizadoras nessas áreas. Portanto, o modelo de
colonização particular obteve melhores êxitos em relação à colonização oficial, pelo fato de os colonos
serem mais capitalizados do que os colonos que participaram da colonização oficial. Porém, a falta de
assistência técnica e financeira, os problemas com adaptação à novas condições ambientais e o não
cumprimento das promessas feitas pelas empresas colonizadoras, foram aspectos determinantes para
que muitos colonos voltassem às suas cidades de origem.
Marcha para o Oeste.
A “Marcha para o Oeste” foi um projeto desenvolvido por Getúlio Vargas durante o Estado
Novo para promover a ocupação territorial e integração econômica do Norte e Centro-Oeste do Brasil.
Essa “marcha” fez parte do projeto ideológico e nacionalista utilizado por Vargas durante os oito anos
de ditadura do Estado Novo. Além disso, o projeto considerava promover o desenvolvimento das vias
rodoviárias do Brasil.
Estado Novo e a Integração com o Interior
Em novembro de 1937, Getúlio Vargas realizou o golpe do Estado Novo, resultando na centralização
do poder e na instauração de uma ditadura. Fazia parte da estrutura ideológica do Governo o controle
da opinião pública de maneira a calar os opositores e veicular uma propaganda oficial para todo o
Brasil.
Um dos projetos desenvolvidos pelo Estado Novo foi a Marcha para o Oeste. A intenção desse
projeto era promover o desenvolvimento do Norte e Centro-Oeste, até então pouco desenvolvidos.
Uma das etapas previa o crescimento populacional dessas regiões, que eram pouco habitadas em
comparação com as regiões litorâneas, que concentravam grande parte da população brasileira. Além
do desenvolvimento populacional, pretendia-se também desenvolver uma malha rodoviária que
interligasse o interior do Brasil com os principais centros localizados no litoral.
Para promover essa ocupação do interior brasileiro, a propaganda varguista defendeu a ideia de que o
verdadeiro sentido da nação brasileira era encontrado somente no interior do país. Além disso, a
propaganda varguista afirmava que a construção do Brasil como uma grande nação passava pela
integração do interior, conforme o relato a seguir:
A propaganda do Estado Novo com relação à “marcha para o oeste” apresentava como necessidade
premente a incorporação de novas áreas semi despovoadas visando a construção de uma grande nação;
uma nação não contaminada pelos “vícios do litoral”; uma nação pautada na “originalidade da nossa
conformação racial” formada no interior do país nos tempos coloniais|1|.
A construção ideológica da marcha para o oeste foi atribuída a Cassiano Ricardo, que ocupava
funções burocráticas no Estado Novo. Para isso, Cassiano Ricardo escreveu um livro chamado
“Marcha para o Oeste: a influência da bandeira na formação social e política do Brasil” para legitimar
o plano varguista a partir da integração territorial iniciada pelos bandeirantes.
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
A marcha para o oeste, segundo intenções do Governo, deu preferência para brasileiros pobres em
detrimento da mão de obra estrangeira. Além disso, o governo procurou desenvolver o projeto com
pequenas propriedades produtivas. Assim, o camponês trabalharia no seu próprio sustento e poderia
também produzir um excedente para comercialização. Esse modelo, em alguns estados, como Goiás,
foi um problema por causa da existência de uma oligarquia que possuía grandes latifúndios.
Marcha para o Oeste: o exemplo goiano
Fazia parte da marcha para o oeste a integração do índio com a economia nacional, e isso levou Vargas
a visitar uma aldeia indígena na Ilha do Bananal em 1940 (atual Tocantins). No caso goiano, também
foi promovido o desenvolvimento de uma colônia agrícola nacional, que posteriormente se
transformou na cidade de Ceres.
A Colônia Agrícola Nacional de Goiás (CANG) foi criada em 1941 e tinha como objetivo o
desenvolvimento da produção agrícola local para promover o abastecimento das grandes cidades. Foi
instalada no Vale do São Patrício, a cerca de 180 km da capital, Goiânia. Vargas nomeou Bernardo
Sayão como administrador da CANG.
Os primeiros moradores foram atraídos a partir da propaganda varguista divulgada em todo o
país. Vinham sobretudo de São Paulo e Minas Gerais e receberam lotes de terra do Governo, dos quais
tirariam o sustento. Os primeiros anos foram marcados pela precariedade. Entretanto, em pouco tempo,
a colônia já possuía uma população considerável, apesar da falta de apoio do Governo: 10.000
moradores em 1946.
Apesar do desenvolvimento populacional e da fundação da cidade de Ceres a partir da colônia
em 1951, o projeto baseado na pequena propriedade fracassou. Muitos dos moradores iniciais
venderam suas terras e mudaram-se para outros locais. Além dessa colônia em Goiás, foram
desenvolvidas colônias nos estados do Amazonas, Maranhão, Mato Grosso e Pará.
 CASSIANO, Luiz de Carcalho. Marcha para o Oeste: um itinerário para o Estado Novo (1937-
1945). 2002. Dissertação (Mestrado em História). Universidade de Brasília, 2002, p.69.
Desafios – Geografia

1- Analise as afirmativas sobre o processo de colonização do estado de Mato Grosso


durante o governo militar e assinale a alternativa incorreta.
a) O governo militar desenvolveu políticas de colonização entre as décadas de 1970 e 1980
que prestigiaram os povos indígenas e os povos da floresta.
b) Durante as décadas de 1970-1980 foram implantados no Estado de Mato Grosso 268
projetos de colonização particular (empresarial) sendo 84,9% voltados para a atividade agropecuária
c) As ações fundiárias do Governo Federal no Estado, referentes à regularização, compra e
venda de terras e a implementação de projetos de colonização oficial e dirigida, ficaram sobre a
responsabilidade do INCRA.
d) Na Região Norte e Meio-Norte do Estado de Mato Grosso surgiram várias cidades em
virtude da existência das empresas colonizadoras nessas áreas.

e) Dentre os benefícios de atração cedidos às empresas podemos destacar a facilidade de acesso à terra e
as vantagens financeiras
2- Sobre o processo de colonização do estado de Mato Grosso é incorreto afirmar.
a) O que ficou caracterizado, principalmente nas margens das rodovias federais no Estado de Mato
Grosso, foi a implantação de grandes projetos agropecuários e de colonização privada.
b) Nas margens das estradas federais foram desenvolvidos projetos de assentamentos rurais, sendo
garantido a todos os assentados assistência técnica e financeira.
c) A colonização particular provocou grandes transformações no cenário rural do Estado, nas regiões
localizados ao Norte e Meio-Norte.
d) Para além da ocupação capitalista, os projetos de colonização do estado de Mato Grosso visavam
receber imigrantes de outras regiões do país que viviam em conflitos pela posse da terra.
e) O não cumprimento das promessas feitas pelas empresas colonizadoras, foram aspectos determinantes
para que muitos colonos voltassem às suas cidades de origem.

03-A Marcha para o Oeste visava a promover a habitação, o desenvolvimento e a integração econômica
de duas áreas em especial do país. Que regiões eram essas?

a) Norte e Nordeste b) Centro-Oeste e Sul


c) Sul e Norte d) Nordeste e Sul e) Centro-Oeste e Norte

04-A divulgação do programa Marcha para o Oeste foi entregue a um conhecido poeta e escritor brasileiro.
Quem era esse escritor?

a) Monteiro Lobato b) Machado de Assis

c) Olavo Bilac d) Cassiano Ricardo e) Lima Barreto

05- Durante a Marcha para o Oeste, foram desenvolvidas colônias em diversos estados do interior do Brasil
com o objetivo de que se desenvolvessem e atraíssem mais pessoas. O propósito final era dinamizar a
economia do interior do país. Entre os estados abaixo, qual deles não possuiu colônias vinculadas ao
programa?

a) Piau b) Goiás c) Mato Grosso d) Par e) Amazonas

06-A Marcha para o Oeste foi um programa lançado pelo governo brasileiro em qual momento da nossa
história republicana?

a) Segundo governo de Getúlio Vargas b) Governo de Washington Luís

c) Governo Provisório de Vargas d) Estado Novo e) Governo de João Goulart

Você também pode gostar